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UNIRIO/ Escola de Nutrição

Nutrição e Dietética I

Professor: Michel Carlos Mocellin

Micronutrientes

Paulo Roberto Costa Camargo


Fevereiro - 2022
Sumário
Ácido Pantotênico ....................................................................................................................1
Biotina ......................................................................................................................................3
Cobre ........................................................................................................................................5
Cromo.......................................................................................................................................7
Fósforo .....................................................................................................................................9
Magnésio................................................................................................................................12
Niacina ...................................................................................................................................15
Piridoxina ...............................................................................................................................18
Riboflavina .............................................................................................................................21
Selênio....................................................................................................................................24
Tiamina...................................................................................................................................27
Vitamina K ..............................................................................................................................30
Zinco .......................................................................................................................................34
Referências bibliográficas.......................................................................................................37

ii
Ácido Pantotênico
O ácido pantotênico é a designação comum para o composto dihidroxi-β,β-dimetilbutil-β-alanina
(vitamina B5).

Forma encontrada nos alimentos


Cerca de 85% do ácido pantotênico da dieta está na forma de coenzima A (CoA) ou fosfopanteteína
e assim se encontram nos alimentos. Essas formas são convertidas em ácido pantotênico por enzimas
digestivas (nucleosidases, peptidases e fosforilases) no lúmen intestinal e nas células intestinais [1].

Forma biológica ativa


O ácido pantotênico é metabolicamente ativo como CoA e proteína portadora de acila (ACP). A vita-
mina B5 deve ser convertida em ácido pantotênico livre para que as células intestinais a absorvam
[2].

Principais alimentos fontes


Quase todos os alimentos vegetais e animais contêm ácido pantotênico em quantidades variáveis.
Carnes bovina e de frango, grãos inteiros e vegetais são as principais fontes do ácido pantotênico [2].
Os tecidos animais e vegetais comestíveis contêm altas concentrações de ácido pantotênico. O pro-
cessamento de alimentos, entretanto, pode causar perdas significativas deste composto (de 20% a
80%) [2].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


No lúmen do intestino, CoA e ACP são hidrolisados em 4'-fosfopanteteína. A 4'-fosfopanteteína. Esse
composto é, então, desfosforilado em panteína. A panteinase é a enzima intestinal que hidrolisa a
panteína em ácido pantotênico livre [2].
O ácido pantotênico livre é absorvido pelas células intestinais por meio de um sistema de transporte
ativo saturável dependente de sódio (e, possivelmente, difusão simples em doses mais altas). A pan-
teína, a forma desfosforilada da fosfopanteteína, no entanto, é primeiro absorvida pelas células in-
testinais e convertida em ácido pantotênico antes de ser liberada na corrente sanguínea [2].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


Como foi dito anteriormente, a absorção é saturável, isto é, quando a ingestão aumenta 10 vezes, a
taxa de absorção diminui para 10% [3].

Transporte plasmático
Plasma contém somente essa vitamina forma ácida. Eritrócitos carreiam de 20–55% de toda vita-
mina no sangue [4].

Funções corporais
Todos os animais requerem ácido pantotênico para sintetizar a CoA - essencial para o metabolismo
dos ácidos graxos e importante também para sintetizar e metabolizar proteínas, carboidratos e gor-
duras [4].

Excreção e fatores que afetam a excreção


O ácido pantotênico é excretado na urina. Isso ocorre após sua liberação do CoA. As quantidades
urinárias são da ordem de 2,6 mg/dia, mas diminuem para quantidades insignificantes quando os
indivíduos foram alimentados com dietas sem vitamina. Excreção de menos de 1 mg de ácido panto-
tênico por dia sugere deficiência [4].

1
Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente
O ácido pantotênico não é medido rotineiramente em pessoas saudáveis. Ensaios de crescimento
microbiológico, bioensaios com animais e radioimunoensaios podem ser usados para medir as con-
centrações do ácido pantotênico no sangue, urina e tecido, mas as concentrações urinárias são os
indicadores mais confiáveis devido à sua estreita relação com a ingestão alimentar. Como as concen-
trações urinárias, as concentrações de ácido pantotênico no sangue total se correlacionam com a
ingestão de ácido pantotênico, mas medir o ácido pantotênico no sangue requer um pré-tratamento
enzimático para liberar o ácido pantotênico do CoA. As concentrações sanguíneas normais de ácido
pantotênico variam de 1,6 a 2,7 mol/L, e as concentrações sanguíneas abaixo de 1 mol/L são con-
sideradas baixas e sugerem deficiência. Ao contrário das concentrações de sangue, os níveis plasmá-
ticos de ácido pantotênico não se correlacionam bem com as mudanças na ingestão [5].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


O ácido pantotênico é levado para as células em sua forma de ácido livre. Na maioria dos tecidos,
isso é mediado pelo transportador de membrana SMVT (transportador multivitamínico dependente
de Na+ – sigla em inglês); no entanto, a absorção por eritrócitos e pelo cérebro ocorre por difusão. A
absorção ativa do ácido pantotênico resulta em suas concentrações celulares muito maiores (fígado,
10-15 μM; coração ∼100 μM) do que os de plasma (1–5 μM). Após a absorção celular, a maioria das
vitaminas combina-se com a adenina cistemina, adenina e ribose-3′-fosfato, convertendo-o em CoA
- a forma intracelular predominante - 70-90% das quais está nas mitocôndrias. Os eritrócitos meta-
bolizam a vitamina para ácido fosfopantênico, que, sem as enzimas para produzir CoA, acabam por
se acumular [3].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


O Food and Nutrition Board (FNB) dos Estados Unidos não foi capaz de estabelecer o nível de in-
gestão superior tolerável para ácido pantotênico porque não há relatos de toxicidade do ácido pan-
totênico em humanos com altas doses. Alguns indivíduos que tomam grandes doses de suplementos
de ácido pantotênico (por exemplo, 10 g/dia) desenvolvem diarreia leve e desconforto gastrointesti-
nal, mas o mecanismo para esse efeito não é conhecido [3].
Como parte do ácido pantotênico está presente em quase todos os alimentos, a deficiência é rara,
exceto em pessoas com desnutrição grave. Quando alguém tem uma deficiência de ácido pantotênico,
geralmente é acompanhada por deficiências em outros nutrientes, tornando difícil identificar os efei-
tos que são específicos da deficiência de ácido pantotênico. Os únicos indivíduos conhecidos por te-
rem desenvolvido deficiência de ácido pantotênico foram alimentados com dietas contendo pratica-
mente nenhum ácido pantotênico ou estavam tomando um antagonista metabólico do ácido panto-
tênico [3].
Com base nas experiências de prisioneiros de guerra na Segunda Guerra Mundial e estudos de dietas
sem ácido pantotênico em conjunto com a administração de um antagonista do metabolismo do
ácido pantotênico, uma deficiência está associada a dormência e queimação nas mãos e pés, dor de
cabeça, fadiga, irritabilidade, inquietação, sono perturbado e distúrbios gastrointestinais com ano-
rexia [3].

Interações com outros nutrientes


O ácido pantotênico é conhecido por não ter qualquer interação clinicamente relevante com medi-
camentos [5].

2
Biotina
Biotina, também chamado de vitamina B7, é uma das vitaminas do complexo B. Ela está envolvida
em uma ampla gama de processos metabólicos, principalmente relacionados à utilização de gordu-
ras, carboidratos e aminoácidos. O nome biotina deriva da palavra grega “bios” (viver) e do sufixo
“-in” [6].

Forma encontrada nos alimentos


A estrutura da biotina é formada por dois anéis, sendo um com grupo ureído e o outro contendo
cadeia lateral formada por átomo de enxofre e ácido valérico na cadeia lateral. Nos alimentos de
origem animal ou vegetal, a maior parte da biotina encontra-se ligada a enzimas, sendo que apenas
uma pequena parte é encontrada na forma livre [6].

Forma biológica ativa


Quando ocorre proteólise da enzima, há liberação da biocitina, composto hidrossolúvel metabolica-
mente ativo [6].

Principais alimentos fontes


A biotina é encontrada em muitos alimentos, seja na forma livre que é absorvida diretamente pelos
enterócitos, seja como biotina ligada às proteínas da dieta. Gema de ovo, fígado e fermento são fontes
ricas em biotina [7].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


Em baixas concentrações, a biotina livre é absorvida através do enterócito por dois processos medi-
ados por transportadores. Sua captação é facilitada por um transportador multivitamínico depen-
dente de Na+ (SMVT) ligado à membrana apical (borda em escova). O tráfego intracelular de SMVT
envolve vesículas de tráfego distintas, a rede microtubular e a proteína motora do microtúbulo dine-
ína. O processo não é específico para a vitamina, pois SMVT também atua na captação celular de
ácido pantotênico e ácido lipóico, aos quais se liga com afinidades semelhantes e podem inibir a
absorção de biotina. Na membrana basolateral, outro transportador dependente de Na + está envol-
vido na translocação da biotina para o plasma. O SMVT é regulado pela proteína quinase C, que pode
fosforilar o transportador [2].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


Acredita-se que a expressão reduzida de SMVT seja a razão da baixa absorção de biotina observada
em alcoólatras, mulheres grávidas e pacientes com doença inflamatória intestinal, dermatite sebor-
reica ou em uso de anticonvulsivantes ou nutrição parenteral de longo prazo [2].
Para a difusão passiva, tanto a biotina livre quanto a biocitina não hidrolisada podem ser absorvidas
por difusão, principalmente no jejuno. Isso se torna fisiologicamente significativo apenas em con-
centrações luminais menores que 5 μM; mesmo assim, a biocitina é menos bem absorvida do que a
vitamina livre [2].

Transporte plasmático
A biotina está presente em pequenas quantidades no plasma. Menos da metade é biotina livre, sendo
o restante composto de bisnorbiotina, sulfóxido de biotina e outros metabólitos não identificados.
Cerca de 7% estão fracamente ligados não especificamente à albumina e β-globulinas e outras pro-
teínas. Estima-se que 12% estejam ligados covalentemente a proteínas, predominantemente biotini-
dase, que possui sítio de ligação de biotina de alta e baixa afinidade e acredita-se que funcione como
um transportador de biotina [2].

3
Funções corporais
A biotina funciona como um cofator ligado covalentemente necessário para a atividade biológica das
cinco conhecidas carboxilases dependentes de biotina em mamíferos. Esse cofator não proteico é
conhecido como "grupo protético". A ligação covalente da biotina à apocarboxilase (ou seja, carbo-
xilase inativa cataliticamente) é catalisada pela enzima, holocarboxilase sintetase (HCS). O termo
"biotinilação" refere-se à adição covalente de biotina a quaisquer moléculas, incluindo apocarboxi-
lases e histonas. HCS catalisa a biotinilação pós-tradução do grupo épsilon amino de um resíduo de
lisina no sítio ativo de cada apocarboxilase, convertendo a apocarboxilase inativa em uma holocar-
boxilase totalmente ativa. Resíduos de lisina particulares dentro da cauda N-terminal de histonas
específicas, que ajudam a empacotar o DNA em núcleos eucarióticos, também podem ser biotinila-
dos [7].

Excreção e fatores que afetam a excreção


A excreção da biotina livre ocorre nos rins, contra gradiente de concentração. A biotina não incorpo-
rada às carboxilases é oxidada e metabolizada, sendo excretada na urina. Há pequena excreção biliar,
e quantidades expressivas de biotina são encontradas nas fezes, derivada da síntese por bactérias. A
captação tecidual da biotina é relativamente lenta e o sistema de transporte, saturável. Quando isso
ocorre, a reabsorção é reduzida e há excreção renal de biotina [2].

Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente


O status da biotina pode ser avaliado de duas maneiras: análise de metabólitos no plasma e na urina
e pelo grau de saturação de enzimas dependentes de biotina [2].
Um dos primeiros indicadores de deficiência de biotina quando a concentrações circulantes de car-
nitina 3-hidroxiisovaleril, e seu ácido carnityl-3-hydoxyisovaleric derivado estão elevadas. A concen-
tração no plasma de biotinina e seus metabólitos são menos informativos, pois tendem a permanecer
estáveis em condições de deficiência moderada [2].
A avaliação do grau de saturação de enzimas dependentes de biotina é útil para determinar o status
da biotina. Essa avaliação aproveita a ligação in vitro de biotina por linfócito propionyl-CoA carbo-
xylase (PCC). Como os indivíduos normalmente têm a maioria dos PCC ligados à biotina, a estimu-
lação da atividade do PCC por biotina adicionada indica não-saturação devido ao status de biotina
abaixo do ideal [2].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


A absorção de biotina em células é facilitada pelo SMVT, que também funciona na captação celular
de ácido pantotênico e ácido lipóico. A absorção de biotina por células mononucleares de sangue
periféricos, e talvez outras células linfoides, parece ser facilitada e ocorre por um transportador mo-
nocarboxilato (MCT1), que mostra um Km três ordens de magnitude menor que o transporte mediado
pela SMVT e não é inibido competitivamente por ácidos pantotênicos ou lipóicos. A distribuição in-
tracelular da biotina faz um paralelo com a de suas carboxilases. É encontrado principalmente no
citoplasma (a localização primária do acetil-CoA carboxilase) e mitocôndrias (nas quais o MCT1 foi
detectado). Uma pequena quantidade (menores que 1%) é encontrada no núcleo, que se pensa que
reflete a ligação às histonas, pois aumenta (para 1% do total de biotina celular) com proliferação
celular [2].
Biotina regula seus próprios níveis intracelulares. Isso envolve uma nova função da holocarboxilase
synthetase (HCS), que se move para o núcleo quando a biotina está disponível e silencia o transpor-
tador SMVT para biotina. O silenciamento genético resulta de mudanças na estrutura da cromatina
que afetam sítios específicos. Acredita-se que a translocação do HCS seja regulada por proteínas de
tirosina e proteínas contendo Zn que direcionam a proteína para regiões específicas de cromatina
[2].

4
Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)
Os sinais de deficiência de biotina incluem dermatite esfoliativa ao redor de olhos, nariz e boca. O
quadro é caracterizado pela ausência de glândulas sebáceas, semelhante ao encontrado na deficiên-
cia de ácidos graxos essenciais. A deficiência causa alopecia por atrofia dos folículos pilosos, conjun-
tivite e ataxia [6].

Interações com outros nutrientes


Grandes doses de ácido pantotênico têm o potencial de competir com a biotina pela absorção intes-
tinal e celular pelo transportador multivitamínico dependente de sódio (SMVT). A biotina também
compartilha o SMVT com o ácido α-lipóico. Descobriu-se que doses farmacológicas (muito altas) de
ácido α-lipóico diminuem a atividade de carboxilases dependentes de biotina em ratos, mas tal efeito
não foi demonstrado em humanos [7].

Cobre
O cobre é um cofator essencial para as reações de oxidação - redução envolvendo oxidases contendo
cobre. As enzimas relacionadas ao cobre regulam várias vias fisiológicas, como produção de energia,
metabolismo do ferro, maturação do tecido conjuntivo e neurotransmissão [8].

Forma encontrada nos alimentos


Cobre está distribuídos por todos os órgãos de animais, estando a maior parte no fígado e no sangue.
O cobre está presente principalmente na enzima superóxido-dismutase e no plasma ligado à cerulo-
plasmina. [8]

Forma biológica ativa


No corpo, o cobre muda entre as formas Cu + e Cu+2, embora a maior parte do cobre esteja na forma
Cu+2. A capacidade do cobre de aceitar e doar elétrons facilmente explica seu importante papel nas
reações de oxidação - redução (redox) e na eliminação de radicais livres [9].

Principais alimentos fontes


O cobre está presente no leite e produtos lácteos em pequenas quantidades. Entretanto, também
podem-se encontrar quantidades pequenas em óleos, ovos, vegetais, frutas e cereais. Os alimentos
fontes de cobre são considerados: leguminosas, nozes, carnes e frutos do mar [8].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


A dieta normal de adultos tem de 2 a 5 mg de cobre. Desse total, estima-se que entre 1,0 e 1,6 mg/dia
seja absorvido principalmente no duodeno. O mecanismo de transporte na borda em escova é o de
difusão não mediada, e a transferência através da membrana basolateral é por carregador saturável,
dependente de energia. No enterócito, o cobre encontra-se ligado à metalotioneína [9].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


A absorção varia inversamente com a quantidade de cobre ingerido, enquanto a excreção endógena
varia diretamente com a ingestão [8].

Transporte plasmático
Após a absorção, o cobre é transportado ligado principalmente à albumina e à transcupreína, sendo
captado em sua maior parte pelo fígado e pelos rins. No fígado com certeza e nos rins muito prova-
velmente, é sintetizada a apoceruloplasmina, à qual o cobre é incorporado. O cobre ligado à cerulo-
plasmina é liberado na circulação e entregue às células da mesma forma que aquele ligado à albu-
mina, transcupreína e aos aminoácidos [8].

5
Funções corporais
O cobre é integrante de uma série de importantes enzimas, as cuproenzimas, tanto como cofator
quanto como componente alostérico, algumas das quais são fundamentais à vida e à sobrevivência
das células. Assim, o cobre está envolvido nas seguintes funções [8]:
• Respiração celular
• Defesa contra radicais livres
• metabolismo do ferro
• Síntese de tecido conectivo
• Síntese de melanina
• Neurotransmissão normal

Excreção e fatores que afetam a excreção


Por volta de 50% do cobre ingerido é excretado pelas fezes. A principal rota de excreção é via bile e
esse cobre é menos reabsorvido do que o de outras secreções gastrintestinais. O cobre da bile, o pro-
veniente de células intestinais, fluidos pancreáticos e intestinais e ainda o cobre dietético não absor-
vido são então eliminados nas fezes [8].

Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente


O cobre pode ser avaliado por testes no plasma do sangue. A análise é realizada por meio de espec-
trometria de massas com plasma indutivamente acoplado - ICP/MS.
Valores de referências são:
Crianças:
0 a 6 meses ............ : 20,0 a 70,0 µg/dL
6 meses a 18 anos ... : 80,0 a 190,0 µg/dL
Adultos:
Homens .................. : 70,0 a 140,0 µg/dL
Mulheres ............... : 80,0 a 155,0 µg/dL
Mulheres Gestantes : 128,0 a 302,0 µg/dL

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


A ingestão dietética excessiva de zinco pode diminuir a absorção de cobre em adultos. Esse fato pode
ser o resultado pela competição por transportador comum nas células intestinais: a metalotioneína.
Porque essa proteína tem maior afinidade pelo cobre do que pelo zinco, o cobre é retido nos eritró-
citos e sua absorção é reduzida. Essa resposta tem sido usada para diminuir a absorção de cobre em
pacientes com doença de Wilson [8].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


Em humanos, a deficiência de cobre ocorre por erro inato do metabolismo, doenças de Wilson e de
Menkes, e por baixa ingestão alimentar e/ou aumento na excreção [8].
A doença de Wilson, autossômica recessiva, relaciona-se com o depósito de cobre. A excreção de
cobre pelo trato biliar está diminuída e pelo trato urinário está aumentada [8].
A doença de Menkes, hereditária, ligada ao cromossomo X, é caracterizada por má distribuição de
cobre (baixos níveis séricos, níveis adequados no fígado e cérebro e acúmulo na mucosa intestinal,
músculos, baço e rins) e por síntese prejudicada de ceruloplasmina, superóxido-dismutase e cito-
cromo-oxidase. Essas alterações resultam em afecção cerebral degenerativa, lesões ósseas, alteração
de cabelo, retardo do crescimento e artérias defeituosas [8].

6
Em indivíduos com síndrome de má absorção (doença celíaca, fibrose cística, síndrome do intestino
curto), episódios de diarreia recorrente ou prolongada, perda anormal de bile, fístula intestinal, pelo
aumento da perda de cobre gastrintestinal [8].
Esse mesmo quadro pode ser observado em pacientes recebendo nutrição parenteral prolongada,
sem a devida suplementação de cobre. Mais recentemente, a literatura registra a necessidade de su-
plementação de cobre após cirurgia bariátrica em virtude da associação entre os procedimentos
dessa cirurgia e a subsequente deficiência de cobre [8].

Interações com outros nutrientes


Relativamente pouco se sabe sobre a interação do cobre com drogas. A penicilamina é usada para
ligar o cobre e aumentar sua eliminação na doença de Wilson, um distúrbio genético que resulta em
sobrecarga hepática de cobre. Como a penicilamina aumenta drasticamente a excreção urinária de
cobre, os indivíduos que tomam o medicamento por outras razões que não a sobrecarga de cobre
pode ter uma necessidade maior de cobre [9].
O estado nutricional adequado de cobre é necessário para o metabolismo normal do ferro e a forma-
ção de glóbulos vermelhos. A anemia é um sinal clínico de deficiência de cobre. Descobriu-se que o
ferro se acumula nos fígados de animais com deficiência de cobre, indicando que o cobre (via ceru-
loplasmina contendo cobre) é necessário para o transporte de ferro para a medula óssea para a for-
mação de glóbulos vermelhos [9].
A ingestão de suplementos de zinco acima de 50 mg/dia por longos períodos pode resultar em defi-
ciência de cobre. A alta ingestão de zinco na dieta aumenta a síntese de uma proteína celular intesti-
nal chamada metalotioneína, que se liga a certos metais e impede sua absorção, prendendo-os nas
células intestinais. A metalotioneína tem uma afinidade mais forte com o cobre do que com o zinco,
então altos níveis de metalotioneína induzidos pelo excesso de zinco causam uma diminuição na
absorção do cobre. Em contraste, a alta ingestão de cobre não afetou o estado nutricional do zinco
[9]
As dietas ricas em frutose exacerbaram a deficiência de cobre em ratos, mas não em porcos, cujo
sistema gastrointestinal é mais parecido com o dos humanos. Níveis muito elevados de frutose na
dieta (20% do total de calorias) não resultaram em depleção de cobre em humanos, sugerindo que a
ingestão de frutose não resulta em depleção de cobre em níveis relevantes para dietas normais [9].
O efeito dos suplementos de vitamina C no estado nutricional de cobre em humanos é menos claro.
Dois pequenos estudos em homens adultos jovens saudáveis indicam que a atividade da oxidase da
ceruloplasmina pode ser prejudicada por doses relativamente altas de suplementação de vitamina C.
Em um estudo, a suplementação de vitamina C de 1 500 mg/dia por dois meses resultou em um
declínio significativo na ceruloplasmina atividade da oxidase. No outro estudo, suplementos de
605 mg/dia de vitamina C por três semanas resultaram na diminuição da atividade da ceruloplas-
mina oxidase, embora a absorção de cobre não tenha diminuído. Pode-se dizer que não é conclusivo
se a suplementação de vitamina C afeta negativamente o estado nutricional de cobre [9].

Cromo
O cromo (Cr) é um oligoelemento muito comum. A forma predominante de cromo no corpo é o
cromo trivalente (Cr+3), que pode desempenhar um papel na função normal da insulina [10].

Forma encontrada nos alimentos


O estado de oxidação mais estável do cromo em sistemas biológicos é o cromo trivalente (Cr +3), que
forma complexos relativamente inertes com proteínas e ácidos nucléicos. Outra forma comum e es-

7
tável do cromo no ambiente é o cromo hexavalente (Cr +6). O cromo hexavalente é altamente tóxico e
classificado como cancerígeno humano quando inalado [10].

Forma biológica ativa


No ambiente ácido do estômago, o cromo hexavalente pode ser prontamente reduzido a cromo tri-
valente pela redução de substâncias presentes nos alimentos, o que limita a ingestão de cromo hexa-
valente [10].

Principais alimentos fontes


Cromo está presente em muitos alimentos, incluindo carnes, produtos de grãos, frutas, vegetais, no-
zes, especiarias, fermento de cerveja, cerveja e vinho. No entanto, as quantidades de cromo nesses
alimentos variam amplamente, dependendo das condições locais do solo e da água, bem como dos
processos agrícolas e de manufatura usados para produzi-los [11].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


Apenas 0,5 a 2% de cromo presente na alimentação é absorvido. O mecanismo de absorção e trans-
porte de íons de cromo ainda é considerado incerto, mas sabe-se que a absorção do cromo ocorre por
meio de difusão passiva. A forma orgânica possui absorção melhor do que a inorgânica [12].
Acredita‑se que a absorção seja inversamente proporcional ao consumo. Em seres humanos, a por-
centagem de absorção de cromo da alimentação foi maior quando o consumo era menor, indicando
um controle homeostático na absorção desse mineral [12].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


O ácido ascórbico e os inibidores da prostaglandina, como a aspirina, aumentam a absorção de
cromo, enquanto o oxalato e os antiácidos a inibem [11].

Transporte plasmático
Após a absorção, o cromo trivalente entra na circulação por meio da transferrina e de seu receptor,
sendo, então, transferido para a cromodulina, que é um peptídeo que contém glicina, L‑cisteína,
L‑glutamato e L‑aspartato, e quatro íons de cromo trivalente. Caso haja ingestão de cromo na forma
hexavalente, este é rapidamente convertido à forma trivalente após a absorção. O cromo pode ser
transportado pela transferrina e pela albumina, por globulinas e, possivelmente, por lipoproteínas.
Aparentemente, o transporte desse mineral pode ser potencializado pela insulina por meio da trans-
ferrina [12].

Funções corporais
Foi proposto que o cromo trivalente seja o cofator de uma molécula biologicamente ativa que pode
potencializar os efeitos da insulina nos tecidos-alvo [10].
O cromo trivalente parece ter participação na inibição do estresse oxidativo e na produção de citoci-
nas inflamatórias e a falta desse micromineral na alimentação pode causar sérias complicações para
a saúde, como diabetes e problemas cardiovasculares [12].

Excreção e fatores que afetam a excreção


O cromo é excretado principalmente na urina. Em comparação com dietas ricas em carboidratos
complexos (por exemplo, grãos inteiros), as dietas ricas em açúcares simples (por exemplo, sacarose)
resultam em aumento da excreção urinária de cromo em adultos [10].

Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente


Os níveis de cromo urinário são, portanto, um bom indicador da absorção de cromo. No entanto,
como esses níveis estão intimamente relacionados à ingestão recente de cromo, eles não são bons
indicadores de estoques corporais de cromo. O teor de cromo no cabelo pode refletir a ingestão an-

8
terior de cromo. Entretanto, não existem métodos validados para determinar o status do cromo e
nenhum estado de deficiência de cromo clinicamente definido [11].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


A cromodulina é um oligopeptídeo que contém quatro íons de cromo. Quando não possui tais íons
ligados, é denominada apocromodulina. O oligopeptídeo se expressa principalmente no citosol e no
núcleo celular. A sequência dos aminoácidos na estrutura da cromodulina ainda não foi identificada
[12].
A cromodulina parece ser armazenada nas células dependentes de insulina, como adipócitos, mióci-
tos e hepatócitos. A cromodulina favorece a sensibilidade à insulina por meio da estimulação da ati-
vidade da enzima tirosina quinase do receptor insulínico na membrana plasmática. O sítio de ativa-
ção parece estar localizado próximo ou no próprio sítio ativo da tirosina quinase, causando a inibição
da enzima fosfotirosina fosfatase (desativador da tirosina quinase) [12].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


A deficiência de cromo não foi relatada em populações saudáveis, e nenhum sintoma definitivo de
deficiência foi estabelecido [11].
A toxicidade da ingestão oral é considerada baixa porque o cromo ingerido é pouco absorvido, e a
maior parte do cromo absorvido é rapidamente excretado na urina. Como nenhum efeito adverso foi
associado de forma convincente à ingestão excessiva de cromo trivalente de alimentos ou suplemen-
tos, o Food and Nutrition Board (FNB) não definiu um nível máximo de ingestão tolerável para o
cromo. No entanto, apesar das evidências limitadas de efeitos adversos, o FNB reconheceu a possi-
bilidade de um impacto negativo da alta ingestão oral de cromo trivalente suplementar na saúde e
aconselhou cautela [10].

Interações com outros nutrientes


Grandes doses de antiácidos contendo carbonato de cálcio ou hidróxido de magnésio diminuíram a
absorção de cromo em ratos. Por outro lado, anti-inflamatórios não esteroidais, aspirina e indome-
tacina, podem aumentar a absorção de cromo em ratos [10].
Vários tipos de medicamentos têm o potencial de interagir com os suplementos de cromo. Por exem-
plo sabe-se que o cromo pode aumentar a sensibilidade à insulina. Portanto, tomar cromo concomi-
tantemente com insulina pode aumentar o risco de hipoglicemia [11].
Os resultados de alguns estudos indicam que a suplementação de cromo pode reduzir os níveis de
glicose no sangue. Portanto, os suplementos de cromo podem ter um efeito aditivo com a metformina
ou outros medicamentos antidiabéticos e, assim, podem aumentar o risco de hipoglicemia [11].
Um pequeno estudo descobriu que tomar suplementos de picolinato de cromo ao mesmo tempo que
levotiroxina (usado para tratar hipotireoidismo) diminui a absorção de levotiroxina em 6 horas [11].

Fósforo
O fósforo, um mineral essencial, está naturalmente presente em muitos alimentos. Fósforo é um
componente de ossos, dentes, DNA e RNA. O fósforo também é um componente da estrutura da
membrana celular e da molécula ATP – molécula utilizada pelo corpo para intercambiar energia.
Muitas proteínas e açúcares no corpo são fosforilados. Além disso, o fósforo desempenha papel-
chave na regulação da transcrição genética, ativação de enzimas, manutenção de pH normal em flu-
ido extracelular e armazenamento de energia intracelular. Em humanos, o fósforo representa cerca
de 1 a 1,4% da massa sem gordura. Desse total, 85% estão em ossos e dentes, e os outros 15% estão
distribuídos por todo o sangue e outros tecidos [14].

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Forma encontrada nos alimentos
O fósforo é um mineral contido em todas as células do corpo humano. A maior parte do fósforo está
nos ossos e dentes, a outra parte, nos genes. O corpo humano precisa de fósforo para produzir ener-
gia e realizar muitos processos químicos importantes [14].

Forma biológica ativa


O fósforo está naturalmente presente em muitos alimentos e disponível como suplemento dietético.
O fósforo ingerido, proveniente dos alimentos, apresenta-se nas formas orgânica e inorgânica. Os
compostos orgânicos são hidrolisados por fosfatases intestinais até fósforo inorgânico [14].

Principais alimentos fontes


Muitos tipos diferentes de alimentos contêm fósforo, incluindo laticínios, carnes e aves, peixes, ovos,
nozes, legumes, vegetais e grãos. Nos Estados Unidos, os produtos lácteos contribuem com cerca de
20% da ingestão total de fósforo e os produtos de panificação contribuem com 10%. Legumes e
frango contribuem com 5% cada [13].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


A absorção do fósforo ocorre ao longo de todo o intestino delgado: no jejuno, é absorvido por trans-
porte ativo, utilizando o mesmo transportador do sódio; no duodeno e no íleo, a absorção ocorre de
forma passiva, porém dependente de 1,25-di-hidroxivitamina D. A absorção do fósforo pode ser di-
minuída por antiácidos à base de alumínio, que se complexam aos fosfatos e inibem a absorção [13].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


A taxa de absorção do fósforo naturalmente contido nos alimentos é de 40% a 70%. O fósforo de
origem animal tem uma taxa de absorção mais alta do que o das plantas. O cálcio dos alimentos e de
suplementos pode-se ligar ao fósforo e impedir sua absorção. De acordo com análises, uma ingestão
muito alta de cálcio de 2.500 mg/dia liga-se 0,61-1,05 g de fósforo. Em bebês, a biodisponibilidade
do fósforo varia de 85-90% para leite humano a aproximadamente 59% para fórmulas à base de soja
[14].

Transporte plasmático
No sangue, a concentração total de fósforo é de cerca de 40 mg/dL, sendo constituinte dos fosfolipí-
dios de células vermelhas e/ou de lipoproteínas plasmáticas. Já o fósforo inorgânico está presente
no sangue e nos fluidos extracelulares na concentração de 3,1 mg/dL [13]

Funções corporais
O fósforo é o principal componente estrutural do osso na forma de um sal de fosfato de cálcio deno-
minado hidroxiapatita. Fosfolipídios são os principais componentes estruturais das membranas ce-
lulares. Toda a produção e armazenamento de energia são dependentes de compostos fosforilados,
como trifosfato de adenosina (ATP) e fosfato de creatina. Os ácidos nucléicos (DNA e RNA), que são
responsáveis pelo armazenamento e transmissão da informação genética, são longas cadeias de mo-
léculas contendo fosfato. Uma série de enzimas, hormônios e as moléculas de sinalização celular
dependem da fosforilação para sua ativação. O fósforo também ajuda a manter o equilíbrio ácido-
base normal (pH), agindo como um dos mais importantes reservatórios do corpo. Além disso, a mo-
lécula contendo fósforo 2,3-difosfoglicerato (2,3-DPG) se liga à hemoglobina nos glóbulos vermelhos
e regula o fornecimento de oxigênio aos tecidos do corpo [14].

Excreção e fatores que afetam a excreção


Cerca de 200 mg de fósforo são excretados nos fluidos do trato gastrintestinal. No entanto, a maior
parte é reabsorvida pelo organismo. A eliminação do fósforo é feita principalmente pelos rins, assim
como a maioria dos outros íons é eliminada. Em condições normais, o fósforo tem uma taxa de re-

10
absorção renal de cerca de 80%. Esse íon é absorvido nos túbulos proximais por co-transportadores
de sódio/fósforo inorgânicos, e esse processo é fortemente inibido pela presença do paratormônio
(PTH) [12]

Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente


A dosagem de fósforo inorgânico sérico é o indicador mais adequado para avaliar o estado nutricional
em relação ao mineral. Desse modo, caso o fósforo sérico esteja acima dos limites inferiores de nor-
malidade para a idade, pode-se considerar que a ingestão do mineral seja suficiente para atender às
necessidades do organismo, incluindo a formação óssea de indivíduos saudáveis. Entretanto, exis-
tem marcadores bioquímicos da formação e da reabsorção óssea que são importantes para o diag-
nóstico de doenças, como a osteoporose. Esses marcadores são: fosfatase alcalina e osteocalcina plas-
máticas e/ou hidroxiprolina e hidroxilisina urinárias, respectivamente. Também é importante a de-
terminação da concentração de cálcio no plasma e na urina, uma vez que, em casos de suspeita da
deficiência em fósforo, esses biomarcadores costumam estar aumentados [12].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


O fósforo da dieta é prontamente absorvido no intestino delgado. Em indivíduos saudáveis, o fósforo
em excesso é excretado pelos rins sob a ação reguladora dos hormônios endócrinos - hormônio da
paratireóide (PTH), vitamina D e fator de crescimento de fibroblastos-23 (FGF-23). A regulação
aguda das concentrações de cálcio e fósforo no sangue é controlada pelas ações do PTH e da forma
ativa da vitamina D. Uma ligeira queda nos níveis de cálcio no sangue é detectada pelas glândulas
paratireoides, resultando em sua secreção aumentada de PTH, que diminui rapidamente a excreção
urinária de cálcio, mas aumenta a excreção urinária de fósforo e estimula a reabsorção óssea. Isso
resulta na liberação de mineral ósseo (cálcio e fosfato) - ações que restauram as concentrações séricas
de cálcio. Embora a ação não seja imediata, o PTH também estimula a conversão da vitamina D em
sua forma ativa (1,25-diidroxivitamina D; calcitriol) nos rins. O aumento da 1,25-di-hidroxivitamina
D circulante, por sua vez, estimula o aumento da absorção intestinal de cálcio e fósforo. Um terceiro
hormônio, o FGF-23, desempenha um papel central na homeostase do fósforo. O FGF-23 é secretado
por células formadoras de osso (osteoblastos/ osteócitos) em resposta a aumentos na ingestão de
fósforo. Por meio de uma retroalimentação negativa, o FGF-23 inibe a produção e estimula a degra-
dação da 1,25(OH)2D, bem como promove um aumento na excreção urinária de fósforo indepen-
dentemente do PTH e 1,25(OH)2D [14].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


A deficiência de fósforo (hipofosfatemia) é rara e quase nunca é o resultado de baixa ingestão ali-
mentar. Os efeitos da hipofosfatemia podem incluir anorexia, anemia, fraqueza muscular proximal,
efeitos esqueléticos (dor óssea, raquitismo e osteomalacia), aumento do risco de infecção, pareste-
sias, ataxia e confusão. Na maioria dos casos, a hipofosfatemia é causada por condições médicas,
como hiperparatireoidismo, defeitos nos túbulos renais e cetoacidose diabética [12].

Interações com outros nutrientes


Os antiácidos contendo alumínio reduzem a absorção do fósforo da dieta, formando fosfato de alu-
mínio, que não é absorvível. Quando consumidos em altas doses, os antiácidos contendo alumínio
podem produzir níveis anormalmente baixos de fósforo no sangue (hipofosfatemia), bem como agra-
var a deficiência de fósforo por outras causas. A redução da acidez do estômago por inibidores da
bomba de prótons também pode limitar a eficácia da terapia com aglutinante de fosfato em pacientes
com insuficiência renal. Doses excessivamente altas de 1,25(OH)2D, a forma ativa da vitamina D, ou
seus análogos, podem resultar em hiperfosfatemia [14].
Alguns laxantes que contêm fosfato de sódio podem aumentar os níveis de fosfato sérico. Após 13
relatos de mortes associadas à ingestão de uma dose maior do que a recomendada no rótulo de um
laxante contendo fosfato de sódio, o FDA emitiu um alerta de que esses produtos são potencialmente

11
perigosos se forem tomadas mais do que as doses recomendadas, especialmente em pessoas com
doença renal, doença cardíaca ou desidratação [12].
Suplementos de potássio ou poupadores de potássio diuréticos considerados em conjunto com su-
plementos de fósforo podem resultar em níveis sanguíneos elevados de potássio (hipercalemia). A
hipercalemia pode ser um problema sério, resultando em anormalidades do ritmo cardíaco com risco
de vida (arritmias). O fósforo pode interagir com certos medicamentos, e alguns medicamentos po-
dem ter um efeito adverso nos níveis de fosfato [12].

Magnésio
O nome magnésio vem de Magnésia, distrito da Tessalia, nordeste da Grécia, região rica em pedras
de cor prata, compostas por carbonatos, óxidos de magnésio, de manganês e de ferro, como magne-
tita. Essas pedras eram vistas pelos alquimistas como componentes da pedra filosofal. A partir do
século XVII, passaram a ser reconhecidas as virtudes curativas dos sais de magnésio, por suas pro-
priedades laxantes e antiácidas [12].

Forma encontrada nos alimentos


O magnésio está naturalmente presente em muitos alimentos, adicionado a outros produtos alimen-
tícios, disponível como suplemento dietético e presente em alguns medicamentos (como antiácidos
e laxantes) [15].

Forma biológica ativa


Magnésio pode ser encontrado na forma inorgânica ou orgânica. Na forma inorgânica pode ser for-
mulado em sulfato ou hidróxido. Na forma orgânica, pode encontrado na forma quelada. Nas plan-
tas, é constituinte do anel porfírinico da clorofila, o pigmento fotossintético presente nos cloroplas-
tos, ligado covalentemente a quatro átomos de nitrogênio [12].

Principais alimentos fontes


O magnésio é amplamente distribuído em alimentos vegetais e animais e em bebidas. Vegetais com
folhas verdes, como espinafre, legumes, nozes, sementes e grãos inteiros, são boas fontes. Em geral,
os alimentos que contêm fibras fornecem magnésio. O magnésio também é adicionado a alguns ce-
reais matinais e outros alimentos fortificados. Alguns tipos de processamento de alimentos, como o
refino de grãos, reduzem substancialmente o teor de magnésio [15].
Águas mineral ou comum (do sistema de distribuição) também podem ser fontes de magnésio, mas
a quantidade de magnésio na água varia por fonte e marca [15].
Carnes e leite têm um teor intermediário de magnésio, enquanto alimentos refinados geralmente
têm o mais baixo [16].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


A absorção de magnésio ocorre principalmente no intestino delgado (jejuno e íleo), sendo que o colón
também participa desse processo em situações especiais. Cerca de 90% do magnésio alimentar e
absorvido por mecanismo passivo determinado pelo gradiente de concentração e alterações na oclu-
são das junções intercelulares se a ingestão do mineral for alta. Em condições de baixa ingestão, a
absorção do magnésio é ativa e realizada por um subgrupo de transportadores chamados de recep-
tores de potencial transitório do tipo melastatina, especificamente o 6 e o 7 (TRPM6 e TRPM7). Esses
canais iônicos, membros da família alfa quinase, estão envolvidos no fluxo de magnésio para as cé-
lulas. A afinidade desses transportadores pelo magnésio é um importante controle da reabsorção e
da excreção do mineral, pois esses transportadores atuam como componentes‑chave na manutenção
de sua homeostase. A baixa ingestão de magnésio e a hipomagnesemia aumentam a expressão do

12
TRPM6, enquanto alguns hormônios regulam a expressão do TRPM7. O TRPM6 e expresso prefe-
rencialmente no intestino delgado, colón e rins; já o TRPM7 tem sua expressão mais distribuída pelo
corpo [12].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


A absorção de magnésio de diferentes tipos de suplementos de magnésio varia. As formas de mag-
nésio que se dissolvem bem em líquido são mais completamente absorvidas no intestino do que as
formas menos solúveis. Pequenos estudos descobriram que o magnésio nas formas de aspartato,
citrato, lactato e cloreto é absorvido mais completamente e é mais biodisponível do que o óxido de
magnésio e o sulfato de magnésio. Um estudo descobriu que doses muito altas de zinco de suple-
mentos (142 mg/dia) podem interferir na absorção do magnésio e interromper o equilíbrio do mag-
nésio no corpo [15].

Transporte plasmático
O magnésio é necessário para o transporte ativo de íons como potássio e cálcio através das membra-
nas celulares. Por meio de seu papel nos sistemas de transporte de íons, o magnésio afeta a condução
dos impulsos nervosos, a contração muscular e o ritmo cardíaco normal [16].
A sinalização celular requer MgATP para a fosforilação de proteínas e a formação da molécula de
sinalização celular, monofosfato de adenosina cíclico (cAMP). O cAMP está envolvido em muitos
processos, incluindo a secreção do hormônio da paratireoide (PTH) pelas glândulas paratireoides.
As concentrações de cálcio e magnésio no fluido ao redor das células afetam a migração de vários
tipos de células diferentes. Tais efeitos na migração celular podem ser importantes na cicatrização
de feridas [16].

Funções corporais
O magnésio é um cofator em mais de 300 sistemas enzimáticos que regulam diversas reações bio-
químicas no corpo, incluindo síntese de proteínas, função muscular e nervosa, controle da glicose no
sangue e regulação da pressão arterial. O magnésio é necessário para a produção de energia, fosfori-
lação oxidativa e glicólise. Ele contribui para o desenvolvimento estrutural dos ossos além de ser
necessário para a síntese de DNA, RNA e do antioxidante glutationa. O magnésio também desempe-
nha um papel no transporte ativo de íons cálcio e potássio através das membranas celulares (como
foi dito antes), um processo que é importante para a condução do impulso nervoso, contração mus-
cular e ritmo cardíaco normal [15].

Excreção e fatores que afetam a excreção


Vários fatores influenciam a excreção renal de magnésio. Quando a ingestão alimentar é reduzida,
ocorre aumento de sua reabsorção e diminuição de sua excreção, para manutenção das concentra-
ções sanguíneas. Alimentação rica em cálcio e sódio pode aumentar a excreção urinaria de magnésio
pelo fato de esses minerais competirem pelos mesmos sítios de reabsorção. O consumo elevado de
cafeína, por exemplo, também aumenta a excreção de magnésio, como consequência de um balanço
eletrolítico negativo. Condições clínicas associadas a expansão do volume extracelular, depleção de
fosfato e hipercalcemia aumentam a excreção de magnésio. Hormônios, como o glucagon, a calcito-
nina e PTH são considerados mediadores da reabsorção do magnésio nos túbulos renais e na alça de
Henle, por mecanismo que responde a concentrações intracelulares da adenosina monofosfato cí-
clico (AMPc). A aldosterona pode modular o processo de reabsorção de magnésio pelos rins, por
inibicao ou ativação da expressão e da atividade do TRPM7. Por outro lado, para que ocorra a fosfo-
rilação do receptor de insulina e a ativação da via de captação da glicose, e necessária a presença do
magnésio [12].

13
Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente
Atualmente, não há um indicador confiável do status do magnésio. Na prática, o status do magnésio
é geralmente determinado por meio de avaliações da ingestão dietética de magnésio, concentração
sérica de magnésio ou concentração urinária de magnésio. No entanto, cada um desses indicadores
tem limitações. Em relação à ingestão alimentar de magnésio, cerca de 30 a 40% do magnésio inge-
rido é absorvido, mas a absorção varia com a quantidade de magnésio ingerida e com a composição
da matriz alimentar. Finalmente, um estado de deficiência de magnésio não foi associado a uma
concentração nítida de corte de magnésio na urina. A concentração de magnésio urinário flutua ra-
pidamente com a ingestão dietética, mas as medições de magnésio urinário de 24 horas podem ser
usadas em adição a outros indicadores para avaliar o status da população. Atualmente, uma combi-
nação de todos os três marcadores - dietético, sérico e magnésio urinário - pode ser usada para obter
uma avaliação válida do status do magnésio [16]

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


Como foi dito anteriormente, a concentração intracelular é maior que extracelular por um meca-
nismo de transporte ativo no qual estão envolvidos os TRPM6 e TRPM7. Os hormônios glucagon, a
calcitonina e o PTH regulam a homeostase do corpo humano [12].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


A deficiência de magnésio em indivíduos saudáveis que consomem uma dieta própria para o ser hu-
mano é bastante rara porque o magnésio é abundante em alimentos vegetais e animais e porque os
rins são capazes de limitar a excreção urinária de magnésio quando a ingestão é baixa. Embora a
deficiência leve de magnésio possa não provocar sintomas clínicos, pode estar associada a um risco
aumentado de desenvolvimento de doenças crônicas [16].

Interações com outros nutrientes


Vários tipos de medicamentos têm o potencial de interagir com os suplementos de magnésio ou afe-
tar o nível de magnésio [15].
Suplementos ou medicamentos ricos em magnésio podem diminuir a absorção de bifosfonatos orais,
como o alendronato, usado para tratar a osteoporose [15].
O magnésio pode formar complexos insolúveis com tetraciclinas, como demeclociclina e doxiciclina,
bem como antibióticos quinolonas, como ciprofloxacina e levofloxacina. Esses antibióticos devem
ser tomados pelo menos 2 horas antes ou 4-6 horas depois de um suplemento contendo magnésio
[15].
O tratamento crônico com diuréticos, como furosemida e bumetanida, e diuréticos tiazídicos, como
hidroclorotiazida e ácido etacrínico, pode aumentar a perda de magnésio na urina. Em contraste, os
diuréticos poupadores de potássio, como a amilorida e a espironolactona, reduzem a excreção de
magnésio [15].
Medicamentos prescritos para inibidores da bomba de prótons (IBP), como omeprazol e lansoprazol,
quando tomados por períodos prolongados (normalmente mais de um ano) podem causar hipomag-
nesemia. Nos casos que o FDA revisou, os suplementos de magnésio frequentemente aumentavam
os níveis baixos de magnésio sérico causados pelos IBPs. No entanto, em 25% dos casos, os suple-
mentos não aumentaram os níveis de magnésio e os pacientes tiveram que interromper o IBP. A FDA
recomenda aos profissionais de saúde que considerem a medição dos níveis séricos de magnésio dos
pacientes antes de iniciar o tratamento de longo prazo com IBP e verifiquem os níveis de magnésio
nesses pacientes periodicamente [15].

14
Niacina
A niacina, também conhecida como ácido nicotínico, é um nutriente humano essencial. A designação
vitamina B3 também inclui a amida correspondente, a nicotinamida, ou niacinamida [17].

Forma encontrada nos alimentos


Alguns alimentos de origem vegetal, contém niacina naturalmente ligada a polissacarídeos e glico-
peptídeos, tornando-a apenas cerca de 30% biodisponível. Ingredientes alimentares fortificados,
como farinha de trigo, têm adição de niacina, que é biodisponível [18].
Muitos alimentos de origem animal – incluindo aves, carne bovina e peixe – fornecem cerca de 5-
10 mg de niacina por porção, principalmente nas formas altamente biodisponíveis de NAD e NADP.
Alimentos à base de plantas, como nozes, legumes e grãos, fornecem cerca de 2-5 mg de niacina por
porção, principalmente como ácido nicotínico [18].
A niacina é encontrada em muitos tipos de alimentos em formas a partir das quais não é liberada na
digestão, tornando-a indisponível para absorção. Em grãos, a niacina está presente em complexos
covalentemente ligados com pequenos peptídeos e carboidratos [2].

Forma biológica ativa


As duas principais formas de niacina, ácido nicotínico e nicotinamida, são ativas metabolicamente
como as coenzimas de nucleotídeos de piridina NAD(H) e NADP(H) [2].

Principais alimentos fontes


Niacina está presente em maior quantidade de leveduras e carnes, mas quantidades significativas
também são encontradas em muitos outros alimentos. Alimentos à base de plantas, como nozes,
legumes e grãos também são fontes de niacina [18].
O triptofano é outra fonte alimentar de niacina porque esse aminoácido – quando presente em quan-
tidades além do necessário para a síntese de proteínas – pode ser convertido em NAD, principal-
mente no fígado. A estimativa de eficiência mais comumente usada para conversão de triptofano em
NAD é 1:60 (ou seja, 1 mg de niacina [NAD] para 60 mg de triptofano). Peru é um exemplo de ali-
mento rico em triptofano; uma porção de carne de peito de peru fornece cerca de 180 mg de tripto-
fano, o que pode ser equivalente a 3 mg de niacina. No entanto, a eficiência da conversão de tripto-
fano em NAD varia consideravelmente de pessoa para pessoa [18].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


As formas predominantes de niacina na maioria dos alimentos derivados de animais são os NAD(H)
e NADP(H). Estes são digeridos para liberar NAm, na forma como a vitamina é absorvida, como
mostrado na figura abaixo [2]:

Niacina é absorvida no estômago e intestino delgado. Estudos mostraram que Nam pode ser absor-
vido em baixas concentrações via transporte dependente de Na+, difusão facilitada mediada por por-
tadores ou pelo transportador de íons orgânicos. Em altas doses, podem ser absorvidos por difusão

15
passiva. Assim essa vitamina pode ser absorvida quase completamente. A presença ou ausência de
alimentos no intestino parece não ter efeito na absorção de niacina. Como a NR não é encontrada no
plasma, parece não ser absorvida em si, mas primeiro convertido em Nam [2].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


A niacina esterificada em complexos covalentemente ligados com pequenos peptídeos e carboidratos
não está normalmente disponível; no entanto, sua biodisponibilidade pode ser melhorada substan-
cialmente pelo tratamento com base para efetivar a hidrólise alcalina desses ésteres. A tradição na
culinária centro-americana de imersão e cozimento de milho em água de limão efetivamente torna
disponível a niacina nesse grão. Em outros alimentos, a niacina está presente como um derivado
metilado (ácido 1-metilnicotínico, também chamado de trigonelina) que funciona como um hormô-
nio vegetal, mas também não está biologicamente disponível para os animais. Esta forma, no en-
tanto, é termossensível e pode ser convertida em Nam livre (NA) pelo aquecimento [2].

Transporte plasmático
Niacina é transportada na circulação do portal como Nam livre (NA) e Nam em formas não ligadas.
Como o NA é convertido em NAD(H) e, posteriormente, para Nam no intestino e fígado, os níveis
circulantes de NAm tendem a exceder os de NA [2].

Funções corporais
NAD é o único substrato para enzimas PARP e sirtuínas envolvidas nas atividades de reparo do DNA;
assim, o NAD é crítico para a estabilidade do genoma. Vários estudos sugerem um possível papel da
niacina na prevenção do câncer [17].
Mais de 400 enzimas requerem as coenzimas da niacina, NAD e NADP, principalmente para aceitar
ou doar elétrons para reações redox. Um dos exemplos de participação de NAD está na participação
em enzimas que catalisam a formação de reguladores chave da sinalização de cálcio [17].

Excreção e fatores que afetam a excreção


A niacina é excretada em quantidades apreciáveis em condições de ingestão além do necessário, pois
os derivados das vitaminas são ativamente reabsorvidos pelo glomérulo renal. A excreção envolve
diferentes metabólitos solúveis em água na urina [2].
Em altas taxas de ingestão de niacina, a vitamina é excretada predominantemente (65-85% do total)
de forma inalterada. Em todas as taxas de consumo, no entanto, Nam tende a ser excretado como
seus metabólitos mais extensivamente do que é NA. Além disso, o volume da rotatividade de cada
derivado da vitamina é determinado principalmente pela sua taxa de excreção; assim, em altas in-
gestão, a meia-vida de NAm é menor do que a de NA [2].

Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente


O estado da niacina corporal pode ser avaliado de duas maneiras: níveis séricos de NAD e metabóli-
cos na urina.
Os níveis séricos de NAD do sangue são sensíveis à privação de niacina e, portanto, podem ser usados
como um indicador do estado da niacina. Como os níveis de NADP permanecem bastante estáveis
em condições deficientes, a razão NAD:NADP é frequentemente usada para avaliar o estado da nia-
cina [2].
A excreção urinária do metabólito metilado (N1-metil-nicotinamida) é considerada confiável e sen-
sível. A medição requer uma coleta de urina de 24 horas. Para adultos, um valor inferior a
5,8 μmol/dia representa deficiência de niacina e 5,8 a 17,5 μmol/dia representa valores deficientes.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma forma alternativa de expressar N1-metil-ni-

16
cotinamida urinária é como mg/g de creatinina em uma coleta de urina de 24 horas. Os valores de-
finidos são: menores que 0,5: deficiente; 0,5-1,59: baixa; 1,6- 4,29: aceitável e acima de 4,3, alta [19].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


Tanto NA quanto Nam são tomados por eritrócitos, fígado e a maioria dos tecidos periféricos por
difusão facilitada, onde eles são convertidos em nucleotídeos. Os tecidos variam em relação aos seus
sistemas de absorção: os eritrócitos utilizam o sistema de transporte de ânion; túbulos renais usam
um sistema dependente de Na+; o cérebro usa um sistema dependente de energia; o plexo coroide
parece ter sistemas separados para acumular e liberar NA e Nam. Um receptor de alta afinidade,
acoplado à proteína G para NA foi identificado no tecido adiposo. Este receptor de niacina liga-se ao
NA apenas em níveis não fisiologicamente altos; seu ligante natural pode realmente ser β-hidroxi-
butirato. Também é expressa em baço e células imunes; neste último, é regulada por várias citocinas.
O receptor parece desempenhar papéis em respostas a altas doses de NA [2].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


A deficiência grave de niacina na dieta causa a doença pelagra, caracterizada por diarreia, dermatite
sensível ao sol envolvendo hiperpigmentação e espessamento da pele, inflamação da boca e língua,
delírio, demência e, se não tratada, morte. Os sintomas psiquiátricos comuns incluem irritabilidade,
falta de concentração, ansiedade, fadiga, perda de memória, inquietação, apatia e depressão [2, 17,
18, 19].
A deficiência de niacina raramente é observada em países desenvolvidos e é mais tipicamente asso-
ciada à pobreza, desnutrição ou desnutrição secundária ao alcoolismo crônico. Também tende a
ocorrer em áreas menos desenvolvidas, onde as pessoas comem milho (milho) como alimento básico,
pois o milho é o único grão com baixo teor de niacina digestível. Uma técnica de cozimento chamada
nixtamalização que é um pré-tratamento com ingredientes alcalinos, aumenta a biodisponibilidade
da niacina durante a produção de farinha/farinha de milho. Por esse motivo, as pessoas que conso-
mem milho como tortilhas ou canjica correm menos risco de deficiência de niacina [17].
Para o tratamento da deficiência, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a administra-
ção de niacinamida em vez de niacina, para evitar o efeito colateral de rubor comumente causado
por esta última. As diretrizes sugerem o uso de 300 mg/dia por três a quatro semanas. A demência
e a dermatite apresentam melhora em uma semana. Como deficiências de outras vitaminas do com-
plexo B podem estar presentes, a OMS recomenda um multivitamínico além da niacinamida [19].
Nenhum efeito adverso foi relatado do consumo de niacina natural em alimentos. No entanto, altas
ingestões de ácido nicotínico e nicotinamida tomadas como suplemento dietético ou medicamento
podem causar efeitos adversos, tais como rubor; a pele do rosto, braços e tórax avermelhada. O rubor
pode ser acompanhado por sinais e sintomas mais graves, como dor de cabeça, erupção cutânea,
tontura ou diminuição da pressão arterial [18].
A doença de Hartnup é um distúrbio nutricional hereditário que resulta em deficiência de niacina. É
nomeado após uma família inglesa com um distúrbio genético que resultou em uma falha na absor-
ção do aminoácido essencial triptofano, sendo o triptofano um precursor da síntese de niacina. Os
sintomas são semelhantes aos da pelagra. A síntese de niacina também é deficiente na síndrome
carcinoide, devido ao desvio metabólico de seu precursor triptofano para formar serotonina [17].

Interações com outros nutrientes


Como já foi visto a niacina guarda uma relação forte com triptofano porque ela pode ser produzida
via esse aminoácido. A conversão é reduzida em condições de deficiência nutricional de ferro e re-
forçada pela privação de niacina. Estima-se que os seres humanos deficientes em niacina usem quase
3% do triptofano dietético para biossíntese de niacina e, portanto, são capazes de satisfazer dois ter-
ços de sua exigência para a vitamina do metabolismo deste aminoácido indispensável. Parece que a

17
rotatividade proteica pode antecipar a síntese de niacina sob condições de limitar o triptofano. Em
tais circunstâncias, espera-se que a quantidade de triptofano disponível para síntese de niacina seja
baixa. A conversão do triptofano à niacina também é reduzida por dietas com alto teor de gordura
ou dietas que contenham excesso de leucina [2].

Piridoxina
A piridoxina (Pn) está presente em um grupo com atividade da vitamina B6. Além dela, estão pre-
sentes também: piridoxal (Pal) que é um álcool e piridoxamina (Pm), que é um alderído e contém
um grupo amino; e seus respectivos ésteres de 5'-fosfato. Fosfato de piridoxal 5 '(PLP) e fosfato de
piridoxamina 5' (PMP) são as formas coenzimáticas ativas da vitamina B6 [20].
A piridoxina é solúvel em água e está naturalmente presente em muitos alimentos, adicionada a ou-
tros e disponível como suplemento dietético [20].

Forma encontrada nos alimentos


Proporções substanciais da piridoxina que ocorre naturalmente em frutas, vegetais e grãos existem
em formas glicosiladas que exibem biodisponibilidade reduzida [20].
A piridoxal e a piridoxamina são encontradas em alimentos de origem animal, enquanto a piridoxina
é encontrada principalmente em produtos de origem vegetal. Nas plantas, encontra‑se, também, a
piridoxina na forma glicosilada, como piridoxina‑5‑beta‑glicosídeo, uma vez que essa é a forma pre-
dominante de armazenamento da vitamina nos vegetais. Entretanto, acredita‑se que esses compos-
tos glicosilados apresentem biodisponibilidade reduzida por dependerem de uma enzima glicosi-
dase, responsável pela hidrolise no momento da absorção [12].

Forma biológica ativa


A forma metabolicamente ativa de é fosfato piridoxal, que funciona como uma coenzima para reações
envolvendo aminoácidos [2].

Principais alimentos fontes


A vitamina B6 pode ser produzida pelo microbiota do cólon. Estima-se que a síntese microbiana
pode produzir até 86% da necessidade humana diária de vitamina B6. Talvez, por isso, a deficiência
primária da vitamina raramente é observada [2].

Dentre os vegetais com maiores concentrações de piridoxina na forma glicosídica, destacam‑se o


feijão-verde cru, a cenoura crua e o suco de laranja, que apresentam de 58 a 70% do total de vitamina
B6 glicosilada. Nos cereais, mais de 90% da vitamina B6 está no farelo e no germe, e cerca de 75 a
90% da vitamina e perdida na moagem dos grãos para a fabricação de farinha [12]
Nos animais, o maior estoque de B6 e encontrado nos músculos e, dessa maneira, as carnes (bovina,
suína, frango e peixes) se destacam como maiores fontes dessa vitamina. Do mesmo modo, os tubér-
culos e os cereais integrais se apresentam como boas fontes alimentares, embora a vitamina B6 se
encontre amplamente distribuída entre os alimentos [12].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


A absorção entérica da vitamina B6 depende da conversão em grande parte das formas ingeridas
para Pm, Pn e Pal. Isso envolve a digestão das proteínas de ligação em alimentos seguidos pelo me-
tabolismo por enzimas limítrofes: desfosforilação de PLP e PMP (as principais espécies em produtos
animais) por fosfateses alcalinas e outras fosfateses; e deglicosilação por lactase-phlorizin hidrolase
[2].

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As formas Pn, Pal, Pm, bem como alguns glicosídeos, podem ser absorvidos por difusão passiva em
todo o intestino. Para Pn e Pal, o processo é impulsionado pela captura intracelular da vitamina atra-
vés da formação de 5'-fosfatos através dessa ação de um Pal-kinase dependente de ATP. Glicosídeos
Pn intactos tomados por difusão são posteriormente convertidos em Pn por β-glucosidase citosoides
e depois oxidados para PLP [2].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


A distância do sítio de absorção da vitamina do local onde se encontra a microbiota produtora faz
com que a absorção dessa vitamina por essa via de produção seja prejudicada [12]. Além disso, a
biodisponibilidade pode variar bastante em função do conteúdo de Pn e da presença de alguns pep-
tídeos que se ligam a vitamina [2].

Transporte plasmático
A vitamina B6 é principalmente transportada no plasma. A maioria (acima de 90%) da vitamina
circulante é PLP derivada da rotatividade hepática. No Plasma, PLP é, tipicamente, uma pequena
porção do total de vitamina no corpo. A vitamina circulante está firmemente ligada à albumina e
outras proteínas plasmáticas através de ligações básicas de Schiff. A vitamina está presente em eri-
trócitos em mais de seis vezes os níveis no plasma. Em eritrócitos, forma uma base de Schiff com
hemoglobina, ligando-se ao grupo de amino do resíduo de valina terminal N da cadeia α de hemo-
globina. Esta ligação, duas vezes mais forte que a da albumina, aumenta a absorção da vitamina por
eritrócitos [2].

Funções corporais
PLP desempenha um papel vital na função de mais de 100 enzimas que catalisam reações químicas
essenciais no corpo humano. As muitas reações bioquímicas catalisadas por enzimas dependentes
de PLP estão envolvidas em processos biológicos essenciais, como a biossíntese de hemoglobina e
aminoácidos, bem como o metabolismo de ácidos graxos. É importante notar que o PLP também
funciona como uma coenzima para glicogênio fosforilase, uma enzima que catalisa a liberação de
glicose do glicogênio armazenado. Muito do PLP no corpo humano é encontrado no músculo ligado
a glicogênio fosforilase. PLP também é uma coenzima para reações que geram glicose a partir de
aminoácidos, processo conhecido como gliconeogênese [21].

Excreção e fatores que afetam a excreção


Estima-se que os humanos oxidam 40-60% da vitamina B6 a ácido 4-piridóxico. Pequenas quanti-
dades de Pal, Pm e Pn e seus fosfatos, bem como a lactona do ácido piridóxico e um complexo ureido-
piridoxila, também são excretados quando altas doses da vitamina são ingeridas. Os níveis urinários
de ácido 4-piridoxico estão inversamente relacionados à ingestão de proteínas. Este efeito parece ser
maior para as mulheres do que para os homens. No entanto, o ácido 4-piridóxico não é detectável na
urina de indivíduos deficientes de vitamina B6, tornando-o útil na avaliação clínica do estado da
vitamina B6 [2].

Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente


Os níveis de vitamina B6 são particularmente altos em bebês, mas diminuem para níveis adultos em
cerca de 5 anos de idade. O teor PLP de eritrócitos é frequentemente usado como parâmetro de status
de vitamina B6. Em humanos e outros animais, as concentrações de PLP no plasma diminuem
durante a gravidez, como resultado de uma mudança na distribuição da vitamina em favor de eritró-
citos sobre o plasma, já que nem a absorção, excreção ou absorção hepática da vitamina são afetadas.
Alega-se que a insuficiência renal poderia reduzir o nível de PLP no plasma [2].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


Há evidências de absorção mediada por transportadores portadores da vitamina [2].

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Pal permeia as membranas celulares mais facilmente do que PLP. Sua absorção preferencial por te-
cidos sugere papéis de fosfatases na retenção celular da vitamina. Após ser levada para a célula, a
vitamina é fosforilada pela Pal-quinase para produzir a forma de tecido predominante, PLP. Peque-
nas quantidades de vitamina B6 são armazenadas, principalmente como PLP, mas também como
fosfato Pm [2].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


A deficiência isolada de vitamina B6 é incomum; O status inadequado de vitamina B6 geralmente
está associado a baixas concentrações de outras vitaminas do complexo B, como vitamina B12 e ácido
fólico. A deficiência de vitamina B6 causa alterações bioquímicas que se tornam mais óbvias à me-
dida que a deficiência progride [20].
A deficiência de vitamina B6 está associada a anemia microcítica, anormalidades eletroencefalográ-
ficas, dermatite com queilose (escamação nos lábios e fissuras nos cantos da boca) e glossite (língua
inchada), depressão e confusão e função imunológica enfraquecida. Indivíduos com concentrações
limítrofes de vitamina B6 ou deficiência leve podem não ter sinais ou sintomas de deficiência por
meses ou mesmo anos. Em bebês, a deficiência de vitamina B6 causa irritabilidade, audição anor-
malmente aguda e ataques convulsivos [20].
Doenças renais em estágio terminal, insuficiência renal crônica e outras doenças renais podem cau-
sar deficiência de vitamina B6. Além disso, a deficiência de vitamina B6 pode resultar de síndromes
de má absorção, como doença celíaca, doença de Crohn e colite ulcerativa. Certas doenças genéticas,
como homocistinúria, também podem causar deficiência de vitamina B6. Alguns medicamentos,
como os antiepilépticos, podem levar à deficiência com o tempo [20].

Interações com outros nutrientes


A vitamina B6 pode interagir com certos medicamentos e vários tipos de medicamentos podem afe-
tar adversamente os níveis de vitamina B6 [20].
A cicloserina é um antibiótico de amplo espectro usado para tratar a tuberculose. Em combinação
com o fosfato de piridoxal, a cicloserina aumenta a excreção urinária de piridoxina. A perda urinária
de piridoxina pode exacerbar as convulsões e a neurotoxicidade associada à cicloserina. Os suple-
mentos de piridoxina podem ajudar a prevenir esses efeitos adversos [20].
Alguns medicamentos antiepilépticos, incluindo ácido valpróico, carbamazepina e fenitoína aumen-
tam a taxa de catabolismo da vitamina B6, resultando em PLP plasmático baixo concentrações e
hiper-homocisteinemia. Níveis elevados de homocisteína em usuários de drogas antiepilépticas po-
dem aumentar o risco de convulsões epilépticas e eventos vasculares sistêmicos, incluindo acidente
vascular cerebral, e reduzir a capacidade de controlar as convulsões em pacientes com epilepsia.
Além disso, os pacientes costumam usar medicamentos antiepilépticos por anos, aumentando o risco
de toxicidade vascular crônica [20].
Algumas pesquisas também indicam que a suplementação de piridoxina (200 mg/dia por 12-120
dias) pode reduzir as concentrações séricas de fenitoína e fenobarbital, possivelmente aumentando
o metabolismo dos medicamentos. Não se sabe se doses mais baixas de piridoxina têm algum efeito
[20].
Levetiracetam é um medicamento antiepiléptico com efeitos colaterais comportamentais que in-
cluem irritabilidade, agitação e depressão. Evidências preliminares sugerem que a suplementação
de vitamina B6 - em doses como 50–350 mg/dia em crianças e 50–100 mg/dia em adultos - pode
reduzir esses efeitos colaterais [20].

20
Riboflavina
A riboflavina (lactoflavina ou vitamina B2; designada no passado também por vitamina G; nome
sistemático 7,8 - dimetil-10-(D-1'-ribitil)-isoaloxazina) é uma vitamina encontrada nos alimentos e
vendida como suplemento dietético. É essencial para a formação de duas coenzimas principais: mo-
nonucleotídeo de flavina (FMN) e dinucleotídeo de flavina (FAD) adenina. Essas coenzimas estão
envolvidas no metabolismo energético, na respiração celular e na produção de anticorpos, bem como
no crescimento e desenvolvimento normais. As coenzimas também são necessárias para o metabo-
lismo da niacina, vitamina B6 e folato. Riboflavina é prescrita para tratar o afinamento da córnea, e
tomado por via oral, pode reduzir a incidência de enxaquecas em adultos [22].

Forma encontrada nos alimentos


Cerca de 95% da riboflavina na forma de FAD ou FMN dos alimentos está biodisponível até um má-
ximo de cerca de 27 mg de riboflavina por refeição ou dose. os 10% restantes são compostos pela
forma livre e glicosídeos ou ésteres. A biodisponibilidade da riboflavina livre é semelhante à de FAD
e FMN. Como a riboflavina é solúvel em água, cerca de duas vezes mais do conteúdo de riboflavina é
perdido na água de cozimento quando os alimentos são fervidos do que quando são preparados de
outras maneiras, como no vapor ou no micro-ondas [22].

Forma biológica ativa


A exposição ao ácido gástrico no estômago libera as coenzimas, que são subsequentemente hidroli-
sadas enzimaticamente no intestino delgado proximal para liberar riboflavina livre [2, 22].

Principais alimentos fontes


A maioria dos alimentos derivados de plantas e animais contém pelo menos pequenas quantidades
de riboflavina. Os alimentos que são particularmente ricos em riboflavina incluem ovos, carnes or-
gânicas (rins e fígado), carnes magras e leite. Nos EUA, farinha de trigo e pão foram enriquecidos
com riboflavina (bem como tiamina, niacina e ferro) desde 1943 [23].
A riboflavina é facilmente destruída com a exposição à luz. Por exemplo, até 50% da riboflavina no
leite contida em uma garrafa de vidro transparente pode ser destruída após duas horas de exposição
à luz solar intensa [23].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


Riboflavina é absorvida através do enterócito na forma livre por transportadores de riboflavina alta-
mente específicos (RFTs). Estes estão localizados na borda da escova de enterócito (RFT-121) e su-
perfície basolateral (RFT-2), e em vesículas intracelulares (RFT-3) e são expressos em vários tecidos,
incluindo o intestino delgado proximal e o cólon. Um defeito genético no RFT-1 pode gerar níveis
elevados de acicarnitina plasmática e acidúria orgânica, sugestivo de deficiência de desidrogenase
acila-CoA múltipla (MADD). Um defeito no RFT-2 tem sido associado à síndrome de Brown-Viale-
tto-Van Laere, que se manifesta como um perfil bioquímico semelhante ao MADD com disfunção
neurológica progressiva [2].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


Pessoas com deficiência do transportador de riboflavina não conseguem absorver e transportar ade-
quadamente a riboflavina, desenvolvendo deficiência de riboflavina. Embora não exista cura para a
deficiência do transportador de riboflavina, a suplementação de riboflavina em altas doses pode ser
um tratamento que salva vidas nessa população, especialmente quando iniciada logo após o início
dos sintomas [22].
Quando quantidades excessivas são consumidas, elas não são absorvidas ou a pequena quantidade
absorvida é excretada na urina [22].

21
As bactérias do intestino grosso produzem riboflavina livre que pode ser absorvida pelo intestino
grosso em quantidades que dependem da dieta [22].

Transporte plasmático
Há duas formas de transporte no plasma para riboflavina: sem carreador específico e proteínas es-
pecíficas ligadas a riboflavina (RfBPs) [2].
Riboflavina é transportada no plasma como riboflavina livre e FMN, ambas estão principalmente
ligadas às proteínas do plasma. Isso inclui albumina e várias imunoglobulinas (IgA, IgG e IgM). Essas
ligações representam cerca da metade da riboflavina livre e 80% do FMN no plasma [2].

Funções corporais
A vitamina B2 participa das reações redox em várias vias metabólicas. Ela é essencial para o meta-
bolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. O FAD faz parte da cadeia de transporte de elétrons
(respiratória), que é fundamental para a produção de energia. Em conjunto com o citocromo P-450,
a vitamina B2 também participa do metabolismo de drogas e toxinas [23].
A glutationa redutase é uma enzima dependente de FAD que participa do ciclo redox da glutationa.
O ciclo redox da glutationa desempenha um papel importante na proteção de organismos de espécies
reativas de oxigênio, como os hidroperóxidos. A glutationa redutase (GR) requer FAD para regenerar
duas moléculas de glutationa reduzida a partir da glutationa oxidada. A deficiência de riboflavina
tem sido associada ao aumento do estresse oxidativo [23].
A xantina oxidase, outra enzima dependente de FAD, catalisa a oxidação da hipoxantina e da xantina
em ácido úrico. O ácido úrico é um dos antioxidantes solúveis em água mais eficazes no sangue. A
deficiência de riboflavina pode resultar na diminuição da atividade da xantina oxidase, reduzindo os
níveis de ácido úrico no sangue [23].

Excreção e fatores que afetam a excreção


Riboflavina é rapidamente excretada, principalmente na urina. Portanto, as necessidades alimenta-
res para a vitamina são determinadas por sua taxa de excreção e não pelo metabolismo. Em um
adulto humano adequado para riboflavina, uma grande dose oral da vitamina será quase toda excre-
tada, com concentrações máximas aparecendo na urina dentro de algumas horas. Estudos no rato
mostraram que a riboflavina foi entregue com uma meia-vida de cerca de 16 dias em animais ade-
quadamente nutridos e muito mais tempo em animais com deficiência de riboflavina [2].
Em adultos humanos normais, a excreção urinária de riboflavina é de cerca de 200 μg/dia; enquanto,
indivíduos com deficiência de riboflavina podem excretar apenas 40-70 μg/dia. Estudos com modelo
de rato diabético mostraram que a excreção de riboflavina é significativamente maior em indivíduos
diabéticos do que em controles. Excreção riboflavina responde ao nível de ingestão de riboflavina;
excreção menores que 27 μg/mg de creatinina é geralmente considerada para indicar deficiência de
riboflavina em adultos; no entanto, este parâmetro tende a refletir a ingestão atual da vitamina em
vez de estoques totais de riboflavina. A vitamina é excretada principalmente (60-70%) como a ribo-
flavina livre, com quantidades menores de outras formas. Pequenas quantidades de produtos de de-
gradação de riboflavinas são encontradas nas fezes (menores que 5% de uma dose oral). Como ape-
nas cerca de 1% de uma dose oral da vitamina é excretada na bile por humanos, a maioria dos meta-
bólitos fecais são considerados principalmente de origem microbiana intestinal. Riboflavina é pouco
oxidada para CO2. A ingestão de ácido bórico, que se liga à cadeia lateral riboflavina, aumenta a ex-
creção urinária da vitamina. Riboflavina é secretada no leite principalmente como riboflavina livre e
FAD e o metabólito antagônico 10-(2′-hidroxiilo) flavina; quantidades dependem da ingestão ribo-
flavina da mãe. O leite também contém pequenas quantidades de outros metabólitos [2].

22
Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente
A medição da atividade de GR nas hemácias é comumente usada para avaliar o estado nutricional da
riboflavina. O ensaio do coeficiente de ativação da glutationa redutase (EGRac) avalia o status da
riboflavina medindo a atividade do GR antes e após a reativação in vitro com seu grupo protético
FAD; EGRac é calculado como a proporção da atividade da enzima estimulada por FAD para a não
estimulada e indica o grau de saturação do tecido com riboflavina. EGRac é, portanto, uma medida
funcional do status da riboflavina e tem se mostrado eficaz em refletir o status do biomarcador de
deficiência grave ao status normal [23].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


A absorção de riboflavina nas células ocorre pela transferência da vitamina por RfBP no plasma para
RFTs na membrana plasmática. Este processo é mediado por um receptor RfBP dependente de Ca+2
localizado na membrana plasmática, o que facilita a endocitose e a liberação da vitamina, com a re-
ciclagem do receptor e RfBP sendo catabolizada dentro de endossóis. A endocitose mediada por re-
ceptores também foi implicada no transporte de riboflavina através da barreira placentária. RFTs
são expressos no intestino delgado, cólon, placenta, rim embrionário, testículos, próstata e cérebro.
Eles mostram diferentes sequências de homólogos e funcionalidades diferentes. O RFT-1 não é sen-
sível ao pH; mas o RFT-2 tem um pH ótimo em torno de 6. Seus valores Km aparentes variam de
forma sugestiva de homeostase intracelular sendo controlada por seu tráfico em compartimentos
vesiculares ácidos (RFT-1, 1,38 μM; RFT-2, 0,98 μM; RFT-3, 0,33 μM) [2].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


Arriboflavinose é o nome técnico para a deficiência clínica de riboflavina. A deficiência de riboflavina
raramente é encontrada isoladamente. Ela ocorre frequentemente em combinação com deficiências
de outras vitaminas solúveis em água. Os sintomas de deficiência de riboflavina incluem dor de gar-
ganta, vermelhidão e inchaço do revestimento da boca e garganta, rachaduras ou feridas nas partes
externas dos lábios (queilose) e nos cantos da boca (estomatite angular), inflamação e vermelhidão
da língua (língua magenta) e inflamação da pele úmida e escamosa (dermatite seborreica). Outros
sintomas podem envolver a formação de vasos sanguíneos na cobertura clara do olho (vascularização
da córnea) e diminuição da contagem de glóbulos vermelhos em que os glóbulos vermelhos existen-
tes contêm níveis normais de hemoglobina e são de tamanho normal (anemia normocrômica nor-
mocítica). A deficiência grave de riboflavina pode resultar na redução da conversão de vitamina B6
em sua forma de coenzima (PLP) e na redução da conversão de triptofano em niacina [22, 23].

Interações com outros nutrientes


A vitamina B2 está envolvida no metabolismo de várias outras vitaminas: (vitamina B6, niacina e
folato). Portanto, a deficiência severa de riboflavina pode afetar muitos sistemas enzimáticos. A de-
ficiência de riboflavina altera o metabolismo do ferro. Embora o mecanismo não seja claro, pesquisas
em animais sugerem que a deficiência de riboflavina pode prejudicar a absorção de ferro, aumentar
a perda intestinal de ferro e/ou prejudicar a utilização do ferro para a síntese de hemoglobina (Hb)
[23].
Mulheres que tomam anticoncepcionais orais (ACOs) em altas doses podem ter diminuído a absor-
ção da riboflavina. Derivados da fenotiazina, como o medicamento antipsicótico clorpromazina e
antidepressivos tricíclicos, inibem a incorporação da riboflavina no FAD e FMN, assim como o me-
dicamento antimalárico, quinacrina, e o agente quimioterápico do câncer adriamicina. O uso pro-
longado do anticonvulsivante fenobarbitol pode aumentar a destruição da riboflavina pelas enzimas
hepáticas, aumentando o risco de deficiência. Além disso, o consumo crônico de álcool foi associado
à deficiência de riboflavina [23].

23
Selênio
Embora seja tóxico em grandes doses, o selênio é um micronutriente essencial para os animais. Em
humanos, o selênio é um nutriente de oligoelemento que funciona como cofator para a redução de
enzimas antioxidantes, como a glutationa peroxidases e certas formas de tiorredoxina redutase en-
contradas em animais e algumas plantas [24].
Selênio exerce várias funções biológicas principalmente como parte do aminoácido selenocisteína,
que é encontrado em pelo menos 25 proteínas contendo selenocisteína (selenoproteínas) [24].

Forma encontrada nos alimentos


O selênio existe em duas formas: inorgânico (selenato e selenito) e orgânico (selenometionina e se-
lenocisteína). Ambas as formas podem ser boas fontes dietéticas de selênio [25].
Pode-se classificar os alimentos em acumuladores de selênio e não acumuladores. Alimentos como
alho e castanha do Pará são considerados acumuladores, enquanto os das famílias das brassicas são
considerados não-acumuladores [24].

Forma biológica ativa


Várias formas químicas de selênio são encontradas nos alimentos em acumuladores de selênio, in-
cluindo selenato (selênio inorgânico), selenometionina, selenocisteína, selênio-metil-selenocisteína
e γ-glutamil-selênio-metil-selenocisteína. Embora os dois últimos compostos sejam predominantes
em plantas que incluem alho, cebola e brócolis, trigo; outros grãos (incluindo castanha do Pará) e
soja são ricas em selenometionina e contêm quantidades menores de selenocisteína e selenato. A
nutrição animal e as condições de crescimento certamente contribuem para as espécies de selênio
formadas e suas quantidades relativas, e presume-se que a via metabólica do selênio dietético em
animais seja semelhante à dos humanos. A selenocisteína é formada predominantemente em ani-
mais alimentados com selênio inorgânico, enquanto a selenometionina é derivada de fontes dietéti-
cas de origem vegetal [24].
O músculo esquelético é o principal local de armazenamento de selênio, sendo responsável por apro-
ximadamente 28% a 46% do armazenamento total de selênio. Tanto a selenocisteína quanto o sele-
nito são reduzidos para gerar seleneto de hidrogênio, que por sua vez é convertido em selenofosfato
para a biossíntese de selenoproteína [24].

Principais alimentos fontes


As principais fontes alimentares de selênio são as carnes e frutos do mar. A água potável pode ser
uma fonte se essa o contiver. Em geral, há uma grande variação no conteúdo de selênio das plantas
e grãos, especialmente porque algumas plantas, incluindo alho e castanha do Pará tendem a acumu-
lar selênio, enquanto outras assimilam o selênio em menor extensão. A assimilação de selênio pelas
plantas também depende do teor de selênio do solo. A castanha-do-pará cultivada em áreas do Brasil
com solo rico em selênio pode fornecer mais de 100 μg de selênio em uma noz, enquanto aquela
cultivada em solo pobre em selênio fornece 10 vezes menos [24]

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


Acredita-se que a absorção do mineral para assimilação e excreção envolva diversos mecanismos de
transporte de membrana. A selenometionina, a Se-MetSec e a selenocisteína são transportadas de
maneira eficiente por um conjunto de transportadores de aminoácidos intestinais e renais, em par-
ticular pelos sistemas B0 e b0+rBAT. Já os derivados de selênio, selenobetaína e selenocistamina,
não compartilham esses sistemas de transporte. Há evidências, também, de que trocadores de ânions
da família do gene SLC26, os quais têm capacidade de transportar uma grande diversidade de ânions
mono e bivalentes, estejam envolvidos no transporte do selenato [12].

24
Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)
O corpo humano absorve mais de 90% da selenometionina, mas apenas cerca de 50% do selênio do
selenito [25].
O selenito de hidrogênio (H2Se) é considerado o ponto central na interconversão metabólica das for-
mas orgânica e inorgânica do selênio e consequentemente na sua absorção. O H2Se proveniente da
conversão das diferentes formas de selênio será convertido em selenofosfato, em uma reação catali-
sada pela selonofosfato sintetase. Por fim, será incorporado às selenoproteínas na forma de seleno-
cisteína [12].
A biodisponibilidade do selênio, com base na excreção urinária, foi maior para a selenometionina e
menor para o selenito. No entanto, a suplementação com qualquer uma dessas formas parece ter
afetado apenas os níveis de selênio no plasma e não a atividade da glutationa peroxidase ou a con-
centração de selenoproteína P (SePP), [26].

Transporte plasmático
Após ser absorvido e reduzido a H2Se, o selênio é, então, transportado no sangue para o fígado. É
possível que haja, também, outros mecanismos ainda não identificados de transporte do selênio para
o fígado. Do fígado, o selênio é transportado para outros tecidos, principalmente na forma de SePP
(até 60% do conteúdo total absorvido).
Selenito de sódio e selenato de sódio são formas inorgânicas de selênio. O selenato de sódio é quase
completamente absorvido, mas uma quantidade significativa é excretada na urina antes de ser in-
corporada às proteínas. O selenito de sódio é apenas cerca de 50% absorvido, mas é mais bem retido
do que o selenato depois de absorvido. A selenometionina é absorvida em cerca de 90%; no entanto,
apenas cerca de 34% podem então realmente ser convertido em selenometionina livre [24].

Funções corporais
O selênio é um componente dos aminoácidos selenocisteína e selenometionina. Em humanos, o se-
lênio funciona como cofator para a redução de enzimas antioxidantes, como a glutationa peroxidases
e certas formas de tiorredoxina redutase [24].
A família de enzimas glutationa peroxidase (GPx) catalisa certas reações que removem espécies rea-
tivas de oxigênio, como peróxido de hidrogênio e hidroperóxidos orgânicos [24].
A glândula tireoide e todas as células que usam o hormônio tireoidiano usam selênio que é um cofa-
tor para os três dos quatro tipos conhecidos de desiodinases do hormônio tireoidiano, que ativam e
depois desativam vários hormônios tireoidianos e seus metabólitos; as iodotironina desiodinases são
a subfamília das enzimas deiodinase que usam o selênio como o aminoácido selenocisteína [24].
O selênio pode inibir a doença de Hashimoto, na qual as células da tireoide do próprio corpo são
atacadas como estranhas. Uma redução de 21% nos anticorpos TPO é relatada com a ingestão dieté-
tica de 0,2 mg de selênio [27].

Excreção e fatores que afetam a excreção


Quando a ingestão alimentar de selênio é adequada, a principal via de excreção é a urinária. Em
níveis de ingestão que variam de adequados a pouco tóxicos, o principal composto monometilado
eliminado via renal é um seleno-açúcar, a 1-beta-metilseleno-N-acetil-d-galactosamina. Quando a
ingestão é superior à necessária, a eliminação urinária pode aumentar de maneira significativa e as
principais formas excretadas são as trimetiladas. Quando a ingestão é muito baixa, metade ou menos
da metade do selênio alimentar é excretado por essa via. Nas fezes, ocorre a excreção principalmente
de selênio alimentar não absorvido, junto ao selênio presente nas secreções biliares, pancreáticas e
intestinais. Quando a ingestão do mineral é muito elevada e a eliminação do trimetilselenônio torna-

25
se saturada, ocorre eliminação no ar expirado, sobretudo na forma de dimetilselenito volátil, com-
posto responsável pelo odor semelhante ao alho na respiração [12].

Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente


Na hierarquia das selenoenzimas, aquelas mais dependentes de suprimento adequado de selênio são
a GPx citosólica e a extracelular, sendo as mais indicadas como biomarcadores do estado nutricional
na deficiência [12].
Outros índices também podem ser utilizados, entre eles, a concentração plasmática de SePP, a razão
de conversão de T4 em T3 e a atividade de tiorredoxina. A SePP é considerada um biomarcador bas-
tante útil em razão da grande quantidade de resíduos de selenocisteína presentes em sua molécula e
por ser a principal selenoproteína do plasma. Além disso, já foi demonstrado que a resposta das suas
concentrações de SePP à suplementação com selênio em indivíduos com ingestão limítrofe
(10 μg/dia) não é direta e proporcional à quantidade ingerida, como no caso da glutationas peroxi-
dases (GPx), indicando a primeira como um biomarcador mais acurado. Para a avaliação do selênio
em estudos de suplementação, pode-se utilizar a atividade plaquetária da GPx, uma vez que responde
de forma rápida ao aumento no consumo do mineral, provavelmente em virtude de sua meia-vida
mais curta [12].
Em suma, a avaliação das concentrações de selenoproteínas é mais útil em relação às concentrações
sanguíneas do mineral, porém conclusões geradas a partir da determinação da concentração de ape-
nas uma selenoproteína não são aplicáveis a todas as funções biológicas exercidas pelo selênio. Por-
tanto, para uma avaliação mais acurada, é necessário utilizar um conjunto de biomarcadores [12].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


Acredita-se que a entrada da SePP em tecidos, como testículos, rins e cérebro, ocorra por um pro-
cesso de endocitose mediada por receptores, dentre eles o receptor 2 de apolipoproteína E (apoE2)
e a megalina. Ainda existem muitas limitações no que se refere ao metabolismo e ao transporte de
selênio; é provável que outras selenoproteínas ou outras formas de selênio, além da SePP, também
sejam formas importantes de transporte, entretanto, há a necessidade de mais pesquisas para a elu-
cidação completa desses aspectos [12].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


A deficiência de selênio produz mudanças bioquímicas que podem predispor as pessoas que passam
por estresses adicionais a desenvolver certas doenças. Por exemplo, a deficiência de selênio em com-
binação com um segundo estresse (possivelmente uma infecção viral) leva à doença de Keshan, uma
cardiomiopatia que ocorreu em partes da China antes de um programa de suplementação de selênio
patrocinado pelo governo que começou na década de 1970. Antes do programa de suplementação do
governo chinês, os adultos nas áreas da doença de Keshan tinham ingestão média de selênio de não
mais do que 12 g/dia; ingestões de pelo menos 20 g/dia protegem os adultos da doença de Keshan
[25].
A deficiência de selênio também está associada à infertilidade masculina e pode desempenhar um
papel na doença de Kashin-Beck, um tipo de osteoartrite que ocorre em certas áreas com baixo teor
de selênio da China, Tibete e Sibéria [25]
A epidemiologia das deficiências coexistentes de iodo e selênio na África central, mas não na China,
foi associada à prevalência de cretinismo mixedematoso, uma forma grave de hipotireoidismo con-
gênito acompanhado de retardo mental e físico. A deficiência de selênio pode ser apenas um dos
vários fatores indeterminados que podem exacerbar os efeitos prejudiciais da deficiência de iodo
[24].

26
Interações com outros nutrientes
A importância do selênio para os sistemas biológicos e, especificamente, para o equilíbrio pró-oxi-
dante/antioxidante celular, deriva de sua presença como selenocisteína no sítio catalítico das sele-
noproteínas. Outros minerais que são componentes críticos das enzimas antioxidantes incluem co-
bre (como superóxido dismutase), zinco (como superóxido dismutase) e ferro (como catalase). O
selênio atua em sinergia com as vitaminas antioxidantes, vitamina C (ácido ascórbico) e vitamina
E(α-tocoferol), regenerando-os de suas formas oxidadas e promovendo proteção antioxidante má-
xima [24].
Embora o iodo seja um componente essencial dos hormônios tireoidianos, as iodotironina desiodi-
nases (DIOs) contendo selênio são enzimas necessárias para a conversão da tiroxina (T4) no hormô-
nio tireoidiano biologicamente ativo, triiodotironina (T3). A atividade de DIO também pode estar
envolvida na regulação da homeostase do iodo. As selenoenzimas, glutationa peroxidases, também
desempenham um papel crítico na função tireoidiana porque catalisam a degradação dos peróxidos
gerados durante a síntese do hormônio tireoidiano [24].

Tiamina
Tiamina é conhecida também como vitamina B1. A nomenclatura IUPAC é 3‑(4‑amino‑2‑metilpiri-
midina‑5‑ilmetil)‑5(2‑hidroximetil)‑4‑metiltiazol. Foi descoberta em 1897 como um “antídoto” para
beribéri.

Forma encontrada nos alimentos


Em plantas, a tiamina está na maior parte na forma de tiamina livre e monofosfato de tiamina (TMP);
já em tecidos animais, está quase que inteiramente (95-98%) em formas fosforiladas: tiamina trifos-
fato (TTP), tiamina difosfato ou tiamina pirofosfato (TPP), em proporção de 80 a 85%. O TTP com-
preende apenas uma pequena porção de tiamina total de tecido na maioria dos alimentos, com as
notáveis exceções do músculo peito de frango e músculo esquelético de porco, no qual mais de 70%
da vitamina está presente na forma de TPP [2, 12].

Forma biológica ativa


O pirofosfato de tiamina (TPP) é a forma ativa da tiamina [28].

Principais alimentos fontes


A tiamina é amplamente distribuída em alimentos, mas a maioria contém apenas baixas concentra-
ções dela. As fontes mais ricas são leveduras e fígado (principalmente fígado de porco); no entanto,
os grãos íntegros de cereais compreendem as fontes mais importantes da vitamina na maioria das
dietas humanas. A tiamina nos alimentos é considerada prontamente disponível para indivíduos
saudáveis, exceto em casos de exposição a determinados antagonistas ou antinutrientes [28].
Nos grãos, a vitamina está mais concentrada no escutelo (a fina camada entre o germe e o endos-
perma. Isso faz com que os grãos polidos percam a maior parte dessa vitamina [2]. Cerca de 30% da
tiamina é perdida por cocção [12].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


A vitamina livre é absorvida por dois mecanismos: transporte ativo em baixas concentrações lumi-
nais (menores que 2 μM) e transporte passivo [2].
O transporte ativo dependente de portadores está localizado na borda apical do epitélio mucosa, com
maior atividade no duodeno. Dois transportadores: THTR1 e THTR2 estão envolvidos nesse pro-
cesso. Esses transportadores têm funções diferentes no enterócito. A principal captação de tiamina
é facilitada pelo THTR2, que tem uma capacidade relativamente alta, saturado em altas concentra-

27
ções de tiamina. THTR2 é expresso ao longo do comprimento do intestino com maior expressão no
duodeno e jejuno. O transportador THTR1 está localizado na membrana basolateral. Este transpor-
tador tem menor capacidade de transporte, sendo saturado em concentrações menores que THTR2
[2].
Difusão passiva — em concentrações mais altas (por exemplo, uma dose de 2,5 mg para um humano).
A absorção da tiamina através da membrana basolateral enterócito no sangue é dependente de Na+,
sendo acoplado à hidrólise de ATP por um Na+K+-ATPase. Enquanto a maior parte da tiamina pre-
sente na mucosa intestinal está em forma de fosforilada, a tiamina que chega ao intestino está em
grande parte na forma monovalente livre (não fosforilada) [2].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


A tiamina é liberada pela ação da fosfatase e pirofosfatase no intestino delgado superior. Em baixas
concentrações, o processo é mediado por carreador. Em concentrações mais altas, a absorção tam-
bém ocorre via difusão passiva. O transporte ativo é maior no jejuno e íleo, mas pode ser inibido pelo
consumo de álcool ou por deficiência de folato. O declínio na absorção de tiamina ocorre em inges-
tões acima de 5 mg/dia. No lado externo do intestino, a descarga da vitamina por essas células é
dependente da ATPase-Na+ dependente [29].

Transporte plasmático
A maior parte da tiamina no soro está ligada à proteína, principalmente albumina. Cerca de 90% do
total de tiamina no sangue (de 5-12 μg/dL) está contido em eritrócitos. Uma proteína de ligação
específica, proteína de ligação de tiamina (TBP), foi identificada no soro de rato. A TBP liga-se a
tiamina livre e forma um complexo com a proteína riboflavina. Como este último, o TBP parece ser
regulado por estrogênios [2].

Funções corporais
Os derivados de fosfato da tiamina estão envolvidos em muitos processos celulares. A forma mais
bem caracterizada é o pirofosfato de tiamina (TPP), uma coenzima no catabolismo de açúcares e
aminoácidos [30].
Nenhum papel fisiológico é conhecido para o monofosfato de tiamina (TMP); no entanto, o difosfato
é fisiologicamente relevante. A síntese de tiamina difosfato (TDP), também conhecida como tiamina
pirofosfato (TPP) ou cocarboxilase, é catalisada por uma enzima chamada tiamina difosfoquinase de
acordo com a reação tiamina + ATP → TDP + AMP. TDP é uma coenzima para várias enzimas que
catalisam a transferência de unidades de dois carbonos e em particular a desidrogenação [30].
As enzimas transcetolase, piruvato desidrogenase (PDH) e 2- oxoglutarato desidrogenase (OGDH)
são importantes no metabolismo de carboidratos. A enzima citosólica transcetolase é uma peça-
chave na via das pentoses fosfato. O PDH e OGDH mitocondrial fazem parte de vias bioquímicas que
resultam na geração do ATP. PDH liga a glicólise ao ciclo do ácido cítrico, enquanto a reação catali-
sada pela OGDH é uma etapa limitante da velocidade no ciclo do ácido cítrico. No sistema nervoso,
o PDH também está envolvido na produção de acetilcolina, um neurotransmissor, e na síntese de
mielina. [30]
O trifosfato de tiamina (TTP) foi por muito tempo considerado uma forma neuroativa específica da
tiamina, desempenhando um papel nos canais de cloreto nos neurônios de mamíferos e outros ani-
mais, embora isso não seja completamente compreendido. No entanto, recentemente foi demons-
trado que TTP existe em bactérias, fungos, plantas e animais, sugerindo um papel celular muito mais
geral [30].

28
O trifosfato de adenosina tiamina (ATTP) ou trifosfato de adenosina tiaminilado foi recentemente
descoberto em Escherichia coli, onde se acumula como resultado da falta de carbono. Em E. coli, a
ATTP pode representar até 20% da tiamina total [30].
O difosfato de adenosina tiamina (ATDP) ou difosfato de adenosina tiaminolado existe em pequenas
quantidades no fígado de vertebrados, mas seu papel permanece desconhecido [30].

Excreção e fatores que afetam a excreção


A tiamina é excretada na urina, principalmente como tiamina livre e TMP, mas também em quanti-
dades menores como TPP, o produto de oxidação tiocromo, outros metabólitos e um peptídeo con-
tendo tiamina. Metabólitos que retêm a ligação do anel pirimidina-tiazol são responsáveis por pro-
porções crescentes de excreção total de tiamina à medida que o status da tiamina diminui. As perdas
urinárias de metabólitos de tiamina variam de acordo com os níveis de tiamina plasmática, mas au-
mentam acentuadamente quando a reabsorção tubular renal está saturada, que ocorre em adultos
saudáveis em ingestão de 0,3-0,4 mg de tiamina por 1000 kcal. Acima desse limiar, a excreção da
vitamina excede 100 μg/dia, enquanto a excreção urinária em indivíduos deficientes é menor que
25 μg/d. Pequenas quantidades da vitamina também podem ser perdidas no suor [2].

Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente


O teor de B1 sérica (Tiamina Sérica) é exame utilizado para detectar a carência dessa vitamina. Os
valores de referência está entre 28-85 ng/mL, entretanto como a tiamina pode estar distribuído por
vários tecidos, não é uma indicação segura do status nutricional [30].
Há também a possibilidade de se avaliar o status nutricional dos indivíduos relativos à tiamina por
exames indiretos: por meio da quantificação da atividade da enzima transcetolase (TK) em hemoli-
sado de eritrócitos, ou pela quantificação direta de TDP em hemolisados de eritrócitos por HPLC
(high performance liquide chromatography) [12].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


A tiamina flui pelo plasma já que é hidrofílica, entretanto, não cruza prontamente a membrana plas-
mática. A entrada celular e a exportação da tiamina carregada positivamente são facilitadas por
THTR1 e THTR2. Esse THTR1 é particularmente importante nesse sentido é indicado pelo fato de
que indivíduos nascidos com defeitos genéticos nesse transportador apresentam anemia megalo-
blástica sensível à tiamina (TRMA), também caracterizada pela surdez devido a danos nos nervos.
Uma variante de THTR2 foi identificada na síndrome de Wernicke-Korsakoff, mas que podem ser
controlados com altas doses de tiamina. Outra proteína SLC, a transportadora de folato reduzida
(RFC1, o produto genético do SCL25A19) está envolvida na exportação de formas de fósforo carre-
gadas negativamente de tiamina. A tiamina é rapidamente fosforilada ao entrar na célula. Assim, o
TPP compreende a maioria (70-90%) da tiamina intracelular, cerca de 90% das quais está ligada a
proteínas. Quase um terço do TPP intracelular entra nas mitocôndrias através de transportadores de
alta afinidade considerados ThTr1/2 e SLC25A19, admite-se que seja para facilitar a entrada de TPP
por troca com a ATP. A maioria dos TPP mitocondriais rapidamente se torna ligada a duas proteínas
(α-cetoglutarate desidrogenase (α-KGDH) e piruvato desidrogenase). Ele também pode ser desfos-
forilado para formar TMP, que pode se mover para o citosol onde pode ser convertido de volta para
tiamina [2].
A rotatividade da tiamina varia entre os tecidos, mas é geralmente alta. Tiamina que está em excesso
nos tecidos é rapidamente excretada. Com uma meia-vida estimada de 10 a 20 dias em humanos, os
estados com deficiência de tiamina podem esgotar os estoques de tecidos dentro de algumas sema-
nas. Estudos com jejum e com soldados desnutridos mostraram que a restrição alimentar aumenta
a taxa de excreção de tiamina. Declínios nos níveis de tiamina tecidual envolvem maior degradação

29
de enzimas dependentes de TPP na ausência da vitamina. Há cerca de 20 metabólitos de tiamina
diferentes [2].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


Além da ingestão insuficiente de tiamina da dieta, as causas da deficiência de tiamina incluem menor
absorção ou taxas de excreção mais altas do que o normal devido, por exemplo, a certas condições
(como dependência de álcool ou HIV/AIDS) ou uso de alguns medicamentos [30].
O efeito mais comum da deficiência de tiamina é o beribéri, que se caracteriza principalmente por
neuropatia periférica e emaciação. Pessoas com essa condição têm funções sensoriais, motoras e re-
flexas prejudicadas. Em casos raros, o beribéri causa insuficiência cardíaca congestiva que leva a
edema nos membros inferiores e, possivelmente, à morte [30].
Uma manifestação mais comum de deficiência de tiamina é a síndrome de Wernicke-Korsakoff. Esse
distúrbio é cerca de 8 a 10 vezes mais comum em pessoas com alcoolismo crônico do que na popula-
ção em geral, mas também pode se desenvolver em pacientes com distúrbios gastrointestinais gra-
ves, malignidades hematológicas de progressão rápida, distúrbios por uso de drogas ou AIDS [30].
A tiamina é geralmente bem tolerada. Doses tão grandes quanto 300 mg/dia são usadas terapeuti-
camente em humanos sem reações adversas (por exemplo, para tratar beriberi, síndrome de Werni-
cke-Korsakoff etc.). No entanto, doses maiores produzem reações alérgicas, dor de cabeça, convul-
sões, fraqueza, paralisia e arritmia cardíaca. Limites toleráveis superiores de exposição não foram
definidos para tiamina [2]

Interações com outros nutrientes


A tiamina em alimentos pode ser destruída ou antagonizada por vários compostos que podem ocor-
rer naturalmente. Casos de deficiência de tiamina têm sido encontrados relacionados à ingestão de
alimentos contendo tais antagonistas e antinutrientes. Eles incluem o seguinte [2, 12]:

• tiaminases – presente em peixes frescos, ostras, pteridífitas (plantas do gênero das samam-
baias) e algumas bactérias;
• antagonista da tiamina (polifenóis) – presentes em verduras, chás, noz e algumas plantas que
possuem flavonoides. Também foi reportado que a hemina dos tecidos animais se liga a essa
vitamina;
• análogos da tiamina - Vários análogos são antagonistas eficazes de tiamina, cada um envol-
vendo uma substituição no anel pirimidina ou tiazol. Entre eles estão: oxitiamina, 2-metiltia-
mina, piritiamina, amprólio.

Vitamina K
Vitamina K é o nome genérico para uma família de compostos com uma estrutura química comum
de 2-metil-1,4-naftoquinona. É uma vitamina lipossolúvel que está naturalmente presente em alguns
alimentos. Esses compostos incluem filoquinona (vitamina K1) e uma série de menaquinonas (vita-
mina K2). As menaquinonas (MK) possuem cadeias laterais de isoprenil insaturadas e são designa-
das como MK-4 a MK-13, com base no comprimento de sua cadeia lateral. MK-4, MK-7 e MK-9 são
as menaquinonas mais bem estudadas [31].
O corpo humano requer vitamina K para modificação pós-síntese de certas proteínas que são neces-
sárias para a coagulação do sangue (K de coagulação em dinamarquês) ou para controlar a ligação
do cálcio nos ossos e outros tecidos. [32]

30
Forma encontrada nos alimentos
Síntese de MK pela microbiota intestinal é a principal fonte de vitamina K nos humanos e na maioria
dos animais. Muitas bactérias no intestino grosso podem sintetizar os diferentes tipos dessa vitamina
[2, 12].
Entretanto, muitos alimentos contribuem para atender às necessidades de vitamina K. As filoquino-
nas compreendem a maior parte da vitamina K nas dietas, sendo as fontes mais ricas vegetais verdes
(por exemplo, espinafre, couve, brócolis, couve-de-bruxelas), óleos vegetais e margarina. MKs po-
dem incluir até um quarto da vitamina K em muitas dietas; esses compostos vêm em grande parte
de alimentos fermentados com bactérias (por exemplo, queijo, chucrute, nato), que contêm MKs de
cadeia longa (particularmente MK-8 e MK-9), e produtos de aves e suínos. É difícil formular uma
dieta normal que não forneça cerca de 100 μg de vitamina por dia [2,12].

Forma biológica ativa


A vitamina K é encontrada em duas formas biologicamente ativas: a vitamina K1 (filoquinona) e a
vitamina K2 (menaquinona ou MK). A filoquinona, forma mais comum, está presente em legumes
de folhas verdes e óleos vegetais, enquanto as MK ocorrem em produtos de origem animal, como
carnes, ovos e queijos. Os compostos de vitamina K possuem estrutura de naftoquinona e diferem
entre si na cadeia lateral do carbono na posição três. Existe, ainda, a menadiona (2‑metil‑1,4‑nafto-
quinona) ou vitamina K3, que não é um composto encontrado na natureza, sendo, em geral, utilizada
como fonte da vitamina para a alimentação animal, convertendo‑se facilmente em MK‑4 nos tecidos
animais, tornando‑se biologicamente ativa [2].

Principais alimentos fontes


Como foi dito antes, a principal fonte é a produção pela microbiota intestinal, mas as fontes alimen-
tares de filoquinona são vegetais, especialmente vegetais de folhas verdes, óleos vegetais e algumas
frutas. Carne, laticínios e ovos contêm baixos níveis de filoquinona, mas quantidades modestas de
menaquinonas. natto (um alimento tradicional japonês feito de soja fermentada) tem grandes quan-
tidades de menaquinonas. Outros alimentos fermentados, como queijo, também contêm menaqui-
nonas. No entanto, as formas e quantidades de vitamina K nesses alimentos provavelmente variam
dependendo das cepas bacterianas usadas para fazer os alimentos e suas condições de fermentação.
Os animais sintetizam MK-4 a partir da menadiona (uma forma sintética de vitamina K que pode ser
usada na alimentação de aves e suínos). Assim, produtos de aves e suínos contêm MK-4 se a mena-
diona for adicionada à ração animal [31, 32].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


Vários estudos sugeriram que o transporte de vitamina K em diferentes tipos de células não é uni-
forme. A menadiona e principalmente absorvida pelo sistema porta, embora também possa ser ab-
sorvida pelo sistema linfático. Ainda não foi totalmente elucidado o mecanismo pelo qual a vitamina
K e retomada pelos hepatócitos. Entretanto, com base no conhecimento recente de que a vitamina K
é absorvida em grande parte pelos quilomícrons remanescentes (QR), parece seguro afirmar que ela
segue o caminho dos QR captados pelo fígado [2].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


A vitamina K é absorvida do intestino para o sistema linfático (em mamíferos) ou portal (em aves,
peixes e répteis). Primeiramente essas substâncias hidrofóbicas devem ser dispersadas no lúmen
aquoso do intestino através da formação de micelas mistas, nas quais são dissolvidas. A absorção de
vitamina K, portanto, depende da função pancreática e biliar normal, e da presença de alguma gor-
dura dietética. Ao chegar no fígado, a filoquinona e reduzida a hidronaftoquinona (KH2), que é co-
fator ativo para a carboxilase. Em adultos saudáveis, cerca de 80% da filoquinona livre é absorvida.
As MKs não competem com a filoquinona pela absorção, e são absorvidas pelo sistema linfático.

31
Portanto, condições que resultam em comprometimento da formação de micela luminal (por exem-
plo, óleo mineral dietético, disfunção pancreática, estase biliar) prejudicam a absorção entérica da
vitamina. As misturas de filoquinonas e MKs que as dietas normalmente contêm parecem ser absor-
vidas com uma ampla gama de eficiências, por exemplo, de 5 a 70%. A vitamina K é absorvida através
da borda em escova através da difusão passiva, as taxas das quais são afetadas pelo conteúdo micelar
de lipídios e sais biliares. Isso ocorre tanto na parte distal do intestino delgado quanto no cólon [2,
12].

Transporte plasmático
Nenhum carreador específico foi identificado para nenhum das vitaminas K. Em vez disso, após a
absorção no enterócito, a vitamina K associa-se com quilomícron remanescente, que transporta a
vitamina no sistema linfático para o fígado. A vitamina K é rapidamente captada pelo fígado através
de um receptor de apolipoproteína E (apoE), que interage com o apoE na superfície do quilomícron.
Filoquinonas e MK-4 têm meias-vidas relativamente curtas no plasma (aproximadamente 17 h); que,
as MKs de cadeia mais longa. Essas circulam no plasma por períodos muito mais longos (até 48 h)
Em última análise, essas vitaminas são transferidas para lipoproteínas ricas em triglicerídeos e, à
medida que os perdem, para lipoproteínas de baixa densidade (LDLs) e lipoproteínas de alta densi-
dade (HDLs). Estudos mostraram que essas transferências ocorrem a taxas diferentes para diferen-
tes vitaminas K. Em humanos, MK-4 e MK-9 foram ambos transferidos da fração rica em triglicerí-
deos para HDLs, mas MK-9 primeiro foi para LDLs, o que aumentou seu tempo de residência no
plasma [2, 12].

Funções corporais
A vitamina K funciona como um cofator para a enzima γ-glutamilcarboxilase (GGCX), que catalisa a
carboxilação do aminoácido ácido glutâmico (Glu) em ácido γ-carboxiglutâmico (Gla). Essa enzima
dependente de vitamina K é crítica para sua capacidade de se ligar ao cálcio. Essa reação ocorre ape-
nas em resíduos específicos de ácido glutâmico em proteínas dependentes de vitamina K (VKDP)
identificadas [32].
A capacidade de se ligar a íons cálcio (Ca+2) é necessária para a ativação de vários fatores de coagu-
lação dependentes da vitamina K, ou proteínas na cascata de coagulação (coagulação). O termo cas-
cata de coagulação refere-se a uma série de eventos, cada um dependente do outro, que interrompe
o sangramento através da formação de coágulos. A γ-carboxilação torna possível que essas proteínas
se liguem ao cálcio [32].
A proteína do gene-6 específico para parada de crescimento (Gas6) é uma proteína dependente de
vitamina K que foi identificada em 1993. Foi encontrada em todo o sistema nervoso, bem como no
coração, pulmões, estômago, rins e cartilagem. Gas6 parece ser um fator de regulação do crescimento
celular com atividades de sinalização celular. Gas6 está envolvido em diversas funções celulares, in-
cluindo fagocitose, adesão celular, proliferação celular e proteção contra apoptose. Também pode
desempenhar papéis importantes no desenvolvimento e envelhecimento do sistema nervoso. Além
disso, o Gas6 parece regular a sinalização plaquetária e a hemostasia vascular. Expresso na maioria
dos tecidos e envolvido em muitas funções celulares, o Gas6 também tem sido associado a várias
condições patológicas, incluindo formação de coágulos (trombogênese), aterosclerose, inflamação
crônica e crescimento de câncer [32].

Foi relatado também, uma possível associação entre a vitamina K e o sistema endócrino. Sabe‑se que
a forma mais abundante mensurada em órgãos reprodutivos é a MK‑4, sugerindo um papel dessa
vitamina na reprodução feminina [12].
Nos últimos cinco anos, tem sido investigado o papel da vitamina K também no diabetes tipo 2. Re-
centemente, um estudo demonstrou que as concentrações de osteocalcina também podem afetar a

32
sensibilidade à insulina e o diabetes tipo 2 por meio da regulação da expressão do gene da insulina e
de marcadores da proliferação de células beta [12].

Excreção e fatores que afetam a excreção


O catabolismo da vitamina K envolve o metabolismo da cadeia linear; não há evidência de catabo-
lismo do anel de naftoquinona. A rotatividade do reservatório total de filoquinona em um adulto se
dá em cerca de 1,5 dias. O metabólito de filoquinona mais abundante é seu 2,3-epóxido, formado
pela vitamina K dependente γ-carboxilação de proteínas. Este metabólito e outras filoquinonas e
MKs sofrem encurtamento oxidativo da cadeia lateral para ácidos carboxílicos de 5 ou 7 carbonos e
uma variedade de outros metabólitos mais extensivamente degradados. Um quinto da filoquinona é,
em última análise, excretada na urina; no entanto, a principal rota de excreção desses metabólitos
são as fezes, excretados através da bile. O tratamento de varfarina aumenta muito a excreção de me-
tabólitos de filoquinona na urina, diminuindo as quantidades de metabólitos nas fezes. Pouco se sabe
sobre o metabolismo MK, mas é provável que ele também submeta a degradação da cadeia lateral da
mesma forma que a filoquinona. O catabolismo MK, particularmente o dos MKs de cadeia longa,
parece ser muito mais lento do que o da menadiona, que é rapidamente metabolizada e excretada
principalmente na urina [2].

Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente


Medidas como a dosagem da vitamina K plasmática podem ser utilizadas, entretanto os métodos
disponíveis não são práticos para uma avaliação rotineira. A concentração de filoquinona plasmática
reflete a ingestão recente. Os níveis estão correlacionados com os de triglicérides e α-tocopherol. Em
humanos saudáveis, as concentrações de filoquinona circulante estão na faixa de 0,1-0,7 ng/mL [2,
12].
Um dos métodos utilizados na avaliação do estado nutricional de indivíduos é o tempo de protrom-
bina, que mede a habilidade de síntese dos fatores de coagulação dependentes desta. Essa é uma
informação somente para detectar casos de deficiência avançada. Uma perda de 50% do nível da
protrombina plasmática é requerida para o tempo de sua coagulação [2, 12].
Avaliação do osteocalcina subcarboxilada (ucOC) pelo seu teor no plasma pode avaliar o status da
vitamina K. Por ser sintetizado apenas por osteoblastos, tem sido usado como marcador de formação
óssea. Altos níveis de circulação preveem baixa densidade mineral óssea e risco de fratura e são fre-
quentemente elevados entre as mulheres pós-menopausa. A redução percentual da enracarboxina,
mas não a osteocalcina total, também pode indicar o estado da vitamina K, uma vez que esse parâ-
metro responde ao aumento da ingestão da vitamina sobre a faixa nutricional [2].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


Acredita-se que a absorção de vitamina K ocorra da mesma forma que outros lipídios são absorvidos
pelos hepatócitos, osteócitos e outras células. Esse processo envolve remanescentes de quilomícrons
contendo vitamina K sendo ligados a receptores de superfície celular da família de receptores de LDL
por um processo conhecido como captura de secreção. Isso envolve a apoE,18 que é adquirida por
remanescentes de quilomícrons de lipoproteínas ricas em triglicerídeos e HDLs, permitindo assim
que atue como um ligante para facilitar a ligação dessa partícula a receptores de superfície celular de
alta afinidade. Essa ligação leva à internalização celular, que é facilitada pelos proteoglicanos de sul-
fato de heparina [2].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


A deficiência de vitamina K apresenta-se como hipoprotrombinemia e tempo de coagulação prolon-
gado. Coagulopatias agora associadas à deficiência de vitamina K não são novas; eles foram docu-
mentados no século XIX e provavelmente foram problemas históricos. O baixo nível de vitamina K
também tem sido associado a riscos elevados de osteoporose e fratura, danos à cartilagem articular

33
e osteoartrite. Esses riscos em adultos são tipicamente maiores em indivíduos mais velhos, incluindo
aqueles com doença renal crônica [2].

Interações com outros nutrientes


Verificou-se que grandes doses de vitamina A e vitamina E antagonizam a vitamina K. O excesso de
vitamina A parece interferir na absorção da vitamina K, enquanto a vitamina E pode inibir a ativi-
dade da carboxilase dependente da vitamina K e interferir na cascata de coagulação. Um estudo em
adultos com status de coagulação normal descobriu que a suplementação com 1.000 UI/dia de vita-
mina E por 12 semanas diminuiu a γ-carboxilação da protrombina, uma proteína dependente da
vitamina K. Indivíduos que tomam medicamentos anticoagulantes como a varfarina e aqueles com
deficiência de vitamina K não devem tomar suplementos de vitamina E sem supervisão médica por
causa do risco aumentado de hemorragia (sangramento excessivo) [32].

Zinco
O zinco é um mineral essencial que está naturalmente presente em alguns alimentos, adicionado a
outros, e disponível como um suplemento alimentar.
O zinco participa de várias reações do metabolismo celular. O zinco é necessário para a atividade
catalítica de aproximadamente 100 enzimas e desempenha um papel na função imunológica, síntese
proteica, cicatrização de feridas, síntese de DNA e divisão celular. O zinco também participa do cres-
cimento e o do desenvolvimento na gravidez, na infância e na adolescência. Além disso, ele é neces-
sário para o bom senso de paladar e olfato. Uma ingestão diária adequada de zinco é necessária para
manter um estado estável nutricional porque o corpo não tem um sistema especializado de armaze-
namento de zinco [33].

Forma encontrada nos alimentos


O zinco pode ocorrer nos alimentos associado a moléculas orgânicas, como por exemplo em proteí-
nas e fitatos; ou na forma de sais inorgânicos, como em suplementos e alimentos fortificados. Du-
rante a digestão, ocorre a degradação da matriz alimentar e, provavelmente, a dissociação dos sais
inorgânicos, o que libera o zinco do composto original [12].

Forma biológica ativa


Uma vez absorvido, o zinco estará sempre associado a alguma proteína. Zinco é armazenado e trans-
ferido em metalotioneínas (uma família de proteínas ricas em cisteína, de baixo peso molecular que
estão localizados na membrana do aparelho de Golgi) [33, 34].

Principais alimentos fontes


Marisco, carne bovina e outras carnes vermelhas são ricas fontes de zinco. Nozes e leguminosas são
fontes vegetais relativamente boas de zinco. A biodisponibilidade do zinco é relativamente alta em
carnes, ovos e frutos do mar devido à relativa ausência de compostos que inibem a absorção de zinco
e à presença de aminoácidos contendo enxofre (cisteína e metionina) que melhorar a absorção de
zinco. O zinco em produtos de grãos integrais e proteínas vegetais é menos biodisponível devido ao
seu teor relativamente alto de fitato, que inibe a absorção de zinco. A ação enzimática da levedura
reduz o nível de fitato nos alimentos; portanto, pães integrais fermentados têm mais zinco biodispo-
nível do que pães integrais sem fermento [33, 34].

Transportadores intestinais (influxo e efluxo)


A regulação homeostática do zinco dentro das células intestinais é feita por duas proteínas: a prote-
ína intestinal rica em cisteína (CRIP) e a metalotioneína. Na deficiência em zinco, a CRIP, presente
na mucosa intestinal, tem a função de carreador intracelular, ligando‑se ao mineral quando ele atra-

34
vessa o meio extracelular para o citosol do enterócito, passando por difusão em direção à membrana
basolateral. A metalotioneína regula a ligação do zinco com a CRIP, o que inibe a absorção desse
oligoelemento em condições de concentração elevada [12].

Fatores que alteram a absorção intestinal (aumentam e diminuem)


A absorção do zinco ocorre principalmente no segmento proximal do intestino delgado, e esse pro-
cesso é dependente de sua concentração no lúmen. A captação do zinco na superfície da borda em
escova se dá por meio de transportadores e difusão simples. A extensão de um processo ou outro
dependerá da concentração do mineral na alimentação. O mecanismo mediado por carreador pre-
domina em situação de baixa concentração de zinco na alimentação, enquanto a absorção por difusão
simples é predominante quando a concentração desse mineral é elevada [12].

Transporte plasmático
No plasma, cerca de 90% do zinco é carreado ligado à albumina, e 10% estão ligados à alfa‑2‑macro-
globulina e aos aminoácidos, especialmente os aminoácidos histidina e cisteína [12].

Funções corporais
Em humanos, o zinco possui uma função biológica muito importante em virtude da sua extensão no
corpo. Ele interage com vários compostos orgânicos e tem papéis no metabolismo de RNA e DNA,
transdução de sinal e expressão gênica. Ele também regula a apoptose [12, 33, 34].
Uma revisão de 2015 indicou que cerca de 10% das proteínas humanas se ligam ao zinco, além de
centenas que transportam zinco [35].
O zinco desempenha papéis importantes no crescimento e desenvolvimento, função imunológica,
neurotransmissão, visão e reprodução. Estima-se que mais de 3.000 proteínas em humanos pos-
suem sítios funcionais de ligação ao zinco [12, 33, 34, 35].
No cérebro, o zinco é armazenado em vesículas sinápticas específicas por neurônios glutamatérgicos
e pode modular a excitabilidade neuronal. Ele desempenha um papel fundamental na plasticidade
sináptica e, portanto, na aprendizagem. A homeostase do zinco também desempenha um papel crí-
tico na regulação funcional do sistema nervoso central [12, 33, 34, 35].

Excreção e fatores que afetam a excreção


A excreção do zinco ocorre pelo intestino, rins e pele, sendo que a principal forma de eliminação de
zinco corporal é pelas fezes. A inanição e o catabolismo muscular aumentam as perdas de zinco na
urina e nas fezes [12, 33, 34].

Exames/testes para avaliação do estado corporal do nutriente


O estado nutricional do zinco é difícil de medir adequadamente por meio de exames laboratoriais
devido à sua distribuição por todo o corpo como componente de várias proteínas e ácidos nucléicos.
Desse modo, torna‑se frequente a associação de vários marcadores, entre eles: medidas do consumo
alimentar, concentrações de zinco plasmático, eritrocitário eurinário e análise da atividade de meta-
loenzimas [33].
A análise do conteúdo de zinco plasmático é recomendada por OMS para avaliação do estado nutri-
cional em escala populacional, uma vez que esse indicador bioquímico responde às alterações hor-
monais e à ingestão alimentar do mineral e prediz respostas funcionais para intervenções alimenta-
res. Já o zinco presente nas hemácias é um marcador que representa uma média de 120 dias porque
essa é meia-vida das hemácias [12].
As determinações da concentração de zinco nas unhas e nos cabelos são outros indicadores bioquí-
micos que podem ser utilizados em pesquisas em seres humanos. Recentemente, as concentrações

35
de zinco em leucócitos, em linfócitos e em neutrófilos têm sido apontadas como importantes parâ-
metros bioquímicos para avaliação desse mineral. No entanto, em contrapartida, esses biomarcado-
res possuem uma meia‑vida curta [12].

Transportadores celulares (influxo e efluxo)


As proteínas transportadoras que participam da homeostase intracelular de zinco são agrupadas em
duas famílias: solute‑linked carrier 30 (SLC30A) e solute‑linked carrier 39 (SLC39A), conhecidas
como ZnT (zinc transporter) e ZIP (Zrt and Irt‑like proteins). As proteínas da família Zip transpor-
tam o zinco extracelular ou de vesículas intracelulares para o citoplasma, e as da família ZnT contro-
lam a rota contrária desse transporte. Atualmente, em seres humanos, já foram identificados dez
genes que codificam os ZnT (ZnT1 a ZnT‑10) e 14 genes que codificam as Zip (Zip1 a Zip14) [12].

Deficiência e excesso (sinais e sintomas / doenças)


Muito do que se sabe sobre a deficiência grave de zinco foi derivado do estudo de indivíduos nascidos
com acrodermatite enteropática (distúrbio genético resultante da deficiência na absorção e trans-
porte de zinco). Os sintomas de deficiência grave de zinco incluem a desaceleração ou interrupção
do crescimento e desenvolvimento, maturação sexual retardada, erupções cutâneas características,
diarreia crônica e grave, deficiências do sistema imunológico, cicatrização prejudicada, apetite dimi-
nuído, sensação de paladar prejudicada, cegueira noturna, inchaço e turvação da córnea e distúrbios
comportamentais. Antes que a etiologia da acrodermatite enteropática fosse conhecida, os pacientes
geralmente morriam na infância. A terapia oral com zinco resulta na remissão completa dos sinto-
mas, mas deve ser mantida indefinidamente em indivíduos com a doença genética [34].
Vários estudos já demonstraram a participação das metalotioneínas no transporte, no estoque e na
distribuição do zinco, sendo consideradas proteínas responsáveis pelo sequestro do mineral quando
está presente em concentrações elevadas, protegendo as células da toxicidade [12].
A toxicidade do zinco pode ocorrer nas formas aguda e crônica. Os efeitos adversos agudos da alta
ingestão de zinco incluem náuseas, vômitos, perda de apetite, cólicas abdominais, diarreia e dor de
cabeça. As doses de zinco utilizadas no estudo AREDS (80 mg/dia de zinco na forma de óxido de
zinco por 6,3 anos, em média) foram associadas a um aumento significativo de internações por cau-
sas geniturinárias, levantando a possibilidade de que a ingestão cronicamente elevada de zinco afetar
negativamente alguns aspectos da fisiologia urinária [33].

Interações com outros nutrientes


Como a transferrina também transporta ferro, o excesso de ferro reduz a absorção de zinco e vice-
versa. Um antagonismo semelhante existe com o cobre. O zinco pode ser mantido em reservas de
metalotioneína dentro de microrganismos ou nos intestinos ou fígado de animais e consequente-
mente um excesso de zinco prejudica particularmente a absorção de cobre porque a metalotioneína
absorve ambos os metais [12].
Ferro e zinco competem pelas vias absortivas. Suplementação de ferro elementar, mas não níveis
dietéticos de ferro, podem diminuir a absorção de zinco. Essa interação é preocupante no manejo da
suplementação de ferro durante a gravidez e lactação e levou alguns especialistas a recomendar a
suplementação de zinco para gestantes e lactantes que tomam suplementos de ferro. A fortificação
de alimentos com ferro não demonstrou afetar negativamente a absorção de zinco [34].
Níveis elevados de cálcio dietético prejudicam a absorção de zinco em animais, mas não se sabe se
isso ocorre em humanos. O cálcio em combinação com o fitato pode afetar a absorção de zinco [34].
A biodisponibilidade do folato dietético (vitamina B9) é aumentada pela ação de uma enzima zinco-
dependente. Assim, alguns estudos descobriram que a baixa ingestão de zinco diminuiu a absorção

36
de folato. Também foi sugerido que a suplementação com ácido fólico - a forma sintética de folato -
pode prejudicar a utilização de zinco em indivíduos com status marginal de zinco [34].
O zinco e a vitamina A interagem de várias maneiras. O zinco é um componente da proteína de liga-
ção ao retinol, uma proteína necessária para o transporte de vitamina A no sangue. O zinco também
é necessário para a enzima que converte o retinol (vitamina A) em retinal. Esta última forma de
vitamina A é necessária para a síntese de rodopsina, uma proteína no olho que absorve a luz e, por-
tanto, está envolvida na adaptação ao escuro. A deficiência de zinco foi associada à diminuição da
liberação de vitamina A pelo fígado, o que pode contribuir para os sintomas de cegueira noturna
observados na deficiência de zinco [34].

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