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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

PRO-REITORIA DE PESQUISA E POS-GRADUAÇÃO


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
GRUPO DE PESQUISA “SOCIEDADE, CIÊNCIA E IDEOLOGIA”
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS - LP

“A LINGUAGEM CIENTÍFICA”1

Prof.ª (Dr.) Maria Lúcia Gomes


Figueira de Melo, Doutora em
Gestão (2013) pela Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro/PRT
(UTAD), Mestre em Sociologia.
Prof.ª em Metodologia da Pesquisa
Científica do Departamento de
Filosofia e Ciências Sociais da
UEPA/CCSE. Prof.ª em Projetos de
Políticas Públicas pela CEPAL/IPEA
e FGV . Atualmente é docente do
corpo efetivo da UEPA e vice-líder
do SOCID.

• SUMÁRIO: Introdução. A Linguagem como Produto do Processo Histórico.


Características Básicas. Funções da Linguagem. Relações Dialéticas entre
Linguagem Científica, Linguagem Literária e Linguagem Popular. Elementos
Constitutivos ou Constructurais da Linguagem Científica. Constructos da
Fundamentação da Linguagem Científica. Considerações Finais.

• – INTRODUÇÃO:

Tendo como princípio que o homem é o único “SER” que constrói


conhecimento e que a Linguagem Científica constitui a “senha” de entrada no
mundo da Ciência, examinemos mais aprofundadamente como se produz, quais
as características básicas e funções essenciais dessa linguagem específica.

1
Texto de circulação restrita, revisado, ampliado e apresentado aos acadêmicos do Curso de
Licenciatura Plena em Letras – LP, matriculados em “Metodologia da Pesquisa”, durante o 2º
semestre de 2021, no período de 04 a 21/08/2021 – aulas remotas. Originalmente este texto foi
escrito em 1999 e apresentado como um texto de apoio didático aos acadêmicos do Curso de
Pedagogia, matriculados em “Metodologia Cientifica” durante o 2º semestre de 1999 – Campus I
–CCSE/UEPA.
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I - A LINGUAGEM CIENTÍFICA COMO PRODUTO DO PROCESSO


HISTÓRICO:

O homem enquanto sujeito no ato do conhecimento, é o único


animal apto e capaz de criar uma linguagem conceitual, isto é, um sistema de
signos arbitrários em relação ao objeto que representa e, por isso convencional,
ou seja, produto do processo histórico da trajetória do homem na Sociedade.
Tomemos como exemplo a categoria “Classe Social”. Não há nada no fonema
deste termo, e nem na forma como é escrita, que nos remeta ao objeto por ela
representado (pluralidade de pessoas que se identificam por uma determinada
consciência político-ideológica decorrente da condição social que possuem, face
ao lugar que ocupam na estrutura produtiva da Sociedade). Designar esses
agrupamentos de pessoas que se identificam por um conjunto de fatores comuns;
então, é um ato “convencional”, ou seja, histórico-social. A partir do momento
em que não há nenhuma relação naturalmente necessária e suficiente entre o
signo “Classe Social” e o “objeto por ele representado”, necessitamos de uma
convenção aceita pela Sociedade, de que o referido “signo” simboliza o
mencionado “objeto”.

Na verdade, só a partir dessa aceitação poderemos nos


comunicar no interior da comunidade científica e, fora dela, com o público-
leitor interessado nos avanços científicos, com a relativa certeza de que, todas as
vezes que empregarmos a categoria “Classe Social”, nosso interlocutor entenderá
o que queremos designar.

Dessa forma, na medida em que esse laço entre representação e


objeto representado é social, ele é necessariamente, um produto do processo
histórico da construção lógica do conhecimento pelos homens em Sociedade. A
Linguagem Científica é portanto, um produto social, só podendo a rigor existir,
a partir da vida organizada em Sociedade.

A Linguagem Científica é, pois, um dos principais instrumentos de


formação do mundo cultural que nos permite transcender de nossa
experiência cotidiana, ou seja, do mundo empírico meramente concreto-factual
para o concreto-pensado das construções lógicas. Portanto, a partir do
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momento que conceptuamos determinado objeto da realidade (natural ou social),


nós o abstraímos, isto é, o diferenciamos dos demais objetos, fazendo com que
passe a existir para nossa consciência cognitiva. Com este simples, porém
“complexo” ato de representar, distinguímo-nos das estruturas instintivas
concretas dos animais, para entrar no mundo das estruturas inteligentes dos
Símbolos. O conceito é um símbolo dos objetos factuais que existem na
natureza e na sociedade, bem como dos objetos abstratos, que só tem existência
na estrutura do pensamento (chuva, catástrofe ecológica, Escola, Linguagem,
Família, números, figuras geométricas e, etc.).

Tais constructos da Linguagem Científica (Conceitos Básicos,


Categorias Centrais, Proposições, Teorias Científicas e, etc.), tem a
capacidade de tornar presente para a nossa consciência de sujeitos, no ato do
conhecimento, os “objetos” que estão longe de nós.

Desta feita, por intermédio de um conjunto de “indícios”, ou seja, de


dados da evidência empírica e enunciadas protocolares (sinais exteriores dos
fatos observados) temos possibilidades de ajuizar sobre determinado objeto em
estudo. Mesmo que esse “objeto” esteja bem longe fisicamente de nós, como no
caso das “Classes Trabalhadoras” na Inglaterra ou da região do “ABC Paulista”,
tais “indicadores” nos permitem “viajar” até lá, na medida em que a Linguagem
Científica nos possibilita apreendê-las conceptualmente. Não precisamos mais
da existência física das coisas: construímos através da linguagem científica um
“mundo inteligível”, que nos possibilita entender a realidade atual, analisar
retrospectivamente o passado social do homem, além de nos projetar para à
sociedade do futuro. Neste ato de transcendência do concreto imediato e da
inexorabilidade do que ficou para trás, aliado a dúvida metodológica de que o
futuro a Deus pertence, o sujeito cognoscente instaura uma temporalidade
nova, ou seja, constrói um novo tempo histórico, agora contextualizado na
existência social, cognitiva e cultural do homem.

Por intermédio da Linguagem Científica, o homem se liberta do


determinismo do “tempo natural” e passa a construir o “tempo científico”, se
tornando portanto, capaz de construir uma ante-visão, uma visão e uma
cosmovisão do mundo que o cerca. Este mundo pois, não é mais o mesmo, a
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partir da Linguagem Científica passa a constituir-se num “mundo construído”,


um mundo inteligível, carregado de significados, passando a ser pensado,
representado e, projetado conceptualmente.

A Linguagem Científica, portanto, não é uma simples “coisa em si”.


Conforme Marx (1983: 13), afirmou: “se a Ciência fosse a simples aparência das
coisas concretas, não haveria necessidade de cientistas”. Embora se parta do
“concreto-real”, não faz deste, o seu “ponto de chegada”, penetra as diversas
camadas além das aparências para atingir o âmago da essência real do objeto,
transcendendo-o à sua situação concreta, através de um mundo mediatizado pela
Linguagem Científica. Pelos mais variados tipos de constructos, seja utilizando-se
das Definições Científicas, dos Conceitos Básicos, das Categorias Centrais,
das Proposições, ou das Teorias, que são elementos constitutivos da
Linguagem Científica, nos tornamos capazes de superar a consciência mítica
em direção à uma consciência científica, que constitui uma forma nova de
pensar o mundo e, portanto, de cientificamente construí-lo.

II - CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA LINGUAGEM CIENTÍFICA:

A Linguagem Científica, em princípio, baseia-se fundamentalmente


na sintaxe e na semântica, paradigmas que dão apoio aos conceitos da Ciência,
os quais se mantém mais ou menos “invariantes”, não obstante as mudanças
culturais. Todavia a linguagem científica se diferencia da linguagem comum, ou
seja, da Linguagem em geral, pois, se caracteriza pela conceptualização,
logicidade, objetividade e; impessoalidade. Todo trabalho científico deve, pois,
ter caráter conceitual, lógico, objetivo e impessoal.

A Linguagem Científica constitui um corpo de conceptualização,


ou seja, um sistema simbólico de representação que mediatiza as relações
entre “sujeito cognoscente” e “objeto cognoscível” no processo de
conhecimento.

Toda Ciência constrói sua linguagem própria que contém sinais e


combinações de signos concernentes ao seu sistema teórico. A linguagem da
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Ciência é uma linguagem conceitual; e trata de seus fundamentos num nível de


“meta-linguagem”, ou seja, a linguagem da linguagem científica.

As ciências Empíricas, como no caso das Ciências Naturais, Sociais


e, outras ciências, desenvolveram sua linguagem através de conceitos e,
sistemas de conceitos apropriados. Os cientistas lidam mais com os conceitos,
do que propriamente com fenômenos, por isso se diz, que o conhecimento
científico é inteiramente conceitual.

Outra característica básica da Linguagem Científica, é a sua


logicidade.

A Linguagem Científica é uma estrutura lógica de conceitos


organicamente interrelacionados, que visa descrever e/ou explicar os fatos
estudados. Como um sistema lógico de conceitos, o seu discurso não comporta
irracionalidades, devendo ser portanto, isento de ambiguidades, embora se saiba
do ponto de vista da Dialética, seja considerado um dos operadores lógicos
presente nos argumentos linguísticos.

A terceira característica da Linguagem científica, é a objetividade.

Através da Linguagem Científica os cientistas dão objetividade às


suas idéias por meio de sinais que podem ser percebidos e entendidos por todos
aqueles iniciados dentro de uma determinada área de conhecimento.

A objetividade da Linguagem Científica demonstra que o sistema


de constructos por ela veiculado, resulta da própria natureza da Ciência, portanto
o seu discurso deve ser objetivo, na medida em que, implica em um sistema de
símbolos intersubjetivamente comunicável.

Finalmente, intimamente relacionada com a objetividade, temos o


caráter impessoal da Linguagem Científica. Esta característica é justificada
porque a Linguagem Científica não constitui um fato individual, mas um fato
coletivo, ou seja, social.

Assim, o discurso científico deve ser impessoal porque independe


das preferências individuais e político-partidárias da pessoa que fala. Não
depende de suas crenças e convicções religiosas, mas do poder que possui
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através da força de seus argumentos para a partir de critérios intersubjetivos,


comunicar o resultado do conhecimento científico.

Quando se trata da impessoalidade como uma de suas


características básicas, não significa dizer que a Linguagem Científica é neutra
em relação aos valores sociais da cultura humana, já que constitui uma
construção coletiva eminentemente social, significa apenas, alertar que, o seu
caráter de sociabilidade, transcende à vontade individual do sujeito que fala,
para se concentrar na comunicação dos resultados alcançados pela pesquisa
científica sobre uma comunidade de “falantes”, sócio-historicamente
contextualizada e, culturalmente situada (Ex: “as diferentes maneiras de “falar” do
povo brasileiro, em suas mais diversas regiões e culturas locais”).

Além dessas características, alguns teóricos da Filosofia da Ciência


também assinalam a precisão e a predição como dois aspectos essenciais da
Linguagem Científica, cujo discurso deve tentar descrever com determinada
precisão uma grande categoria de observações, fazendo possíveis previsões
quanto aos resultados de futuras observações.

Dessa forma, o discurso da Ciência deve tanto quanto possível,


abster-se de imprecisões e incoerências, primando por um discurso incisivo,
direto e contundente. Ao mesmo tempo, deverá ainda assinalar os limites e as
possibilidades reais sobre as perspectivas atuais e futuras dos “constructos”
utilizados.

III – FUNÇÕES DA LINGUAGEM CIENTÍFICA:

A Linguagem Científica, enquanto ação de comunicação dos


resultados do conhecimento científico, desempenha determinadas funções que
lhe são específicas.

As funções principais da Linguagem Científica são:

1) FUNÇÃO EXPRESSIVA: A Linguagem Científica consiste em um sistema de


constructos ou expressões lógicas, por meio do qual, o cientista exprime
o estado da manifestação factual. Desempenha pois, de início, uma função
expressiva, não no sentido de comunicar emoções, sentimentos ou atitudes
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psicológicas individuais do cientista, mas o resultado de um conhecimento


intersubjetivamente comunicável, que foi construído à base de hipóteses e
submetido à prova do mundo real e, em seguida, às considerações críticas
da comunidade científica;

2) FUNÇÃO FÁTICA: A Linguagem Científica deve esforçar-se para descrever


com “precisão”, uma grande categoria de observações factuais, tentando
apresentar, ainda que de forma conceitual, o estado de manifestação
factual dos fenômenos observados. Desempenha, pois, uma função fática,
na medida em que, embora o seu nível de abstração possibilite escapar o
restrito limite do vivido, ainda lhe permite alcançar uma dimensão
ontológica, ou seja, o significado real dos fatos, mesmo que seja ao nível
do concreto-pensado, isto é, passando pelo crivo da interpretação do
sujeito conhecedor;

3) FUNÇÃO EVOCATIVA OU SINALIZANTE: Para que a comunicação se


efetue, não basta um emissor. É preciso que haja um “receptor”, ou seja,
um organismo que reaja ante às expressões. A linguagem desempenha,
portanto, esta outra função, a de estimular certas reações em um organismo
que responde ao comportamento do emissor. Essa função chama-se
evocativa ou sinalizante, já que a expressão só se transforma, a rigor, em
sinal, no momento em que é captado;

4) FUNÇÃO INFORMATIVA: adequada à transmissão de conhecimentos e


informações, esta função é considerada como a mais característica e
definidora da Linguagem Científica.

A Linguagem Científica é pois, informativa e técnica, de ordem


cognitiva e racional, baseada em dados concretos, a partir dos quais analisa e
sintetiza, argumenta e conclui, através de um sistema de constructos lógicos
que procura fornecer informações sobre a realidade investigada cientificamente.

Podemos entender melhor a Linguagem da Ciência, examinando


sua função em relação à pesquisa científica, isto é, sua relação teórico-prática.
Esta indissociabilidade entre teoria e prática, envolve um movimento de ida e
volta entre um nível abstrato e um nível concreto de análise. Para se analisar
esse movimento dialético seria interessante conceber uma escala de abstração
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como uma série de níveis, ao invés de apenas dois. É o “continuum” ou


dimensão, ao longo do qual, ocorrem vários graus de abstrações, que
possibilitam ao cientista escapar as fronteiras restritas do visível observável e,
ainda assim, alcançar um significado concreto.

Em suma, a Linguagem Científica tem como funções essenciais:

1) Construir um Sistema lógico de conceitos explicativos do real;

2) Descrever e/ou explicar os fatos estudados cientificamente;

3) Mediatizar as relações entre “sujeito cognoscente” e o “objeto cognoscível”


no processo de produção do conhecimento;

4) Informar e divulgar o conhecimento científico;

5) Transmitir e comunicar as conquistas da ciência, a um público específico,


possibilitando sua socialização à uma coletividade mais ampla.

Convém ressaltar que, a Linguagem Científica, assim como a


linguagem comum, após o “giro linguístico2”, ou seja, o processo de ruptura
linguística passou a ser considerado, não apenas uma simples representação do
real, mas principalmente, uma ação de fazer Ciência.

Desse modo, quando elaboramos uma “Teoria Científica”, por


exemplo, não estamos simplesmente representando o real do “fenômeno", mas
estamos construindo a própria Ciência.

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O “giro linguístico” foi um movimento intelectual no campo da Filosofia da Linguagem que rompeu
com o antigo paradigma Positivista/Funcionalista que apenas considerava a linguagem como um
meio de designar e/ou representar o real, passando a compreendê-la como um ato de dar ordem.
A expressão “virada linguística” foi cunhada segundo Richard Rorty (1931 – 2007), por Gustav
Bergmann, filosofo austríaco (1916-1944) em 1942, mas o referido movimento filosófico (virada
linguística), só se popularizou depois da publicação de uma Antologia de vários autores,
denominada de:“The Linguistic Turn: Essays Philosophical Method”, editada por Rorty em 1967.
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IV – RELAÇÕES DIALÉTICAS ENTRE LINGUAGEM CIENTÍFICA,


LINGUAGEM LITERÁRIA E LINGUAGEM POPULAR:

A Linguagem Científica constitui um Sistema de símbolos


utilizados pelos cientistas para analisar, explicar, interpretar e compreender os
fatos investigados no mundo real. Correspondendo à uma ação simbólica da
realidade, a Linguagem Científica é basicamente conceitual e teórica, se
interconectando com o real através de uma abstração. Deve acima de tudo,
expressar o conhecimento científico com bastante coerência e objetividade,
evitando esnobismo, exageros literários e traços personalísticos dos cientistas.
Distingue-se, portanto, da linguagem literária, enquanto esta deve impressionar,
agradando pela elegância e pela evocação de valores poéticos, tendo como nota
distintiva a estética (estilo literário). Por outro lado a Linguagem Científica ao
contrário, deve esclarecer a realidade problematizada pela força dos argumentos,
lógico discursivos, tendo como nota distintiva a objetividade/subsitividade (estilo
científico).

A Linguagem Científica se diferencia também da Linguagem


Popular ou Coloquial, que é aquela utilizada em nosso cotidiano de vida com
nossos familiares, amigos e conhecidos. Constitui uma linguagem simples, que
não tem o refinamento lógico do raciocínio correto de se expressar e, por isso se
reporta diretamente às experiências do vivido, sem se preocupar em fazer
teorizações do real. É a linguagem do homem comum baseada simplesmente nas
experiências concretas de seu “dia-a-dia”; enquanto a Linguagem Científica nos
permite transcender os limites restritos do vivido para instaurar um mundo
inteligível sobre o real, ainda que nunca se tenha tido contato direto com este
real. É pois, uma linguagem inteiramente conceptual, diretamente relacionada à
dimensão do saber; do fazer e; do poder; enquanto a Linguagem Coloquial é
inteiramente empírica, mais relacionada diretamente à dimensão do fazer diário
das pessoas em suas atividades domésticas.

Convém ressaltar entretanto, que apesar das marcadas diferenças


existentes entre esses três tipos de linguagem, a hegemonia do discurso
científico no mundo civilizado, lhe confere uma poderosa força de penetração no
cotidiano de vida das pessoas comuns. Este reconhecimento social de
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“competência” do saber científico, contribuiu para que muitos de seus


“constructos” migrassem das obras científicas para a “boca” do povo. Neste
percurso, tais constructos adquiriram conotações mais coloquiais,
enfraquecendo de certa maneira, o seu significado e rigorosidade científica. É o
caso, por exemplo, do que aconteceu entre outros, com os conceitos de energia,
órbita, personalidade, magnetismo e força, razão pela qual, se tornou lugar
comum alguém se referir à uma pessoa, dizendo que ela tem muita energia ou
que precisa energizar-se; que outros estão em órbita ou parecem estar fora dela;
que “ciclano” tem uma personalidade forte ou é alguém “sem personalidade” e;
que “fulano” com seu magnetismo atrai as pessoas ou então, que sua força
negativa lhe faz perder amigos, em potencial.

Semelhante poder, também tem a Linguagem Científica perante à


Literatura, por isso é muito comum, que as obras literárias, e por extensão, todas
as manifestações artístico-culturais, sejam influenciadas pelas transformações
que acontecem no mundo científico e dialeticamente relacionada.

Artistas populares e eruditos, como Pablo Picasso (1881-1973);


Salvador Dali (1904-1989); Willian Faulkner (1897-1962); Akira Kurosawer
(1910-1998)3, e muitos outros, foram bastante influenciados pela “Teoria da
Relatividade” de Einstein, seja pelas idéias das quatro dimensões, como pela
inexistência de um tempo único, apresentando uma espécie de Ciência Física
aplicada às Artes.

E não se pense que esse processo é unilateral, pois é de todo


conhecido, que a literatura do escritor francês Jules Verne (1828-1905),
especialmente com suas obras “Da Terra à Lua” (1865); “Vinte Mil Léguas
Submarinas” (1870) e; “Volta ao Mundo em Oitenta Dias” (1873), inaugurou um

3
Intelectuais internacionalmente consagrados pela crítica no mundo das artes: Picasso foi pintor,
escultor, poeta e dramaturgo espanhol e co-fundador do Cubismo. Dali foi escritor, ator e pintor
espanhol do Surrealismo. Faulkner foi romancista e escritor norte americano que ganhou o
Prêmio Nobel de Literatura em 1949, com a obra “Som e a Fúria”, onde utilizou a técnica do fluxo
da consciência para impor mudanças bruscas no tempo das narrativas. Kurosawer foi um
cineasta japonês premiadíssimo pela crítica mundial, que ganhou o “Oscar” em 1989 pelo
conjunto de suas obras cinematográficas e, em 1976 pelo, “Melhor filme estrangeiro: “Dersu
Uzala”. Todos eles foram bastantes influenciados pela perspectivas quadridimensional
estabelecida pela teoria de Einstein, que inclui o “Movimento do espaço/tempo finito e infinito,
concebidos de acordo com a posição do “sujeito-observado”.
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gênero novo, o romance de ficção científica, antecipando em cerca de um


século as futuras descobertas da Astronomia.

Mais contemporaneamente, temos assistido a utilização por parte da


Ciência, de “palavras” anteriormente consideradas do senso comum, como nos
casos de “Big-Bang” e ”Buraco Negro” para denominarem as mais recentes
teses científicas sobre a origem e o fim do universo. Num passado próximo por
exemplo, os vocábulos “big-bang” e “bang-bang” eram empregados para se referir
ao gênero de filmes e revistas em quadrinhos do “farwest” que exaltavam a
incessante luta entre bem e o mal pelos “mocinhos” e “bandidos” do oeste norte-
americano. Atualmente denomina uma das mais consistentes teorias no campo
da Física, que a partir dos estudos da relatividade geral de Einstein, parte da
idéia de que o universo se originou de uma grande explosão, por isso as galáxias
se afastam cada vez mais umas das outras, demonstrando que o universo está se
expandindo, cujo ponto-limite entraria em colapso através de um “Big-Crunch”4
(grande colapso).

Mais recentemente, os estudos do físico Stephen Hawking (1942-


2018) vem propondo a tese dos “buracos negros”, expressão anteriormente
bastante presente no linguajar do povo para se referir as cavidades feitas no solo
onde se depositava dejetos eliminados pelo corpo, numa alusão às chamadas
“fossas negras”, ainda bastante comum em áreas rurais dos paises pobres que
não possuem saneamento sanitário. No campo da Física foi adotada em 1969
pelo cientista John Wheeler (1911-2008), como descrição gráfica de que a luz é
tanto composta por partículas, como por ondas.

Segundo o estudo de Hawking e Roger Penrose (1931-*),


baseados na Teoria da “Relatividade Geral”, deve haver uma singularidade de
densidade e curvatura no espaço-tempo infinitas dentro de um buraco negro
produzidas pelo colapso gravitacional, onde determinadas estrelas teriam
queimado todo seu combustível nuclear.

Algumas evidências científicas indicam que existe um grande


“buraco negro”, com massa de aproximadamente cem mil vezes maior que a do
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Expressão inglesa que serve para designar a hipótese de um determinado estado de densidade
infinita no futuro, ou seja, o “Big-Crunch”, que seria o fim do tempo, formando um enorme “buraco
negro” no universo, colapsando-o integralmente, o que significaria o seu fim.
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sol no centro de nossa galáxia, de modo que tudo que dele se aproxima, é sorvido
pela intensa força da gravidade de seu campo magnético, que nada, nem mesmo
a luz, pode escapar.

De acordo com Hawking e Roger Penrose (1931 - *), se a Teoria da


Relatividade Geral de Einstein for correta, os Teoremas da Singularidade dos
“buracos negros” mostram que o início do universo teria sido um ponto de
densidade e curvatura infinitas no espaço-tempo.

Como se pode verificar, a incorporação dos novos termos pela


Ciência provenientes da linguagem popular, nos leva a concluir que as três
formas de linguagem embora distintas, se retroalimentam dialeticamente,
razão pela qual, seus termos se infiltram nas estruturas linguísticas, uma das
outras.

Por outro lado, seja de forma consciente ou inconscientemente, a


verdade é que, os artistas dos mais variados campos das artes, e até mesmo os
homens comuns, são sensíveis às revoluções científicas e, via de regra,
captam e expressam em suas obras o “novo olhar” da Ciência sobre o mundo. E
quando isto acontece, tanto a Linguagem Popular como a Linguagem Literária
se enriquecem e, por extensão, a cultura como um todo, num processo dialético
de influências recíprocas.

V – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS OU CONSTRUCTURAIS DA


LINGUAGEM CIENTÍFICA:

A Linguagem Científica é composta por um conjunto de


constructos.

Os constructos são construções lógicas, mais ou menos


simplificadoras do real, que visam teorizar sobre a realidade concreta. Tais
estruturas teóricas ou abstrações gerais do real, se apresentam como
construções do real, e, portanto o “Real” cientificamente construído.

Na verdade, a realidade concreta é uma estrutura complexa


multifacetada que, inclui um conjunto de múltiplas determinações históricas;
enquanto os constructos, são simples estruturas teóricas, que embora
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tencionem, não dão conta de toda a complexidade do real. Constituem uma


construção teórica, ou seja, um corpo conceptualizado sobre o real.

A Linguagem Científica como estrutura “meta-lingüística” de


especificidade própria, compõe-se por vários tipos de constructos.

Os principais constructos estruturantes da Linguagem Científica são:

1) Enunciados Protocolares;

2) Argumentos Lógicos;

3) Princípios ou Pressupostos Básicos;

4) Postulados e Axiomas;

5) Definições Científicas;

6) Conceitos Básicos;

7) Categorias Centrais;

8) Hipóteses Científicas;

9) Paradigmas;

10) Proposição

11) Enunciados Explicativos;

12) Leis Científicas;

13) Teorias Científicas.

5.1. Os Enunciados Protocolares:

Também chamados de enunciados de protocolo ou iniciais, são


sinais exteriores dos fatos que se impõem como dados da evidência empírica,
obtidos geralmente pelas observações factuais iniciais da investigação
científica. São denominados desta forma, pela similaridade com os chamados
“registros de protocolo”, já que o pesquisador faz suas anotações iniciais sobre
os caracteres exteriores, através dos quais, os fatos se tornam imediatamente
visíveis.
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Estes “dados” iniciais e exteriores da realidade empírica são o


ponto de partida da Ciência e, exprimem os caracteres básicos comuns dos
fatos observados, que são em uma primeira instância, captados pelos órgãos
sensoriais do cientista. Tais indicadores exploratórios preliminares, não são a
verdadeira essência dos fatos, mas o primeiro ponto de apoio necessário às
nossas investigações posteriores. Fazem parte das aparências ou atributos
superficiais dos fatos, através dos quais, o pesquisador entra em contato
inicial com os fatos em estudo. São pois, os primeiros indícios dos fatos
observados, que atuam como pistas iniciais aos pesquisadores no processo de
conhecimento.

Ex.: As nuvens negras são sinais que podem indicar chuva;


- O signo é a menor unidade da língua;
- A fumaça é um sinal que pode indicar queimadas;
- O castigo é um sinal que pode indicar em determinadas culturas,
uma punição à violação da norma.

5.2. Os Argumentos Lógicos:

São conjuntos de enunciados, dos quais, um, é a conclusão e os


demais são premissas. Enquanto a Conclusão enuncia o ponto de vista
defendido ou justificado; as Premissas correspondem às razões oferecidas em
favor da conclusão.

Os argumentos se classificam em variados tipos, dependendo da


forma lógica que conduz o raciocínio.

Assim, tem-se argumentos Dedutivos, Indutivos, Redutivos,


Dialéticos, Analéticos, trialéticos e, magmaléticos.

Observemos por exemplo, que a construção de um Argumento


Redutivo, obedece a seguinte estrutura lógica:

Se A; Ex.: Se a Pedagogia é uma Ciência.

Então, ela tem objeto próprio.


Ora, a Pedagogia tem objeto próprio.
Logo, a Pedagogia é uma Ciência.
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Então B;
Ora, B;
Logo: A.

5.3. Princípios ou Pressupostos Básicos:

São proposições primeiras e fundamentais que não podem ser


inferidas de nenhuma outra. Elas são a própria fonte das inferências e, por isso
servem de base aos argumentos e, por conseqüência, ao conhecimento que
deles decorrem. Termo inicialmente, introduzido no campo da filosofia pelo
pensador pré-socrático Anaximandro (610-546 a.C.), no sentido de fundamento
primário do processo de demonstração ou pressuposto fundamental e básico, que
se toma como ponto de partida no processo de conhecimento. Essa acepção
permaneceu até com os Estoicos, para os quais os Princípios não podiam ser
gerados, já que eram eles próprios os geradores do conhecimento, ou seja, as
proposições mais elementares que geraram as proposições conclusivas.

Mais tarde, o filósofo alemão Emmanuel Kant (1724-1804) restringiu


o uso do termo ao campo do conhecimento, entendendo como Princípios as
proposições gerais, ainda que deduzidas pela experiência por indução, que
servem de premissa maior num silogismo.

Na Filosofia Moderna e Contemporânea a noção de Princípios


tende a perder o seu caráter absoluto, pois inclui o sentido de um ponto de partida
relativamente privilegiado, que na acepção de Henri Poincaré (1854-1912),
constitui uma Lei empírica mais cômoda para se iniciar o processo do
conhecimento.

No domínio da Lógica Matemática, os Princípios servem para


designar teoremas particulares, dos quais são sublinhados a importância para o
desenvolvimento interior de um sistema simbólico.

No campo da Lógica Indutiva distinguem-se cinco (5) princípios


fundamentais. Princípios da Uniformidade da Estrutura Categorial do
Intelecto; Princípio da justificação Probabilística; Principio do Raciocínio
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por Recorrência; Princípio da Conexão entre Causa e Efeito e Principio da


Generalização.

No campo da Lógica Indutiva, distingue-se cinco Princípios


fundamentais: Princípio Uniformidade da Estrutura Categorial do Intelecto;
Princípio da Justificação Probabilística; Princípio do Raciocínio por
Recorrência; Princípio da Relação entre Causa e Efeito e; Princípio da
Generalização.

No campo da Lógica Redutiva, tem-se como Princípios Básicos:

O Princípio da Simplificação; o Princípio da Regressão; o


Princípio da Verificação; O Princípio da Derivação; o Princípio da Implicação
e; o Princípio da Analogia.

No campo da Lógica Dedutiva, distinguem-se tradicionalmente três


(3) princípios fundamentais: O Princípio da Identidade; O Princípio da Não-
Contradição e; O Princípio do Terceiro-Excluído. No campo das Ciências
Sociais impõe-se como princípios fundamentais: O Princípio da Sociabilidade
Humana; O Princípio da Legitimidade; O Princípio da Igualdade; O Princípio
da Liberdade e; O Princípio da Propriedade.

No campo da Lógica Dialética tem-se como princípios básicos: O


Princípio da Totalidade; Princípio da Conexão Universal; Princípio da
Mediação; Princípio da Transformação; O Princípio da Interpenetração dos
Opostos; O Princípio da Contradição e; O Princípio da Negação da Negação.

5.4. Postulados e Axiomas:

Os primeiros são enunciados, que mesmo passíveis de


demonstração, são assumidos e utilizados sem serem demonstrados; enquanto
os Axiomas são princípios indemonstráveis, porém auto-evidentes que se
admitem sem contestação face a sua autoevidentes, por isso, mesmo que se
quisesse demonstrá-los, seria impossível de demonstração em sua totalidade (ex:
a imortalidade da alma).
17

Atualmente, os Axiomas são princípios admitidos como verdadeiros


convencionalmente, como fundamentos ou premissas do discurso matemático.
As características básicas dos Axiomas são: coerência, completude, decisão,
independência e simplicidade.

Contemporaneamente porém, as marcadas diferenças que existiam


entre POSTULADOS e AXIOMAS foram reduzidas e, alguns teóricos da Ciência
os tratam indistintamente.

Ex: “O todo é maior que suas partes” (Postulado)

“Deus é um ser perfeito”. (Axioma)

“A alma é imortal”. (Axioma).

“O triângulo tem três lados” (Postulado)

“Todo signo é um sinal simbólico. (Axioma)

5.5. Definições Científicas:

São enunciados que declaram o significado essencial de um


determinado termo ou constructo científico, isto é, do emprego do termo que
pode ser feito em um certo campo de investigação da Ciência.

A rigor, não existe uma essência privilegiada do termo, mas


diferentes possibilidades de defini-lo, de acordo com o quadro de referência
tomado como parâmetro.

As definições científicas são classificadas em definições


operacionais e definições transitivas. As primeiras, procuram reduzir os
conceitos definidos em seus termos observáveis, na busca de apreender o seu
significado concreto no mundo real. Neste caso por exemplo, a definição
operacional de “salário” seria a quantia em dinheiro recebida mensalmente pelo
trabalhador como pagamento dos serviços prestados.

Como nas Ciências Sociais, grande parte dos conceitos não são
redutíveis às definições operacionais, por isso empregam-se as definições
transitivas, que retém apenas os aspectos possíveis de serem descritos.
18

Apesar disso, nos casos em que há possibilidades de redução a termos


observáveis, deve-se empregá-los, pois as definições operacionais favorecem a
interconexão entre forma e conteúdo dos conceitos definidos.

Ex: “Reta é a menor distância entre dois pontos”.

“Pedagogia é a ciência que estuda o processo educativo”.

“Histoquímica é o estudo químico dos tecidos”.

“Linguística é a ciência que estuda a linguagem em suas várias


dimensões sociais”

“Anomia é o estado de ausência de regras”.

5.6. Conceitos Básicos:

São as unidades mais elementares da fundamentação científica


que se servem os cientistas, para construir os fatos estudados no campo de
determinado ramo do conhecimento científico. São pois, constructos lógicos
que se estabelecem de conformidade com um determinado quadro de referência
teórico, estreitamente relacionados à especificidade da Linguagem de cada
Ciência.

Assim, a célula, o tecido e o plasma são Conceitos Básicos da


Ciência Biológica, enquanto o Átomo, a velocidade e a força são conceitos da
Ciência Física, assim com a linguagem, o significado e o significante são
conceitos da ciência linguística. Embora não sejam dados imediatos da evidência
empírica (FATOS), são constructos de conceptualização dos fatos concretos,
que transpostos para o pensamento, submetem-se ao “filtro” da inteligibilidade do
cientista no processo do conhecimento. Portanto, os CONCEITOS BÁSICOS são
sempre construções lógicas do real, mediatizadas pelo sujeito pensante que
conceitua, a partir de um quadro teórico tomado como referência pelo sujeito que
conceptualiza.

Ex: Anomia, consciência coletiva e, solidariedade social (Conceitos


básicos da Sociologia);
19

- Substância, alotropia e alcaloide (Conceitos básicos da


Química).

- Condicionamento, motivação, impulso e reforço (Conceitos


básicos da Psicologia).

- Aprendizagem, ensino, educação (Conceitos básicos da


Pedagogia).

- Número, fração, equação (Conceitos básicos de Matemática).

- Signo, Semiótica e Discurso (Conceitos Linguísticos).

5.7. Categorias Centrais:

São constructos da Linguagem Científica que expressam os


predicados fundamentais do “SER” através de suas características essenciais,
por isso, suas noções identificam a substância, a quantidade, a qualidade, a
relação de grandeza, o lugar, o tempo, a posição, a condição, a função e a
situação do objeto categorizado.

As Categorias servem para classificar e tipificar as principais


dimensões da realidade. Através delas, podem ser classificados objetos, pessoas,
grupos e instituições, que segundo certas características ou coordenadas
comuns, são consideradas relativamente homogêneas ou identificadas entre si.

Embora seja comum aos iniciantes confundirem as Categorias


Centrais com os Conceitos Básicos, tratando-os indistintamente, entretanto na
Linguagem Científica, são constructos que possuem significados e finalidades
diferentes. Ainda que não se possa falar em conceitos universais sem relativizar,
o seu nível de abstração é maior que o das categorias. Poderíamos mesmo dizer
que, os “Conceitos Básicos” estão mais para o nível gnosiológico, diretamente
relacionado ao sistema teórico; enquanto as “Categorias Centrais” pertencem
mais ao nível ontológico e, por isso, relativamente mais próximas do real.

O conceito de “Anomia” por exemplo, expressa a falta de normas; o


afrouxamento ou desvio das normas sociais, ou seja, um estado de
20

desregramento social que toda e qualquer sociedade apresenta, em maior ou


menor grau de intensidade. O mesmo não se pode falar da categoria “Cidade”,
que abstratamente não existe, só podendo-se teorizá-la à luz de uma realidade
histórica, concretamente contextualizada. (A Cidade de Belém).

Ex: - Sangue endovenoso, Sangue arterial e, células epiteliais


(Categorias Centrais de Análise da Biologia);

- Cidade, Intelectuais, Classe Social e Movimentos Sociais


(Categorias Centrais de Análise das Ciências Sociais);

- Pré-Letrados, vocabulário e Alfabeto são categorias centrais


de Análise de Linguística).

- Números Imaginários, Multiplicidade e, Números Complexos


(Categorias Centrais da Matemática).

5.8. Hipóteses Científicas:

São enunciados conjecturais submetidos ao controle dos testes de


experimentação para se verificar a sua confirmabilidade ou falsificabilidade.

A característica das hipóteses, é que ela não inclui nenhuma


garantia de verdade e, nenhuma garantia de falsidade, mas sim, uma dúvida,
que só a verificação e/ou refutação poderá decidir, ou seja, constatar, se é
verdadeira ou falsa.

Segundo Gottfried Leibniz (1646-1716), filosofo e matemático


alemão, as hipóteses são artifícios utilizados para se decifrar as causas dos
fenômenos, por isso considerava que uma conjectura engenhosa poderia abreviar
muito o caminho das descobertas científicas.

Ex: “Considerando que a maioria das crianças pobres entram na


Escola Pública sem o Pré-Escolar. E considerando que as mais altas taxas de
reprovação nas primeiras séries atingem os alunos que não fizerem a Pré-
Escola. Então supõe-se que, a falta de condições sociais de vida dos alunos
analfabetos que entram na rede Pública, interfere diretamente na taxa de
repetência escolar das crianças pobres.
21

5.9. Paradigmas:

São parâmetros já consagrados e reconhecidos como válidos


cientificamente pela comunidade dos intelectuais da Ciência, que são utilizados
para balizar a investigação científica. Neste sentido, os Paradigmas são
exemplos balizadores, modelos de investigação ou Marco Referencial Teórico
de uma pesquisa científica.

Assim, Astronomia de Nicolau Copérnico (1473-1543); a


Geometria EUCLIDIANA, a Teoria da Relatividade Geral de Einstein; a Química
de Lavousier, a Genética de Mendel e; a Teoria do Capital de Marx e; a
Sociolinguística de Labov, podem ser considerados como Paradigmas
Científicos, porque são utilizados como marcos rerenciais de fundamentação da
investigação científica por parte dos pesquisadores, em estudos que solicitem
estes sistemas teóricos como referenciais.

No campo da Metodologia Científica, os Paradigmas constituem o


conjunto de procedimentos metodológicos dominantes na Pesquisa Científica, em
um dado momento histórico de uma determinada Ciência ou área de
conhecimento científico.

Portanto, as grandes abordagens teóricas, os métodos lógicos,


os métodos de procedimento, os vários tipos de pesquisa e, as diversas
técnicas de pesquisa já reconhecidas pela Metodologia Científica são
consideradas como paradigmas científicos do processo de investigação da
Ciência.

5.10. Proposições:

São enunciados declarativos que expressam um ou mais aspectos


do “SER” ou objeto em estudo. São pois, sentenças lógicas que expressam o
significado e o valor de veracidade ou falsidade das premissas, dependendo dos
valores de seus componentes e das operações lógicas utilizadas.

Ex: O Homem é um animal racional;


22

- A Pedagogia é uma Ciência, porque tem objeto próprio;

- A linguagem é o objeto de estudo da Ciência Linguística;

- O triângulo equilátero tem três lados iguais.

5.11. Enunciados Explicativos:

São argumentos lógicos que consistem em afirmar ou negar


determinados predicados do “SER” ou do objeto investigado. Todo enunciado
possui apenas um valor de verdade, isto é, se for verdadeiro, então não pode ser,
ao mesmo tempo, falso dependendo da lógica que constrói o argumento. Desse
modo, caso o enunciado explicativo seja um argumento dialético, por exemplo,
um terceiro valor se impõe e, portanto, o “empate” é uma possibilidade que
poderá resultar numa síntese radical (ruptura) ou numa coexistência funcional
dialética. Em geral, os enunciados explicativos são argumentos de segundo
grau, através dos quais, se comunica determinadas conclusões obtidas após o
resultado de alguns experimentos.

Assim, os Enunciados Explicativos devem atender a dois pré-


requisitos: O da relevância explanatória e a possibilidade de verificabilidade.
Pelo primeiro critério, o enunciado deve conter premissas que esclareçam o
que está sendo explicado; enquanto pelo segundo, deve satisfazer o critério
de verificabilidade, oferecendo condições para se determinar a veracidade da
conseqüência preditiva da conclusão.

Os Enunciados Explicativos possuem o “Explanans” que são as


premissas explanatórias e, a conclusão ou Explanandum que contém o
fenômeno explicado.

Ex: - “A Taponagem é contra-indicada quando ocorre hemorragia


pulmonar”;
- “O fenômeno do “arco-íris” ocorre como produto da reflexão
e da refração da luz do sol nas gotículas esféricas de água
que se formam nas nuvens;
23

- “A luminosidade das estrelas distantes é regulada pela


absorção de matéria interveniente”;
- A estrutura do vocábulo é composto pelo significado e
significante como dois elementos distintos, mas
intercomplementares.
- “O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados
dos catetos”.

5.12. Leis Científicas:

São sistemas de enunciados explicativos que após submetidos a


rigorosos testes de controle experimental ou baterias testes de refutabilidade
foram comprovados cientificamente.

Ainda que, as Leis Científicas para alcançarem este estatuto


científico, tenham demonstrado resistência aos testes a que foram submetidas
sem terem sido refutadas, não se deve concebê-las como Leis Científicas
inabaláveis, eternamente imunes às rejeições futuras. Não é demais lembrar, que
a Teoria da Gravitação Universal formulada por Isaac Newton (1643-1727), foi
parcialmente alterada pela Teoria da Relatividade de Einstein e, todo sistema
teorético de Claudio Ptolomeu (100-168 d.C.), desmoronou-se após o
Heliocentrismo de Copérnico. Da mesma forma, ocorreu com a teoria da “Ordem
Natural” Conteana que foi desautorizada após a lei da Contradição Dialética
Marxista. Não se podendo omitir, que após o movimento do “giro linguístico”, a
linguagem é compreendida como uma prática discursiva da ordem do fazer, ou
seja, uma ação de dar ordem e, não simplesmente um ato de representar o real.

Segundo Karl Popper (1902-1994), filósofo Austríaco da Ciência, as


Leis Científicas, assim como os demais enunciados gerais das Ciências, são
sempre considerados provisórios e não dogmas.

De um modo geral, as Leis Científicas são pois, um conjunto de


enunciados que exprimem termos descritivos observacionais ou reduzidos à
observações, já que foram confirmados experimentalmente, por testes de
refutabilidade, mas os resistiram como incólumes.
24

Os enunciados para alcançarem o estatuto de “Leis” após sua


confirmabilidade experimental, devem em primeiro lugar, não apresentar
limitações de ordem espacial e nem temporal, não devem ainda servir de base
explicativa apenas “aqueles” fatos que lhes deram origem, mas devem oferecer
margem ou indícios de explicação para os demais fatos semelhantes aos já
confirmados; além de servirem de apoio aos enunciados condicionais
contrafactuais; ou seja, àqueles que ainda não foram realizados. Assim, após a
confirmação experimental de que “O ferro exposto à ação do sal se oxida”.
Quando se diz, “Se “este” pedaço de ferro estivesse exposto ao sal ter-se-ía
oxidado”, é um exemplo de enunciado condicional contrafactual, apoiado pela
generalização de que “todo ferro exposto à salinidade se oxida”. (Lei da Oxidação
dos Metais).

Ex: - Lei da Sobrevivência dos mais Aptos.. (Charles Darwin/1809-


1882);

- Leis da oferta e da procura. (David Ricardo:/1772-1823);

- Lei da Queda Tendencial da Taxa de Lucro. (Karl Max/1818-


1883);

- Lei da Mais-Valia. (Karl MARX/1818-1883);

- Lei da Dinâmica. (Isaac Newton/1643-1727);

- Lei da Pressão (Blaise Pascal/1623-1662);

- Lei da Conservação da Energia. (James Joule/1818-1889 e


Albert Einstein: 1879-1955);

- Lei da Conservação da Matéria. (Antoine Lavousier/1743-


1794);

- Lei da Eletrólise. (Michel Faraday/1791-1867).

5.13. Teorias Científicas:


25

Último elemento constitutivo da Linguagem Científica, as Teorias


Científicas constituem um conjunto de leis interrelacionadas organicamente por
um núcleo unificador, que funciona como o “coração” da teoria, cujo “sangue”
que o mantém revitalizado, se nutre pela conexão que consegue estabelecer com
a realidade que lhe serviu de base.

Assim, ainda que a Teoria Científica constitua uma abstração


geral, ou seja, um modelo abstrato através do qual, o conhecimento
fundamentado atinge o seu grau de concludibilidade, adquirindo o estatuto de
Ciência, não se pode dizer que nada tenha a ver com o concreto-real, mas que se
configura como uma estrutura do “concreto-pensado” que se inicia a partir do
real, até alcançar o nível de um sistema geral de abstração lógica do real.

Enquanto as Leis Científicas tem a função básica de explicar um


conjunto de fenômenos empíricos; as Teorias Científicas tem a função de
explicar um Sistema de Leis afins, por isso, possuem uma base explicativa
mais ampla.

Ex: - Teoria da Evolução das Espécies. (Charles Darwin/1809-


1882);

- Teoria da Gravitação Universal. (Isaac Newton/1643-1727);

- Teoria da Psicodinâmica (Sigmund Freud/1856-1939);

- Teoria do Capital. (Karl Marx/1818-1883);

- Teoria dos Conjuntos. (Georg Cantor/1845-1918);

- Teoria Quântica. (Max Planck/1858-1947);

- Teoria da Luta de Classes. (Karl Marx/1818-1883 e Friedrich


En-Gels/1820-1895);

- Teoria da Relatividade Geral e Especial. (Albert Einstein/1879-


1955);

- Teoria dos Buracos Negros (Stephen Hawking/1942-2018);

- Teoria da Gramática Gerativa (Noan Chomsky/1928-*).


26

VI – CONSTRUCTOS BÁSICOS DA FUNDAMENTAÇÃO DA


LINGUAGEM CIENTÍFICA:

Os “Constructos” são construções lógicas mais ou menos


simplificadoras do real que visam teorizar sobre a realidade concreta.

Assim, todos os elementos constitutivos da Linguagem Científica são


Constructos. Dentre estes, os que fornecem maior fundamentação ao discurso
científico, são os:

- PARADIGMAS;

- CONCEITOS BÁSICOS;

- PROPOSIÇÕES;

- TEORIAS.

6.1. Os Paradigmas Científicos:

São constructos que servem de base teórica e metodológica às


investigações científicas.

Como os Paradigmas são marcos referenciais dominantes em


determinados períodos históricos, então significa que existe “consenso” entre os
cientistas quanto a fidedignidade e validade sobre determinadas formulações
científicas, fazendo desaparecer dúvidas e controvérsias a seu respeito, pelo
menos durante um determinado momento sóciohistórico da histórico da Ciência.

Etimologicamente o termo Paradigma remonta à mais alta


Antiguidade Clássica e, advém do grego “paradeigma” que significa “modelo” ou
“parâmetro” que serve de exemplo ou base modelar a ser tomado como
referência em um estudo científico e/ou determinada situação. No sentido de
modelo ideal foi empregado por Platão (427-347 a.C.), que considerava-os como
o mundo eterno das idéias universais; enquanto Aristóteles (385-322 a. C.) se
refere aos paradigmas como exemplo concreto da realidade.

Na contemporaneidade o filósofo da Ciência Thomas Kum (1922-


1996), retomou o uso deste termo em sua obra “A Estrutura das Revoluções
27

Científicas” (1962), que provocou o chamado giro da Ciência, ou seja, uma


verdadeira revolução reflexiva sobre Ciência ao considerar que os aspectos
históricos e sociais são próprios da atividade científica, razão pela qual a Ciência
percorre em seu processo histórico uma trajetória normal, ou seja, em que
predomina um paradigma sólido. Quando este começa a dar sinais de
esgotamento, tem-se à fase da crise do paradigma, por isso novos paradigmas
criados competem entre sí, o que gera um período revolucionário que impõe
novo paradigma, rompendo com o tradicional, mas a sua escolha é decorrente de
opções subjetivas e condicionantes sociais.

Assim, a Astronomia de Copérnico, a Física Gravitacional de


Newton, o método de procedimento Laboviano, a teoria do desenvolvimento
da zona proximal de Vigotsky e, a Física da Relatividade de Einstein são
exemplos de Paradigmas, já que tem servido de base a muitos estudos em suas
respectivas áreas de estudos.

Convém ressaltar que, não são apenas os constructos que já


atingiram o nível de Teorias Científicas que podem ser considerados
Paradigmas, mas também as Definições Científicas, os Enunciados
Explicativos, as Leis Científicas e, outros constructos já consolidados pela
comunidade científica de determinada área do conhecimento humano.

Dessa forma, podemos considerar como principais formas de


Paradigmas:

6.1.1. ENUNCIADOS GERAIS: que se apresentam como Axiomas e


Postulados.

Ex: Só se aprende a “falar” se convivermos em uma comunidade de


falantes. (Postulado);

“Todos os homens são mortais” (Axioma)

- “A fração é menor que o inteiro” (Postulado)


28

6.1.2. SISTEMAS TEÓRICOS: Já consagrados e corroborados pela


Pesquisa Científica.

Ex: A Teoria da interação comunicativa (Michel Bakhtin/1895-1975);

- A Teoria da Luta de Classes (Karl Marx/1818-1883);

- A Lei da Reprodução Ampliada do Grande Capita (Karl Marx/1818-


1883);

6.1.3. AS VIAS DE RACIOCÍNIO LÓGICO DO MÉTODO


CIENTÍFICO, também conhecidas como Métodos Lógicos
da Ciência.

Ex: A Lógica da Dedução; A Lógica Indutiva; a Lógica Hipotético-


Dedutiva; a Lógica da Redução Transcendental ou
Fenomenológica; a Lógica Dialética; a Lógica Analética; a
Lógica Tríalética e a Lógica dos Magmas ou Magmaléticas.

6.1.4. GRANDES ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS ou


Métodos de Referência.

Ex: O Anarquismo; o Materialismo Histórico; o Positivismo; O


Funcionalismo; o Estruturalismo; a Fenomenologia; o
Interacionismo Simbólico; Etnometodologia; o Individualismo
Metodológico e; o Holismo.

6.1.5. OS CONCEITOS BÁSICOS E CATEGORIAS CENTRAIS DE


UMA DETERMINADA CIÊNCIA:

Ex: Modo de Produção; Logarítimos; Anomia; Classe Social;


Variáveis Discretas; Intelectuais; signos linguísticos e, etc.
29

6.1.6. MÉTODOS DE PROCEDIMENTO: já consagrados na


Pesquisa Científica.

Ex: Método Comparativo; Método Histórico, Método Estatístico,


Psicolinguístico, Método Sociolinguístico e, etc.

6.1.7. TÉCNICAS DE PESQUISA CIENTÍFICA: As técnicas já


consolidadas pela Metodologia da Pesquisa:

Ex: Questionário, Entrevista, Formulário, Analise de Discurso,


Analise de Conteúdo e, etc...

6.1.8 - FUNÇÕES DOS PARADIGMAS CIENTÍFICOS:

Os Paradigmas enquanto referenciais modelares da Pesquisa


Científica, exercem as seguintes funções base:

1) Contribuem para que o cientista possa pensar sobre o objeto em estudo;

2) Delimitam o objeto de estudo de determinada pesquisa científica;

3) Inspiram e orientam o trabalho científico;

4) Circunscrevem a trajetória teórica que deverá ser trilhada na pesquisa;

5) Instrumentalizam teórica e metodologicamente o cientista em sua


investigação;

6) Denunciam a estrutura ideológica subjacente ao estudo pretendido;

7) Estabelecem o Marco Referencial que serve de base ao estudo científico em


realização.

Finalmente, podemos dizer que os PARADIGMAS CIENTÍFICOS


apresentam na área da Pesquisa, duas faces dialeticamente relacionadas. Se
por um lado, apresentam-se como a face conservadora da Ciência, na medida
em que expressam a necessidade dos cientistas em se ancorar num constructo
já consolidado e tradicionalmente aceito pela comunidade científica; por outro
lado, só aqueles que possuem uma profunda afinidade com eles, são capazes de
30

criar condições objetivas que lhes possibilitam tomar consciência das armadilhas
teóricas dos Paradigmas, a ponto de desvendarem suas fragilidades e lacunas
teórico-metodológicas. Só a estes cientistas, mais facilmente, os Paradigmas são
capazes de denunciar a sua outra face, ou seja, a sua face revolucionária, de
que já entraram em crise e, por isso, não dão mais conta de explicar
cientificamente a nova realidade social, para a qual foram solicitados a respaldar.
Por isso, se diz que quando os Paradigmas entram em crise, costumam ao
mesmo tempo, prenunciar a aproximação de determinadas revoluções científicas,
gerando a construção de novos paradigmas mais consistentes do que os
tradicionais.

Faz-se oportuno ressaltar entretanto, que na contemporaneidade o


significado de Paradigma não contém mais um caráter tão rígido, no sentido de
que sua função deve obrigatoriamente servir de substrato teórico a toda e
qualquer pesquisa científica. Atualmente, a sua evocação tem muito mais um
sentido de inspiração, do que propriamente de referencial fiel e exclusivo de
todo percurso metodológico que o cientista deve trilhar em seu trabalho científico.
Utilizado muito mais como um “farol” para fornecer maior clarividência, é, até
muito comum que se utilize de um conjunto de paradigmas complementares
ao mesmo tempo, que atuam como eixos norteadores em diferentes aspectos e
dimensões do objeto investigado, considerando que um único paradigma,
dificilmente na maioria dos casos, consegue dar conta das múltiplas e concretas
determinações históricas do problema estudado.

6.2. Conceitos Básicos:

Os conceitos correspondem a simbolização do que acontece no


mundo real dos fatos, sociais que ocorreram e/ou já ocorreram na
sociobiodiversidade planetária.

Para atribuir um conceito apropriado ao fato estudado, o cientista


não pode prescindir da observação científica.

Os Conceitos Básicos são construções lógicas que se


estabelecem de acordo com um sistema de referência teórica. Constituem as
31

unidades mais elementares da fundamentação científica não resultantes da


testagem experimental, mas é necessário construí-los a partir da observação
factual.

Os conceitos são estabelecidos para desiginar um determinado


conjunto de fatos ou uma especificidade do fato. Por isso, os conceitos são
considerados como instrumentos de trabalho do cientista, ou ainda, como os
termos técnicos básicos da linguagem da Ciência e/ou de determinado campo
científico.

Como no mundo real não existem a rigor, Conceitos concretos,


estes são apenas produtos da atividade intelectual, todavia, expressam
abstrações gerais de certos setores do mundo real, que servem aos propósitos
das “conceituações”. Conceituar adequadamente, constitui um grande passo
que o cientista dá no campo da pesquisa científica. Dar nomes aos fatos sociais,
compreende o processo de designar, conceituar, isto é, de atribuir símbolos
semióticos aos fatos que ocorrem no mundo existencial.

As Ciências Empíricas, como no caso das Ciências Físicas, Sociais


e outras Ciências Factuais desenvolveram a sua linguagem através de conceitos
e, sistemas de conceitos apropriados. Os cientistas lidam mais com os
conceitos, do que propriamente, com os fenômenos, por isso se diz, que o
Conhecimento Científico é inteiramente conceitual.

Os Conceitos Básicos de determinada Ciência possuem a função


de:

a) Descrever os objetos da experiência para permitir seu reconhecimento.


Portanto, são “termos-caracteres” que indicam uma função descritiva e
referencial da ciência;

b) Organizar os dados da experiência, de modo a estabelecer entre eles


conexões de natureza lógica;

c) Antecipar a solução de um problema formulado, pois no momento em que se


atribui conceito, se inicia o processo de conscientização do problema em
investigação.
32

Conclui-se pois, que os Conceitos Básicos são construções


lógicas simplificadoras do real; então pode-se considerar que todo Conceito é
um Constructo, mas nem todo Constructo se restringe à Conceitos, pois se
pode teorizar sobre o real através de outro tipo de Constructo, como no caso das
definições científicas, quando se expressa por exemplo, o predicativo
essencial de determinado objeto investigado.

Assim, pode-se dizer que, os Conceitos Básicos são as idéias-


força, ou seja, os Constructos mais elementares da fundamentação da
Linguagem Científica.

Ex.: - Evolução; Molécula; Célula e Tecido (Biologia);

- Peso, Massa, Velocidade, Energia (Ciência Física);

- Interação Social; Status Social; Classe Social; Anomia


(Sociologia);

- Ed; Ego; Superego; Psiquê-soma (Psicologia);

- Modo de produção; Infraestrutura; Superestrutura; Lucro,


Valor (Economia);

- Estado, Hegemonia, Poder, Liberdade (Ciência Política);

- Comunicação, Língua, Signo, Significante (Linguística);

- Linguagem, Fala, Diálogo, Semântica (Linguística);

- Conjunto, Equação, Número, Hipotenusa (Matemática);

- Antrophos, Parentesco, Descendência, Cultura


(Antropologia).

6.3. Proposições Científicas:

São sentenças ou enunciados declarativos dotados de sentido,


que possuem, a rigor, apenas um único valor de verdade. Neste caso, tanto as
enunciações com dois valores de verdade diferentes ao mesmo tempo e, como as
enunciações de termos isolados, podem ser considerados Proposições
Científicas.
33

Do ponto de vista lógico, existem quatro (4) formas de


Proposições: As Proposições Universais Afirmativas (A); As Proposições
Universais Negativas (O); As Particulares Afirmativas (I) e; as Particulares
Negativas (O).

Ao considerarmos as proposições dedutivas por exemplo, as


Proposições de forma “A” e “O” e “E” e “I”, são contraditórias, ou seja, se uma é
Verdadeira, a outra é Falsa. As do tipo “A” e “E” são contrárias, ou seja, podem
ser ambas Falsas, mas não podem ser ambas Verdadeiras. As Proposições do
tipo “I” e “O” são subcontrárias, isto é, podem ser ambas Verdadeiras, mas não
podem ser ambas Falsas.

A Lógica Formal Moderna, ou seja, a Conjuntista-Identitária


considera as Proposições como um dos constructos básicos da
fundamentação da Linguagem Científica, porque a Ciência, a rigor, se funda
em expressões proposicionais, através das quais, se ajuíza a veracidade ou a
falsidade de um enunciado ou Sentença. Por outro lado, a lógica dialética sob a
perspectiva de seus operadores lógicos, as proposições podem ajuizar dois
valores logicamente contraditórios que só podem ser superados através de uma
síntese radical, caso contrário podem coexistir e/ou um valor prevalecer sobre o
outro.

Ex: Onda/Partícula; Geral/Particular; Social/Individual;


Significante/Significado.

O Pensamento Científico é, pois, expresso através de Proposições


Científicas, identificadas como:

 Enunciados gráficos ou fônicos;

 Enunciados com apenas um único ou vários valores lógicos;

 Enunciados dotados de sentido.

Ex.:

1. As Ciências tem objeto próprio (Afirmativas Categóricas


Universais (A));

2. Algumas Ciências são Sociais (Afirmativas Particulares (I));


34

3. Nenhuma Ciência é Ametódica (Universais Negativas (E));

4. Algumas Ciências não são Factuais (Particulares Negativas (O)).

=
Ex: Riqueza ≠ Miséria => Capitalismo

6.4. Teorias Científicas:

São constructos formados por termos teóricos que não


correspondem diretamente aos fatos observáveis. Enquanto as Leis Científicas
são constructos que contêm termos de conteúdo observacional ou redutível
aos fatos observados; as TEORIAS são sistemas de enunciados estabelecidos
sob a forma de generalizações universais, em que comparecem termos não
observáveis, por isso se prestam para fazer sistematizações mais amplas que
as Leis.

Dessa forma, podemos pois, definir TEORIAS CIENTÍFICAS, como


sendo um Sistema de enunciados teóricos organicamente relacionados por um
núcleo unificador, objetivando fornecer fundamentos lógicos às Leis científicas
afins e estabelecer previsões sobre os fenômenos investigados.

A rigor, as Teorias Científicas como “constructos conclusivos”


de uma dada investigação científica, não possuem a função primeira de explicar
fenômenos empíricos, já que esta função seria mais propriamente das Leis
Científicas, entretanto a partir do momento em que não conseguem mais
explicar o conjunto de Leis afins, para o qual foram propostas, as Teorias
perdem sentido e, portanto, devem ser reformuladas em busca de uma nova
Teoria, que mediatizada por um Sistema de Leis Científicas, dá conta de
circunscrever e estabelecer, ainda que indiretamente, um nexo entre seus termos
teóricos e a realidade.

Assim, além da função de sistematizar e explicar as Leis


Científicas, as Teorias, como constructos portadores de um elevado nível de
35

abstração, generalizam e ampliam o conhecimento, bem como


paradigmatizam novos estudos, na medida em que, servem de referencial para
novas descobertas da pesquisa científica.

Do ponto de vista da Linguagem Científica, a TEORIA CIENTÍFICA


como plenitude do conhecimento científico, constitui apenas uma representação
teórica do objeto investigado, ou uma parte restrita do seu todo. É um sistema
de Leis apresentado sob a forma de um sistema teórico que se refere
indiretamente às observações feitas sobre a realidade estudada.

Assim, a Teoria Científica como um modelo teórico existe apenas


ao nível do raciocínio do cientista. Via de regra, é considerada satisfatória quando
atende pelo menos a dois requisitos básicos:

1) Descreve com relativa precisão uma grande categoria de Leis afins através de
um sistema teórico que contenha poucos elementos arbitrários;

2) Realiza previsões ou prognóstico quanto aos resultados de futuras


observações sobre o objeto investigado.

Segundo o filósofo da Ciência Karl Popper (1902-1994), qualquer


TEORIA CIENTÍFICA é sempre uma “hipótese provisória”, uma vez que jamais
poderá ser definitivamente comprovada. Não importa quantas vezes os
resultados da experimentação científica concordem com determinada Teoria,
nunca se poderá ter a certeza de que o resultado do próximo experimento não irá
contradizê-la. Portanto, ao se verificar uma única observação que contrarie suas
previsões, será o bastante para refutá-la.

A Lógica Popperiana enfatiza que em princípio, uma “boa teoria” é a


que apresenta um número de previsões que possam ser rejeitadas ou refutadas
pela observação científica. Portanto, na medida em que se tenta a todo custo
falsificá-la, e que à cada nova textagem suas previsões forem corroboradas,
mais aumenta o nível de confiança na Teoria e, por isso ela consegue manter-
se válida do ponto de vista científico. Quando entretanto, através de uma nova
observação científica se verifica dados que a contraríe, é necessário que seja
abandonada ou reformulada, para incorporar os novos aspectos desvendados e,
assim possa ter melhores condições de circunscrever a realidade observada.
36

Obviamente, que nem todas as vezes que se constrói novos fatos, a Teoria
precisa necessariamente, ser abandonada completamente.

Em determinadas situações, quando os fatos novos observados não


atingem o núcleo da Teoria, mas apenas perifericamente algumas de suas Leis,
essas terão que ser reformuladas, mas não a Teoria na sua íntegra. Este é o caso
por exemplo, do que ocorreu com a “Teoria da Gravitação Universal”5, que
refutada apenas parcialmente pela Teoria da Relatividade de Einstein, que ainda
se mantém pela força da consistência de seu núcleo, quando Newton (1643-
1727), enuncia “que os objetos se atraem uns aos outros com força determinada
pela distância direta ou inversa entre eles, em proporcionalidade com suas
massas”.

As Teorias Científicas entretanto, não são eternas, a história da


Ciência nos demonstra por exemplo, que como são produtos da atividade
humana, são passíveis de reformulações e/ou refutações e, é isso que tem
ocorrido na trajetória da humanidade, sempre desejosa por apresentar Teorias
Científicas que dê mais conta da realidade que lhe serviu de base. Nesta
tentativa, diversas Teorias têm sido formuladas, tais como a “Teoria dos
Conjuntos” (CANTOR), “Teoria da Mecânica Quântica” (PLANCK/HEISENBERG)
e a “Teoria da Relatividade Geral” (EINSTEIN).

Essas Teorias são duas contribuições intelectuais da primeira


metade do séc. XX. No campo da Física, a Teoria da Relatividade formulada por
Albert Einstein (1879-1955), descreve a força da gravidade e a macro-estrutura
do universo; enquanto a “Teoria da Mecânica Quântica” que teve sua formulação
iniciada por Max Planck (1858-1947), procura explicar o comportamento das
partículas subatômicas e das menores quantidades de energia, nos propiciando
uma verdadeira revolução científica no campo da energia nuclear.

Como são duas Teorias Científicas incompatíveis entre sí, o grande


desafio atual da Ciência Física é a sua tentativa de formular uma nova Teoria

5
A teoria da “Gravitação Universal” formulada por Newton, é mais aplicável aos objetos no interior
do planeta terra, embora com aplicação reduzida, já que concebeu os conceitos de
“Espaço/Tempo” como categorias fixas e estáticas. A sua Teoria explica 3 Leis: 1ª Lei da Inércia;
2ª Lei da Aceleração e; 3ª Lei da Ação e Reação. A sua 2ª Lei foi refutada, já que só se aplica
caso o espaço e o tempo se mantiverem consistente, ou seja, absolutos, concepção contrariada
por Einstein que os concebem como relativos, dependendo da posição do sujeito-observador.
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que possa aglutinar enunciados explicativos de ambas, razão pela qual o físico
contemporâneo Stephen Hawking (1942-1918), vem propondo em suas obras,
elaborar uma Teoria Unificada que, propicie uma explicação global de todo
universo. A referida Teoria por ele denominada de “Teoria Quântica da
Gravidade”, sugere que espaço e tempo juntos, formem um novo vetor6,
quadridimensional, sem (singularidades ou limites), como a superfície da Terra
porém com 4 dimensões. Segundo o autor, esta Teoria poderia explicar várias
características do universo multiplo, tais como a uniformidade em larga escala e
também os afastamentos da homogeneidade em escala menores, como galáxias,
estrelas e, até mesmo, seres humanos, que quando materializados seriam
finitos, mas quando desmaterializados (energia) seriam infinitos.

Assim, por analogia, se poderia dizer-se que os seres humanos tem


5 sentidos sensoriais (Audição, Visão, Olfato, Tato e Paladar), por meio dos
quais nos capacitamos a captar os fatos observáveis (materializados), mas de
acordo com a teoria do fluxo da consciência teríamos um sexto sentido (a
intuição), que nos capacita a um “insight”, ou seja, à uma “iluminação súbita”,
possibilitando-nos transcender para além da matéria para “captar” as emoções e
os afetos pelos sentimentos.

• – CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A Linguagem Científica como um sistema estruturado de


constructos, precisa ser elaborada de forma metodologicamente correta, caso
contrário, o progresso da Ciência torna-se ameaçado e, nenhuma área da
pesquisa poderá alcançar o estatuto científico. Daí, a importância para que os
diversos tipos de constructos possuam dentro da Linguagem Científica, uma

6
As dimensões de uma figura ou objeto tridimensional possuem: comprimento, largura, e altura;
enquanto um objeto quadridimensional tem: comprimento, largura, altura e movimento, em
determinado espaço/tempo finito enquanto matéria e; infinito como energia.
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definição concludente e adequada à realidade factual que se propõe a


circunscrever. Se torna portanto, necessário, que a terminologia possa ser
entendida e utilizada da mesma maneira por todos os estudiosos da Ciência, daí
a necessidade de se definir seus conceitos básicos na acepção do(s) ancora(s)
teórico(s) tomado(s) como referência no estudo.

No campo das Ciências Sociais, por exemplo, poucos são os


cientistas que dão importância a uniformidade conceitual, razão pela qual existem
ainda nesta área, marcadas controvérsias teóricas.

Além da negligência metodológica com relação à necessidade de


uma linguagem uniforme, há também a existência de determinados problemas
inerentes à própria estrutura linguística da Ciência, como no caso do emprego
de certos conceitos científicos quando traduzidos para outra língua. Como não
existe em todas as línguas, termos com significados comuns para corresponder o
mesmo sentido existente na língua original, a sua tradução muitas vezes não
consegue exprimir o verdadeiro significado conceitual do idioma de origem. É o
que mais ou menos acontece com o termo “rapport”, que em Português não tem
tradução fiel, daí porque se emprega como sinônimo de “contato inicial”,
“preâmbulo” e contato preliminar, embora, se reconheça que a sua versão ao
“pé da letra”, não traduz a verdadeira dimensão do sentido existente na língua
inglêsa, que metodologicamente, seria o primeiro encontro ou encontro prévio,
antes da pesquisa propriamente dita, entre pesquisador e pesquisado, ocasião no
qual a equipe de pesquisadores discorreria sobre o plano metodologia da
pesquisa para informar sobre seus objetivos e finalidades sócio-científicas,
aproveitando a ocasião para marcar a hora, a data e local da pesquisa, de acordo
com as conveniências dos sujeitos da informação, além de pedir, se for o caso,
autorização aos pesquisadores para gravar e/ou filmar o ambiente, os
pesquisados e o próprio processo da pesquisa se realizando. É portanto, durante
o “repport” que se expõe sobre o protocolo Ético de Pesquisa, abordando os
possíveis riscos, bem como os benefícios sociais e científicos decorrentes da
pesquisa para o desenvolvimento da ciência, cientificando quem se beneficiará
com os resultados do estudo.
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Outra dificuldade da Linguagem Científica está em, que um mesmo


constructo pode apresentar vários significados, quando contextualizado em
sistema de referência específicos, como no caso da categoria “Cultura”, que nas
Ciências Sociais (totalidade da herança social), tem significado bastante diferente
daquele empregado popularmente, no sentido de “refinamento artístico ou
intelectual”, ou ainda “pessoa culta” e, etc. Colocada no quadro de referência do
bacteriologista, o termo “cultura” assume outro significado, pois tende a adotar o
sentido de “cultivo de bactérias”. Mesmo dentro de uma mesma disciplina,
determinado constructo pode receber vários significados, como no caso do
termo “Sistema”, que no campo das Ciências Sociais, dependendo da tendência
teórica utilizada como referencial, pode significar relações articuladas das partes;
“organização”, conjunto de partes, “estrutura”, “modelo”, unidade integrada e,
outros sentidos diferentes.

O papel metodológico da Linguagem Científica é habilitar o


cientista a descrever, classificar, analisar, explicar, compreender e, teorizar
de forma sistematizada, determinado fato ou conjunto de fatos observados
cientificamente, criando condições objetivas para que possa ser comparado e
relacionado com outros fatos que lhes são semelhantes ou opostos, de modo que
a construção lógica do conceito ou de qualquer outro tipo de constructo, deverá
ter suficiente validade intersubjetiva e alcance científico, para tornar-se
independente da pessoa que o elaborou. Só deste modo, o Constructo poderá
ser empregado objetivamente por outros cientistas, ganhando amplitude relativa,
mas suficiente para que tenha adesão de outros estudiosos da área.

Alguns teóricos da Metodologia Científica assinalam que, a


formulação metodologicamente correta de um Constructo Científico, deve
atender as seguintes características ideais:

 Definir-se como um termo relativamente preciso, abstendo-se da


prolixidade e do floreamento ficcional de um texto literário;
 Carregar um significado relativamente coerente e objetivo;
 Conceituar adequadamente o fenômeno existencial observado;
 Encerrar uma “idéia-força” concludente sobre o fenômeno que se propõe
compreender;
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 Ser suficientemente geral, ou seja, possuir uma relativa amplitude, a ponto


de ser empregado com um sentido inteligível em qualquer lugar que se
torne necessário;
 Ter relevância teórica, prática e social, à determinada disciplina Científica.

Finalmente, podemos dizer que a Linguagem Científica é de


fundamental importância ao avanço da Ciência em geral, porque através dela, a
realidade investigada adquire uma estrutura conceitual e teórica, com a qual, se
pode descrever, analisar, explicar, interpretar e reconstruir os fatos que se
processam na natureza e na sociedade, de forma historicamente datada;
socialmente contextualizada e; culturalmente situada.

Em resumo, torna-se oportuno enfatizar que, a Linguagem


Científica ainda que distinta da Linguagem Comum, faz parte da Linguistica
Geral, sobretudo quando se sabe, que constitui uma atividade essencialmente
social, assim como toda e qualquer Linguagem Humana. Desse modo a
Linguagem Científica é tanto um produto social, como ao mesmo tempo, um
processo sócio-históricos e Cultural das relações que se estabelecem no mundo
em que constroem, reconstroem, transformam e socialmente (con)vivem, por isso
toda linguagem é formadora e transformadora da sociedade, da qual fez parte.
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