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Curso: FILOSOFIA (Bacharelado)

Disciplina: Estética
Tutor: Professor Luiz Geraldo da Silva
Aluno: Antonio Carlos Martins Lima
Unidade (Polo): São Paulo-SP
RA: 8142288
Turma: DGFIB2102SPOAOD (Calendário: B1)

PORTFÓLIO 1

1) Qual era a relação entre Arte e Ciência na Filosofia Grega segundo Ricardo Costa?

Alexander Baumgarten (1714-1762) criou o termo estética e deu a ela o status de “ciência
filosófica do belo”, contudo, desde Platão, esta simbiose entre arte e ciência se fez presente, já
que o platonismo não diferencia os dois conceitos, chegando mesmo a enuncir que “o
raciocínio era uma arte”.

Outro filósofo grego que tratou da questão arte x ciência foi Aristóteles ao discorrer sobre o
bem e o belo, trouxe a reflexão de que “erram os que que afirmam que as ciências
matemáticas não dizem nada a respeito do belo e do bem” e complementa seu raciocício
dizendo que “as supremas formas do belo são: a ordem, a simetria e o definido, e as
matemáticas os dão a conhecer mais do que todas as outras ciências” (aristóteles, Metafícia,
xiii, 3, 1078b, 35)

2) Como Ricardo da Costa aborda o conceito de ordem para tratar das abordagens a respeito
da arte no período clássico grego e medieval?

Foi no enunciado aristotélico já abordado no item anterior que Ricardo da Costa baseou a
partida de sua abordagem conceitual sobre o tema ao trazer as palavras do filósofo que disse
“as supremas formas do belo são: a ordem, a simetria e o definido”, o autor nos mostra a
origem dessa visão filosófica que junta ordem e arte.

Mais adiante, Santo Agostinho também trouxe este tema a baila ao dizer que “tudo o que
existe está contido na ordem”
Sêneca trouxe para a discussão sobre o belo o que Ricardo Costa definiu como “fruição
intelectual do filósofo”, nas palavras de Sêneca a seu discípulo Lucílio “ (...) Se queres saber
em que consiste e donde provém o verdadeiro bem, vou dizer-to: consiste na boa conciência,
nos propositos honestos, nas acções justas, no desprezo pelos bens fortuitos, no ritmo
tranquilo e constante de uma vida que trilha um único caminho.”. Dessa epístola, Costa chega
a conclusão de que “a beleza consite, portanto, na aquisição da Sabedoria, que, por sua vez, é
a instalação da ordem na vida, a paz interna, a felicidade do mundo espiritual autônomo e
independente do agir no mundo”.

Já Plotino, em capítulo onde trata do belo em seus escritos denominado Enéadas, aprofundou
o que o neoplatonismo já nos apontava, banhado nas águas metafísicas de Sócrates e Platão.
Para Plotino, a simetria estava no cerne da beleza “a beleza visível resulta da simetria das
partes”.

Santo Agostinho volta a cena e evoca Pitágoras ao dizer que “o número é belo”. Agostinho
coloca a beleza como a “bondade do Criador” e completa dizendo que “isso pode ser atestado
pela bela ordem das coisas na natureza e a beleza das proporções do Universo, que foi feito
com peso, número e medida (A Cidade de Deus, Livro xii, cap. xxii).”

Após a terra arrasada deixada pela queda do império romano e as invasões bárbaras e o
protagonismo assumido pela igreja católica na educação, a arte voltou a ser assunto filosófico
com a chegada de escritórios e filósofos surgidos antes do Renascimento, tendo o autor
destacado Boécio e Izidoro de Sevilha. Para Boécio, a beleza se encontrava na “proporção das
partes”

Segundo o autor, a chegada do Renascimento Carolíngio trouxe a estética para assuntos que
se coadunavam com pensamentos clássicos, resumidos em termos como ordem e verdade.

3) Quais foram as múltiplas visões a respeito do corpo no artigo sugerido para análise?

A visão estóica, especiamente em Cícero, trouxe, segundo o autor, a centralidade do corpo


como elemento que ligava o belo de Platão ao ético de Aristóteles, apontando, segundo
Ricardo da Costa, o “belo como uma composição das partes do corpo” que também era,
sobretudo, a “firmeza de caráter devivada da virtude”.

Em Agostinho, sob a égide da filosofia cristã, o corpo passa a ter um valor diverso da prisão a
que Platão o comparou. Santo Agostinho também trouxe a visão de que “acima da beleza do
corpo estava a da alma”, apontando, contudo, que ambas seriam indisociáveis, uma vez que
ressucistarão juntas no juízo final.

4) Apresente dois trechos do artigo de Ricardo da Costa que, em sua análise, examinam
informações adicionais às explictadas em nosso material didático a respeito da arte/estética.
Justifique as suas escolhas.

Nas unidades que são objeto da atual fase de estudos (I e II), não constam abordagens sobre
Boécio e Santo Agostinho, as quais, a meu ver, são fundamentais para entender a evolução da
estética. Creio que esses filósofos devem ser abordados em outros ciclos de estudo.

Após a análise geral dos dois materiais, no entanto, posso destacar esses dois trechos que não
observei no CRC:

1 - No artido de Ricardo da Costa há um exemplo muito bem detalhado sobre “O


DESENVOLVIMENTO DO CONTRAPOSTO”, onde, a partir da foto de duas esculturas: I
Efebo de Kritios (c. 480 a. C.). Mármore, 0,85 m. Museu da Acrópole, Atenas. Estátua tal-
vez de um atleta.
II Doríforo (lanceiro) de Policleto (c. 450–440 a. C.). Cópia de uma
original grego. Mármore, 1,98 m, Museu Nacional de Nápoles.

Essas fotos demonstram claramente a evolução na busca da perfeição preconizada por


Aristóteles, ao evocar que a filosofia deve ser a ciência da verdade, logo, a própria imitação
da natureza, no caso, os corpos ali retratados, precisariam representar tal verdade à perfeição.

Costa aponta, a partir da visão das imagens trazidas nesses dois exemplos, que o Doríforo de
Policleto “o contrapposto está muito mais acentuado e a diferenciação entre as metades direita
e esquerda do corpo pod ever-se em cada músculo. A rotação da cabeça, a precisão dos
pormenores anatômicos e as harmoniosas proporções da figura deram fama ao Doríforo como
encarnação do ideal clássico do corpo masculino. Passou a ser conhecido como o canon
absoluto.” JANSEN, H. W. História Geral da Arte, vol. i, p. 186.

Senti falta desse exemplo prático no CRC da disciplina, pois a visão das imagens corrobora
com a informação teórica.
2 – Ricardo da Costa aborda em seu artido a Estética Estoica, apontando Cícero (106–43 a.
C.) como “um verdadeiro vaso transmissor da filosofia grega para o mundo latino”. Ainda
Segundo o autor, Cícero “mesclou as definições platônicas e aristotélicas e uniu o Belo ao
mundo da Ética: o belo, além de uma composição das partes do corpo, era também, e
sobretudo, a firmeza de caráter derivada da virtude”.

Embora essa abordagem tenha sido abordada no CRC como sendo um preceito trazido por
Santo Agostinho, me pareceu importante citar que tal visão já havia sido trazida na filosofia
de Cícero.

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