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JEJUM INTERMITENTE
NA DIETA CETOGÊNICA

CETO40

FELIPE GULARTE

FELIPE GULARTE CETO40 @dietacetogenica_br


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Sumário
1. JEJUM INTERMITENTE ....................................... 3
2. O JEJUM INTERMITENTE NO BRASIL ................. 7
3. JEJUM NÃO É UMA DIETA ................................. 9
4. JEJUM CALÓRICO NÃO EXISTE ........................... 9
5. A FUNÇÃO DO JEJUM NÃO É EMAGRECER ..... 13
6. JEJUM NÃO É OBRIGATÓRIO ........................... 14
7. JEJUM É PRATICIDADE ..................................... 14
8. AFINAL, QUANDO DEVO FAZER JEJUM? ......... 16
9. PROTOCOLOS DE JEJUM .................................. 17
10. TEMPO DE JEJUM .......................................... 19
11. COMO QUEBRAR O JEJUM ............................ 23
12. AUTOFAGIA ................................................... 25
13. CONCLUSÃO .................................................. 31

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1. JEJUM INTERMITENTE

O termo “jejum intermitente” quer


simplesmente dizer que você vai se alimentar
durante um certo período de tempo e jejuar em
outro período, ou seja, é algo intermitente, que
vai ficar um tempo ligado e um tempo
desligado.

Pensando assim, se você almoçou ao meio-dia e


foi lanchar às cinco da tarde, teoricamente já
seria um jejum, da uma às cinco, mas a gente
sabe que nem deu tempo da comida ser
digerida nesse meio tempo. Que também é um
outro conceito, o jejum que só começa após a
digestão da comida.

Alguns falam que o jejum só começa depois de


12h, alguns falam que só começa conforme a
autofagia, e assim por diante. Mas por hora, isso
não importa.

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Agora, vamos pensar no modo de vida padrão


do ser humano primitivo, de 100 mil anos atrás.
Ele iria acordar, não existia café da manhã, 99%
das populações primitivas eram ceto-
adaptadas, então para eles não era um
problema não poder sentar e tomar um café da
manhã, eles não ficariam com fome logo de
manhã, se tivessem feito uma refeição no dia
anterior.

Depois de acordar eles iriam começar a


caminhar e ir caçar ou pescar, se encontrassem
alguma fruta da época no meio do caminho
talvez eles iriam colher e comer ali na hora, mas
não era a prioridade, pois a fruta possui baixa
densidade energética. Uma bandeja inteira de
amoras ou mirtilo, que são frutas selvagens, não
tem nem 100kcal. Não dava pra eles perderem
tempo parando tudo pra ir comer 100kcal.
Qualquer pedacinho de carne com gordura que
eles conseguissem caçar já forneceria 500kcal.

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Então eles iriam matar as presas, fazer uma


refeição ali na hora, beber o sangue (afinal, não
pode se perder nada), comer as vísceras (sim, as
primeiras coisas que as tribos primitivas
comiam ao matar um bicho era o fígado,
coração, rins... para adquirir os micronutrientes
– vitaminas e minerais).

No dia de caça, este era o desjejum. Sangue e


órgãos. Então eles iriam fazer a viagem de volta
para o local que a tribo estava instalada naquele
momento, em alguma caverna ou algo assim –
eu digo naquele momento pois eles precisavam
viajar conforme as estações do ano para
garantir alimentos e se proteger do clima.

Lá pela tarde, teria uma fogueira pronta e eles


poderiam agora preparar o resto do animal,
coletar a sua pele, e assim por diante. E até esse
momento foram 2 refeições ricas em gordura e
proteína (alta densidade energética).

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Assim que anoitecia, eles iriam se recolher e


fazer um ritual social, ficar conversando... assim
por diante... até dormir.

E não existiam regras de horário: em um dia eles


poderiam comer apenas 1x às 10h da manhã,
outros dias às 17h da tarde, em outros dias
poderiam fazer até 3 refeições e em outros dias
simplesmente não comer, pois não
conseguiram caçar nada.

Assim como eles não tinham um número de


calorias fixas. No dia em que eles matavam um
mamute, que a carne iria estragar se não
comesse, eles provavelmente iriam passar
aquela semana comendo uma bomba de
calorias, porque nada era garantido, e eles
sabiam que nos próximos 5 dias talvez eles não
fossem comer nada.

Pensando do ponto de vista das calorias, na


média dos dias, eles acabavam consumindo

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calorias de manutenção, pois obesidade surgiu


faz muito pouco tempo. E quem não conseguia
nem as de manutenção, morria de fome.

Resumindo toda essa perspectiva evolutiva, o


jejum é o modo de vida padrão do ser humano,
não faz sentido nenhum do ponto de vista bio-
evolutivo comer de 3 em 3 horas.

2. O JEJUM INTERMITENTE NO BRASIL

Na minha opinião, o termo sofreu uma


distorção e confusão de conceitos básicos.
Então criou-se o termo “jejum calórico” e
“jejum metabólico”.

O jejum calórico seria uma abstenção total de


calorias durante a janela fechada (períodos em
que não estamos comendo). Ou seja, nem gotas
de limão você poderia consumir, já que teria
4kcal e, portanto, iria quebrar.

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Já o jejum metabólico seria o “jejum de


verdade”, que serve para dar um descanso ao
seu metabolismo, para dar tempo dele se
regenerar e também para ter uma regulação de
alguns hormônios... Então seriam permitidos
alimentos que não provocassem uma resposta
metabólica significativa (pode ser do ponto de
vista de insulina, do ponto de vista da digestão,
ativação ou supressão do mTor, AMPK entre
vários outros).
Então você poderia consumir coisas como as
gotas de limão, pois 4kcal não seriam
significantes para acordar seu sistema digestivo
ou alterar sua glicemia. Também entrariam
caldo de ossos, café e chá, e assim por diante.
Cada macronutriente vai quebrar o jejum do
ponto de vista metabólico com uma quantia
diferente de calorias. Com apenas 6g de
carboidratos (24kcal) você já poderia quebrar,
em teoria, enquanto que gordura seria até 8g
(70kcal).

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3. JEJUM NÃO É UMA DIETA

Mais uma particularidade do Brasil é que nós


consideramos que o jejum é uma dieta, mas isto
é um erro básico de conceito. Como acabei de
falar, o jejum trata dos horários, enquanto uma
dieta trata do que comer – a escolha dos
alimentos, e não quando comer.

Então é comum vermos pessoas quebrando o


jejum com refeições de alto índice glicêmico e
tendo um crash de energia logo após, indo
totalmente ao contrário de um dos princípios
básicos do jejum, que é o controle dos seus
níveis de insulina.

4. JEJUM CALÓRICO NÃO EXISTE

Neste ponto do nosso curso de dieta


cetogênica, nós já sabemos que a base do
emagrecimento é o déficit calórico, ou seja,
comer menos calorias que nosso corpo gasta

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para obrigar ele a extrair as calorias necessárias


para sobrevivência do nosso próprio corpo, e
assim, queimar gordura. Como atingir esse
déficit de forma fácil e sem sofrimento é um
assunto que já foi explicado em outras aulas.

Ou seja, a grosso modo, não importa se você vai


comer as suas 1500kcal em apenas 2 refeições
ou em 6 refeições. Desprezando fatores
emocionais e de bem-estar, vamos fingir que
você é uma pessoa super focada e sem
problemas em seguir uma dieta, o total de
calorias já vai ser responsável por 90% do seu
emagrecimento – daqui a pouco vou comentar
sobre os outros 10%, a parte que envolve os
hormônios e qualidade nutricional dos
alimentos, mas que são apenas a cereja do bolo.
Você tem que garantir o mais importante
primeiro (sim, você consegue emagrecer
comendo apenas McDonalds’, igual o John Cisna
documentou no livro dele chamado “Minha
Dieta de McDonald’s) – mas saiba que isso não
é nem um pouco saudável a longo prazo.

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O jejum calórico é apenas uma simplificação


grosseira de dizer que a pessoa tem que
consumir menos calorias pra poder emagrecer,
pois, se ela vai pular o café da manhã, ou até
mais refeições, ela provavelmente vai estar
comendo menos, e talvez até ter um déficit
calórico.

É claro que tem gente aí nos grupos de


Facebook que fizeram um “jejum calórico” e
deu certo, assim como teve muita gente que fez
e não deu certo, só teve prejuízos, então antes
de você comentar aqui embaixo que “pra mim
funcionou”, termina de ver a aula antes e você
vai ver que funcionou porque você teve sorte,
porque talvez você considerou, de forma
inconsciente, mesmo sem querer, alguns
fatores a mais nesse processo.

Ou seja, o jejum calórico, do ponto de vista


puramente do emagrecimento, não faz sentido
nenhum, porque a maioria absoluta das pessoas
que segue essa ideia de jejum calórico não faz
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ideia dos princípios mais fundamentais de uma


dieta bem estruturada e pra ser seguida a longo
prazo, pois elas:
1)Não fazem ideia de quantas calorias estão
ingerindo por dia;
2)Não levam em consideração a escolha do
alimentos, que é os 10% restante que eu
acabei de falar: elas continuam comendo
refeições com alta carga glicêmica, e duas
horas depois já vão estar com fome, ou
continuam consumindo excesso de ômega
6, como óleo de soja, por exemplo, o corpo
então fica inflamado e você começa a se
sentir mal, caminhar em direção a doenças
crônicas... também é comum que esqueçam
totalmente dos vegetais, então fica uma
dieta pobre em micronutrientes, e assim
por diante...

Fora que muitas pessoas acham que quanto


menos comer, melhor, passa a fazer uma
refeição por dia, com 600kcal, e além de todo o
stress psicológico e fisiológico, que tornam o

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processo totalmente insustentável a longo


prazo, acabam sofrendo um dano metabólico e
caindo em efeito platô, ficam desanimadas
porque tal dieta não funciona, e simplesmente
voltam aos hábitos alimentares antigos, como
se essa fosse a solução.

5. A FUNÇÃO DO JEJUM NÃO É EMAGRECER

O jejum é uma ferramenta com finalidades


terapêuticas, que vai causar efeitos no seu
corpo que vão fazer com que você se sinta
melhor, e assim conseguir seguir uma dieta
sustentável, pra ser um estilo de vida.

Emagrecer pode ser uma consequência do


jejum se você souber, em primeiro lugar, ajustar
a sua dieta – mas nunca o propósito principal. O
que vai garantir 90% dos seus resultados é a
escolha e quantia dos alimentos, não em quanto
tempo você come ou deixa de comer.

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6. JEJUM NÃO É OBRIGATÓRIO

Você pode obter quase todos estes benefícios


de regulação hormonal, controle da insulina,
redução da inflamação crônica... apenas através
de uma dieta bem estruturada. Algumas
pessoas sentem mais fome pela manhã, outras
pessoas simplesmente precisam ter mais
refeições ao longo do dia, como o caso de quem
precisa ingerir uma alta quantia de calorias
diariamente, então fica mais fácil se dividir as
refeições e não fazer jejum.

7. JEJUM É PRATICIDADE

Quem já fez pelo menos 4 semanas de dieta


cetogênica à risca sabe como é totalmente real
essa queda de apetite e aumento da saciedade
que ocorre. Nosso cérebro fica mais sensível a
leptina, liberamos menos grelina e cortando o
açúcar também temos mais serotonina (que
também influencia na saciedade) ... Até que

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chega um belo dia em que acordamos,


começamos nossas atividades e... nada de
fome. Então você aproveita e faz um jejum, um
dia ou outro... até criar o hábito, pois vê que é
muito mais fácil e prático simplesmente pular o
café da manhã (ou a janta, no meu caso), e fazer
só 2 ou 3 refeições no dia.

É isto que quero mostrar quando digo que “o


jejum na dieta cetogênica vem de forma
automática”. Você não vai precisar “forçar” um
jejum e ficar com fome e estressado durante
este período – então mais uma vez, a escolha
dos alimentos vem antes do jejum, é bem
diferente você fazer um jejum quando se está
ceto-adaptado do que fazer um jejum quando
tá comendo refeições com alta carga calórica e
glicêmica, pobre em micronutrientes e achar
que o jejum vai resolver tudo (como o caso de
quem come tapioca e biscoitinho fit de aveia no
café da manhã achando que são alimentos
fitness).

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8. AFINAL, QUANDO DEVO FAZER JEJUM?

• Quando você já tiver uma dieta 100%


estruturada garantindo a qualidade
nutricional dos alimentos;
• Quando você já estiver com um nível
mínimo de ceto-adaptação, quando você já
saiu daquela zona cinza do início da
cetogênica, quando já passaram aquelas
duas ou três semanas iniciais que não temos
mais glicogênio como fonte de energia,
porém nosso corpo ainda não aprendeu a
usar os corpos cetônicos – espere 3
semanas;
• Quando você já tiver saciedade o suficiente
pra poder pular uma refeição – saciedade
essa obtida através de uma dieta cetogênica
bem estruturada que vai garantir uma nova
regulação da leptina, grelina, insulina,
serotonia e assim por diante;
• Quando você não tiver tempo de fazer
várias refeições durante o dia (praticidade);

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• Quando você está fora de casa e não tem


opções de alimentação cetogênica –
simplesmente pula o almoço e deixa pra
jantar em casa (praticidade novamente);
• Quando você tiver alguma condição no seu
sistema digestivo, como refluxo ou gastrite,
seu corpo terá mais tempo de reparar estes
órgãos;
• Quando você quer o processo de autofagia,
que seu corpo se recicle;
• E principalmente, quando você entender
que o propósito do jejum não é emagrecer,
mas sim, fazer uma regulagem hormonal no
seu corpo que visa a sua saúde de forma
geral. Em primeiro lugar, a dieta.

9. PROTOCOLOS DE JEJUM

Neste ponto da aula, você já deve ter entendido


que os “protocolos tabelados” não vão fazer a
menor diferença e que você não precisa fazer
sempre a mesma coisa. Se você quiser fazer 16h
de jejum apenas pulando o café da manhã, pode
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fazer. Mas se quiser pular a janta e comer o café


da manhã, dá na mesma. Se não quiser fazer
jejum e apenas monitorar as calorias no
aplicativo, vai emagrecer do mesmo jeito. Se
quiser fazer 20h de jejum todo dia, durante
várias semanas, aí você tem que analisar
quantas calorias você vai estar ingerindo nessa
janela aí.

Se quiser fazer jejum de 20h apenas 3x na


semana, sem problemas. Mas lembre-se de
calcular uma média de calorias. Coma muito
bem enquanto a janela estiver aberta.

Por exemplo: alguém que vai fazer um jejum de


24h dia sim/dia não. Em um dia ela consome
1400 kcal e no outro 0kcal, pois ela fez jejum. E
repete esse protocolo durante o mês inteiro.
Mas se você pegar e fizer a média a cada 2 dias,
1400kcal + 0kcal dividido por 2 dias, dá 700kcal
por dia, repetidos ao longo de um mês. Já não é
interessante – muito abaixo da taxa basal, pode

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adiantar um efeito platô e até possível dano


metabólico.
Uma das principais diferenças do jejum na
cetogênica, é que sempre ouvimos que fazer
exercícios e jejum pela manhã “acelera” o
emagrecimento. Porém, isso não faz muita
diferença na cetogênica, pois esse pensamento
leva em consideração a variação dos níveis de
insulina de quem come carboidratos
normalmente, e como nós da cetogênica não
temos esse problema, tanto faz se você pular a
janta ou pular o café da manhã, vai dar na
mesma, a sua oxidação de gorduras vai ser a
mesma e seus níveis de insulina são constantes.

10. TEMPO DE JEJUM

• 12/12: Pessoalmente, não considero que


seja jejum. Não haverá processo autofágico
o suficiente pra se obter melhorias
perceptíveis;

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• 16/8: O mais comum e recomendado a


todos. Pode ser feito diariamente dentro da
dieta cetogênica (para ceto-adaptados) sem
riscos à saúde. Já se observam alguns
benefícios de uma autofagia leve;
• 20/4 (dieta do guerreiro): muito útil para
quem vai fazer uma viagem
esporadicamente ou para quem trabalha
fora e não tem tempo de preparar
marmitas. Desde que bem estruturado,
respeitando sua taxa basal, também pode
ser feito diariamente. Nesse caso é
interessante fazer uma reposição
energética no fim de semana (comer mais
calorias).
A partir deste ponto, os jejuns serão de caráter
terapêutico e devem ser feitos periodicamente,
e, portanto, irei frisar novamente: jejum não faz
você emagrecer mais rápido – você pode até
emagrecer mais lentamente se fizer da maneira
errada.
• 24h (1 dia): redução de inflamação crônica,
criação de novas células-tronco. Acho

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interessante fazer 1x a cada 10 dias, no


máximo. Não precisa fazer reposição
calórica se for apenas a cada 10 dias.
• 48h (2 dias): autofagia plena, criação de
novas células-tronco. Acho mais
interessante que o jejum de 24h, já que o
efeito da autofagia será muito maior. 1x por
mês já é suficiente e também não precisa
fazer compensação de calorias se for
apenas 1x no mês. É interessante consumir
sal durante a janela fechada pra repor
eletrólitos.
• 72h (3 dias): pode “resetar” seu sistema
imunológico por inteiro e estimular o
crescimento de células-tronco (aquelas
células especiais que se transformam em
outros tipos de células que seu corpo
precisa) – 2, 3 vezes por ano já está ótimo;
• 120h (5 dias): limite máximo do ponto de
vista de bem-estar, após isso seus corpos
cetônicos disponíveis no sangue começam a
baixar;

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É muito importante fazer um período de


reposição energética (1 dia ou mais) depois de
jejuns prolongados (3 dias ou mais), que
significa comer além do que você gasta
diariamente, para sair do estado catabólico
(destruição de nutrientes) e permanecer por um
tempo em um estado anabólico (construção)
antes de voltar para a sua dieta normal.

Se o seu gasto diário é de 2000kcal, e você está


consumindo 1500kcal, sua reposição pode
seguir os próximos dias com 2500-3000kcal.
Além de entrar novamente no estado anabólico,
você já evita o risco de efeito platô.

E também, a perda de massa muscular é uma


realidade para quem faz jejuns
desestruturados. Quem optar por fazer jejuns
diariamente, recomendo que iniciem a prática
de treinos de musculação. Os músculos são uma
esponja de calorias - quanto mais músculo, mais
energia você gasta em repouso (maior o seu
metabolismo). A musculação também incentiva
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seu corpo a manter ou, até mesmo, ganhar


massa muscular – e para jejuns prolongados,
tem que ouvir o corpo durante a musculação, se
sentiu algum mal-estar, é hora de parar. Faz
algum exercício mais leve.

11. COMO QUEBRAR O JEJUM

Um dos maiores erros de quem faz jejum


pensando que ele é uma dieta e que por si só vai
fazer você emagrecer, é quebrá-lo com
alimentos de alta carga glicêmica e, que muitas
vezes, do ponto de vista de controle de insulina,
seria melhor que esta pessoa nem tivesse feito
o jejum.

Já na cetogênica não temos este problema, pois


nossos carboidratos tem baixíssima carga
glicêmica. Para jejuns curtos (16h),
pessoalmente nunca tive problemas em
quebrá-los logo fazendo uma refeição
cetogênica normal, no almoço.

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Jejuns mais longos (20h ou mais), eu senti


melhoras ativando meu sistema digestivo um
pouco antes. Meia hora antes de eu almoçar eu
bebo água com uma colher de vinagre de maçã
e meio limão espremido, para ativar a produção
de enzimas digestivas. Neste intervalo de meia
hora até o almoço, vou comendo algum vegetal
(cenoura, folhas de alface) para ajudar a acordar
meu sistema digestivo.

A partir de 48h de jejum, além de tomar o


vinagre com limão, a primeira refeição deve ser
mais leve, idealmente um caldo de ossos, que
vai ter um pouco gordura (não altera a glicemia)
e um pouco de colágeno (proteína), assim como
sódio, para reposição de eletrólitos.

Nota: quem tem gastrite ou refluxo deve evitar


quebrar o jejum com frituras. Dê preferência a
carnes grelhadas.

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12. AUTOFAGIA

A autofagia é um tema de estudo tão


importante, que em 2016 rendeu um prêmio
Nobel de medicina ao Dr. Yoshinori Ohsumi, que
estuda os mecanismos da autofagia.

E assim como a ceto-adaptação, não é algo que


pode ser ligado ou desligado. Tudo depende do
aspecto geral.

Na minha opinião, a autofagia é um processo


tão benéfico, importante e desprezado quanto
um sono bem regulado e insulina controlada,
que são coisas de caráter 200% terapêutico e
que só daqui a 20 anos a medicina tradicional
vai usar como forma de tratamento pra diversas
doenças. Hoje em dia ainda é tratado tudo com
remédios, só que a medicina tradicional trata de
amenizar os sintomas, não de curar a causa.

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A autofagia é um processo em que o corpo


reutiliza proteínas de tecidos velhos ou
danificados (doentes), no nível celular, como
uma espécie de reciclagem interna, onde são
convertidas em aminoácidos livres para serem
usados onde forem necessários.

Para o processo de autofagia acontecer, você


precisa dar um susto no seu metabolismo para
obrigar ele a entrar neste modo de
sobrevivência. Para produzir estes novos
aminoácidos, você deve parar de fornecer
aminoácidos para seu corpo através da
alimentação. E é aqui que entra o jejum.

Há um debate sobre o tempo em que começa a


ocorrer um aumento significativo deste
processo de reciclagem celular no nosso corpo.
Algumas fontes falam que só começa após 12h
de jejum e outras que ocorre apenas a partir de
18h de jejum.

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O fato é que o ser humano primitivo vivia em


jejum na maior parte do tempo, não tinha
alterações significantes dos seus níveis de
insulina, e tinha os benefícios da autofagia
durante a vida inteira.
Alguns benefícios são:

• Reduz o risco de doenças crônicas – depois


desta aula, pesquisa no Google as 10
doenças que mais matam no mundo, e veja
quantas delas são crônicas, que poderiam
ser evitadas com tudo isso que eu falo aqui:
alimentação, sono, hábitos, exercícios.
• Reduz inflamação;
• Fortalecimento do sistema imunológico;
• Redução de patógenos (micróbios, fungos,
alguns vírus...) – porém, alguns vírus podem
piorar com a autofagia. Consulte um
médico.
• Proteção/regeneração dos neurônios e das
“células do coração”;
• Reduz risco de câncer (deixa a mitocôndria
respirar, uma das causas do câncer é
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quando a mitocôndria não recebe oxigênio


e precisa então fermentar a glicose que ela
recebe pra gerar ATP);
• Reduz risco Alzheimer e Parkinson
(reciclagem das proteínas mal dobradas que
diminui o acumulo de amiloide);

Nota: uma das causas de proteínas mal


dobradas são mitocôndrias danificadas devido à
alta insulina (resistência insulínica) – ou seja,
mais uma vez percebemos como tudo está
correlacionado com a alimentação e hábitos de
vida, e que a autofagia é fundamental para
nossa saúde – assim como era na época de
nossos antepassados de 100 mil anos atrás. Nós
não podemos ignorar a nossa biologia, não
podemos ir contra o nosso DNA.

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A ideia geral da autofagia é de que não fomos


feitos para viver em abundância de nutrientes
100% do tempo. Se nós temos abundância, nós
perdemos a sensibilidade e capacidade de
metabolizar diversos nutrientes conforme o
tempo passa. Um jeito de aumentar a
efetividade da absorção dos nutrientes é dar um
susto no corpo, pra ele entender que aquilo não
é abundante, e que ele deve extrair o máximo
possível destes nutrientes quando nós
finalmente os ingerirmos.

São tantos benefícios, que assim que possível,


acho interessante que todos experimentem. Só
não pode ser algo forçado.

A autofagia é uma terapia regenerativa gratuita,


isso sim seria um “detox” de verdade.

Você precisa entender que o jejum não “acelera


o emagrecimento”. E a própria dieta cetogênica
já fornece vários dos benefícios do jejum e de

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uma maneira “mais potente”, por assim dizer,


porque a maior parte destas vantagens sobre o
jejum que são divulgadas, levam em conta
dietas onde há o consumo de carboidratos, é
outra história.

Se a questão for apenas o total calórico e


controle dos níveis de insulina, a cetogênica
sozinha já faz isso e não faz sentido fazer jejum.

Porém, o principal diferencial da cetogênica e


do jejum é a autofagia, que causa aqueles
efeitos benéficos na sua saúde, aumentando
sua imunidade, literalmente reciclando você
por dentro, e vários outros efeitos que já citei
que vão fazer com que você se sinta bem e
possa seguir a dieta cetogênica ou, qualquer
outra dieta que você decidir seguir depois, por
muito tempo, virando um estilo de vida, e
impedindo que você volte aos seus hábitos
alimentares antigos.

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13. CONCLUSÃO

Como apenas a dieta cetogênica isolada já


apresenta a maioria dos benefícios que o jejum
também apresenta, a principal diferença seria a
autofagia – que é o motivo real pelo qual você
vai querer incluir o jejum intermitente na sua
vida.

Jejum não é obrigatório para o emagrecimento


e só a dieta já vai representar 90% dos seus
resultados, então, concentre suas energias no
que realmente importa. Se você já entendeu a
cetogênica e ceto-adaptação e está seguindo a
dieta sem problemas, aí sim é interessante
entrar com o jejum.

E vou reforçar que o “jejum calórico” não existe.


O que importa, do ponto de vista do
emagrecimento, é você estar comendo menos
calorias do que seu corpo irá gastar e de fontes
limpas, ricas nutricionalmente.

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