Você está na página 1de 28

Integração Sensorial

e TEA

Aline Vegi
Sou Terapeuta Ocupacional Graduada pela UNIFAMINAS - 2010
Pós-graduada em Educação Especial e Inclusiva com ênfase em Deficiência
Múltipla e Intelectual- UCAM Universidade Cândido Mendes.
Terapeuta DIRFloortime em formação pela ICDL - Conselho Interdisciplinar
de Desenvolvimento e Aprendizagem.
Com formação Internacional em Integração Sensorial – USC / Califórnia.
CEI Desenvolver
Somos sócias proprietárias da Clinica CEI Desenvolver, que conta
com uma Equipe composta por Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo,
Psicomotricista, Psicopedagoga, Psicóloga, Nutricionista,
Terapeuta Ocupacional e Professor de Inglês.
Todos atuantes dentro do Modelo DIR Floortime.
Nossa atuação é transdisciplinar, onde se entende a importância de
um trabalho integrado entre áreas diferentes. Ou seja, não
consideramos mais uma visão do conhecimento dividida em áreas
diferentes, mas sim uma que ultrapassa essas fronteiras, criando
uma atuação verdadeiramente conjunta e integrada.
Terapia Ocupacional
Profissão nível superior voltada aos estudos, à prevenção e ao tratamento de indivíduos

portadores de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psico-motoras, decorrentes ou não

de distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de doenças adquiridas, através da sistematização e

utilização da atividade humana como base de desenvolvimento de projetos terapêuticos

específicos, na atenção básica, média complexidade e alta complexidade

É um profissional dotado de formação nas Áreas de Saúde e Sociais. Sua intervenção


compreende avaliar o cliente, buscando identificar alterações nas suas funções práxicas,
considerando sua faixa etária e/ou desenvolvimento, sua formação pessoal, familiar e
social. A base de suas ações compreende abordagens e/ou condutas fundamentadas em
critérios avaliativos com eixo referencial pessoal, familiar, coletivo e social, coordenadas
de acordo com o processo terapêutico implementado.
(COFFITO)
Anna Jean Ayres
Ayres recebeu seu bacharel em terapia ocupacional em 1945, seu mestrado em

terapia ocupacional em 1954, e seu PhD em psicologia educacional em 1961, todos pela

University of Southern California. Após sua formação, ela começou a trabalhar no

Instituto de Pesquisa do Cérebro (UCLA), onde seu interesse e estudo da disfunção de

Integração Sensorial começou.

Por seu trabalho na identificação e tratamento da disfunção de integração sensorial

ela recebeu prêmios da American Occupational Therapy Association (AOTA).

Em 1976, fundou a Clínica Ayres, em Torrance, Califórnia, para crianças que estão

sendo tratadas por terapeutas de integração sensorial.


Ayres, a partir de sua experiência profissional como terapeuta ocupacional também
demonstrava uma orientação pragmática, se preocupando especialmente com o modo como
as funções do cérebro afetavam a capacidade da criança de participar com sucesso em
ocupações cotidianas. Sendo assim, seu trabalho representa uma fusão de insights
neurobiológicos com as preocupações práticas e cotidianas dos seres humanos, em
particular das crianças e suas famílias.

Ela enfatizou o processamento sensorial dos sentidos proximais (vestibular, táteis


e proprioceptivos). Do ponto de vista da integração sensorial, esses sentidos são
enfatizados pois são primitivos e primário; eles dominam as interações da criança
com o mundo no início da vida. Os sentidos distais, de visão e audição são críticos e
tornam-se cada vez mais dominantes a medida em que a criança amadurece. Ayres
acreditava, no entanto, que os sentidos centrados no corpo são uma base sobre a
qual as ocupações complexas são construídas.
De Parham, D., & Mailloux, Z. (2001)
Explorar
Brincar
Auto-cuidado

Integração Atividades escolares e outras tarefas


Auto-regulação emocional e nível de alerta
Sensorial e Habilidade para descobrir como interagir
Ocupação da com o ambiente

Criança Estabelecimento de habilidades de


trabalho, motoras e sociais, brincadeiras
Resolução de problemas e planejamento de
ações
“O processo neurológico que organiza as
sensações do próprio corpo e do ambiente
Integração fazendo com que seja possível o uso do

Sensorial
corpo efetivamente no ambiente” (Ayres,
1989).

A Integração Sensorial é um processo neurobiológico que promove a


capacidade de processar, organizar, interpretar sensações e responder de
maneira apropriada ao ambiente. Permite que os sentidos forneçam
informações acerca das condições físicas do corpo e do ambiente e,
portanto, possibilita a criança experimentar o corpo nas ações e nas
atividades do dia-a-dia. (ABIS)
Resposta entrada sensorial
Uma resposta é gerada Receptores sensoriais
são estimados

Em processamento
As informações sensoriais são
organizadas, interpretadas,
armazenadas e relacionadas a
experiências anteriores
Para Ayres resposta adaptativa é uma ação
Resposta apropriada na qual o indivíduo responde com
sucesso a alguma demanda ambiental.
Adaptativa É uma resposta bem sucedida ao desafio
ambiental (Ayres, 1979)

Execução da reposta - o último estágio da integração


sensorial e o único que pode ser diretamente observado. Isso
trás fundamentos para se pensar nos comportamentos
resultantes dos processos de integração sensorial e nas
bases sensoriais da auto regulação.
(Williamson GG, Analzone ME, 2021)
Estão relacionados às
São caracterizados por
dificuldades em interpretar a
São caracterizados pela dificuldade indivíduos com dificuldades em
qualidade ou a singularidade de
em regular grau, intensidade e
cada estímulo, perceber suas
integrar as informações do
natureza das respostas aos próprio corpo e movimentar-se
diferenças e semelhanças,
estímulos sensoriais de maneira eficiente no
podendo apresentar diferentes
graus de dificuldades nas diversas ambiente.
modalidades sensoriais.
Miller,2007
Transtorno do
Espectro Autista
Estudos mostram que mais de 90% das crianças
com autismo apresentam déficits no
processamento sensorial, o que acaba interferindo
significativamente em suas habilidades de
interação com o mundo. Entender como a criança
processa a informação sensorial é de extrema
importância para auxiliá-la no dia a dia.
O transtorno do processamento sensorial impacta
o desempenho funcional destas crianças na
realização das atividades da vida diária, bem como
dificulta a dinâmica de seus familiares.
O objetivo foi examinar a prevalência de
características sensoriais entre crianças autistas
de 4 e 8 anos de idade, bem como associações com
fatores demográficos e desafios em todo o
mundo;

Os resultados mostraram que a prevalência de


características sensoriais na amostra total foi de
74,0%;

Desafios que foram associados positivamente às


caracteristicas sensoriais foram as dificuldades
em comportamento adaptativo e problemas
relacionados a estados emocionais, agressão,
desenvolvimento motor, hiperatividade/atenção,
medo (falta ou excesso), sono e alimentação;

Evidências de que as características sensoriais afetam a VIDA


COTIDIANA das crianças TEA e suas famílias.
CASA Todos precisam conhecer
o perfil sensorial da
criança, para conseguir
ESCOLA
acomodá-las, respeitá-las
e alcançá-las...
TERAPIAS E ATIVIDADES
EXTRA CURRICULARES
Comportamentos que
podem indicar DIS
SISTEMA TÁTIL

DEFENSIVIDADE
TÁTIL

Disfunção de Modulação Sensorial;


Caracterizada por distrabilidade, nível de alerta
aumentado, respostas aversivas aos estímulos
táteis, associada à respostas emocionais.
Resistência/Irritabilidade durante a execução das AVD's;
Aversão á atividades com estímulos táteis;
Reações emocionais;
Dificuldade em manter o foco;
Agitação motora;
Preferência por determinadas roupas;
Nível de alerta aumentado.

Para fechar o diagnóstico de defensividade tátil é necessário um


conjunto de sinais, com padrão consistente de resposta.
Ayres (2005) e Lane (2020)
SISTEMA PROPRIOCEPTIVO

Responsável pela percepção dos movimentos articulares e


corporais, bem como a posição do corpo ou dos segmentos
corporais no espaço, a quantidade de força e a velocidade
com que nossos músculos estão sendo contraídos ou
alongados;
Impacto no esquema corporal e movimentação efetiva no
espaço.
(LANE, 2020).
Tato Profundo X Propriocepção
Costuma parecer "atrapalhado" e descoordenado;
Dificuldade para imitar posições;
Pouca destreza para praticar esportes;
Exploração ineficiente do parquinho;
Pouca resistência e demora mais para realizar atividades motoras;
Dificuldade para descrever a posição do corpo ou realizar tarefas sem o
auxilio da visão.

Ayres (2005) e Lane (2020)

SISTEMA VESTIBULAR

A ativação dos receptores leva informações ao SNC, a


respeito da posição e movimentação da cabeça no
espaço; 
É um estímulo potente para a manutenção do estado de
alerta.
(BUNDY; HACKER, 2020)
(LANE, 2020).

DIS envolvem o sistema vestibular


1. Insegurança gravitacional;
2. Intolerância ao movimento;
3. VBIS (Vestibular Bilateral Integration and Sequencing).
1. Evitam atividades que requerem posições novas do corpo e da cabeça, atividades em que os pés não
tocam o chão;
Podem apresentar medo e ansiedade em situações que requerem movimento;
Nível de alerta alto;
Evitam balanços e outros brinquedos no parquinho;
Não gostam de elevadores e escadas rolantes.

2. Evitam experiências de movimento;


Preferem atividades paradas;
Tendem a se movimentar lentamente pelo ambiente
Podem referir desconforto ou náusea durante o movimento;
Costuma sentir-se mal durante viagens.

3. Confusão entre direta e esquerda;


Dificuldade no cruzamento da linha média;
Pouca habilidade motora para nadar, pedalar, dançar, etc.
Dificuldade para jogar bola;
Dificuldade para recortar e para outras atividades que necessitam do uso coordenados da mãos.

Ayres (2005) e Lane (2020)


SISTEMA SOMATOSSENSORIAL

O termo somatossensação é usado para toque + propriocepção e ambos


são subjacentes à discriminação;
Discriminação envolve:  Detecção: capacidade de discriminar um
estímulo positivo de um estímulo nulo. Ex: Fui ou não fui tocado? 
Reconhecimento: capacidade de distinguir dois estímulos positivos. Ex:
Qual dos dois toques foi mais leve.;
O sistema somatossensorial tem grande influência no engajamento
ocupacional e participação;
(LANE, 2020).
Dificuldades no desempenho das AVD´s;
Dificuldade de organização com os pertences do dia a dia ou da escola;
Dificuldade para manipular e montar brinquedos;
Dificuldade em manipular ferramentas, como tesouras, talheres, lápis,
borrachas;
Baixo desempenho para amarrar cadarços, abrir e fechar botões,
zíperes e fechos;
Dificuldades para praticar esportes.
Sobre a Terapia de Integração Sensorial é verdadeiro afirmar que…

Não tem intenção de ensinar habilidades específicas à criança, mas sim ajudá-la a
organizar seu cérebro para trabalhar melhor;
É realizada em um contexto lúdico, onde escolhas e interesses da criança guiam o
terapeuta na seleção de atividades terapêuticas;
Deve ser realizada com atividades que não sejam muito fáceis nem muito difíceis, a fim
de fornecer um “desafio na medida certa” para a criança;
Quanto mais a criança se encontra motivada a participar das atividades, maior a chance
de persistir nos desafios propostos;
A olhos não-treinados, pode parecer que o terapeuta está apenas brincando com a
criança enquanto, na verdade, ele está trabalhando para que a “brincadeira” melhore o
sistema nervoso da criança.
É possível fazer uma “terapia” em casa, na escola ou no parquinho?
Não! Crianças com alterações sensoriais podem brincar normalmente em casa ou escola, porém de uma
forma que não é “integrativa”. Em outras palavras, os estímulos citados podem não desenvolver
respostas adaptativas que possibilitem a organização de seu cérebro.
Os procedimentos de Integração Sensorial são delineados para alcançar as fundações sensoriais e motoras
que ajudam a criança a aprender novas habilidades mais facilmente. Incorporando necessariamente
o interesse e motivação da criança, o Terapeuta Ocupacional desenvolve a intervenção num
contexto de brincadeiras, que envolve cuidadosa seleção das experiências sensoriais (toque,
movimento, sensações musculares e articulares), planejada individualmente para cada criança, com
desafios “na medida certa” com encorajamento, empatia, motivação e que conduzam a organização
(da criança e, portanto, de seu sistema nervoso).
Os objetivos gerais do terapeuta ocupacional são: prover experiências sensoriais, auxiliar a criança
na inibição e / ou modulação da informação sensorial; organizar a criança no processamento de
resposta mais adequadas aos estímulos sensoriais; e promover oportunidades para o
desenvolvimento de respostas adaptativas cada vez mais complexas.
Obrigada!
Referências
AYRES, A. J. Sensory Integration and Praxis Tests. Los Angeles: Western Psychological Services, 1989.
AYRES, A. J. Sensory integration and the child. Los Angeles: Western Psychological Services, 1979
Ayres, J. (2005). Sensory integration and the child Los Angeles, CA: WPS.
 BUNDY, A. C.; SZKLUT, S. The Science of intervention: creating direct intervention from theory. In: BUNDY, A. C.; LANE, S. J. Sensory Integration:
Theory and Practice. F. A. Davis, 2020.
LANE, S. J. Sensory modulation functions and disorders. In: BUNDY, A. C.; LANE, S. J. Sensory Integration: Theory and Practice. F. A. Davis, 2020.
 LANE, S. J. Structure and function of the sensory systems. In: BUNDY, A. C.; LANE, S. J. Sensory Integration: Theory and Practice. F. A. Davis,
2020.  LANE, S. J.; REYNOLDS, S. Sensory discrimination functions and disorders. In: BUNDY, A. C.; LANE, S. J. Sensory Integration: Theory and
Practice. F. A. Davis, 2020
Williamson, G.G. and Anzalone, M.E. (2001) Sensory integration and self-regulation in infants and toddlers: helping very young children interact with
their environment. Washington, DC: Zero to Three.
Parham, L. D., & Mailloux, Z. (2001). Occupational therapy for children. St. Louis: Mosby Sensory integration.
https://ludenscursos.com.br/
https://www.integracaosensorialbrasil.com.br/integracao-sensorial
https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=3382

Você também pode gostar