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MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)

Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências


Introdução

Para a maioria do metais e suas ligas utilizados em


engenharia, a temperatura ambiente se situa na faixa:

25 a 50% da temperatura de fusão absoluta, ou seja:

para 0,25 < temperaturas homóloga < 0,50

Temperatura homóloga = Temperatura de Trabalho


Temperatura de fusão

Introdução
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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Nessa faixa de temperaturas o principal mecanismo de


deformação plástica é o escorregamento, que resulta do
movimento das deslocações através da estrutura
cristalina.

Formas práticas de se aumentar a resistência mecânica


consistem em:
Bloquear as possíveis fontes de deslocações ou

Colocar na estrutura cristalina barreiras dispersas


ao movimento das deslocações.
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Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
Introdução

Em alta temperatura, parte da energia necessária para


as deslocações vencerem pequenos obstáculos a seu
movimento será fornecida termicamente.

Quanto maior a temperatura, maior a contribuição


térmica e menor a tensão para deformar o material.
Assim, ocorre uma redução na resistência mecânica.

Introdução
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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Deslocação superando um pequeno obstáculo (A) com


distância (R) pela ação conjunta da tensão aplicada e de
flutuações térmica
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MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
Introdução

De uma forma geral, a resistência mecânica aumenta e


a ductilidade diminui com o aumento na temperatura.

Curvas tensão versus deformação para um aço carbono


comum em função da temperatura
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Introdução
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)

Em relação aos CFC, os metais CCC são mais sensíveis


à redução da temperatura pois, neste caso, os metais
CCC podem apresentar fratura frágil por clivagem.

Efeito da temperatura nas propriedades mecânicas para


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metais CCC (Ta, W, Mo e Fe) e CFC (Ni)
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
Introdução
Em relação aos CFC, os metais CCC são mais sensíveis
à redução da temperatura pois, neste caso, os metais
CCC podem apresentar fratura frágil por clivagem.

Efeito da temperatura nas propriedades mecânicas para


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metais CCC (Ta, W, Mo e Fe) e CFC (Ni)

Parâmetros que Afetam a Tenacidade de


um Aço a Baixas Temperaturas
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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Tenacidade é uma medida da quantidade de energia que


um material pode absorver antes de fraturar.

Pode ser avaliada através


do ensaio de resistência
ao impacto, utilizando-se
um corpo de prova de
Charpy

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Parâmetros que Afetam a Tenacidade de
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências um Aço a Baixas Temperaturas
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Transição do comportamento dúctil para o


comportamento frágil

Efeito da temperatura na energia absorvida


para diferentes materiais
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Parâmetros que Afetam a Tenacidade de


um Aço a Baixas Temperaturas
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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Temperatura de transição dúctil-frágil:


Abaixo dessa temperatura o material é frágil e se
fratura com pequena absorção de energia e baixa
ductilidade.

Acima dessa temperatura o material é dúctil.

De forma mais apropriada, a transição ocorre ao


longo de uma faixa de temperaturas, aumentando
o grau de fragilização à medida que a temperatura
diminui.

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Parâmetros que Afetam a Tenacidade de
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências um Aço a Baixas Temperaturas
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MATERIAIS METÁLICOS PARA ENGENHARIA


C. Bottrel Coutinho
Três métodos para
determinação da
temperatura de transição
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Parâmetros que Afetam a Tenacidade de


um Aço a Baixas Temperaturas
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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A temperatura de transição dúctil-frágil pode ser


determinada de diferentes formas, por exemplo,
considerando-se a temperatura em que:
A superfície de fratura se apresenta metade
dúctil e metade frágil (50% fibrosa)

Totalmente Mista Totalmente


Frágil Dúctil
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Parâmetros que Afetam a Tenacidade de
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências um Aço a Baixas Temperaturas
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A temperatura de transição dúctil-frágil pode ser


determinada de diferentes formas, por exemplo,
considerando-se a temperatura em que:
A superfície de fratura se apresenta metade
dúctil e metade frágil (50% fibrosa)

Modos de fratura em um aço A36 para várias temperaturas


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Parâmetros que Afetam a Tenacidade de


um Aço a Baixas Temperaturas
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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A temperatura de transição dúctil-frágil pode ser


determinada de diferentes formas, por exemplo,
considerando-se a temperatura em que:

Ocorre uma queda na energia absorvida para a


metade do seu valor máximo.

Ocorre 1% de contração lateral medida na


raiz do entalhe.

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Parâmetros que Afetam a Tenacidade de
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências um Aço a Baixas Temperaturas
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Nos metais CFC a ausência de uma transição dúctil-


frágil pode ser explicada pela existência de um elevado
número de sistemas de escorregamento.
Uma vez atingido um obstáculo no sistema CFC, as
deslocações têm maior facilidade de escolher novos
sistemas de escorregamento para continuar o seu
movimento.

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Parâmetros que Afetam a Tenacidade de


um Aço a Baixas Temperaturas
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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Quanto mais fino o tamanho de grão, maior será o limite


de escoamento.

Da mesma forma, quanto mais fino o tamanho de grão,


menor será a temperatura de transição dúctil-frágil, ou
seja, maior será a tenacidade do material.

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Parâmetros que Afetam a Tenacidade de
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências um Aço a Baixas Temperaturas
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Em aços ligados temperados e revenidos uma


granulação austenítica fina resulta em uma
microestrutura martensítica fina, com melhor tenacidade
que uma martensita grosseira.

Para uma granulação austenítica grosseira pode haver


uma maior concentração de impurezas nos contornos de
grão com redução da tenacidade.

Microestruturas de alta dureza formadas por ferrita e


perlita apresentam baixa tenacidade.

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Efeito dos Elementos de Liga nas


Propriedades a Baixa Temperatura
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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Para aços tratados termicamente, deve-se usar o


menor teor de carbono que permita atingir o nível
necessário de resistência mecânica sem
comprometimento da tenacidade.

Nos aços ferríticos-perlítico as lamelas de cementita


(fase frágil) são sítios naturais para a localização
dos mecanismos de fratura.

Quanto maior o teor de carbono, maior a quantidade


de cementita na microestrutura, resultando em
temperaturas de transição mais altas e menores
tenacidades. 18
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling) MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências

Efeito dos Elementos de Liga nas


Efeito dos Elementos de Liga nas

Propriedades a Baixa Temperatura


Propriedades a Baixa Temperatura

um efeito benéfico sobre a temperatura de transição.


C. Bottrel Coutinho
C. Bottrel Coutinho

Em aços de baixa liga normalizados, o manganês tem


MATERIAIS METÁLICOS PARA ENGENHARIA

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MATERIAIS METÁLICOS PARA ENGENHARIA


Efeito dos Elementos de Liga nas
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências Propriedades a Baixa Temperatura
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Uma relação manganês/carbono elevada permite obter


as melhores propriedades de impacto.

Este fato está provavelmente ligado com ao efeito do


refino do grão ferrítico provocado pelo manganês.

O uso de manganês acima de 1% (principalmente em


presença de outros elementos de liga) pode ser deletério
devido à formação de martensita.

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Efeito dos Elementos de Liga nas


Propriedades a Baixa Temperatura
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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O silício e o fósforo aumentam de modo significativo a


resistência mecânica e a fragilidade de ferrita.
Entretanto, um pequeno teor de silício é desejável
devido ao seu poder desoxidante.

O alumínio, em combinação com o silício, produz um


aço desoxidado de granulação fina e melhora
fortemente as propriedades de impacto.

Os elementos intersticiais oxigênio e nitrogênio afetam


de modo adverso a tenacidade dos aços.

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Efeito dos Elementos de Liga nas
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências Propriedades a Baixa Temperatura
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O níquel é o elemento de liga mais benéfico adicionado


aos aços para melhoria da tenacidade.

A combinação da adição de níquel com um apropriado


tratamento térmico no aço, tal como, normalização ou
têmpera seguido por revenimento abaixa
substancialmente a temperatura de transição.

O níquel abaixa gradualmente a temperatura de transição


até teores de 13%, desde que não se forme martensita,
por exemplo, ao se normalizar o aço.

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Efeito dos Elementos de Liga nas


Propriedades a Baixa Temperatura
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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Efeito dos Elementos de Liga nas
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências Propriedades a Baixa Temperatura
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A causa da influência benéfica do níquel pode ser um


refino da microestrutura (tanto da ferrita como da perlita).

O níquel também causa um aumento da energia


superfícial dos aços, dificultando o crescimento de trincas.

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Tipos de Aços Criogênicos, Propriedades e


suas Aplicações
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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C. Bottrel Coutinho
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MATERIAIS METÁLICOS PARA ENGENHARIA
Tipos de Aços Criogênicos, Propriedades e
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências suas Aplicações
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)

Nota-se a ausência de metais CFC dentre aqueles


sujeitos à fragilização a baixas temperaturas.

Em condições de temperaturas muito baixas


(presentes em usinas de refrigeração e de
manipulação e armazenamento de gases liquefeitos)
devem ser usados metais e ligas CFC (mais caros).

Seria de se esperar que apenas metais e ligas CFC


(alumínio, cobre, níquel e suas ligas e os aços
austeníticos) fossem usados para serviços a baixas
temperaturas.
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Tipos de Aços Criogênicos, Propriedades e


suas Aplicações
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
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Entretanto, o fator econômico não pode ser


desprezado e o uso dos aços carbono ligados
(especialmente em grandes estruturas) continua
predominante.

Os aços baixa liga ligados ao níquel merecem


destaque para serviços a baixas temperaturas.

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Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências

C. Bottrel Coutinho
MATERIAIS METÁLICOS PARA ENGENHARIA

suas Aplicações
suas Aplicações

Tipos de Aços Criogênicos, Propriedades e


Tipos de Aços Criogênicos, Propriedades e

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Tipos de Aços Criogênicos, Propriedades e
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências suas Aplicações
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MATERIAIS METÁLICOS PARA ENGENHARIA


C. Bottrel Coutinho
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Tipos de Aços Criogênicos, Propriedades e


suas Aplicações
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)

Observa-se que a resistência mecânica aumenta à


medida que se diminui a temperatura do ensaio.

Também se observa que os aços permanecem


dúcteis mesmo às mais baixas temperaturas de
ensaio.

Em relação à tenacidade, os limites aproximados de


temperatura de serviço são -162oC (5% Ni) e - 196oC
(9% Ni).

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Tipos de Aços Criogênicos, Propriedades e
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências suas Aplicações
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)

O aço baixa liga com 9%Ni é o material mais


econômico para a construção de vasos de grandes
dimensões e resistência mecânica para serviços a
temperaturas abaixo de -196oC.

O aço 9%Ni não possui grande resistência à


corrosão ao contrário dos aços inoxidáveis.

A grande aplicação do aço com 9%Ni é para a


construção de grandes tanques e vasos de
armazenamento e transporte de gás natural
liquefeito.
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Soldagem dos Aços Criogênicos


Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)

Hilkes J., Neessen, F. e Caballero, S.


Electrodes for Welding 9% Nickel Steel
Welding Journal, v. 83, n. 1, Ja 2004, pp. 30-37
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MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
Soldagem dos Aços Criogênicos

Hilkes J., Neessen, F. e Caballero, S.


Electrodes for Welding 9% Nickel Steel 35
Welding Journal, v. 83, n. 1, Ja 2004, pp. 30-37

Soldagem dos Aços Criogênicos


Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)

Estudo de caso: Soldagem do aço baixa liga com 9%Ni


(Avery, R. E. e Parsons, D. – Welding Journal, nov. 1995)

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Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências

Soldagem dos Aços Criogênicos


Soldagem dos Aços Criogênicos
Estudo de caso: Soldagem do aço baixa liga com 9%Ni

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(Avery, R. E. e Parsons, D. – Welding Journal, nov. 1995)
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)
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Soldagem dos Aços Criogênicos
Estudo de caso: Soldagem do aço baixa liga com 9%Ni
(Avery, R. E. e Parsons, D. – Welding Journal, nov. 1995)

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Soldagem dos Aços Criogênicos


Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)

Estudo de caso: Soldagem do aço baixa liga com 9%Ni


(Avery, R. E. e Parsons, D. – Welding Journal, nov. 1995)

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MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
Soldagem dos Aços Criogênicos
Estudo de caso:
Soldagem do aço baixa liga com 9%Ni (Avery, R. E.
e Parsons, D. – Welding Journal, nov. 1995)

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Soldagem dos Aços Criogênicos


Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)

Estudo de caso:
Soldagem do aço baixa liga com 9%Ni (Avery, R. E.
e Parsons, D. – Welding Journal, nov. 1995)

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MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)
Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
Soldagem dos Aços Criogênicos

Leitura complementar:
Electrodes for Welding 9% Nickel Steel
Hilkes J., Neessen, F. e Caballero, S.
Welding Journal, v. 83, n. 1, Ja 2004, pp. 30-37.

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Aços Baixa Liga para Aplicações Criogências
MATERIAIS (Autor: Cícero Murta Diniz Starling)

OBRIGADO PELA ATENÇÃO

Prof. Cícero Murta Diniz Starling


Departamento de Engenharia de Materiais e
Construção
Escola de Engenharia da UFMG
cicerostarling@ufmg.br

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