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Geografia Agrária

Luna Peres Guimarães - RA: 202498


Atividade 2 - Resenha Crítica
Texto: ​EMBRAPA. ​Origem e Evolução das Plantas Cultivadas. ​Brasília, Embrapa
Informação Tecnológica, 2008. (Capítulo 2).

As autoras iniciam o artigo colocando em destaque o relacionamento existente entre


os seres humanas e a domesticação das plantas, que afetou diretamente o comportamento
humano e as civilizações. Segundo as autoras, a domesticação seria uma alteração genética
efetuada a partir de ações da humanidade, principalmente relacionadas à atividades da
agricultura.
Os ‘profissionais primitivos’ foram os primeiros a domesticar as plantas a partir da
coleta seletiva estruturada em alguns critérios, tais como a facilidade de coleta, os que
tivessem mais grãos por espiga e facilidade de transporte. As autoras colocam a possibilidade
existente de que a domesticação das plantas tenha precedido o seu cultivo. É de grande
importância ​distinguir domesticação e cultivo, pois não são sinônimos. A domesticação
envolve uma alteração na resposta genética, enquanto o cultivo significa a atividade de
plantio e colheita, seja em sua forma silvestre ou domesticada.
O processo de domesticação foi classificado por Rindos (1984) e colocado pelas
autoras no texto. As formas são três: o processo incidental, o processo especializado e o
processo agrícola. A primeira é quando o movimento de seleção das plantas é inconsciente,
mas, ainda assim, acontece por conta do consumo humano. Durante a evolução acompanhada
pelos seres humanos, algumas características morfológicas das plantas obtiveram vantagem
durante a seleção quando comparadas à outras plantas, através da atuação exercida pelo
homem. Nesse caso, não tem relação com técnicas agrícolas, sendo considerada ainda um
tipo de relação que preserva a interação seres humanos e natureza, conservando o meio
ambiente.
O segundo processo de domesticação, o especializado, consiste no momento em que o
homem torna-se o “agente de dispersão das plantas, e as comunidades de plantas
domesticadas eram estabelecidas em áreas onde as pessoas viviam” (p. 42), ou seja, nesse
momento, os seres humanos tornam-se dependentes das plantas para sobreviver, assim como
o contrário. É dessa maneira que um sistema agroecológico primário se estabelece.
O terceiro processo de domesticação é o agrícola. Esse é consequência direta da
humanidade e a evolução das relações que existem no sistema agroecológico. “A
domesticação agrícola é um processo que ainda está em andamento e apresenta como
tendência atual o aumento da produtividade” (p. 43).
Esse processo, que gera modificações nas características originais nas plantas, é
chamado de síndrome da domesticação. Os principais atributos relacionados à essa síndrome
são: supressão do mecanismo de dispersão de sementes (exemplo: milho), modificações de
forma: alometria e condensação, germinação mais rápida e uniforme, sincronismo no
florescimento e na maturação, mudanças bioquímicas (perda de substâncias amargas e
tóxicas), gigantismo de órgãos, ciclo de vida (tem sido reduzido de perene para anual) e
sistemas de hibridação.
As autoras também discutem acerca das origens da agricultura. Não há registros
exatos sobre quando a atividade teve início e, portanto, a leitura é realizada a partir de
vestígios arqueológicos. A principal hipótese é de que a agricultura teve início em diversas
comunidades em torno do mesmo período histórico devido à necessidade de tornarem-se
nômades e acredita-se que foi uma atividade desenvolvida pelas mulheres. A tese trazida
pelas autoras é de Engelbrecht (1916 citado por Hawkes, 1983) de que a primeira atividade
agrícola consistiu no que chamam de “monte de lixo”. Supõe-se que essa atividade tenha sido
acidental, pois a comunidade descartava seu alimento em um local específico. Esse local
específico teve sua terra enriquecida e, assim, permitiu que os chamados “inços” nascessem,
o que deixava a comida mais perto da comunidade.
Hawkes divide a agricultura em dois momentos: a pré-agricultura e a agricultura de
fato. A primeira foi dividida em três estágios: colonização (nesse momento, de áreas
silvestres), colheita (de uma maneira mais ordenada baseado em conhecimentos já
adquiridos) e plantio (momento em que já foi feita a reserva de sementes). A agricultura de
fato seria o momento em que a humanidade já possuía conhecimento suficiente sobre as
plantas.
Vavilov, citado pelas autoras, elenca os centros de origem das espécies cultivadas,
dividindo-os em oito (sob o argumento de que os centros de diversidade genética
correspondem aos centros de origem das cultivadas: 1) Centro chinês; 2) Centro indiano; 3)
Centro asiático central; 4) Centro asiático menor; 5) Centro Mediterrâneo; 6) Centro Etiópia;
7) Centro América Central; 8a) Centro América do Sul (peruano–boliviano–equatoriano); 8b)
Centro América do Sul (Chiloé); 8c) Centro América do Sul (brasileiro–paraguaio). Foi
criticado e, posteriormente, reconheceu que nem sempre os centros de diversidade genética
são os centros de origem da planta.

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