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Thaís Barbosa
A leitura e a escrita são atividades mentais muito complexas, que podem ser
definidas e investigadas sob vários pontos de vista. Porém, seja qual for o ponto de vista,
2005).
comunicar ter sido adquirida. Mas, atualmente, ser analfabeto é estar em profunda
desvantagem no mundo moderno (Ellis, 1995) e vários esforços estão sendo feitos por
erradicado.
transmitir mensagens; sendo assim, baseia-se na linguagem oral. Este fato tem
aprendizagem sistemática e formal para sua aquisição, diferente da linguagem oral, cujo
estimulante, no qual a linguagem é utilizada (Santos e Navas, 2002). Desse modo, o bom
alfabetização.
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No caso do Português, o sistema de escrita é o alfabético, ou seja, as letras
bastante eficiente, pois os leitores podem ler palavras que nunca viram antes sem ter de
memorizar padrões simbólicos correspondentes a elas. Porém, isso não quer dizer que
sua aprendizagem seja mais fácil, já que são necessárias várias habilidades; duas das
complexa ― como ocorre no Inglês, por exemplo. Assim, quanto mais irregular e ambígua
for a escrita, mais longo e difícil será o processo de alfabetização e maior será a
relação à escrita como à leitura. O Português é uma língua quase regular, pois a leitura é
bem mais transparente que a escrita em si. Essa dissociação justifica a facilidade da
a consoante <X> (caixa alta?), que pode ser associada, independentemente da posição,
aos fonemas /ʃ/ (com em chuva ou xícara), /s/ (como em trouxe), /ks/ (com em táxi) ou /z/
(como em exercício). Outra é a vogal <e>, que pode ser associada aos fonemas /ɛ/ ou /e/,
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como nas palavras <vela> e <medo>, respectivamente. Por fim, a vogal <o> pode ser
escrita, o português possui mais irregularidades, que são os sons /ʃ/ (escrito com “ch” ou
“x”); /s/ (escrito com “s, ss, c, x, xc, ç, sc"); /z/ (escrito como “s,z”); /ʒ/ (escrito com “g” ou
“j”); /ks/ (escrito com “x, cç, cc, cs”) (Salles, 2005).
estudos, é o fato de a fala não ser composta de sons isolados, mas sim da junção de
sons. Essa junção pode ser considerada “silábica”, o que torna a representação alfabética
alfabetização será melhor e mais fácil, até para as crianças que tenham alguma
dificuldade de entender esse processo. Nos métodos que não utilizam os fonemas, essa
podem apresentar maiores dificuldades, pois acabam por não alcançar plenamente essa
compreensão.
A leitura pode ser feita através de duas rotas, ou caminhos (modelo de dupla-rota
― Ellis e Young, 1988; Ellis, 1995): a fonológica e a lexical. Na rota fonológica, a leitura
fonemas são combinados, formando a palavra. Já na rota lexical, a palavra já deve ter
sido vista anteriormente e a ativação é feita por meio do todo, da palavra inteira (forma
ortográfica).
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Palavra Escrita
Sistema de
Análise Visual
Léxico de Input
Visual
NÂO SIM
É uma palavra
ROTA conhecida? ROTA LEXICAL
FONOLÓGICA
Sistema de Léxico
Segmentação Ortográfico
Ortográfica
Sistema de
Conversão de
Léxico Auditivo
Segmentos
Linguístico
Ortográficos
em fonológicos
Ffonológicos
Sistema de
Síntese
Sistema
Fonológica
Semântico
Sistema
Semântico
Fala
Figura 2 - Adaptação do fluxograma proposto por Capovilla e Capovilla (2000)
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O primeiro módulo envolvido no processamento de uma palavra impressa é o
sistema de análise visual. Este processamento tem duas funções principais: identificar
O léxico de input visual irá verificar se aquela palavra pode ser conhecida ou
não. A partir deste módulo será determinada qual das rotas iremos usar na leitura.
Se a sequência de grafemas (letras) não for conhecida, a leitura é feita pela rota
letras ou grupos de letras que são transformados em fonemas (sons) pelo sistema de
síntese dos fonemas pelo sistema de síntese fonológica, que são enviados ao sistema
de produção fonológica, que irá realizar a programação motora para que a palavra seja
falada. A leitura por meio dessa rota não ativa o sistema semântico diretamente, sendo
necessário que a palavra seja articulada, silenciosamente ou em voz alta, para que seja
ativado. Porém, se a palavra não for conhecida, isso pode não acontecer e a palavra não
será compreendida.
palavra será reconhecida pelo léxico ortográfico, que é um dicionário mental com todas
as palavras que foram lidas com certa frequência e que podem ser reconhecidas à
linguístico, que irá transformar a palavra lida em sons, o que ativa o sistema semântico,
onde está armazenado o significado das palavras. Este sistema pode não ser ativado e,
nesse caso, a palavra não será compreendida. Por fim, os sons também são enviados ao
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sistema de produção fonológica, que irá realizar a programação motora para que a
palavras comuns que ela encontra com grande frequência, ficando atenta para o formato
visualmente semelhantes. Para evitar isso, a criança deve passar para o próximo estágio.
No início, esse processo é muito lento, pois é necessário decodificar cada letra ou
grupo de letras em sons e, ao final, juntá-los para formar a palavra. Além disso, as
palavras irregulares são muito difíceis de serem lidas e escritas. Com a prática, a leitura
se torna mais rápida e pode-se ler qualquer palavra nova (com exceção das irregulares),
além de a criança passar a processar agrupamentos de letras cada vez maiores, em vez
das letras individuais, chegando a processar e ler de memórias palavras inteiras se estas
forem muito comuns. Nesta etapa, a criança está entrando no terceiro estágio, o
ortográfico.
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3) Ortográfico: a criança aprende que existem palavras que envolvem
para que possa ler e escrever adequadamente. Neste estágio, a criança concentra-se na
memorização das exceções às regras. Neste ponto, o sistema de leitura está completo e
a criança passa a tirar cada vez mais vantagem da frequência com que as palavras
aparecem, conseguindo lê-las cada vez mais rápido e com maior fluência, por meio do
estratégias anteriores, mas usa sim todas elas dependendo do tipo de material a ser lido
ou escrito (ex.: materiais como sinais de trânsito tendem a serem lidos pela estratégia
logográfica).
Como foi dito anteriormente, é a natureza do material lido que irá determinar o
caminho pelo qual iremos ler. No caso da leitura de palavra, isso será determinado pelas
palavras menos frequentes são lidas pela rota fonológica, pois é necessária uma
segmentação e conversão de cada letra ou grupo de letras em cada fonema, por não
estarem memorizadas.
pode haver três tipos: 1) regular – cada grafema corresponde a um único fonema (ex.:
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de posição (ex.: “s” entre vogais tem som de “z”); 3) irregulares – a correspondência
leitura e na escrita do português não são as mesmas, pois nosso sistema ortográfico é
podem ser lidas adequadamente por meio da rota lexical, pois devemos memorizar como
aquela palavra deve ser falada, já que a correspondência é arbitrária. Se forem lidas pela
rota fonológica, irão ocorrer erros como ler “taxi” como “tachi”.
inventadas palavras que seguem as regras de combinação do português, mas que não
faladas. Estas pseudopalavras só podem ser lidas através da rota fonológica, pois
também não fazem parte da nossa memória. Já as palavras existentes podem ser lidas
mais curtas são lidas com mais precisão pela rota fonológica do que pela lexical. Assim,
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deficiente, todo o processo de desenvolvimento da leitura será comprometido (Salles,
2005).
e o das rotas aplicado à leitura também podem ser aplicados à escrita. Dessa forma, a
pela escrita por meio do acesso direto ao léxico, sem necessidade de mediação
2009).
Devido ao fato de o nosso sistema de escrita ser alfabético e usarmos mais a rota
os sons verbais nos níveis de palavra, sílaba e fonema, com a atenção voltada para a
estrutura da palavra (Pereira e Schochat, 1997). Além disso, existe uma hierarquia em
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estimulação da consciência do fonema melhora a alfabetização, pois permite à criança
FONEMAS DO PORTUGUÊS
- VOGAIS
/a/ - o som é feito com a boca bem aberta e representado pela letra <A>;
/ɛ/ - som feito com a boca um pouco mais fechada do que o /a/, representado pela
/e/ - som feito com a boca um pouco mais fechada do que o /ɛ/, também
representado pela letra <E>, mas pronunciada de forma fechada, como na palavra
<ELE>;
/i/ - fonema realizado com os lábios mais fechados e esticados, representado pela
letra <I>;
/o/ - fonema feito com os lábios arredondados e um pouco mais fechados do que o
fonema /ɔ/, também representado pela letra <O>, pronunciado de forma fechada,
/u/ - fonema realizado fazendo um bico com os lábios, representado pela letra <U>.
- CONSOANTES
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/f/ - som feito com os dentes centrais superiores encostados no lábio inferior. O ar
passar entre eles, sendo um som longo. Representado pela letra <F>;
/v/ - produzido como o som /f/, mas com vibração das cordas vocais. Representado
dentes e também é um som longo. Representado pelas letras <S>, <C>, <Ç>,
/z/ - produzido como o som /s/, mas com vibração das cordas vocais. Representado
/ʃ/ - som feito com os dentes fechados e lábios fazendo um leve bico. O ar passa
/Ʒ/ - produzido como o som /ʃ/, mas com vibração das cordas vocais. Representado
/p/ - som produzido com os lábios fechados e que se abrem, finalizando o som,
/b/ - produzido como o som /p/, mas com vibração das cordas vocais.
/t/ - som feito com a boca um pouco aberta e com a ponta da língua atrás dos
/d/ - produzido como o som /t/, mas com vibração das cordas vocais. Representado
/k/ - som produzido com a boca aberta e a parte posterior da língua tocando no céu
da boca. Também é um som curto. Representado pelas letras <C>, <K> e <QU>;
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/g/ - produzido como o som /k/, mas com vibrações das cordas vocais.
/m/ - som produzido com os lábios fechados, com vibração nasal. Representado
/n/ - som feito com a boca um pouco aberta e com a ponta da língua atrás dos
dentes centrais superiores. Também tem vibração nasal. Representado pela letra
<N>;
/ɲ/ - som realizado com a boca um pouco aberta e com o meio da língua tocando o
/l/ - som realizado com a boca aberta e a ponta da língua tocando atrás dos dentes
/ʎ/ - som realizado com a boca um pouco aberta e com o meio da língua tocando o
/R/ - fonema reproduzido com a boca aberta e a parte posterior da língua tocando o
céu da boca, realizando uma vibração. Representado pelas letras <R> no início da
/r/ - fonema produzido com a boca aberta e a ponta da língua tocando o céu da
boca atrás dos dentes superiores centrais, realizando uma vibração. Representado
caipira”.
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