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01
01 05 07 19
Claudia Pereira Dutra A educação inclusiva: Inclusão:
Secretária de um meio de construir o paradigma
Educação Especial escolas para todos do século 21
no século XXI. Romeu Sassaki
Pilar Arnaiz Sánchez
• A hora da virada
Maria Tereza E. Mantoan 24
• Diversidade como
paradigma de ação
pedagógica na
educação infantil.
Rosita Edler Carvalho 29
• Da educação segregada à
educação inclusiva: uma
reflexão sobre os
paradigmas atuais no
contexto da educação
especial brasileira.
Rosana Glat 35
• Educação Inclusiva: Será
que sou a favor ou contra
uma escola de qualidade
para todos?
Windyz B. Ferreira 40
2 INCLUSÃO - Revista da Educação Especial - Out/2005
Resenhas Informes Opinião
47 48 52
MACEDO, Lino. •Programa Incluir: a
Ensaios Pedagógicos: inclusão do aluno
como construir uma com deficiência no
escola para todos? ensino superior
•Projeto de decreto
BRASIL, Ministério da que regulamentará
Educação/Secretaria a lei de libras foi
de Educação Especial. consolidado
Educação Inclusiva:
Atendimento Educacio- •Aulas de música e
Veja Também
nal Especializado para a informática terão Minha vida escolar
Deficiência Mental.
Autoras: Cristina
manuais em Braille
Relato de Débora 53
•Educação Especial Araújo Seabra de Moura
Abranches Mota Batista e amplia ações de
Maria Tereza Egler formação
Mantoan. Brasília: MEC/
SEESP, 2005. •Turma da Mônica
em Braille
Qual a sua análise sobre a atuação gular. Dessa forma, a SEESP de- movem o debate e impulsionam a
da Secretaria de Educação Especi- senvolve ações integradas com as mudança no sistema educacional.
al (SEESP) no cenário da educa- Secretarias de Educação estaduais O Programa Educação Inclu-
ção nacional? e municipais e as organizações não siva: direito à diversidade tem como
A Secretaria de Educação Es- governamentais, constituindo polí- objetivo a transformação dos siste-
pecial tem afirmado a concepção de ticas de inclusão que visam a elimi- mas educacionais, uma ação cola-
educação inclusiva, fundamentada nação das barreiras pedagógicas, fí- borativa que se desenvolve com to-
no princípio da atenção à diversida- sicas e nas comunicações, fortale- dos os estados, o Distrito Federal e
de e educação de qualidade para cendo o movimento de transforma- 144 (cento e quarenta e quatro)
todos. Considerando o paradigma ção da escola. municípios-pólo que atuam como
da inclusão, a perspectiva é a garan- multiplicadores para outros muni-
tia do acesso à educação, a melho- Ao longo da história, o Brasil vem cípios da sua área de abrangência,
ria das condições de aprendizagem se movimentando na busca de se promovendo a participação de pro-
e a participação de todos os alunos. tornar uma sociedade que reconhe- fessores em cursos de formação. O
A educação especial compreen- ce e respeita a diversidade que a programa utiliza referenciais para a
dida como modalidade que perpas- constitui. Como a SEESP fomen- construção de sistemas educacio-
sa todos os níveis e etapas de ensi- ta a construção de sistemas educa- nais inclusivos que abordam a fun-
no, definida como proposta pedagó- cionais inclusivos? damentação filosófica, a organiza-
gica que assegura recursos, serviços A educação inclusiva pressu- ção do sistema educacional, a ges-
especializados e atendimento às põe a formação docente e a organi- tão da escola, a participação da fa-
necessidades educacionais especiais zação das escolas para garantia do mília e o atendimento educacional
dos alunos, tem provocado mudan- direito de todos à educação. Nesta especializado.
ças nos sistemas educacionais pos- perspectiva, a SEESP desenvolve O projeto Educar na Diversi-
sibilitando que cada vez mais os alu- dois grandes programas que disse- dade discute o papel da escola e re-
nos estejam incluídos no ensino re- minam o conceito de inclusão, pro- aliza formação docente para o pro-
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA:
um meio de construir escolas
para todos no século XXI
Resumo
Este artigo analisa o conceito de diversidade
no campo da educação inclusiva. Inicialmente,
diversidade foi entendida como uma inovação na área
de educação especial, mas, gradualmente, passou a
ser compreendida como uma tentativa de oferecer
educação de qualidade para todo(a)s. A fim de
discutir a diversidade, este artigo primeiro coloca o
foco sobre o nascimento da inclusão por meio da
abordagem de seus fundamentos e, finalmente,
discute o sentido da educação inclusiva.
Sumary
This paper analyses the concept of diversity in
the field of inclusive education. Initially diversity was
understood as an innovation in the area of special
education, but it has gradually become understood as
an attempt to provide a quality education for all. In
order to discuss about diversity, the paper focuses first
on the context of the birth of the inclusion by
addressing its foundation and, finally, the paper focuses
on the meaning of inclusive education.
1
Professora titular da Faculdade de Educação / Departamento de Didática e Orga-
nização Escolar / Universidade de Murcia / Espanha.
Desde o surgimento do movi- todos os alunos (Sebba, 1997), pos- 1997; Potts, 1998).
mento da inclusão, tem-se levanta- to que a segregação categórica de Na integração, para que um alu-
do um interessante debate acerca de qualquer subgrupo de pessoas é sim- no com necessidades educacionais
se a inclusão supõe uma ruptura a plesmente uma violação dos direi- especiais pudesse estar numa clas-
respeito dos pressupostos da inte- tos civis e do princípio de igualdade se regular, era necessário que apre-
gração escolar, ou se entre ambos da cidadania (Villa e Thousand, sentasse dificuldades médias ou co-
pode-se estabelecer um laço contí- 1995). muns. Na inclusão, todos os alunos
nuo. Não resta dúvida de que a in- O movimento da integração es- são membros de direito da classe
clusão funde suas raízes no movi- colar supôs estabelecer as primeiras regular, sejam quais forem suas ca-
mento da integração escolar e no tentativas, por questionar e recha- racterísticas pessoais.
REI. Não obstante, ainda que exis- çar a segregação e o isolamento em
ta um continuum entre eles, a edu- que se encontravam as pessoas com “Os alunos com necessidades
cação inclusiva apresenta tendên- deficiência nos centros de educação especiais não requerem integra-
cias alternativas que ampliam e fa- especial. Em um primeiro momen- ção. Requerem educação”
zem avançar a atenção à diversida- to, as classes especiais foram con- (Heyarty & Pocklington 1981,
de do alunado, dada as fortes críti- solidadas dentro de um centro es- p. 23).
cas relacionadas com o processo in- colar, e, mais tarde, à assistência
tegrador (Peralta, 2001). dos alunos com deficiência em tem- Uma das críticas mais comuns
Inicialmente, com o propósito po parcial foi estabelecida na classe feitas ao movimento da integração
de efetivar esses princípios nortea- regular. Todavia, esta modalidade escolar é relativa às definições di-
dores, os esforços centraram-se em está bastante generalizada e vem fundidas sobre seu próprio concei-
conseguir que as pessoas com defi- apresentando enormes barreiras to. Essas definições, em muitas oca-
ciência fossem integradas nas salas para ser erradicada. A inclusão diri- siões, dizem muito pouco sobre a
comuns das escolas regulares ou na ge seu olhar a todos os alunos, já qualidade da educação oferecida aos
mais adequada para elas. A partir que todos podem experimentar di- alunos com necessidades educacio-
da evolução da experiência da in- ficuldades de aprendizagem em um nais especiais no sistema educacio-
tegração escolar em diferentes dado momento (Ainscow, 1995). nal. Ainda que se saiba que esses
países, viu-se que na maioria dos Dessa forma, as estratégias de tra- alunos estavam escolarizados nas
casos esta integração não ocorreu. balho que ela estabelece são direci- classes regulares, conhece-se pouco
Em conseqüência, o objetivo prin- onadas para favorecer a aprendiza- do processo de ensino-aprendiza-
cipal da inclusão centra-se em de- gem de todos os alunos na classe gem que seguiam. Constatou-se que
senvolver uma educação eficaz para regular (Murphy, 1996; Thomas, um aluno podia estar integrado e
14 INCLUSÃO - Revista da Educação Especial - Out/2005
passar bastante tempo zação e suas formas de dade, flexibilidade e sensibilidade a
isolado na sala de apoio, ensino, com a finalida- qualquer aluno que seja escolariza-
ou estar na sala regular, de de responder positi- do nela.
porém sem interagir vamente à diversidade Ainscow, Farrell e Tweddle
com seus companheiros. de seus alunos. (2000) consideram a integração
Em ambos os casos, o Assim como a “norma- como um movimento dos alunos
programa de trabalho lização” produz uma dos programas especiais para a edu-
seguido pelos alunos luta contra os pressu- cação regular, enquanto que a inclu-
com necessidades edu- postos da educação es- são faz referência ao grau de parti-
cacionais especiais dife- pecial mais tradicional, cipação desses alunos nas ativida-
renciava-se bastante do a inclusão estabelece des e experiências da escola regular.
desenvolvido pelo gru- uma forte crítica ao Assim, podemos ver que enquanto
po da classe regular, e a modelo deficitário im- a integração tem a ver com as pes-
comunicação entre o plícito nas práticas de soas, a inclusão refere-se aos valo-
professor de classe co- integração escolar. Com res da comunidade.
mum e o de apoio era esta finalidade revisa-se A perspectiva da educação in-
escassa, (Arnaiz e ou- as estratégias de traba- clusiva, imersa no marco da escola
tros, 2001). lho das aulas para rom- compreensiva e das escolas eficazes,
Outro aspecto per definitivamente com traça um modelo curricular que ins-
questionado pela inclu- o subsistema de educa- pira sobre como reformar as esco-
são é a forma como os ção especial que tem las, as práticas educativas e a for-
alunos foram considera- caracterizado as práticas mação dos professores, com o fim
dos como “especiais” no associadas à integração de proporcionar uma educação de
contexto da integração, posto que escolar. Nesse contexto, muitos alu- qualidade ajustada às características
obedecia a decisões, fundamental- nos diagnosticados com necessida- de todos alunos. A educação inclu-
mente, políticas e econômicas, em des educacionais especiais, os cha- siva promove a reforma dos siste-
lugar de se proceder a uma revisão mados alunos de integração, têm ex- mas educativos, e coloca em juízo
dos processos que podem dar lugar perimentado situações discrimina- de valor as teorias e hipóteses ine-
a ele. Pode-se dizer que são decisões tórias e segregadoras. Poder-se-ia rentes à educação especial
guiadas por uma visão da educação dizer que para muitos alunos com (Ballard,1997; Bayley,1998; Clarck
especial que interpreta as dificulda- deficiência a integração em escolas e al., 1998; Rouse & Florian, 1969).
des de aprendizagem exclusivamen- e classes regulares tem legitimado Inicia-se, dessa forma, uma análise
te a partir do déficit do aluno, o que um subsistema de educação espe- muito mais radical relativa a sua
promove a injustiça e detém os pro- cial dentro da escola comum, que política e a sua prática, desde os
gressos neste campo. Com certeza, tem dando lugar a formas mais su- pressupostos de disciplinas como a
também, condiciona a colocação tis de segregação. Por isso, a inclu- Sociologia, a Política e a Filosofia,
dos alunos nas escolas comuns ou são é vista por muitos como uma além de outras.
especiais. Ante esta consideração, os luta contra as concepções e práti- Ainscow (1998), um dos prin-
defensores da inclusão manifestam cas educativas que se associam ao cipais defensores e promotores da
a necessidade de reconstruir o con- modelo médico-psicológico. inclusão em todo o mundo, afir-
ceito de necessidades educacionais Na opinião de Cobertt (1999), ma que: “a educação inclusiva vai
especiais, ao defender que na inclu- com o conceito de integração tem- muito além de atender ao aluna-
são não somente temos que consi- se fomentado práticas de exclusão, do com necessidades educacio-
derar o déficit do aluno, senão, tam- porque geralmente era a pessoa com nais especiais, uma vez que supõe
bém as dificuldades que ele experi- deficiência que estava obrigada a a melhoria das práticas educativas
menta, considerando o contexto integrar-se na comunidade escolar e para todos os alunos e para o con-
educativo, a organização da sala, e de forma ativa. A responsabilidade junto da escola”.
como se desenvolvem os processos é colocada sobre o que é diferente;
de ensino-aprendizagem nas esco- a ênfase recai sobre o aluno com “A inclusão não é somente
las inclusivas (Slee, 1991; Ortiz, deficiência, já que este deve integrar- para os alunos com deficiên-
1996). Essas considerações levam se à cultura dominante. Portanto, cia, mas para todos os alunos,
Skrtic (1991) a afirmar que: “os alu- existe uma grande exigência para educadores, pais e membros
nos com necessidades educacionais quem não pode compartilhar os sis- da comunidade” (Falvey e al.
especiais são artefatos do currículo temas de valores dominantes. Na 1995, p.9).
tradicional.” E, ainda, recomenda inclusão, pelo contrário, é a institui-
às escolas a revisão de sua organi- ção que cria um clima de receptivi- De acordo com Ainscow
INCLUSÃO - Revista da Educação Especial - Out/2005 15
(1995), as soluções construídas trabalho entre os professores estudante deva encaixar-se no
para atender às necessidades espe- (Fullan, 1991; Thousand e Vi- que tenha sido desenhado para
ciais não devem dirigir-se exclusiva- lla,1991; Skrtic,1991). Além disso, a maioria. Pelo contrário, a inte-
mente aos alunos que experimen- reconhecer a reconstrução das ne- gração desses alunos deixa im-
tam dificuldades (do ponto de vista cessidades especiais, em termos de plícita que realmente estejam in-
individual), ao invés disso, a reso- melhoria da escola e do desenvolvi- cluídos e participem na vida aca-
lução de problemas deve facilitar e mento do professor; fazer com que dêmica. Nessa perspectiva, des-
apoiar a aprendizagem de todos os o professor estabeleça como pon- taca-se a responsabilidade da
alunos (do ponto de vista curricu- to prioritário a resolução de pro- equipe docente da escola, já que
lar). Trata-se da necessidade de blemas em grupo, visando a cola- tem que se acomodar às neces-
deixar de utilizar o termo necessi- boração, posto que requer revisar sidades de todos e a cada um de
dades educacionais especiais, por- e eliminar crenças e conceitos so- seus alunos; e
que se na educação inclusiva en- bre a natureza das dificuldades de 4) assim mesmo, existe uma mu-
tram todos os alunos não tem sen- aprendizagem e a busca de novas dança com respeito ao deline-
tido falar de educação inclusiva alternativas. amento de ajudar somente a
para alunos com necessidades edu- Por causa disso, o termo inclu- alunos com deficiência. O in-
cacionais especiais, já que os mes- são está sendo adotado no contexto teresse centra-se agora no
mos formam parte de um plano de internacional (Estados Unidos, Ca- apoio à necessidade de cada
trabalho mais amplo de melhoria nadá, Reino Unido) com a intenção membro da escola.
escolar que persegue a igualdade e de dar um passo adiante no que se
a excelência para todos os alunos. chamou até agora de integração. As As seguintes citações evocam
Portanto, enquanto a integração tem razões que justificam essa mudan- essa mudança:
posto sua ênfase no aluno com ne- ça, na opinião de Stainback, Stain-
cessidades educacionais especiais, a back e Jackson (1999), são: “[...] tem-se utilizado a palavra
inclusão centra seu interesse em to- «integração» para descrever
dos os alunos. 1) O conceito de inclusão comu- processos mediante os quais
Isso implica que os professo- nica mais claramente e com certas crianças recebem apoio
res revisem, junto a seus companhei- maior exatidão, que todas as com o propósito de que pos-
ros, o conceito que têm sobre difi- crianças necessitam estar in- sam participar nos programas
culdades de aprendizagem e que cluídas na vida educativa e existentes em grande medida
ações eles devem colocar em práti- social das escolas comuns, e sem modificações dos colégi-
ca. Dessa forma, e como indica Ful- na sociedade em geral, não os; pelo contrário, a “inclusão”
cher (1989) propõe-se que rompa unicamente dentro da escola sugere um desejo de reestrutu-
sua visão individualizada e conside- comum; ração do programa do colégio
re o contexto social e político. A 2) o termo integração está sendo para responder à diversidade
perspectiva individualizada tem le- abandonado, já que implica que dos alunos que recebem as au-
vado a que se estabeleçam tipos de a meta é integrar na vida esco- las” ( Ainscow 1999, p.25).
alunos que requerem diferentes for- lar e comunitária alguém ou al-
mas de ensinar e, portanto, diferen- gum grupo que está sendo cer- “[...] o novo conceito de inte-
tes tipos de professores, desviando tamente excluído. O objetivo gração era, e ainda hoje é, mui-
a atenção de questões fundamentais básico da inclusão é não deixar to problemático, sua análise
como as formas de ensino que a es- ninguém fora da escola co- reflete as tensões, contradições
cola estabelece para dar resposta à mum. Incluir tanto do ponto de e ambigüidades que têm leva-
diversidade. A atenção às necessi- vista educativo, físico, como do a algumas pessoas a definir
dades educacionais especiais tem social; a integração como outro nome
sido considerada como uma tarefa 3) a atenção nas escolas inclusivas para designar a educação espe-
técnica, que requer formas técnicas centra-se em como construir cial [...]. A educação inclusiva
e recursos especiais, subestimando um sistema que inclua e esteja parece ser incompatível com
a interação social, exatamente como estruturado para fazer frente às um sistema que tem dado pri-
um meio de facilitar a aprendiza- necessidades de cada um dos oridade a mecanismos de evo-
gem (Ainscow e Tweddle, 1988). alunos. Não se assume que as es- lução, similitude, comercialis-
Esta mudança requer, sem dú- colas e salas tradicionais, que mo, elitismo, produtividade e
vida, uma cultura de colaboração estão estruturadas para satisfa- noções de eficácia derivadas de
nas escolas que, respeitando a indi- zer as necessidades dos chama- sua perspectiva econômica e
vidualidade, apóie a resolução de dos normais ou da maioria, se- industrial [...]. examina o pa-
problemas como uma estratégia de jam apropriadas e que qualquer pel e as relações entre os pro-
16 INCLUSÃO - Revista da Educação Especial - Out/2005
fissionais e os deficientes, e ex- muitos alunos nas escolas, sob o implicadas nesses controvertidos
plora as novas tendências edu- enfoque da integração. Em segun- debates. E, em terceiro lugar, como
cativas com respeito a sua re- do lugar, como uma tentativa de re- uma reivindicação de que todos os
lação e impacto sobre as polí- construir o enfoque deficitário indi- alunos com ou sem necessidades
ticas e práticas da educação” vidualista e médico dominante, con- educacionais especiais recebam
(Vlachou 1999, p.31- 57- 61). siderando seriamente as vozes das uma educação de qualidade, nas
pessoas com deficiência, e analisan- classes comuns do sistema regular
Para Parrilla (2001), cabe reco- do as complexas relações de poder de ensino.
nhecer as diferenças entre a integra-
ção e a inclusão em um marco mais No seguinte quadro, e a título de resumo, aparecem as principais dife-
amplo, centradas nos direitos huma- renças entre ambos conceitos:
nos, no fim dos rótulos e no mode-
lo sociológico sob o qual interpre- INTEGRAÇÃO INCLUSÃO
tam a deficiência. Competição Cooperação/solidariedade
Seleção Respeito às diferenças
Em síntese, poder-se-ia dizer
que o termo inclusão surge, a prin- Individualidade Comunidade
cípio, como uma alternativa à inte- Preconceitos Valorização das diferenças
gração; como uma tentativa de eli- Visão individualizada Melhora para todos
minar as situações de desintegração
Modelo técnico-racional Pesquisa reflexiva
e exclusão em que se encontravam
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18 INCLUSÃO - Revista da Educação Especial - Out/2005
Enfoque
19
Romeu Kazumi Sassaki
E-mail: romeukf@uol.com.br
INCLUSÃO:
o paradigma do século 21
Resumo
O texto procura esclarecer as grandes
diferenças que existem entre os paradigmas
da integração e da inclusão, numa
perspectiva histórica. São apontadas as
práticas de transição entre um paradigma
e outro. E elabora mais profundamente o
campo educacional, descrevendo as
principais características das escolas
abertas para todos os tipos de alunos,
construídas à luz dos princípios da inclusão.
Abstract
This article seeks to clarify, from an
historical perspective, major differences
between two paradigms: integration and
inclusion. Transitional practices
implemented from one paradigm to the
other are shown. And it elaborates more
deeply the educational field, describing the
main characteristics of schools that are open
to all types of students and that are built
under the principles of inclusion.
1
Assistente social pela Faculdade Paulista de Serviço Social e conselheiro de reabili-
tação pela Southern Illinois University. Atua como consultor de inclusão escolar e
social junto ao Banco Mundial e à Secretaria Municipal de Educação de Guarujá/SP.
A HORA DA VIRADA
Resumo
Este artigo trata brevemente da
evolução da educação especial no Brasil e
das barreiras que a impedem de ser
ressignificada, hoje, para atender aos
princípios da inclusão escolar. Nele
defendemos a urgência da transformação
das escolas comuns para atender ao que está
previsto no vanguardismo de nossas leis,
quando se refere ao direito à educação.
Abstract
This article focuses the evolution of
the special education in Brazil and the
barriers of the inclusion. In our point of
view, it is urgent to transform the regular
schools to attend the prescriptions of ours
laws, that propose to all brazilian students
the right to be, being different, at school.
1
Doutora em Educação e professora dos cursos de graduação e de pós-graduação da
Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp/SP e
coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade -
LEPED - FE/Unicamp
1
Mestre em Psicologia; Doutora em Educação; Pesquisadora em Educação Inclusiva;
Detentora da Medalha de Honra ao Mérito Educativo.
3
Corresponde ao Parecer CNE/CEB N° 022/98, aprovado em 17/12/98, tendo como relatora a Prof. Regina Alcântara de Assis.
Windyz B. Ferreira1
E-mail: windyz.ferreira@mec.com.br
EDUCAÇÃO INCLUSIVA:
Será que sou a favor ou contra uma
escola de qualidade para todos???
Hoje, as expressões educação
inclusiva, inclusão, necessidades es-
peciais, fracasso escolar, evasão, for-
mação de professoras, gestão parti-
cipativa, projetos educacionais, e
muitas outras fazem parte de nosso
dia-a-dia trabalhando no sistema
educacional brasileiro. Aonde quer
que eu vá, seja em São Paulo ou no
sertão Pernambucano, escuto sem-
pre as mesmas preocupações, os
mesmos dilemas e os mesmos de-
safios. Poderia dizer também que
escuto as mesmas queixas e dúvi-
das...
Dos gestores:
" A escola não possui pro-
fessores ou recursos especi-
alizados... desculpe..."
Nós não temos classes es-
peciais e nossos professores
não estão preparados para
receber crianças com defi-
ciência. NÃO podemos
aceitá-lo...
1
Windyz Ferreira é PhD. em Educação e Mestre em Pesquisa Educacional pela University of Manchester
(Inglaterra). Realiza pesquisa e consultoria (nacional e internacional) no campo da Educação Inclusiva,
Formação de Professores e na área de Deficiência. É consultora do Banco Mundial, UNESCO e Save the
Children (Reino Unido e Suécia). Atualmente, é coordenadora do Projeto Educar na Diversidade da SEESP/
MEC.
MANUAIS EM BRAILLE
ABORDAM MÚSICA E INFORMÁTICA
Desde julho deste ano, as au- sileira do Braille, e publicou os A edição deste material está
las de música e informática têm documentos Manual Internacional em consonância com a política
uma convenção adequada e uni- de Musicografia Braille e a Grafia educacional brasileira de adotar
forme em braille. Com o objetivo Braille para Informática. De acor- diretrizes e normas para o uso, o
de ajudar os professores e os alu- do com especialistas da área, tra- ensino, a produção e a difusão do
nos cegos a aprender música e in- ta-se de uma proposta que visa sistema Braille em todas as mo-
formática, a Secretaria de Educa- unificar o braille nas diversas áreas dalidades de aplicação, neste caso,
ção Especial do MEC elaborou, do conhecimento que tenham lin- a Música em Braille e a Informá-
em parceria com a Comissão Bra- guagem especializada. tica.
INCLUSÃO - Revista da Educação Especial - Out/2005 49
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
AMPLIA AÇÕES DE FORMAÇÃO
Com o objetivo de oferecer
condições de acesso e permanência
dos alunos com necessidades edu-
cacionais especiais no sistema fe-
deral de ensino e nos sistemas edu-
cacionais estaduais, municipais e do
Distrito Federal, a Secretaria de
Educação Especial (SEESP) vem
ampliando suas ações, por meio da
criação do primeiro curso de edu-
cação superior bilíngüe Libras/ Por-
tuguês para surdos, a ser ministra-
do pelo Instituto Nacional de Edu-
cação de Surdos, da valorização da
formação continuada de professo-
res e da aceleração da implantação
dos laboratórios de Informática.
Um dos Programas, que vem
sendo desenvolvido pelo MEC, por
meio da SEESP, é o Programa Edu-
cação Inclusiva: Direito à Diversi-
dade.
O Programa Educação Inclu-
siva: Direito à Diversidade foi cria-
do em 2003 com o objetivo de dis-
seminar a política de educação in-
clusiva nos municípios brasileiros e
apoiar a formação de gestores e edu-
cadores para atuar como multipli-
cadores no processo de transforma-
ção do sistema educacional em sis- centos e dezenove) novos municí- das com recursos adicionais para
tema educacional inclusivo. Os pro- pios de abrangência possibilitará a alunos com deficiência visual.
fissionais indicados pelas secretari- formação de mais 15.000 (quinze No que se refere às ações de
as estaduais e municipais de educa- mil) educadores, totalizando, ao fi- Informática, a SEESP vem im-
ção recebem formação e, posterior- nal de 2006, 67.000 (sessenta e sete plantando Laboratórios de Infor-
mente, repassam os conhecimentos mil) profissionais da educação que mática nas escolas que atendem
para os seus municípios (municípi- terão recebido formação continuada alunos com necessidades educaci-
os-pólo) e para os municípios de sua voltada para o desenvolvimento de onais especiais, por meio do Pro-
área de abrangência, criando-se as- uma prática educacional inclusiva. grama de Informática na Educa-
sim, uma rede de formação conti- No âmbito das ações deste Pro- ção Especial (PROINESP). Neste
nuada. Já são 144 (cento e quaren- grama estarão sendo implantadas, ano, estão sendo inaugurados 200
ta e quatro) municípios-pólo atuan- também no segundo semestre des- (duzentos) Laboratórios em escolas
do na formação de educadores em te ano, em escolas públicas, estadu- públicas, estaduais e municipais, e
2.727 (dois mil setecentos e vinte ais e municipais, 200 (duzentas) especializadas, sem fins lucrativos,
sete) municípios, em todos os Es- salas multifuncionais, assim distri- das vinte e sete Unidades da Fede-
tados e no Distrito Federal. buídas, 170 (cento e setenta) salas ração.
O Programa concluirá 2005 multifuncionais para atender aos Essas ações estão em consonân-
com 52.000 (cinqüenta e dois mil) alunos que apresentam necessida- cia com as propostas da Secretaria, no
educadores formados. Em 2006, a des educacionais especiais, e mais sentido de construir uma educação
expansão para 1.919 (um mil nove- 30 (trinta) salas que serão equipa- inclusiva e de qualidade para todos.
50 INCLUSÃO - Revista da Educação Especial - Out/2005
TURMA DA MÔNICA EM BRAILLE
Foi lançada na A Coleção vem com car apoio junto a diversas institui-
Bienal do Livro, do um selo nas capas das edi- ções especiais, com a intenção de
Rio de Janeiro, a Co- ções, o selo da Dorinha, tratar o assunto de forma atualiza-
leção Conheça a Tur- que foi criado, pelo autor, da, sem o perigo de passar algum
ma, que traz as esto- com a finalidade de iden- tipo de preconceito. Ele lembrou-
rinhas da Turma da tificar os livros em Braille. nos que, além da Dorinha, a perso-
Mônica em Braille. Maurício de Sousa des- nagem que é cega, que foi inspirada
Trata-se de uma tacou que “há tempos vi- na Profª Dorina de Gouveia Nowill,
iniciativa da Editora nha pensando Presidente de honra da
Globo, em parceria em incluir FDNC, e que estreou
com a Fundação Do- personagens em 2004, a Turma da
rina Nowill para Ce- com deficiên- Mônica conta também
gos (FDNC), com o cia em mi- com o Luca, uma crian-
objetivo de permitir que crianças ce- nhas histórias. Seria ça com deficiência físi-
gas e com baixa visão – crianças que uma forma de sugerir a ca, e com o Humberto,
possuem resíduo visual e precisam inclusão e também que não fala.
de recursos especiais para leitura - mostrar a diversidade.” A revista está disponível
tenham acesso à obra de Maurício Ele afirma que para venda nas livrarias e
de Sousa. teve o cuidado de bus- bancas de jornais.
PROJETO EDUCAR
NA DIVERSIDADE
Formação docente
para a Inclusão
O Projeto Educar na Diversidade visa em 2006, da formação docente para
contribuir para o processo de me- novas escolas, o acompanhamento e
lhoria da qualidade de ensino e da a coleta de dados, com vistas à ela-
eqüidade na educação, por meio do boração de documentos nacionais
desenvolvimento de escolas inclu- de práticas inclusivas, podem ser-
sivas e da formação docente para a vir de base para o avanço do siste-
inclusão com vistas a responder à ma educacional em direção à inclu-
diversidade educacional dos estu- são.
dantes, possibilitando a superação
das barreiras à aprendizagem e a O material Educar na Diversidade
participação social. constitui a base principal da forma-
O projeto desenvolvido entre julho ção em serviço com duração de 40
2005 e dezembro de 2006 está es- (quarenta) horas. Durante as ofici-
truturado com ações de formação nas os docentes debatem os conteú-
de multiplicadores através de ofici- dos curriculares, mediante práticas
nas realizadas em Belo Horizonte, de ensino inclusivas, adquirindo e
Natal, Curitiba e Manaus e as ofi- desenvolvendo, desta forma, uma
cinas realizadas em 144 (cento e nova percepção da ação docente
quarenta e quatro) municípios-pólo como um fator fundamental para
envolvendo os docentes das 300 promover a aprendizagem efetiva de
(trezentas) escolas participantes do todos os seus aluno(a)s e de seu va-
projeto. A disseminação e expansão, lioso papel neste processo.
INCLUSÃO - Revista da Educação Especial - Out/2005 51
52 Opinião
1. O curso que integra as ações do Projeto Nacional parceiros para a solução desses problemas que
Brasileiro de Informática na Educação Especial - circundam, e ainda persistem, na Educação
PROINESP - da Secretaria de Educação Especial Especial.
do MEC, envolvendo professores de escolas
inclusivas e Instituições não governamentais, vem Lucila Costi Santarosa
revelando aspectos positivos, superando as Universidade Federal do Rio Grande
dificuldades existentes na implantação de processos do Sul(UFRGS) Porto Alegre/RS.
inovadores, que envolvem a formação a distância,
em um país como o nosso, considerando suas
dimensões e desigualdades. As barreiras existentes 2. Tivemos a experiência para integrar uma aluna sem
predominam, principalmente, no fato de que colocar para a professora que ela tinha necessidades
muitas das escolas se encontram em cidades educacionais especiais. A menina foi para o ensino
distantes dos grandes centros e com dificuldades regular numa escola integradora, com
de acesso à Internet. acompanhamento do processo pela professora
O acompanhamento desse processo e os itinerante e pela orientadora educacional. A escola
comentários feitos pelos professores-alunos desses integradora, no Distrito Federal, caracteriza-se
cursos nos possibilitam salientar o potencial das como um espaço que abre as portas para receber
tecnologias, destacando-as como fortes aliadas para alunos com necessidades especiais, buscando inseri-
os problemas criados pelas distâncias, condições los à medida que eles apresentem condições
econômicas e exclusão social e digital, que fazem favoráveis. Seis meses depois, foram solicitadas
parte desse cenário multicultural nacional. informações sobre o desenvolvimento da aluna. E
Não podemos deixar de enfatizar que os a professora afirmou: Porque você está me
recursos de interação assíncrona, mas perguntando sobre esta aluna? Respondi: Queria
principalmente síncrona (bate-papo), são saber como ela está se desenvolvendo. Ela falou:
fundamentais para os professores sentirem-se Esta menina é minha melhor aluna. É assídua,
próximos a seus pares e dos formadores/monitores, participativa.
como uma metáfora de “presença real de sala de Então, o que podemos deduzir é que o rótulo
aula”, onde cada um pode expressar o que sente e continua sendo o maior empecilho para o processo
“ouvir” o outro. Acreditamos que tais recursos de inclusão. Quando a professora me deu aquele
estão sendo os grandes aliados para a permanência retorno, comentei: Fico feliz, porque eu queria
e o sentimento gratificante de professores-alunos justamente lhe passar a informação e lhe
nos cursos de Educação a Distância(EAD). parabenizar pelo seu trabalho. Você está fazendo o
Acreditamos ainda que esses novos caminhos processo de inclusão numa escola integradora. Ela
para formação de professores e para inclusão digital/ reagiu, assustada: Mas eu não sei trabalhar com
social de alunos com necessidades educacionais criança especial.
especiais, poderão trazer respostas, para além de Ela trabalhou seis meses com aquela criança e
circunscrever-se unicamente em nosso país, a não tinha consciência de que estava capacitada.
problemas sem solução com os recursos, meio e
formas utilizados até o momento. Giselda Jordão de Carvalho
Nossa expectativa é de que os recursos Diretora do Ensino Especial/GDF
tecnológicos, com todo seu potencial, sejam fortes Brasília/DF.
1. Na infância
Sempre estudei em escola regu-
lar. Quando fui para a primeira es-
cola eu tinha somente 2 anos e meio
e não me lembro de nada. Passei
somente seis meses porque nasceu
uma escola que meus pais se en-
cantaram: a Casa Escola!
Eu, Marcelo e Olívia, que tam-
bém têm Síndrome de Down, estu-
damos na Casa Escola por muitos
anos. Aprendemos muitas coisas e
fizemos amizades. Estudar na Casa
Escola foi ótimo.Foi bom ter ami-
gos como os colegas de lá porque
entenderam a inclusão na escola e
na vida. Porque as professoras sa-
biam isso porque não eram precon-
ceituosas. E ensinaram às crianças.
E eles aceitaram nós três para fa-
zermos o jardim e alfabetização e
até a quarta série. Foi muito bom
para mim aprender mais coisas
com os colegas e com as
professoras.A gente discutia tudo.
Até a síndrome de Down. Algumas
professoras são muito queridas e
continuam sendo até hoje. E alguns
colegas também. São meus amigos
de infância. Foi importante para
mim conhecer essas pessoas. Até
hoje, às vezes nos encontramos para
sair para vários cantos.
INCLUSÃO - Revista da Educação Especial - Out/2005 53
os professores dizendo isso no fim do primeiro ano.
2. Na adolescência Tive muitas dificuldades com professores e com algu-
mas colegas.Tinha gente preconceituosa e gente que
Quando nós saímos da Casa Escola a nossa Asso- tentou me explorar.Foi difícil. Mas em 2003, na 3ª sé-
ciação Síndrome de Down fez um trabalho de consci- rie, tudo começou a mudar e foi muito bom para mim
entização no Colégio Imaculada Conceição – CIC, que com meus colegas da sala. Nesse ano, eu fiz o pré-esta-
é um colégio de freiras onde já estudavam pessoas com gio no NEI - Núcleo Educacional Infantil da Universi-
outras deficiências e foi muito, muito legal. Nós,da Casa dade Federal do Rio Grande do Norte. Depois, em 2004
Escola fizemos palestras para os meninos que iam ser fiz o estágio final na Escola Municipal Emília Ramos.
nossos colegas. Cláudia Werneck lançou livros lá: “Meu Gostei muito desses trabalhos e aprendi com as crian-
Amigo Down em Casa, na Rua e na Escola” Nossos pro- ças e professoras que foram legais comigo. Sempre me
fessores da Casa Escola fizeram palestras para os pro- dou bem com as crianças e adorei trabalhar junto com
fessores do CIC e no outro ano fomos para lá pois que- professoras e as outras estagiárias aprendendo como
ríamos ir para a 5ª série. Mas primeiro repetimos a 4ª fazer com os meus alunos na sala de aula.
série. Era uma escola muito maior. Nós ficamos cinco Em 2004 terminei o curso e me formei. Foi uma
anos, até a 8ª serie e fizemos muitas amizades. Eu até luta muito grande, mas consegui.
tinha os dois paqueras, gatinhos da escola. Meus 15 Depois consegui fazer um estágio na Creche área
anos foi nesse tempo e me lembro muito. Não me es- de Saúde na UNICAMP, em Campinas, São Paulo. Eu
queço mais. Nós fizemos inclusão. Muita coisa aconte- fui convidada pela Professora Maria Teresa Mantoan e
ceu. outra pessoa, a professora Magali Arnais, que foram
Lá no CIC também fiz o estágio na pré-escola com maravilhosas comigo. Esse estágio durou de 14 a 18 de
as crianças e uma professora, eu como auxiliar da pro- fevereiro daquele ano e eu adorei porque aproveitei
fessora. As crianças gostavam de mim e foram legais muito e aprendi mais coisas sobre como trabalhar com
comigo. Até me chamavam professora Débora e eu ado- alunos pequenos.
rei ouvir isso das palavras de cada um deles e me emo- Sonho trabalhar com meus alunos na sala de aula.
cionei várias vezes. Como auxiliar de professora.
Tenho feito outras atividades como recepcionista
de eventos no Programa Ação Dignidade, da nossa
3. Buscando o futuro... Associação e em lojas, nas férias. Também já desfi-
lei três vezes. Mas gosto mesmo é de trabalhar com
crianças Quero fazer esse trabalho o resto da minha
Como gostei de trabalhar com crianças resolvi fa- vida.
zer o curso de magistério. Bem, eu comecei a fazer esse Mas sei que não vai ser fácil. Meus pais me expli-
curso na Escola Estadual Luís Antônio e no começo cam isso.Tem muito problema para a gente trabalhar.
foi difícil porque não eram todas as pessoas que com- Estamos procurando um jeito de resolver isto. E tenho
preendiam a inclusão. Precisei até fazer uma carta para certeza que vai dar certo.
1. A Revista INCLUSÃO recebe prioritariamente ar- 8.2. Três palavras-chave que melhor representem
tigos inéditos de educação especial, de caráter o assunto do artigo, visando a confecção de
opinativo ou de caráter científico, fundamentados instrumentos de busca;
em pesquisas e/ou relatos de experiências. Os ar-
8.3. Um resumo informativo em português e in-
tigos deverão ser aprovados por, no mínimo, três
glês com extensão máxima de 10 linhas.
avaliadores, membros do Comitê Editorial.
9. A participação do autor será a título de contribui-
2. Os originais poderão ser:
ção, não sendo remunerada financeiramente.
2.1. Aceitos na íntegra, sem restrições
10. As opiniões emitidas pelos autores são de sua exclusi-
2.2. Aceitos com modificações va responsabilidade, não expressando necessariamente
a opinião da Secretaria de Educação Especial.
2.3. Rejeitados para serem submetidos ao(s)
autor(es) para alterações. 11. O uso de fotos ou ilustrações deve ser coerente
com a temática tratada e devem vir acompanha-
2.4. Rejeitados
das das fontes e de legenda que permita compre-
3. Quando as alterações forem referentes apenas a ender o significado dos dados reunidos. As fotos
aspectos gramaticais, com vistas a manter a ho- devem vir devidamente autorizadas para publica-
mogeneidade da publicação, o Conselho Editorial ção e com dados do fotógrafo.
se dá o direito de fazer as modificações necessári-
12. As citações devem ser acompanhadas por uma
as, respeitando o estilo do autor. Nos demais ca-
chamada para o autor, com o ano e o número da
sos, o autor reformulará o texto conforme o que
página. A referência bibliográfica da fonte da cita-
for solicitado pelo Conselho.
ção virá em lista única ao final do artigo. A exati-
4. Os textos deverão ser apresentados em português. dão e a adequação das citações e referências a tra-
De maneira excepcional, poderão ser disponibili- balhos consultados e mencionados no texto são
zados em outro idioma, caso em que obrigatoria- de responsabilidade do autor.
mente deverão conter tradução e em português.
13. As notas de rodapé devem ser evitadas. Quando
5. Os artigos deverão ser remetidos em disquete de necessárias, que tenham a finalidade de: indica-
3,5" para o endereço postal informado abaixo ou ções bibliográficas; observações complementares;
por correio eletrônico em "attach" para o e-mail: realizar remissões internas e externas; introduzir
revistainclusao@mec.gov.br constando, no assun- uma citação de reforço e fornecer a tradução de
to, a seguinte informação: artigo para a Revista um texto. As indicações de fonte deverão ser fei-
INCLUSÃO preferencialmente em RTF (rich text tas nos textos.
format).
14. As referências bibliográficas devem constituir uma
6. Os textos deverão ser digitados em Word, com a lista única no final do artigo, em ordem alfabética
seguinte configuração: espaço 2, corpo 10, tipo por sobrenome do autor; devem ser completas e ela-
Arial, formato de papel = A4, entre 06 e 08 lau- boradas de acordo com as normas da Associação
das, sem marcações de parágrafo. Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - NBR 6.023.
7. A primeira lauda deve conter: o título e o(s) www.abnt.org.br. As referências bibliográficas devem
nome(s) do(s) autor(es), seguidos de titulação conter, exclusivamente, os autores e textos citados
acadêmica e instituição formadora; atividade que no trabalho.
desempenha; nome da instituição a que está vin- 15. As siglas devem vir acompanhadas do nome por
culado e e-mail. extenso.
8. Na segunda lauda, o cabeçalho deverá conter: 16. O uso de negrito deve ficar restrito aos títulos e
8.1. O título em português, expressando, de for- intertítulos; o uso de itálico, apenas para destacar
ma clara, a idéia do trabalho; conceitos ou grifar palavras em língua estrangeira.
Escolaridade
( ) Fundamental incompleto
( ) Fundamental completo
( ) Médio incompleto
( ) Médio completo
( ) Médio com magistério incompleto
( ) Médio com magistério completo
( ) Superior
( ) Pós-Graduação
Função
( ) Professor de Educação Especial
( ) Professor de classe comum
( ) Coordenador
( ) Diretor
( ) Outro _____________________________________________________________________________________________________
Nome: _____________________________________________________________________________________________________________
Endereço: ________________________________________________________________________________________________________
Cidade: ______________________________________________________________________________________ UF: _________________
CEP: ___________________________________________ E-mail: ___________________________________________________________
Por favor, envie pelo correio ou por e-mail: revistainclusao@mec.gov.br