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INTERFERENTES POR VARFARINA EM FATORES DE


COAGULAÇÃO
FERRETE, Caíque Yuri¹
Faculdades Integradas Maria Imaculada – FIMI
caiqueferrete20@gmail.com

MARINI, Danyelle Cristine2


Faculdades Integradas Maria Imaculada – FIMI
danymarini@gmail.com

RESUMO
Para que não se forme coágulos venosos, são necessários os
anticoagulantes. Esses medicamentos são indicados para prevenção ou
tratamento dos pacientes que sofram de algum processo trombótico,
evitando assim que se tenha uma nova ocorrência. Os fármacos que são
utilizados na terapia anticoagulante oral, são potencialmente perigosos.
Um dos medicamentos que tem um custo baixo, é a Varfarina, mantendo
a boa eficácia terapêutica. O presente estudo se refere a identificação do
uso da Varfarina e as interações medicamentosas. Foi aplicado um
questionário com 19 questões fechadas com 30 pacientes. Após análise
dos dados verificou que os usuários de varfarina sentiram desconforto
quanto ao uso; 63,3% disseram ter problemas de saúde como
hipertensão, que é um fator com mais risco de sangramento e, 70%
afirmaram fazer a interação medicamentosa sendo que 96,7% relataram
ter consumido alimentos de pigmentação escuras, que prejudica o efeito
da Varfarina. Conclui-se que a interação entre Varfarina e outros
medicamentos como: Sertralina, Cimetidina, Metformina, Amiodarona,
Paracetamol e Omeprazol, demonstra que essa prática está presente na
maioria dos pesquisados. Alguns medicamentos como Amiodarona,
aumentam os efeitos farmacológicos dos anticoagulantes; outros
resultam um aumento do risco de sangramento, como o ácido
acetilsalicílico. A Cimetidina inibe a assimilação do anticoagulante,
podendo causar sangramento. O Clofibrato, potencializa o efeito, sendo
necessário reduzir em até 50% a dosagem do anticoagulante para
prevenir hemorragias e a Eritromicina, aumenta o efeito dos
anticoagulantes. Houve a constatação que cada paciente tem que ter a
sua dosagem, evitando assim essas interações, pois podem causar
danos irreparáveis, anulando o efeito do medicamento.

Palavras-chave: 1. Anticoagulantes orais; 2. Varfarina; 3. Hemostasia; 4.


Doenças Cardiovasculares. 5. Sangramento.
1
Graduando em Farmácia pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada
2
Doutora em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP); Mestre em Biologia
Celular e Molecular pelas Universidade Júlio Mesquita de São Paulo (UNESP); Especialista em
Docência do Ensino Superior pela Gama Filho; Especialista em Cosmetologia pela UNIMEP;
Graduada em Farmácia Bioquímica pela UNIMEP. Atua como docente e Coordenadora nas
Faculdades Integradas Maria Imaculada; conselheira pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado
de São Paulo (CRF-SP); Membro do Comitê de Educação Permanente do CRF-SP e da Comissão de
Educação do CRF-SP
2

1 INTRODUÇÃO

Para prevenção e tratamento na formação de coágulos no sangue, evitando


assim o Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto, etc., são usados os
anticoagulantes orais (COSTA, 2022).
Essa terapia é muito utilizada, sabendo de sua eficácia, mas são altamente
perigosos, pois podem haver erros de dosagem, sendo assim fatal para o paciente.
(SILVA et al., 2007; ISMP, 2020).
Um dos anticoagulantes orais que tem uma eficácia a um custo baixo,
estabelecida na constante prática médica, é a Varfarina. É um medicamento que se
usado de maneira exacerbada e, com as inúmeras interações medicamentosas e
alimentares, é responsável por quadros hemorrágicos graves (LIMA, 2008).
Seus efeitos ocorrem entre 24 horas e 96 horas após a administração. Com
uma janela terapêutica estreita, os cuidados e acompanhamentos devem existir,
dosando de maneira correta, evitando assim a sobre dose que leva a hemorragia, ou
a insuficiência levando a quadros trombóticos (COLET et al., 2016; LAVÍTOLA et al.,
2009; GONÇALVES, 2015).
Os fatores genéticos, vem como a idade avançada tem correlação com as
complicações com a hemorragia. A quantidade de vitamina K na interação com
alimentos, pode ser um grande fator no tocante a coagulação (NAVEED, 2014;
RAMASAMY, 2020).
O tromboembolismo venoso (TEV) é a formação de coágulos, ou seja, é o
sangue em forma sólida, dentro da veia. Quando o coágulo se forma na veia,
normalmente nas pernas, podendo também ser no braço ou da pélvis. A
manifestação mais aguda e grave é o tromboembolismo pulmonar (TEP). Quando o
paciente não é tratado os óbitos podem chegar a 30%, e com a terapia
anticoagulante a mortalidade cai cerca de 2% a 8% (FRANCO et al., 2006;
GUERRA, 1968: ZABON,2019).
Na ministração dos Anticoagulantes orais diretos (DOACS), há uma
interferência na coagulação do sangue, sendo assim evitado a formação de trombos,
principalmente venosos (SILVA, 2012; MARQUES, 2013).
No uso da Varfarina, os pacientes devem ser monitorados, visto a janela
terapêutica estreita. Também devem utilizar os exames laboratoriais para esse
acompanhamento (BARBOSA et al., 2018). Segundo o Laboratório Carlos Chagas
3

(2019), “O exame de protrombina, medem o tempo médio de coagulação. O valor


referência para um adulto saudável será de 10 e 14 segundos”.
O tempo de protrombina se determina a partir da adição do cálcio e
tromboplastina ao plasma do paciente. Esse tempo para formar o coágulo de fibrina
varia dependendo da fonte da tromboplastina e da sua preparação. Essa variação é
contornada se utiliza o INR (International Normalized Ratio) (RODRIGUES, 2012;
OLIVEIRA, 2012).
Esse tempo de protrombina é um teste para identificar a qualidade da
coagulação do sangue em resposta a vários fatores, sendo a protrombina a
principal.
Foi adotado, por recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a
Proporção Normalizada Internacional (INR), é um índice padronizado e adotado por
todo mundo para unificar as análises do tempo de protrombina. Entre estes
pacientes, o tempo de coagulação do sangue pode variar bastante, o que exige
acompanhamento médico regular. Quando o INR apresenta irregularidade, o
tratamento deve ser ajustado pelo profissional de saúde responsável. Um valor
normal de INR deve ficar entre 2 e 3 em pacientes fazendo tratamento
anticoagulante para prevenção da trombose venosa profunda, em pacientes que
farão cirurgia com alto risco trombótico ou em tratamento de trombose venosa ou
embolia pulmonar
Quando o paciente inicia uma terapêutica com todos os anticoagulantes orais,
a monitorização do INR segundo alguns autores deve ser realizada diariamente, até
o INR se encontrar dentro do intervalo terapêutico até pelo menos dois dias
consecutivos. Atingido o valor pretendido, a monitorização passa para duas vezes
por semana durante duas semanas, posteriormente uma vez por semana durante
um ou dois meses. Se o INR permanecer estável o controle deve ser efetuado uma
ou duas vezes por mês (BONHORST, 2010).
As interações medicamentosas ou alimentares, podem fazer com que se varie
os valores do INR, por isso, não é recomendável a alteração da dose semanal de
varfarina, caso o valor de INR esteja minimamente fora do alvo desejado (ZAGO;
FALCÃO; PASQUINI, 2014). O paciente tem que se ajustar reduzindo consumo de
verduras e legumes como a cenoura, aspargos, repolho, rúcula, agrião, espinafre,
entre outras. (MUXFELDT, 2018).
4

O único anticoagulante oral usado para prevenir os quadros tromboembólicos,


é a Varfarina. Como a margem terapêutica é estreita, tendo o risco de hemorragias,
houve a necessidade de desenvolver novos anticoagulantes com características
ideais (SILVA. 2012).
Este trabalho teve como objetivo identificar o uso da Varfarina e as interações
medicamentosas, contra indicações e efeitos colaterais da população que utiliza este
medicamento.

2 METODOLOGIA

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa das


Faculdades Integradas Maria Imaculada CAAE:(58027122.6.0000.5679). Este
estudo seguiu as exigências para pesquisas que envolvem seres humanos,
conforme a Resolução nº 466 de 2012 do Congresso Nacional de Saúde.
A pesquisa foi realizada através de um questionário com 19 questões
fechadas, disponibilizados por meio da plataforma Google. O link para acesso de
voluntários ao questionário foi disponibilizado via e-mail e redes sociais. Os
participantes responderam ao questionário após aceitar o Termo de Consentimento
e Livre Esclarecido.
O questionário abrange questões referentes a idade, nível de escolaridade,
alterações fisiológicas e interações medicamentosas, aplicados a pessoas que estão
em acompanhamento clínico e laboratorial.
Os medicamentos foram classificados pela Anatomical Therapeutic Chemical
(ATC), o qual é reconhecido internacionalmente e aprovado pela Organização
Mundial da Saúde para estudos da utilização de fármacos.
Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e os resultados
apresentados em formato de gráficos e tabelas com auxílio do Microsoft Office
Excel.

3 RESULTADOS

Participaram do presente estudo 30 participantes, de ambos os sexos. Dos


participantes, 9 eram do sexo masculino (30 %) e 21 do sexo feminino (70 %), com
5

idade superior a 18 anos. Os participantes possuíam os níveis de escolaridade de


ensino fundamental incompleto à superior completo (Tabela 1).

Tabela 1 - Distribuição dos participantes segundo o seu perfil


Variável Categorias Nº %
Masculino 9 30,0
Sexo
Feminino 21 70,0
  Total 30 100
Fundamental incompleto 2 6,7
Grau de Ensino médio completo 7 23,3
escolaridade Superior incompleto 17 56,7
Superior completo 4 13,3
  Total 30 100
Fonte: Autores, 2022.

Dos 30 participantes, 100% faziam uso ativo do medicamento em questão, 15


(50%) na cidade Mogi Mirim e 15 (50%) na cidade de Mogi Guaçu, é importante
acrescentar que todos os participantes desta pesquisa estavam em tratamento
médico ambulatorial.
Quando questionados sobre a prescrição do medicamento, 12 dos
participantes (40%) conseguiram a prescrição em Unidades Básicas de Saúde
(SUS), 8 dos participantes (26,7%) conseguiram a prescrição em clínica particular, 2
dos participantes (6,7%) conseguiram a prescrição com médicos de hospital de rede
particular, 8 dos participantes (26,7%) conseguiram a prescrição com médicos em
hospitais de rede pública (SUS) (Figura 1).

Figura 1: Distribuição dos participantes segundo onde foi realizado a consulta para conseguir a
prescrição.
35
30
30

25

20

15 12
10 8 8

5 2
0
Posto de saúde Clinica particular Hospital privado Hospital de saúde Total
(Particular publica (SUS)
6

Fonte: Autores, 2022.

Quando questionados sobre desconforto ou sinais e sintomas após o uso da


Varfarina, todos os 30 (100%) participantes, constatou sangue na urina; 29 (96%)
sangue nas fezes; 25 (83,3%) tiveram Hematomas; 24 (80%) Sangramento
prolongado de cortes; Queimação 18 (60%); Dor de cabeça 19 (63.3%);
Sangramento gengival 22 (73,3%); Anemia 10 (30%); Sangramento vaginal 5 (6%) e
somente 1 (3,3%) dor e desconforto no peito. (Figura 2).
Figura 2 – Sintomas apresentados segundo o questionário aplicado aos participantes.

Sangue na urina 30

Sangue nas fezes 29

Hematomas 25

Sangramento prolongado de cortes 24

Queimação 18

Dor ou desconforto no peito 1

Dor de cabeça 19

Dificuldade em respirar 9

Aumento do fluxo menstrual ou sangramento vaginal 5

Sangramento gengival 22

Anemia 10
0 5 10 15 20 25 30 35

Fonte: Autores, 2022.


Quando questionados se possuem algum problema de saúde ou
comorbidades descritas no questionário aplicado, 11 destes (36,7%) afirmaram não
possuírem nenhum problema de saúde ou comorbidades descritas no formulário, e
19 dos participantes (63,3%) apresentavam algum problema de saúde, como
Hipertensão, Trombose, Diabetes e anemia (Figura 3).
7

Figura 3 – Problemas de saúde apresentados segundo o questionário aplicado aos participantes.

Nenhum 7

Trombose 20

Diabetes 8

Embolia 14

Pressão alta 3

Anemia 9

0 5 10 15 20 25

Fonte: Autores, 2022.

Dos 30 participantes,21 destes (70%) utilizam medicamentos de uso continuo


além da varfarina, como, sertralina, cimetidina, metformina, amiodarona,
paracetamol e omeprazol e 9 destes (30%) negam uso de medicamento continuo
além da varfarina, onde poderá ocorrer interações medicamentosas e moderadas.
A combinação desses medicamentos sertralina 22 (73,3%), cimetidina 10
(33,3%), metformina 8 (26,7%), amiodarona 5 (16,7%), paracetamol 5 (16,7%) e
omeprazol 21 (70%) com a varfarina pode aumentar o risco de um sangramento
continuo pelas suas interações medicamentosas moderadas causadas pelo uso
continuo da varfarina. (Tabela 2)

Tabela 2 – Distribuição dos participantes segundo interações medicamentosas moderadas.

INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA QUANTIDADE %

varfarina – sertralina 22 73,3


varfarina – cimetidina 10 33,3
varfarina – metformina 8 26,7
varfarina – amiodarona 5 16,7
varfarina – paracetamol 5 16,7
varfarina – omeprazol 21 70,0
TOTAL 30 100
Fonte: Autores, 2022.
8

Dos 30 participantes, 29 destes (96,7%) declaram que consomem durante as


refeições vegetais de pigmento verde escuro, e 1 destes (3,3%) declaram que não
consome vegetais de pigmento verde escuro. (Figura 5)

Figura 5 – Reações adversas dos participantes segundo o questionário quando consumido vegetais
de pigmento verde escuro.

Sangramento 25

Hematomas 17

Alteração na coagulação 26

Anemia 8

Nenhum 7

0 5 10 15 20 25 30

Fonte: Autores, 2022.

4 DISCUSSÃO

A varfarina é um anticoagulante oral de ampla utilização, por isso, muito


indicada. Responderam ao questionário 30 pacientes que usam varfarina. Borgo,
Sanches, Kihara, (2013), consideram que com a idade avançada e com
comorbidades a prevalência de processos tromboembólicos são maiores.
Quando se refere ao desconforto ou reação todos afirmaram positivamente.
Segundo Guidone (2012), o tratamento com a varfarina, podem aparecer vários
efeitos colaterais como: Frio, perda de apetite, dor de estômago e cólicas, que são
aliviadas após alguns dias. Situações mais graves também podem ocorrer,
resultando necrose da pele. O maior risco é a hemorragia, que pode afetar qualquer
órgão, com a consequente formação de hematomas ou desenvolvimento de anemia.
Os episódios hemorrágicos que envolvem lesão irreversível, por compressão, de
9

estruturas vitais ou as hemorragias maciças que pela sua localização são por vezes
difíceis de diagnosticar (MARTINS, 2015).
A necrose cutânea induzida pelo uso de varfarina constitui uma complicação
que ocorre ocasionalmente em indivíduos idosos e obesos, e caracteriza-se pelo
aparecimento de lesões cutâneas num período de 3 a 10 dias após o início do
tratamento. As lesões são mais comuns nos membros e caracterizam-se por uma
trombose disseminada na microcirculação (MARTINS, apud HARDMAN; LIMBIRD,
2015).
Segundo relato, apesar de a varfarina ser bastante utilizada, ela está
associada a taxas de mortalidade e morbidade significantes, sendo a segunda
principal causa de hospitalização emergencial devido aos eventos adversos. Em um
relato de estudo de caso, após iniciar o uso de varfarina na dose de 15 mg no
primeiro dia, 10 mg no segundo e 5 mg no terceiro dia, apresentou no sexto dia
erupções cutâneas difusas, principalmente em áreas de pressão. No sétimo dia
surgiram áreas de necrose com contornos nítidos e presença de descolamento
cutâneo e evoluindo para lesão extensa com necrose acentuada em face lateral da
coxa direita. A varfarina foi suspensa iniciando assim vitamina K no décimo primeiro
dia, contudo a paciente apresentou quadro de choque séptico e insuficiência renal
aguda, indo a óbito no 17º dia (KAIBER, et al, 2021).
Foi perguntado sobre os problemas de saúde e, 19 pacientes (63,3%)
disseram que tinham problemas de saúde. A existência de comorbidades,
usualmente definida como a presença simultânea de dois ou mais problemas de
saúde crônicos, contribui para a complexidade do manejo terapêutico e pode
impactar negativamente nos desfechos para a saúde do paciente (MASNOON et al.,
2017).
Dentre as comorbidades mais encontradas no estudo está a hipertensão
arterial sistêmica, a qual, por si só, compõe um fator de risco para sangramentos em
pacientes anticoagulados e está associada com maior risco de Acidente Vascular
Cerebral (AVC) e sangramentos em pacientes com Fibrilação Arterial (FA) (NUTTI,
2021).
O uso de varfarina com outros medicamentos 70% dos que responderam a
pesquisa usam: Sertralina, Cimetidina, Metformina, Amiodarona, Paracetamol e
Omeprazol, mostrando que a interação medicamentosa está presente na maioria
dos pesquisados. Estudos recentes demonstram que a varfarina está
10

frequentemente envolvida em interações com outros medicamentos. O fármaco


Amiodarona aumenta os efeitos farmacológicos dos anticoagulantes; já o ácido
acetilsalicílico potencializa o efeito do anticoagulante e aumenta o risco de
sangramentos. Em relação a Cimetidina, inibe o metabolismo do anticoagulante,
podendo causar sangramento. O Clofibrato, potencialização do efeito, sendo
necessário reduzir em até 50% a dosagem do anticoagulante para prevenir
hemorragias e a eritromicina que aumenta o efeito dos anticoagulantes.
(HARSKAMP et al., 2019; OLSEN; SLETVOLD, 2018; PICCINI et al., 2016;
FONTANA, 2013; CRUCIOL-SOUZA; THOMSON, 2006). De forma similar visto na
vasta literatura, neste estudo, observou que a varfarina apresentou potencial
interação com ao menos um medicamento prescrito.
Como relatado na tabela acima, essas medicações necessitam de ajuste de
dose e acompanhamento clínico. Além de monitorar o paciente, alguns remédios
fazem com que seja reduzido 50% a dosagem do anticoagulante para que se
previna hemorragia. (BARBOSA, et al, 2018)
Segundo Lima (2008), os alimentos ricos em vitamina K estão envolvidos na
interação com a varfarina. Não está indicada ao não consumo e sim uma ingestão
moderada e sem grandes flutuações. Perguntou aos entrevistados se havia o
consumo de vegetais de pigmentação verde escura, onde 96,7% declararam ter
consumido. As Interações medicamento e alimento são numerosas e ocorrem por
diversos mecanismos: (1) Diminuição da absorção da varfarina; (2)
Potenciação/Inibição do citocromo P450 a nível hepático; (3) Diminuição da síntese
de vitamina K endógena pela flora intestinal; (4) Inibição da agregação plaquetária;
(5) Aumento do catabolismo dos fatores de coagulação; (6) Indução dos fatores de
coagulação; (7) Mecanismos desconhecidos.

6 CONCLUSÃO

Nesta pesquisa foi possível constatar que a dose de Varfarina deve ser
ajustada de acordo com cada paciente, pois interações medicamentosas e
alimentares são relevantes nesta dosagem.
11

Foram observados pacientes que apresentaram efeitos colaterais graves


como: sangue na urina, sangue nas fezes, hematomas, sangramento prolongado de
cortes, queimação, dor de cabeça, sangramento gengival, anemia, sangramento
vaginal e dor no peito.
Conclui-se que a interação entre Varfarina e outros medicamentos como:
Sertralina, Cimetidina, Metformina, Amiodarona, Paracetamol e Omeprazol,
demonstra que essa prática está presente na maioria dos pesquisados. A Varfarina
está frequentemente envolvida com outros medicamentos. Alguns medicamentos
como Amiodarona, aumentam os efeitos farmacológicos dos anticoagulantes; outros
resultam com um aumento do risco de sangramento, como é caso do ácido
acetilsalicílico. A Cimetidina inibe o metabolismo do anticoagulante, podendo causar
sangramento. O Clofibrato, potencializa o efeito, sendo necessário reduzir em até
50% a dosagem do anticoagulante para prevenir hemorragias e a Eritromicina
aumenta o efeito dos anticoagulantes.
A atuação do farmacêutico no cuidado ao paciente, informando sobre as
interações medicamentosas e o risco que ele correr em fazê-lo junto com o uso de
varfarina. Isso contribuirá para o planejamento de ações e para a melhoria contínua
da qualidade e segurança do tratamento como por exemplo realizar o
acompanhamento do paciente, realizar um plano de cuidado para ajudá-lo com
orientação, precaução de reações adversas ao medicamento.

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