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Informações acerca do Processo Administrativo Ambiental

As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o


direito de ampla defesa e o contraditório, e obedecidos os princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, publicidade, segurança jurídica, interesse
público, impessoalidade, boa-fé e eficiência.
Assim, os servidores públicos encontram-se sujeitos aos mandamentos legais, sob pena de
praticar, dentro de suas atividades funcionais na Administração Pública, atos inválidos, expondo-se
à apuração da responsabilidade disciplinar, criminal ou civil, de acordo com o caso.

Esse site abaixo descreve um passo a passo bem interessante:


Fases do Processo Administrativo Ambiental: auto de infração e notificação
(advambiental.com.br)

Estrutura e fases do processo administrativo para apuração de infração


ambiental em âmbito federal

1. Lavratura do auto
Constatada a ocorrência de infração administrativa ambiental, é lavrado auto de infração, em
impresso próprio ou por meio digital, com informações tais como: a identificação do autuado, a
descrição clara e objetiva das infrações administrativas constatadas e a indicação dos respectivos
dispositivos legais e regulamentares infringidos, local e horário da infração, não devendo conter
emendas ou rasuras que comprometam sua validade.
2. Intimação do autuado
Após a lavratura, o autuado é cientificado, com direito ao contraditório e a ampla defesa
assegurado. Caso o autuado se recuse a dar ciência do auto de infração, o agente autuante certificará
o ocorrido na presença de duas testemunhas e o entregará ao autuado.
Nos casos de evasão ou ausência do responsável pela infração administrativa, o auto de infração é
encaminhado à unidade administrativa responsável pela apuração da infração, que o encaminhará ao
autuado por via postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a sua ciência,
instaurando-se então, o processo administrativo ambiental.
3. Audiência de Conciliação
Por ocasião da lavratura do auto de infração, o autuado é notificado para, querendo, comparecer
ao  órgão  ambiental em data e horário agendados, a fim de participar de audiência de conciliação
ambiental, cujo objetivo é explanar ao autuado as razões de fato e de direito que ensejaram a
lavratura do auto de infração e apresentar as soluções legais possíveis para encerrar o processo, tais
como o desconto para pagamento, o parcelamento e a conversão da multa em serviços de
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
Assim, por força do § 1º do art. 97-A, do Decreto  9.760/2019, o prazo para apresentação de Defesa
Prévia fica suspenso pelo agendamento da audiência de conciliação, e o seu curso se iniciará a
contar da data de sua realização.

4. Defesa Prévia
No caso de não comparecimento na audiência ou insucesso na conciliação, inicia-se o prazo de 20
dias para que o autuado aprsente defesa prévia, que deverá ser formulada por escrito e conter os
fatos e fundamentos jurídicos que contrariem o disposto no auto de infração e termos que o
acompanham, arrolar testemunhas, bem como a especificação das provas que o autuado pretende
produzir a seu favor, devidamente justificadas, e requerer o pagamento da multa com 30% de
desconto.
O autuado poderá ser representado por advogado legalmente constituído, que poderá elaborar todos
os atos do processo administrativo, devendo anexar a procuração.
Vale ressaltar, que os atos administrativos gozam de presunção de veracidade e legitimidade,
cabendo ao infrator autuado desconstituí-los. É por isso que se sugere ao autuado, sempre constituir
advogado especializado na área ambiental para representá-lo, a fim de apresentar uma defesa prévia
bem elaborada.
É importante frisar, que a defesa prévia apresentada fora do prazo ou em órgão ambiental
incompetente, ou ainda, por quem não seja legitimado, não será conhecida e o autuado será
considerado revel, confirmando o auto de infração ambiental e ensejando na cobrança da multa, que
se não for paga administrativamente, será inscrita em dívida ativa e cobrada judicialmente por meio
de execução fiscal, com a incidência de juros, correção monetária, custas e despesas processuais,
além de honorários advocatícios devidos à Procuradoria do órgão exequente.
Por isso é importante que o autuado fique atento, porque o valor original da multa aplicada, poderá
facilmente dobrar ou até mesmo triplicar de valor.

5. Manifestação à Defesa Prévia


Apresentada a Defesa Prévia, o mesmo Agente Fiscal que lavrou o auto de infração ambiental,
apresentará uma manifestação em relação à consistência e coerência das provas e alegações do
autuado, opinando favorável ou não à manutenção do auto, e em seguida, encaminhará os autos do
processo administrativo à Autoridade Ambiental Fiscalizadora, que intimará o autuado para
apresentar alegações finais.

6. Alegações Finais
Após o Agente Fiscal se manifestar sobre a defesa prévia, o autuado é intimado para apresentar
Alegações Finais para impugnar as alegações do agente fiscal, no prazo máximo de 10 (dez) dias
contados do recebimento da intimação, que será realizada por via postal com aviso de recebimento,
ou por outro meio válido que assegure a certeza de sua ciência, como pessoalmente ou por edital.
7. Julgamento em 1ª Instância
Decorridas as fases anteriores, com ou sem apresentação de defesa prévia ou alegações finais, o
processo administrativo é encaminhado para julgamento da  Autoridade  Ambiental Fiscalizadora,
que procederá a Decisão Administrativa de Penalidade com imparcialidade, sempre de maneira
motivada, clara e congruente, com a indicação dos fatos e fundamentos jurídicos em que se baseou,
podendo anular o auto de infração ambiental; minorar, manter ou majorar o valor da multa, ou
indicar e determinar as medidas a serem adotadas, respeitados os limites estabelecidos na legislação
ambiental vigente, notificando o autuado da decisão.

8. Recurso à Autoridade Superior


Da decisão proferida pela autoridade julgadora, cabe recurso administrativo, no prazo de  20 dias, o
qual será dirigido à autoridade julgadora da defesa prévia, que pode reconsiderar sua decisão no
prazo de 05 dias, ou encaminhar a autoridade superior, que poderá confirmar, modificar, anular ou
revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida.

No entanto, para o recurso ser admitido, é necessário que o autuado preencha alguns requisitos:
I – indicação do órgão ambiental federal e da autoridade a que se dirige;
II – identificação do recorrente ou de seu representante;
III – indicação do número do auto de infração e do respectivo processo;
IV – endereço do recorrente, inclusive eletrônico;
V – formulação de pedido, exposição dos fatos e seus fundamentos; e,
VI – data e assinatura do recorrente ou do Advogado representante.

Por outro lado, o recurso não será conhecido quando o autuado interpuser recurso:
1. fora do prazo;
2. perante órgão incompetente; III – por quem não seja legitimado;
3. depois de exaurida a instância administrativa; ou,
4. com o objetivo de discutir a multa após a assinatura de termo de compromisso de
conversão ou de parcelamento.

Aqui é importante destacar, que o recurso não tem efeito suspensivo, exceto quando se tratar da
penalidade de multa e na hipótese de justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação, de
ofício ou a pedido do recorrente.
Por exemplo, a legislação prevê a destruição da embarcação utilizada para fins de pesca ilegal, e
isso acontecerá se a defesa prévia for indeferida. No entanto, se o autuado requerer o efeito
suspensivo quando da interposição do recurso, a embarcação não será destruída, salvo se o recurso
também for indeferido.
Cabe ressaltar, a possibilidade do autuado ingressar com uma ação anulatória do auto de infração
ambiental, requerendo liminarmente, no caso do nosso exemplo acima, a devolução da embarcação
na condição de fiel depositário. Essa ação judicial pode ser ajuizada em qualquer fase do processo
administrativo ambiental ou após seu trânsito em julgado.
Da decisão de segunda instância, não cabe mais recurso, e se a decisão for desfavorável, o autuado
será notificado para cumprir a decisão, a qual aplicará alguma das penalidades previstas no
art. 3º do  Decreto  6.514/08, tais como, a multa, a destruição dos objetos, a demolição de obra, etc.
No entanto, o autuado poderá ingressar com uma ação judicial com pedido liminar para suspender
as penalidades, as quais somente terão eficácia após o trânsito em julgado do processo  judicial , ou
seja, após o esgotamento de todos os recursos, o que poderá levar anos, ou até décadas. Enquanto
isso, as obrigações impostas ao autuado através do auto de infração poderão ficar suspensas.

PRESCRIÇÃO:

A prescrição no processo administrativo ambiental acarreta no arquivamento dos autos, sem


a imposição de penalidade, porém, poderá acarretar na obrigação de reparar o dano ambiental na
esfera cível.

Os prazos prescricionais podem ser resumidos assim:

Prescrição da pretensão punitiva: 5 anos


Prescrição da pretensão punitiva na modalidade intercorrente: 5 anos
Prescrição da pena de multa: 2 anos
Já as causas interruptivas da prescrição, que quando incidem, extingue o tempo prescricional
já contabilizado e inicia-se sua contagem do zero, podem ser assim resumidas:

- pelo recebimento do auto de infração ou pela cientificação do infrator por qualquer outro meio,
inclusive por edital;
- por qualquer ato inequívoco da administração que importe apuração do fato; e
- pela decisão condenatória recorrível.

No entanto, em se tratando de infrações ambientais também capituladas como crimes


ambientais, o prazo a ser observado na instância administrativa é aquele previsto na legislação
penal.

Importante destacar que esse artigo trata apenas e especificamente da prescrição ocorrida
antes e depois da lavratura do auto de infração ambiental, não abrangendo a prescrição intercorrente
e executória que são temas de outros artigos e podcasts encontrados no site.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA


O prazo prescricional para o exercício da ação punitiva dos órgãos ambientais federais, no
exercício do poder de polícia, é regulado pela Lei 9.873/99, a qual prescreve que é de 5 anos,
contados da data da prática do ato, ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em
que esta tiver cessado, o prazo objetivando apurar a prática de infrações contra o meio ambiente,
salvo se a infração também constituir crime ambiental.

Aqui importante observar, que a prescrição não se interrompe pela mera lavratura do auto de
infração, mas sim, pelo recebimento do auto pelo autuado ou pela cientificação do infrator por
qualquer outro meio, inclusive por edital.
Isso significa que, o prazo de 5 anos para a Administração Pública apurar a prática de
infrações ambientais, compreende a data da prática do ato, ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que esta tiver cessado, até a efetiva ciência do autuado.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA NA MODALIDADE INTERCORRENTE


A prescrição da pretensão punitiva na modalidade intercorrente ocorre quando, entre a data
da notificação do autuado, ainda que por edital, e a aplicação da penalidade cabível, transcorrer
mais de 5 anos ou, se a infração também constituir crime ambiental, o prazo previsto no do artigo
109 do Código Penal.

Assim, considerando que o autuado já tenha sido notificado, ainda que por edital, a
prescrição somente se interrompe por qualquer ato inequívoco da administração que importe
apuração do fato, assim considerados aqueles que impliquem instrução do processo, ou, pela
decisão condenatória recorrível.

PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA


A prescrição da pena de multa ocorre quando, entre a data da notificação do autuado e a
decisão condenatória recorrível transcorrer o prazo de 2 anos, conforme expressa previsão do artigo
114, inciso I, do Código Penal, o qual prevê prescrição da pena de multa em 2 anos quando esta for
a única cominada ou aplicada.

Não se desconhece a independência entre as esferas administrativa e penal. No entanto, o


exercício da ação punitiva da Administração Pública Federal é regulado pela Lei 9.873/99, de modo
que, se a conduta imputada também constituir crime ambiental, os prazos prescricionais a serem
observados são os da lei penal, inclusive para a multa administrativa.

Assim, sobrevindo decisão da autoridade julgadora ao final do procedimento administrativo


que impõe única e exclusivamente a penalidade de multa pecuniária simples ou diária , observa-se
se, entre a data da notificação do autuado, ainda que por edital, e a decisão administrativa
condenatória transcorreu lapso temporal superior a 2 anos, observada as causas interruptivas. Se
sim, estará prescrita a pena de multa, não podendo ensejar nenhuma cobrança.

TABELA DA PRESCRIÇÃO AMBIENTAL


Há diferentes tipos de prescrição, e quando o fato objeto da ação punitiva da Administração
também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.

Mas há infrações administrativas que não configuram crimes ambientais, caso em que o
prazo da ação punitiva da Administração Pública será quinquenal.
Contudo, atente-se que há hipóteses de alteração do prazo prescricional da pretensão
punitiva, como, ser o agente menor de 21 anos na data do fato ou ser o agente maior de 70 anos na
data da decisão administrativa, ocasião em que os prazos acima deverão ser contados pela metade.

A tabela que elaboramos a seguir contém os prazos prescricionais aplicáveis no processo


administrativo para fins da pretensão punitiva da Administração, com a devida correspondência
entre infrações administrativas e os respectivos crimes ambientais, quando assim forem
consideradas, ao passo que, se não constituírem crime, a prescrição, como visto, será de 5 anos.

CORRESPONDÊNCIA Pena máxima prevista para o tipo penal Prazo da prescrição da


pretensão punitiva, inclusive na modalidade intercorrente

Infração Administrativa Decreto 6.514 Crimes Ambientais Lei 9.605/98

Sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 467, que assim dispõe:
“Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.”

Desse modo, resta consolidado que o prazo prescricional para cobrança da multa aplicada
em virtude de infração administrativa ao meio ambiente é de cinco anos, que se inicia a partir do
término do processo administrativo que apura a suposta ilegalidade, ou seja, a contar da data da
constituição definitiva do crédito.
Além disso, no processo administrativo ambiental, aberto para apurar a infração, pode
ocorrer a prescrição intercorrente (quando a perda da pretensão acontece no curso do processo),
consoante dispõe o art. 21, § 2º, do Decreto nº 6.514/2008, in verbis:
Art. 21. (…)
§ 2º. Incide a prescrição no procedimento de apuração do auto de infração paralisado por mais de
três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício
ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade
funcional decorrente da paralisação”
Portanto, a prescrição intercorrente incide, quando a administração pública, se mantém
inerte na apuração do suposto ilícito, melhor dizendo, o ente responsável pela apuração dos fatos,
não demonstra interesse em punir o infrator pelo dano causado ao meio ambiente, deixando o
processo administrativo parado, pendente de julgamento ou despacho, sem qualquer justificativa,
por mais de três anos.

Com isso, diante do entendimento explanado anteriormente, tem-se que, cabe à


administração pública observar o prazo para movimentação adequada do processo administrativo,
bem como executar as dívidas antes do prazo de cinco anos, sob pena de perda da pretensão de
cobrar eventual crédito oriundo de multa administrativa, ocasionada em razão de sua inércia, o que
culminará na extinção da execução fiscal ou mesmo dar azo ao ajuizamento da medida cabível para
anulação da multa.

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