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Unidade II
5 PRODUÇÃO ENXUTA E INDICADORES DE CONTROLE DE OPERAÇÕES
De acordo com Slacks et al. (2009), a filosofia just in time, que em uma tradução livre, significa apenas
a tempo, oferece um pensamento que embasa um método de planejamento e controle de produção.
O JIT propõe a produção de bens e serviços apenas no momento em que o item é exigido para a
sequência da montagem, em uma operação de manufatura. Não antes, para a não geração de estoques,
nem depois, para a não ocorrência de atrasos na montagem.
A seguir, são apresentadas as técnicas utilizadas nesse método de planejamento de operações produtivas.
Um benefício importante do JIT para a gestão das operações está na maior transparência dos problemas
existentes nos processos produtivos, pois diante da existência de estoques iniciais, intermediários e
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Ataques
seletivos aos
problemas
Estoques
Melhoria
contínua
Entregas Filas
Operadores Problemas atrasadas ou
Refugo Quebras
destreinados Retrabalho defeituosas Demanda instável
Considera-se que o JIT tem uma boa aplicação na produção de bens e produtos de consumo. Embora
muitos de seus princípios tenham sido desenvolvidos na medida para o setor comercial e de prestação
de serviços.
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Unidade II
Tudo parte da filosofia de utilização dos recursos corretos no momento correto, na quantidade e
qualidade corretas, no local correto. Um sistema integrado de gestão que objetiva um controle mais
efetivo, com escalonamento mais fácil e uma visão mais transparente de todo o sistema produtivo. Entre
as ferramentas utilizadas na produção enxuta, pode-se analisar:
Housekeeping ou 5S
O 5S é uma ferramenta baseada em cinco processos simples. Ela vai medir a qualidade da produção
e focar na mobilização de toda a companhia de forma lógica.
Os japoneses aplicaram esses conceitos com vistas à melhor disposição e realização do trabalho nas
estações e células de fabricação em suas plantas fabris. A sua base está no planejamento e execução
com a participação de todos, além de um esforço comum para a melhoria e manutenção da disciplina
coletiva e individual, no que tange ao que, como, onde e para quem produzir.
• Seiri: ordenamento. Evitação dos desperdícios e falta de disponibilidade de espaços pelo excesso
de recursos em função do não compartilhamento de materiais.
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Saiba mais
Jidoka
Cuidar da máquina significa a sua operação e atenção para pequenas manutenções, permitindo
o seu pleno funcionamento durante o processo de fabricação. Essa multifuncionalidade e o
entendimento do funcionamento de todo o processo possibilitam a autonomia do operador e
uma consciência que permita a interrupção de toda a linha de produção sempre que um problema
for detectado por qualquer um dos operadores participantes do fluxo produtivo. Ao detectar o
problema, um sinalizador é acionado, paralisa-se a linha, e os operários mais próximos do problema
detectado reúnem‑se para a identificação e solução da anomalia, para que a linha seja liberada
para voltar a funcionar.
JIT
Filosofia de gestão e controle da produção, que visa ao aumento da produtividade e velocidade por
meio da eliminação de desperdícios, estoques iniciais, intermediários e finais, no intuito de aumentar a
fluidez do fluxo de materiais em ritmo equilibrado e nivelado de todos os seus postos de trabalho. Sem
o estoque para suprir as faltas e os defeitos decorrentes de anomalias durante o processo de produção,
exige-se um aumento da qualidade na fabricação e entrega dos resultados, de forma a não haver
interrupções no fluxo de materiais.
Kanban
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Unidade II
de materiais no processo produtivo. Esses cartões que figuram em formatos e cores diferentes são
utilizados para ordenar e organizar os serviços e execuções das demandas e atividades. Ordenam as
atividades por status, de acordo com o seu andamento: “a executar”, “em execução” ou “executadas”,
descrevendo de forma resumida e clara o andamento de cada fase do processo. As atividades são
analisadas e acompanhadas de acordo com o seu status, preferindo-se a constatação de que a maioria
esteja executada e entregue, com o alívio de pressão nos prazos e demandas pendentes. O Kanban torna
visível para todos os envolvidos o monitoramento de todas as atividades e serviços abertos no quadro
de serviços da produção.
Kaizen
PDCA
Também conhecido como ciclo Deming da qualidade, pela autoria de Edward Deming, como uma
importante ferramenta de mudanças nos processos e no desenvolvimento da qualidade total. Baseado
na Metodologia de Análise e Solução de Problemas (Masp), o ciclo é denominado pelo acrônimo de:
• D: do ou execução, pelos responsáveis, das atividades designadas, de acordo com o que foi
planejado na etapa precedente.
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Refere-se à manutenção produtiva total, um tipo de manutenção que visa à preservação das
máquinas e equipamentos disponíveis na planta fabril. As paradas por quebra ou necessidade de ajustes
nas máquinas e equipamentos, de forma não programada, ocasionam transtornos e grandes prejuízos nas
operações produtivas. A TPM é um processo baseado na proatividade do processo de manutenção, para
que não haja interrupções repentinas e imprevistas durante a operação.
Essa nova visão de manutenção total exige a participação de todos os colaboradores no planejamento
e aperfeiçoamento do plano de manutenção, com sugestões de soluções preditivas e preventivas que
evitem a parada de máquinas e a ocorrência de acidentes no ambiente de trabalho.
Heijunka
Andon
Em tradução literal do japonês, o termo significa luz ou iluminação, que faz alusão aos sinais
luminosos que são utilizados como alertas visuais para a sinalização de necessidades de intervenções no
sistema produtivo, visando a sanar alguma falha ou anomalia no processo.
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Unidade II
Observação
O processo de fabricação enxuto consegue adquirir mais flexibilidade, eficiência e eficácia, com a
aplicação dessas onze ferramentas. Além do aumento da produtividade, com a integração do sistema
produtivo, as técnicas possibilitam a redução de problemas e não conformidades dos produtos a quase zero.
Essas métricas auxiliam na explicação e entendimento de uma situação, no que tange aos resultados
almejados e aqueles efetivamente alcançados. Os gestores necessitam de um conjunto de indicadores,
logicamente categorizados, de forma a dar suporte às decisões durante a sua gestão.
A partir de sua incursão no Japão no período pós-guerra, Edward Deming aplicou e divulgou, por
intermédio de sua equipe e dos discípulos japoneses, o desenvolvimento da qualidade total, por meio de
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Esse grande sucesso das empresas japonesas deu um grande impulso e importância à aplicação
de ferramentas de gestão de processos, com ênfase aos indicadores de desempenho, no contexto da
qualidade total a partir da década de 1980.
KPIs têm uma conotação especial por refletirem os desempenhos dos processos essenciais ou
centrais da organização, caracterizando-se por:
• Serem desenvolvidos e coletados em função das necessidades dos principais decisores da organização.
• Seguirem padrões organizacionais e serem unificáveis, nível a nível, camada a camada, da organização.
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Unidade II
Para os estudos de suas métricas, são sugeridos três grupos de indicadores principais: indicadores de
capacidade, de produtividade e de qualidade.
Indicadores de capacidade
São os indicadores referentes aos processos e atividades estabelecidos para agregar valores e
transformar os insumos de entrada em produtos e serviços, planejados como saídas. Nos processos,
serão realizados todos os trabalhos especificados e monitorados, de forma a viabilizar o funcionamento
do sistema produtivo.
Exemplos:
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Indicadores de produtividade
São utilizados na apuração e acompanhamento da capacidade real praticada pela operação produtiva.
A capacidade real pode ser monitorada por meio de uma comparação com a capacidade planejada ou
teórica, de acordo com os recursos disponíveis. A comparação da produção total prevista com o total
de entregas de produtos realizadas permite verificação do nível de otimização e aproveitamento dos
recursos investidos na operação.
Refletem os níveis de eficiência da operação, por meio da medição e relação entre os resultados
obtidos nos processos e os recursos investidos na realização do trabalho e obtenção dos resultados.
Exemplos:
Verifica-se o tempo de ciclo da operação e o tempo necessários para a realização das atividades e
processos, considerando as realizações e seus resultados e o tempo necessário para essas realizações.
Quanto mais otimizado o tempo, menor poderá ser o tempo de ciclo da operação.
É feita uma análise da relação entrada/saída de recursos, ou seja, relaciona-se o volume de saídas
para cada porção de entradas utilizadas. Compara-se o volume de recursos adquiridos e a quantidade
de produtos/serviços entregues aos clientes.
Indicadores de qualidade
O grande foco dessa categoria está no monitoramento das não conformidades, eventualmente
geradas pelos processos. Com base nos padrões e especificações dos produtos e serviços de saída,
verificam‑se os resultados conformes e não conformes do processo. Essa inspeção é denominada
de verificação da qualidade intrínseca dos produtos e serviços gerados.
Os requisitos dos clientes, de acordo com as suas expectativas sobre os produtos, formam a base
para o planejamento e especificação dos procedimentos e atividades do processo, que agregarão valores
e realizarão a transformação dos insumos nos produtos planejados.
A eficácia dos processos consiste na identificação dos seus níveis de alcance dos objetivos e metas,
estabelecidos para os seus resultados. O grau de danos e avarias ou precisão no cumprimento das
especificações, que estabelecerão se o processo está ou não sob controle.
Exemplos:
Observação
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Saiba mais
Os fatores apresentados para a tomada de decisão de localização serão considerados com pesos
diferentes em função da natureza da organização, seu mercado, funcionamento e os produtos e serviços
que serão oferecidos. Em dependência dessas variações, um fator pode ter grande importância para uma
organização e nenhum peso para a outra organização em análise.
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Unidade II
Exemplificando escolhas de localização, a Nike faz a opção de centros fabris de empresas localizadas no
extremo oriente, como China e Indonésia, para usufruir dos baixos custos de mão de obra e de instalações
nesses países. Enquanto as empresas de desenvolvimento de tecnologias de informação de ponta optam
por terem localização de instalações no Vale do Silício, nos EUA, visando o aproveitamento com grandes
centros de pesquisa e de universidades de ponta, facilitando o acesso a informações, conhecimentos e
mão de obra especializada, provocando maior rapidez e menores custos de desenvolvimento de soluções.
Os aspectos quantitativos se referem aos custos e volumes envolvidos. Nos fatores qualitativos,
avaliam-se as conveniências de proximidade com os fornecedores, clientes e concorrentes, além do
clima, características sociais da comunidade local e infraestrutura.
• custo de capital;
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
• questões demográficas favoráveis, como população, renda per capita, emprego, escolaridade,
crescimento populacional etc.;
• desenvolvimento tecnológico;
• rivalidade concorrencial.
Saiba mais
Existem fatores que afetam as decisões sobre a localização de instalações com viés qualitativo, que
se caracterizam pelo efeito e impacto das decisões considerando-se os aspectos intrínsecos do perfil
desses fatores, bem como os benefícios e facilidades propiciadas às operações da empresa. Entre os
diversos fatores qualitativos, pode-se citar os seguintes.
Infraestrutura local
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Unidade II
A qualificação e formação da mão de obra para as operações se tornaram exigências básicas diante
de operações cada vez mais sofisticadas e complexas. O funcionamento das operações atuais dependem
menos de mão de obra em quantidade e mais de operadores altamente preparados e qualificados. A
variedade de habilidades e qualidades profissionais está aumentando ininterruptamente na medida em
que a tecnologia disponível se torna mais avançada e abundante. A implantação de uma nova planta
requer um estudo complexo e detalhado de todas as diversas habilidades e qualificações, nas suas
diferentes quantidades, que devem ser disponibilizadas para a contratação pela organização.
Um bom exemplo é a Embraer, que mantém as suas instalações no Brasil, atendendo clientes,
especialmente dos Estados Unidos e Europa, onde mantém uma rede de fornecimento de
matérias‑primas, partes e peças de alta precisão, bem como a contratação de mão de obra altamente
qualificada para a operação de seus sofisticados equipamentos, porém com um custo bem mais baixo
que em outros países, mais desenvolvidos.
Outro exemplo seria o das montadoras de automóveis, que se concentram de forma marcante na
região do ABC paulista, em função de quantidades e níveis de qualificação da mão de obra, bem como
a força organizacional dos sindicados de metalúrgicos.
Outras operações, como as dos call centers, têm as suas instalações em regiões que mantêm grandes
quantidades de colaboradores com poucas qualificações e baixas exigências salariais. Muitas empresas
norte-americanas têm terceirizado suas operações de call centers para empresas localizadas na Índia,
pelo nível de qualificação, custo mais baixo e fluência no idioma inglês.
Nível de nacionalização
Existem países que exigem que parte do produto seja manufaturada nos seus territórios para que
o produto seja considerado nacional e, assim, permitida a sua comercialização interna. As restrições
de acesso ao mercado local servem como incentivo ao investimento e desenvolvimento do parque
industrial local. Um exemplo ocorre nas Filipinas, onde só podem ser comercializados automóveis
montados no país.
das sedes dos clientes, nessas operações, se torna característica qualificadora, no mínimo, podendo ser
imprescindível para que se possa disputar a preferência desses mercados. Bons exemplos são operações
relacionadas a hipermercados, salões de embelezamento, postos de abastecimento de combustíveis,
restaurantes, lavanderias, farmácias, lojas de conveniências, entre outros tipos de estabelecimentos.
A tranquilidade e segurança política e econômica oferecidas por um país ou região podem ser um
grande atrativo para os investidores em negócios e operações locais. Da mesma forma, a instabilidade
consiste em um fator negativo importante para afastar empreendedores que pretendam investir
e fixar sede para negócios naquela região. Países como Afeganistão, a antiga União Soviética e
mesmo a China são exemplos de oscilações políticas e/ou econômicas que afetam e fazem oscilar as
movimentações de empresas entrando ou saindo dessas regiões, em funções das condições normativas
dos governos locais.
Em função da localização das instalações, os custos e despesas com mão de obra podem variar
significativamente. Essa variabilidade ocorre principalmente em função da legislação, qualificação e
nível educacional da população local. Em países da Ásia, podem ser praticados valores de salários em
torno de 3 a 4 dólares por hora, nos EUA e Japão os salários giram em torno de 20 dólares por hora.
Custos de distribuição
Taxa de câmbio
Lembrete
As decisões de localização não consideram apenas as instalações de uma organização, mas sim
de uma rede de organizações que constituem uma cadeia de suprimentos. A organização que é foco
das análises e decisões de localização de sua sede funciona como um nó dessa rede de distribuição de
materiais e valores. Nessa rede, fazem parte as plantas fabris, instalações aeroportuárias, armazéns,
centros de distribuição, lojas de varejo, entre outros tipos de organizações. Cada localização dessas
organizações deve ser decidida para otimizar os resultados e lucros de todas as empresas da rede, bem
como oferecer um melhor atendimento dos seus clientes e dos clientes finais da rede de suprimentos. O
movimento de globalização expandiu os limites de possibilidades de locais e países onde essas instalações
podem ser escolhidas e fixadas. Na próxima figura, pode-se analisar um exemplo genérico de uma rede
logística de distribuição.
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Mercado 6
Armazém 3
Armazém 2 Mercado 5
Fornecedor
Mercado 4
Mercado 3
Armazém 1 Mercado 2
Mercado 0 Mercado 1
Figura 36
Alunos, qual a ideia que lhes vem à mente quando se fala em rede logística?
Normalmente se imagina uma rede de instalações empresariais que geram um fluxo de mercadorias,
produtos, serviços e materiais que se complementam e viabilizam a montagem de produtos e serviços a
serem oferecidos aos seus clientes finais, os consumidores.
Nas redes logísticas, encontram-se organizações das mais diversas atividades ou ramos de negócios:
• fábricas;
• fornecedores;
• portos;
• armazéns ou depósitos;
• almoxarifados;
Os consumidores finais mantêm uma visão muito limitada e restrita do produto ou serviço que se
encontra disponível em uma loja e de fácil acesso. O aparelho de TV, o refrigerador, o arroz ou mesmo um
pote de iogurte, veja a próxima figura, percorrem um longo caminho, por meio do fluxo de circulação
dos materiais, pelas redes de suprimentos, de forma a sofrerem as devidas transformações e terem os
seus valores perfeitamente agregados ao logo de suas redes.
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Unidade II
Fornecedor
Resfriamento
Coleta
mecanizada
Incentivo ao produtor
Apoio técnico e financeiro
Linha de
requeijão
A análise de quais e quantos clientes, com suas diversas localizações, deverão ser atendidos pela
rede de suprimentos permitirá a consideração dos volumes de produtos para cada cliente, os modais
de transporte que serão adotados e os respectivos custos envolvidos, viabilizando a interligação das
instalações dos fornecedores e dos clientes em sincronia e perfeito funcionamento. A próxima figura é
um diagrama clássico de uma rede de suprimentos.
Demanda
Suprimento
Custos de estoque
armazenagem
Custos de Custos de estoque Custos de
Custos de transporte
produção/compra transporte armazenagem
Figura 38
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
As organizações são nós da rede e devem ser interligadas, considerando as mais diversas possibilidades,
no intuito de obter a melhor combinação. Na análise combinatória, existem dois importantes fatores
decisórios: geográfico e temporal.
O fator temporal envolve os tempos de ciclo das operações que ocorrem na rede, desde o seu início
até a sua conclusão. São os tempos de aquisição de produtos, abastecimento dos armazéns e lojas, bem
como o tempo de manufatura e entrega a partir do momento do pedido e encomenda pelo cliente.
Os métodos de escolha de localização se dividem em dois grandes blocos, que consideram decisões
referentes a uma localização única ou à necessidade de decisões de localizações múltiplas com escolhas
de localidades de instalações fabris de diversos armazéns, centros de distribuição ou lojas. As diversas
variações de métodos a serem adotados para localização única podem ser de classificação dos fatores,
ponto de equilíbrio e centro de gravidade. Já as de localização múltipla podem contar com os métodos
exatos (com múltiplos centros de gravidade, medianas e centros), simulação e os heurísticas, conforme
constam na próxima figura.
Centro de gravidade
Métodos de localização
Exatos
Heurísticas
Figura 39
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Unidade II
Um dos métodos mais populares para análise e tomada de decisão sobre localização é o método de
ponderação dos fatores. Com esse método, é possível avaliar pelo confronto de alternativas oferecidas
por diversas macrolocalizações. A técnica pondera fatores locacionais, destacando suas vantagens
e benefícios. Um exemplo clássico consiste na análise de três diferentes cidades, como opções para
instalação de uma operação. Nesse caso, foram considerados oito fatores locacionais, para os quais
foram atribuídas notas de zero a dez, em que nota zero significa a pior opção e dez a melhor das opções.
Na próxima tabela, pode-se observar os resultados da ponderação dos fatores em todas as três cidades.
Pela ponderação, percebe-se que a cidade 3 obteve a melhor pontuação entre as alternativas
consideradas pelo método.
800
700
600
500
400
300
200
100
Segundo Correia (2002), leva-se em conta as cinco unidades existentes expostas no grid para o
estudo hipotético da localização de uma indústria petroquímica. O estudo visa à tomada de decisão
sobre a localização estratégica de um armazém intermediário, para intermediar o trajeto dos produtos
entre a fábrica e os distribuidores existentes visando à minimização dos custos de transporte na rede.
Posições no grid:
Tabela 2
Cx = Σ(dixVi) / ΣVi
Cy = Σ(diyVi) / ΣVi
Onde:
Cx = (630 X 15,5) + (120 X 2,5) + (410 X 5,5) + (590 x 3,0) + (720 x 4,5)
15,5+2,5+5,5+3,0 + 4,5
Cy = (330 X 15,5) + (510 X 2,5) + (470 X 5,5) + (650 x 3,0) + (350 x 4,5)
15,5+2,5+5,5+3,0+4,5
Esse será o ponto de partida no grid para a decisão sobre a macrolocalização do armazém intermediário
da rede da fábrica petroquímica, ou seja, aproximadamente, na região de Piracicaba.
Saiba mais
Método da mediana
Chamamos de mediana o elemento que está no centro do rol, ou seja, o elemento que o divide ao
meio. Caso o rol tenha um número par de elementos, a mediana ocorrerá pela média aritmética dos
dois elementos centrais. Média, moda e mediana são medidas de posição na estatística.
Lembrete
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Unidade II
Métodos exatos
Os métodos exatos são matemáticos e são utilizados para a solução ou decisões relativas a
problemas mais simples, quando comparados aos métodos heurísticos, que são aplicados a problemas
mais complexos de localização, como será apresentado mais à frente.
Entre os métodos exatos, encontram-se os métodos de otimização branch e bound, bem como o
método de decomposição de Benders.
Os métodos exatos são muito aplicados para solução de problemas em diversas áreas do
conhecimento, tais como:
São procedimentos que se baseiam e garantem a solução do problema de localização por meio de
algoritmos e modelos matemáticos. A solução matemática ótima ou com a máxima precisão possível
será sempre buscada, desde que existam recursos computacionais e de inteligência suficientes para
se chegar a bom termo. Os métodos matemáticos apresentam restrições quanto ao tamanho e
complexidade do problema em comparação com os recursos computacionais disponíveis, além da
necessidade de inclusão de restrições não explícitas ou de intervenções subjetivas, quando serão
preferidos os métodos heurísticos.
Simulação
Um exemplo de simulação pode ser verificado com a aplicação da avaliação seletiva. Esse método é
derivado do método de centro de gravidade, visto anteriormente. No método de centro de gravidade, são
considerados os cálculos de custos de transportes entre pontos de manufatura e pontos de distribuição.
Na avaliação seletiva, pode-se acrescentar aos custos de transportes custos fixos projetados de estoques
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
e de instalações, por exemplo. Por meio de heurísticas, pode-se verificar os impactos desses custos
adicionais à localização que tinha sido definida inicialmente.
Heurísticas
Com a heurística, pretende-se encontrar soluções de problemas, por meio de acessos mentais
convenientes e confiáveis, visando a reduzir as opções quando se está diante de uma grande complexidade
de cenários.
O método heurístico parte do princípio de contribuir para redução do esforço e tempo de estudo e
pesquisa para localizar uma solução de um problema. Nas questões relativas a problemas de localização,
as regras que compõem a heurística possibilitam maior rapidez na escolha de soluções entre as múltiplas
alternativas apresentadas.
Consiste na gestão das atividades que compõem a operação produtiva, por meio de diversos planos
a serem implementados, para a viabilização da manufatura dos bens. Os níveis de detalhamento,
graus de formalização e nível de detalhes serão adaptados ao padrão da organização, bem como dos
níveis de aplicação dos planos. O nível de detalhamento e o grau de complexidade das operações
variam em função de uma série de características, como a sua proximidade com o cliente durante a
execução de suas atividades, pois quanto mais próximo dos clientes, maior é o nível de detalhamento
e de flexibilidade do plano a ser implementado. Essas operações oferecem maior dificuldade no seu
planejamento e execução.
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Unidade II
As atividades de planejamento diferem das atividades de controle por diversos aspectos. Os planos
consistem em declarações de intenções, de acordo com previsões sobre acontecimentos futuros, o que
não pode garantir a sua concretização. Os planos são:
Os planos são pensados considerando horizontes de curto, médio e longo prazo e exigem um
monitoramento e ações de intervenção de forma corretiva.
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
rumos em função do cumprimento do que foi planejado ou especificado como resultado esperado.
Pode‑se dizer que:
• Plano é o conjunto de intenções que se deseja que se torne realidade em um futuro próximo.
• Controle corresponde às ações de monitoramento e comparação do que foi planejado com o que
foi executado, indicando as diferenças e impulsionando as decisões e ações corretivas.
Planejamento
Parte
Horizonte de tempo
Dias/semanas/meses
Planejamento
Parte
Controle
Horas/dias
Controle
100% controle
113
Unidade II
Nesse nível, passa-se a detalhar os itens planejados e o monitoramento ganha importância maior:
• A previsão de demanda passa a ser diária ou semanalmente ajustada, com base na demanda real.
Observação
Segundo Sobral e Peci (2013), o planejamento do processo de produção consiste na escolha dos
métodos, tecnologia e instalações necessárias e mais adequadas para a operação em foco. Os volumes e
variedade dos produtos a serem produzidos são decisivos nas escolhas a serem feitas nas definições do
planejamento do processo de produção.
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Planos e
Planejamento Planejamento de
programas de
agregado de necessidades
produção
produção de materiais
detalhados
Qual o plano
global para Qual a quantidade Que recursos são
todos os produtos de cada produto que necessários para
ou serviços da será produzido satisfazer os planos
organização para o e quando? de produção?
próximo ano?
Com a definição da programação, dia a dia, hora a hora, chega a hora de calcular as necessidades de
materiais para a viabilização da produção, quando da elaboração do planejamento das necessidades
de materiais, por meio do sistema material requirement plan (MRP I). Outro sistema utilizado, que
inclui o MRP I, é o manufactoring resouces planning (MRP), que consiste em programas que realizam o
planejamento da produção com suas necessidades e recursos.
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Unidade II
• Produção por projeto: existe uma apuração de baixos volumes de unidades produzidas e uma
variedade grande e abrangente. A ideia é customizar e personalizar os produtos, que serão
planejados e desenvolvidos mediante encomenda e especificação das necessidades do cliente. O
tempo de elaboração e execução do processo de transformação, bem como o tempo de espera do
cliente são os mesmos. O projeto, aquisição de materiais e serviços necessários, o processamento
e entrega acontecem a partir do pedido do cliente e de acordo com suas solicitações e aprovação.
O tempo de espera é longo e, nesse tipo de operação, enquadram-se, por exemplo, construção de
barcos, casas projetadas.
• Produção por lotes: nesse tipo de operação, o volume de unidades produzidas ganha uma
proporção média e, também, uma variedade média. Na produção por lotes, o processo é iniciado
116
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
mediante encomenda, sendo que cada categoria de produto tem os seus próprios processos,
já desenvolvidos. Cada lote a ser produzido se referirá a um tipo de produto, sendo que serão
produzidos diversos tipos de produtos na mesma planta fabril.
— serviços profissionais;
— serviços de loja;
— serviços de massa.
Volume
Variedade
• Serviços profissionais: são serviços personalizados e com alto grau de customização. Visam a
atender as necessidades específicas dos clientes que procuram esse tipo de serviço. A relação
com cada cliente é mais próxima e intensa, uma vez que, para a elaboração de cada etapa do
trabalho, há uma dependência direta de informações e confirmações do cliente. O foco e a
ênfase operacional estarão mais focalizados no processo a ser realizado do que no produto a
ser entregue. Exemplos clássicos são as empresas de consultoria, de serviços advocatícios, de
auditoria e de arquitetura.
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Unidade II
• Lojas de serviços: esses serviços estão em uma proporção intermediária de serviços com
características profissionais e os de massa. Existem contatos e algum nível de customização por
parte do cliente, mas, após as definições e ajustes, a produção atinge níveis de volume bem
razoáveis. Exemplos de lojas de serviços podem ser algumas escolas, serviços de hospedagem em
hotéis e serviços de restaurantes.
• Serviços de massa: nesse tipo de operações, prevalece o baixo nível de customização, quase
zero, bem como um elevado nível de padronização dos serviços prestados. Essas operações de
serviços são voltadas para o resultado a ser entregue, diferentemente das operações de serviços
profissionais e de loja. Consiste na elaboração de serviços padronizados, baseados na formalização
e cumprimento de regras e normas previamente estabelecidas, uma linha de produção de serviços
é planejada e executada, visando à geração de volume e economia de escala. Bons exemplos de
serviços de massa são serviços em repartições públicas, empresas de telecomunicação e serviços
de cartórios.
Volume
Variedade
Uma opção por priorizar os custos do processo criará restrições para o desempenho em qualidade
e rapidez. Não se pode ter tudo, logo, os desempenhos deverão ser estudados e nivelados em função
dos que mais contribuem para as vantagens competitivas do negócio. A definição de um processo para
determinado produto requer a escolha entre diversas opções viáveis de processos produtivos.
No caso do oferecimento de comida em um restaurante, o gestor pode optar por um serviço fast
food ou um serviço à la carte, sendo que as duas alternativas são totalmente viáveis. Caso a opção seja
pelo fast food, como no McDonald’s, a operação contará com um cardápio altamente padronizado,
com poucas possibilidades de customização e variedade de refeições oferecidas, o atendimento
será padronizado e uniforme, a rapidez será grande e os custos serão menores, comparativamente,
com alternativas de operação. Caso a opção seja o oferecimento de comida em um restaurante à la
carte, os pratos serão customizados e com uma maior variedade no cardápio. O cliente encomendará
e especificará como quer o preparo do prato e aguardará o tempo necessário para o preparo do
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GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
prato solicitado. O tempo de atendimento é mais demorado e o custo será mais elevado, em função
da participação de um chefe de cozinha e demais profissionais especializados em culinária para o
preparo dos pratos. As suas opções são viáveis e muito bem aceitas, porém com públicos e/ou ocasiões
diferentes. Ambas oferecem vantagens competitivas específicas, pois, enquanto o fast food oferece
rapidez, padronização dos pratos e custos mais baixos, o serviço à la carte oferece qualidade, variedade
e atendimento personalizado aos clientes.
Segundo Slack e Chambers (2013), a conciliação entre demanda e suprimento depende de diversas
decisões tomadas no contexto do planejamento e controle da produção em uma operação produtiva.
Fortes influências nessas decisões advirão da natureza da demanda, assim como da natureza dos
suprimentos específicos para a operação. Tanto de um lado como do outro haverá um certo grau de
incerteza a ser superado pelos estudos e análises das características de cada processo.
No lado da demanda, existem incertezas importantes, com base na natureza de cada tipo de
demanda. Existem aspectos de demandas que determinam muita incerteza ou um elevado nível
de previsibilidade em função do comportamento dos consumidores e do mercado. Um exemplo pode
ser o do uso de material escolar em uma instituição de ensino, que tem uma quantidade definida
de alunos matriculados em cada série, bem como a lista de materiais a serem adquiridos por cada
um dos alunos.
Dessa forma, a gestão de operações produtivas trabalha com duas categorias distintas de demanda:
• demanda dependente;
• demanda independente.
119
Unidade II
Demanda independente
Ex: serviço de venda e troca de pneus
+ Isto é um
prego!
Conforme se observa nas próximas figuras, o tempo de demanda D consiste no tempo total de
espera pelo cliente a partir no momento do seu pedido até o momento do recebimento do seu pedido
de produto ou serviço.
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Unidade II
Pedido
D
P
(a) P e D no planejamento e controle do tipo fazer-para-estoque
Pedido
D
P
(b) P e D no planejamento e controle do tipo fazer-contra-pedido
Pedido
D
P
(c) P e D no planejamento e controle do tipo obter recursos-contra-pedido
Pedido
D
P
122
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Lembrete
O suprimento e a demanda devem ser conciliados em tempo, volume e qualidade pelas atividades
de planejamento e controle do sistema produtivo. Conforme consta na próxima figura, existem quatro
atividades básicas de planejamento e controle de produção.
Em que As atividades
ordem estão conforme
fazer? Sequenciamento Monitoramento o plano?
e controle
O carregamento consiste na porção de trabalho que pode ser alocado, em determinada unidade de
trabalho. O tempo real a ser utilizado nessa unidade deve ser computado pelo total de horas disponíveis,
teoricamente, subtraídos os períodos de interrupção do trabalho em função de configuração e
manutenção de máquinas e equipamentos, férias e tempo de descanso dos colaboradores, entre outros
motivos de interrupção.
acontece na fila para aquisição, fabricação e entrega de automóveis como a Ferrari, Lamburgini, entre
outros carros esportivos de luxo.
O carregamento infinito é aquele em que não é estabelecido um limite para alocação de trabalho.
Seria o caso de a unidade de trabalho procurar se adequar à quantidade de trabalho que vai se
acumulando. São operações em que não se vê como possível a limitação do trabalho como nos setores de
pronto-atendimento de hospitais, em atendimento de emergências, nos denominados prontos-socorros.
Outra possibilidade seria num local de atendimentos em que não exista possibilidade para a limitação
dos atendimentos, como ocorre num quiosque de comida fast food em um shopping center. Existem,
também, as operações em que a limitação do trabalho alocado se torna proibitiva para o seu próprio
funcionamento, como acontece no atendimento ao público em uma agência bancária, que não pode
limitar o número de clientes que necessitam de atendimento para movimentar a sua conta corrente ou
efetuar os pagamentos de contas normais e cotidianas.
Restrições físicas
É considerada para a priorização dos trabalhos a serem executados a natureza física dos materiais
utilizados, como em uma construção em que uma das etapas da alvenaria requer o preparo e utilização
de argamassa de cimento em grandes quantidades; após o preparo da massa, a sua utilização no
assentamento dos tijolos ou blocos ou no acabamento das paredes tem que ter prioridade total diante de
outras atividade, pois o seu secamento impedirá uma utilização posterior, desperdiçando-se o material
utilizado na mistura de argamassa. Outro exemplo seria nos processos de tingimento de tecidos, em que
se realiza o tingimento das cores claras primeiro, para depois se realizar o tingimento do tecido com as
cores escuras, que terão maior facilidade de cobrir as cores mais claras utilizadas na primeira etapa.
Prioridade do consumidor
Em algumas situações específicas, a ordem de trabalho deve ser alterada em determinada operação,
em função do grau de importância do cliente envolvido. Essa importância pode ser atribuída em função
das condições físicas ou emocionais do cliente em questão. Pode ser o caso de um cliente que esteja
ofendido com um atendimento deficiente anterior ou mesmo clientes que apresentem condições
especiais de atendimento. Esses atendimentos prioritários podem ocasionar uma queda no desempenho
do processo produtivo ou do andamento do atendimento na operação. Essa alteração na sequência
natural de atendimento deve diminuir a eficiência do processo produtivo.
à da fila natural. No caso, o que determina a realização do trabalho é a disposição física dos materiais
na hora de se iniciar o trabalho. Muito aplicável em procedimento de carga e descarga de veículos de
transporte ou mesmo de elevadores de carga, em que a sequência lógica do carregamento deve levar em
consideração a ordem de descarga, ou seja, o último material a ser carregado deve ser aquele que será o
primeiro a ser entregue, na sequência dos endereços no roteiro de entrega. O sequenciamento Lifo não
considera aspectos de qualidade, custo, ou flexibilidade da operação como prioridades de desempenho.
Nesse caso, os trabalhos de mais longa duração serão priorizados e ocuparão os postos de trabalho na
operação por mais tempo. As unidades de trabalho serão mantidas ocupadas e em uso de sua capacidade
máxima por mais tempo. Esse critério de priorização não leva em consideração os demais objetivos de
desempenho, como a rapidez, flexibilidade ou confiabilidade do processo produtivo, podendo até ter um
efeito contrário em relação a esses desempenhos.
Os demais objetivos de desempenho são os melhores e mais básicos a serem utilizados nos critérios
de priorização e sequenciamento das operações. Os objetivos de confiabilidade, rapidez e custo têm a
sua importância em relevo, devido ao que se almeja normalmente nas operações:
• Entregas precisas e na forma desejada pelo cliente: confiabilidade.
• Diminuição do tempo de processo, conhecido como tempo de ciclo do processo: rapidez.
• Redução do nível de estoque, durante o processo produtivo da operação: custo.
• Diminuição, ao máximo, do tempo ocioso dos recursos, máquinas, equipamentos e instalações: custo.
125
Unidade II
O programa é composto por nível de detalhamento elevado que considera a sequência e datas
em que as atividades devem ser realizadas. Um cronograma detalhado é estabelecido para o fluxo de
trabalho no sistema produtivo, com datas de início e término das atividades programadas.
O programa consiste em um conjunto complexo de atividade que visa à gestão das operações
produtivas, elas compreendem:
Seria uma situação parecida com aquela em que se teria 100 diferentes processos mais 30 equipamentos,
sendo que cada um dos processos e etapas se utilizam de cinco das máquinas disponíveis em tempos
diferentes, contando com um certo tipo e quantidade de horas de mão de obra. Seria uma programação
complexa, considerando que um produto ainda pode percorrer fluxos diferentes no processo produtivo,
em função das disponibilidades de instalações exigidas para a sua manufatura.
Possibilidades = (N!). M
A programação de produção não pode ser feita de forma estanque, uma vez que sofre influências e
se altera, ao longo do tempo, por mudanças no mercado e na demanda, bem como alterações no mix
de produtos oferecidos pela organização. O processo de programar deve ser dinâmico e constante, para
se ajustar a quaisquer alterações que surjam durante o processo de produção. A programação poder se
utilizar de dois métodos:
A programação para frente consiste na alocação dos recursos e no início da produção do lote a
partir da data do pedido do cliente. Dessa forma, ocupam-se mais rapidamente e em datas anteriores
os postos de trabalho e a utilização da capacidade de produção.
Quando se adota a programação para trás, as decisões de alocação de recursos, compra de materiais
e componentes, bem como alocação da capacidade das instalações são adiadas o quanto for possível.
O cálculo de início de produção partirá da data final para a entrega do lote ao cliente, de acordo com
os dados do pedido. A partir dessa data final, é realizada uma regressão temporal e determinada qual
a data mais tarde que se pode iniciar a produção do lote, sem que haja risco de um atraso na entrega.
Dessa forma, os recursos e instalações ficam livres para outras finalidades até o início da produção
do lote. Os investimentos e gastos são postergados ao tempo máximo. No próximo quadro, é possível
observarmos as vantagens dos dois tipos de programação.
O final do planejamento da operação produtiva é realizado por meio das atividades de carregamento,
sequenciamento e programação. Como em todo processo de gestão, faz-se necessário estabelecer
e executar as atividades de controle da produção. Essas atividades consistem no monitoramento das
execuções com a finalidade de se certificar sobre a correta realização do que foi planejado e/ou
especificado nos planos.
Os custos são classificados como diretos e indiretos. Os diretos são diretamente ligados à produção
dos bens, aumentando e diminuindo em função direta dos volumes produzidos. São os custos de
matérias-primas, mão de obra direta, entre outros. Já os custos indiretos ocorrem de forma independente
dos volumes produzidos, não sendo influenciados diretamente pelos volumes produzidos, consistindo
em salários dos supervisores e gestores, pessoal que não atua na linha de produção, como pessoal
administrativo, limpeza e manutenção, as despesas com seguros, aluguel, entre outros.
Os custos diretos em cada centro de custos serão objeto de gestão e acompanhamento por parte dos
administradores dessas unidades organizacionais. Estão incluídos nas responsabilidades dos gestores
locais os custos diretos, porém ficam fora dessa abrangência os custos indiretos, que deverão ser
acompanhados e administrados por gestores de nível superior, a serem designados conforme a estrutura
organizacional estabelecida para a operação geral.
Os gestores das operações devem dedicar uma atenção especial para o acompanhamento dos
processos de abastecimento da operação, visando uma continuidade na disponibilização na qualidade,
quantidade e custos adequados, dos insumos e materiais necessários, por meio dos melhores
fornecedores do setor de atuação. É importante o monitoramento de informações e indicadores
de desempenho dos fornecedores qualificados para o atendimento das demandas da organização,
obtendo-se, dessa forma, uma maior segurança do fornecimento de materiais que satisfaçam as
128
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
• manutenção preventiva;
• manutenção corretiva;
• manutenção condicional.
O controle de qualidade consiste na verificação do nível de qualidade dos produtos e serviços que
são gerados pelo processo produtivo ao longo da sua operação. O monitoramento da qualidade dos
resultados do processo pode ocorrer de forma amostral, com escolhas de lotes para verificação, de forma
criteriosa ou aleatória, visando à detecção de inconformidades nos produtos daquele lote de fabricação.
Além da inspeção final, com a finalidade da liberação ou não do lote já produzido, pode‑se estabelecer
diversos pontos de controle da qualidade em posições intermediárias do processo de fabricação, o
que gerará mais segurança e economia no processo produtivo como um todo. O controle amostral da
qualidade dos produtos é muito mais econômico e menos custoso que a análise de toda a produção,
além de ser técnica e estatisticamente aceito.
129
Unidade II
O controle pode seguir duas vertentes, ou seja, o sistema de controle pode incidir em cada unidade de
trabalho e na finalização das tarefas; neste posto, enviam-se as informações decorrentes para as unidades
de trabalho subsequentes. A esse sistema de controle se dá o nome de sistema de controle empurrado.
Quando o sistema de controle da produção parte da solicitação que foi realizada pelo posto de
trabalho seguinte, para acompanhar a execução das atividades do posto de trabalho atual, é o sistema
de controle da produção puxado que será adotado. Nesse sistema, o posto aguarda o pedido do posto
posterior para o início de suas atividades de planejamento e manufatura do seu resultado.
A programação empurrada funciona dentro dos moldes tradicionais de produção e, com base na
previsão de vendas, cada unidade de trabalho vai produzir continuamente, sem considerar, diretamente,
o ritmo de trabalho da unidade de trabalho seguinte, o que pode gerar estoques intermediários entre
uma unidade de trabalho e outra, bem como de estoques finais de produtos acabados. Os dois sistemas
são retratados na próxima figura.
Empurrado: condições para disparar produção:
1. disponibilidade do material;
2. presença da ordem no programa definida a
partir de previsões;
3. disponibilidade do equipamento.
Demanda
130
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Mensurabilidade das
Baixa saídas da operação Alta
Conhecimento sobre
o comportamento
Baixo da operação Alto
Por ser uma versão simplificada, o modelo pode ser complementado por questões básicas para um
modelo de controle e monitoramento.
Agora, falta uma análise da atividade de planejamento e controle do sistema produtivo, considerando
as relações de volume/variedade possíveis, conforme a seguir:
131
Unidade II
Grandes
Resposta ao Horizonte de Decisões de
Volume Variedade decisões de Robustez
consumidor planejamento controle
planejamento
Nota-se que operações que geram volumes menores e grande variedade nos seus produtos contam
com consumidores mais exigentes quanto à personalização dos produtos entregues. Enquanto que
nas operações de grandes volumes a variedade de produtos praticamente inexiste, sendo os produtos
padronizados e produzidos em massa, sem a participação e interferência dos consumidores na alteração
das características dos produtos ou serviços entregues.
De acordo com Sobral e Peci (2013), chama-se de estoque o conjunto de itens que são armazenados na
operação, visando a garantir o abastecimento e funcionalidade da operação, bem como o fornecimento
de produtos e mercadorias para os clientes da organização. Os estoques podem ser formados por
insumos e matérias-primas de entrada na operação produtiva, produtos semiacabados ou em processo,
armazenados em posições intermediárias, no decorrer do processo produtivo, bem como produtos
acabados que são estocados no fim do sistema produtivo, ficando à disposição para escoamento pelos
processos de expedição e distribuição física para entrega aos clientes.
Dessa forma, a gestão e manutenção dos estoques deve contribuir para a consecução de
objetivos básicos:
132
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Por todas essas razões e motivos, os estoques são necessários nas operações produtivas, mas um
cuidado grande deve ser tomado pelos gestores, no que se refere ao nível de investimento em estoques.
A manutenção de estoque exige custos elevados com a aquisição dos itens, o aluguel do espaço físico
necessário, os equipamentos e pessoal para a manutenção e movimentação dos itens de estoque.
Sempre se pode aplicar de forma mais lucrativa e segura o capital imobilizado no nível de estoque
adotado pela empresa. No Brasil, o problema se acentua, pois os custos associados à manutenção de
estoques costumam ser mais elevados que em outras economias mais desenvolvidas.
Os investimentos em estoques tendem a ser dispendiosos em função dos diversos custos diretos
e indiretos relacionados a esse processo. A gestão de estoques no comércio e na indústria consomem
grandes volumes de recursos. O planejamento e controle dos estoques exigem a utilização de técnicas
que visem à otimização dos recursos e itens estocados, de forma a aumentar a produtividade nos
processos de armazenagem. O êxito nessa missão vai depender de um alinhamento perfeito entre a
gestão do sistema produtivo e a determinação exata das necessidades de abastecimento, da mesma
forma que se torna imprescindível a melhoria dos sistemas de fornecimento e entrega dos fornecedores
qualificados pelo setor de compras da organização. Quanto mais rápida, sincronizada, melhor planejada
e confiável for a entrega por parte dos fornecedores, menor será a necessidade de manutenção de
estoques na organização. O giro rápido dos estoques, com sincronismos entre o abastecimento e do seu
ressuprimento, diminuirá a necessidade de estoques e de capital de giro, por sua vez.
O gestor das operações deve ter uma atenção especial ao controle dos seus custos, em especial, os
custos de estocagem e movimentação de materiais. Existem diversos custos envolvidos e se pode dar
ênfase a dois tipos, em especial:
133
Unidade II
• Curva ABC.
• MRP.
O lote econômico (LEC) consiste em uma técnica que apresenta uma teoria orientativa quanto
ao volume de materiais a ser adquirido em data determinada, no intuito de diminuir ao máximo os
custos de armazenagem, ao mesmo tempo que se minimiza o valor gasto no processo de aquisição
dos materiais. Os custos de pedido são representados pela incógnita C, os custos de manutenção de
estoques, pela incógnita M, e O valor da demanda anual, pela letra D, sendo o cálculo do LEC apurado
da seguinte forma:
2DC
LEC = M
A aplicação prática do LEC sofre com algumas restrições em função de seus pressupostos básicos,
como a linearidade e estabilidade da demanda, que na prática não se confirmam e, ainda, são contraditas
pelas normais flutuações de demanda que sempre ocorrem, em função de diversas variáreis do mercado.
Outra premissa que não se confirma é de que os custos para a aquisição de materiais sejam fixos. Os
custos envolvidos no processo de compra variam por ações e influência dos fornecedores de materiais,
transportes e outros serviços envolvidos, o que impede a elaboração e utilização de uma função linear
para expressá-los.
Curva ABC
A curva denominada ABC foi inspirada na teoria de Pareto, ou seja, a regra 80/20, em que são
identificados e priorizados os 20% dos itens importantes e vitais, pois têm um impacto e resultado
equivalente a 80% dos resultados do processo, em detrimento dos demais 80% de itens, que são triviais,
por contribuir e impactar em apenas 20% dos resultados da operação.
Na gestão dos estoques, procura-se identificar e classificar os itens de estoque de acordo com a
sua movimentação (quantidade x valor unitário) e priorizar a gestão dos itens de maior relevância e
134
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
impacto para a organização, os demais itens, em classificação decrescente, terão um nível menor de
peso e atenção por parte dos gestores da operação. Na curva ABC, são classificados os itens de estoque
em ordem decrescente de consumo, em que se atribui uma classificação e tabulação de acordo com o
percentual representativo do valor movimentado:
• Itens de classe A: em torno de 20% do total, que respondem por 65% dos valores movimentados,
aproximadamente.
• Itens de classe B: 30% dos itens que respondem por 25% do valor movimentado
• Itens de classe C: 50% dos itens que respondem por apenas 10% do valor total.
Os gestores devem priorizar e dedicar mais atenção, até com acompanhamento pessoal e periódico,
aos 20% dos itens de estoque que são responsáveis pela maior parte do impacto financeiro (65%) para a
organização. Os demais itens (B) devem ter uma atenção, mas não tão enfática e em uma periodicidade
maior. Os itens C entram na rotina normal de controle sistêmico de sua movimentação e aquisição.
O sistema subsidia o controle dos estoques, pois se responsabiliza a calcular as necessidades de itens
para a viabilização do planejamento e controle da produção. Com base no planejamento dos recursos
de produção e quantidade de produtos que serão produzidos por períodos e lotes de fabricação, o
MRP calculará e emitirá as ordens de fabricação e as ordens de compra dos itens que são comprados
de terceiros. Uma ferramenta importante, pois estabelece a relação de dependência dos itens do
estoque, por meio da relação e definição de quantidades necessárias para a composição dos produtos
ou componentes em falta no estoque na organização. Essa dependência é estabelecida pela estrutura
do produto e dos componentes fabricados pela empresa, em que se obtêm os elementos componentes e
as respectivas quantidades necessárias para a sua fabricação. Dessa forma, o MRP consegue projetar as
necessidades futuras de componentes a serem adquiridos para utilização ou para a fabricação de outros
componentes intermediários, necessários para a montagem do produto da organização.
135
Unidade II
Planos e
Carteira de programas de Previsão de
encomendas produção demanda
Planejamento
Lista de de necessidades Estoques em
materiais de materiais armazém
Com o MRPII, houve uma evolução dos procedimentos atendidos pelo MRP, que atendia o cálculo
das necessidades de materiais, passando a se responsabilizar pelo planejamento dos recursos da
produção (manufatura) (manufactoring resources planning), que incorpora as informações advindas
de sistemas das áreas financeira, engenharia e marketing, utilizando-as, de forma integrada, para
viabilizar o planejamento e controle da produção. Continuando com a evolução desses sistemas de
gestão, chegou‑se ao enterprise resources planning (ERP) ou sistema de gestão integrada. No ERP,
diversos sistemas e módulos são integrados por meio de um banco de dados único, que possibilita o
planejamento operacional das diversas áreas funcionais, ao mesmo tempo que viabiliza a extração de
dados gerenciais e executivos para a tomada de decisões sobre o desempenho da organização como
um todo. Considerando as informações de todos os módulos, o ERP permite o acompanhamento
integrado de toda a operação da empresa, com monitoramento simultâneo dos pedidos efetuados, os
projetos, planejamento e execução das compras, estocagem, produção, distribuição física dos produtos,
o faturamento, recebimentos e pagamentos inerentes aos abastecimentos e fornecimentos, além da
previsão e realização da demanda e venda dos produtos e serviços oferecidos, concatenando todas
as informações e interdependências entre todas as áreas da empresa, o que possibilita o suporte
informacional para a tomada de decisões em todos os níveis organizacionais.
Os sistemas de informação ERP estão em plena expansão e implantação nas empresas dos mais
diversos setores e ramos de atividade, bem como de todos os portes. No início, por questões de custos
e complexidade, os sistemas de ERP eram destinados para empresas de grande porte, com operações
de um nível de complexidade que justificasse o alto nível de investimentos necessários e o grande
esforço e tempo para a sua implantação e pleno funcionamento. Com o avanço das tecnologias da
136
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
O ERP veio para solucionar um grande problema das antigas alternativas de sistemas de informação
oferecidas no mercado, a integração de sistemas empresariais. Desenvolvidos em módulos intercambiáveis
que são ambientados em plataforma integrada, os módulos do ERP são amigáveis entre si e utilizam a
mesma base de dados. Com a utilização da mesma base de dados, o processamento e compartilhamento
de dados e informações entre os sistemas integrados são automáticos e sem manuseio intermediário, o
que elimina conflitos, erros de entrada de dados e migração de informações de um módulo para o outro,
aumentando significativamente a confiabilidade das informações organizacionais.
As soluções ERP são proprietárias de uma enorme variedade de relatórios operacionais e gerenciais e
indicadores de desempenho, voltados para atender as necessidades gerais operacionais e estratégicas de
empresas de diversos setores econômicos. Em função da necessidade específica de empresas e de ramos
de atividades especiais, as soluções de ERP contam com a facilidade de desenvolvimento e adaptações
parametrizadas ou programadas de seus relatórios ou de novos relatórios, de acordo com as expectativas
específicas de empresas usuárias.
SAP 32%
People soft 9%
Baan 7%
J. D. Edwards 7%
Outros 32%
0 1 2 3 4 5
Faturamento em US$ milhões
Figura 54
137
Unidade II
Em suma, trata-se de uma filosofia adaptada do modelo japonês, conforme já discutido anteriormente,
que prima pela tendência de não utilizar estoques. A proposta é de administrar um sistema produtivo
simples e enxuto, de forma a nivelar o ritmo de atividades produtivas, com a finalidade de trabalhar
com base nas encomendas realizadas, eliminando-se a necessidade de estoque iniciais, intermediários
e finais. A sua abrangência e atualidade nas operações exigem um maior detalhamento do assunto na
análise das tendências das operações produtivas.
A filosofia JIT consiste na orientação de um sistema de produção que funciona estruturado por
técnicas e um modelo de administração que prima pela diminuição ao máximo de estoques ao longo
do processo produtivo, visando à redução de investimentos e custos com os estoques iniciais,
intermediários e de produtos acabados ao longo da operação. Essa redução é possível pelo estabelecimento
e alinhamento dos prazos de abastecimento de suprimentos em toda a cadeia produtiva. Esse modelo foi
desenhado na década de 1950, no período após a Segunda Grande Guerra, no Japão. O sistema Toyota
de produção surgiu como um revolucionário modelo de gestão que implementou diversas novidades,
como o cartão Kanban, que servia como ferramenta básica de controle e efetivação de encomendas e
transportes de materiais e componentes na cadeia produtiva, diminuindo a necessidade de estoques
entre um posto de trabalho e outro, em função das entregas precisas e de um ritmo de produção
extremamente nivelada. O fluxo de materiais controlado pelo Kanban funcionava e viabilizava o fluxo
de encomendas do fornecedor externo, passando pelos postos de trabalho internos, um a um, chegando
até a entrega do produto ao cliente externo. O sistema é onerado pelo custo de transportes, que ocorre
em um número maior de vezes, mas acaba sendo compensado pela diminuição dos investimentos e
gastos com o inventário de materiais dentro da operação.
O avanço e barateamento das tecnologias de informação permitiram a difusão do sistema JIT das
indústrias automobilísticas para outros tipos de ramos industriais, como o de alimentos e de confecções.
Muito mais que um sistema de gestão e controle preciso de estoques, o JIT se tornou uma filosofia
ambiciosa de gestão de operações que se baseia em três pilares para o seu funcionamento:
A maneira de trabalhar dentro da filosofia JIT difere e muito do modo tradicional de planejamento e
controle do sistema produtivo. Na forma tradicional, os estoques são os amortecedores e equilibradores
dos ritmos entre uma fase e outra do processo. Os estoques amortecem os impactos de velocidade
e de defeitos em componentes, que podem ser facilmente substituídos por outra unidade disponível
no estoque. Já no JIT, o estoque praticamente inexiste, propondo-se um funcionamento alinhado e
138
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
nivelado, etapa a etapa, em que os componentes fabricados vão sendo passados de mão em mão ao
longo do processo. Sendo assim, se houver um atraso ou parada em uma etapa em função de problema
no processo ou defeito em um componente, todo o sistema produtivo sofrerá impacto imediatamente.
Essa situação exige a rápida detecção, com a participação de todos da equipe, e solução do problema
causador do atraso ou interrupção, bem como da sua solução. A situação também permite a visualização
e transparência das imperfeições e problemas de eficiência e eficácia ao longo da cadeia produtiva,
coisas que eram ocultadas nos sistemas tradicionais pelo uso de altos níveis de estoques.
Para que a operação funcione bem, sem atrasos ou interrupção, faz-se necessária a adoção de
procedimentos e desenvolvimento da cultura do aperfeiçoamento contínuo das pessoas e do processo
produtivo. A busca contínua pela excelência na qualidade, produtividade e confiabilidade da operação
serve como meio para a eliminação de falhas, a simplificação dos processos, diminuição dos tempos de
setup (configuração de equipamentos e máquinas), difusão de uma abordagem holística e sistêmica
por parte dos colaboradores e aprimoramento tecnológico constante nos processos e no nível de
conhecimentos dos operadores e gestores do sistema.
A adoção de layouts mais adequados e que possibilitem uma circulação rápida de materiais e pessoas
impulsionarão o funcionamento rápido e confiável dos fluxos de materiais e informações, envolvendo
os fornecedores, os processos internos e os clientes externos da operação.
O JIT apresenta limitações em função do aumento de variações diante das demandas de curto prazo, a
variedade de produtos, bem como o aumento de incertezas e a convivência com o risco de interrupção do
sistema como um todo, em função de problema e defeitos gerados em uma de suas etapas. Outra dimensão
de risco se encontra na alta dependência de transporte físico de matérias que podem sofrer atrasos e
interrupções, por problemas nas vias e no sistema de transporte, entre os fornecedores e a organização.
A adequação ao JIT se mostra promissora quando os antagonismos entre suas variáveis são
devidamente avaliados. Por exemplo, empresas em localizações em que se tornem mais onerosos
os custos de transporte que não cheguem a ser compensados pelas economias em inventários de
materiais e componentes. Em função dessas situações, muitas operações adotam o JIT, mas trabalham
com estoques de segurança para evitar o desabastecimento, por problemas externos de fornecimento.
Outras se adaptam a situações adversas aplicando as técnicas de LEC, ou adotando os sistemas de MRP,
passando a operar com um sistema híbrido de planejamento e controle de produção.
139
Unidade II
Segundo Sobral e Peci (2013), a gestão logística envolve a viabilização do funcionamento de toda
a operação da organização. Consiste na gestão dos procedimentos da aquisição, movimentação dos
recursos e materiais, máquinas e equipamentos, informações, bem como a realização das atividades e o
fluxo de informações necessárias ao funcionamento da operação.
O objetivo da logística é a garantia da entrega dos produtos e serviços aos clientes, no volume,
qualidade e tempo adequados, priorizando a otimização dos recursos utilizados, de forma a maximizar
a rentabilidade da organização.
A logística abrange as atividades de compra, recebimento e conferência dos materiais adquiridos dos
fornecedores, a estocagem e movimentação dos materiais, do abastecimento, atravessando os processos
produtivos, procedendo à expedição e distribuição física com o transporte e entrega dos produtos aos
clientes. Antigamente, as atividades de logísticas eram tratadas como rotinas, meramente operacionais
e rotineiras. Hoje, essas atividades ganharam vulto estratégico e funcionam como importantes armas
para a geração de vantagens competitivas para as organizações. Grande importância para a redução
significativa dos custos de armazenagem, movimentação e transportes dos produtos, bem como a
redução e cumprimento com precisão dos prazos de entrega, o que melhora o relacionamento com os
clientes da operação. A boa gestão logística permite o aumento da flexibilidade da produção, devido
à confiabilidade e rapidez no abastecimento de suprimentos, além de contribuir com a fidelização dos
clientes em função da garantia e qualidade da entrega dos produtos e serviços. Muitas organizações
primam pelo bom desempenho na sua logística, como O Boticário. Outras empresas, como o Pão de
Açúcar, investem em grandes centros de distribuição (CD) regionais, que concentram os recebimentos e
armazenamento de todas as mercadorias adquiridas dos seus fornecedores e se encarregam de estabelecer
e gerir o fluxo de distribuição das mercadoras para as suas lojas, conforme as suas necessidades. Um
exemplo diferente, mas não menos eficiente, é o da General Motors (GM), que opta pela terceirização
dos serviços de logística de armazenagem e distribuição física, no intuito de racionalizar e otimizar
essas atividades.
140
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Resumo
Exercícios
Questão 1 (Enade 2012 – com adaptações). A empresa XYZ está com elevado custo anual com
relação aos estoques de um produto. Com o objetivo de minimizar o custo total anual, a empresa
decidiu adotar, como regra de decisão para o tamanho do lote, a quantidade econômica de pedido (Q*)
para o produto. A demanda trimestral do produto é de 5.000 unidades, compradas de um fornecedor
por R$ 100,00 a unidade. O custo para emitir um pedido ao fornecedor é de R$ 5,00 por pedido, e cada
unidade do produto tem um custo de armazenagem de 5% ao ano. A quantidade econômica de pedido
Q* é calculada pela seguinte expressão:
2 D P
Q*
mc
Na expressão:
A) 10.
B) 20.
C) 100.
D) 200.
E) 1000.
142
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Análise da questão
2 D P
Q*
mc
• D é a demanda por unidade de tempo e é igual a 5.000 unidades a cada três meses.
Assim, tomando um trimestre como unidade de tempo e aplicando esses valores na expressão
fornecida no problema, encontra-se o que segue:
2 ⋅ 5000 ⋅ 5, 00
Q* =
1, 25
⋅100
100
Q * = 40000
Q* = 200
“O Just in Time (JIT), sistema de produção que visa a aprimorar a produtividade global e a eliminar os
desperdícios, possibilita a produção eficaz no que se refere a custo, assim como o fornecimento apenas
da quantidade correta no momento e locais corretos, utilizando o mínimo de instalações, equipamentos,
materiais e recursos humanos. O JIT depende do balanço entre a flexibilidade do fornecedor e a
flexibilidade do usuário.”
SLACK, N.; CHYAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002 (com adaptações).
143
Unidade II
Nos sistemas de produção just in time, procura-se reduzir o tempo gasto na nova preparação/ajustes
do equipamento até o instante em que a produção é liberada.
porque
No sistema just in time, com a redução do tempo gasto na nova preparação/ajuste do equipamento,
o estoque médio diminui.
I – Afirmativa verdadeira.
Justificativa: no just in time, procura-se diminuir o setup de máquinas, pois essa redução aumenta a
eficiência da produção. O just in time foi desenvolvido para reduzir o tempo necessário para a produção
de um item por meio da adoção de técnicas que permitem aplicar o material certo, no local certo e no
momento certo.
II – Afirmativa verdadeira.
Justificativa: a redução do setup implica a redução de estoques, já que o tempo de espera dos
materiais em estoque será diminuído. Logo, a essa afirmativa justifica a anterior.
144