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2.

4 Gerenciamento dos níveis de estoque

É possível observar que os principais elementos de gestão de estoques podem ser


entendidos e projetados por metodologias quantitativas simples.

Devendo, contudo, serem observadas algumas questões, como não existir alteração
substancial de consumo durante um período de tempo esperado, ou seja, as melhores previsões
serão sempre mais assertivas quanto mais estável for o comportamento da demanda.

Da mesma forma, outra fonte de problemas que precisa ser acompanhada é relativa aos
aspectos internos das empresas e organizações, como a ocorrência de falhas ou equívocos
administrativos que venham a provocar impacto no processo de suprimento ou abastecimento,
como no atraso de encaminhamento de pedidos e ordens de compra, por exemplo.

Dado que os estoques, de forma geral, se comportam de maneira similar e cíclica,


podem ser traduzidos em momentos descritos no gráfico conhecido como “dente de serra”.

Figura 6 - Gráfico dente de serra

Ainda sobre problemas de natureza gerencial, deve-se ressaltar que estes podem
também ocorrer em outras esferas, estruturas e mesmo organizações e empresas, como com o
fornecedor, que venha a atrasar seus processos e dilatar a o prazo de sua entrega ou que levem
a recusa do fornecimento por inadequação ou não observação de indicadores de qualidade, por
exemplo.

2.4.1 Elementos gerenciáveis: Estoque Máximo

Identificado como estoque máximo, se refere a maior capacidade que um item ou SKU
em estoque deva permanecer em estoque. Isso é dado normalmente, quando considerados os
aspectos internos, em função de espaço disponível de armazenagem e da capacidade financeira
que uma empresa imobilizar capital.

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Entretanto, ainda se devem considerar os aspectos relativos à natureza do item a ser
estocado, como sua perecibilidade e depreciação, que podem limitar a recomendação sobre
esse quantitativo.

Figura 7 - Estoque máximo

Uma formulação possível sobre o estoque máximo, indica que devem ser considerados
o estoque mínimo, ou seja, a menor quantidade de possível ou ideal que deva ser mantido do
item ou SKU em estoque, acrescidos do Lote de Compra (LC) mínimo estabelecido e
normalmente recebido do fornecedor.

Equação 3 - Estoque máximo

Normalmente, as ações de montagem de estoques que visam a ocupação máxima das


capacidades não são práticas de mercado comumente observadas. Ocorrem em cenários
específicos ou particulares, motivados pela percepção de uma oportunidade de negócios, por
uma condição de segurança contra oscilações futuras de preço ou ainda por limitação na
capacidade de fornecimento, que impõe essa necessidade

A aplicação da fórmula é simples, podendo ser realizada por meios diversos. Contudo,
envolve aspectos que necessitam de considerações e até de ajustes já que considera a questão
do lote de compras, ou seja, o que pode implicar até nos volumes mínimos ou possíveis a serem
entregues pelo fornecedor.

Há casos, por exemplo, onde um fornecedor realiza entregas de volumes múltiplos e


uma determinada quantidade, como de 100 em 100 peças por exemplo, o que impõe uma
restrição ou condição que implica na determinação da área de armazenagem a ser utilizada e na
configuração dos estoques, em particular dos níveis a serem gerenciados do estoque máximo.

Por exemplo, vamos considerar a seguinte questão: uma SKU apresenta uma demanda
média de 130 unidades diárias, com um tempo de abastecimento por parte do fornecedor

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esperado de 5 dias, que entrega pedidos mínimos de 100 unidades. Aplicando a fórmula, usando
uma planilha eletrônica:

Tabela 2 - Formulação do cálculo de estoque máximo

Observe que ao realizar a cálculo a resposta seria de que o estoque máximo seria de 750
unidade, muito embora, considerando que o fornecedor só entrega as mercadorias em múltiplos
de 100, em determinadas operações ou momentos seria possível considerar que o estoque
máximo admitido fosse maior, chegando próximo das 800 unidades.

Ainda observe que no exemplo de uso da planilha, o estoque mínimo (EMn) foi calculado
pela fórmula básica, que será vista em seguida.

2.4.2 Elementos gerenciáveis: Estoque Mínimo

Trata da definição da menor quantidade necessária de um item ou SKU que deve


permanecer em estoque. O estoque mínimo é, então, aquela quantidade mínima que permite a
empresa funcione, execute suas operações, de forma habitual, sem que haja excesso ou sobra
de produtos, insumos ou recursos, permitindo as operações transcorrem de forma normal.

Figura 8 - Estoque mínimo

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A adoção do controle sobre os estoques mínimos constitui uma das alternativas de
redução contra o risco de falta de estoque e o consequente não atendimento da demanda feita
por clientes, sejam eles internos ou externos.

Assim, nesse modelo de gestão de estoques, o estoque mínimo determina a necessidade


de reposição ou reabastecimento de um item, servindo como guia ou orientador nas operações
ou procedimentos de ressuprimento ou reabastecimento. Sua formulação define o nível mínimo
de recursos para as operações transcorram de maneira normal ou esperada. Essa definição é
útil para condições normais de fornecimento e de operações.

Por outro lado, a ocorrência de imprevistos, como o atraso na reposição ou a


interrupção de fornecimento de forma não programada, que afetem a capacidade de
ressuprimento, devem ser considerados e atenuados por outras ações e aspectos gerenciáveis,
como a formação de estoques de segurança.

Contudo, não se deve confundir com estoques mínimos com estoque de segurança,
dado que se referem a elementos distintos e com finalidades diferentes, muito embora a
formulação ações orientadas à gestão por estoques mínimos, quando bem realizada, gere uma
percepção de segurança à operação.

Ressalta-se que outras medidas são proporcionais a sensibilidade percebida sobre a falta
ou indisponibilidade de alguns recursos, itens ou SKUs.

2.4.2.1 Formulação simples do Estoque Mínimo

A formula básica para determinação do estoque mínio prevê a identificação dos valores
médios de consumo (demanda) de cada item ou SKU e uma previsão conservadora, segura,
sobre o tempo necessário para o recebimento de novos itens. Trata do intervalo entre a
realização do pedido e seu efetivo recebimento, designado pela sigla TR. Pode ser definido pela
formula básica:

Equação 4 – Formulação simples do estoque mínimo

Vamos considerar o exemplo de um item que apresenta uma demanda estável


esperada, também com um Tempo de Ressuprimento também estável, como demostrado:

Figura 9 - Problema de identificação de Estoque Mínimo

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Usando planilhas, estabelecer a relações de média e a confecção dos cálculos podemos
entender que:

Tabela 3 - Formulação do Estoque Mínimo básico

Entretanto, observe que como resultado teríamos a identificação de um mínimo


fracionado:

Tabela 4 - Resultado do Estoque Mínimo básico

Obviamente não há como manter itens fracionados em estoque, logo, é necessário um


arredondamento. Contudo, independente da fração se recomenda que nesse caso todo
arredondamento seja feito para cima, ou seja, para o próximo número inteiro, o que levaria o
estoque mínimo par 181 unidades.

Observe que a identificação do Estoque Mínimo não leva em consideração os aspectos


ou restrições de compras, como no caso do Estoque Máximo, mas que servem de indicador
máximo para a realização de novos abastecimentos, principalmente quando considerado que
sua observação se dá ´por uma média, ou seja, um ponto central da estatística que contempla
elevada margem de erro. Dessa maneira, seria correto formar que uma formulação
considerando esses aspectos estaria correta, ou seja, atenderia a capacidade de acerto em
aproximadamente 50% das situações, sendo necessária a utilização de outros mecanismos,
como o uso de Estoques de Segurança, por exemplo.

2.4.2.2 Formulação do Estoque Mínimo pelo método da raiz quadrada

Há ainda outro método de determinação do Estoque Mínimo, indicados nas diversas


fontes bibliográficas, como o método da raiz quadrada, que considera que o tempo de reposição
(TR) não varia mais do que a raiz quadrada de seu valor.

Só deve ser usado se:

 o consumo durante o tempo de reposição for pequeno, menor que 20 unidades

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 o consumo do material for irregular
 a quantidade requisitada ao almoxarifado seja igual a 1

Equação 5 - Estoque mínimo pelo método da raiz quadrada

Como exemplo: vamos considerar a necessidade da determinação de um estoque


mínimo de um item que apresenta a seguinte demanda:

Tabela 5 - Exemplo de demanda específica

Considerando que o item do exemplo atende a todos os requisitos previsos para o uso
da determinação de um Estoque Mínimo de maneira racionalizada, usando a formulação pela
raiz quadrada, também utilizando uma planilha:

Tabela 6 – Formulação do Estoque Mínimo com raiz quadrada

Note que a utilização da planilha envolveu comandos para a identificação da média e da


raiz quadrada no cálculo do Estoque Mínimo, de acordo com a técnica, gerando como resultado:

Tabela 7 - Resultado do Estoque Mínimo com uso da raiz quadrada

Da mesma forma, se recomenda o arredondamento para o próximo número inteiro, o


que indicaria um Estoque Mínimo, para o exemplo, igual a 2 unidades do item Alfa.

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2.4.2.3 Formulação do Estoque Mínimo com adição de uma variância

Uma outra definição, mais segura, considera aspectos da variância verificada nos dados
considerados para a previsão da necessidade de estoques, ou seja, considera adição de um
desvio padrão à média identificada no histórico da demanda analisada, o que leva a outra
formulação.

Equação 6 - Estoque mínimo com acréscimo de uma variância

Indicando que se deve adicionar um desvio padrão de forma a ampliar a margem de


segurança quando comparada à formulação básica. Considerando se trata de uma adição de
medida de dispersão a ser identificada com os elementos de demanda projetada ou considerada
para cada situação, onde essa variância é determinada com os dados coletados da amostra
disponível, que ser assim definido:

Equação 7 - Fórmula do desvio padrão amostral

A maior diferença, quando comparada com a primeira formulação do estoque mínimo,


para muitos é apenas de um incremento quantitativo determinado por um desvio padrão à
média considerada na previsão da demanda, mas é importante ressaltar o que isso implica. Na
verdade, se está adicionando uma margem extra de segurança de forma proporcional às
projeções consideradas que visa diminuir margem de erro dada pela formulação básica que foi
construída utilizando um ponto central de média.

Esse incremento proposto gera uma ampliação, acréscimo, de quantitativos ao


inventário mínimo previsto, ampliando seu nível de confiabilidade e diminuído sua margem erro,
de forma proporcional, o que amplia a probabilidade de acertos, podendo contribuir com a
capacidade de absorver oscilações de demanda e até pequenas oscilações sazonais não
previstas.

Figura 10 - Acréscimo de uma variância à média normal.

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Na verdade, esse conceito e aplicação poderá e deverá ser utilizada ainda em diversas
outras formulações, como se poderá observar.

Assim, quanto maior a variação dos dados de consumo ou demanda em relação à média
analisada, maior será a variância e seu acréscimo implica no aumento dos quantitativos
previstos, de forma diminuir a margem de erro envolvida. Como consequência, a previsão do
estoque mínimo considerando essa adição apresenta maior grau de assertividade,
principalmente quando comparada com a formulação básica.

Para efeitos de cálculo, se utiliza a variância identificada no desvio padrão amostral da


previsão da demanda.

Como exemplo, observe a seguinte previsão de demanda e TR:

Tabela 8 - Exemplo de previsão de demanda

Podemos, sempre usando planilhas, identificar os elementos de média, desvio padrão e


cálculo do Estoque Mínimo:

Tabela 9 - Formulação do Estoque Mínimo com acréscimo do desvio padrão

No caso, foi utilizada uma planilha eletrônica onde os cálculos de média, desvio padrão
da amostra, foram determinados pelas fórmulas “=MÉDIA(_:_)” e “=DESVPADA(_:_)”,
respectivamente, cuja resolução pode ser identificada como:

Tabela 10 – Resultado do Estoque Mínimo com acréscimo do desvio padrão

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Considerando o necessário arredondamento, teremos que no exemplo o Estoque
Mínimo seria de 3340 unidades do item Bravo.

2.4.3 Elementos gerenciáveis: Estoque de Segurança

Trata da percepção sobre aspectos de segurança contra a falta da possibilidade de


atendimento da demanda.

Sua adoção implica em aumento de níveis de inventário, logo, de custos e por isso
mesmo deve ser bem avaliada, conforme a natureza desse estoque, o impacto de da sua falta e
sensibilidade do item quanto aos processos de armazenamento.

Figura 11 - Estoque de segurança

Como pode ser visto, independentemente da técnica, a montagem de Estoques de


Segurança implicam no aumento de inventários, ou seja, de aumento de itens em estoque. Seu
estabelecimento impacta o nível de serviço pretendido, exigindo ou desejado, ainda merecendo
atenção e cuidados diversos, já que também gera aumento de custos.

Ao promover esse acréscimo, os processos de controle devem considerar que a


existência dos Estoques de Segurança requer seu especial controle em aspectos como no giro e
nas renovações de seus itens armazenados, sob pena de gerar além do aumento de custos
outras despesas com o perdimento de recursos.

Dadas essas características, é de se esperar esses acréscimos de custos, não seja


realizado para todos os itens de estoque, mas para aqueles tidos e percebidos mais sensíveis e
impactantes nas operações. Ou seja, se sugere a criação e manutenção de estoques de
segurança apenas para os itens considerados estratégicos à organização.

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2.4.3.1 Estoque de Segurança com acréscimo percentual

Inicialmente um Estoque de Segurança pode ser simplesmente formulado e entendido


como uma agregação de itens, um acréscimo ao estoque. Trada da adição de um fator K, um
percentual desejado de segurança.

Equação 8 - Estoque de segurança

Dessa maneira, uma forma de identificar o acréscimo percentual simples que seria dado
pela a multiplicação do fator desejado, como no exemplo a seguir, com um aumento de 10%:

Tabela 11 - Formulação do Estoque de Segurança

Note que na planilha foi incorporado o comando de arredonda para cima no cálculo do
Estoque Mínimo, onde foi indicado que o mesmo não deveria ter nenhuma casa decimal, “;0”
na fórmula. A margem de segurança de 10% desejada equivale a 0,1. Como resultado do
exemplo teremos um estoque de segurança a ser formado por 334 unidades que devem ser
adicionadas às 3340 unidades do estoque mínimo previamente calculado, o que indicaria um
novo estoque mínimo resultante igual a 3674 unidades do item Bravo, como demonstrado:

Tabela 12 - Resultado do Estoque Mínimo com acréscimo Estoque de Segurança

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2.4.3.2 Estoque de Segurança pelo desvio padrão

Uma outra forma de identificar e definir um Estoque de Segurança com base em um


fator multiplicador pode ser feito de maneira a se considerar a variância observada na demanda
histórica analisada. Dessa maneira o Estoque mínimo seria acrescido pela multiplicação de um
desvio padrão calculado na amostra dos dados da demanda considerada.

O desvio padrão aqui é definido pela letra grega Sigma, como demonstrado na fórmula:

Equação 9 - Estoque de Segurança com adição de uma variância

Aplicando a formulação no exemplo anterior, que agora considera o desvio padrão como
fator na determinação do Estoque de Segurança teríamos:

Tabela 13 - Formulação do Estoque de Segurança com adição da variância

Note que a formula do desvio padrão da amostra foi utilizada duas vezes, uma na
determinação do Estoque Mínimo e outra na determinação do Estoque de Segurança. Além
disso foram utilizados recursos de arredondamento para o próximo número inteiro no Estoque
mínimo e no cálculo do Estoque Mínimo acrescido do Estoque de Segurança. Como resultado
para o exemplo temos:

Tabela 14 - Resultado do Estoque de Segurança com adição de variância

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Como demonstrado no exemplo, a adição de um desvio padrão ou variância geraria um
Estoque de segurança de 164 unidades do item Bravo, o que geraria juntamente com o Estoque
Mínimo um total de 3504 unidades mínimas de estoque.

2.4.3.3 Estoque de Segurança proporcional à operação

Ainda há o caso de empresas que consideram a adoção de Estoques de Segurança


proporcionais aos dias de operação do seu negócio, simplesmente identificando a média diária
de demanda e formando uma segurança equivalentes a “n” dias de operação considerados
seguros. Vale ressaltar que essa percepção carece muitas vezes de qualquer métrica mais
abalizada ou controlada, expressando objetivamente a experiência dos envolvidos.

Isso poderia ser racionalmente identificado pela formulação:

Equação 10 - Estoque de Segurança proporcional a operação no período

Onde o C se refere ao consumo ou demanda média em um determinado período e o n


ao número de períodos tidos ou percebidos como necessários à cobertura de segurança.

Muito embora constitua uma técnica muito imprecisa, é fácil identificar inúmeros casos
de formulação de Estoques de Segurança usando essa condição.

2.4.3.4 Estoque de Segurança pelo Nível de Serviço

Outra técnica de cálculo de Estoques de Segurança envolve aspectos de determinação


gerencial sobre o nível de serviços desejado pela organização, com impacto direto nos aspectos
relativos à disponibilidade de estoques, tomando por base uma abordagem estatística.

O uso dessa técnica requer o conhecimento sobre a variabilidade da demanda, que é


estimada pela variância, desvio padrão, e pode ser definida pela seguinte fórmula:

Equação 11 - Estoque de Segurança baseado no nível de disponibilidade

O valor de 𝑍 é a constante Z, a ser aplicada na determinação do Nível de Serviço – NS,


da distribuição normal obtida pela probabilidade atendimento desejado, nível de serviço
proposto de atendimento da demanda, ou seja, trata da confiabilidade desejada em conseguir
atender os pedidos recebidos, sem ruptura de estoques.

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Tabela 15 - Nível de serviço desejado e valor da constante

Além disso, a equação considera a raiz do Tempo de Ressuprimento (TR) e a variância


determinada pelo "δ" na demanda projetada.

Aplicando essa relação no exemplo, onde se deseja um nível de serviço de 90%, teremos:

Tabela 16 - Formulação do Estoque de Segurança com adição Nível de Serviço definido.

Note que ao usar uma planilha foi possível identificar o valor da constante Z
automaticamente, dispensando o uso da tabela apresentada, como pode ser observado no
detalhamento da planilha, pela fórmula “=INV.NORMP.N(_)”, que se refere à inversa da
distribuição normal padrão, que considera a probabilidade indicada no nível de serviço
desejado.

Dessa forma, a planilha consegue considerar, automaticamente, qualquer nível de


serviço desejado já identificando o valor da constante Z, simplificando ainda mais essa
determinação.

Tabela 17 - Resultado do Estoque de Segurança com adição de variância com Nível de Serviço definido.

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Dessa forma, a adoção de um Estoque de Segurança orientado a atender um Nível de
Serviço de 90%, de acordo com os dados considerados, deve ser composto por 363 unidades,
valor arredondado.

2.4.4 O Tempo de Reposição

Tempo de reposição (TR) também é conhecido como tempo de ressuprimento, tempo


de recomposição ou tempo de reabastecimento, entre outros, trata do período entre a efetiva
solicitação de abastecimento e sua plena disponibilização operacional. Em outras palavras trata
do lead time das operações de reabastecimento, envolvendo os aspectos da formalização da
solicitação da reposição até o efetivo recebimento e disponibilidade dos recursos.

Como visto, o TR envolve, normalmente, as etapas de solicitação, preparação e


transporte iniciadas e previstas no Ponto de Pedido. É um processo que mesmo estando além
das capacidades de interferências gerenciais plenas, deve ser acompanhado e analisado.

É um processo que necessita ser analisado e sua determinação deve ser sempre
conservadora, segura, considerando os cenários mais dilatados para sua execução, haja visto
que em todas as formulações anteriores o TR é um fator multiplicador significativo.

Dada sua natureza, que envolve essencialmente acompanhamento, controle e


observação, não há uma formulação para sua determinação. Sendo sempre reajustado e revisto,
conforme novas práticas e procedimentos sejam implementados.

Ainda se ressalta que trata de questões altamente impactadas por aspectos de


infraestrutura, questões geográficas, sociais e políticas, tão mais presentes e impactantes
quanto mais distantes fisicamente estiverem os elos da cadeia de distribuição. Assim, quanto
mais distantes, maior será a necessidade de confecção de previsões dilatadas.

Ainda há que se considerar o intervalo de ressuprimentos, ou seja, o período de tempo


entre dois ressuprimentos consecutivos, que pode ser fixado dentro de qualquer limite,
dependendo das quantidades compradas e dos processos envolvidos.

Figura 12 - Intervalo de ressuprimento

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Esse intervalo de tempo entre os ressuprimentos, determinado pelo tempo entre a
chegada de um pedido e outro, para um mesmo item de um mesmo fornecedor, poderá ser
elemento a ser acompanhar, já que pode ser um indicativo de que pedidos de reposição estar
se espaçando, indicando alteração do giro, ou de aumento necessário para o efetivo
recebimento, o que deve ser considerado nas expectativas do TR

Há casos, onde o pedido de ressuprimento ou a ordem de compra de alguns itens


específicos, nem sempre disponíveis ou de oferta regular, dá início a uma atividade de produção
complexa por pare do fornecedor, que exige tempo ou condições pouco controláveis,
implicando em processamentos com margens de tempo mais variáveis que resultam em
intervalos de ressuprimento não estáveis.

2.4.5 Elementos gerenciáveis: Ponto de Pedido

Trata do momento onde é realizada a solicitação de um novo reabastecimento ou a


formalização de uma nova aquisição. É uma condição que funciona como gatilho para o pedido,
leva em consideração o tempo de reposição (TR) e o Estoque Mínimo. São etapas do tempo de
reposição:

 Emissão do pedido: envolve a confirmação de recebimento pelo fornecedor;


 Preparação do pedido: tempo para fabricação, separação, faturamento e despacho; e,
 Transporte: saída do material do fornecedor até o efetivo recebimento do mesmo,
deixando os recursos disponíveis para uso ou consumo.

Figura 13 - Ponto de pedido

O processo de reposição do estoque deve ser iniciado quando o estoque virtual atingir
um nível predeterminado, que é o ponto de pedido (PP).

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Equação 12 - Ponto de Pedido

Considerando os exemplos explorados anteriormente, aplicando essa formulação, se


pode perceber no exemplo que se tratam três grandes conjuntos de dados: o consumo ou
demanda média, o Tempo de Ressuprimento ou Reabastecimento e o Estoque mínimo. Assim,
poderíamos ter como dados:

Tabela 18 - Elementos para definição do Ponto de Pedido

Onde, aplicando a formulação teríamos o Ponto de Pedido quando os níveis de estoque


atingissem os 6190 itens restantes no estoque, como demonstrado:

Tabela 19 - Formulação do Ponto de Pedido

Dessa forma teremos como resultado que o Ponto de Pedido deverá ser alcançado
quando os estoques atingirem o nível mínimo de 6190 unidades do item Bravo:

Tabela 20 - - Resultado da formulação do Ponto de Pedido

Contudo se considerados os aspectos relativos à formação de Estoques de Segurança,


aqui identificados como o acréscimo de uma variância o ponto de pedido seria ampliado, sendo
configurado como:

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Tabela 21 - - Resultado da formulação do Ponto de Pedido acrescido do Estoque de Segurança

Levando em conta também a existência de um estoque em inspeção, caso comum nas


empresas com necessário controle de qualidade dos materiais ou itens recebidos, estes
deveriam ser considerados e acrescentados ao quantitativo identificado no Ponto de Pedido.
São condições especiais particulares que precisam ser avaliadas nesse computo, tais como:

 Produtos em inspeção de qualidade em espera para liberação de uso,


armazenamento ou distribuição;
 Estoque virtual  estoque físico + saldo de fornecimento
 Estoque virtual  estoque físico + saldo de fornecimento + estoque em
inspeção

Em alguns casos, o atingimento do Ponto de Pedido é próximo ou se assemelha ao


atingimento do Estoque Mínimo, situação onde os custos de pedido e de recebimento devem
ser analisados. No acompanhamento do Ponto de Pedido, deve-se considerar o estoque
disponível, que é composto pelo estoque físico, os fornecimentos em atraso e mesmo os
fornecimentos no prazo que serão recebidos, sendo os dois últimos itens somados e que
representam o saldo de fornecimento.

2.4.6 Giro e antigiro do estoque

A verificação do giro e do antigiro de estoques são elementos importantes na condução


das operações. Esses indicadores sugerem a capacidade de resposta eficiente do estoque frente
à demanda existente. Além dos cálculos de estoques relativos aos pontos ressaltados no gráfico
dente de serra, outras métricas importantes e que devem ser acompanhadas dizem respeito ao
giro e ao antigiro de estoques.

O Giro de Estoque trata das questões relativas à rotatividade dos itens em estoque,
identificando os níveis de renovação, que pode ser assim determinado:

Equação 13 - Giro de estoques

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Como resposta, os resultados possíveis indicam quantidade de vezes em que houve a
renovação dos estoques no período considerado, que podem ser assim observados:

Figura 14 - Análise dos resultados do cálculo do giro de estoques

Esse indicador demonstra a quantidade de vezes que ocorreram as renovações dos


elementos, itens ou materiais armazenados em um determinado período. Costumeiramente
métricas dessa natureza são consideradas em prazos anuais por questões diversas, envolvendo
momentos ou ciclos sazonais, por exemplo, o que permite uma visão ampla e completa de um
ciclo financeiro.

Contudo, análises em ciclos menores podem gerar indicadores que podem ser
comparados entre diversas etapas ou momento de um mesmo ano, por exemplo. Dessa forma
é possível perceber a influência de ciclos sazonais esperados e, antecipadamente, prever a
necessidade de geração de folgas operacionais para absorver fluxos de demanda específicos.

O giro de estoques pode ser utilizado como um indicador operacional que orienta
procedimentos que orientem questões que vão gerar melhora da lucratividade do negócio. Uma
das consequências de indicadores maiores que 1 é a identificação de que os inventários estão
sendo renovados, ou seja, de que há volumes de operação envolvendo entradas e saídas de
itens, indicando atividade, enquanto indicadores que apontam resultados menores que 1
indicam baixa atividade, onde há itens com baixa demanda que podem estar impactando
negativamente os custos.

Podemos considerar um exemplo uma operação simulada de uma gestão orientada pelo
Estoque Mínimo, envolvendo as condições do exemplo abaixo descrito de vendas, posição de
estoques e recebimento de novos fornecimentos, é possível determinar o estoque mínimo e
identificar o TR e o Lote Compra mínimo do fornecedor:

Tabela 22 - Exemplo de posição de estoques

Observe que no Período 1, “P1”, a planilha indica uma posição de estoque de 4000
unidades, uma compra mínima, que houve a saída de 750 unidades de estoque e nenhum

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recebimento. O saldo resultante das operações de P1 (4000-750=3250) fica disponível no
“Estoque” no período “P2”.

Como o disponível para “P2” ultrapassa o mínimo necessário, Estoque Mínimo, é


realizado um pedido de Ressuprimento, iniciando o TR, com entrega 3 períodos depois, em “P5”.
Observe que todas as vezes que o estoque atingiu valores menores que o indicado no Estoque
Mínimo as células do “Estoque” ficaram sinalizadas em vermelho indicando necessidade de
acompanhamento, ressuprimento.

Ao aplicar a fórmula do Giro, percebemos que no período considerado não houve uma
renovação plena dos itens, com o seguinte resultado:

Tabela 23 - Giro de estoques observado no exemplo

É importante, também, salientar outra diferença: agora lidamos com dados de ações
ocorridas, ou seja, não estamos mais no universo das previsões, mas no campo dos fatos, do o
que ocorreu. Em alguns casos, quando se observa uma elevada taxa de renovação de estoques,
se percebe que há uma tendência de que os elementos armazenados estejam “mais novos”

Uma outra informação relevante é relativa ao antigiro ou, como também é conhecido,
a taxa de cobertura de estoques, que pode ser definido pela fórmula:

Equação 14 - Antigiro de estoques

Com o indicador relativo ao antigiro de estoque, identificamos a capacidade de


atendimento, ou seja, verificamos o grau de cobertura dos estoques frente as operações
esperadas, ou seja, essa relação identifica o período de tempo, considerando as médias de
estoque e de demando, em o estoque consegue atender as operações, ou seja, dada a procura,
quanto tempo deve durar a capacidade dos estoques em atender os pedidos.

Em algumas situações, saber a previsão de quanto tempo os estoques conseguem


atender a demanda, ou seja, saber quanto tempo os estoques vão durar é um fator fundamental
no processo decisório das empresas.

Considerando o exemplo anterior, onde identificamos o giro do estoque, podemos


também identificar o antigiro de estoques, e identificaremos que:

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Tabela 24 - Antigiro de estoques observado no exemplo

Ou seja, de acordo com o exemplo o antigiro é de 3,24, o que significa que o estoque do
item é capaz de atender um pouco mais de 3 períodos, como apresentado na questão.

É importante ainda salientar que, de acordo com o exemplo, o TR estiado é 3 períodos


enquanto o antigiro indica que sua cobertura é de pouco maios de 3 períodos, o que pode sugerir
a adoção de estoques de segurança, por exemplo, necessários em casos de oscilação de
demanda ou imprevistos de TR.

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