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O tricampeão Ayrton Senna disputou 161 corridas. Venceu 41 vezes. Foram 2.982 voltas em
circuitos pelo mundo todo e 19 delas foram as mais rápidas. Ele chegou aos 340 quilômetros
por hora.
Pilotando nessa velocidade você acredita que Senna passava mais tempo olhando para a
frente ou para o retrovisor?
Pelé disputou 1.366 jogos e marcou 1.283 gols. É uma marca de quase um gol por partida. Isso
indica que ele mantinha o foco à frente, ao ataque.
Gustavo Kuerten venceu o torneio de Roland Garros três vezes. É considerado o principal
tenista (masculino) brasileiro. Para construir uma carreira vitoriosa no tênis sem dúvida ele
precisou de uma boa visão de jogo.
É nesse olhar à frente, para antecipar movimentos do adversário e suas jogadas que podemos
fazer uma analogia entre o esporte e o feedforward.
O que é feedforward?
O significado literal de feedforward é “olhar para a frente”. O termo também pode ser
considerado o contrário de feedback.
O propósito do feedforward é o oposto disso: direcionar o olhar para o futuro. Por isso, o foco
é no que pode ser feito para melhorar um desempenho, desenvolver novas habilidades ou
alcançar os resultados esperados.
Agora você entendeu por que citamos os atletas de alta performance no começo deste texto?
Durante uma corrida, partida de futebol ou qualquer outro esporte não há tempo para
feedback.
Enquanto estavam competindo, Senna, Pelé e Guga precisavam manter o olhar à frente.
Qual a diferença entre feedforward e feedback na prática?
No esporte é preciso direcionar o olhar para o que está por vir, que pode ser modificado. O
treinador de um time de basquete não vai usar o seu precioso tempo técnico para dar
feedback aos jogadores, ele vai dar feedforward.
Sabe por quê? Um tempo técnico no basquete dura um minuto. Portanto, o técnico consegue
passar uma instrução de 10 segundos para cada atleta e ainda sobram 10 segundos para uma
instrução coletiva.
Digamos que a partida está empatada, então o que ele precisa é orientar os atletas sobre o
que deve ser feito. Pode ser algo como: “fuja da marcação de fulano”, “faça tal jogada”, “cave
uma falta”. Esse olhar à frente pode decidir o jogo.
Agora vamos supor que esse mesmo técnico opte por dar um feedback aos seus atletas
durante a partida.
Ele poderia dizer: “Fulano, todos seus arremessos falharam, você precisa treinar mais”. Mesmo
que seja um fato, isso não impulsiona o time para a vitória.
Isso não significa que atletas ou times de alta performance não precisam de feedback. Os
exemplos foram apenas para explicar a diferença entre feedforward e feedback na prática.
Exemplo de feedback
Chapeuzinho Vermelho, ontem quando foi à casa da sua avó você perdeu muito tempo com
conversas paralelas. Essa distração pode ter causado a mudança no percurso recomendado
pelo aplicativo. Isso prejudicou a sua performance e pode prejudicar o desempenho do time e o
alcance das metas. Fique mais atenta!
Exemplo de feedforward
Chapeuzinho Vermelho, nas próximas vezes que for fazer entregas para a sua avó você pode
melhorar a sua performance evitando conversar com estranhos. A minha sugestão é desativar
as notificações das redes sociais para eliminar distrações. Assim você terá mais foco para
seguir o percurso recomendado pelo aplicativo. Você tem muito potencial para estar entre
nossas melhores entregadoras!
Porém, se o feedback se concentra apenas no que passou, não há o que possa ser feito.
Ninguém pode mudar o passado. Por isso, o ideal é que todo feedback tenha um pouco (ou
muito) de feedforward.
Foca em classificações
Quando o feedback consiste somente em avaliar o que passou, ele não cumpre o seu papel,
que é propor melhorias. Um feedback retrospectivo apenas classifica um desempenho.
O foco no desempenho passado, que não pode ser modificado, cria uma sensação de
desamparo. Neste cenário é difícil se comprometer com melhorias ou vislumbrar o futuro. A
tendência é visualizar somente as limitações e isso pode induzir as mesmas falhas.
Benefícios do feedforward
A única dica é abordar um tópico por vez. Assim, os colaboradores conseguem processar a
informação e agir rapidamente.
É autêntico
O problema dessa técnica é que o cérebro humano tende a lembrar da última informação. No
caso, o elogio. Então, é capaz de o colaborador nem perceber que tem pontos que precisam de
melhorias.
Já o feedforward não tem regra. Como ele projeta o futuro pode ser abordado sem restrição
alguma. A sugestão é falar de forma autêntica, direta e objetiva.
Tem impacto
Dar um feedback não é o mesmo que dizer a sua opinião. Um feedback mal estruturado
dificilmente terá bons resultados.
Mas, quando o feedback é combinado com alguma outra técnica, como o coaching por
exemplo, a chance de desencadear novas habilidades chega a 95%.
Por isso, não adianta somente dizer ao colaborador que seu desempenho está ruim. Ele
precisa de um plano de melhorias, com pequenas ações.
Em situações assim o feedforward por ser perfeito para gerar o impacto desejado.
Você já deve ter percebido que o pulo do gato é o feedforward. E isso não significa deixar de
dar feedback. Muito pelo contrário: o feedback deve ser contínuo. Mas, todo bom feedback
precisa ter muito de feedforward.
É importante reforçar que ninguém deve abandonar o feedback, muito menos as avaliações de
desempenho.
Você que é gestor pode fazer o seguinte teste: pergunte aos seus liderados como se sentiram
ao receber o último feedback.
Arrisco a dizer que a diferença entre as duas respostas será gritante. A tendência é que todos
prefiram o feedforward, por ser útil, leve e encorajador.
Chegou a hora de você colocar em prática o que aprendeu neste post. Use o retrovisor
somente quando for extremamente necessário, na maior parte do tempo mantenha o olhar à
frente e acelere! ?