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Formas sociais e Materialismo aleatório


 LavraPalavra  outubro 26, 2021  Sem Comentários

Por Pedro Henrique Juliano Nardelli.

As formas sociais são abstrações relacionais estabelecidas factualmente em processos históricos e


materiais. No modo de produção capitalista, existem formas sociais universais que guiam e
restringem a sociabilidade. Existem determinações sociais, mas não determinismo social. Não é
possível prever deterministicamente o futuro pois todas as relações e práticas sociais – e então as
formas sociais – são perpassadas por conflitos, antagonismos, contingências etc., constituindo
incertezas inerentes. As categorias do materialismo aleatório e conceitos matemáticos da teoria da
probabilidade e de sistemas complexos podem então fornecer uma chave para se compreender a
dinâmica estocástica de processos relacionados às formas sociais. Tal proposta é construída através
da leitura dos filósofos Mascaro e Althusser e de um livro de introdução aos sistemas complexos.
INTRODUÇÃO
 
Formas sociais são conceitos referentes a práticas materiais reiteradas dentro da sociedade. Elas
existem materialmente e se estabelecem historicamente como abstrações relacionais
independente das vontades individuais e de grupos específicos. Elas constituem e restringem
as possíveis relações sociais dentro das diferentes formações sociais. As formas sociais emergem
em algum momento a partir de relações e práticas sociais reiteradas que existem
materialmente, para então se estabelecer abstratamente. Isso é uma condição necessária para a
sua reprodução e daí para a sua própria existência como forma social.

Já existiram formas sociais que hoje estão extintas, assim como outras formas sociais podem
emergir e se estabelecer num momento futuro. A existência material das formas sociais impõe
restrições e determinações que são advindas do modo de produção que é dominante em
algum momento histórico. Um determinado modo de produção é constituído por relações e
práticas sociais específicas a ele próprio, o que leva ao estabelecimento de formas sociais
peculiares. Nos modos de produção pré-capitalistas, tais formas eram contingentes já que as
relações políticas e econômicas não eram fundamentalmente separadas, sendo diretamente
ditadas pela classe exploradora. É apenas no modo de produção capitalista que as formas
sociais se estabelecem através de abstrações universais que permitem a valorização do valor.
Por serem fundantes da sociabilidade capitalista existente, tais formas são determinações que
afetam todas as relações e práticas sociais que constituem tal sociabilidade. Formas sociais
podem se constituir como derivadas uma das outras; elas podem também se constituir
mutuamente, se conformando em derivações secundárias.

Apesar de existirem determinações, os processos referentes às formas sociais não são


determinados no sentido positivista, mas sim sobredeterminados, uma vez que a sociedade é
um todo complexo em que as diferentes relações e práticas sociais – e com isso as formas
sociais – são articuladas em diferentes níveis de efetividade. Há conflitos e convergências; há
incertezas inerentes não só relacionadas à dinâmica social interna de fenômenos e processos
específicos, mas também causadas por externalidades e interdependências; há a possibilidade
de intervenções dentro da própria conjuntura cujo efeito não pode ser previsto
deterministicamente; há relações de poder e correlação de forças. Mas, ainda assim, uma vez
que existem formas sociais fundantes para a reprodução do modo de produção capitalista, a
determinação social por tais formas fornece a base material que organiza e restringe toda a
sociabilidade. Uma vez estabelecidas, definem uma estrutura que impõe sua lógica e afeta
materialmente em maior ou menor grau todas as outras relações, práticas e formas sociais,
mesmo quando estas possuam uma certa autonomia em relação a tais determinações
fundantes.
Há, portanto, determinação social cujo efeito não leva a um determinismo. A incerteza deve ser
tida como inevitável e inerente.  prever deterministicamente o futuro das formas
Não é possível
(e formações) sociais e do modo de produção. Ainda assim, é possível produzir conhecimento
científico sobre a sociedade através da estrutura que constitui as articulações do todo social em
relação às formas necessárias para a reprodução do modo de produção. Com isso, é possível
deduzir leis e tendências dentro de tal sociabilidade. É também possível reconstituir o passado
dos processos que deram origem às diferentes formas (e formações) sociais existentes. O
materialismo aleatório proposto por Louis Althusser nos anos 80, mas já praticado por ele desde
seus primeiros escritos, fornece as categorias necessárias para tal estudo.

O presente trabalho visa estabelecer uma conexão entre: (i) a teorização de Alysson Mascaro
sobre formas sociais e sua leitura do materialismo aleatório, (ii) intervenções teóricas
apresentadas por Althusser em cursos sobre Maquiavel e Rousseau, e (iii) conceitos da teoria da
probabilidade e de sistemas complexos úteis para fundamentar o materialismo aleatório.

FORMAS SOCIAIS E MATERIALISMO ALEATÓRIO

Em Estado e forma política (MASCARO, 2013), Mascaro desenvolve sua teoria sobre o Estado em
diálogo com autores como, por exemplo, Evgeny Pashukanis no direito, Joachim Hirsch na
política, Michel Aglietta na economia e Louis Althusser na filosofia. É demonstrado que o Estado
é a forma política necessária ao modo de produção capitalista, sendo factualmente derivado da
forma mercadoria, tal qual a forma de subjetividade jurídica o é. Contra o juspositivismo
dominante, Mascaro sustenta que ambas as formas sociais derivadas possuem suas nucleações
próprias, mas se conformam em derivações secundárias. O artigo Formas sociais, derivação e
conformação (MASCARO, 2019) apresenta pedagogicamente os fundamentos teóricos sobre o
que são formas sociais e como o processo de derivação se dá materialmente; uma abordagem
aprofundada sobre o debate da derivação do Estado pode ser encontrado em (CALDAS, 2021).

Mascaro anuncia que “(n)o estrutural, há uma forma política que possibilita a valorização do
valor quanto dela é derivada. O Estado é burguês não por captura ou domínio pela parte dos
burgueses, mas sim por sua forma.” (MASCARO, 2019, p. 11). O Estado é o terceiro necessário
para existir o intercâmbio generalizado entre os proprietários dos meios de produção e os
trabalhadores que serve fundamentalmente à acumulação capitalista e à valorização do valor;
sua existência é necessária para a existência sociabilidade capitalista definida pelo trabalho
abstrato, que é subordinado ao capital. O mesmo pode ser dito sobre a forma de subjetividade
jurídica, e sobre a conformação entre tais formas derivadas.

Apesar de serem necessárias para a existência e reprodução do modo de produção capitalista


como tal, as formas sociais não surgem através de uma derivação lógica da forma mercadoria
na qual há uma teleologia e um Sujeito que define os rumos do processo a partir de sua origem.
A derivação das formas se dá historicamente, e seu estabelecimento não é – e nem pode ser –

garantido; os processos relacionados àsformas sociais se dão factualmente “no solo das
próprias relações entre os agentes de produção no capitalismo.” (MASCARO, 2019, p. 11). Além
disso, a própria forma mercadoria, que é a determinação última da sociabilidade capitalista,
deve ser estabelecida historicamente.

Os processos relacionados às formas sociais se constituem no plano das relações sociais que
existem materialmente em um dado período e uma dada localidade. Eles então não se dão no
vácuo, mas sim dentro de estruturas já estabelecidas compostas por articulações (complexas)
entre as formas, práticas e relações sociais que materialmente existem naquele período e local,
mesmo que tal existência seja marginal ou incipiente. Nesse sentido, não é possível falar de
determinismo pois é impossível prever o resultado dos processos conflituosos dados no campo
das relações sociais, mesmo quando há determinações bem definidas. Há o aleatório: encontros
de processos autônomos e relativamente independentes podem acontecer e daí pegar ou dar
liga, formando então uma nova estrutura com sua causalidade específica, como já indicado por
Althusser em um pequeno texto datado de 1966 chamado Sur la genèse [Tradução do autor:
Sobre a gênese] (ALTHUSSER, 2020, p. 33-36). Essas categorias são fundantes do que Althusser
denomina nos anos 80 de materialismo aleatório (MASCARO; MORFINO, 2020).

Mascaro já aponta como o materialismo aleatório como prática filosófica é fundamental para o
entendimento dos processos relacionados às formas sociais:

Se é na transição entre os modos de produção que se vê a ascendência do encontro sobre


a forma, um processo peculiar se passa na reprodução ordinária da sociabilidade
capitalista. Há determinação; o modo de produção capitalista se desenrola mediante a
coerção de suas formas estruturantes – mercadoria, valor, dinheiro, direito e Estado – em
um processo de exploração que se organiza materialmente para a acumulação. Ocorre
que a miríade de relações constituídas mediante as formas sociais se estabelece em um
processo de entrecruzamento com contínuos encontros e aleatoriedades, via de regra
absorvidos pelas coerções relacionais já estruturadas mas que, eventualmente, podem
abalar, parcial ou totalmente, tal conjunto de formas. A reprodução social ordinária tem a
presidência das formas sobre o aleatório, mas este continua existindo. Embora a
tendência a serem absorvidos pela coerção das formas, o encontro e o acaso sempre se
dão. (MASCARO; MORFINO, 2020, p. 29)

É importante destacar os diferentes momentos que pontuam a materialidade dos processos


sociais. Eles são: (i) quando há uma estrutura dominante e então suas formas fundantes
constituem, guiam, restringem, modelam e modulam todas as outras relações, práticas e formas
sociais, sendo então a determinação social em última instância; e (ii) quando não há uma
estrutura dominante e então há um processo transitório onde o aleatório e o encontro podem
definir se os elementos existentes irão pegar ou não. Desse modo, o momento (i) pode ser lido

como um período em que a necessidade da determinação social subordina a contingência do
aleatório. Em contraste, o momento (ii) é um período de transição social aberto à contingência
em que a necessidade definida pela causalidade estrutural não se dá de forma plena. Mas, em
ambos os casos, os processos são factuais e materiais atravessados por conflitos e interesses
diversos.

Então os processos referentes às formas sociais se dão de maneira não-linear sempre sujeitos a
determinações, coerções, restrições e coalizões variadas, que são conjunturais e históricas. Há
então uma relação inerente entre a necessidade das determinações dentro de uma estrutura
dada e o aleatório da conjuntura que afeta a própria relação estrutural. Tais temas são
estudados por diferentes campos do conhecimento e matematicamente formulados em casos
específicos através das teorias da probabilidade e de sistemas complexos, que podem ser úteis
para o estudo das formas sociais utilizando as categorias do materialismo aleatório.

PROCESSOS ESTOCÁSTICOS E SISTEMAS COMPLEXOS

A teoria da probabilidade se estabeleceu como um ramo autônomo da matemática para


formalizar o estudo de incertezas a partir da postulação de seus axiomas pelo soviético Andrei
Kolmogorov em 1933 (KOLMOGOROV, 2018). Seus objetos são matemáticos, ou seja,
simbólicos. O estudo da incerteza de dados empíricos define um outro ramo do conhecimento
chamado estatística. Ambos são bastante relacionados, mas é importante os diferenciar. Os
objetos fundantes da teoria da probabilidade são as variáveis aleatórias que podem também
constituir processos aleatórios ou estocásticos. Por exemplo, é possível a partir da teoria calcular
a probabilidade de se ganhar em jogos de azar (assumidos puros) como “cara e coroa,” sendo o
lado da moeda definido dentro da teoria como uma variável aleatória. É também possível
calcular a probabilidade de uma fila (de supermercado, por exemplo) ter um dado número de
elementos em um certo momento, sendo então tal número indexado no tempo; a série
temporal de tais variáveis aleatórias é um processo estocástico. A probabilidade máxima é 1 (ou
100%) e a mínima é 0; caso haja incerteza, a probabilidade assume um valor entre 0 e 1. Note
que, diferentemente da estatística que depende de observações empíricas de atributos de
processos que existem no mundo real, a teoria da probabilidade utiliza exemplos práticos
purificados (idealizados) de modo generativo para se apreender teoricamente através de
abstrações os fenômenos relacionados à incerteza; a teoria da probabilidade utiliza tais
exemplos com uma finalidade pedagógica pois a ciência matemática não depende deles.

A probabilidade quantifica a incerteza, mas uma vez que se conhece o valor assumido pela
variável aleatória, não há mais incerteza já que ela é relativa à observação da “realização” da
variável aleatória. Dessa forma, é possível pontuar um “antes” e “depois”, sendo que a teoria da
probabilidade trabalha com o momento anterior ao conhecimento do valor assumido pela
variável aleatória. No momento posterior, não há incerteza alguma em relação a tal realização
 da teoria da probabilidade só pode ser construída
 através
particular. A avaliação teórica anterior
se o espaço amostral (isto é, o conjunto de possíveis valores que a variável aleatória pode
assumir) for conhecido, daí a teoria quantifica a probabilidade da variável aleatória assumir um
valor específico dentre todos os outros possíveis.

Processos estocásticos são constituídos por variáveis aleatórias indexadas (normalmente no


tempo), formando listas (ou séries temporais). Pode-se classificar processos estocásticos em três
tipos (THURNER; HANEL; KLIMEK, 2018): (a.i) processos sem memória em que cada realização da
variável aleatória é independente do resultado das realizações anteriores; (a.ii) processos de
Markov em que o resultado da próxima realização só depende do valor atual assumido pela
variável aleatória; (a.iii) processos dependentes da história em que o resultado da próxima
realização depende de toda história do processo estocástico (isto é, das realizações passadas do
processo). Há também outra classificação que está relacionada a variações no espaço amostral:
(b.i) processos em que o espaço amostral não se modifica; (b.ii) processos em que o espaço
amostral se modifica. A classe (b.ii) pode ser ainda subdividida em (b.ii-1) processos de reforço
em que o valor assumido pela variável aleatória modifica o espaço amostral para as futuras
realizações do processo estocástico, favorecendo ou desfavorecendo realizações anteriores;
(b.ii-2) processos em que o espaço amostral se modifica dinamicamente sem favorecer
explicitamente nenhuma realização anterior.

Sistemas complexos são geralmente relacionados a sistemas compostos por muitos elementos
que interagem entre eles e com o ambiente em que eles existem, podendo exibir uma dinâmica
coletiva emergente, que por sua vez pode ser determinística, oscilatória, estocástica ou caótica
(THURNER; HANEL; KLIMEK, 2018), (PRIGOGINE; STENGERS, 2018). Há interações e causalidade
em múltiplos níveis: o micro, o meso e o macro se determinam mutuamente; seus níveis de
efetividade dependem da relação entre os elementos num mesmo nível, na forma que os
diferentes níveis se constituem e interagem, e a dependência entre sistema analisado e o
ambiente externo em que ele existe.

A teoria de sistemas complexos propõe conceitos interessantes como o de atratores e regime


assintótico (isto é, de longo prazo) que caracterizam a dinâmica do sistema. Atratores
caracterizam a existências de “pontos” em que “atraem” a trajetória do sistema em longo prazo.
Alguns sistemas complexos podem exibir diversos atratores, e a dinâmica do sistema depende
das condições iniciais. Certos tipos de sistemas complexos são aleatórios e sua dinâmica é
teorizada através de processos estocásticos (THURNER; HANEL; KLIMEK, 2018). Pode haver
dependência da história que define a estrutura das relações e dependências existentes que por
sua vez determinam as possíveis realizações futuras do sistema em curto prazo (o possível
adjacente), mas que geralmente estão sob a influência do(s) atrator(es) dominantes para a
condição inicial do sistema bem como seu histórico (incluindo possíveis aleatoriedades). O
balanço entre os efeitos dos atratores (isto é, das determinações estruturais do sistema) e do
 no curto prazo e em seu regime assintótico.
do sistema
aleatório determinam a dinâmica

CIÊNCIA E REVOLUÇÃO

Apesar do estudo de sistemas complexos pode em si ser visto como reducionista ou idealista,
impondo abstrações teóricas a diferentes fenômenos do mundo real (THURNER; HANEL;
KLIMEK, 2018), variações dessa teoria vêm sendo desenvolvidas em diferentes ciências como
em biologia (LEVINS; LEWONTIN, 1980), ou física e química (PRIGOGINE; STENGERS, 2018). A
construção teórica de Althusser também pode ser lida dessa maneira (ALTHUSSER, 2020, p. 33-
36), (PIPPA, 2019), mas com o cuidado de se utilizar os conceitos teóricos apresentados pela
teoria de sistemas complexos e processos estocásticos qualitativamente para se compreender
cientificamente a materialidade dos processos sociais através de formas sociais em que há
determinações e o aleatório. Tal abordagem nos permite explicar a existência histórica de
diversas formações sociais através da dinâmica dos processos relacionados às formas sociais,
onde determinações estruturantes, nomeadamente a forma valor e suas derivadas mais
imediatas, produzem uma coerção de formas (MASCARO; MORFINO, 2020).

Um paralelo com as ciências físicas é interessante aqui. Tudo que existe e todos que habitam o
planeta Terra estão sujeitos às determinações do campo gravitacional terrestre. Não se pode
escapar disso, independentemente da vontade individual. No entanto, pode-se intervir de
diversas maneiras uma vez que seus efeitos são entendidos cientificamente. Através de uma
abstração concreta, o conceito físico ‘gravidade’ pode ser reconstituído para a materialidade
existente, podendo explicar a mecânica do voo de um pássaro, ou a dinâmica de objetos
jogados do décimo andar de um prédio. É também possível aplicar tal conhecimento para
materializar equipamentos técnicos para se construir novas tecnologias para o transporte
aéreo, considerando diversos aspectos que tanto são da determinação gravitacional fundante
quanto dos aspectos concretos e, portanto, incertos em certo grau da dinâmica da atmosfera
terrestre e do ambiente aéreo que tal equipamento poderá ser utilizado para voar.

Na dinâmica social do modo de produção capitalista, o similar ao campo gravitacional é a forma


mercadoria; ela é a determinação estruturante e organizacional das relações sociais concretas
no capitalismo. Assim como o campo gravitacional terrestre age concretamente em tudo e
todos que existem dentro dos limites da Terra, as determinações da forma mercadoria afeta
concretamente tudo e todos que tem sua existência constituída sob o modo de produção
capitalista. Esse é o campo estrutural que tem sua causalidade própria (ALTHUSSER, 2020, p. 33-
36). As formações sociais concretas podem ser explicadas através das formas sociais e suas
articulações. Mas o paralelo com a realidade física pára por aqui. Diferentemente do campo
gravitacional que produz uma lei física que nada pode a modificar, as estruturas sociais
articuladas através da forma mercadoria não são eternas, mas sim resultado de “eventos
aleatórios” em uma dada conjuntura específica e encontros aleatórios que deram liga

factualmente, que permanecemse reproduzindo até hoje. Portanto, mesmo que a coerção das
formas estruturantes da sociabilidade capitalista se assemelhe a uma lei física, ela pode ser
combatida e a ciência da história dos modos de produção nos ensina que há, sim, a
possibilidade da revolução.

Althusser oferece uma refinada leitura sobre isso. Além dos textos mais conhecidos e
publicados pelo autor como intervenções filosóficas em conjunturas políticas bem peculiares
(ALTHUSSER, 1979), há uma série de contribuições que refletem as possibilidades que o
materialismo aleatório abre dentro de um cenário de impossibilidades estruturais aparentes.
Pode-se encontrar essa visão em suas leituras de Rousseau e Maquiavel como parte de um
curso ministrado em 1972.

Em (ALTHUSSER, 2019), Althusser lê o segundo discurso de Rousseau reforçando a ideia de que


eventos aleatórios externos podem criar instabilidades dentro da ordem social, afetando as
relações estruturantes dentro da sociabilidade. Tal leitura indica um desenvolvimento pontuado
por tais eventos externos e respostas sociais reestruturantes. O radicalismo de tal leitura é que:

(…) Rousseau’s schema shows us differences that are irreducible, essential modifications,
modifications of the essence, discontinuities of essence, and leaps in the process. We may say,
broadly speaking, the following: what happens at the end is not reducible to what happens at
the start. This genesis is therefore discontinuous. [Tradução do autor: (…) o esquema de
Rousseau nos apresenta que as diferenças são irredutíveis, são modificações essenciais,
modificações na essência, são descontinuidades na essência e são saltos no processo.
Pode-se dizer grosseiramente o seguinte: o que acontece no final não é redutível ao que
acontece no início. A gênese é então descontínua.  (ALTHUSSER, 2019, p.78).

Em (ALTHUSSER, 2020), Althusser discute O Príncipe de Maquiavel. Resumidamente, Maquiavel é


quem pensa dentro da conjuntura, pensa no “fato a ser consumado” [fact to be accomplished] e
não na explicação do “fato consumado” [accomplished fact]. A mudança estrutural se dá no
encontro da virtude/coragem [virtù] e a sorte [fortuna] em uma pessoa sem ser determinada, o
Novo Príncipe, que irá intervir na conjuntura e impor uma mudança na organização social.
Maquiavel, segundo Althusser, indica a possibilidade de transformação estrutural qualitativa  e
também que tal mudança não pode ser prevista dentro da própria teoria:

(…) the abstraction of the theory of the encounter is not merely a theoretical abstraction here.
The place and interplay of this abstraction impart a concrete political function to it; in fact, the
abstraction of anonymity is simultaneously the clean sweep of the past and its consequence:
namely, that the great adventure begins apart from everything that actually exists, hence in
an unknown place with an unknown man. [Tradução do autor: (…) a abstração da teoria do
encontro não é aqui meramente uma abstração teórica. O lugar e a ação combinada dessa
abstração lhe concedem  política; de fato, a abstração do anonimato é
uma função
simultaneamente uma limpeza do passado e sua consequência: a grande aventura se
inicia separadamente de tudo o que realmente existe, então em um lugar desconhecido
com um homem desconhecido. (ALTHUSSER, 2010, p. 94).

Em ambos os casos, Althusser está pensando através do materialismo aleatório. Em Rousseau,


os fenômenos que impõe a reestruturação nas relações entre os indivíduos durante os
diferentes momentos do estado da natureza são externos a dinâmica das próprias relações:
“(…) the intervention of chance occurrences, hence of causes external to the internal process and
bearing no relation to it whatsoever: interventions whose effect is to make it possible to leave the
endless circle of repetition or reproduction of the endpoint previously reached.” [Tradução do autor:
(…) a intervenção de ocorrências aleatórias, portanto de causas externas ao processo interno e
sem qualquer relação com ele: intervenções cujo efeito é tornar possível a saída do círculo
infinito de repetições ou da reprodução do ponto final anteriormente alcançado. (ALTHUSSER,
2019, p. 79). Essa abordagem é tomada por Althusser num texto de 1970 chamado Como
alguma coisa substancial pode mudar? [How can something substantial change?] (ALTHUSSER,
2020, p. 37-39). Tal reflexão é voltada ao Partido Comunista Francês e sua força organizacional,
tornando-o capaz de “absorver choques” como os dos eventos de maio de 1969. A análise da
conjuntura indica a impossibilidade de mudanças no partido através de intervenções internas, a
não ser se algo externo (ou seja, visto como aleatório em relação dinâmica interna) de grande
relevância acontecer (como uma possível crise séria na União Soviética). A única saída seria
então uma mudança “interna através de um evento externo” [in its inside by an outside event].

Em Maquiavel, a intervenção é também pensada como interna ao processo, em que se define a


“(…) radical theoretical task of thinking the conditions of possibility of the existence of that which
does not yet exist: that is to say, the task of thinking radical beginning.” [Tradução do autor: (…) a
tarefa teórica radical de pensar nas condições da possibilidade de existência do que ainda não
existe: quer dizer, a tarefa de pensar o início radical.] (ALTHUSSER, 2019, p. 31). Essas condições
só podem se dar no momento que houver o encontro que dê liga entre virtù [aspecto interno] e
da fortuna da conjuntura [aspecto externo, mas também interno]:

Fortuna must arrange the ‘matter’ that is to receive a form. At the same time, an individual
must emerge who is endowed with virtù – capable, should he have to resort to them, of
emancipating himself from dependency on another’s forces so as to fashion his own by virtù;
and finally capable of laying ‘very strong foundations for his future power’, by rooting himself
in the people through virtù. [Tradução do autor: Fortuna deve arranjar a ‘matéria’ para
receber uma forma. Ao mesmo tempo, deve-se emergir um indivíduo que detém virtù –
capaz, caso tenha que recorrer a elas, de se emancipar da dependência das forças de
outrem para constituir as suas por virtù; e, finalmente, capaz de lançar ‘bases muito fortes
 no povo através de virtù.] (ALTHUSSER, 2010, p. 89).
para seu futuro poder’, enraizando-se

Note que há uma diferença importante entre Maquiavel e os filósofos do direito natural como
Rousseau. Tal diferença é explicitamente indicada por Althusser no início de sua primeira
palestra sobre Rousseau (ALTHUSSER, 2019, p. 29-34). Resumidamente, apesar do objeto de
discussão de Maquiavel e tais filósofos seja a monarquia absolutista, o primeiro encontra uma
situação em que ela ainda não existe de maneira definitiva sendo então um objetivo político a
ser atingido, enquanto Rousseau e os outros filósofos jusnaturalistas vivem em um momento
em que a monarquia absolutista já é um fato consumado e então “(…) natural law philosophy
thinks the accomplished fact and in the accomplished fact: its object and its form of thought will be
determined, as I shall to try to show, in a way quite different from the way Machiavelli’s object is.”
[Tradução do autor: (…) a filosofia do direito natural pensa o fato consumado e dentro do fato
consumado: seu objeto e sua forma de pensamento será determinado, como eu tento mostrar,
de uma maneira diferente que o objeto de Maquiavel é.] (ALTHUSSER, 2019, p. 33).

A tese de Mascaro sobre o materialismo aleatório de Althusser (MASCARO; MORFINO, 2020)


demonstra essa visão quando é argumentado que em momentos de transição há o “primado
do encontro sobre a forma”, mas que em períodos de estabilidade, a forma em que se dá a
reprodução social ordinária tem o primado sobre o encontro e o aleatório. Existem dois
momentos, um que há uma incerteza sobre como e se haverá estabilidade, no outro caso há
determinação social que estrutura a sociabilidade, absorvendo e modulando o aleatório.
Voltando-se a Althusser: “Whereas Machiavelli thinks in the fact to be accomplished and the
beginning, natural law philosophy thinks in the accomplished fact and the origin.” [Tradução do
autor: Enquanto Maquiavel pensa no fato a ser consumado e o início, a filosofia do direito
natural pensa no fato consumado e a origem.] (ALTHUSSER, 2019, p. 33). Nesse caso, Maquiavel
pensa nas condições necessárias para que uma transição à monarquia absolutista possa se dar
através do encontro entre virtù e fortuna. Os jusnaturalistas como Rousseau consideram a
monarquia como já estabelecida e pensam na origem desse fato como natural e auto-evidente
desde o princípio dos tempos. Maquiavel define as condições internas e externas para que uma
transição estrutural possa se dar e o aleatório tenha possibilidade de agir contra as coerções
estruturais, incluindo formas de intervenções dentro da conjuntura. Os jusnaturalistas justificam
a reprodução social através do direito natural defendendo a forma política existente como
necessária, fechando as possibilidades do aleatório e do encontro.

As ciências das formas sociais devem se dar nesse terreno, onde há determinações que impõem
suas necessidades materiais abstraídas concretamente através de relações simbólicas de
necessidade lógica e há o aleatório relacionado a processos internos e externos às relações
sociais fundantes (MASCARO, 2013), (MASCARO, 2019), (MASCARO; MORFINO, 2020). Como
indicado na teoria de sistemas complexos, a incerteza e o aleatório podem aparecer de
diferentes maneiras, mas sempre sujeitos a determinações internas ao processo estudado e às
 a ele. Podem existir atratores em que a dinâmica
 externos
suas relações constitutivas, e a efeitos
do processo convirja, se estruturando ao redor de tal ponto, dificultando a saída de tal região.
Podem existir ou emergir diversos atratores em que novas estruturações se deem, rearticulando
as relações do sistema, mas ainda assim mantendo uma dinâmica qualitativamente similar. A
mudança no regime de regulação capitalista entre o fordismo e o pós-fordismo pode ser
pensado dessa maneira.

Há uma dependência da história do processo, o que também abre a possibilidade, mesmo que
remota, de uma convergência a atratores com características qualitativamente diferentes. Esse
processo depende factualmente das articulações existentes, das intervenções dentro da
conjuntura e as reações a elas, e da história dos eventos e encontros aleatórios relacionados ao
sistema. Uma mudança qualitativa como essa pode ser exemplificada no caso da transição do
feudalismo ao capitalismo, cuja transição foi consumada com a subordinação real do trabalho
ao capital (TURCHETTO, 2005). A revolução russa de 1917, por sua vez, pode ser vista como uma
transição a um novo modo de produção além do capitalismo que não se consumou, e as formas
capitalistas nunca foram superadas materialmente.

Além disso, existe a possibilidade de hierarquia dentro de sistemas complexos, bem como há a
possibilidade de efeitos coletivos em que inúmeros elementos organizados coordenam suas
ações e reações. Tudo isso define o leque de possibilidades efetivas, o adjacente próximo, em
uma dada conjuntura, e sua própria dinâmica de desenvolvimento. As ciências naturais e a
engenharia já operam com tais conceitos há um bom tempo, e o aleatório é constitutivo desses
domínios do saber (KOLMOGOROV, 2018), (LEVINS; LEWONTIN, 1980), (PRIGOGINE; STENGERS,
2018), (THURNER; HANEL; KLIMEK, 2018); variações heterodoxas da economia neoclássica já
seguem por essa linha de maneira pragmática (ARTHUR, 2021). As ciências sociais no geral por
sua própria peculiaridade ainda têm dificuldades de trabalhar conjuntamente com a
necessidade imposta por determinações sociais e o aleatório da contingência inevitavelmente
determinada pela conjuntura externa e interna constituída pela articulação das relações,
práticas e processos históricos e sociais (PIPPA, 2019). Entender cientificamente a sociedade é
compreender a dinâmica complexa das formas sociais, suas relações fundantes, os modos que o
aleatório se apresenta quando estruturados por formas sociais específicas, o caráter
dependente dos processos históricos factuais que determinam os possíveis atratores da
dinâmica social e os processos relacionados às formas sociais, a importância da ação política
dentro da conjuntura, e os tipos de intervenções possíveis para se constituir conjunturas mais
favoráveis a intervenções que abrem a possibilidade revolucionária em algum momento futuro.

Não há nada de inevitável nem determinismo no sentido positivista do termo. A ciência das
formas sociais apreende a verdade através de seus conceitos e materialismo aleatório provê a
lógica em que a realidade social deve ser pensada. O contemporâneo pode ser conhecido
através da determinação das formas sociais fundantes dado seu caráter de constituir a
realidade, de modular práticas 
estabelecidas historicamente e de restringir, moldar e daí
subordinar formas de relações com potencial revolucionário. O início das formas que existem
atualmente pode ser reconstituído pelos processos históricos pontuados pelos eventos e
encontros aleatórios, e intervenções em conjunturas históricas concretas que foram
factualmente capazes de desestruturar as articulações formadas ao redor de um dado “atrator”
que organizava a sociabilidade então existente para entrar em uma dinâmica transitória mais
suscetível ao aleatório e daí se reestruturar em um novo “atrator”, que por sua vez se estabelece
e dá pega durante próprio processo histórico. A leitura de Rousseau por Althusser (ALTHUSSER,
2019) é essencial aqui. A lógica do materialismo aleatório pode ser resumida na seguinte tese.

Tese: Existe um fenômeno Z e outros W, Y etc. dele derivados diretamente ou não, que se
reproduzem e determinam a estruturação, as articulações e a lógica própria do todo complexo
estruturado T que emergiu e se estabeleceu através de eventos e encontros aleatórios A, B, C etc. que
factualmente iniciaram fenômenos que pegaram (deram liga) e se estruturaram ao redor de
atratores específicos que identificam o todo T como T. A cada encontro ou evento aleatório, houve o
potencial de uma redefinição do que era possível, do próximo adjacente, naquele momento, abrindo
a possibilidade de se estabelecer novos atratores. Mas, tais encontros poderiam não ter acontecido
já que foram aleatórios e poderiam não ter pegado (dado liga) e com isso os fenômenos Z, W, Y etc.
não existiriam materialmente. Portanto, a história do processo seria diferente e o todo T não existiria
materialmente como tal. Se factualmente os encontros, os eventos e as pegas fossem outros, os
fenômenos estruturantes, dando início a outros processos potencialmente identificáveis por outros
atratores e uma outra dinâmica de reprodução. Dessa forma, pode-se explicar cientificamente o
passado e pensar politicamente o futuro considerando o estado presente.

Vale a pena repetir que, apesar de existirem determinações, não há determinismo. Há o


aleatório interno e externo ao fenômeno social, e há a possibilidade de intervenções dentro da
conjuntura. Dentro das ciências das formas sociais, não é possível conhecer
deterministicamente o que será mesmo quando conhecidos o que já é e o que já foi; mas é sim
possível conhecer o que é através do estudo do que já foi e saber quais são as determinações e
formas sociais que existem com seu poder organizativo e de coerção. Ler Althusser e Mascaro,
seguindo Marx, é entender que, apesar das impossibilidades aparentes, a possibilidade do novo
sempre existe. Mas o novo não emerge no vácuo e se dá a partir de formas históricas já
existentes, por isso deve-se intervir na conjuntura pelas margens – contra o capitalismo, a favor
do socialismo – estendendo as possibilidades (o adjacente próximo) da própria conjuntura. O
objetivo é agir explicitamente para a criação de atratores socialistas. Precisa-se de ciência para
se intervir consequentemente contra as formas sociais capitalistas, preparando o terreno para a
 revolução socialista.

CONCLUSÕES
A relação entre formas sociais e materialismo aleatório foi apresentada em (MASCARO;
MORFINO, 2020). Nesse texto,   foi contribuir para tal debate, tentando trazer
nosso objetivo
aspectos relacionados à relação entre a necessidade das determinações e o aleatório presentes
nas ciências matemáticas, físicas, químicas e biológicas. Apresentaram-se conceitos da teoria
matemática da probabilidade e teoria de sistemas complexos que ajudam a entender como o
materialismo aleatório pode ser utilizado para pensar a ciência das formas sociais postuladas
por Mascaro em (MASCARO, 2013) a partir do debate da derivação (CALDAS, 2021) . Foram
estudados alguns textos de Althusser em que as categorias do materialismo aleatório são
utilizadas, ajudando a estabelecer as balizas teóricas necessárias ao entendimento da lógica de
tal prática filosófica, sintetizada em uma tese proposta aqui.

Ciência e revolução são os guias fundantes da luta contra a sociabilidade capitalista e suas
formas sociais próprias. A mais recente proposta de Alysson Mascaro apresentada em uma carta
sobre os centros socialistas (ver: https://blogdaboitempo.com.br/2021/03/05/alysson-mascaro-
sobre-os-centros-socialistas/) é uma intervenção política explícita que tenta intervir na
conjuntura, estendendo as possibilidades para que em algum momento futuro, em algum lugar
e por alguém, o processo revolucionário possa ser iniciado a favor do socialismo  contra todas
as formas sociais capitalistas. Para isso, é preciso construir as bases socialistas concretas para
que o encontro entre a virtù e fortuna seja possível mesmo sob a coerção das formas sociais
capitalistas. A esperança é que a estabilidade dos “atratores” das formas capitalistas possa ser
confrontada por uma resposta organizada para o socialismo quando o aleatório favorecer,
conduzindo através da luta articulada a uma nova estruturação social sem exploração, para o
socialismo.

REFERÊNCIAS

ALTHUSSER, Louis. A favor de Marx. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

_____. Machiavelli and Us. Londres: Verso Books, 2010.

_____. Lessons on Rousseau. Londres: Verso Books, 2019.

_____. History and Imperialism. Cambridge: Polity, 2020.

ARTHUR, W. Brian. Foundations of complexity economics. Nature Reviews Physics, v. 3, n. 2, p.


136-145, 2021.
CALDAS, Camilo Onoda Luiz. A teoria da derivação do Estado e do direito. 2021. São Paulo:
Contracorrente, 2021.  

KOLMOGOROV, Andrei Nikolaevic.  Foundations of the theory of probability. Nova Iorque:


Courier Dover Publications, 2018.

LEVINS, Richard; LEWONTIN, Richard. Dialectics and reductionism in ecology. Synthese, v. 43, n.


1, p. 47-78, 1980.

MASCARO, Alysson Leandro. Estado e forma política. São Paulo: Boitempo, 2013.

_____. Formas sociais, derivação e conformação. Revista Debates, v. 13, n. 1, 2019.

MASCARO, Alysson Leandro; MORFINO, Vittorio. Althusser e o materialismo aleatório. São


Paulo: Contracorrente, 2020.

PIPPA, Stefano. Althusser and contingency. Milão: Mimesis International, 2019.

PRIGOGINE, Ilya; STENGERS, Isabelle.  Order out of chaos: Man’s new dialogue with nature.
Londres: Verso Books, 2018.

THURNER, Stefan; HANEL, Rudolf; KLIMEK, Peter.  Introduction to the theory of complex
systems. Oxford: Oxford University Press, 2018.

TURCHETTO, Maria. As características específicas da transição ao comunismo. Análise marxista


e sociedade de transição. Campinas: UNICAMP, p. 7-56, 2005.
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