O documento discute como o projeto Baixo Açu na década de 1980 forçou a mudança da cidade de São Rafael para um novo local, interrompendo sua agricultura próspera e afetando negativamente sua economia e sociedade. Apesar dos esforços da associação de moradores, São Rafael continua menos próspera do que outras cidades da região devido ao impacto do projeto.
O documento discute como o projeto Baixo Açu na década de 1980 forçou a mudança da cidade de São Rafael para um novo local, interrompendo sua agricultura próspera e afetando negativamente sua economia e sociedade. Apesar dos esforços da associação de moradores, São Rafael continua menos próspera do que outras cidades da região devido ao impacto do projeto.
O documento discute como o projeto Baixo Açu na década de 1980 forçou a mudança da cidade de São Rafael para um novo local, interrompendo sua agricultura próspera e afetando negativamente sua economia e sociedade. Apesar dos esforços da associação de moradores, São Rafael continua menos próspera do que outras cidades da região devido ao impacto do projeto.
As transformações urbanas em São Rafael se relaciona
diretamente com as mudanças sociais. Desde o projeto Baixo Açu na década de 1980, quando a cidade é obrigada a se deslocar para outra localidade. Então se estabelece uma ruptura na própria história do município causado pela interferência humana, pois, nossa história é contada em dois momentos: São Rafael antiga e a Nova São Rafael. Focaremos aqui em alguns aspectos relacionados a São Rafael a partir dos anos 80, portanto a nova cidade. Podemos analisar diversos problemas que este projeto trouxe para o município, tanto no campo econômico como também no campo social. No econômico podemos destacar a agricultura, que desempenhava um papel fundamental na produção de renda da nossa cidade. Com o deslocamento as terras produtoras dessa atividade agraria é coberta pelas águas da Barragem Eng. Aramando Ribeiro Gonçalves a população se desloca para um local inapropriado para essa atividade e a produção cai consideravelmente. Ainda mais grave e em decorrência destes fatores o campo social também é afetado diretamente, famílias perdem sua principal fonte de renda, mas não só isso, perdem a liberdade de viver na terras onde nasceram e tem uma ligação afetuosa com aquela localidade. Um sentimento de pertencimento é submerso pelas águas do ”progresso”. Mas não para por ai, a nova São Rafael apesar de ser a que mais sofre diretamente com esse projeto mal elaborado e mal executado por parte do poder público na época, não consegue se tornar uma cidade prospera, o projeto praticamente mata nossa economia. Hoje o que podemos usufruir do reservatório é a pesca, principal atividade econômica e fonte de renda do município hoje. O poder público municipal de mão atadas não consegue até hoje resolver este problema econômico, pois, não geramos outros tipos de atividade econômica. Então um projeto que interrompe um a vivencia e a prosperidade de uma cidade com argumento de progresso para uma microrregião (Vale do Açu). No último censo do Instituto Brasileiro Geográfico de Estatística (IBGE) aponta São Rafael como o município que menos produz receita na microrregião, produzimos apenas 4,1% de toda nossa receita, isso quer dizer que 95,9% vem de fontes externas. Então a microrregião é beneficiaria do projeto Baixo Açu, menos São Rafael, que parou de produzir nos anos 80. Deixamos de ser prósperos para dar prosperidade a uma região. Embora todos esses fatores se apresente de uma forma dramática e até mesmo injusta, nossa sociedade hoje em minimamente tem noção destes fatos, porém, a participação da comunidade em ações com intuito de discutir estas questões se coloca como necessárias. A sociedade organizada e voltadas para as causas sociais se apresentam por meio da Associação de moradores são-rafaelenses que hoje atua no município, buscando solucionar algumas demandas existentes, sem esperar pelo poder público municipal, dando voz aos moradores. Uma importante luta travada pela Associação beneficiou centenas de famílias, que foi a concessão de uma adutora que resolveria o problema do abastecimento de água em São Rafael. Uma contradição histórica, apesar de termos dado lugar para a construção do maior reservatório de água do Estado nossa cidade sofria com o abastecimento, um problema que a Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte (CAERN) nunca conseguiu solucionar. A Associação fez frente ao Governo do Estado e consegue este projeto da adutora. Vemos a força da sociedade organizada, o poder público municipal foi mero telespectador neste processo encabeçado pelos movimentos sociais. Esteticamente o projeto da nova São Rafael se iguala ao da antiga, buscou-se preservar a identidade do município em suas edificações como é o exemplo da igreja matriz, do mercado público e do quadrangular central que preservam os mesmos traços. No entanto, qual o sentido desta preservação se as pessoas perderam a esperança da prosperidade? Hoje buscamos meios de manter nossa história viva, nossa sociedade organizada mostra sua força e faz frente ao poder público. Temos esperança de dias melhores e que a prosperidade volte a fazer parte da nossa realidade. São Rafael não foi, mas ainda pode ir!