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Curitiba, 16 de Fevereiro de 2023.

Bom Dia!

A Lei n° 13.874/2019 - Lei da Liberdade da Econômica, em seu artigo 15, alterou o artigo 74, §2°,
da CLT, determinando que, para os estabelecimentos com mais de 20 empregados, será
obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou
eletrônico, permitida a pré-assinalação do período de repouso conforme instruções expedidas
pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. Ou seja, a
empresa que possua mais de 20 empregados deverá ter o controle de jornada.

Para o empregado analfabeto, não há previsão legal expressa de como proceder nestes casos.

No caso da adoção de ponto eletrônico ou mecânico, o empregado analfabeto não terá


dificuldades em realizar o controle de jornada. Todavia, para o controle manual não há previsão
na legislação de como proceder.

Desta forma, a confirmação por meio de impressão digital e na presença de duas testemunhas
se torna inviável ao empregado e à empresa. Portanto será necessário a consulta à Secretaria
do Trabalho da região.

Vale destacar que a referida Lei n° 13.874/2019, acrescentou o §4° ao artigo 74 da CLT,
permitindo a utilização de registro de ponto por exceção à jornada regular de trabalho, mediante
acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.

No mais, em relação a utilização de cartão ponto apontador, cumpre esclarecer que esse tipo de
registro de ponto trata da anotação do ponto do empregado feito por uma terceira pessoa,
denominado apontador, onde, ao final do mês, o empregado assina confirmando as informações.
Desta forma, para esse tipo de registro, a sua utilização não se adequa ao empregado
analfabeto.

Segundo a item III da Súmula n° 338 do TST, esse tipo de anotação se torna inválido como meio
de prova quando houver horários de entrada e saída uniformes, invertendo-se o ônus da prova
para o empregador relativamente às horas extras, prevalecendo a jornada apontada na petição
inicial da reclamatória trabalhista, se desse ônus o empregador não se desincumbir.

Portanto, esse tipo de registro não se torna viável ao empregado analfabeto, visto que este
sujeito possui limitações na leitura e na percepção, facilitando o engano a tal empregado.

Quanto a folha de pagamento/holerite, nos termos do artigo 464 da CLT, para o empregado
analfabeto, o pagamento do salário deve ser feito em dinheiro.

Contudo, o artigo 477, § 4°, da CLT prevê a possibilidade do pagamento de rescisão por meio
de depósito bancário para o analfabeto, então, por analogia, entende-se que o salário também
pode ser pago dessa maneira.

Como trata-se de um entendimento feito por analogia à legislação indicada, antes de aderir, o
empregador pode verificar qual é posicionamento do sindicato da categoria.

Por fim, o Precedente Normativo n° 58 traz a seguinte previsão:

N° 58 SALÁRIO. PAGAMENTO AO ANALFABETO (positivo) O pagamento de salário ao


empregado analfabeto deverá ser efetuado na presença de 2 (duas) testemunhas.

Para saber mais:


EMPREGADO ANALFABETO
CTPS, contrato de trabalho, recibo de pagamento, controle de jornada, termo de rescisão -
Boletim N° 24/2022

Atenciosamente,

Luana Tonolli D Avila.

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