A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA
In: ROBINS, R. H. Linguística Geral. Porto Alegre: Globo, 1977.
A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA
In: HECKLER e BACK. Curso de linguística. São Leopoldo: UNISINOS, 1988.
O estudo linguístico é um estudo científico da linguagem, por que é realizado com
o controle das variáveis, os métodos usados podem ser publicados e os resultados
verificados.
Concluindo: é um estudo empírico, exato e, por isso, objetivo.
Este estudo é feito a partir da descrição da língua, da forma como ela é usada
pelos falantes. Outrora, a preocupação do estudo era prescritiva, isto é, ditavam-se normas
para o que era certo ou errado. Não é está, atualmente, a função da linguística cujo
enfoque como vimos, é cientifico, oposto ao anterior, que era humanístico. Os dois
enfoques, na verdade, se complementam. Após a descrição científica, o pedagogo tem
condições de dizer o que está certo ou errado.
Como toda ciência, a linguística procura a causa (as causas) através da pesquisa
dos efeitos perceptíveis e analisáveis. Os dados que temos à disposição são os
fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos. Analisando estes elementos, chegamos
à formulação de leis que regem (causam) estes dados, culminando o seu conjunto na
linguagem humana. Por isso, e porque a linguística tem um método próprio, deve ser
considerada uma verdadeira ciência.
O termo ciência tem sido usada na definição de Linguística Geral. Ele pode ser
entendido de duas maneiras. Em termos mais amplos, refere-se ao fato de que o estudo
da língua em geral e de línguas em particular, como foi descrito no resumo acima, é
considerado meritório da atenção dos pesquisadores, e que um corpo sistemático de fatos
e teorias está constituído ao seu redor. Em termos mais específicos e particulares, indica a
atitude tomada hoje pela linguística na direção de seu objeto de estudo, e nisto, talvez, ela
marque uma característica definida da Linguística do século XX.
Ao dizer-se que a Linguística é uma ciência, em termos mais restritos, estamos
dizendo que ela trata com um corpo específico de material, a saber a língua escrita e fala,
e que procede por operações que podem ser descritas e comunicadas publicamente, e
justificadas por referência a princípios determinados e por teorias passíveis de formulação.
O seu propósito neste procedimento é a análise do material e a elaboração de afirmações
gerais que resumam e, tanto quanto possível, relacionem a regras e regularidades a
variedade infinita dos fenômenos (enunciados verbais ou escritos) que estão a seu
alcance. Em suas operações e afirmações ela é guiada por três princípios da ciência:
Exaustividade: o tratamento adequado de todo material importante;
Consistência: a ausência de contradição entre as diferentes partes de uma afirmação
completa;
Economia: pela qual, quando certas coisas são iguais, uma afirmação ou análise menor,
empregando menos termos, é preferível a uma mais longa ou mais complexos.
Pode-se tomar mais precisa a posição da Linguística dentro das ciências. Ela é
uma ciência empírica, visto que sua matéria de estudo, tanto falada quanto ouvida, é
observável pelos sentidos, os movimentos dos órgãos vocais, as sensações de fala como
percebidas pelos falantes, e a escrita como vista e lida. Dentro das ciências empíricas, a
Linguística é uma das ciências sociais, uma vez que os fenômenos que formam sua
matéria de estudo são parte do comportamento de homens e mulheres em sociedade, em
interação com seus companheiros.