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Sociologia

Tema abordado:

 Sociedade de Consumo

Capitulo 5, pág 96

1. Consumo e produção
A introdução de máquinas na produção de mercadorias – processo
iniciado na Europa no século XVIII, que ficou conhecido como
Revolução Industrial – transformou radicalmente a forma dos seres
humanos se organizarem socialmente e de se relacionarem com a
natureza. Com o aumento da produtividade, a oferta em variedade e
quantidade de produtos tornou-se muito superior ao necessário para
a sobrevivência.
Com o passar do tempo, o processo de industrialização se intensificou
e se expandiu para além do território europeu, e, a partir da segunda
metade do século XIX, quando o desenvolvimento tecnológico
permitiu o uso doméstico da eletricidade, o cotidiano das pessoas que
viviam nos grandes centros urbanos alterou-se radicalmente com a
oferta de produtos para uso doméstico, vistos como forma de garantia
da praticidade e do conforto.

O consumo para Marx


Karl Marx, no século XIX, já compreendia o consumo como parte
integrante da produção, assim como a circulação de bens
De acordo com Marx, a produção, afetada pela história e pelas
relações entre as pessoas, divide-se em quatro instâncias: a produção
propriamente dita, a distribuição, a troca e o consumo.
Para ele, há diversas formas de consumo. A primeira, que recebe
o nome de consumo produtivo, é voltada para a continuidade do
funcionamento dos meios de produção. São desse tipo, por exemplo, a
reposição de máquinas, o desgaste de estradas e de fontes de energia e
o consumo de escolas e hospitais, fundamentais para a reprodução da
força de trabalho. A segunda é chamada consumo individual e refere-
se à satisfação de necessidades básicas, sendo também essencial para a
reprodução da força de trabalho, como o consumo de alimentos. Por
fim, há o consumo de luxo, que também é individual, mas extrapola
as necessidades básicas dos indivíduos.
No capitalismo, o consumo gera a produção e a reprodução (com
tendência a ampliar) da necessidade social de se obter diversos
produtos. Existe, portanto, uma relação recíproca entre produção e
consumo, ou seja, um é o meio de obter o outro. O produtor de uma
mercadoria não é sempre o consumidor dela. Ele produz seus artigos
em grande quantidade, geralmente, para outras pessoas consumirem.
Por isso, precisa distribuí-los.

Consumo, sacrifício e crenças.


O sociólogo alemão Georg Simmel (1858-1918) afirmava que o valor
das mercadorias não tem origem nelas como objetos, mas no
julgamento que as pessoas fazem delas.
Ele encontrou uma possível origem do valor das mercadorias na
motivação do consumidor – o sacrifício que ele está disposto a fazer
para obter o que deseja.

2. Bens materiais e bens simbólicos


Na primeira metade do século XX, com o desenvolvimento dos meios
de comunicação de massa, como o rádio e as revistas impressas, a
publicidade alcançou um número enorme de consumidores.
O discurso publicitário era voltado, primeiramente, à família, até então
a principal instituição promotora do consumo; depois, passou a se
dirigir mais ao indivíduo, prometendo-lhe todo tipo de satisfação:
realização pessoal, prestígio, sucesso, status etc.
A publicidade passou a valorizar a aparente liberdade de opção e
realização individual, que se expressava no ato da compra e na escolha
de marcas.

3. Moda e distinção social


O sociólogo alemão Norbert Elias (1887-1990) estudou o processo
pelo qual a aristocracia europeia assimilou culturalmente grupos
emergentes de burgueses e intelectuais e modificou seus hábitos.
Os integrantes da elite procuraram estabelecer novas formas de comer,
andar e falar, radicalmente diferentes das da população pobre,
especialmente dos camponeses.
De acordo com Elias, o rei francês Luís XIV foi o primeiro a possuir
muitos lenços, e o uso desses objetos se generalizou durante seu
reinado.
O sociólogo francês Jean Baudrillard (1929-2007), na obra A
sociedade de consumo, aborda a relação entre o consumo e a noção de
distinção social:
“[...] nunca se consome o objeto em si (no seu valor de uso) – os
objetos [...] manipulam-se sempre como signos que distinguem o
indivíduo, quer fliando-o no próprio grupo tomado como referência
ideal, quer demarcando-o do respectivo grupo por referência a um
grupo de estatuto superior”

Individualização versus massificação


No século XX, a consolidação da publicidade e dos meios de
comunicação de massa coincidiu com o vínculo entre moda e
consumo.
A publicidade apela para os valores e as expectativas do consumidor –
suas características ou aquelas que ele gostaria de ter, seus anseios e
suas motivações –, orientando-o a adquirir um bem que parece ter sido
feito para ele.
O sociólogo alemão Herbert Marcuse (1898-1979) afirmou que, na
sociedade moderna, o indivíduo sofre a opressão das forças sociais
massificadoras. O sistema capitalista, pautado no dinheiro, no
patrimônio e no lucro, criou a ideia de equivalência entre as coisas e
os seres e, desse modo, fez desaparecer o que caracteriza e diferencia
as pessoas como humanas: a subjetividade.
Muitas vezes, o que buscamos ostentar quando consumimos se
relaciona com a idealização que fazemos de nós mesmos e com o
status que desejamos ter.

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