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29/08/2022

FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA

INADIMPLEMENTO E TRANSMISSÃO DAS


OBRIGAÇÕES

Profa. Dra. Fabiana Maria Martins Gomes de


Castro

Direito Civil II – Profa. Dra. Fabiana M. M. G. de Castro

INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES


1. A dinâmica do inadimplemento
1.1. Responsabilidade contratual
- fundamento legal: art. 389 e ss do CC
- violação de dever amparado na relação contratual
- prazo prescricional
1.2. Responsabilidade extracontratual (aquiliana)
- fundamento legal: art. 186 e 187 do CC / art. 927 e ss do CC
- fundamento é o ato ilícito, abuso de direito ou atividade de risco
- prazo prescricional

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2. Introdução ao estudo do inadimplemento das obrigações
- Para Maria Helena Diniz o inadimplemento traduz “falta da prestação
devida ou descumprimento, voluntário ou involuntário, do dever
jurídico por parte do devedor” (2008, p. 403)
- Renan Lotufo ensina que “a inexecução da obrigação, ou
inadimplemento da obrigação, é a falta da prestação devida”. (2019, p.
427)
- Art. 389 do CC – conceito legal “Não cumprida a obrigação, responde
o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.”
- Enunciado 161 do CJF “Os honorários advocatícios previstos nos arts.
389 e 404 do Código Civil apenas têm cabimento quando ocorre a
efetiva atuação profissional do advogado."

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2. Introdução ao estudo do inadimplemento das obrigações
Como se apresenta o inadimplemento nas obrigações de não fazer?
Quais bens respondem pelo inadimplemento?
Como se apresenta o inadimplemento nos contratos benéficos?
O devedor responde quando houver caso fortuito ou força maior?

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2. Introdução ao estudo do inadimplemento das obrigações
- art. 390 do CC dispõe “Nas obrigações negativas o devedor é havido
por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia
abster.”
- art. 391 do CC dispõe “Pelo inadimplemento das obrigações
respondem todos os bens do devedor.” – responsabilidade patrimonial
- art. 392 do CC dispõe que “Nos contratos benéficos, responde por
simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo
aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada
uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei”

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2. Introdução ao estudo do inadimplemento das obrigações
- art. 393 do CC dispõe que “O devedor não responde pelos prejuízos
resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver
por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior
verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.”

- existência de convenção
- ocorrência do fortuito na constância da mora
- responsabilidade civil sem culpa – risco da atividade

- Enunciado 443 da CJF estabelece que "O caso fortuito e a força maior
somente serão considerados como excludentes da responsabilidade civil
quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade desenvolvida.”

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2. Introdução ao estudo do inadimplemento das obrigações

 Quais as espécies de inadimplemento?

- Inadimplemento absoluto
- Inadimplemento relativo
- Violação positiva do contrato

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2.1. Inadimplemento absoluto
- Como se apresenta o inadimplemento absoluto?
- Inadimplemento absoluto traduz o total descumprimento da obrigação
- Agostinho Alvim "quando a prestação não foi cumprida e nem poderá ser“
- fundamento legal – art. Art. 395, par. ú. do CC “Se a prestação, devido à mora,
se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das
perdas e danos”.
- Espécies
a) fato relativo ao objeto da prestação
b) fato relativo ao interesse do credor (inutilidade da prestação)

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2.1. Inadimplemento absoluto
Enunciado 162 do CJF “A inutilidade da prestação que autoriza a recusa da
prestação por parte do credor deverá ser aferida objetivamente, consoante o
princípio da boa-fé e a manutenção do sinalagma, e não de acordo com o
mero interesse subjetivo do credor.”
Enunciado 548 da CFJ “Caracterizada a violação contratual, incumbe ao
devedor o ônus de demonstrar que os fatos causador do dano não lhe pode
ser imputado”.

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 Hipóteses de incidência do inadimplemento absoluto

a) perda ou destruição da prestação – obrigação de dar


b) recusa do devedor em cumprir a prestação – obrigação de
fazer
c) inutilidade da prestação para o credor
d) obrigação de não fazer

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2.2. Inadimplemento Relativo – Mora (arts. 394 a 401 do CC)
 Como se apresenta o inadimplemento absoluto?
- Para Maria Helena Diniz a mora traduz “não só a inexecução culposa da
obrigação, mas também a injusta recusa de recebe-la no tempo, no lugar e na
forma devidos” (2008, p. 404)
- conceito legal – art. 394 do CC “Considera-se em mora o devedor que não
efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e
forma que a lei ou a convenção estabelecer.” – cumprimento imperfeito
- Espécies de Mora
a) mora decorrente de ato ilícito
b) mora do devedor – mora solvendi
c) mora do credor – mora accipiens

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2.2.1. Mora do devedor - mora solvendi
Como se apresenta a mora do devedor? Quais os pontos importantes?
- descumprimento imputável ao devedor
- elemento objetivo – imperfeição da obrigação
- elemento subjetivo – culpa do devedor (presunção relativa)
- o ônus da prova compete aquele que descumpre (Enunciado 548 do CFJ)
- Enunciado 548 CJF "Caracterizada a violação de dever contratual, incumbe ao
devedor o ônus de demonstrar que o fato causador do dano não lhe pode ser
imputado.”
- efeitos da mora:
(i) responsabilização pelo atraso no cumprimento da prestação e (ii) dever de
responder pela impossibilidade da prestação

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2.2.1. Mora do devedor - mora solvendi
- Art. 395 do CC “Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa,
mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Parágrafo único: Se a
prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e
exigir a satisfação das perdas e danos.”

- princípio da perpetuação da obrigação


- caráter transformista
- a mora é convertida em perdas e danos

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 Espécies de Mora do Devedor
a) mora ex re ou automática (art. 397, caput do CC e art. 398 do CC)
b) mora ex persona ou mora pendente (art. 397, par. ú do CC)

Mora ex re ou automática
 decorre de lei (pleno direito)
 resulta do próprio descumprimento
 art. 397, caput e 398 do CC
 Súmula 54 do STJ Mora ex persona ou pendente
 não há termo e depende de
interpelação judicial ou extrajudicial
 aperfeiçoa-se por provocação do
credor
 art. 397, par. ú do CC

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a) mora ex re ou automática
- Art. 397, caput do CC “O inadimplemento da obrigação, positiva e
líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.”
- Art. 398 do CC “Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se
o devedor em mora, desde que o praticou.”
- Súmula 54 do STJ “Os juros moratório fluem a partir do evento dano,
em caso de responsabilidade extracontratual”
b) mora ex persona ou mora pendente
- Art. 397, par. ú do CC “ Não havendo termo, a mora se constitui
mediante interpelação judicial ou extrajudicial.”

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2.2.1. Mora do devedor - mora solvendi
- Requisitos (Maria Helena Diniz, 2008, p. 407-408)
a) exigibilidade imediata da obrigação
b) inexecução total ou parcial da obrigação por culpa do devedor
c) interpelação judicial ou extrajudicial do devedor, se a dívida não for a
termo ou com data certa
- art. 396 do CC “Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor,
não incorre este em mora.” – configuração da mora

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2.2.1. Mora do devedor - mora solvendi
- Efeitos ( Maria Helena Diniz, 2008, p. 408-410)
a) responsabilidade do devedor pelos prejuízos causados pela mora ao credor
b) possibilidade do credor exigir a satisfação das perdas e danos, rejeitando a
prestação, se devido à mora ela se torna inútil
c) responsabilidade do devedor moroso pela impossibilidade da prestação,
mesmo decorrente de caso fortuito ou de força maior
Refletir
Como se apresenta a mora simultânea? Como se apresenta a mora
presumida? Há semelhança entre o inadimplemento relativo e absoluto?

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2.2.2. Mora do credor - mora accipiens
- Como se apresenta a mora do credor? Quais os pontos importantes
- Art. 394 do CC “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e
o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a
convenção estabelecer. ”
- Pressupostos da mora do credor (Maria Helena Diniz, 208, p. 410- 412)
a) existência de dívida positiva, líquida e vencida
b) estado de solvência do devedor
c) oferta real e regular do devedor
d) recusa injustificada, expressa ou tácita, em receber o pagamento
e) constituição do credor em mora

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2.2.2. Mora do credor - mora accipiens
- Art. 400 do CC “ A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à
responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as
despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação
mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para
o pagamento e o da sua efetivação.

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 Purgação da mora
- Purgação da Mora e Cessação da Mora

Purgação da mora do devedor


- art. 401, I do CC “Purga se a mora: I - por
parte do devedor, oferecendo este a
prestação mais a importância dos prejuízos
decorrentes do dia da oferta”
Purgação da mora do credor
art. 401, II do CC “Purga-se a mora: II - por
parte do credor, oferecendo-se este a
receber o pagamento e sujeitando-se aos
efeitos da mora até a mesma data.

- Diferença entre purgação e cessação da mora

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- Enunciado 427 do CFJ “É válida a notificação extrajudicial promovida
em serviço de registro de títulos e documentos de circunscrição judiciária
diversa da do domicílio do devedor.”
- Enunciado 428 do CFJ “Os juros de mora, nas obrigações negociais,
fluem a partir do advento do termo da prestação, estando a incidência
do disposto no art. 405 da codificação limitada às hipóteses em que a
citação representa o papel de notificação do devedor ou àquelas em que
o objeto da prestação não tem liquidez.”

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- Enunciado 354 do CFJ “A cobrança de encargos e parcelas indevidas ou
abusivas impede a caracterização da mora do devedor.”
- Súmula 369 do STJ “No contrato de arrendamento mercantil (leasing),
ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação
prévia do arrendatário para constituí-lo em mora.”

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2.3. Perdas e Danos
Como se apresentam as perdas e danos na sistemática do Código Civil
- Para Maria Helena Diniz (2008, p. 437) as perdas e danos traduzem “o equivalente do
prejuízo ou do dano suportado pelo credor, em virtude do devedor não ter cumprido,
total ou parcialmente, absoluta ou relativamente, a obrigação, expressando-se numa
soma de dinheiro correspondente ao desequilíbrio sofrido pelo lesado”.
- Dano
a) traduz a lesão a qualquer bem jurídico seja de ordem patrimonial ou
extrapatrimonial;
b) é “supressão ou diminuição de uma situação favorável, reconhecida ou protegida
pelo Direito” (Menezes Cordeiro, p.511).
- dano de ordem patrimonial quando a situação vantajosa prejudicada tenha natureza
econômica já o dano de ordem não patrimonial quando assume natureza espiritual ou
moral. (Menezes Cordeiro, p.511)
- dano indenizável requer a presença de dois requisitos: a certeza e a atualidade.

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2.3. Perdas e Danos
- Art. 402 do CC “Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos
devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar.”

- Perdas privadas
- Dano emergente (dano positivo)
- Lucro cessante (dano negativo)

- Teoria da Diferença: o dano patrimonial "mede-se, em princípio, por uma diferença: a


diferença entre a situação real atual do lesado e a situação (hipotética) em que ele se
encontraria, se não fosse o fato lesivo”. (Antunes Varela, João de Matos, 2000, p. 599).

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2.4. Perdas e Danos
- Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só
incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato,
sem prejuízo do disposto na lei processual.
- Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas
com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,
abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena
convencional. Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e
não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização
suplementar.
- Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

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2.5. Juros Legais – art. 406 e 407 do CC
 Como se apresentam as perdas e danos na sistemática do Código Civil
- Para Maria Helena Diniz os juros são “rendimentos do capital, os frutos civis
produzidos pelo dinheiro, sendo portanto, considerados como bem acessórios” (2008,
p. 414)
- Classificação dos juros
a) quanto à finalidade: juros moratórios ou juros compensatórios
b) quanto à fixação de taxa: juros legais ou juros convencionais
c) quanto à incidência: juros simples ou juros compostos

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2.5. Juros Legais – art. 406 e 407 do CC

Juro Compensatório (remuneratório) Juro Moratório


- objetivam remunerar o capital - devidos pela constituição em mora,
emprestado em que seu titular independem de alegação e prova
ficou privado durante certo de prejuízo suportado
período - art. 407 do CC / art. 161 do CTN
- art. 1º do Decreto 22.626/33 "É - art. 5º do Decreto 22.626/33 " Art.
vedado, e será punido nos termos 5º Admite-se que pela mora dos
desta lei, estipular em quaisquer juros contratados estes sejam
contratos taxas de juros superiores elevados de 1 % e não mais.
ao dobro da taxa legal"
- Ex. Mútuo feneráticio - art. 591 do
CC

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2.5. Juros Legais – art. 406 e 407 do CC
- Art. 406 do CC "Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o
forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei,
serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento
de impostos devidos à Fazenda Nacional.“
- Art. 407 do CC "Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos
juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às
prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor
pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes."

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2.5. Juros Legais – art. 406 e 407 do CC

Juro convencional Juro simples


- são aqueles convencionados pelas - tem a base de cálculo se limita ao
partes em instrumento particular, capital disponibilizado
decorrente da autonomia da
vontade

Juro legal Juro composto


- fixada pelo art. 406 do CC - juros sobre juros – tem incidência
sobre o capital já disponibilizado,
mais os juros que já tiveram
incidência

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3. Violação positiva do contrato
 Como se apresenta a violação positiva do contrato?
- há o cumprimento da obrigação principal, mas não foram observados os
deveres anexos ou laterais da relação contratual.
- deveres anexos – proteção / informação / cooperação / lealdade /
solidariedade
- princípio da boa-fé objetiva – art. 422 do CC (cláusula geral / regra de
conduta / responsabilidade contratual)
- Art. 113 do CC “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a
boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”.
- Art. 422do CC “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão
do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”

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3. Violação positiva do contrato
- Enunciado 24 da JDC “Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no
art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui
espécie de inadimplemento, independentemente de culpa”
- Enunciado 170 da JDC “A boa-fé objetiva deve ser observada pelas
partes na fase de negociações preliminares e após a execução do
contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato”
- Enunciado 363 da JDC “Os princípios da probidade e da confiança são
de ordem pública, sendo obrigação da parte lesada apenas demonstrar
a existência da violação”

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4. Cláusula Penal
Como se apresenta a cláusula penal?
- Para Maria Helena Diniz a cláusula penal traduz "pacto acessório, pelo
qual as próprias partes contratantes estipulam, de antemão, pena
pecuniária ou não, contra a parte infringente da obrigação, como
consequência de sua inexecução completa culposa ou à de alguma
cláusula especial ou de seu retardamento, fixando assim o valor das
perdas e danos, e garantindo o exato cumprimento da obrigação
principal" (2010, p. 438)
- fundamento legal - art. 408 e 409 do CC

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4. Cláusula Penal

- Art. 408 do CC “ Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal,


desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua
em mora.”
- Art. 409 do CC “A cláusula penal estipulada conjuntamente com a
obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa
da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.”

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4. Cláusula Penal
Requisitos para a exigibilidade da cláusula penal
- existência de uma obrigação principal
- inexecução total da obrigação
- art. 409 e 410 do CC - constituição em mora - art. 408, 409 e 410 do
CC
- imputabilidade ao devedor - art. 408, 1ª parte do CC
- Art. 410 do CC “Quando se estipular a cláusula penal para o caso de
total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa
a benefício do credor.”

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4. Cláusula Penal
Cláusula penal - função ambivalente - compulsória e indenizatória - sendo
concomitante reforço do vínculo obrigacional por punir o inadimplemento e
liquidação antecipada das perdas e danos - existência de uma obrigação principal
Características
a) acessoriedade
b) condicionalidade - art. 408 do CC
c) compulsoriedade - art. 416 do CC
d) subsidiariedade - arts. 410 e 411 do CC
e) ressarcibilidade - art. 412 do CC
f) imutabilidade - art. 413 do CC

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4. Cláusula Penal
- Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança
especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da
pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.

- Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação
principal

- Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal
tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.

Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o
credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a
pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente

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4. Cláusula Penal
- cláusula penal compensatória
a) hipótese de descumprimento total da obrigação do credor
b) para garantir a execução de alguma cláusula especial do título obrigacional

- cláusula penal moratório


a) quando condicionada para a mora ou retardamento culposo da prestação penal
moratória:

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4. Cláusula Penal
 Efeitos da cláusula penal
- exigibilidade de pleno direito no sentido que independe de qualquer alegação de
prejuízo por parte do credor
- compete ao credor demonstrar a ocorrência do inadimplemento da obrigação e a
constituição em mora
-o credor pode optar pela execução da prestação e não reclamar a cláusula penal, salvo
as exceções - analisar a obrigação divisível e obrigação indivisível

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5. Arras
 Como se apresentam arras
- Para Maria Helena Diniz as arras “vêm a ser a quantia em dinheiro, ou outro bem móvel,
dada por uns dos contratantes ao outro para concluir o contrato, e, excepcionalmente,
assegurar o pontual cumprimento da obrigação” (2012, p.390)
- Fundamento legal - art. 417 a 420 do CC
- Espécies
a) arras confirmatórias: atuam como garantia e reforço da execução da obrigação principal e
princípio de pagamento / é o chamado “ sinal” ou “entrada”.
b) Arras penitenciais: correspondem ao direito de arrependimento de qualquer das partes na
hipótese de não conclusão do negócio jurídico.
- Importante: as arras sempre exercem a função penitencial e excepcionalmente a função
confirmatória

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5. Arras
- Art. 417 do CC “Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte
der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as
arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na
prestação devida, se do mesmo gênero da principal.”

- arras confirmatórias
- adiantamento do preço
- possibilidade de cumular as arras confirmatórias com as
perdas e danos

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Direito Civil II – Profa. Dra. Fabiana M. M. G. de Castro

INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES


5. Arras
- art. 418 do CC “Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a
outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as
arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua
devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.”
- A parte inocente pode:
a) se foi quem recebeu as arras, exercitar o direito de retenção sobre os
valores como antecipação da indenização pela descumprimento da
outra parte
b) se foi quem as pagou, além do desfazimento do contrato, pode exigir
a sua devolução, além do equivalente, acrescido da atualização
monetária, juros e honorários advocatícios
- inexecução por caso fortuito ou força maior

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INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES


5. Arras
- Art. 419 do CC “A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se
provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a
parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo
as arras como o mínimo da indenização.”

- arras confirmatórias e indenização suplementar


- A parte inocente poderá:
a) provar maior prejuízo do que as arras poderiam suportar e
pleitear indenização suplementar, ou
b) exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as
arras como o mínimo de indenização

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INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES


5. Arras
- Art. 420 do CC “Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento
para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente
indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra
parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os
casos não haverá direito a indenização suplementar.”
- arras penitenciais
- estipular expressamente o direito de arrependimento
- é o valor máximo de indenização, sem a possibilidade de
cumulação com as perdas e danos ou indenização suplementar
- a parte inocente não pode promover a execução específica da
obrigação

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Bibliografia
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria
geral das obrigações. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
GAGLIANO, Pablo Stolze, PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo
curso de direito civil: obrigações. 18.ed. São Paulo: Saraiva,
2017. v.2.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: teoria geral
das obrigações. 15.ed. São Paulo: Saraiva, 2017. v. 2.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito das obrigações e
responsabilidade civil. 13 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.

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