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Metodologia do Treino do Futebol

IPMAIA
Formação
Académica
Experiência como
Treinador de Futebol de Base
(2002)
Experiencia
Profissional

Experiencia como
Treinador de Futebol Sénior

Autor
Publicações cientificas
Conceito de Treino
Treino Desportivo

Processo visando modificar o estado de preparação


para o desempenho de uma atividade desportiva em
treino e na competição

Estar preparado significa ser capaz de demonstrar


um rendimento elevado, pelo que o rendimento é o
objecto central do treino
Conceito de TREINO Desportivo

Um processo complexo de acção que é dirigido ao


desenvolvimento, segundo um plano, de um
determinado estado de prestação desportiva e à sua
demonstração em situações de confronto desportivo,
especialmente em competição.

… é um processo complexo de ação porque influi sempre sobre o


desenvolvimento global da personalidade.

… é planificada cada ação, baseada em reflexões e decisões tomadas a


longo prazo, que se orientam segundo conhecimentos científicos, teorias
sobre o treino, experiências práticas e condições situacionais
relativamente estáveis.

… é sistemático porque identifica e segue um procedimento de


actuação, através da utilização do exercício físico, entendido como
carga externa de trabalho.
CARACTERÍSTICAS do TREINO DESPORTIVO

Processo intencional (PEDAGÓGICO) de prática deliberada

Visa o desenvolvimento da capacidade de rendimento desportivo

Processo contínuo

Processo organizado, planeado e orientado por objetivos

Atividade acrescida de volume e intensidade superior ao habitual

Treino intencional ≠ atividade física espontânea


Treino Desportivo
Do que estamos a falar ?

Princípios
Metodológicos

Princípios Processo Complexo Princípios


Biológicos de exercitação Pedagógicos

Muitas variáveis para controlar

ADAPTAÇÃO DO ORGANISMO DOS PRATICANTES


(morfológico, funcional, técnico, tático e psicológico)
COMPETIÇÃO
Treino
vs
níveis de especificidade
No Futebol diz-se, frequentemente, que conforme
se quer JOGAR assim se deve TREINAR, o que
sugere uma relação de interdependência e
reciprocidade entre a preparação e a
competição.
Modelo de gestão do controle do processo jogo/treino (Barbosa, 2014)
Como passamos a informação aos jogadores
Observação e Análise do Processo de Treino
Esta relação é consubstanciada por um dos princípios
do treino, o princípio da ESPECIFICIDADE,, que
preconiza que sejam treinados os aspectos que se
prendem com o JOGO (estrutura do movimento,
estrutura da carga, natureza das tarefas, etc.), no
sentido de viabilizar a maior transferência possível das
aquisições operadas no treino para o contexto
específico das partidas.
INTERDEPENDÊNCIA entre a preparação e a competição

COMPETIÇÃO PREPARAÇÃO

Adequada Inadequada

Adaptações Adaptações
específicas inespecíficas

Resultados eficazes

Resultados ineficazes
PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE

O treino, ou as situações do treino, só são verdadeiramente


Específicas quando houver uma permanente e constante
relação entre as componentes táctico-técnicas individuais e
colectivas, psicocognitivas, físicas e coordenativas, em
correlação permanente com o Modelo de Jogo Adoptado e
respectivos Princípios que lhe dão corpo.

Assim sendo, só existe Especificidade quando:

as situações de treino são realmente Específicas e


não apenas Situacionais.
• Grau de identidade existente entre o ET e o nível
de concordância com a lógica interna do jogo

Estrutura Natureza

Especificidade
objectivo diversidade
conteúdo profundidade
forma
Princípios da especificidade

Direcções fundamentais

ET específico concordante com Aplicação de ET gerais ou especiais


a estrutura funcional da para o desenvolvimento
modalidade parcelar das capacidades físicas,
técnicas

Relações técnico-tácticas e
de ataque-defesa
Competição Jogo
PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE

A operacionalização do novo Princípio da


Especificidade deve assumir várias dimensões:

• dimensão Colectiva;
• dimensão inter-setorial;
• dimensão Setorial;
• dimensão Grupal;
• dimensão Individual.
PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE

O cumprimento do Princípio da Especificidade só é atingido


em toda a sua magnitude quando durante o treino:

▪ os atletas entenderem os objectivos e as finalidades da


situação;

▪ os atletas mantiverem um elevado nível de concentração


durante toda a situação;

▪ o treinador intervier adequada e atempadamente perante a


situação.
Treino
vs
Fadiga
Reacção natural do organismo à
aplicação sistemática do exercício
FADIGA

• Perda de rendimento nas ações executadas a


diferentes intensidades

• Baixa capacidade de recuperação do organismo

• Impossibilidade de gerar uma força requerida ou


esperada

RECUPERAÇÃO = processo que transcorre após o exercício e


que tem por finalidade restabelecer a homeostasia e a
capacidade de trabalho.
ESTADOS DE FADIGA EM TREINO

Zona desenvolvimento do desempenho em treino e na competição

Carga Sobrecarga Sobresolitação Sobretreino


moderada

Distúrbios na
adaptação
Adaptações Adaptações Adaptações
fisiológicas menores fisiológicas positivas fisiológicas óptimas Decréscimo no
desempenho
Ausência de alteração Alterações menores Alterações óptimas Síndrome
no desempenho no desempenho no desempenho sobretreino
FADIGA, RECUPERAÇÃO e ADAPTAÇÃO

Classificação em função do TEMPO:

1.Fadiga Aguda;

2.Fadiga Subaguda ou Sobrecarga;

3.Fadiga crónica ou síndrome de Sobretreino


1. Fadiga Aguda

▪ Ocorre durante o exercício

▪ Fadiga evidente vs Fadiga latente

Diminuição da capacidade de Trabalho

Manutenção por solicitação dos recursos funcionais

▪ As reacções são do tipo:

- Aumento da FC;

- Aumento do débito ventilatório;

- Aumento do lactato no plasma sanguíneo.


2. Fadiga Subaguda ou Sobrecarga;

• Decorre da acumulação da carga de um ou vários

microciclos de treino relativamente intensos e/ou

poucas sessões de repouso.

• O tempo de recuperação pode demorar semanas.

Pode estar prevista para posterior supercompensação


3. Fadiga crónica ou síndrome de Sobretreino

Aparece depois de vários microciclos nos quais a relação

treino/recuperação se vai desequilibrando sucessivamente;

Ocasiona um quadro sistémico de fadiga (que é sempre

geral);

Diminuição do rendimento,

Considerado um estado patológico;

O tempo de recuperação é lento –meses


Síndrome de Sobretreino

O que é?

É um tipo de fadiga patológica.

O que provoca?

Diminuição crónica do rendimento.

Quais os sintomas?

Sintomatologia relativamente complexa.


Síndrome de Sobretreino–causas
(Verdugo e XabierLeibar, 1997)

Relativamente à aplicação de cargas

Erros na organização estrutural do treino (construção


de exercícios, sessões, microciclos, mesociclos, macrociclos);

Excesso nas cargas de treino, em qualquer das suas


componentes ou soma dos mesmos (volume, intensidade,
duração e densidade);

Desrespeito pelo princípio da progressão das cargas;


Síndrome de Sobretreino – causas
(Verdugo e XabierLeibar, 1997)

Relativamente à aplicação de cargas

Inicio do treino após períodos de lesão ou outras


doenças com cargas excessivas;
Exigências técnicas excessivas que provocam
saturação do SNC;
Alterações no horário de treino que promovam uma
demasiada proximidade entre sessões fortes.
Síndrome de Sobretreino–causas
(Verdugo e XabierLeibar, 1997)

Relativamente aos processos de Adaptação

Descansos excessivamente reduzidos;


Má ou escassa utilização de meios favoráveis á
recuperação (alimentação, massagens, hidroterapia,...);
Alterações hábitos de vida, sono, alimentação, etc
(treino invisível).
Síndrome de Sobretreino–causas (Verdugo e
XabierLeibar, 1997)

Relativamente a Competições

Inadequada eleição de competições intermédias;


Excessivas competições de carácter importante e
proximidade entre as mesmas;
Excessiva afectividade ante estas e desgaste
associado.
Síndrome de Sobretreino–sintomas

Sintomas e sinais relacionados com o stress e


sobretreino geralmente referidos na literatura:

Alteração cardio-circulatória;
Situação catabólica(aumento da hormona cortisol);
Alteração da função reprodutora;
Diminuição no rendimento e recuperação;
Predisposição a infecções;
Alterações comportamentais.
Síndrome de Sobretreino–sintomas
(Terradose García, 2004)

Alterações Psicológicas (i)

Sentimento de depressão;
Ansiedade;
Perca de auto-estima;
Apatia geral;
Retardamento psico-motor;
Instabilidade emocional;
Síndrome de Sobretreino–sintomas
(Terradose García, 2004)

Alterações Psicológicas (ii)

Dificuldade de concentração no treino;


Medo da competição;
Alterações de personalidade;
Diminuição da capacidade de decisão;
Abandono perante dificuldades;
Insónias
Síndrome de Sobretreino–sintomas
(Terradose García, 2004)

Alterações de estado geral (i)

Cansaço geral;
Insónias;
Sudoração Nocturna;
Sede;
Perda de apetite;
Perca de Peso;
Síndrome de Sobretreino–sintomas
(Terrados e García, 2004)

Alterações de estado geral (ii)

Cefaleias e Náuseas;
Alterações gastrointestinais;
Dores musculares e tendinosas;
Aumento de incidência de catarro e alergias;
Aumento do risco de infecções;
Febre;
Reactivação de Herpes
Prevenção do Sobretreino

O que o treinador pode fazer?

Diário de Treino;
Observação;
Monitorização fisiológica (controlo FC)
Avaliação e Controlo (c/ ou s/ auxilio de outros
profissionais –médicos; fisiologistas, etc..).
Prevenção do Sobretreino
Diário de Treino

Este instrumento recolhe os seguintes parâmetros e


indicadores de fadiga:

Percepção de fadiga (RPE -Escala de Borg Clássica: 6 a 20);

Sono (3 níveis -Bom, regular, mau);


Apetite (3 níveis -Bom, regular, mau);
Infecções (as que o atleta referir);
FC basal;
FC noite;
Peso
Prevenção do Sobretreino –
Acções de Eliminação da Fadiga
(Terrados, Mora-Rodrigueze Padilla, 2004)

Recuperação intrasessão

Aquecimento adequado;
Banhos com água gelada (ou massagem com gelo);
Recuperação activa (corrida de baixa intensidade);
Restituição hídrica;
Prevenção do Sobretreino –
Acções de Eliminação da Fadiga
(Terrados, Mora-Rodrigueze Padilla, 2004)

Recuperação intersessão (i)

Retorno à calma no final da sessão;


Massagem;
Sauna;
Hidromassagem;
Banhos de contraste;
Massagem com gelo;
Treino
vs
Destreino
Destreino é um processo que afeta o desempenho
através da diminuição da capacidade fisiológica
devido à readaptação dos sistemas corporais às
alterações dos estímulos fisiológicos induzidos pelo
treino.
• Lesão/acidente

• Final da época desportiva

• Fim/interrupção da carreira desportiva


“Continuum” da estimulação pelo treino

Destreino

Manutenção

Efeito do treino

Desenvolvimento

Sobretreino
Ao interromper-se um programa de treino ou a prática
regular de atividades físicas ocorre á perda das
adaptações fisiológicas adquiridas durante o período de
treino.

Esses pontos são comuns em diferentes modalidades,


sendo uma resposta do nosso organismo a esta súbita
parada (Weineck, 1999).

Quando ocorrem mudanças de função ou atividade, o


organismo e os órgãos adaptam-se isoladamente a essas
modificações, desta forma a falta de estímulos do treino
pode conduzir a uma atrofia muscular (Weineck, 2003).

O destreino trás para o atleta alterações de caráter físico,


psicológico, de relações sociais e ambientais.
Esta área de estudo ainda é um “pouco” desconhecida
pelos profissionais do desporto, não existe muito trabalhos
de investigação …

Num mundo do desporto que ensina, treina, mas no final


não “consolida” o trabalho desenvolvido ao longos anos
e jornadas cansativas de treino (López cazón, 2008);
Inerente aos benefícios adquiridos com o treino é o
princípio da reversibilidade, o qual mostra que quando
o treino é suspenso ou reduzido, os sistemas corporais se
reajustam de acordo com a diminuição do estímulo (Coyle, 1994).
Princípio da reversibilidade

• Os aparelhos, órgãos e células e estruturas


celulares, que deixem de ser sujeitos à aplicação de
uma determinada carga funcional regridem em
organização funcional e capacidade funcional até ao
nível que tinham anteriormente.

…. os efeitos benéficos do treino não são cumulativos, mas,


transitórios, acometendo mesmo os atletas com anos de treino.
Princípio da reversibilidade

Diferentes ritmos de reversibilidade ….

ET grande volume e Reversibilidade menos


baixa intensidade acentuada - prolongado
ET baixo volume e Reversibilidade evidente -
elevada intensidade Breve
ET Força muscular Prolongado
(aumento da massa muscular)

• ET que determinaram aquisições mais


prolongadas – reversibilidade menos acentuada,
mantêm-se mais tempo
Dentre os vários efeitos, o destreino acarreta em
perda das adaptações do sistema cardiovascular
(adaptações centrais) e das adaptações metabólicas
do músculo esquelético (adaptações periféricas), que
foram adquiridas com o treino (Evangelista e Brum, 1999).

Essas são perdas a curto e médio prazo e são perdas


do trato fisiológico.

Sabe-se que o atleta perde muito mais que suas


adaptações metabólicas (Sousa, 2004) Moraes (2003),
… a saudade da prática do desporto e do
reconhecimento social ( os adeptos, os autógrafos, o
carinho das pessoas, o convívio em grupo, a falta de status
social, as perdas financeiras), são momentos que afligem

os atletas após o final da carreira.


O destreino deve ser um processo planeado com
redução progressiva das cargas de treino a fim de
retardar e/ou minimizar as perdas cardiovasculares,
metabólicas, musculares e hormonais (Sousa, 2004)
A INTERVENÇÃO DO TREINADOR
CONCEPÇÃO DE JOGO bem
definida, um conjunto de
IDEIAS, de grandes PRINCÍPIOS
dentro de um determinado
contexto específico.

Desenvolver uma forma específica de jogar

processo de treino intervenção antes, durante e após

estruturação dos exercícios

direccionar a atenção dos


óptimo e fundamental meio de aprendizagem jogadores para os
comportamentos pretendidos
uma configuração Específica,

relação com a organização de jogo

estabelecimento de COMUNICAÇÕES eficientes entre o treinador e os jogadores,

… os jogadores têm de saber o que fazer, para decidirem como fazer, utilizando a resposta
motora mais adequada à situação que lhe for apresentada.
… fundamental perceber a natureza do jogo de
Futebol, a sua lógica interna e sobretudo entender a
sua verdadeira essência táctica.
O Futebol pertence a um grupo de modalidades, que
pelo conjunto comum das suas características, são
habitualmente designadas por jogos desportivos
colectivos (JDC).
CARACTERÍSTICAS COMUNS_JDC
… o principal problema colocado
às equipas e aos jogadores é
sempre de natureza táctica …

O praticante deve saber “o que fazer”,


para poder resolver o problema
imediato …

“o como fazer”, seleccionando e


utilizando a resposta motora mais
adequada
ACTIVIDADE do futebolista

processo de TREINO JOGOS/competições

…multiformidade das ações de um jogo de futebol

Caraterização do jogo de futebol

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