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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARÁNA

DAYSI NASS DOS SANTOS


KÁTIA BITTENCOURT STRICKER

INSPEÇÃO E PREVENÇÃO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM ÊNFASE NA METODOLOGIA

CONSTRUTIVA RACIONALIZADA

CURITIBA
2008
INSPEÇÃO E PREVENÇÃO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM ÊNFASE NA METODOLOGIA

CONSTRUTIVA RACIONALIZADA

CURITIBA
2008
Daysi Nass dos Santos
Kátia Bittencourt Stricker

INSPEÇÃO E PREVENÇÃO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM ÊNFASE NA METODOLOGIA

CONSTRUTIVA RACIONALIZADA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Patologia nas Obras Civis pela
Universidade Tuiuti do Paraná para obtenção
do titulo de especialista.
Orientador: Prof. Luis César S. De Luca, M.Sc

CURITIBA
2008
TERMO DE APROVAÇÃO
Daysi Nass dos Santos
Kátia Bittencourt Stricker

INSPEÇÃO E PREVENÇÃO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM ÊNFASE NA METODOLOGIA

CONSTRUTIVA RACIONALIZADA

Esse trabalho de conclusão foi julgado e aprovado para obtenção do título de Especialista em
Patologias nas Obras Civis pela Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 31 de agosto de 2008.

__________________________________________________________
Curso de Pós Graduação Especialização em Patologias nas Obras Civis
Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientador:
Prof. Luis César S. De Luca, M.Sc
Universidade Tuiutí do Paraná

César Henrique S. Daher, Esp.


Universidade Tuiutí do Paraná

Thomas Carmona, M.Sc.


Universidade Tuiutí do Paraná

Armando Edson Garcia, Dr.


Universidade Tuiutí do Paraná
RESUMO

Neste trabalho procura-se apresentar as manifestações patológicas em alvenaria de


vedação, analisando suas principais causas, origens, mecanismos de ocorrência e
tipologia. Prevê também a análise das soluções corretivas a serem adotadas. Por
meio de pesquisa bibliográfica, foram relacionadas anomalias incidentes em
alvenaria de vedação com a importância de se adotar técnicas construtivas corretas
para se minimizar a incidências destes efeitos. Faz-se também estudo sobre a
construção racionalizada, tomando como base o subsistema alvenaria de vedação,
que detêm grande importância sobre o edifício como um todo. Para finalizar o
trabalho, foram apresentados modelos de ficha de inspeção de serviço, para a
alvenaria de vedação, analisando a necessidade de se executar a correta inspeção,
durante a etapa de construção do edifício, para se poder adotar medidas
preventivas, ou até mesmo corretivas (quando a inspeção não for satisfatória), para
reduzir as manifestações patológicas.

Palavras Chaves: alvenaria de vedação, manifestações patológicas, alvenaria


racionalizada, inspeção.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - EFLORESCÊNCIA EM ALVENARIA .....................................................43


FIGURA 2 - ENCUNHAMENTO SUGERIDO POR THOMAZ E HELENE ................69
FIGURA 3 - LIGAÇÃO DE ALVENARIA EM ESTRUTURA MUITO DEFORMÁVEL 70
FIGURA 4 - LIGAÇÃO VIGA PILAR EM ESTRUTURA FLEXÍVEL ...........................71
FIGURA 5 - POSICIONAMENTO DO FERRO-CABELO NA ALVENARIA ...............72
FIGURA 6 - UTILIZAÇÃO DE TELA NA LIGAÇÃO ALVENARIA X PILAR ...............72
FIGURA 7 - FIXAÇÃO DE TELA METÁLICA ............................................................74
FIGURA 8 - LIGAÇÃO DO PILAR COM ALVENARIA ATRAVÉS DA COLOCAÇÃO
DE TELA METÁLICA ................................................................................................74
FIGURA 9 - INSTALAÇÃO TRADICIONAL DE BATENTES DE MADEIRA ..............79
FIGURA 10 - SITUAÇÃO INDESEJÁVEL PARA INSTALAÇÃO DE PORTAS .........80
FIGURA 11 - UTILIZAÇÃO DE ESPAÇADOR DE MADEIRA ...................................80
FIGURA 12 - INSTALAÇÃO DE BATENTE METÁLICO ...........................................81
FIGURA 13 - INSTALAÇÃO DE PORTO COM ESPUMA DE POLIURETANO ........81
FIGURA 14 - DISPOSITIVOS DE DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES EM ABERTURAS
..................................................................................................................................83
FIGURA 15 - PARÂMETROS PARA O DIMENSIONAMENTO.................................84
FIGURA 16 - INTERRUPÇÃO NA ALVENARIA PARA PASSAGEM DE TUBOS.....86
FIGURA 17 - TUBULAÇÃO PRÓXIMA A PILARES..................................................87
FIGURA 18 - DETALHES CONSTRUTIVOS PARA EVITAR FISSURAS .................88
FIGURA 19 - DETALHES CONSTRUTIVOS ............................................................90
FIGURA 20 - DETALHES PARA EVITAR A PENETRAÇÃO DE ÁGUA ...................91
FIGURA 21 - LIMPEZA DO LOCAL DE EXECUÇÃO ...............................................94
FIGURA 22 - APLICAÇÃO DE CHAPISCO ROLADO ..............................................95
FIGURA 23 - DEFINIÇÃO DA GALGA NOS PILARES DA ESTRUTURA ................96
FIGURA 24 - ILUSTRAÇÃO DO ESCANTILHÃO .....................................................97
FIGURA 25 - MATERIALIZAÇÃO DOS EIXOS DE REFERÊNCIA...........................98
FIGURA 26 - EXECUÇÃO DA FIADA DE LOCAÇÃO DA ALVENARIA....................99
FIGURA 27 - ELEVAÇÃO DE PAREDES DE ALVENARIA ....................................100
FIGURA 28 - FIXAÇÃO SUPERIOR COM ARGAMASSA FRACA ........................102
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS ...............................12


QUADRO 2 - OCORRÊNCIAS DE ANOMALIAS NÃO ESTRUTURAIS ...................23
QUADRO 3 - CAUSAS E AGENTES DE PATOLOGIAS NÃO ESTRUTURAIS .......24
QUADRO 4 - PRINCIPAIS CAUSAS DE FISSURAÇÃO EM PAREDES..................27
QUADRO 5 - FISSURAS CAUSADAS POR MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA..............30
QUADRO 6 - FISSURAS POR MOVIMENTAÇÕES HIGROSCÓPICAS ..................33
QUADRO 7 - FISSURAS CAUSADAS POR SOBRECARGAS.................................34
QUADRO 8 - LIMITES PARA FLECHAS ..................................................................36
QUADRO 9 - FISSURAS POR DEFORMABILIDADE DAS ESTRUTURAS .............37
QUADRO 10 - FISSURAS CAUSADAS POR RECALQUE DE FUNDAÇÕES .........39
QUADRO 11 - ESTRATÉGIAS DE REABILITAÇÃO DE ANOMALIAS NÃO
ESTRUTURAIS PARA O CASO DE FISSURAÇÃO DE PAREDES DE ALVENARIA
..................................................................................................................................45
QUADRO 12 - PARÂMETROS PARA DIMENSIONAR VERGAS.............................84
QUADRO 13 - PARÂMETROS PARA DIMENSIONAR CONTRAVERGAS..............84
QUADRO 14 - INSPEÇÃO PARA INICIO DA LOCAÇÃO DA PRIMEIRA FIADA ...103
QUADRO 15 - INSPEÇÃO DA EXECUÇÃO DA 1ª FIADA DE ALVENARIA ..........103
QUADRO 16 - INSPEÇÃO DA ELEVAÇÃO DA ALVENARIA.................................104
QUADRO 17 - INSPEÇÃO DA FIXAÇÃO DA ALVENARIA ....................................104
QUADRO 18 - EXEMPLO DE PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO ........................105
QUADRO 19 - FICHA DE INSPEÇÃO DE PROJETO ............................................106
QUADRO 20 - COMPARAÇÃO ENTRE METODOLOGIAS CONSTRUTIVAS.......108
QUADRO 21 - FICHA DE INSPEÇÃO DE SERVIÇO .............................................112
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................10
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ..........................................................................11
1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................11
1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................................11
1.2.2 Objetivos Específicos .....................................................................................11
1.3 JUSTIFICATIVAS ...........................................................................................12
1.3.1 Justificativa Tecnológica.................................................................................12
1.3.2 Justificativa Econômica ..................................................................................14
1.3.3 Justificativa Social ..........................................................................................14
1.3.4 Justificativa Ambiental ....................................................................................16
1.4 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO................................................................16
2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO ........18
2.1 O DESEMPENHO DAS VEDAÇÕES VERTICAIS .........................................19
2.2 PATOLOGIA NÃO ESTRUTURAL DE PAREDES DE ALVENARIA ..............22
2.3 FISSURAÇÃO DAS PAREDES DE ALVENARIA ...........................................25
2.3.1 Causas da fissuração de paredes de alvenaria..............................................25
2.4 EFLORESCÊNCIAS E MANCHAS NAS VEDAÇÕES VERTICAIS................42
2.5 PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO DE ANOMALIAS EM ALVENARIA DE
VEDAÇÃO.................................................................................................................43
3 RACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO CONSTRUTIVO TRADICIONAL.......46
3.1 PROJETO RACIONALIZADO ........................................................................49
3.1.1 Qualidade do projeto de alvenarias de vedação.............................................52
3.1.2 Recomendações para minimizar os efeitos da deformações da esturtura .....54
3.1.3 Recomendações para garantir o desempenho estrutural das alvenarias .......56
3.1.4 Disposição das paredes em relação aos pilares ............................................56
3.1.5 Interferências entre alvenaria e esquadrias....................................................57
3.1.6 Interferênicas com o subsistema instalações prediais....................................58
3.1.7 Recomendações para minimizar a ação da água na etapa de projeto...........59
3.1.8 Como garantir o desempenho acústico em vedações verticiais .....................60
3.2 EXECUÇÃO RACIONALIZADA......................................................................62
4 DETALHAMENTO E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS.....................................66
4.1 RECOMENDAÇÕES PARA DIMINUIR OS EFEITOS NOCIVOS DAS
DEFORMAÇÕES DAS ESTRUTURAS.....................................................................67
4.1.1 Interface alvenaria estrutura (encunhamento) ................................................68
4.1.2 Interface com estruturas flexíveis ...................................................................70
4.1.3 Ligações com pilares ......................................................................................71
4.2 RECOMEDAÇÕES PARA GARANTIR O DESEMPENHO ESTRUTURAL DAS
VEDAÇÕES ..............................................................................................................76
4.3 RECOMEDAÇÕES PARA MINIMIZAR A INTERFERÊNCIA ENTRE
ALVENARIA E ESQUADRIA.....................................................................................78
4.3.1 Vergas e contravergas....................................................................................82
4.4 RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR A INTERFERÊNCIA COM
INSTALAÇÕES PREDIAIS........................................................................................85
4.5 RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR OS EFEITOS DE MOVIMENTAÇÃO
TÉRMICA ..................................................................................................................87
4.6 RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR OS EFEITOS DA AÇÃO DA ÁGUA89
4.7 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS PARA GARANTIR O DESEMPENHO
ACÚSTICO EM VEDAÇÕES VERTICIAIS................................................................91
5 INSPEÇÃO.....................................................................................................93
5.1 METODOLOGIA RECOMENDADA PARA EXECUÇÃO DE ALVENARIA DE
VEDAÇÃO.................................................................................................................93
5.1.1 Preparo da estrutura para receber a alvenaria ...............................................94
5.1.2 Demarcação da alvenaria...............................................................................97
5.1.3 Elevação.........................................................................................................99
5.1.4 Fixação da alvenaria.....................................................................................101
5.2 PROCEDIMENTOS DE INSPEÇÃO.............................................................102
5.3 GUIA DE EXECUÇÃO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO ..............................104
5.4 ANÁLISE DA EXECUÇÃO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO ........................106
5.4.1 Recebimento e analise do projeto de vedações verticais .............................106
5.4.2 Inspeção da qualidade da execução da alvenaria de vedação ....................107
5.5 FICHA DE INSPEÇÃO DE SERVIÇO ..........................................................109
6 CONSIDERAÇÕES E PROPOSTAS PARA OUTROS TRABALHOS ........113
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................113
6.2 PROPOSTAS PARA NOVOS TRABALHOS ................................................115
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................116
10

1 INTRODUÇÃO

A temática deste trabalho é o estudo das manifestações patológicas

ocorridas em alvenarias de vedação (sem função estrutural), analisando as suas

principais causas, origens e relacionando as suas configurações típicas. Também

será apresentada uma pesquisa sobre a importância da alvenaria racionalizada, do

uso de técnicas construtivas adequadas e da correta inspeção da execução da

alvenaria de vedação, para minimizar a ocorrência das anomalias apresentadas.

A alvenaria, segundo Sabbatini (1988 apud LORDSLEEM JR., 2004, p.16),

pode ser entendida como um componente construído em obra através da união

entre tijolos ou blocos por juntas de argamassa, formando um conjunto rígido e

coeso. A palavra alvenaria deriva do árabe al-bannã: aquele que constrói (bannã

significa construir).

As paredes de alvenaria são os elementos mais freqüentemente e

tradicionalmente empregados na construção de edifícios. Representam isoladas até

6% do custo total da obra, mas levando-se em relação as suas inter-relações com o

conjunto das esquadrias, das instalações elétricas e hidrossanitárias e dos

revestimentos, o qual está vinculado à concepção e à execução da própria alvenaria,

esse conjunto pode atingir até 40% do custo total dos edifícios. (LORDSLEEM JR,

2004)

As paredes de vedação em alvenaria determinam grande parte do

desempenho do edifício como um todo, por serem responsáveis pelos aspectos

relativos ao conforto, à higiene, à saúde e à segurança de utilização; além de

possuírem profunda relação com a ocorrência de manifestações patológicas neste

subsistema. (SABBATINI, FRANCO, BARROS, 2007a)


11

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Quais os procedimentos para inspecionar e evitar as manifestações

patológicas ocorridas em alvenaria de vedação?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Apresentar procedimentos para inspeção do subsistema alvenaria de

vedação, relacionando origens, causas, mecanismos de degradação e técnicas

construtivas para corrigir ou evitar as manifestações patológicas.

1.2.2 Objetivos Específicos

Identificar as principais manifestações patológicas encontradas nas

vedações verticais em alvenaria sem função estrutural, relacionando suas causas e

mecanismos de degradação.

Elaborar procedimentos para a inspeção de alvenaria de vedação.

Fazer uma comparação entre a metodologia construtiva recomendada pelas

normas específicas e as práticas empregadas durante a execução da alvenaria de

vedação.

Disponibilizar técnicas construtivas para corrigir/evitar situações que mais

têm prejudicado o desempenho da alvenaria de vedação.

Relacionar medidas para reduzir a ocorrência de manifestações patológicas

em alvenaria de vedação.
12

1.3 JUSTIFICATIVAS

1.3.1 Justificativa Tecnológica

Antigamente as estruturas eram menos deformáveis e as vedações muito

mais resistentes (tijolos de barro). Desse modo, a alvenaria tinha capacidade

resistente para suportar essa transferência de cargas (MONTEIRO, 2004)

Com a evolução dos sistemas construtivos e dos sistemas computacionais,

as estruturas foram ficando mais esbeltas e, conseqüentemente, mais deformáveis.

Entretanto as vedações foram ficando mais frágeis (blocos de concreto ou

cerâmico), e mais sujeitais ao aparecimento sintomas patológicos, quando

solicitadas além da sua capacidade resistente. (MONTEIRO, 2004)

A tabela a seguir apresenta um comparativo entre as técnicas construtivas

aplicadas na década de 60 e atualmente.

QUADRO 1 - EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Subsistema Década de 60 Dias Atuais


- Tijolo maciço - Tijolo furado
Alvenaria de vedação
- Paredes externas de 28 cm. - Paredes externas de 17 cm.
- Vigas sob todas as paredes. - Vigas sob algumas paredes.
Estruturas em
- Muitos pilares (+robustos). - Menor quantidade de pilares (+ esbeltos).
concreto
- Vigas externas altas. - Vigas externas menores.
Vão médio entre
- 3 a 3,5m. - 6 a 7m.
apoios
- Manutenção do escoramento
- Manutenção do escoramento horizontal
Escoramento dos elementos horizontais por
por 7 dias.
21 a 28 dias.
- Construção de toda a
estrutura. - Construção da estrutura defasada de 3 a
Seqüência executiva - Fechamento da alvenaria de 4 lajes de alvenaria.
cima para baixo após a - Fechamento de baixo para cima.
execução da estrutura.
Fonte: www.esuda.com.br
13

Sabbatini (1998), também realizou uma comparação entre as características

das estruturas de concreto armado e vedações utilizadas na década de 60 e a partir

da década de 90, verificando as seguintes situações:

Æ As estruturas estão mais esbeltas, com menor grau de rigidez e os elementos

estruturais estão potencialmente mais deformáveis;

Æ As vedações estão sofrendo maiores tensões decorrentes das deformações

induzidas pelas estruturas;

Æ Os elementos utilizados como vedo nas vedações verticais têm menor

resistência à compressão e menor deformabilidade.

Segundo Aquino (2005), esses aspectos somados às mudanças ocorridas

na técnica construtiva (tempo de cura e tempo de colocação de carga na estrutura

reduzidos), na seqüência de execução e no planejamento operacional (construção

rápida e prazos cada vez menores para execução), implicam em vedações menos

resistentes e que estão submetidas a tensões muito maiores. O resultado dessa

combinação são as manifestações patológicas de diversos tipos que vêm ocorrendo

nas edificações, comprometendo o desempenho das vedações e a sua

funcionalidade.

Surge então a necessidade da aplicação de métodos mais compatíveis com

as técnicas construtivas atuais para diminuir o surgimento de manifestações

patológicas em alvenaria de vedação.

Além disso, a realização de procedimentos para inspeção da execução do

subsistema vedação em uma edificação, com as respectivas ações corretivas em

casos de não-conformidade, contribuirá para a redução de custos de execução e

manutenção do edifício e redução de manifestações patológicas que implicam na

perda da sua funcionalidade e comprometimento do seu desempenho.


14

1.3.2 Justificativa Econômica

A alvenaria de vedação representa um dos maiores volumes de materiais e

serviços no canteiro, define uma parte importante da seqüência executiva da obra e

libera frente para a execução de diversos serviços. (SALVADOR FILHO, 2007)

Segundo Salvador Filho (2007), o subsistema vedações concentra o maior

desperdício de materiais e mão de obra e influencia entre 10 e 40% do custo do

edifício.

Como afirma Franco (1998), além de condicionar fortemente o desempenho

do edifício, a racionalização das alvenarias de vedação, que possuem interfaces

com os revestimentos, esquadrias, instalações prediais, impermeabilização e

estrutura, influenciam nos ganhos não são só obtidos na execução das paredes ou

painéis, mas também em todos os subsistemas que lhe fazem interface. “Estas

interfaces, por outro lado, quando mal resolvidas são fontes constantes de

desperdícios, retrabalhos e de problemas patológicos”.

A aplicação ou não de procedimentos de inspeção durante a execução e

utilização da edificação, bem como seu grau de eficiência, vai influenciar o custo de

execução e manutenção de um edifício na medida em que, espera-se com este

controle diminuir os erros de construção, evitar o re-trabalho e reduzir

conseqüentemente os custos de manutenção futuros.

1.3.3 Justificativa Social

A aplicação do conceito de desempenho à produção de edifícios envolve a

identificação das exigências e necessidades dos usuários e das condições de


15

exposição a que estará sujeita a edificação, bem como o estabelecimento de

requisitos, critérios e métodos de avaliação do desempenho.

Souza (1988) define que o conceito de desempenho é verificar como essa

edificação responde a um conjunto de solicitações a que estará submetida e se ela

atende ou não às exigências de seus usuários.

A vedação vertical contribui decisivamente para o desempenho do edifício,

nos seguintes aspectos: (SALVADOR FILHO, 2007)

Æ Desempenho térmico;

Æ Desempenho acústico;

Æ Estanqueidade à água e controle e passagem de ar;

Æ Proteção e resistência à ação do fogo;

Æ Desempenho estrutural: estabilidade dimensional, resistência mecânica e

capacidade de absorver deformação;

Æ Controle da iluminação: natural e artificial;

Æ Controle de raios visuais: privacidade;

Æ Durabilidade;

Æ Custo inicial e de manutenção;

Æ Padrões estéticos: de conforto visual;

Æ Facilidade de limpeza e higienização.

Por sua significativa participação nos edifícios convencionais, melhorar o

desempenho das vedações verticais e de suas interfaces com os demais

subsistemas tem-se mostrado uma estratégia adequada para melhorar o

desempenho global do edifício. (SILVA, 2007)


16

1.3.4 Justificativa Ambiental

No mundo em que vivemos atualmente a questão ambiental esta cada vez

mais voltada para o conceito da sustentabilidade. A construção civil é uma atividade

que gera muito resíduo que não são aproveitáveis e poluem o ambiente.

A alvenaria de vedação é um subsistema do edifício que utiliza muito

material para a sua execução. Ela é composta dos blocos de vedação e da

argamassa de assentamento. A execução mal planejada desse subsistema gera

desperdício de materiais que não são reaproveitados.

A elaboração de métodos construtivos corretos e a inspeção na hora

adequada que evite o re-trabalho irá diminuir o desperdício de materiais e a geração

de resíduos.

1.4 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

A presente monografia é estruturada em seis capítulos, conforme segue:

Capítulo 1: Apresenta de maneira abrangente o assunto a ser abordado, cita

os principais objetivos a serem atingidos com a elaboração do trabalho e as

justificativas da apresentação do mesmo.

Capítulo 2: Lista e descreve as principais manifestações patológicas

ocorridas em alvenaria de vedação, apresentando as principais origens, causas e

tipologia. Apresenta ainda uma tabela resumida sobre o tipo de correção a ser

adotado.

Capítulo 3: Aponta o que é e qual a importância da racionalização do

processo construtivo para minimizar a ocorrência de manifestações patológicas nas

alvenarias de vedação;
17

Capítulo 4: Lista as técnicas construtivas recomendadas para reduzir/evitar

erros durante a execução desse subsistema, tendo em vista que a correta execução

minimiza a incidência da ocorrência das manifestações patológicas.

Capítulo 5: Descreve as etapas e como se executa, de forma correta, a

alvenaria de vedação, desde a recepção do projeto e conferência até a elevação da

alvenaria em si. Em seguida apresenta a forma correta de se realizar a inspeção

desse serviço durante a execução, tendo em vista a diminuição das anomalias, visto

que através da inspeção pode se corrigir um erro já durante a execução.

Capítulo 6: Relaciona as considerações finais obtidas pela elaboração do

presente trabalho e apresenta possíveis sugestões para o desenvolvimento de

trabalhos futuros baseados nessa linha de pesquisa.


18

2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Neste capítulo serão apresentadas as principais manifestações patológicas

que ocorrem na alvenaria de vedação. Estaremos relacionando suas principais

origens e mecanismos de ocorrência e serão apresentados quadros relacionando as

anomalias estudadas com a sua origem e configuração típica. Iniciaremos o capítulo

abordando as principais causas da ocorrência cada vez mais freqüente das

anomalias nas alvenarias e do papel desse subsistema frente ao desempenho do

edifício.

Dentre os inúmeros surgimentos de anomalias na vedação vertical, as

trincas são consideradas de maior importância, pois, segundo Thomaz (1989), elas

influem em três aspectos relevantes: o aviso de um eventual estado perigoso da

estrutura, o comprometimento do desempenho da obra em serviço e o

constrangimento psicológico que a fissuração do edifício exerce sobre os seus

usuários.

Sabbatini (1998) observa que “desde meados da década de setenta, até o

momento atual, as fissuras e trincas nas vedações em alvenaria de edifícios

multipavimentos com estruturas de concreto armado têm aumentado continuamente,

em termos de freqüência de manifestações, intensidade de ocorrência e gravidade”

e aponta como motivos a evolução nas características das estruturas reticuladas e

das alvenarias de vedação sem o equacionamento satisfatório da relação de

interação alvenaria estrutura.

As paredes de alvenaria têm um papel relevante na construção nacional e

tem excelentes potencialidades para satisfazer as diversas exigências funcionais

que lhes correspondem. Todavia, é visível a insatisfação de muitos usuários no que


19

diz respeito aos defeitos destas paredes, com repercussões na segurança, conforto

e salubridade do dia a dia. Deve-se, pois prevenir essas patologias e, quando tal não

for feito de forma eficaz, corrigi-las de modo eficiente. (SILVA, 2002)

Nesse capítulo, abordaremos sobre o papel a alvenaria de vedação frente ao

desempenho do edifício e relacionaremos as anomalias mais freqüentes nesse

subsistema, identificando suas causas, origens, tipologia e técnicas de recuperação.

2.1 O DESEMPENHO DAS VEDAÇÕES VERTICAIS

O subsistema de vedação vertical tem como principal função a proteção dos

ambientes contra a ação de agentes externos a eles tais como chuva, sol, vento,

fogo, ruídos, poeiras, raios visuais, etc. Outros requisitos funcionais estão

relacionados, nos processos construtivos tradicionais, ao suporte de componentes

de outros subsistemas tais como esquadrias, tubulações, quadros de luz, peças

suspensas, elementos decorativos, dentre outros e, em situações específicas, ao

contraventamento estrutural, quando também resistirá, em conjunto com os

componentes estruturais, a esforços. (SILVA, 2003)

A metodologia para avaliação de desempenho de um edifício ou de suas

partes “consiste em prever o comportamento potencial de um edifício e dos sistemas

que o complementam, quando submetidos a condições normais de exposição e

avaliar se tala comportamento satisfaz às exigências do usuário preconizadas na

ISO 6241 (ABNT/CB-02, 2001)”. (SILVA, 2003)

Nesse trabalho, abordaremos sobre os seguintes requisitos de desempenho

para a alvenaria de vedação que serão relacionados com as manifestações

patológicas mais comuns que afetam esses requisitos, e, posteriormente, serão


20

apresentadas técnicas construtivas para se evitar/reduzir as origens dessas

anomalias:

Æ Segurança estrutural;

Æ Estanqueidade a água;

Æ Conforto higrotérmico;

Æ Conforto acústico;

Æ Durabilidade.

Os requisitos de segurança estrutural são analisados considerando-se os

conceitos de estado limite último, entendido como aquele que determina a ruína e

estado limite de utilização que determina a formação de fissuras, deformações,

falhas localizadas e outras avarias que possam comprometer a utilização do

componente ou elemento, comprometendo a durabilidade do edifício ou os níveis de

satisfação do usuário. (SILVA 2003)

Sobre a estanqueidade a água Silva (2003) afirma que inúmeros são os

problemas associados à presença de água nas construções, proveniente de várias

fontes: águas de chuva que se infiltram através dos componentes de vedação ou

das interfaces com a estrutura, vazamentos em tubulações ou conexões dos

sistemas de instalações hidro-sanitárias, águas de lavagem e de serviços de

manutenção, águas do solo que, por capilaridade, acendem pelos componentes

construtivos e a água remanescente das próprias atividades de execução do edifício,

que tende a diminuir com o tempo, tanto mais rápido quanto melhores forem as

condições de ventilação e insolação dos ambientes.

A mesma autora nos fala que os efeitos da ação da água, quando não

controlados, irão sempre representar certo grau de comprometimento da

estabilidade ou das condições da habitabilidade do edifício, podendo-se destacar:


21

Æ Efeitos decorrentes da variação dimensional dos materiais e componentes

construtivos pela variação de seu conteúdo de umidade, podendo originar

fissuras ou frestas pelas qual a água se infiltrará;

Æ Proliferação de microorganismos, surgimento de manchas e eflorescências;

Æ Aumento na capacidade de transmissão de calor e ou redução da resistência

de componentes;

Æ Deterioração de revestimentos ou de outros componentes porosos;

Æ Descolamento de placas cerâmicas;

Æ Corrosão de metais;

Æ Condensação sobre as superfícies;

Æ Desencadeamento de processos químicos, etc.

Em seus estudos, Medeiros (1998) afirma que o desempenho das alvenarias

frente à ação da água depende fundamentalmente de quatro aspectos: projeto,

execução, materiais e manutenção, mas que para garantir o desempenho adequado,

além da utilização de materiais que atendam aos requisitos normativos, o projeto e a

qualidade da execução são fatores preponderantes.

O desempenho térmico das paredes de vedação, assim como as demais

propriedades diretamente associadas às condições de conforto e habitabilidade da

edificação, deve ser avaliado considerando-se todos os demais componentes do

subsistema vedação vertical e também das vedações horizontais, inseridos no

conjunto do edifício. (SILVA, 2003)

A respeito do desempenho acústico das vedações verticais, temos que ela

“é também uma propriedade de avaliação complexa como a anterior. Apesar de

depender intimamente das características dos seus materiais constituintes, é

sensivelmente alterada pela qualidade das interfaces com outros componentes e


22

pelas esquadrias ou outros elementos de fechamento de abertura nelas contidas”,

resume SILVA, 2003.

Os problemas ocasionados pelo equacionamento insatisfatório do conforto

acústico nas edificações contemporâneas são bastante freqüentes, sobretudo pela

tendência de redução de massa incorporada aos componentes construtivos

constituintes das vedações, com preferência crescente pelo emprego de

componentes leves e de menores espessuras, contrapondo-se ao aumento dos

níveis de exigência em relação ao isolamento acústico com a elevação crescente

dos ruídos provenientes de varias fontes, nos meios urbanos. (SILVA, 2003)

No que diz respeito à durabilidade enquanto uma propriedade associada à

manutenção de determinadas características ao longo da vida útil do edifício, Silva

(2003) aponta que essa característica pode ser entendida como a síntese resultante

do desempenho deste edifício pode frente às demais exigências já apresentadas

podendo ser, portanto, definida pelo tempo de permanência de suas propriedades

acima dos limites mínimos admissíveis no cumprimento de suas funções.

2.2 PATOLOGIA NÃO ESTRUTURAL DE PAREDES DE ALVENARIA

Entende-se, segundo Silva (2002) como patologia não estrutural aquela que

corresponde a paredes das quais não depende diretamente a estabilidade de outros

elementos construtivos.

O quadro abaixo apresenta uma visão clássica das patologias de caráter não

estrutural, em que se pode verificar que as paredes partilham com os outros

elementos construtivos quatro grupos principais de defeitos de acordo com a sua


23

origem e/ou forma de manifestação: a ação da umidade, a fissuração, o

envelhecimento dos materiais e a perda de funcionalidade.

QUADRO 2 - OCORRÊNCIAS DE ANOMALIAS NÃO ESTRUTURAIS

(FONTE: Silva, 2002 (Adaptado))

Os quatro grupos de causas indicados – que não são exclusivos das

paredes – confundem-se com as manifestações ou as disfunções, uma vez que,

numa perspectiva mais específica, as verdadeiras causas ou agentes da

degradação estão a outro nível. Como demonstra o quadro a seguir. (SILVA, 2002)
24

QUADRO 3 - CAUSAS E AGENTES DE PATOLOGIAS NÃO ESTRUTURAIS

TIPO DE CAUSA FASE AGENTE


HUMANAS Concepção e Ausência de projeto ou Má concepção
Projeto
Inadequação ao ambiente (geotécnico, geofísico,
climático)
Inadequação a condicionalismos técnico-econômicos
Informação insuficiente
Escolha ou quantificação inadequada de ações
Modelos de análise ou de dimensionamento incorretos
Pormenorização deficiente
Erros numéricos ou enganos de representação.
Execução Má qualidade dos materiais
Mão de obra desqualificada
Má interpretação do projeto
Ausência ou deficiência de fiscalização
Utilização Ações excessivas face ao projeto
Alteração das condições de utilização
Remodelação e alterações mal estudadas
Degradação dos materiais (deterioração anormal ocorrida
na utilização)
Ausência, insuficiência ou inadequação da manutenção.
AÇÕES NATURAIS Ações Físicas Gravidade
Variações de temperatura
Temperaturas extremas
Vento (pressão, abrasão, vibração)
Presença de água (chuva, neve, umidade do solo)
Efeitos diferidos (retração, fluência, relaxação)
Ações Oxidação
Químicas
Carbonatação
Presença de água (chuva, neve, umidade do solo)
Presença de sais
Chuva ácida
Reações eletroquímicas
Radiação solar
Ações Vegetais (raízes, trepadeiras, líquenes, bolores, fungos)
Biológicas
Animais (vermes, insetos, roedores, pássaros)
25

DESASTRES Sismo, ciclone, tornado


NATURAIS
Trovoada, cheia, tempestade marítima
Avalanche, deslizamento de terras, erupção vulcânica
DESASTRES DE Fogo, explosão, choque inundação
CAUSAS HUMANAS

(FONTE: Silva, 2002)

Numa perspectiva ainda mais global, Silva (2002) afirma que, podem ser

identificadas causas conjunturais – ou mesmo políticas – para explicar a patologia

da construção, nomeadamente a “patologia precoce”, isto é, a que se manifesta de

forma inexplicável pouco tempo após a construção. Para Silva (2002 input Appleton),

esta patologia precoce tem outras explicações para além das meramente técnicas.

As explicações conjunturais então apontadas eram as seguintes:

Æ A consciência da fragilidade da postura dos promotores – donos da obra;

Æ A desorganização e baixa tenacidade do setor de fabricação e fornecimento

de produtos de construção;

Æ As condições éticas e tecnicamente reprováveis que balizam a realização de

grande numeram de projetos;

Æ A formação incipiente da mão-de-obra especializada e a falta de estrutura das

empresas de construção.

2.3 FISSURAÇÃO DAS PAREDES DE ALVENARIA

2.3.1 Causas da fissuração de paredes de alvenaria

Dentre os inúmeros problemas patológicos que afetam as edificações,

particularmente importante é o problema das trincas, devido a três aspectos


26

fundamentais: o aviso de um eventual estado perigoso para a estrutura, o

comprometimento do desempenho da obra em serviço (estanqueidade à água,

durabilidade, isolação acústica, etc.), e o constrangimento psicológico que a

fissuração do edifício exerce sobre seus usuários. (THOMAZ, 1989)

Segundo, Silva (2002), é importante recordar que, com muita freqüência, a

patologia das paredes de alvenaria tem origem e manifestações em pontos

singulares das paredes e não na superfície corrente. “Ora é precisamente nestes

locais que se verificam os maiores erros ou omissões em termos de projeto, é

nesses locais que mais falta fazem materiais integrados num sistema de construção

coerente e é nesses locais que a execução é mais difícil em obra. Acontece ainda

que, lamentavelmente, é pouco freqüente a análise de pontos singulares, quer na

bibliografia técnica corrente, quer nos documentos normativos.”

No QUADRO 4 se resumem as causas técnicas da fissuração de paredes de

alvenaria não estruturais.

Nesse trabalho serão analisadas as fissurações ocorridas por movimentos

de fundação, ação de cargas externas, variações de temperatura e umidade. Não

serão abordadas fissuras que tenham causas de ação de gelo, ataque químico e

outras causas eventuais indicadas no quadro apresentado.


27

QUADRO 4 - PRINCIPAIS CAUSAS DE FISSURAÇÃO EM PAREDES

CAUSAS DE
FENÔMENOS DE ASPECTOS PARTICULARES
FISSURAÇÃO

Assentamentos diferenciais de fundações diretas


Movimentos da
fundação Variação do teor de umidade dos solos argilosos
Heterogeneidade e deficiente compactação de aterros
Ação de cargas externas Concentração de cargas e esforços
Pavimento inferior mais deformável que o superior
Pavimento superior menos deformável que o superior
Deformação do suporte
da Parede Pavimento inferior e superior com deformação idêntica
Fissuração devido à deformação de consoles
Fissuração devida à rotação do pavimento no apoio
Fissuração devido aos movimentos das coberturas
Variações de
temperatura Fissuração devido aos movimentos das estruturas reticuladas
Fissuração devido aos movimentos da própria parede
Movimentos reversíveis e irreversíveis
Fissuração devido à variação do teor de umidade por causas externas

Variações de Umidade Fissuração devido à variação natural do teor de umidade dos


materiais
Fissuração devido à retração das argamassas
Fissuração devida à expansão irreversível do tijolo
Fissuração devido a condições climatéricas muito desfavoráveis
Ação do gelo
Fissuração devida à vulnerabilidade dos materiais
Hidratação retardada da cal
Ataque químico Expansão das argamassas por ação dos sulfatos
Corrosão de armaduras e outros elementos metálicos.
Ações acidentais (sismo, incêndios e impactos fortuitos)
Retração da argamassa e expansão irreversível do tijolo
Choque térmico
Outros casos de
fissuração Envelhecimento e degradação natural dos materiais e das estruturas
Paredes de blocos de concreto (situações particulares)
Revestimentos
Paredes com funções estruturais.
(FONTE: Silva, 2002)
28

2.3.1.1 Fissuras devido a movimentações térmicas

Os elementos e componentes de uma construção estão sujeitos a variações

de temperatura, sazonais e diárias. Essas variações repercutem numa variação

dimensional dos materiais de construção (dilatação ou contração); os movimentos

de dilatação e contração são restringidos pelos diversos vínculos que envolvem os

elementos e componentes, desenvolvendo-se nos materiais, por esse motivo,

tensões que poderão provocar o aparecimento de fissuras. (THOMAZ, 1989)

Segundo Silva (2002) “a diferença entre os coeficientes de dilatação térmica

dos materiais vai provocar tendências de expansão e contração, ambas contrariadas

pelos materiais confinantes. Os panos de alvenaria inseridos numa malha de

concreto armado provocam tensões nas ligações da estrutura que são

freqüentemente responsáveis pela fissuração do revestimento exterior”.

Em geral, as coberturas planas estão mais expostas às mudanças térmicas

naturais do que os parâmetros verticais das edificações: ocorrem, portanto,

movimentos diferenciados entre os elementos horizontais e verticais. Ainda, sabe-

se, que o coeficiente de dilatação térmica linear do concreto é aproximadamente

duas vezes maior que o da alvenaria de uso corrente, considerando-se aí a

influência das juntas da argamassa. (THOMAZ, 1989)

Segundo Thomaz (1989), a dilatação plana das lajes e o abaulamento

provocado pelo gradiente de temperatura ao longo de suas alturas introduzem

tensões de tração e de cisalhamento nas paredes da edificação, as trincas se

desenvolvem quase que exclusivamente nas paredes, apresentando configurações

típicas, conforme QUADRO 5. O mesmo autor relata que a presença de aberturas


29

nas paredes, por outro lado, propicia o aparecimento de regiões naturalmente

enfraquecidas, desenvolvendo-se as fissuras preferencialmente nessas regiões.

Assim, em função das dimensões da laje, da natureza dos materiais que

constituem as paredes, do grau de aderência entre paredes e laje e da eventual

presença de aberturas, poderão se desenvolver trincas inclinadas próximas ao topo

das paredes. A movimentação térmica da estrutura pode causar destacamento entre

as alvenarias e o retículo estrutural, e mesmo a incidência de trincas de

cisalhamento nas extremidades da alvenaria. (THOMAZ, 1989)

As platibandas, em função da forma geralmente alongada, tendem a

comportar-se como muros de divisa: normalmente surgirão fissuras verticais

regularmente espaçadas, caso não tenham sido convenientemente projetadas juntas

ao longo da platibanda. As movimentações térmicas diferenciadas entre a platibanda

e o corpo do edifício poderão resultar ainda no destacamento da platibanda e na

formação de fissuras inclinadas nas extremidades desse corpo. (THOMAZ, 1989)

A seguir, apresenta-se um quadro com as configurações típicas das fissuras

de origem por movimentação térmica e suas causas.


30

QUADRO 5 - FISSURAS CAUSADAS POR MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA

MANIFESTAÇÕES
CAUSA
PATOLÓGICAS

Movimentações que ocorrem numa laje de cobertura, sob a ação da


elevação da temperatura. Trinca típica presente no topo da parede
paralela ao comprimento da laje, a direção das fissuras indica o sentido
de movimentação térmica (esquerda para direita)

Trinca típica presente no topo da parede paralela à largura da laje; a


trinca normalmente apresenta-se com traçado bem definido, realçando o
efeito dos esforços de tração na face interna da parede.
Fissura com abertura regular no topo da parede, resultante do
abaulamento e da dilatação plana da laje de cobertura.

Trincas de cisalhamento provocadas por expansão térmica da laje de


cobertura

Trinca vertical: a resistência à tração dos componentes de alvenaria é


igual ou inferior à resistência á tração da argamassa.

(FONTE: Thomaz 1989)

2.3.1.2 Fissuras devido à movimentação higroscópica

As mudanças higroscópicas provocam variações dimensionais nos materiais

porosos que integram os elementos e componentes da construção; o aumento do

teor de umidade produz uma expansão do material enquanto que a diminuição

desse teor provoca uma contração. No caso da existência de vínculos que impeçam
31

ou restrinjam essas movimentações poderão ocorrer fissuras nos elementos e

componentes do sistema construtivo. (THOMAZ, 1989)

A umidade, segundo Brandão (2008) pode ter acesso aos materiais de

construção através de diversas vias:

Æ Umidade resultante da produção de componentes;

Æ Umidade proveniente da execução da obra;

Æ Umidade do ar ou proveniente de fenômenos meteorológicos;

Æ Umidade do solo.

As trincas provocadas por variação de umidade dos materiais de construção

são muito semelhantes àquelas provocadas pelas variações de temperatura. Entre

um caso e outro, as aberturas poderão variar em função das propriedades

higrotérmicas dos materiais e das amplitudes de variação de temperatura ou da

umidade. (THOMAZ, 1989)

Thomaz (1989 input Stubbs e Putteril) registra a ocorrência de alguns casos

de trincas provocadas pela expansão de tijolos cerâmicos com elevada resistência à

compressão.

No caso do encontro entre paredes onde, para facilitar-se a coordenação

dimensional, os componentes de alvenaria foram assentados com juntas aprumadas

independentemente da natureza do material constituinte dos blocos ou tijolos

ocorrerão movimentações higroscópicas que tenderão a provocar o destacamento

entre as paredes. Tais destacamentos, que normalmente ocorrem a despeito do

emprego de ferros inseridos nas juntas de assentamento a cada duas ou três fiadas,

provocarão a penetração de umidade para o interior do edifício. (THOMAZ, 1989)


32

Movimentações irreversíveis, geralmente ocorrem na fabricação do tijolo ou

na cura do cimento, já as manifestações reversíveis ocorrem com a variação de

umidade absorvida pelo material. (BRANDÃO, 2008)

A respeito das movimentações reversíveis ou irreversíveis Thomaz (1989)

afirma que elas “podem originar também destacamentos entre componentes de

alvenaria e argamassa de assentamento. Esses destacamentos ocorrem em função

de inúmeros fatores, sendo os mais importantes: a aderência entre argamassas e

componentes de alvenaria, tipo de junta adotada, módulo de deformação dos

materiais em contato, propriedades higroscópicas desses materiais e intensidade de

variação de umidade”.

Trincas horizontais podem aparecer também na base de paredes onde a

impermeabilização dos alicerces foi mal executada. Nesse caso, os componentes de

alvenaria que estão em contato direto com o solo absorvem sua umidade,

apresentando movimentações diferenciadas em relação às fiadas superiores que

estão sujeitas à insolação direta a perda de água por evaporação; essas trincas

quase sempre são acompanhadas por eflorescências, o que auxilia o seu

diagnóstico. (THOMAZ, 1989)

O QUADRO 6, apresentado a seguir, relaciona exemplos de fissuração

causada por movimentações higroscópicas.


33

QUADRO 6 - FISSURAS POR MOVIMENTAÇÕES HIGROSCÓPICAS

MANIFESTAÇÕES
CAUSA
PATOLÓGICAS

Trincas horizontais na alvenaria provenientes da expansão dos


tijolos: o painel é solicitado à compressão na direção horizontal.

A expansão dos tijolos por absorção de umidade provoca o


fissuramento vertical da alvenaria no canto do edifício.

Trinca horizontal na base da alvenaria por efeito da umidade do solo.

Destacamento entre argamassa e componentes de alvenaria.

FONTE: Thomaz E. 1989

2.3.1.3 Fissuras devido à atuação de sobrecarga

Segundo Thomaz (1989), a atuação de sobrecargas pode produzir a

fissuração de componentes estruturais, mas não raras vezes pode-se presenciar a

atuação de sobrecargas em componentes sem função estrutural, geralmente pela

deformação da estrutura resistente do edifício ou pela sua má utilização.

As alvenarias possuem boa resistência aos esforços de compressão axial e

a causa principal da fissura oriunda de sobrecarga é a imposição da mesma acima

da resistência mecânica admissível para a parede. Esse aumento de sobrecarga é


34

devido às falhas de projeto e execução, deformação da estrutura e mau uso da

edificação. (BRANDÃO, 2008)

Brandão (2008) também relaciona os principais fatores que influem na

resistência e na fissuração das alvenarias, são elas: resistência mecânica dos

blocos de argamassa, módulo de deformação dos blocos e argamassa, rugosidade e

porosidade dos componentes, poder de aderência da argamassa, poder de retenção

de água da argamassa, espessura da argamassa, tipo de junta de assentamento e

esbeltez da parede.

A seguir, relacionamos algumas fissuras típicas, causadas pela influência de

sobrecarga.

QUADRO 7 - FISSURAS CAUSADAS POR SOBRECARGAS

ANOMALIAS CAUSA

Ruptura localizada da alvenaria sob o ponto de aplicação da carga e


propagação de fissuras a partir desse ponto.

Fissuração típica (real) nos cantos das aberturas, sob a atuação de


sobrecargas.

Trincas horizontais na alvenaria provenientes de sobrecarga.

Fissuração típica da alvenaria causada por sobrecarga vertical.

FONTE: Thomaz E. 1989


35

2.3.1.4 Fissuras devido à deformabilidade excessiva da estrutura de concreto

armado

Com a evolução da tecnologia do concreto armado, representada pela

fabricação de aços com grande limite de elasticidade, produção de cimento de

melhor qualidade e desenvolvimento de métodos refinados de calculo, as estruturas

foram se tornando cada vez mais flexíveis. A ocorrência de flechas em componentes

fletidos tem causado repetidos e graves transtornos aos edifícios, verificando-se, em

função da deformação do elemento estrutural, freqüentes problemas de compressão

de caixilhos e ocorrência de trincas em paredes. (THOMAZ, 1989)

Para Franco (1998), o uso dos sistemas estruturais com maior grau de

flexibilidade pelo emprego de estruturas mais esbeltas ou de materiais diferenciados

como os concretos de alto desempenho, estão levando a uma maior solicitação na

capacidade de deformação das vedações verticais.

A norma brasileira, NBR 6118, prevê os limites para flechas em

componentes estruturais, e observa que deve ser levado em conta a retração e a

deformação lenta do concreto. A seguir apresentam-se as recomendações

normativas.
36

QUADRO 8 - LIMITES PARA FLECHAS

Razões da limitação Flecha Limite Deslocamento a considerar


Elementos estruturais visíveis: evitar
L/250 Deslocamento total
segurança psicológica
Pisos: evitar vibrações que podem Deslocamentos devidos a
L/350
ser sentidos pelos usuários cargas acidentais
Coberturas e varandas: garantir a
L/250 Deslocamento total
drenagem da água
L/350 + contra-flecha Deslocamento total
Ginásios e pistas de boliche:
garantir planicidade do piso Deslocamento incremental
L/600
após a construção do piso

Alvenarias caixilhos e L/500 ou 10 mm ou Deslocamentos ocorridos após


Evitar fissuras e danos a

revestimentos θ=0,0017 rad a construção da parede

Divisórias leves e caixilhos Deslocamentos ocorridos após


L/250 ou 25 mm
telescópicos a instalação das divisórias
Componentes de forro Deslocamentos ocorridos após
L/350
colados diretamente nas lajes a construção do forro
Forros falsos, ou
Deslocamentos ocorridos após
componentes colados L/175
a construção do forro
mantendo-se as juntas
(FONTE: NBR 6118, 2003 (Adaptado))

Thomaz (1989) observa que na prática essa recomendação da norma não

tem sido observada, sendo comum trincas em alvenaria decorrentes das flechas dos

elementos estruturais.

No entanto, para Franco (1998a), os limites estabelecidos pela norma

brasileira para flechas dos elementos estruturais não são compatíveis com a grande

maioria dos sistemas empregados para a vedação vertical.


37

QUADRO 9 - FISSURAS POR DEFORMABILIDADE DAS ESTRUTURAS

MANIFESTAÇÕES
CAUSA
PATOLÓGICAS

Trincas em parede de vedação: deformação do suporte maior


que a deformação da viga superior.

Trincas em parede de vedação: deformação do suporte inferior à


deformação da viga superior.

Trincas em parede de vedação: deformação do suporte idêntica


à deformação da viga superior.

Trincas em parede com aberturas causadas pela deformação


dos componentes estruturais.

Trinca horizontal na base da parede provocada pela deformação


excessiva da laje.

Trincas na alvenaria, provocadas por deflexão da região em


balanço da viga.

(FONTE: Thomaz, 1989)


38

2.3.1.5 Fissuras devido ao recalque das fundações

Sabe-se que o solo pode se deformar de duas maneiras: (BRANDÃO, 2008)

Æ Pela aplicação de uma carga, que ocorre na acomodação interna do terreno

comprimido;

Æ Variação de umidade contida nos poros do terreno – que é a acomodação

natural do solo.

A adição de água no solo provoca expansão e a remoção da água à

retração. Ocorrendo deformação nos solos e essas deformações sendo

diferenciadas ao longo do plano das fundações de uma obra, tensões de grande

intensidade serão introduzidas na estrutura da mesma, podendo gerar o

aparecimento de trincas. (THOMAZ, 1989)

Brandão (2008) enuncia os principais fatores que alteram a capacidade de

carga e deformabilidade do solo, são eles:

Æ Tipo e estado do solo;

Æ Disposição do lençol freático;

Æ Intensidade da carga, tipo de fundação e cota de apoio;

Æ Dimensões, rigidez e formato da fundação;

Æ Interferência de obras vizinhas;

Æ Interferência de fundações vizinhas.

Segundo Thomaz (1989) as fissuras provocadas por recalques diferenciados

são inclinadas, confundindo-se às vezes com as fissuras provocadas por deflexão

de componentes estruturais. Em relação as primeiras, ele destaca, que essas

apresentam aberturas geralmente maiores, “deitando-se” em direção ao ponto onde

ocorreu o maior recalque. Ele continua afirmando que “outra característica das
39

fissuras provocadas por recalques é a presença de esmagamentos localizados, em

forma de escamas, dando indícios das tensões de cisalhamento que a provocaram;

além disso, quando os recalques são acentuados, observa-se nitidamente uma

variação na abertura da fissura”.

A seguir apresentamos a tipologia típica das fissuras provocadas pelo

recalque das fundações.

QUADRO 10 - FISSURAS CAUSADAS POR RECALQUE DE FUNDAÇÕES

ANOMALIAS CAUSA

Fundações contínuas solicitadas por carregamentos desbalanceados:


o trecho mais carregado apresenta maior recalque, originando-se
trincas de cisalhamento no painel.

Fundações contínuas solicitadas por carregamentos desbalanceados:


sob as aberturas surgem trincas de flexão.

Recalque diferenciado, por consolidações distintas do aterro


carregado.

Fundações assentadas sobre seções de corte e aterro, trincas de


cisalhamento nas alvenarias.

Recalque diferenciado no edifício menor pela interferência no seu


bulbo de tensões, em função da construção do edifício maior.
40

Recalque diferenciado, ou falta de homogeneidade do solo.

Recalque diferenciado, por rebaixamento do lençol freático; foi cortado


o terreno a esquerda do edifício.

Diferentes sistemas de fundação na mesma construção: recalques


diferenciados entre os sistemas, com a presença de trincas de
cisalhamento no corpo da obra.

Recalques diferenciados entre pilares: surgem trincas inclinadas na


direção do pilar que sofreu maior recalque.

Trinca provocada por recalque advindo da contração do solo, devida à


retirada de água por vegetação próxima.

(FONTE: Thomaz, 1989)

2.3.1.6 Fissuras provocadas por retração de produtos à base de cimento

Brandão (2008) explica que os produtos preparados a base de cimento

apresentam 3 tipos de retração:


41

Æ Retração autógena ou auto secagem: redução do volume da massa a base

de cimento causado pela perda de água em excesso na mistura;

Æ Retração de carbonatação: redução de volume da massa a base de cimento

causada pela reação da cal hidratada do cimento com o gás carbônico do ar,

formando o carbonato de cálcio;

Æ Retração química: redução do volume da massa a base de cimento causada

pela reação química entre a água e o cimento.

Brandão (2008) também nos lista os principais fatores que influenciam a

retração dos produtos fabricados com cimento:

Æ Tipo e composição do cimento;

Æ Natureza e granulometria dos agregados;

Æ Variação térmica – que influencia na perda de água;

Æ Quantidade de água adicionada na mistura.

E, conclui que o fator, mais significativo é a relação água – cimento (A/C).


42

QUADRO 11 - FISSURAS CAUSADAS PELA RETRAÇÃO DE PRODUTOS A BASE


DE CIMENTO

ANOMALIAS CAUSA

Fissuras em parede externa, promovidas pela retração da laje de


cobertura.

Destacamento provocado pelo encunhamento precoce da alvenaria.

Fissura de retração na alvenaria, em seção enfraquecida pela presença


de tubulação.

Fissura de retração em parede monolítica de concreto, na seção


enfraquecida pela presença do vão de janela.

Fissuras em parede externa, causadas pela retração de lajes


intermediárias.

(FONTE: Thomaz, 1989)

2.4 EFLORESCÊNCIAS E MANCHAS NAS VEDAÇÕES VERTICAIS

Os sais solúveis presentes na argamassa, nos tijolos e nos blocos são

dissolvidos pela umidade que se infiltra na alvenaria. Ao secar a água, os sais se


43

depositam na superfície da parede formando manchas esbranquiçadas, que dão

origem as eflorescências. (BRANDÃO, 2008)

Brandão (2008) também aponta que as manchas apresentam diferentes

colorações e as causas são, geralmente, umidade, métodos impróprios de limpeza

ou fonte externa.

FIGURA 1 - EFLORESCÊNCIA EM ALVENARIA

(FONTE: Brandão, 2008)

2.5 PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO DE ANOMALIAS EM ALVENARIA DE

VEDAÇÃO

A prevenção de fissuras nos edifícios, como não poderia deixar de ser,

passa obrigatoriamente por todas as regras do bem planejar e bem construir. Mas

ainda, exige um controle sistemático e eficiente da qualidade dos materiais e dos

serviços, uma perfeita harmonia entre os diversos projetos executivos, estocagem e

manuseio correto dos materiais e componentes no canteiro de obras, utilização e

manutenção corretas do edifício etc. (THOMAZ, 1989)

A reabilitação de anomalias se baseia, segundo Silva (2002), numa ou várias

de seis estratégias, listadas a seguir:

Æ Eliminação das avarias;


44

Æ Substituição dos elementos e materiais

Æ Ocultação de anomalias

Æ Proteção contra agentes agressivos

Æ Eliminação das causas das anomalias

Æ Reforço das características funcionais.

É muito extensa a relação de medidas preventivas que podem ser

consideradas, algumas delas não implicando praticamente a oneração do custo do

edifício; pode-se argumentar que a maioria das medidas preventivas é

demasiadamente cara, incompatíveis com o poder de compra dos consumidores das

edificações. Thomaz (1989) segue seu texto dizendo que “pode-se contra-

argumentar, entretanto, que o custo de um edifício não se restringe ao seu custo

inicial, mas também ao seu custo de operação e manutenção, e que não prevenir a

ocorrência de trincas ou outras patologias é uma medida puramente financeira e/ou

comercial, nem técnica e nem econômica. Os usuários de edifícios,

infortunadamente, quase sempre não sabem disso: os engenheiros e arquitetos,

lamentavelmente, nem sempre se recordam”.

A seguir apresenta-se uma tabela adaptada de Silva (2002) com exemplos e

condicionantes de estratégias de reabilitação para os casos de fissuração de

alvenarias.

No decorrer desse trabalho, no capítulo 4, discute-se a aplicação de técnicas

construtivas para se evitar, ou ao menos reduzir, a ocorrência de tais anomalias.


45

QUADRO 11 - ESTRATÉGIAS DE REABILITAÇÃO DE ANOMALIAS NÃO


ESTRUTURAIS PARA O CASO DE FISSURAÇÃO DE PAREDES DE ALVENARIA

Exemplos de intervenção em situação de


ESTRATÉGIA CONDICIONANTES
fissuração

Consiste na reparação Criação de rebaixos nas alvenarias ou nos


das fissuras. A eficácia revestimentos, sobre a fissura.
depende do tipo de
Eliminação das Aplicação de tiras de papel adesivo ao longo
fissura e da sua
Anomalias da fissura.
estabilização. Em alguns
casos podes ser feita por Colocação revestimento armado sobre
mera pintura decorativa. fissura, não aderente a esta.
Demolição total ou parcial das paredes - em
situações de esmagamento nos apoios,
fissuras graves trespassando tijolo à vista e
argamassa.

Solução radical e muito Demolição de cunhais não travados ou com


onerosa. Freqüentemente travamento sem a adequada resistência à
Substituição dos necessária em cunhais, expansão de um dos panos confinantes.
elementos mais paredes de tijolo face à
Demolição ou remoção de peitoris e outros
afetados vista e fissuras de grande
acessórios fissurados.
abertura. Pode não
eliminar a causa. Reconstrução das zonas demolidas e
substituição dos acessórios removidos com
técnicas e materiais mais adequados,
incluindo freqüentemente, armaduras nas
juntas, grampeamento, montantes de
travamento e armaduras do revestimento.
Construção de pano de parede adicional.
Solução geralmente Aplicação de revestimentos complementares
econômica. Pode ser desligados ou com significativa flexibilidade.
Ocultação das
definitiva se garantir o
anomalias Aplicação de cobre juntas, sancas ou
desempenho funcional do
elemento construtivo. rodapés em fissuras estabilizadas de
desenvolvimento muito regular (horizontais
ou verticais).
Confunde-se Proteção contra as diversas formas de
freqüentemente com a acesso da umidade.
Proteção contra os eliminação das causas ou
com o reforço das Colocação de isolamento térmico.
agentes agressivos
características funcionais.
È preferível como medida Criação de juntas no contato com elementos
preventiva. construtivos que transmitam cargas, etc.

Eliminação das É a ação mais eficaz, mas freqüentemente impossível ou


causas das economicamente inviável. Obriga também, em geral, à eliminação da
anomalias anomalia.
Reforço das
Não é, geral, aplicável as alvenarias numa fase corretiva, mas sim numa
características
fase preventiva.
funcionais
(FONTE: Silva, 2002)
46

3 RACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO CONSTRUTIVO TRADICIONAL

Neste capítulo serão descritos procedimentos recomendados para a

racionalização do processo construtivo tradicional, alertando os profissionais

envolvidos no processo para os pontos críticos a serem observados durante a

elaboração do projeto e execução da obra, de modo a conferir ao subsistema o

desempenho esperado, minimizando a ocorrência dos problemas relatados no

capípulo anterior.

O processo construtivo tradicional é entendido, de acordo com Sabbatini

(1989 apud Barros 2003), como “um específico modo de se produzir um edifício e

que se fundamenta em métodos construtivos tradicionalmente empregados em uma

certa região”.

As estruturas reticuladas de concreto armado e vedações em alvenaria de

componentes cerâmicos, são atualmente reconhecidos como o processo construtivo

tradicional de edificações, caracterizando–se, como conceituado por Sabbatini (1989

apud Barros 2003), pelo uso intensivo de mão-de-obra desqualificada e pela baixa

mecanização nas etapas de produção nos canteiros, resultando em elevados índices

de desperdícios (de mão-de-obra, materiais, tempo e recursos energéticos), poluição

e degradação ambiental.

Na busca da maior eficiência na atividade de produção de edificações, de

acordo com Franco (1996), vêm sendo empreendida a gradual alteração dos

processos construtivos tradicionais, através da aplicação de princípios como a

racionalização construtiva, que, sem a alteração radical dos sistemas de produção,

implementa gradativamente melhorias nos processos produtivos.


47

Sabbatini (1989 apud Franco 1996) define a racionalização construtiva como

um processo composto pelo conjunto de todas as ações que tenham por objetivo

otimizar o uso de recursos materiais, humanos, organizacionais, energéticos,

tecnológicos, temporais e financeiros disponíveis na construção em todas as suas

fases.

Para Barros (1998), através da racionalização da produção das alvenarias

de vedação é possível a redução de custos, o aumento da produtividade e a própria

redução de problemas patológicos no conjunto das esquadrias e das instalações

hidro-sanitárias e nos revestimentos, os quais,juntos, certamente somam mais de

20% do total dos edifícios.

Franco (1996) relaciona as medidas de racionalização com a aplicação de

de alguns princípios, como construtibilidade, desempenho e garantia de qualidade,

que visam o aumento do nível organizacional dos empreendimentos e orientam as

decisões, em todo o processo de produção do edifício, desde a concepção dos

projetos, ao planejamento e organização da execução.

Para a implementação da construtibilidade, Oconnor e Tucker (1986 apud

Franco 1996) classificam como necessárias as seguintes ações:

Æ Orientação do projeto à construção;

Æ Comunicação efetiva das informações técnicas;

Æ Otimização da construção, com a geração de técnicas construtivas,

Æ Recursos efetivos de gerenciamento e normalização;

Æ Melhoria dos serviços dos sub-empreeiteiros; e

Æ Retorno do construtora ao projetista.

Para Franco (1996), a aplicação do conceito de desempenho auxilia na

seleção de detalhes e técnicas construtivas mais eficientes e adequadas à produção


48

da construção e na adequação das edificações segundo as necessiades dos

usuários.

Para Sabbatini (1989 apud Silva 2003), a aplicação do conceito de

desempenho deve ser realizada inicialmente na elaboração de projetos, pois através

de especificações mais precisas pode-se obter um produto que melhor atenda às

expectativas do usuário.

Franco (1996) cita a importância da implementação dos princípios da

qualidade, incluindo-se a necessidade de melhorias na elaboração do projeto e

construção, a necessidade de comunicação entre projetistas e equipe de obra, e a

melhoria para motivação da qualidade, para que o empreendimento tenha um maior

nível organizacional, resultando na diminuição de esforços, desperdícios e

retrabalhos, custos e prazos de execução.

Nesta mesma linha, Barros (1996) apresenta cinco diretrizes para

implantação de tecnologias construtivas racionalizadas:

Æ Desenvolvimento da atividade de projeto;

Æ Desenvolvimento da documentação;

Æ Desenvolvimento de recursos humanos;

Æ Desenvolvimento do setor de suprimentos voltado ã produção;

Æ Desenvolvimento do controle do processo de produção.

Neste trabalho daremos ênfase a duas diretrizes propostas por BARROS

(1996), o desenvolvimento da atividade de projeto e o controle do processo de

produção, por estarem diretamente ligadas a diminuição dos sintomas patológicos

no subsistema vedações.

É importante também, segundo Franco (1998), que haja interação entre os

projetistas da vedação vertical com a execução da obra, pois, na maioria das


49

situações, não existe uma retroalimentação de informações entre os executores e os

projetistas das edificações, levanto repetidas vezes a utilização de detalhes falhos

detectados durante a construção.

Para Medeiros (1998), o desempenho da alvenaria depende

fundamentalmente de quatro fatores: projeto, execução, materiais e manutenção,

sendo que estas etapas devem ser equacionadas de maneira sistêmica, ou seja,

sempre que houver modificação em um dos fatores,modificam-se tanto os demais

como o comportamento do conjunto.

Franco (1998) afirma ainda que a adoção de soluções parciais, sem ter uma

visão sistêmica das partes, pode acarretar o surgimento de problemas patológicos

em intensidade e extensão que anularão as potnciais vantagens do emprego de

processos racionalizados em subsistemas de edificações.

3.1 PROJETO RACIONALIZADO

Para Barros (2003), o atual processo de projeto, que enfatiza a definição do

produto sem levar em conta as necessidades de produção, pouco contribui para o

avanço tecnológico nos canteiros de obras, pois contém apenas a definição do

produto, os dimensionamentos necessários, mas, não revelam como a produção

deve ocorrer.

Segundo Thomaz e Helene (2000), os projetos das alvenarias de vedação

têm se restringido ao comportamento mecânico e à coordenação dimensional com

outros elementos, como caixilhos e vãos estruturais.

Grimm (1982 apud Medeiros 1998) afirma que a consideração adequada dos

fatores intervenientes na elaboração do projeto e o controle durante a execução da


50

obra podem reduzir significativamente a ocorrência de problemas patológicos, bem

como reclamações e manutenção.

Para Franco (1998), o desenvolvimento de projetos voltados para a

produção é uma importante estratégia para a racionalização construtiva, pois

segundo o autor, ao projeto de produção compete:

Æ Servir como ferramenta de coordenação do projeto;

Æ Servir como base para o planejamento da produção do subsistema vedações

e dos subsistemas com os quais tem interferência;

Æ Detalhar tecnicamente a produção deste subsistema, alternativas de materiais

e técnicas construtivas a serem empregadas em cada caso;

Æ Servir como canal de comunicação eficiente entre o projeto, planejamento e a

produção, e todos os setores envolvidos na produção;

Æ Servir como base para o controle da produção da execução da vedação

vertical.

O projeto para a produção de paredes de alvenarias de forma racionalizada

poderá, segundo Silva (2003), reabilitar e processo de produção que vem sendo,

indevidamente, responsabilizado por todos o problemas decorrentes do

equacionamento insatisfatório dos fatores intervenietnes no processo de produção

de edifícios construídos pelo processo construtivo tradicional.

O projeto para produção de alvenarias de vedação conduzem

sistematicamente à observação do projeista para todos os pontos onde é frequente

o apareceimento de conflitos, incorreções, dificuldades executivas e manifestações

patológicas. E, segundo Franco (1998), é ainda uma importante ferramenta de

coordenação dos projetos pois possui interface com diversos subssistemas da

edificação.
51

Para Barros (2003), é muito importante a referência de quando se deverá

realizar o projeto para produção de alvenarias. Segundo a autora, quando o projeto

de alvenaria começar a ser realizado em conjunto com o de arquitetura, estrutura e

instalações, antes que estes projetos estejam em fase adiantada de

desenvolvimento, será possível imprimir um elevado grau de racionalização ao

processo construtivo.

Nessa situação, as interferências entre os diversos subsistemas, tais como

modulação, passagens de instalações, posicionamento de “shafts”, detalhes para

impermeabilização, entre outras, poderão ser identificadas e, portanto, poderão ser

minimizadas, procurando-se a solução ótima.

Por outro lado, Barros (2003) ressalta que o potencial de racionalização é

reduzido para uma edificação que tenha o conjunto de projetos executivos prontos,

pois se perde a oportunidade de compatibilizar:

Æ Vãos da estrutura com a modulação da alvenaria, sendo necessário o corte

de blocos;

Æ Modulação da alvenaria com as aberturas para esquadrias de portas e

janelas

Æ Posicionamento das instalações com as características da alvenaria,

inviabilizando, muitas vezes, a proposição de “shafts”, ou mesmo a

passagens dos dutos pelos componentes.

Mesmo nesta situação, ainda que se tenha um menor potencial de

racionalização, a autora afirma que é desejável a realização do projeto de alvenaria

de vedação. O desenvolvimento do projeto nesta fase permitirá identificar quais

blocos deverão ser cortados para compatibilizar a alvenaria com a modulação da

estrutura, de que forma a alvenaria deverá estar ligada à estrutura, como será a
52

relação alvenaria-esquadria, definindo-se, então como deverão ser realizadas as

vergas e contravergas e como será a relação alvenaria x instalações.

3.1.1 Qualidade do projeto de alvenarias de vedação

O projeto de alvenarias de vedação deve apresentar soluções adequadas

para os vários subsitemas do edifício que tem interferência direta com a vedação

vertical. Franco (1998) destaca diversos aspectos que devem ser analisados para

garantir o desempenho da vedação vertical:

Æ O relacionamento da vedação vertical com a estrutura na qual está inserida;

Æ A análise da coordenação dimensional entre os vários elementos que compõe

a vedação vertical e elementos dos outros subsistemas da edificação, para

que não haja a necessidade de ajustes, arremates ou improvisações, que

sempre geram desperdício e diminuição da produtividade durante a

execução;

Æ Especificação dos materiais e componentes com as características desejáveis

em cada uma das distintas situações de solicitação a que a vedação vertical

pode estar sujeita, facilitando o controle da execução das tarefas em obra;

Æ Técnicas de produção adequadas para a execução racionalizada dos serviços

e parâmetros para o planejamento e controle da produção, como a forma de

preenchimento das juntas de assentamento e espessura;

Æ Interferências com componentes da vedação vertical, esquadrias e

revestimentos;

Æ Interferências entre as vedações verticais e as instalações prediais hidro-

sanitárias;
53

Æ Interferências com a vedação horizontal, seus revestimentos e sistemas de

impermeabilização empregados.

Para que o atenda às necessidades de produção, Barros (1998) apresenta

as definições que o projeto voltado para racionalização de alvenarias deverá

contemplar:

Æ Posicionamento da primeira fiada a partir de um eixo preestabelecido na obra

e coincidente com os demais projetos;

Æ A planta de primeira e segunda fiadas (distribuição dos componentes);

Æ As elevações das paredes contendo instalações ou aberturas;

Æ As características de preenchimento das juntas entre os componentes e na

ligação alvenaria estrutura;

Æ As características das juntas de controle;

Æ As características das amarrações entre fiadas;

Æ As características e o posicionamento da amarração da alvenaria com a

estrutura;

Æ Posicionamento, o dimensionamento e as características de produção de

vergas e contravergas;

Æ Posicionamento e as características das passagens de instalações;

Æ As características da argamassa a ser empregada.

Além destas definições, Thomaz e Helene (2000) apresentam como

necessária a apresentação das seguintes informações:

Æ Especificação de todos os materiais de construção necessários, traços

indicativos de argamassas de assentamento e encunhamento;

Æ Memorial descritivo da construção, forma de locação das paredes, execução

dos cantos, escoramentos provisórios frente à ação dos ventos, prazos de


54

execução da estrutura, elevação das paredes, encunhamentos, forma de

fixação de marcos e contramarcos;

Æ Coordenação e estudos das interferências com os projetos de estruturas,

instalações, impermeabilizações e outros;

Æ Eventual necessidade de cintas ou pilaretes de reforço para paredes altas

e/ou longas;

Æ Detalhes construtivos de ligações com pilares, encontros entre paredes,

vergas e contravergas, cintas de amarração, presença de peitoris, fixação de

caixilhos, embutimento de tubulações.

3.1.2 Recomendações para minimizar os efeitos da deformações da esturtura

Para Franco (1998), é de fundamental importância a análise do projeto

estrutural para determinar as características inerentes dos vedos que irão compor o

subsistema e os detalhes construtivos necessários ao bom desempenho deste de

acordo com as solicitações esperadas, tais como a forma de ligação dos elementos

da vedação vertical com a estrutura em cada uma das situações de projeto.

As informações importantes do projeto estrutural são as dimensões dos

elementos estruturais (lajes, vigas e pilares), as distâncias de face-a-face dos pilares

que definem os vãos de paredes utilizados na sua paginação e a altura do pé-direito

estrutural. É importante também verificar se na concepção estrutural a alvenaria

funciona como travamento da estrutura. (REVISTA EQUIPE DE OBRA, 2008)

Thomaz e Helene (2000) apontam também a necessidade do projeto de

alvenaria de vedação ser compatível com os projetos de fundação e estruturas, no

que se refere à previsão de recalques diferenciados e de deslocamentos de vigas e

lajes, rigidez e prazos de retirada de cimbramentos e escoramentos residuais, plano


55

de elevação das alvenarias, e sempre que necessário, deverão ser previstos

detalhes construtivos que garantam o trabalho harmônico e solidário entre estruturas

mais flexíveis e paredes menos flexíveis.

Estes detalhes construtivos devem ser previstos já na etapa de projetos,

evitando, já nesta fase, a ocorrência de fissuras, destacamentos e outras anomalias.

Em situações críticas de deformações diferenciais entre a estrutura e a

vedação vertical, Franco (1998a), recomenda que detalhes para a desvinculação

das paredes da estrutura devem ser concebidos já na etapa de concepção do

sistema construtivo, e que o projeto apresente detalhes como juntas de

movimentação e trabalho, separando as vedações verticais da estrutura ou

elementos da própria vedação vertical, levando em consideração os efeitos destes

detalhes na etapa de execução e as interferências em outros subsistemas, inclusive

mudanças estéticas.

Para Medeiros, 1999, o surgimento de fissuras e trincas em paredes de

alvenaria de vedação pode ser evitado através de especificação e projeto

adequados das estruturas e vedações de modo a limitar as tensões atuantes a

níveis compatíveis com as resistências das paredes e suas interfaces.

Silva (2003) relata a necessidade de os projetistas de alvenaria e estruturas

considerarem criticamente os valores limites da norma brasileira de estruturas de

concreto armado, para que o projeto de alvenaria possa apresentar detalhes

construtivos da interface alvenaria/estrutura compatível com o vínculo desejado

entre as paredes e os elementos estruturais.

A mesma autora apresenta a necessidade da definição, na etapa do projeto,

da argamassa de preenchimento e o momento da exeucção das juntas horizontais


56

de fixação que promovem a ligação superior da alvenaria ao elementos estrutrurais,

e ainda, recomenda utilizar espessura de projeto de 30 mm.

3.1.3 Recomendações para garantir o desempenho estrutural das alvenarias

Para Silva (2003), compete ao projetista a definição dos componentes das

paredes de alvenaria, basicamente as unidades e as juntas de argamassa,

considerando:

Æ As exigências de desempenho estabelecidas para o subsistema vedações

verticais;

Æ A disponibilidade local de componentes para alvenaria;

Æ Mão-de-obra, ferramentas e equipamentos;

Æ Condições relaticas a prazos e custos.

A deformação da alvenaria normalmente causa o aparecimento de fissuras,

sendo necessário, no projeto, limitar os comprimentos de painéis através da

inserção de juntas de controle, a fim de que não ocorram elevadas concentrações

de tensão em função das deformações impostas ao painel. (SILVA 2003)

3.1.4 Disposição das paredes em relação aos pilares

As paredes de vedação poderão ser projetadas de forma três formas em

relação aos pilares: (THOMAZ E HELENE 2000)

Æ Eixos coincidentes com os eixos dos pilares;

Æ Alihadas por uma das faces dos pilares ;

Æ Passando por fora dos pilares.


57

O IPT citado por Thomaz e Helene (2000) relaciona os fatores que devem

ser considerados no estudo da disposição das alvenarias em relação aos pilares:

Æ Paredes passando fora dos pilares evitam problemas de destacamentos entre

alvenarias e pilares, mas as flechas desenvolvidas nas extermidades dos

balanços poderão prejudicar estas paredes, além de alvenarias muito

extensas necessitarem de inserção de juntas de controle;

Æ Ocorrerão maior ou menor incidência de recortes nos pisos e forros,

dependendo da disposição das paredes em relação aos pilares.

3.1.5 Interferências entre alvenaria e esquadrias

O projeto de alvenarias deverá prever, confrome Silva (2003), detalhes das

condições de incorporação dos seguintes componentes no subsistema vedações

verticais:

Æ Tipo de fechamento das aberturas;

Æ De proteção destas aberturas (peitoris, pingadeiras superiores ou proteção

lateral);

Æ Destinados a absorver e distribuir tensões concentradas nos vértices das

aberturas.

No que se refere à interferência entre alvenarias e esquadrias, Barros (1998)

destaca as seguintes ações de racionalização para minimizar estes conflitos,

resgatando para a etapa de projeto a responsabilidade pela adequação técnica e

exeqüibilidade:

Æ Emprego de vergas e contravergas pré-fabricadas em substituição às

moldadas no local;
58

Æ Especificação de contramarcos pré-moldados para as janelas, eliminando-se

a necessidade dos elementos de reforço citados anteriormente;

Æ Emprego de batentes metálicos incorporados á alvenaria durante a sua

elevação;

Æ Utilização de portas e janelas paliçada “prontas”, após a execução dos

revestimentos e pinturas, com sistemas de fixação adequados.

3.1.6 Interferênicas com o subsistema instalações prediais

Como destacado anteriormente, a racionalização da vedação vertical não

passa apenas pelo projeto da alvenaria, mas também pela necessidade de

intervenção nos sistemas prediais, que não raras vezes provocam manifestações

patológicas no subsistema vedações.

Barros (1998) alerta para esta necessidade, orientando que ao se conceber

sistemas prediais de edifícios deve-se fazê-lo de maneira sistêmica, visando à

facilidade de manutenção de seus elementos.

Segundo a autora, esta interferência pode ser minimizada com a utilização

de “shafts” visitáveis tanto para prumadas como para ramais de distribuição. E,

quando não for previsto no projeto, a tubulação de pequeno diâmetro poderia ser

embutida nos alvéolos dos próprios componentes, enquanto que os de maior

diâmetro deverão receber tratamento adequado no projeto de produção, durante a

compatibilização de projetos.

Nesta mesma linha, Silva (2003) alerta que considerações sobre o processo

executivo e o desempenho futuro da alvenaria são imprescindívies na fase de

projeto, principalmente no que se refere a espessuras para garantir abrigo ou

suporte de outros componentes.


59

Para Silva (2003) o embutimento de tubulações hidráulicas e sanitárias nas

alvenarias deve ser sempre evitada, não apenas pelas dimensões requeridas mas

também pela possibilidade de vazamentos e consequentes dificuldades e custos de

reparação e manutenção.

3.1.7 Recomendações para minimizar a ação da água na etapa de projeto

Segundo Medeiros (1998), a maioria dos autores destaca a qualidade no

projeto como o principal fator ara tornar uma parede resistente à penetração de

água, pois é nesta etapa que se compatibilizam as condições de exposição da

edificação com as características necessárias para as paredes apresentem

desempenho adequado.

Um dos apectos relevantes, segundo Thomaz e Helene (2000), é a

arquitetura das fachadas, pois as alvenarias localizadas nas fachadas têm a

importante função de proporcionar estanqueidade à água ao edifício, um vez que a

penetração de umidade pode provocar o desenvolvimento de fissuras e

desagregações.

Os autores sugerem que deva se considerar no projeto, que as lâminas de

água sejam deslocadas o mais rapidamente possível das fachadas, lançando-se

mão de detalhes construtivos como posicionamento das alvenarias em relação à

estrutura, beirais, pingadeiras, peitoris, reentrâncias, etc.

Para Medeiros (1998), é muito comum deparar-se com edificações mais

novas sem beirais e pingadeiras, apresentando, com freqüência, sinais de

deterioração precoce.

A seguir serão realcionadas algumas recomendações, que, segundo

Medeiros (1998), resultam na obtenção de paredes resistentes à ação da água:


60

Æ Projetar paredes externas de pelo menos 14 cm de largura revestidas com

argamassa;

Æ Adotar detalhes no projeto arquitetônico da fachada que controlem o fluxo de

água;

Æ Especificações adequadas de reforços e ligações com estruturas para evitar

fissurações, maior causa relacionada com a entrada de água nas edificações;

Æ Adequada instalação de rufos nas paredes de cobertura da edificação, pois

são importantes para evitar a infiltração de água pelo topo da parede;

Æ Adequada instalação de pingadeiras na fachada e nas regiões de aberturas,

para minimizar a quantidade de água que escorre pela superfície e a

deterioração e efeitos estéticos podem ocorrer, além de outros detalhes de

drenagem;

Æ Tratar adequadamente com selantes eleastoméricos as juntas de contorno

com esquadrias;

Æ Juntas de controle no nível da última laje devem ser tratadas com material

elastomérico, pois movimentações térmicas mais intensas podem causar

fissuras nas alvenarias.

Silva (2003) destaca a importância de se observar as interferências entre os

componentes do sistema da impermeabilização selecionado e as paredes,

especialmente na base das paredes em contato com a área a ser imperemabilizada,

como pisos laváveis, platibandas em terraços ou varandas e baldrames.

3.1.8 Como garantir o desempenho acústico em vedações verticiais

Os requisitos mínimos para o desempenho acústico das vedações verticais

deve ser garantidos a partir do projeto e construção do edifício, uma vez que,
61

quando colocado em utilização, a reparação posterior torna-se inviável

economicamente (BARING 1998)

No mesmo estudo desenvolvido pelo autor, existem alguns cuidados para se

conseguir a proteção acústica e que está, direta ou indiretamente, relacionado com o

projeto de vedações verticais, como evitar ruídos hidráulicos em paredes que não as

das próprias áreas “molhadas” (cozinha, banheiro e área de serviço).

Edificações com baixa qualidade acústica deverão ter projetos muito bem

resolvidos quanto aos aspectos de implantação e disposição dos cômodos e evitar

janelas com baixa isolação sonora.

Segundo Baring (1998), deve-se tomar o cuidado durante a implantação de

uma edificação com uso muito sensível a ruído, para que esta edificação não seja

construída em avenidas com trânsito pesado, ou, se não puder ser evitado, que suas

janelas não se abram diretamente para as avenidas, mas com atenção a outros

aspectos, como a proximidade com outros edifícios além da insolação e ventilação

do prédio.

Já para a disposição interna dos cômodos, o autor sugere como forma de

preservar o desempenho acústico, que quartos ou salas de unidades distintas sejam

adjacentes, sendo cozinhas e áreas de serviço mais adequadas a essa

contigüidade. Ainda para edifícios residenciais, cômodos para usos sensíveis a

ruídos não devem ser colocados juntos a poços de elevadores, caixas de escadas,

corredores, etc.
62

3.2 EXECUÇÃO RACIONALIZADA

Em contraponto à alvenaria tradicional, a alvenaria dita racionalizada

apresenta as seguintes características (REVISTA EQUIPE DE OBRA, 2008):

Æ Utilização de blocos de melhor qualidade, preferencialmente com furos na

vertical para facilitar a passagem de instalações;

Æ Planejamento prévio;

Æ Projeto da produção;

Æ Treinamento da mão-de-obra;

Æ Utilização de família de blocos com blocos compensadores para evitar a

quebra de locos na execução;

Æ Redução drástica do desperdício de materiais

Æ Melhoria nas condições de limpeza e organização do canteiro de obras.

Barros (1998) destaca que a simples elaboração do projeto de alvenaria, a

partir de um componente de modulação flexível, não garante a racionalização da

produção no canteiro, devendo seguir procedimentos de produção bem definidos,

envolvendo toda a equipe para treinamento da leitura dos projetos e da própria

execução, e definindo diretrizes claras de controle e recebimento dos serviços.

Para que a execução ocorra segundo os princípios da racionalização

construtiva é necessário envolver várias atividades, como as relacionadas ao setor

de compras, elaboração de procedimentos e contratação de mão-de-obra.

Barros (1998) cita como aspecto importante no treinamento da mão-de-obra

a implantação na empresa construtora de procedimentos de produção, orientando o

método construtivo, e contemplando as seguintes informações:

Æ Documentos de referência;
63

Æ Ferramentas e equipamentos a serem empregados;

Æ As condições para o início do trabalho, elencando as atividades que deverão

estar concluídas e os prazos de carência a serem observados;

Æ Definição das atividades preliminares à execução: limpeza do local, preparo

da estrutura, fixação de dispositivos de ligação alvenaria x estrutura;

Æ Condições e características para a demarcação da primeira fiada;

Æ Condições e características para a elevação, e definição dos vãos;

Æ Condições e características para fixação da alvenaria.

A autora ainda salienta que é importante cada empresa criar seus

procedimentos para produção das alvenarias racionalizadas, podendo-se tomar

inicialmente como base procedimentos disponibilizados em publicações, mas

adequando a nova tecnologia às características próprias de cada empresa.

Estudos feitos por Barros (2003), apontam a necessidade do

desenvolvimento da interface de projeto para produção de alvenarias com a

execução ocorrer durante a realização da obra, antecedendo a atividade a que se

refere o projeto, devendo conter os seguintes procedimentos:

Æ Preparação da execução da atividade no canteiro de obras, ou seja, o

planejamento do canteiro (por exemplo, áreas de estoques e maneira de

transporte de componentes, área para estoque e preparo de materiais,

disposição e tipos de equipamentos utilizados);

Æ Preparação da execução propriamente dita, com as cracterísticas das

ferramentas a serem utilizadas, o estabelecimento das frentes de trabalho;

Æ Seqüência de execução.
64

Silva (2003) apresenta diretrizes para a definição da seqüência de execução

de alvenaria em um processo racionalizado, com a determinação das condições

mais favoráveis ao início da elevação dos painéis e fixação à estrutura:

Æ Elevação da alvenaria: retardar ao máximo o início da elevação, devendo-se

ter a estrutura deformada em pelo menos dois pavimentos acima do qual será

iniciada a alvenaria e executar as alvenarias a partir de pavimentos

superiores (em lotes de pelo menos dois pavimentos, sendo ideal lote com

quatro pavimentos);

Æ Fixação de topo da alvenaria à estrutura: retardar ao máximo o início da

fixação, incorporando toda a carga permanente possível (contrapisos, por

exemplo), executando as fixações a partir dos pavimentos superiores e não

fixar alvenarias com menos de 14 dias da sua execução;

Æ Fixação de topo do último pavimento: ter concluído a alvenaria deste

pavimento há no mínimo 30 dias e após instalação do telhado (se houver) ou

isolamento térmico ou, quando não for possível, executar isolamento térmico

provisório e manter a te a instalação da cobertura prevista.

Em uma execução racionalizada, como visto anteriormente, é necessário o

planejamento prévio. Silva (2003) destaca os pontos importantes do planejamento

da seqüência das atividades no pavimento:

Æ Seqüência de preparo da estrutura: chapiscamento e colocação dos

elementos de ligação com pilares nos locais previstos pelo projeto;

Æ Seqüência de elevação da alvenaria, considerando características das

esquadrias, necessidade de embutimento de instalações, amarrações,

disponibilidade de equipamentos necessários.


65

Com este planejamento prévio, será possível, de acordo com a autora, o

dimensionamento das equipes, buscando máxima produtividade, otimização do uso

dos equipamentos e minimização da necessidade de transporte de componentes e

argamassa pelo pavimento.

Inicialmente, com a implantação de execução racionalizada, a produtividade

da mão-de-obra diminui em função da mudança de paradigma e da consulta ao

projeto de alvenaria, além do embutimento dos eletrodutos e caixilhos durante a

elevação das paredes. Em contrapartida, após o término da execução a parede está

pronta, sem necessidade de retrabalhos. (REVISTA EQUIPE DE OBRA, 2008)


66

4 DETALHAMENTO E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

Neste capítulo serão sistematizados procedimentos para a utilização de

técnicas e detalhamentos construtivos a serem empregados na produção das

alvenarias de vedação das situações que mais frequentemente têm prejudicado o

desempenho deste subsistema, determinando o aparecimento de manifestações

patológicas e comprometento a durabilidade da edificação como um todo.

Detalhar tecnicamente a produção da vedação vertical é um dos principais

objetivos da elaboração de um projeto de vedação vertical, segundo Franco (1998),

devendo ter como premissas o desempenho da vedação vertical, a visão sistêmica,

levando em consideração os demais subsistemas do edifício de forma que o

desempenho do conjunto não seja afetado por problemas de incompatibilidade entre

os subsistemas.

Através do detalhamento da vedação vertical durante a fase de projeto, é

possível retirar a necessidade de definições técnicas no momento da execução da

obra, que, na maioria das vezes, são baseadas em preferências pessoais ou

intuição, e nem sempre coerentes com o desempenho esperado para estes

subssitemas.

A seguir, serão apresentadas metodologias e procedimentos, que,

adequando-se às realidades das empresas, permitam racionalizar as atividades

construtivas e melhorar o desempenho das edificações a serm construídas.

Contudo, não se pretende elencar soluções padronizadas, aplicáveis a qualquer

projeto, mas sim, apresentar as partes do edifício que são frequentemente causas

de problemas, cabendo ao projetista avaliar as soluções favoráveis ou não a cada

projeto e buscar soluções construtivas adequadas à situação.


67

4.1 RECOMENDAÇÕES PARA DIMINUIR OS EFEITOS NOCIVOS DAS

DEFORMAÇÕES DAS ESTRUTURAS

As técnicas construtivas empregadas na execução de estruturas e outros

subsistemas da edificação podem se tornar preponderantes no mecanismo

indesejável de transmissão de esforços das estrutruas de concreto armado para as

vedações verticais, conforme demostram estudos feito por Franco (1998a),

relacionado as exigências do mercado para maior eficiênica e rapidez na construção

das edificações.

O autor cita o aumento da velocidade da execução da estrutura, que

associada ao aproveitamento do sistema de formas, leva a menores períodos para a

retirada dos escoramentos e ao carregamento precoce da estrutura. Nestas

situações, a diminuição do intervalo entre a execução da estrutura e das vedações

verticais, acaba por solicitar ainda em idades iniciais de cura, tornado as

deformações iniciais e lentas previsivelmente maiores.

Para Franco (1998a), o planejamento intregrado da execução das vedações

verticais e das estruturas podem proporcionar soluções para diminuir os efeitos

nocivos das deformações das estruturas sobre a alvenaria de vedação, diminuindo a

níveis aceitáveis a possibilidade de surgimento de problemas patológicos, dentre

elas:

Æ Retardar-se ao máximo o início da execuçaõ das vedações verticais,

possibilitando que a maior parcela de deformação da estrutura já tenha

ocorrido;

Æ Modificar a seqëncia executiva, carregando a estrutrua com a maior parcela

possível de cargas permanentes, antes da execução da vedação vertical ou


68

da ligação desta com a estrutura. Uma das possibilidades é a execução

prévia dos contrapisos;

Æ Executar as alvenarias e ligá-las à esturtura partindo dos pavimentos

superiores, para não acumular tensões excessivas sobre as paredes dos

primeiros pavimentos;

Æ Utilizar técnica adequada para ligação entre estruturas e vedações verticais.

Para Sabbatini (1998), o caminho mais racional nesta fase da construção

civil brasileira, seria a recuperação do equilíbrio alvenaria-estrutura, compatibilizando

as deformações da estrutura com a capacidade da alvenaria de absorvê-las.

4.1.1 Interface alvenaria estrutura (encunhamento)

Silva (2003) recomenda cuidados na fixação superior da alvenaria na

estrutura, quando esta é muito deformável, para que as ligações não resultem em

tensões indesejáveis, inclusive nos subsistemas associados à vedação. A menos

que seja recomendado no projeto estrutural o vínculo necessário, no preenchimento

das juntas de fixação horizontal deve ser utilizada argamassa com baixo módulo de

deformação.

Já Thomaz e Helene (2000), sugerem que os encunhamentos com lajes ou

vigas superiores, sejam executados com o assentamento inclinado de tijolos de

barro cozido, empregando-se argamassa relativamente fraca, criando-se uma

espécia de “colchão deformável” para amortecer as deformações que seriam

transmitidas à parede. A utilização de fixação com argamassa fraca em cimento, é

recomendada para os casos de projetos modulados, onde a última fiada de blocos

praticamente faceia o componente estrutural.


69

FIGURA 2 - ENCUNHAMENTO SUGERIDO POR THOMAZ E HELENE

(FONTE: Thomaz e Helene, 2000)

Loordsleem(2004) recomenda para as alvenarias de vedação envoltas por

estrutura deformável e que não sejam de contraventamento a aplicação de espuma

de poliuretano, ou a aplicação de uma argamassa rica em cal e com baixo teor de

cimento (1:3:12 cim:cal:areia, em volume, por exemplo) ou ainda uma argamassa de

assentamento aditivada com polímeros para melor absorver estas defromações,

resultando em ligações flexíveis.

Quando a alvenaria de vedação funcionar como contraventamento da

estrutura, é necessário que exista ligação efetiva e rígida entre elas. Para este

ligação, Loordsleem(2004) recomenda três técnicas. A utilização de cunhas de

concreto pré-fabricadas, permitindo que a alvenaria trabalhe rigidamente ligada à

estrutura, o encunhamento por meio de tijolos cerâmicos maciços inclinados, e o

preenchimento com argamassa expansiva, mas esta última técnica pode ocasionar

solictações diferenciadas e concentrações de tensões, trazendo problemas à

alvenaria.
70

4.1.2 Interface com estruturas flexíveis

Em estruturas intencionalmente flexívieis, Thomaz e Helene (2000) sugerem

a ancoragem superior das paredes com insertos de aço (φ 6mm espaçados a cada

2m) fixados nas vigas ou lajes mediante furação (broca de 8mm com profundidade

de 5 a 6cm), limpeza e colagem com resina epóxi. O acabamento poderia ser

executado com moldura de gesso ou selante flexível.

FIGURA 3 - LIGAÇÃO DE ALVENARIA EM ESTRUTURA MUITO DEFORMÁVEL

(FONTE: Thomaz e Helene, 2000)

Os mesmos autores sugerem, que, no encontro de alvenarias com pilares de

estruturas muito deformáveis sejam adotadas juntas flexíveis, para limitar a

introdução de tensões nas alvenarias pelas deformações das estruturas e para evitar

destacamentos em função das movimentações higrotérmicas do material da

alvenaria. Thomaz e Helene (2000) sugerem aplicação de poliestireno expandido ou

cortiça, sendo introduzido sob pressão, apresentando espessura um pouco maior do

que a folga. Thomaz (1989) sugere como material deformável a utilização


71

poliuretano. A ancoragem destas paredes deverá ser feita, segundo Thomaz e

Helene (2000) com ferro cabelo.

FIGURA 4 - LIGAÇÃO VIGA PILAR EM ESTRUTURA FLEXÍVEL

(FONTE: Thomaz e Helene, 2000)

4.1.3 Ligações com pilares

Quando as alvenarias forem projetadas concorrentes com os pilares,

deverão ser detalhadas as ligações com os mesmos, considerando as diferentes

prorpiedades térmicas enrre o concreto estrutural e o material dos blocos, os

gradientes térmicos nas fachadas, as dimensões dos panos e a flexibilidade da

estrutura. Thomaz e Helene (2000)

Para Thomaz e Helene (2000), as ligações com os pilares poderão ser

executadas com ferros de espera dobrados introduzidos na armadura do pilar e

faceando internamente a forma.


72

Outra maneira, seguindo os mesmos autores, é a colocação de “ferros-

cabelo” posteriormente colados em furos executados com brocas de vídea φ 8 mm e

colagem com resina epóxi. Neste caso, recomenda-se adotar dois ferros de φ 6 mm

a cada 40 ou 50 cm, com transpasse de aproximadamente 50 cm.

FIGURA 5 - POSICIONAMENTO DO FERRO-CABELO NA ALVENARIA

(FONTE: Sabbatini Franco, Barros, 2007a)

Nas duas opções, as faces internas dos pilares devem receber chapisco de

cimento areia 1:3 ou argamassa colante aplicada com desempenadeira dentada. A

ligação ainda poderá ser reforçada com a inserção de tela metálica na argamassa

de revestimento, conforme mostra a FIGURA 6.

FIGURA 6 - UTILIZAÇÃO DE TELA NA LIGAÇÃO ALVENARIA X PILAR

(FONTE: Thomaz e Helene, 2000)


73

Para Thomaz (1989), a prática construtiva de ligação com emprego de

argamassa, chapiscando previamente o pilar e a introdução de ferros de espera,

funciona bem em estruturas mais rígidas, com o revestimento absorvendo

parcialmente as movimentações ocorridas e raramente ocorrendo retração em

material cerâmico. Assim sendo, esta prática somente é recomendada pelo autor,

para utilização em vedações de estruturas razoavelmente rígidas e paredes não

muito extensas.

Silva (2003) recomenda o emprego de reforços metálicos para a fixação das

alvenarias aos pilares nas seguintes paredes:

Æ Sobre lajes em balanço, com ou sem viga de bordo;

Æ Parede de comprimento superior a 12,00 m ou paredes com comprimento de

5 a 12 m sobre elementos estruturais deformáveis;

Æ Trechos com uma extremidade livre, com comprimento inferior a 1/3 da altura;

Æ Trechos que ficam seccionados em toda a altura devido ao embutimento de

prumadas;

Æ Submetidas a vibração contínua;

Æ Extremidade superior livre;

Æ Paredes do primeiro pavimento em edifícios sobre pilotis, em estruturas muito

deformáveis.

Quando a ligação for feita através de tela metálica, Lordsleem (2004)

recomenda que seja eletrossoldada de malha 15x15mm e fio de 1,65mm, fixada nos

pilares através de dois pinos de aço zincado distanciados de 60 mm, aplicados pelo

o tiro de uma pistola adequada, com penetração de no mínimo 20 mm no concreto.

As telas, estas devem ter 40 cm de seu comprimento assentados na junta de


74

argamassa e pelo menos 5 cm na fixação do pilar e espessura quase igual à da

parede ( espessura menos 1 a 2 cm).

O autor recomenda ainda que estas amarrações sejam posicionadas na

altura das juntas ímpares, a partir da terceira junta, considerando-se que a primeira

seja a de assentamento da fiada de demarcação.

FIGURA 7 - FIXAÇÃO DE TELA METÁLICA

(FONTE: Revista Equipe de Obra, 2008)

FIGURA 8 - LIGAÇÃO DO PILAR COM ALVENARIA ATRAVÉS DA COLOCAÇÃO


DE TELA METÁLICA

(FONTE: Franco, 1998)

Estudos desenvolvidos por Medeiro e Franco (1999), verificam que as telas

soldadas empregadas conjuntamente nas amarrações entre paredes e nas ligações


75

de paredes com pilares podem representar um ganho de produtividade na execução

de alvenarias entre 20 a 40% quando comparadas às soluções convencionais com

ferro cabelo e amarrações com blocos.

Nestes mesmos estudos, os autores identificam algumas vantagens de

ordem técnica em relação à solução tradicional de ferro-cabelo.

Æ O tradicional ferro cabelo sem dobra é ineficiente para evitar trincas de

interface parede-pilar;

Æ O ferro cabelo dobrado e as fitas metálicas apresentam desempenho limitado

e são muito influenciados pela qualidade de execução quando comparados

com as telas metálicas;

Æ A tela é mais fácil de ser posicionada no interior da junta horizontal de

argamassa que as barras, chapas e fitas, principalmente por ter fios de

pequeno diâmetro distribuídos ao longo da seção, impedindo que a mesma

encoste facilmente na superfície do bloco da fiada inferior;

Æ As telas metálicas em geral, resistências ao arrancamento bem menos

dispersas que os outros dispositivos avaliados;

Æ A combinação de tela de fio de pequeno diâmetro e argamassa de baixo

módulo se mostra a mais interessante para o caso de alvenarias de vedação.

Pelas considerações acima, recomenda-se a substituição da solução

tradicional pelo emprego de telas metálicas nas ligações parede-pilar, para aumentar

a racionalização e a qualidade final do subsistema.


76

4.2 RECOMEDAÇÕES PARA GARANTIR O DESEMPENHO ESTRUTURAL DAS

VEDAÇÕES

Para fazer frente às tensões impostas às vedações verticais, pelas

solicitações externas causadas pelas deformações das estruturas ou pelas

variações volumétricas internas causadas pelas variações de temperatura ou

umidade, Franco (1998a), alerta sobre os cuidados com a execução das paredes de

alvenaria, que segundo o autor, é fator preponderante para o seu bom desempenho

da vedação vertical.

Destaca ainda procedimentos que comprometem, além da qualidade dos

serviços, o desempenho futuro dos elementos de vedação vertical, trazendo prejuízo

a aderência:

Æ Assentamento dos componentes contaminados por material pulverulento;

Æ Falta de cuidados com a cura das paredes de alvenaria;

Æ Falta de uniformidade na produção da alvenaria;

Æ Falta de controle da resistência dos componentes quando do recebimento em

obra, que geralmente estão abaixo dos valores mínimos estabelecidos pela

NBR 7171/92 (ABNT, 1992).

O desempenho estrutural das vedações verticais será melhorado com a

adoção das seguintes técnicas construtivas (FRANCO, 1998):

Æ Definição da espessura e forma de preenchimento das juntas de

assentamento, através de técnicas tradicionais ou inovadoras, como

utilização de juntas verticais sem preenchimento ou de cordões no

assentamento da junta horizontal;


77

Æ Colocação de reforços para garantir a resistência das partes das vedações

verticais, como nas extremidades das aberturas ou de grande deformação.

Em juntas horizontais, Silva (2003), espessuras fora do intervalo de 8 a 12

mm, podem reduzir a capacidade da alvenaria absorver deformações (espessuras

menores que 8 mm) ou reduzir sua capacidade de aderência e resistência mecânica

e provocar maior consumo de argamassa ( espessuras maiores que 12 mm).

No processo tradicional, as juntas verticais são totalmente preenchidas, com

espessuras médias de 10 mm. Atualmente estão se adotando processos onde as

juntas verticais não são preenchidas (espessura menor que 8 mm), que segundo

estudos feitos por Franco (1994 apud Silva 2003), não comprometem o desempenho

da alvenaria frente aos esforços de compressão e ainda aumentam a capacidade de

acomodar deformações.

Segundo Silva (2003), juntas secas não podem ser utilizadas nas paredes

submetidas a esforços excepcionais, pois estas paredes devem ser menos

deformáveis, tais como paredes:

Æ Executadas sobre balanços;

Æ De comprimento superior a 12 m, para blocos cerâmicos;

Æ Paredes esbeltas onde a relação altura/espessura seja superior a 30;

Æ Paredes não fixadas superiormente, como platibandas e varandas;

Æ Submetidas a vibração contínua, como paredes de casas de máquinas ou

que contenham condicionadores de ar ou elevadores;

Æ Sujeitas a choques, como paredes de garagens;

Æ De pavimentos superiores em edificações sujeitas a ação intensa de ventos;

Æ Com comprimento menor que 1/3 da altura;


78

Æ Submetidas a intensos esforços de deformações da estrutura, como paredes

que se apóiam em lajes de pequena espessura (menor que 1/60 do

comprimento do vão) ou executadas sobre vigas de pequena altura (menor

que 1/16 do cumprimento do vão);

Æ Paredes de escadas pressurizadas ou com interferência de instalações;

Æ É recomendado também que sejam preenchidas juntas verticais de ajuste

para corrigir eventuais desvios nos pilares e promover ajustes decorrentes de

variações dos componentes e distribuir as tensões nos encontros de paredes;

Æ Por questões construtivas, juntas posicionadas sob o peitoril das janelas,

quando a contraverga é descontínua, e juntas de fiada de marcação para

assegurar o posicionamento dos componentes.

Para paredes com altura superior a 3m, Thomaz e Helene (2000) sugerem a

previsão de cintas de amarração intermediárias em concreto, convenientemente

armadas (recomendando-se no mínimo 2 φ 6mm). Acima de 5m, as paredes deverão

ser dimensionadas como alvenarias estruturais.

4.3 RECOMEDAÇÕES PARA MINIMIZAR A INTERFERÊNCIA ENTRE

ALVENARIA E ESQUADRIA

Franco (1998) observa que está havendo uma preocupação maior quanto à

forma de execução de alguns serviços que interferem nas vedaçõs verticais, como é

o caso das esquadrias.

Tradicionalmente, as esquadrias de portas e janelas são instaladas após a

completa elevação das paredes. Para portas com guarnições em madeira o

acabamento é obtido com o asentamento de alizares (vistas) para dissimular as


79

fissuras da movimentação diferenciada entre os componentes da alvenaria,

argamassa de chumbamento, revestimento e os componentes da esquadria. Na

maioria das vezes, esta solução normalmente empregada, não assegura um bom

desempenho desta interface, uma vez que as grapas para fixação das aduelas não

chegam a atingir a alvenaria e o seu desempenho fica dependendo da capacidade

da argamassa absorver as movimentações diferenciais. (SILVA, 2003)

FIGURA 9 - INSTALAÇÃO TRADICIONAL DE BATENTES DE MADEIRA

(FONTE: Silva, 2003 (Adaptado))

Silva (2003) apresenta alternativas construtivas para o emprego de aduelas

de madeira em vãos de portas, na tentativa de prevenir contra a formação de

fissuras.

A proximidade de portas aos pilares, determina a constituição de pequenos

trechos de alvenaria de difícil execução e sujeitos a movimentações diferenciais em

relação ao pilar e movimentações das portas, como mostrado na figura aseguir. Para

a prevenção de fissuras nesta região, Silva (2003), recomenda a fixação das

aduelas diretamente nos pilares, através de conectores metálicos.


80

FIGURA 10 - SITUAÇÃO INDESEJÁVEL PARA INSTALAÇÃO DE PORTAS

(FONTE: Silva, 2003 (Adaptado))

A mesma autora sugere que sejam utilizados espaçadores de madeira entre

a aduela de madeira e a parede de alvenaria para evitar a utilização de “bonecas” de

alvenaria e eliminar o acabamento com alizares. No caso do projeto especificar a

utilizacão das “bonecas”de alvenaria, a dimensão mínima a ser executada será com

a metade do componente de alvenaria em uso.

FIGURA 11 - UTILIZAÇÃO DE ESPAÇADOR DE MADEIRA

(FONTE: Silva, 2003 (Adaptado))


81

Visando otimizar a produtividade da obra e assegurar um bom padrão de

acabamento, Silva (2003)destaca a utilização cada vez mais frequente de gabaritos

metálicos, batentes envolventes, contramarcos metálicos ou pré-moldados.

FIGURA 12 - INSTALAÇÃO DE BATENTE METÁLICO

FIGURA 13 - INSTALAÇÃO DE PORTO COM ESPUMA DE POLIURETANO

Para Franco (1998), técnicas de colocação de portas com a utilização de

espuma de poliuretano e a colocação de contramarcos de argamassa armada

durante a etapa de elevação das alvenarias permitem a instalação das esquadrias já


82

na fase de pintura e acabamento da edificação, diminuindo a interferência entre a

execução destes serviços e a execuçào da alvenaria.

Para as janelas, deverão ser avaliadas as interferências dos componentes

de proteção, ou seja, peitoris e pingadeiras, detalhados no item 4.6.

4.3.1 Vergas e contravergas

A produção de vergas e contravergas, que incorporadas à alvenaria para

distribuição das tensões que tendem a se concentrar nos cantos das aberturas de

portas e janelas, poderão ser executadas de várias maneiras, em função da

organização da obra e da disponibilidade de mão-de-obra e equipamentos.

Se corretamente dimensionadas, de acordo com as cargas atuantes sobre

paredes com aberturas, extensão do vão e da parede, as vergas evitam o

aparecimento de fissuras por efeito de cisalhamento, enquanto as contravergas

absorvem as tensões de tração na flexão. (SILVA, 2003)

A fim de absorver estas tensões, Thomaz e Helene (2000), sugerem:

Æ A utilização de vergas e contravergas com transpasse mínimo de 40 cm para

cada lado do vão;

Æ A utilização de vergas contínuas no caso de vãos sucessivos;

Æ O dimensionamento de vergas e contravergas como vigas, no caso de portas

ou janelas de grandes dimensões;

Æ A não utilização de coxins laterais de distribuição (FIGURA 14) em

substituição a contravergas, pois tais elementos não redistribuem tensões

provocadas por movimentações térmicas ou distorções dos panosno plano

das paredes.
83

FIGURA 14 - DISPOSITIVOS DE DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES EM ABERTURAS

(FONTE: Thomaz e Helene, 2000 (Adaptado))

Mesmo que estes componentes sejam especificados em projeto como

moldados in loco, Silva (2003) sugere que se busque alternativas mais

racionalizadas, como o emprego de blocos tipo canaleta, que facilita a execução,

diminui o desperdício de materiais e mão-de-obra.

Para o dimensionamento de vergas e contravergas, Silva (2003) determina

que estes elementos tenham o tamanho correpondente ao vão mais o traspasse

compatível com as solicitações previstas, em função das dimensões do vão e da

parede em o vão está inserido. Em seus estudos, a autora apresenta parâmetros

recomendados para o dimensionamento destes elementos, e, mesmo que

empiricamente determinados, têm assegurado desempenho satisfatório aos

elementos.
84

QUADRO 12 - PARÂMETROS PARA DIMENSIONAR VERGAS

Vergas em painéis de alvenaria de blocos cerâmicos, até 8m


Comprimento máximo do vão (cm) Até 120 De 120 a 200 De 200 a 300
Traspasse lateral mínimo (cm) 10 10 20
Altura mínima dos componentes (cm) 5 5 10
Fazer análise de
Diâmetro da armadura (mm) 2φ 5,0 2φ 6,3
cargas envolvidas
OBS: Espessura da verga = espessura do bloco de vedação
Vãos maiores que 300cm, dimensioanr a verga como viga
Vão sucessivos adotar elementos contínuos
Fonte: Silva, 2003 pág. 119

QUADRO 13 - PARÂMETROS PARA DIMENSIONAR CONTRAVERGAS

Contravergas em painéis de alvenaria de blocos cerâmicos, até 8m


Comprimento máximo do vão (cm) De 60 a 120 De 120 a 200 Acima de 200
Traspasse lateral mínimo (cm) 30 45 60
Altura mínima dos componentes (cm) 5 5 10
Diâmetro da armadura (mm) 2φ 5,0 2φ 6,3 2φ 6,3
OBS: Espessura da verga = espessura do bloco de vedação
Vão sucessivos adotar elementos contínuos
Vão inferior a 60 cm não é necessário executar contraverga
Fonte: Silva, 2003 pág. 120

FIGURA 15 - PARÂMETROS PARA O DIMENSIONAMENTO


85

Silva (2003) faz ainda mais algumas considerações sobre o

dimensionamento e utilização de vergas e contravergas, seguindo as determinações

empíricas:

Æ Em paredes com comprimento superior a 8 m, o traspasse mínimo da verga

deverá ser de 25cm para qualquer vão até 2,60m;

Æ Além da altura mínima recomendada pelas tabelas, procurar adequar a

dimensão dasvergas e contravergas com a modulaçao vertical da alvenaria,

para minimizar recortes;

Æ Se o vão for projetado no fundo de vigas ou lajes, dispensará o uso de

vergas, no caso de portas, a opção seria a utilizaçaõ de bandeiras.

4.4 RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR A INTERFERÊNCIA COM

INSTALAÇÕES PREDIAIS

Para Franco (1998) a execução de instalações prediais de forma

racionalizada é um desafio, pois, no processo construtivo tradicional é um dos

serviços de maior interferência com a vedação vertical, pois tanto instalações

hidrosanitárias quanto elétricas são embutidas nas paredes.

Este embutimento de instalações é executado com o “rasgamento” de

paredes e posterior preenchimento e arremates dos rasgos efetuados, resultando

em baixa racionalização.

Uma das alternativas para racionalizar a execução destes serviços, e que,

conforme Franco (1998), vem sendo estudada, consiste na técnica de não executar

os rasgos, aproveitando os vazio na vedação vertical para passagem de instalações.


86

Silva (2003) apresenta outra solução para evitar rasgos na alvenaria.

Quando não for possível evitar o embutimento das tubulações, deverá haver a

interrupção da alvenaria para passagem das tubulações. Neste caso deverão ser

tomados cuidados para não prejudicar os procedimentos de execução de

revestimentos e seu desempenho, através da inserção de telas metálicas que

absorvam os efeitos da movimentação diferenciada entre as partes sem transmití-los

ás camadas de revestimento e acabamento.

FIGURA 16 - INTERRUPÇÃO NA ALVENARIA PARA PASSAGEM DE TUBOS

(FONTE: Silva, 2003 (Adaptado))

Quando não houver a previsão de shafts, SILVA (2003) recomenda que as

prumadas não sejam instaladas próximas a pilares, interseções de paredes, vãos ou

outros componentes que dificultem a constituição de trechos pequenos de alvenaria,


87

de difícil execução e controle, sem rigidez e monolitismo compatíveis com o restante

do painel e inadequados à transição com esquadrias.

Se não for possível evitar aguma destas situações, deslocar a tubulação

para próximo a pilares e detalhar a interface para previnir o aparecimento de

fissuras, através da aplicação de telas para absorção de movimentações

diferenciadas entre as partes.

FIGURA 17 - TUBULAÇÃO PRÓXIMA A PILARES

(FONTE: Silva, 2003 (Adaptado))

4.5 RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR OS EFEITOS DE MOVIMENTAÇÃO

TÉRMICA

As movimentações térmicas da laje de cobertura podem ocasionar diversas

manifestações patológicas as alvenarias do último pavimento das edificações, além

de situações indesejáveis devido ao efeito da dilatação térmica dos pilares que

acontecerá no último pavimento, uma vez que os mesmos só podem se expandir

para cima. (THOMAZ, 1989)

Diversos detalhes são sujetridos por Thomaz e Helene (2000), para prevenir

a ocorrência destas manifestações, podendo ser adotados isoladamente ou de

forma associada, em função da intensidade das movimentações:


88

Æ Dimensionamento de cintamentos em concreto armado, que, devido ao

reforço nencessário para resistir as tensões, se tornam antieconômicos;

Æ Adoção de armaduras nas juntas de assentamento das últimas fiadas;

Æ Adoção de reforços mais eficientes nos vértices dos vãos de janelas (vergas e

contravergas);

Æ Dessolidarização entre as paredes do último pavimento e a laje ou viga da

cobertura, com a introdução de material deformável, conforme item 4.1.1;

Æ Inserção de juntas de controle nas paredes muito longas do último pavimento,

dividindo-as em seções menores, capazes de absorver com maior facilidade

as deformações, através de, por exemplo, portas com bandeira;

Æ Inserção de tela metálica no revestimento, no encontro alvenaria x estrutura;

Æ Desvinculação das paredes nos encontros com pilares.

Para a desvinculação da parede nos encontros com pilares, Thomaz (1989)

sugere que a ligação seja feita com ferros de espera, mas empregando entre o pilar

e a parede um material deformável (poliuretano, por exemplo), arrematando-se o

encontro com selante flexível ou mata-juntas (conforme item 4.1.2).

FIGURA 18 - DETALHES CONSTRUTIVOS PARA EVITAR FISSURAS

(FONTE: Thomaz e Helene, 2000 (Adaptado))


89

As alternativas que envolvem práticas de construção de lajes para solucionar

os problemas de manifestações patológicas em alvenarias não serão abordadas

neste trabalho, podendo ser apresentadas em trabalhos futuros.

4.6 RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR OS EFEITOS DA AÇÃO DA ÁGUA

Segundo estudos feitos por Medeiros (1998), algumas técnicas construtivas

são adequadas a minimização do efeito da ação da água na edificação:

Æ Executar o revestimento de preferência após a conclusão de toda a alvenaria,

para evitar fissuras devido aos carregamentos nas primeiras idades e retração

das paredes;

Æ Molhar antes do assentamento, tijolos cerâmicos , que apresentam sucção

elevada;

Æ Controle do tempo de espalhamento da argamassa de assentamento para

não prejudicar a aderência;

Æ Limitação do tempo de uso e remistura da argamassa após a mistura inicial.

De acordo com o que recomenda Medeiros (1998) para o detalhamento de

projeto, seguem abaixo detalhes construtivos que visam minimizar o efeito deletério

da ação da água nas edificações.


90

FIGURA 19 - DETALHES CONSTRUTIVOS

Para evitar a presença de água na alvenaria acabada, Thomaz (1989)

sugere algumas providênicias a serem executadas, tais como: boa

impermeabilização da fundação, detalhes arquitetônicos nas fachadas das

edificações, revestimento da parede com película impermeável ou hidrófuga,

cobertura estanque e evitar empoçamento de água nas bases das paredes.

Perez (1986 apud Silva 2003) apresenta dispositivos de deslocamento da

película d’água (saliências e pingadeiras – 20 a 40 mm) que podem reduzir o volume

de água sobre os componentes por eles protegidos.

Silva (2003) destaca que, na maioria das vezes, os peitoris de janelas

resumem-se ao assentamento de lâminas de pedras ou placas de concreto de

comprimento equivalente a largura do vão, o que pode gerar pontos favoráveis à

concentração de água na lateral do peitoril. A figura 20 mostra como deverá ser feito

o detalhamento deste elemento para que possa de fato cumprir o desempenho

esperado, evitando a penetração de águas pluviais, além de evitar o surgimento de

manchas de umidade e sujeira na fachada.


91

FIGURA 20 - DETALHES PARA EVITAR A PENETRAÇÃO DE ÁGUA

(FONTE: Silva, 2003 (Adaptado))

4.7 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS PARA GARANTIR O DESEMPENHO

ACÚSTICO EM VEDAÇÕES VERTICIAIS

Em paredes de blocos cerâmicos sem revestimento, Baring (1998) alerta

para os cuidados durante a execução. O vazamento sonoropelos buracos e frestas

muito comuns nas paredes de blocos cerâmicos, podem ser resultantes de partes

quebradasdos tijolos ou de falhas de argamassa de assentamento, utilizada nas

juntas.

Outro problema relativo as juntas, segundo o mesmo autor, são as “juntas

secas”, comumente utilizadas em paredes de edifícios multipavimentos para aliviar

tensões resultantes da acomodação estrutural referenciando novos processos

construtivos. Para o desempenho acústico, estas juntas significam frestas verticais

entre os blocos que, aliadas a um revestimento muito fino, resultam no rebaixamento

dos valores do índice de redução sonora em determinadas faixas de frequência.


92

Para Thomaz e Helene (2000), o desempenho acústico será muito

influenciado por frestas ou descontinuidades nas juntas de assentamento, eventual

reverberação nos furos dos blocos e presença de revestimento, evidenciando

novamente os cuidados que se deve ter na fase de execução.


93

5 INSPEÇÃO

Neste capítulo será apresentada a importância da adoção de técnicas de

inspeção durante a execução de serviços, nesse caso durante a execução de

alvenaria de vedação.

O controle de qualidade da produção constitui-se no maior desafio de

implementação no processo de racionalização de uma atividade construtiva. Uma

das principais dificuldades diz respeito à ausência de uma metodologia de controle,

do que e como controlar. (LORDSLEEM, 2004)

Para o correto controle da inspeção é necessário que se saiba a correta

forma de execução da alvenaria de vedação, que apesar de ser de fácil execução,

requer alguns procedimentos construtivos que serão listados a seguir.

5.1 METODOLOGIA RECOMENDADA PARA EXECUÇÃO DE ALVENARIA DE

VEDAÇÃO

Ao se construir uma parede de vedação em alvenaria de blocos cerâmicos,

busca-se obter uma construção que atenda adequadamente aos requisitos exigidos

pelas funções que a parede deve desempenhar durante sua vida útil, sem que se

apresentem problemas patológicos neste subsistema. (LORDSLEEM, 2004).

Ainda segundo LORDSLEEM, as atividades envolvidas na execução da

alvenaria de vedação com blocos cerâmicos, podem ser agrupadas em quatro

etapas básicas: preparo da estrutura para receber a alvenaria, demarcação da

alvenaria, elevação e fixação da alvenaria.


94

5.1.1 Preparo da estrutura para receber a alvenaria

A correta técnica de execução da alvenaria de vedação está vinculada

principalmente à qualidade de execução da estrutura que a envolve, pois a vedação

deverá completar o vão por ela delimitado. As características de regularidade desse

vão irão determinar o posicionamento, a planeza e até mesmo o nivelamento da

alvenaria de vedação. Uma estrutura mal executada, sem controle de qualidade

pode implicar muitas vezes em conseqüências danosas para a execução da

alvenaria. (SABBATINI; FRANCO; BARROS, 2007a)

A construção das paredes de alvenaria deve começar 45 dias após

concretada a laje. Esse tempo é necessário para que a estrutura se acomode. Caso

seja executada antes desse tempo recomendado, é possível que a alvenaria sofra

deformações e até fissure. Esse dado deverá ser verificado no projeto. (Revista

Equipe de Obra)

A estrutura deverá ser preparada para o recebimento da alvenaria de

vedação, sendo iniciada pela limpeza cuidadosa do local em que será executada a

alvenaria. (LORDSLEEM, 2004). Os pontos de ligação alvenaria x concreto devem

ser jateados com água, para remover poeiras e resíduos de desmoldantes.

FIGURA 21 - LIMPEZA DO LOCAL DE EXECUÇÃO

(FONTE: Revista Equipe de Obra, 2008)


95

O preparo consiste em promover, na estrutura, uma superfície mais propícia

à aderência da alvenaria à estrutura, devendo-se promover o chapiscamento de

todas as partes de vigas, pilares e lajes às quais a alvenaria estará em contato.

Segundo Sabbatini, Franco e Barros (2007a) o chapisco poderá ser obtido

utilizando-se argamassa de cimento e areia com traço 1:4, em volume, sendo

aplicado convencionalmente (atirado energicamente contra a estrutura).

Como este procedimento implica em elevado desperdício em função da

reflexão da argamassa, o mesmo autor propõe que o chapisco seja aplicado com

rolo de pintura texturizadal, empregando-se, neste caso, a argamassa com traço 1:4

em volume de cimento e areia, aditivada com resina P.V. A, na proporção de uma

parte de P.V. A para oito a dez partes da água de amassamento, que é denominado

chapisco rolado.

Uma outra alternativa para o preparo das peças estruturais é o emprego de

argamassa colante, aplicada com desempenadeira dentada.

FIGURA 22 - APLICAÇÃO DE CHAPISCO ROLADO

(FONTE: Revista Equipe de Obra, 2008)


96

Recomenda-se que o chapisco seja aplicado pelo menos três dias antes do

início da produção da alvenaria, a fim de que apresente maior resistência de

aderência na ocasião do assentamento dos componentes, bem como, possibilite a

realização do controle de produção, isto é, ao se passar a mão com energia sobre o

chapisco aplicado, o mesmo não deverá se soltar. .(SABBATINI; FRANCO;

BARROS, 2007a)

Preparada a superfície da alvenaria, recomenda-se que seja determinada a

altura das fiadas de alvenaria para auxiliar no assentamento dos componentes. A

galga, como é chamada, poderá ser definida nos próprios pilares da estrutura, com o

auxílio de uma mangueira de nível, ou aparelho de nível. ( LORDSLEEM, 2004)

FIGURA 23 - DEFINIÇÃO DA GALGA NOS PILARES DA ESTRUTURA

(FONTE: Revista Equipe de Obra, 2008)

Caso os pilares não estejam rigorosamente prumados, a definição da galga

deverá ser executada fora deles, com auxílio de caibro que deve ser devidamente

posicionado junto ao vão em que será executada a alvenaria, de maneira que possa

ser corretamente prumado; ou com auxílio de um escantilhão, que, assim como o

caibro, possibilita a obtenção de fiadas devidamente alinhadas, niveladas e


97

prumadas, com a diferença que o seu emprego proporciona maior produtividade

pela facilidade de posicionamento. (SABBATINI, FRANCO, BARROS, 2007a)

FIGURA 24 - ILUSTRAÇÃO DO ESCANTILHÃO

(FONTE: Sabbatini Franco, Barros, 2007a)

Faz parte também do preparo da estrutura, o posicionamento dos

dispositivos que irão proporcionar a ligação pilar-alvenaria. (LORDSLEEM, 2004)

5.1.2 Demarcação da alvenaria

A demarcação da alvenaria tem como referência o seu projeto e

principalmente a estrutura que contorna o vão a ser demarcado. A locação deverá

ser feita tendo em vista posicionar as paredes de alvenaria de maneira a otimizar o

consumo de revestimento, corrigindo racionalmente os possíveis defeitos da

estrutura.
98

Segundo Lordsleem(2004) a primeira atividade a ser executada é a

materialização dos eixos de referência, através da passagem de uma linha por

ganchos previamente fixados durante a concretagem das vigas que materialize o

eixo a ser utilizado na locação da alvenaria.

De acordo com o mesmo autor, existem outras alternativas para a

demarcação das alvenarias, como execução de um berço de argamassa aplicado na

laje do pavimento, pintura da laje ou riscamento com a ponta de um barrote de aço.

FIGURA 25 - MATERIALIZAÇÃO DOS EIXOS DE REFERÊNCIA

(FONTE: Revista Equipe de Obra, 2008)

Deverá ser verificado o nivelamento da laje com o auxílio do nível de

mangueira ou aparelho de nível. Se ocorrerem desnivelamentos, estes deverão ser

previamente corrigidos.

Lordsleem(2004) recomenda que a locação da alvenaria deva ser feita com

o próprio bloco que será empregado na elevação e que se faça a verificação da

distribuição dos blocos nesta fiada.


99

FIGURA 26 - EXECUÇÃO DA FIADA DE LOCAÇÃO DA ALVENARIA

(FONTE: Revista Equipe de Obra, 2008)

A NBR 8545/1984 determina que a execução da alvenaria deva ser iniciada

pelos cantos principais ou pelas ligações com quaisquer outros componentes e

elementos da edificação. Com o assentamento dos blocos da extremidade, a norma

recomenda utilizar como guia uma linha esticada entre os mesmos, determinado o

alinhamento da primeira fiada.

O prumo da fiada pode ser garantido, de acordo com Lordsleem(2004) com

a utilização de duas linhas esticadas, e para garantir nível e alinhamento, deverá ser

utilizado nível, prumo e linha. A locação deve ser iniciada pelas paredes de fachada.

O posicionamento das paredes internas deverá ser dado de acordo com a locação

das paredes de fachada e das características geométricas das pecas estruturais que

as envolvem.

5.1.3 Elevação

O alinhamento na direção horizontal é dado pela fiada de locação. Para o

assentamento da segunda fiada de alvenaria, a NBR 8545/1984 recomenda a

utilização de escantilhões como guia das juntas horizontais.


100

O traço adequado para para a argamassa de assentamento dos bolcos

cerâmicos deve ser definido de acordo com as orientações do fabricante da

argamasssa industrializada. Se for utilizado argamassa de cimento, cal e areia, o

traço deverá ser definido a partir da avalização da trabalhabilidadee das

características técnicas desejáveis. (SOUZA, 1996)

Os blocos de cada extremidade deverão ser assentados aplicando-se

argamassa entre a face dos blocos e a extremidade dos pilares, sempre

obedecendo as galgas predeterminadas.

De acordo com (Lordsleem, 2004), a recomendação geral é que a alvenaria

de vedação deve ser executada com junta vertical seca.

Sabbatini, Franco, Barros (2007a) recomendam que a junta vertical seja

preenchida com argamassa em paredes que contenham instalações hidráulicas,

pois, nestas paredes, a grande concentração de cortes pode levar a perda de

estabilidade.

FIGURA 27 - ELEVAÇÃO DE PAREDES DE ALVENARIA

(FONTE: Revista Equipe de Obra, 2008)


101

5.1.4 Fixação da alvenaria

A fixação da alvenaria, segundo Lordsleem(2004) tem por objetivo prendê-la

a estrutura de modo que não venha a ter o seu desempenho prejudicado quando

solicitada.

Para as alvenarias cuja função é simplesmente de vedação e que estejam

restringidas por estruturas pouco deformáveis, o grau de fixação deverá ser

pequeno, ou seja, não é necessário e nem mesmo conveniente que a alvenaria seja

rigidamente apertada contra a estrutura.

Lordsleem(2004) sugere que para evitar este estado prévio de tensões, a

alvenaria deverá ser fixada à estrutura com um simples rejunte de argamassa

(poderá ser a mesma do assentamento ou, preferencialmente uma de menor rigidez

e maior potencial de aderência) de 20 a 30 mm de espessura. A resilência dessa

junta de argamassa deverá ser tal que tenha capacidade de absorver as pequenas

deformações da estrutura sem introduzir grandes esforços na alvenaria.

A fixação deverá ser feita apenas pelo preenchimento do vão deixado entre

a alvenaria e a estrutura com uma argamassa especialmente dosada. O

preenchimento deverá ser completo na altura do vão e de pelo menos 70% na

largura da parede (em qualquer ponto). Nas paredes internas, o preenchimento pode

ser feito em duas etapas, cada uma a partir de uma das faces da parede. Nas

paredes externas o preenchimento da junta também poderá ser feito em etapas,

sendo que o preenchimento pela face externa deverá ser feito com pelo menos três

dias de antecedência à execução do respectivo revestimento externo, o que poderá

ocorrer, por exemplo, concomitantemente com o taliscamento ou o chapiscamento

das paredes externas.


102

FIGURA 28 - FIXAÇÃO SUPERIOR COM ARGAMASSA FRACA

(FONTE: Revista Equipe de Obra, 2008)

Thomaz e Helene (2000), sugerem que o encunhamento rígido seja

executado o mais tarde possível, após a conclusão das alvenarias em cada

pavimento e nunca antes dos dez dias e recomendam também que o encunhamento

só seja executado após a instalação das cargas mais importantes do pavimento

superior (paredes, regularizaçaõ de pisos, etc.)

5.2 PROCEDIMENTOS DE INSPEÇÃO

Alem do controle exercido pelo pedreiro durante a execução da alvenaria,

também denominado monitorização do processo ou autocontrole, a cada etapa deve

ser exercido um controle de produção com caráter de inspeção. Os itens a serem

verificados em cada etapa servirão para liberação da realização da etapa seguinte.

A seguir, apresenta-se quadros para modelo de inspeção das etapas de

produção desse subsistema, para, a partir delas, quando o serviço for inspecionado,

seguindo as técnicas construtivas adequadas, ele deve ser liberado para a próxima
103

etapa. Adotando esse procedimento de inspeção, será possível minimizar a

ocorrência de anomalias nas alvenarias, pois a execução da mesma estará sendo

feita de forma correta, desde o seu princípio.

QUADRO 14 - INSPEÇÃO PARA INICIO DA LOCAÇÃO DA PRIMEIRA FIADA

CONTROLE DAS CONDIÇÕES PARA INICIO DA LOCAÇÃO DA 1ª FIADA DE ALVENARIA


Itens de verificação Tolerância Metodologia
Planeza, - Verificar necessidade de alteração no posicionamento das
distorcimentos e alvenarias devido às condições apresentadas pelas peças
abaulamentos estruturais.
Chapisco 72 horas Checar de execução do chapisco com 72 horas de
antecedência.
Galgas - Verificar se estão marcadas
Telas metálicas - Verificas se estão posicionadas e fixadas.
(FONTE: Lordsleem, 2004)

QUADRO 15 - INSPEÇÃO DA EXECUÇÃO DA 1ª FIADA DE ALVENARIA

CONTROLE DE LOCAÇÃO DA PRIMEIRA FIADA DE ALVENARIA


Itens de
Tolerância Metodologia
Verificação
Deverá ser conferido com o alinhamento das faces das vigas e
o posicionamento dos pilares. A tolerância admitida é de no
5 mm e 10
Alinhamento máximo 5 mm para o deslocamento relativo entre os eixos da
mm
alvenaria e das vigas internas e 10 mm para o mesmo
deslocamento em relação às vigas externas
Verificar o esquadro dos ambientes com um esquadro de
Esquadro 2 mm alumínio (60x80x100cm), admitindo um desvio máximo de 2
mm, na ponta do lado maior.
Averiguar o nivelamento da fiada de marcação com uma régua
Nivelamento 3 mm
de alumínio com nível de bolha acoplado
Vão de porta 5 mm Verificar a abertura do vão conforme o projeto.
(FONTE: Lordsleem, 2004)
104

QUADRO 16 - INSPEÇÃO DA ELEVAÇÃO DA ALVENARIA

CONTROLE DA ELEVAÇÃO DA ALVENARIA


Itens de
Tolerância Metodologia
verificação
Avaliar observando a regularidade da parede, limpeza de rebarbas
de argamassa; o preenchimento das juntas verticais, quando
Aspecto geral -
necessários; a colocação de reforços metálicos nos locais
previstos e possíveis falhas nas juntas horizontais.

Verificar a aplicação da argamassa nas duas laterais dos blocos e


Aplicação da
- a espessura das juntas horizontais, conforme o projeto de
argamassa
alvenaria.

Verificar o nivelamento com uma régua de alumínio com nível de


Nivelamento -
bolha acoplado.

Prumo e Verificar com a elevação à meia altura e após a retirada do


-
planicidade andaime, utilizando uma régua de alumínio com nível de bolha.

Verificar se os acabamentos de canto estão sendo executados


Amarração -
conforme descrito no procedimento.

Vãos de portas Verificar a abertura do vão em conformidade com o projeto.


5 mm
e janelas Averiguar o assentamento de vergas e contravergas

Abertura para
10 mm Abertura para fixação, com 25 mm de valor médio de espessura.
fixação

(FONTE: Lordsleem, 2004)

QUADRO 17 - INSPEÇÃO DA FIXAÇÃO DA ALVENARIA

CONTROLE DA FIXAÇÃO DA ALVENARIA

Itens de Verificação Tolerância Metodologia


Fixação das paredes - Checar o total de preenchimento do vão que
internas e de fachada deve cobrir toda a largura do bloco.
(FONTE: Lordsleem, 2004)

5.3 GUIA DE EXECUÇÃO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Diversas construtoras, visando às normas PBQP-H, adotaram fichas

detalhadas para acompanhamento e inspeção dos serviços executados. Abaixo,


105

segue o procedimento para execução de alvenaria de vedação adotado por uma

dessas construtoras.

QUADRO 18 - EXEMPLO DE PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO

P.O. N°15 – ALVENARIA DE BLOCOS CERÂMICOS


1. A execução da alvenaria deve obedecer às normas NB 788/83 e NBR 8545 – Execução de
alvenaria sem função estrutural.
2. Assentar a primeira fiada de tijolo conforme dimensões e alinhamentos determinados no projeto
arquitetônico.
3. Utilizar esquadro de alumínio e linha de nylon para esquadrejar as paredes.
4. Deixar os vãos das portas com 10 cm a mais que o tamanho da porta indicado no projeto
arquitetônico.
5. Ao marcar a largura das paredes de um ambiente, acrescentar pelo menos 3 cm para compensar
a espessura de 1,5cm do reboco de cada lado da parede.
6. Ao marcar a largura da paredes de um ambiente que possuir revestimento cerâmico, acrescentar
pelo menos 5 cm para compensar a espessura de 2,5cm do reboco com revestimento cerâmico de
cada lado da parede.
7. Utilizar tijolo para marcação conforme espessura das paredes no projeto arquitetônico. Tijolo
padrão da construtora 10x20x20 / 12x20x20 / 15x20x20.
8. Moldar as paredes para que se consiga o maior número de tijolos inteiros possíveis.
9. Aplicar argamassa chapisco colante na face do pilar, antes de encostar a alvenaria.
10. Impermeabilize a faixa de assentamento das paredes internas e externas, com duas demãos de
hidroasfalto, quando o substrato estiver em contato com solo.
11. Assentar o tijolo com argamassa 1: 8 (cimento: areia barrenta).
12. Utilizar escantilhão para graduar a altura das fiadas de tijolos, sendo que a junta de argamassa
terá espessura entre 1,0 e 2,5cm.
13. Após levantar os cantos utilizar como guia linha de nylon para garantir o nível entre as fiadas de
tijolos.
14. As juntas de amarração vertical devem ser descontinuas, sendo que nas paredes internas não
deve ser utilizado argamassa de topo.
15. Assente todos os tijolos das extremidades das paredes que formam a abertura das portas,
janelas, ar condicionado e outras aberturas, com os furos voltados para cima.
16. A alvenaria deve ser interrompida abaixo das vigas e/ou lajes entre 2,0 e 3,0 cm (máximo). Este
espaço será preenchido após 7 dias com argamassa traço 1:3 (cimento e areia lavada) de modo a
garantir o perfeito travamento entre alvenaria e estrutura.
17. Sobre os vãos de portas são colocadas vergas de concreto pré-moldadas e serão executados
contra-vergas na parte inferior das janelas, estas deverão sempre moldadas in-loco.
(FONTE: Padrão adotado por construtoras)
106

5.4 ANÁLISE DA EXECUÇÃO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO

5.4.1 Recebimento e analise do projeto de vedações verticais

Quando se recebe um projeto de execução de vedações verticais, faz-se

necessário a verificação do mesmo para garantir que tenha todos os dados corretos

para a adequada execução dessa etapa da obra.

Thomaz e Helene, propoe a seguinte ficha de isnpeção a ser realizada no

ato do recebimento do projeto.

QUADRO 19 - FICHA DE INSPEÇÃO DE PROJETO

(FONTE: Thomaz e Helene, 2000)


107

5.4.2 Inspeção da qualidade da execução da alvenaria de vedação

A qualidade final de uma alvenaria de vedação estará intimamente

associada à qualidade da estrutura, seja em termos de regularidade geométrica

(vãos, ângulos, prumo, nível), seja em termos de comportamento mecânico.

Apoiadas sobre vigas, lajes ou outros componentes estruturais, interligadas com

pilares ou paredes estruturais, as alvenarias de vedação não se destinam a suportar

carregamentos, embora lhes seja cada vez mais comum a transmissão de tensões

oriundas de deformações impostas (flechas, recalques de fundação, movimentações

térmicas).

A partir da elaboração e implementação de procedimentos de inspeção e

projetos de alvenaria de vedação, será possível minimizar os erros construtivos, tão

comuns atualmente. A seguir, elaborou-se uma tabela com alguns exemplos

práticos, em que se reúnem as técnicas construtivas aplicadas em empresas e

construções em que o sistema de racionalização ainda está desconhecido e as

técnicas construtivas racionalizadas, para que se possa ter uma visão ampla da

importância da racionalização da construção de modo a evitar o desperdício de

tempo e materiais e minimizar a ocorrência de manifestações patológicas nesse

subsistema da edificação.
108

QUADRO 20 - COMPARAÇÃO ENTRE METODOLOGIAS CONSTRUTIVAS

Desempenho Alvenaria Metodologia Construtiva Tradicional Metodologia Construtiva Racionalizada

Deformação da estrutura:
fazer encunhamento na
ultima fiada

Encunhamento com tijolo maciço ou


argamassa forte Encunhamento com espuma de
poliuretano ou argamassa fraca

Ligação Alvenaria
Estrutura

Utilização de ferro cabelo Utilização de tela metálica

Interação Alvenaria -
Esquadria

Ausência de verga e contra verga Verga e contraverga pré-moldadas

Interação Alvenaria
Instalações Prediais

Ausência de projeto com localização das Uso de projeto e blocos cerâmicos


instalações apropriadas para embutir instalações.

Desempenho estrutural
de alvenarias

Falta de execução de juntas de Controle de execução de juntas de


assentamento. assentamento
109

5.5 FICHA DE INSPEÇÃO DE SERVIÇO

A execução das alvenarias de vedação, segundo recomenda por Helene,

Thomaz (2000), deverá seguir fielmente as indicações do projeto, referentes a

materiais, detalhes construtivos (juntas, cintas, etc.) e o processo executivo (forma

de assentamento, ferramentas, escoramentos provisórios, etc.). A seguir, o mesmo

autor apresenta uma lista de recomendações para a verificação do controle de

execução das alvenarias.

Æ Locação das paredes: prévia conferência das posições dos componentes da

estrutura, locação pelos eixos ou faces dos pilares e vigas, de acordo com o

projeto;

Æ Nível da primeira fiada: demarcação vertical das fiadas (escantilhão),

obedecendo a modulação adotada no projeto e mantendo folga para o

encunhamento; acerto da cota com argamassa ou micro-concreto

(espessura>3cm);

Æ Locação da cota e posição de vãos de caixilhos, vergas e contravergas,

tubulações horizontais, etc.;

Æ Ferros-cabelo, insertos e chapiscos: locar nos pilares a posição dos ferros-

cabelo e, nas vigas ou lajes, as posições dos insertos eventualmente

previstos no projeto.

Æ Fixação dos ferros-cabelo, atentando-se para a profundidade e limpeza do

furo (ar comprimido) antes da aplicação da resina epóxi;

Æ Aplicação do chapisco nas faces de pilares, vigas ou lajes: deve-se

previamente limpar a superfície, removendo totalmente resto de desmoldante

eventualmente empregados (remoção por lixamento, apicoamento,


110

hidrojateamento, etc.); após umedecimento do concreto o chapisco poderá

ser aplicado com colher de pedreiro, rolo de lã ou equipamento de projeção a

ar comprimido;

Æ Após a locação das paredes e das fiadas, fixação de insertos, curo do

chapisco e eventual correção do nível da laje, inicia-se o assentamento da

primeira fiada, cuja exatidão influenciará toda a qualidade e produtividade do

serviço; assentam-se inicialmente os blocos das extremidades de paredes os

blocos de encontros entre paredes, e os blocos que delimitarão juntas de

controle.

Æ Nos encontros com pilares, mais do que em qualquer outra posição, é vital a

compactação e o refluxo da argamassa; sempre que o ferro-cabelo, previsto

para ser embutido na junta, cair fora da junta de assentamento, recomenda-

se assentar canaleta, ao invés de dobrar a armadura;

Æ Durante a elevação da alvenaria, a cada 50 ou 60 cm, e obrigatoriamente nas

posições das vergas e contra-vergas, deverá ser verificado o nivelamento do

prumo da parede; o prumo deverá sempre ser verificado em três ou quatro

posições ao longo da parede, e em todas as faces dos vãos de portas e

janelas; nas paredes de fachada, o prumo deverá ser verificado pela face

externa da parede;

Æ Nas posições das janelas e portas, caso as vergas e contra-vergas sejam

constituídas por canaletas, após o posicionamento das armaduras e

convenientemente umedecimento, estas deverão ser totalmente preenchida

com o micro-concreto especificado;

Æ Constitui excelente prática o chapiscamento das faces externas das paredes

de fachada, executada logo após a elevação da alvenaria, protegendo-a


111

contra a incidência das chuvas e evitando posteriores problemas de fissuras

e destacamentos;

Æ Encunhamentos: os encunhamentos rígidos devem ser executados, com o

máximo retardo possível após a conclusão das alvenarias em cada

pavimento, nunca antes dos 10 dias; além da observância desse prazo, é

recomendável que o encunhamento das paredes de um pavimento só seja

executado após a instalação de todas as cargas mortas mais importantes do

pavimento superior (paredes, regularização de lajes, etc.);

Æ No caso de encunhamento flexível (sem aplicação de chapisco na base de

viga ou laje), o material deformável (poliestireno expandido, cortiça) deve ser

introduzido na junta sob pressão, devendo para tanto apresentar espessura

um pouco maior do que a folga;

Æ Juntas de controle: inserir juntas especificadas os ferros de ligação, controlar

regularidade e abertura da junta, introduzir o material de enchimento;

acabamento de acordo com o projeto.

Essas informações são compiladas em forma de uma planilha de inspeção,

o que facilita o seu preenchimento na obra. O preenchimento de fichas de inspeção

de serviço deve ser feito logo após o término da execução de qualquer item do

subsistema das edificações. Segundo LORSDLEEM (2004), o registro dessas

informações vai fornecer subsídios para a avaliação dos principais problemas de

execução, para o levantamento da necessidade de treinamento, para a avaliação do

fornecedor do serviço de alvenaria e para a retro alimentação ao setor de projetos

quanto aos problemas observados. Ele conclui que “o registro e analise dos

problemas decorrentes da execução, através de fichas de verificação de serviços,

servirão para a tomada de ações que visem à melhoria da qualidade de execução da


112

alvenaria de vedação das edificações, contribuindo para o continuo aprendizado

quanto à melhor forma de se construir”. A seguir, um exemplo de ficha de verificação

de serviços, utilizada por uma construtora.

QUADRO 21 - FICHA DE INSPEÇÃO DE SERVIÇO

(FONTE: Thomaz e Helene, 2000)


113

6 CONSIDERAÇÕES E PROPOSTAS PARA OUTROS TRABALHOS

Nesse capítulo estão descritas as considerações obtidas a partir dos estudos

realizados ao longo desse trabalho, sugerindo-se alguns temas interessantes a

serem estudados, que possam colaborar para uma melhor compreensão sobre as

manifestações patológicas em alvenaria de vedação e sua correta forma de

execução e inspeção.

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância da alvenaria de vedação no sistema da edificação é certa,

mais certo ainda é a falta de cuidados durante a execução desse subsistema, a

inadequada preparação da mão de obra e a aussência de projeto que empreguem

métodos contrutivos adequados para realizar o serviço com qualidade.

As trincas e fissuras (problemas mais comumente encontrados em

elementos de vedação), manifestam-se segundo um processo originado por

fenomenos físicos, químicos ou mecânicos. Entender corretamente a origem da

manifestação patológica ocorrida ajudará na elaboração do diagnóstico e servirá

como base para que se tome as medidas preventivas, durante a fase de execução

da obra.

A busca cada vez mais acentuada pelo conhecimento e novos métodos

contrutivos e a atualização profissional servem para minimizar a ocorrência desses

problemas. Saber o tipo de solo em que se irá construir, como os materiais e os

componentes da edificação se movimentam, serve como base para a elaboração de

um projeto que esteja em harmonia com o tipo de execução e os materiais a serem


114

empregados. Dessa forma pode-se programar um roteiro de inspeção durante a

execução e também um plano de manutenção preventiva após a entrega do edificio,

para evitar/corrigir o aparecimento das anomalias pós obra.

Se obtivermos a correta inspeção da vedação vertical, através da execução

correta, poderemos evitar a ocorrência da manifestação patológica, pois estaremos

trabalhando na sua origem, detectando a sua causa e minimizando o seu

surgimento. Dessa maneira poderemos garantir o desempenho funcional da

vedação, dentro de todos os seus aspectos, aumentando a vida útil da edificação.

Foi definida a importância do processo der racionalização construtiva para

os dias atuais, pois com a grande incidência de obras e a falta de mão de obra

específica e qualificada para o trabalho, é preciso adotar métodos construtivos

corretos para se minimizar a incidência de anomalias nos edifícios e reduzir o

desperdício de materiais e de mão-de-obra.

Faz-se necessário também a exigência por parte dos construtores e a

elaboração por parte dos projetistas do adequado projeto de produção de vedações

verticais, levando-se em conta a sua interface com as outras etapas de construção

do edifício.

Os projetos para produção das alvenarias podem ser o veículo de introdução

e divulgação do conhecimento acadêmico no meio técnico responsável pela

produção. Assim como a aplicação das soluções construtivas em obras podem ser

registradas e avaliadas de forma sistemática e sistêmica e realimentar as etapas de

elaboração de projetos, promovendo a interação entre projetistas e executores.

A adoção de métodos construtivos varia de um construtor/projetista para o

outro, devendo-se esses métodos sempre estarem de acordo com as normas

técnicas específicas e utilizando o senso da boa prática.


115

6.2 PROPOSTAS PARA NOVOS TRABALHOS

Para trabalhos futuros, recomenda-se o desenvolvimento de fichas de

inspeção de serviço e manuais de como realizar a inspeção, não só desse

subsistema estudado, mas também de outros subsistemas encontrados no conjunto

da edificação.

Desenvolver metodologias e procedimentos adequados à realidade das

obras e que permitam racionalizar as atividades construtivas e melhorar o

desempenho dos edifícios construídos pelo processo construtivo tradicional.

Estudos para criação de uma sistemática de avaliação e retroalimentação

dos problemas enfrentados durante a execução e utilização, de forma a aumentar

continuamente o desenvolvimento tecnológico e minimizar a ocorrência destes

problemas.
116

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos cerâmicos. Rio de Janeiro: 1984.

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AQUINO, Janayna Patrícia Rezende. Diagnóstico das dificuldades no uso de

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VEDAÇÕES VERTICAIS, 1º, 1998, São Paulo, Anais, EPUSP, 1998

BARROS, Mércia Maria Semensato Bottura de. Metodologia para implantação de

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422p. Escola Politécnica – Universidade de São Paulo

____. Diretrizes para o processo de projeto para implantação de tecnologias

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TECNOLOGIA E GESTÃO NA PRODUÇÃO DE EDIFICIOS: VEDAÇÕES

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racionalização do processo de construção. In: SEMINÁRIO TECNOLOGIA E

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