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Resenha sobre o artigo: Enhanced spontaneous

oscillations in the supplementary motor area are


associated with sleep-dependent offline learning of
finger-tapping motor-sequence task

1 ano da licenciatura de psicologia, 2º semestre


2014/2015

Aprendizagem e memória
Docente: Sónia Simões

Catarina Fernandes
Cristiana Matos
Rute Mendes
Introdução
O sono é um estado de consciência diminuída, caracterizado pela
suspensão temporária das atividades preceptivo-sensorial e motora voluntárias.
Ao contrário do que denota a relativa imobilidade do corpo, trata-se de um
processo intensamente ativo, que envolve múltiplos e complexos mecanismos
fisiológicos em vários órgãos e regiões do sistema nervoso central, resultando,
pois, na quietude e na inibição de várias funções e ativação de outras.
Em primeiro lugar, o desenvolvimento das capacidades motoras melhora
significativamente após o sono em comparação com um intervalo de tempo
após o tempo de vigília. Em segundo lugar, a aprendizagem de uma
determinada tarefa torna-se mais consistente após o sono.
Com base no artigo podemos verificar que se realizou 1 estudo por parte
de uns estudantes que utilizaram um eletroencefalograma (EEC) durante o
sono. Estes chegaram à conclusão que as diferentes etapas do sono tem
várias características nomeadamente na atividade das ondas cerebrais durante
o sono não Remo, estas estão envolvidas no processo de consolidação do
sono para a realização de uma tarefa.
Contudo diversos estudos realizados posteriormente opõe-se à
utilização do EEC para o estudo do sono, pois consideram que é difícil
encontrar, com este instrumento, apenas uma determinada área que esteja
envolvida na consolidação dos dados.
Outro tipo de estudos realizados utilizaram o MRI (Ressonância
magnética) onde demonstram que esta técnica seria mais adequada, em
substituição ao EEC, no que diz respeito à sua resolução espacial.
O MRI têm sido usado para demonstrar a atividade do cérebro durante a
realização de uma determinada tarefa antes e depois do sono, quando os
pacientes já se encontravam acordados.
Este estudo, com a utilização do MRI, demonstrou que as áreas motoras
estão envolvidas igualmente na consolidação do sono para a realização de
uma tarefa.
Para contornar os vários problemas inerentes ao EEC e ao MRI , os
autores deste artigo mediram as várias oscilações cerebrais espontâneas
através do MEG e do PSG enquanto os indivíduos dormiam.

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Resenha sobre o artigo: Enhanced spontaneous oscillations in the
supplementary motor area are associated with sleep-dependent offline
learning of finger-tapping motor-sequence task
Materiais e métodos
De acordo com o artigo foram utilizados diversos sujeitos para a realização
deste estudo. Estes responderam a diversos questionários sobre os seus hábitos
durante o sono habitua, o tempo de vigília, a regularidade dos seus hábitos de sono, o
estilo de vida e a saúde física e mental. Qualquer pessoa que detinha algum tipo de
doença física ou psíquica que se encontra-se a receber tratamento médico seria
eliminada da pré seleção para a realização do estudo. Seriam excluídas do
questionário também pessoas que, mesmo sendo apenas uma suspeita, tivessem
alguma perturbação no sono. Foram eliminados também os sujeitos que consumiam
álcool, tabaco, entre outras substâncias que pudessem por em causa a estabilidade do
sono. Somente as pessoas que tiveram ciclos de sono-vigília regulares.
A duração média do sono para cada individuo que foi questionada variou entre
as 6 e as 9 horas de sono. No total foram questionados 16 indivíduos, 8 raparigas e 8
rapazes.

Procedimentos experimentais
Após a primeira experiência do sono, na primeira noite, era a que tinha uma
melhor qualidade de sono. O efeito da primeira noite é geralmente reduzido em grande
parte na 2ª sessão de sono em testes de PSG, no entanto, considerando o ambiente
próprio do MEG administraram-se 2 sessões de adaptações antes das sessões do
sono pré treinado e pós treinado para minimizar os efeitos da primeira noite. Os
procedimentos nas sessões de adaptação foi exatamente o mesmo que na sessão
que o pré treino do sono. Depois destas duas sessões de sono de adaptação as
sessões de sono pré treino e pós treino foram medidas na 3ª e 4ª noite.
Com base nisto introduziram-se várias medidas de forma a que estes
pudessem dormir estando com sono, no entanto não era necessário cair no sono
rapidamente. Estas instruções foram dadas para reduzir a pressão psicológica e para
evitar o estado de Hiper-vigilância. A posição da cabeça dos sujeitos foi igualmente
necessária para a experiência.
Esta teve também em conta as diferenças individuais do ritmo cardíaco e o tempo de
sono de cada sujeito.

Fases do Sono
O sono está dividido em 2 fases, o sono Não Rem (NREM) que engloba 4
estágios e o sono Rem (REM). A primeira fase ocupa 75% do tempo do sono.
O primeiro estágio é o mais superficial. Este estágio inicia-se com a sonolência,
e dura aproximadamente cinco minutos, acabando por a pessoa adormecer. Esse
estágio tem uma duração de um a dois minutos, estando o indivíduo facilmente
despertável. Predominam sensações de vagueio, pensamentos incertos, mioclonias
(contrações repentinas) das mãos e dos pés e dilatação pupilar. Nessa fase, a
atividade onírica (alucinações visuais) está sempre relacionada com acontecimentos
vividos recentemente. No segundo estágio, existe um sono de profundidade

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intermédia. Dura cerca de cinco a quinze minutos. Nessa fase, os despertares por
estimulação táctil, fala ou movimentos corporais são mais difíceis do que no anterior
estágio. Aqui a atividade onírica já pode surgir sob a forma de sonho com uma história
integrada. Nos estágios três e quatro, também chamados de fase DELTA. Estes dois
estágios são muito semelhantes por isso são diversas vezes agrupados. Passando por
estas fases, é muito difícil acordar, e se acordar a pessoa sente-se mal disposta,
desorientada e com inércia do sono, podendo demorar vários minutos até recuperar
todos os sentidos novamente. Do estágio três para o estágio quatro, há uma
progressão da dificuldade de despertar. É no estágio 3, que o fluxo de sangue é
enviado mais para os músculos de modo a repor a energia física e menos para o
cérebro de modo a que possa descansar. As funções imunitárias estão mais ativas
durante este sono profundo. É nesta fase que podem ocorrer algumas situações como
molhar a cama (crianças pequenas), terrores noturnos, sonambulismo e falar enquanto
se dorme. Este estágio tem a duração de cerca de quinze a vinte minutos. O estágio
quatro dura quarenta minutos, de sono profundo. É muito difícil acordar alguém nessa
fase de sono. Depois, a pessoa retorna ao terceiro estágio (por cinco minutos) e ao
segundo estágio (por mais quinze minutos).
Logo a seguir, entra na fase Rem. É nesta fase que a maioria dos sonhos
acontecem. Podem ocorrer também alguns tiques musculares, o ritmo cardíaco
aumenta, a respiração torna-se rápida e superficial e a pressão sanguínea aumenta.
Se alguma pessoa é acordada na fase REM ela consegue lembrar-se do sonho que
teve. Esta fase está relacionada com as atividades mentais, como a aprendizagem e a
memória.
Com base noutro artigo (anexo 2) os diferentes tipos de memória são formadas
em situações de aprendizagem novas. Os cientistas estão a explorar se existe uma
relação entre a consolidação entre diferentes tipos de memórias e as diferentes fases
do sono.
Os primeiros estudos do sono e da memória focavam-se em memória declarativa que
é o conhecimento de informação baseado em factos, ou seja, aquilo que nós sabemos
(Ex: A capital de França é Paris).
Num estudo de investigação indivíduos envolvidos num curso de línguas intensivo
foram observados a ter um aumento em movimento do olho rápido (Rapid Eye
Movement (REM)).
Cientistas colocaram a hipótese que REM desempenhava um papel essencial
na aquisição de matéria adquirida. Estudos posteriores têm sugerido que REM Sleep
parece estar envolvido nos processos de memória declarativa se a informação é
complexa e de grande carga emocional, mas provavelmente não se essa informação
for simples e emocionalmente neutra.
Os investigadores agora colocam a hipótese de que o sono de onda lenta
(Slow Wave Sleep (SWS)) que é um sono profundo e absorve informação, também
desempenha um papel significante na memória declarativa ao processar e consolidar
informação recentemente adquirida.
Estudos sobre a ligação entre o sono e a memória declarativa têm tido
resultados variados e é uma área de investigação continuada.
A investigação tem-se focado também no sono e o seu papel na memória
procedimental – O relembrar como fazer qualquer coisa, por exemplo andar de

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bicicleta, REM Sleep parece desempenhar um papel crucial na consolidação da
memória procedimental. Outros aspetos do sono também desempenham um papel: a
aprendizagem motora parece depender do montante das fases mais leves do sono,
enquanto determinados tipos de aprendizagem visual parecem depender no montante
e do timing de ambos, SWS e REM.

Resultados
Os resultados do artigo mostraram que o desempenho após o sono aumenta
significativamente. O número de respostas corretas após o sono foram
significativamente maiores e dadas mais rapidamente em comparação à primeira
sessão de treino. Mas estes efeitos só se revelaram após a segunda sessão de treino.

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Conclusão
Ao analisar os resultados deste artigo concluímos que o sono é
importante para a aprendizagem e para a memória. O sono ajuda na
aprendizagem em dois sentidos distintos. Primeiro, uma pessoa privada de
dormir não consegue focar as suas atenções adequadamente e por isso não
aprende eficientemente. Segundo, dormir em si só tem um papel na
consolidação da memória que é essencial para reter nova informação. A
aquisição e recordação ocorre apenas durante o período em que se está
acordado, mas há investigações que sugerem que a consolidação da memória
ocorre durante o sono através do fortalecimento das ligações neuronais que
formam as nossas memórias. Obviamente que o sono é bastante importante
para os processos da memória. Não podemos esquecer que quando somos
privados de sono a nossa atenção e capacidade de vigilância fica reduzida
drasticamente, tornando mais difícil a receção/retenção de informação, isto faz
com que não aprendamos corretamente acabando por a informação não se
reter na memória. Pois sem uma boa noite de sono e descanso adequado os
neurónios sobrecarregados não conseguem funcionar mais para coordenar
informação de modo apropriado e perde-se também a capacidade de aceder a
informação previamente pré-adquirida.
Em suma, na visão de muitos investigadores, há provas que sugerem
que várias fases do sono estão envolvidas na consolidação de diferentes tipos
de memórias e que estar privado de dormir reduz a capacidade de aprender.
Embora questões abertas e debates se mantenham, as provas globais
sugerem que um bom sono todos os dias é mito importante para a
aprendizagem e para a memória.

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