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Classificação dos alimentos na nutrição

O primeiro passo do processo de balanceamento de dietas para animais é conhecer os alimentos.


De acordo com os resultados de análises químico-bromatológicas, os alimentos podem ser
classificados da seguinte maneira:

Volumoso
São os alimentos com nível de fibra igual ou superior a 18%. Fornecem nutrientes aos animais de
forma mais econômica que os concentrados e são fundamentais para o perfeito funcionamento do
aparelho digestivo. Eles podem ser:
– Volumosos secos: fenos, palhadas, cascas de grãos, etc.
– Volumosos úmidos: silagens e pastagens.
Concentrados
É a mistura composta por macrominerais, ingredientes ou aditivos que, associada a outros
ingredientes em proporções adequadas, constitui uma ração. Os alimentos concentrados são os
que apresentam nível de fibra inferior a 18% na matéria seca. São classificados como:
– Proteico: com 20% ou mais de proteína bruta (PB) na matéria seca. Exemplos: farelo de soja.
– Energético: com menos de 20% de proteína bruta (PB) na matéria seca. Exemplos: farelo de arroz
e milho
Aditivos
São substâncias ou microrganismos adicionados à dieta que podem provocar mudanças
metabólicas que influenciam positivamente o desempenho animal, com ou sem valor nutricional.
Dentro dos aditivos, podemos citar como exemplos:
– Promotores de crescimento, como antibióticos, hormônios, probióticos;
– Preservadores da qualidade: antioxidantes, antifúngicos, sequestrantes.
– Melhoradores da qualidade física do alimento: melaço, aglutinantes, flavorizantes, aromatizantes,
acidificantes.
Premix
É a pré-mistura de aditivos e veículo ou excipiente, que facilita a dispersão em grandes misturas.
Não pode ser fornecida diretamente aos animais.
Núcleo
É a pré-mistura composta por aditivos e macrominerais, contendo ou não veículo ou excipiente,
que facilita a dispersão em grandes misturas.
Não pode ser fornecido diretamente aos animais.
Principais nutrientes
Os nutrientes presentes nos alimentos podem ser divididos em macronutrientes (proteínas,
carboidratos e lipídeos) e micronutrientes (vitaminas e minerais).
Proteínas
As proteínas são macromoléculas formadas por aminoácidos interligados presentes em todas as
células.
Elas apresentam diversas funções, como: componentes estruturais, funções enzimáticas,
hormonais, recepção de estímulos hormonais e armazenamento de informações genéticas.
Para os cálculos das dietas de ruminantes, utiliza-se o termo Proteína Bruta (PB), que corresponde
ao resultado da análise laboratorial do teor de nitrogênio de uma amostra de alimento,
multiplicado por 6,25 (baseado na premissa que, em média, o N corresponde a 16% do peso da
proteína total dos alimentos).
Porém, o nitrogênio analisado contempla, também, o nitrogênio não proteico, representado por
aminoácidos livres, peptídeos, ácidos nucléicos, aminas e amônia.
Isso impacta o fornecimento real de proteína ao ruminante e não traz informações suficiente para
formular dietas e muitas vezes explica a baixa eficiência na utilização do nitrogênio na prática.
Os aminoácidos absorvidos e utilizados para as funções vitais, mantença, gestação e lactação são
chamados de Proteína Metabolizável. Esta é a fração de proteína utilizada pelos modelos
nutricionais atualmente e que mais se aproxima do que o animal de fato utilizará.
Carboidratos
Os carboidratos (CHO) representam 60-70% da composição das rações para bovinos leiteiros, são a
fonte de energia mais importante e os principais precursores da gordura e do açúcar (lactose)
presentes no leite.
Os microorganismos presentes no rúmen permitem que as vacas obtenham energia utilizando os
carboidratos fibrosos (celulose e hemicelulose), que estão ligados à lignina que está presente na
parede celular das plantas.
As características nutritivas dos carboidratos das forrageiras dependem dos açúcares que os
compõem, das ligações entre eles estabelecidas e de outros fatores de natureza físico-química.
Assim, os carboidratos das plantas podem ser agrupados em duas grandes categorias: os
estruturais com menor degradabilidade, e os não estruturais com maior degradabilidade.
Os carboidratos encontrados no conteúdo celular são os chamados não estruturais. Estes, incluem
a glicose e frutose e os carboidratos de reserva das plantas, como o amido, a sacarose e as
frutosanas.
Já os carboidratos estruturais incluem, normalmente, aqueles que constituem a parede celular,
representados principalmente pela pectina, hemicelulose e celulose, que são normalmente os mais
importantes na determinação da qualidade nutritiva das forragens.
Lipídeos
Lipídios são utilizados na dieta dos bovinos leiteiros para aumentar a densidade energética das
dietas, uma vez que a gordura tem 2,25 vezes mais conteúdo energético que os carboidratos.
Além de serem mais calóricos, os lipídeos não são fermentados no rúmen, não produzem Ácidos
Graxos Voláteis (AGVs) e com isso não afetam o pH ruminal.
Porém, quando são utilizados em altas quantidades, a digestão da fibra, dentre outros fatores,
pode ser afetada por interferir na aderência microbiana. E, como consequência, pode reduzir a
produção de AGVs que serão utilizados diretamente na produção de gordura do leite.
Várias fontes de lipídios têm sido extensamente pesquisadas, principalmente fontes de baixa
degradabilidade ruminal, uma vez que os microrganismos do rúmen são bastante sensíveis à
presença de lipídeos insaturados.
O óleo de palma, por exemplo, é uma alternativa segura para evitar os efeitos negativos na
redução de gordura do leite.
Vitaminas
As vitaminas são essenciais na nutrição de vacas leiteiras, pois participam de diferentes processos
na manutenção da saúde, crescimento e reprodução.
Elas estão presentes nos alimentos em pequenas quantidades e o consumo insuficiente ou
exagerado de certas vitaminas pode ocasionar distúrbios nutricionais.
As vitaminas são classificadas em dois grupos:
– Lipossolúveis: A, D, E, K
– Hidrossolúveis: tiamina, riboflavina, niacina, ácido pantotênico, piridoxina, ácido fólico,
cianocobalamina (B12), colina, biotina, inositol, ácido ascórbico, ubiquinona, ácido orótico, etc.
Dietas formuladas com vitaminas devem ser utilizadas segundo a necessidade animal, que varia
conforme a espécie e categoria.
As vitaminas A, D, C e E devem ser fornecidas na dieta dos ruminantes, já as vitaminas do complexo
B e K são sintetizadas pelos microorganismos do rúmen.
Minerais
Os minerais são elementos que desempenham diversas funções essenciais no organismo de
bovinos leiteiros, tanto como íons dissolvidos em líquidos orgânicos, como constituintes de
compostos essenciais
Os microrganismos ruminais são dependentes dos minerais para seu crescimento e metabolismo. A
baixa concentração reduz as atividades de digestão de fibra e a síntese de proteína microbiana.
Com essas atividades reduzidas, o balanço de energia (carboidratos estruturais ou fibrosos) e o de
proteína (proteína metabolizável) são comprometidos e as vacas não darão o retorno esperado.
Os minerais são classificados em dois grandes grupos:
– Macrominerais: Ca, P, Mg, Na, Cl, S, K
– Microminerais: Co, Cu, Fe, I, Mn, Zn, Mo, Se, F (expressos em ppm, ppb)
Os macrominerais são utilizados principalmente em funções estruturais e balanço ácido-base do
organismo e são os mais requeridos pelos animais.
Já os os microminerais são utilizados principalmente como co-fatores de enzimas, vitaminas e
hormônios e são utilizados pelo organismo animal em menores quantidades.

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