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Flexibilidade curricular,

perfil dos alunos e avaliação


externa

julho 2019
Propósitos da avaliação externa
Provas de aferição
 Acompanhar o desenvolvimento do currículo
Provas finais e exames
 Certificar a conclusão de um ciclo de estudos
Provas de aferição, provas finais e exames
 Fornecer informação aos intervenientes no processo educativo sobre a
qualidade das aprendizagens
Contexto da avaliação externa
Provas de aferição, provas finais e exames
 Aplicação universal
 Estandardizada
 Aplicação condicionada a constrangimentos de espaço, tempo e modo
Alguns pressupostos

1. A avaliação no contexto de uma política educativa está


balizada por um perfil de saída
2. A aprendizagem é do domínio do cognitivo
3. Ensinar, aprender e avaliar são partes integrantes do
desenvolvimento curricular
4. A avaliação tem como foco fornecer informação para a
orientação do ensino e para a melhoria da aprendizagem
As dimensões formativa e sumativa da avaliação
The key difference between formative and summative assessment is not timing, but purpose and effect.
(Gipps, 1994, p. 4)

(Re)orientação do ensino
Avaliação
Regulação das aprendizagens
PARA
Definição dos novos passos da
a aprendizagem
Formativa aprendizagem
(melhorar a
aprendizagem) Avaliação Autoavaliação
COMO Autorregulação
aprendizagem Avaliação interpares

Sumativa Avaliação Monitorização dos progressos


(fazer um balanço das DA Realização de balanços
aprendizagens) aprendizagem Certificação da aprendizagem
Algumas evidências da investigação
Os alunos que frequentam aulas onde a avaliação é essencialmente
formativa aprendem significativamente mais e melhor do que os alunos
que frequentam aulas em que a avaliação é sobretudo sumativa.

Os alunos que frequentam aulas em que a avaliação é essencialmente


formativa obtêm melhores resultados na avaliação externa do que os
alunos que frequentam aulas em que a avaliação é sobretudo sumativa.

O que significa, então, preparar os alunos para o exame?

Black & William (1998). “Assesssment and classroom learning”. Assessment in Education: Principles, Policy
& Practice, 5, 1, pp.103-110
Avaliação A Informação
Válida tem de ser …

Fiável
Finalidades
A validade e a
fiabilidade
dependem dos …
Critérios Instrumentos
Avaliação = Informação para a melhoria
Flexibilidade Aprendizagens
curricular essenciais

As Aprendizagens Essenciais (AE) são documentos (…) conducentes ao


desenvolvimento das competências inscritas no Perfil do Aluno
Flexibilidade Curricular – Este projeto (…) visa a promoção de melhores
aprendizagens indutoras do desenvolvimento de competências de nível
mais elevado (…)
As competências previstas no
“Perfil dos alunos”

O desenvolvimento de competências num contexto


educativo de qualidade exige:
• a mobilização de processos cognitivos complexos
• a diversificação de instrumentos de avaliação
• a diversificação de momentos de avaliação
• a diversificação de agentes de avaliação
• a articulação das diferentes áreas de saber/curriculares (no
ensino e na aprendizagem)
Problemas recorrentes de aprendizagem dos alunos
do ensino secundário: fragilidades e maiores dificuldades

Realização de inferências

Explicitação de valores simbólicos


Português

Estabelecimento de relações complexas


entre diferentes elementos textuais

Estruturação do discurso

Correção linguística
Elevada dificuldade na resolução de problemas quando
exigem raciocínio complexo, não rotineiro
Matemática, Ciência físico-

Dificuldades na resolução de problemas aumentam com o


naturais e sociais

número de etapas requeridas

Integração de conteúdos de módulos/temas diferentes

Enquadramento de situações novas, aplicação de conhecimentos e


estabelecimento de relações entre conhecimentos, sobretudo
quando está em causa a explicação de conceitos ou teorias

Produção de um texto organizado, com recurso a terminologia


científica, que possa implicar raciocínios demonstrativos para
fundamentar uma conclusão, apresentar uma explicação
ou uma justificação
SUSTENTABILIDADE DO PROCESSO DE
Editorial
Equipa
AVALIAÇÃO Concertação
Rev. Gráfica dos critérios
Equipa Classificadores
Ad. Resolução Supervisores
Equipa Equipa IAVE
Rev. Linguística APLICAÇÃO DAS PROVAS Supervisão
Equipa
2.ª Auditoria de Avaliação RESULTADOS
Apoio Moodle
Equipa
Auditoria de Especialidade e do CC
Cronogramas do
Equipa
processo de
1.ª Auditoria de Avaliação classificação
Equipa Distribuição dos
Design Gráfico Classificadores pelos
Supervisores
Consultores
Critérios de classif.
Equipa
Grelhas de classificação
Informação - prova
Matriz Classificação
Referencial
Equipa Professores
Construção de Provas Classificação
DSAE e Critérios
DSFS
A delimitação do objeto de avaliação a partir currículo
Currículo
Carta de solicitação
Provas

Nível 2 Nível 3
Interpretar, Raciocinar,
aplicar … extrapolar…

Nível 1
Os resultados mostram
Reconhecer, uma apropriação
reproduzir … redutora do potencial
do currículo
Acerto médio por domínio cognitivo
N1 – (Re)conhecer
Exames nacionais, 2015-2017 (%)
N2 – Aplicar/interpretar
N3 – Raciocinar/Extrapolar

Totalidade dos alunos


Alunos com classificação >15 valores
Matriz: conteúdos (disciplinar) ou competências (multidisciplinar)?
Domínio de
competência

Competência I
Exemplos de tarefas relacionadas com diferentes
domínios cognitivos

Aplicar um modelo matemático para clarificar um


problema ou uma situação concreta/Conceber
Nível 3 pesquisas para um problema científico

Justificar ideias com base em exemplos / Aplicar um


conceito a novos contextos

Nível 2 Organizar, representar e interpretar dados /


Descrever a relação de causa/efeito num
acontecimento específico

Reconhecer elementos numa história / Efetuar


Nível 1 cálculos matemáticos elementares / Localizar
elementos num mapa

Níveis cognitivos: Taxonomias de Bloom (modificada) e Webb


Exemplos de tarefas relacionadas com diferentes graus
de competência

Aplicar um modelo matemático para clarificar um


problema ou uma situação concreta/Conceber
Grau 3 pesquisas para um problema científico

Justificar ideias com base em exemplos / Aplicar um


conceito a novos contextos

Grau 2 Organizar, representar e interpretar dados /


Descrever a relação de causa/efeito num
acontecimento específico

Reconhecer elementos numa história / Efetuar


Grau 1 cálculos matemáticos elementares / Localizar
elementos num mapa

Taxonomia de competências
Alguns exemplos de itens das provas de avaliação
externa
Domínios cognitivos – categorização dos itens
Reconhecer

Fonte: Prova de Aferição de História e Geografia de Portugal | Prova 57 | 5º ano de escolaridade | 2017
Domínios cognitivos – categorização dos itens
Aplicar

Fonte: Prova de Aferição de História e Geografia de Portugal | Prova 57 | 5º ano de escolaridade | 2017
Domínios cognitivos – categorização dos itens
Interpretar (relacionar)

Fonte: Prova de Aferição de História e Geografia de Portugal | Prova 57 | 5º ano de escolaridade | 2017
Prova de Aferição de Português e Estudo do Meio (25) 2019
Prova final nacional de Português (91), 1ª fase,
2019
Exame final nacional de MACS (835), 1ª fase,
2019
Exame final nacional de Economia (712), 1ª
fase, 2019
1. Ordene cronologicamente
as imagens A,B,C e D, que se
reportam ao contexto
histórico da segunda metade
do século XX [em Portugal].

Exame final nacional de História A


(623), 1ª fase, 2019
Exame final nacional de Física e Química A (715), 1ª
fase, 2019
Exame final nacional de Geografia A
(719), 1ª fase, 2019
Exame final nacional de
Geografia A (719), 1ª fase, 2019
Exame final nacional de
Geografia A (719), 1ª fase, 2019
O potencial
(in)formativo das
provas de aferição
está centrado numa
lógica de codificação

Dimensão formativa Dimensão sumativa


Preenche corretamente as etiquetas (obtuso e reto) _ Preenche corretamente as etiquetas (obtuso e reto)
código 20 4 pontos
Preenche corretamente apenas a etiqueta “reto” e omite
o preenchimento da outra _ código 11 Preenche corretamente apenas uma etiqueta e omite
o preenchimento da outra
Preenche corretamente apenas a etiqueta “obtuso” e
2 pontos
omite o preenchimento da outra _ código 12
Identifica o ângulo obtuso como agudo_ código 01 Apresenta uma resposta diferente das anteriores
Dá outra resposta _ código 00 0 pontos
Resposta em branco _ código 99
E quanto às cotações dos itens de um teste?

O modo como são cotados os itens de um teste


tem implicações diretas nas classificações
obtidas.
Avaliar o impacto da dupla discriminação: uma medida
para tornar a classificação mais justa e válida

Diferente Cotação diretamente


dificuldade proporcional à
dos itens dificuldade
EXAME / TESTE
O efeito da distribuição das cotações de um teste
na classificação final
Pontuação

Nº de itens
Avaliar o impacto da dupla discriminação
Duas conceções de distribuição das cotações por item:
exemplos a partir dos resultados da prova 702 de 2013 (1ª fase)

Esquema tradicional A cotação total é distribuída


A cotação dos itens cresce na razão direta da sua uniformemente pelos itens da
dificuldade – a dupla discriminação dos itens prova

Resultado (real) Resultado (simulação)


84,3 pontos 93,1 pontos

31 itens com
6,451613 pontos

Difícil Fácil
Então, como pensar a avaliação neste
paradigma?
Para que queremos/precisamos da informação?
• Diagnosticar
• Apoiar a aprendizagem (dimensão formativa)
• Certificar
• Seriar

Qual a informação que é, na prática, mais


valorizada. A que serve para …
• Diagnosticar

• Apoiar a aprendizagem (dimensão formativa)


• Certificar
• Seriar
?
O que nos dizem os professores das suas práticas de
avaliação em contexto de sala de aula?

Frequência de uso de instrumentos de avaliação:


R/O, raramente ou ocasionalmente (menos de 1 vez por mês);
F/MF, frequente ou muito frequentemente (mais de 1 vez por mês)
Resposta a questionário aplicado a professores em escolas que solicitaram apoio do IAVE no âmbito da
flexibilidade curricular (286 respostas)
Instrumentos mais valorizados em contexto de
avaliação interna
100

80

60

40

20 >50%
< 25%
0
Testes pares ou

Testes sumativos
Debates

Relatórios
Portefolios

Testes em duas fases

Trabalhos de grupo

Participação oral
Apresentações Orais

Tarefas experimentais
grupos

Valorização das informações recolhidas por tipo de instrumento para o


cálculo da classificação interna (% de utilizadores)
EM CONCLUSÃO

ENSINO AVALIAÇÃO APRENDIZAGEM


A avaliação interna não pode estar refém da avaliação externa … são
complementares
Preparar um teste ou exame não significa apenas «fazer» muitos testes
Usar os instrumentos e os seus resultados como forma de identificar
fragilidades e melhorar a aprendizagem
Promover o trabalho colaborativo, a aprendizagem e a avaliação
assistida por pares (peer learning, peer assessment) e a autoavaliação

Usar os resultados da avaliação externa como diagnóstico de eventuais


fragilidades na aprendizagem (o potencial dos Relatórios, do RIPA e do
REPA e a polivalência dos resultados)
A avaliação externa vai continuar a ser…

• concebida e elaborada em função da diversidade e do


equilíbrio entre os diversos níveis de complexidade cognitiva
• orientada para o estímulo à interpretação e ao tratamento da
informação

…e, portanto, alinhada com os pressupostos do desenvolvimento


curricular previsto nos normativos e nos referenciais em vigor.
Referências Bibliográficas

Brookhart, S. (2013). How to create and use rubrics. Alexandria (USA ):


ASCD

Figari, G. (1996). Avaliar: que referencial. Porto: Porto Editora

Miller, M., Linn, R. & Gronlund, N. (2009). Measurement and Assessment in


Teaching (10th edition). New Jersey: Pearson

Peralta, H. (2002). Como avaliar competências. Algumas considerações. In P.


Abrantes & F. Araújo (coords) Avaliação das Aprendizagens – Das
concepções às práticas. DEB-ME. pp. 25-34

Stufflebeam, D. (2007). CIPP Evaluation Model Checklist.


http://www.wmich.edu/evalctr/archive_checklists/cippchecklist_mar07.pdf

Wiggins, G. (1998). Educative Assessment: Designing Assessments to Inform


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Referências Bibliográficas
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Izard, J. (2005). Overview of test construction, Module 6. Paris: UNESCO. Disponível
em http://www.unesco.org/iiep
Leong, S. C. (2006). On varying the difficulty of test items. Paper presented at the 32nd
Annual Conference of the International Association for Educational Assessment,
Singapore.
Noizet, G. & Caverni, J. P. (1985). Psicologia da avaliação escolar, Coimbra: Coimbra
Editora.
Osterlind, S. J. (2002). Constructing test items: Multiple-choice, constructed-response,
performance and other formats (2nd ed), p. 19. Boston: Kluwer Academic.
Ribeiro, L. (1991). Avaliação da aprendizagem. 8a ed. Lisboa: Texto Editora.
Wiggins, G. (2014). Assessment grading and rigor. Disponível em
https://grantwiggins.wordpress.com/2014/08/07/assessment-grading-and-rigor-toward-common-
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Withers, G. (2005). Item writing for tests and examinations, Module 5. Paris: UNESCO.
Disponível em http://www.unesco.org/iiep
Wright, R. J. (2008). Educational assessment: Tests and measurements in the age of
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Muito obrigada

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