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Lêda Milazzo- Instagram: @leda.milazzopsi E-mail: psileda@ledamilazzo.com.

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DI
CE

Quem sou eu 3

Introdução 6

Vamos entender o que é o luto 10

Tipos de luto 12

Comportamentos/reações esperados no luto 14

Fatores complicadores do luto 17

O que fazer para ser fonte de apoio e auxílio para os enlutados 19

O funeral 21

A comunicação no processo de luto 23

Quando o luto termina 26

Para não terminar – Encontros e Despedidas 29

Referências Consultadas 31
QUEM
SOU
EU

Olá Psi!!
Eu sou a Lêda Milazzo. Sou esposa, mãe
de um casal encantador e filha de pais vivos
na minha memória, no meu coração. Profissio-
nalmente, auxilio as pessoas a melhorarem sua
qualidade de vida, se conhecerem e se desen-
volverem, especialmente no que tange o luto.
Bem, sou psicóloga clínica (CRP 09/10898),
palestrante, docente e coordenadora do curso
de pós-graduação Cuidados Interpessoais em
Situações de Morte, Perdas e Luto.
Ah!! E o mais importante, sou apaixo-
nada pela vida!!
Minha história com a temática do luto ini-
ciou quando li o livro Sobre a morte e o morrer,
da Elizabeth Kubler-Ross, médica psiquiatra. Eu nem sonhava o
quanto essa leitura seria importante, desafiadora e um marco
na minha vida, pessoal e profissional. A cada frase, a cada pa-
rágrafo, a cada página e a cada capítulo que ia lendo, o fascí-
nio e a inquietação tomavam conta de mim.
Tenho que fazer um parêntese, e não devo negar que tive
uma certa identificação com aquelas pessoas e situações des-
critas no livro. Lembrei-me de como havia sido difícil e sofrida
a morte dos meus pais, principalmente, a da minha mãe. Difícil
não só para nós que “ficamos”, mas acima de tudo, para eles.
Ela, mais de 3 meses de internação, maior parte em UTI. Ele,
tirando as inúmeras internações durante a vida, ficou internado
na UTI uma semana, onde também morreu. (Parêntese feito e
fechado).
Encantada com o trabalho desempenhado por Elizabeth,
com amor e por amor, desprovido de ganhos. Fiquei inquieta
por tentar imaginar como eu poderia fazer alguma coisa que
pudesse amenizar o sofrimento das pessoas nos seus momentos
finais da vida.
Bem, o rumo da minha vida mudou. A clínica me chama-
va mais atenção do que o ambiente hospitalar. Decidi que iria
atender os familiares e amigos desses pacientes, no meu con-
sultório.
Com o passar do tempo comecei a notar que poucos co-
legas trabalhavam com pacientes/clientes enlutados, pelo me-
nos na cidade onde moro. Foi aí que surgiu a ideia de dissemi-
nar os estudos sobre luto, perdas e morte. Ministrei cursos para
psicólogos sobre essas temáticas. Por sinal, continuo adorando

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dar esses cursos.
Desde então, meu intuito é auxiliar os colegas psis (e ou-
tros profissionais também, como médicos, enfermeiras, educa-
dores...) a serem fonte de apoio a seus pacientes/clientes para
que possam entender e vivenciar os processos de luto de forma
saudável!! Para que os enlutados, que busquem a ajuda desses
profissionais, consigam viver o luto e não sobreviver de
luto.
De coração, espero que essa leitura seja uma boa fonte
de conhecimento sobre alguns aspectos do luto.
Desejo uma ótima leitura a você!
Bjuss, bjuss!

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IN
TRO
DU
ÇÃO
Uma pequena introdução para que possam se familia-
rizar um pouquinho com o assunto.
A temática do luto causa estranhamento e gera, em
muitas pessoas, um grande desconforto. Falar de morte e do
luto é um grande tabu. Mas falar de morte, também é falar
de vida.
Vejo que é necessário ampliar o conhecimento acerca
do tema para possibilitar um outro olhar diante da finitude.
Finitude, que em algum momento da vida, se fará presente,
direta ou indiretamente, estejamos preparados ou não. E, a
partir do entendimento, é possível ser fonte de apoio e au-
xílio a pessoas enlutadas.
Eu sei que a gente não está preparado para perder
pessoas. A gente nunca está preparado para perder quem
a gente ama, nunca. A gente não está preparado para ficar
longe da pessoa que ama.
Tem um estudioso sobre essa temática, o Collin Parkes,
que diz que “[...]o amor é a fonte de prazer mais profun-
da na vida, ao passo que a perda daqueles que amamos é
a mais profunda fonte de dor. Portanto, amor e perda são
duas faces da mesma moeda”. Acho essa frase fantástica!!
Geralmente, nós não falamos das nossas dores e difi-
culdades em perder, algo ou alguém. E o luto não é bem vis-
to num mundo que é “programado” para a felicidade e que
não se fala naturalmente da morte ou das perdas. Brinco

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que temos que fazer cara de “facebook”, sempre sorrindo.
Temos que estar felizes o tempo todo!?
Mas, não é assim que a vida funciona.
A vida tem seus momentos de alegrias sim. Só que a
vida também tem seus momentos de tristeza. Vivenciar e
expressar, tanto a alegria quanto a tristeza, fazem um bem
danado.
Só que às vezes, as pessoas querem falar. Porém, sen-
tem dificuldade em serem ouvidas. E falar é o que vai
ajudá-las a elaborar e a sair do luto mais rápido, indepen-
dentemente do tipo da perda.

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“ A perda muda nossa
coreografia e nosso rit-
mo. Durante o processo
de luto aprendemos no-
vos movimentos, novos
passos e novas músicas
para continuarmos nossa


dança.
(Thomas Attig)

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VAMOS ENTENDER
O QUE É O LUTO
O luto é uma resposta universal, natural e esperada
diante de uma perda significativa. É um processo e envolve
uma sucessão de comportamentos, pensamentos, sentimen-
tos e emoções.
A dor do luto é universal! As reações não. As reações
das pessoas são diferentes. Cada pessoa tem sua forma
individual, particular de vivenciar e manifestar o luto. E é
importante que ele seja vivenciado. Assumir a dor, a tristeza,
se permitir chorar e se recolher.
Gosto da comparação do processo do luto com uma
montanha russa, que tem seus altos e baixos, quedas mais
suaves, porém, algumas vezes, quedas abruptas. Sentir-se
triste com determinadas memórias ou em datas especiais
faz parte desses momentos de “queda”, faz parte da mon-
tanha russa.
Saber identificar situações e formas de vivenciar o luto
é necessário para um bom atendimento às pessoas que pro-
curam por sua ajuda.
A literatura aponta vários tipos de luto. Trago alguns
desses tipos e exemplos.

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TIPOS
DE
LUTO
Luto normal (ou luto bem elaborado) é apontado
como uma adaptação sadia à perda. O enlutado bus-
ca outras situações e pessoas para lidar com o que foi
perdido, reorganizando uma nova rotina.

Luto virtual é aquele em que a expressão da dor, do


sofrimento é feita nas mídias sociais.

Luto não autorizado ocorre quando não há aceitação


social, em função de crenças e costumes (p.ex. aborto.
relação homoafetiva, morte de animais de estimação).

Luto complicado acontece quando as reações do


luto se dão de modo diferente do esperado. A duração,
intensidade e os sintomas são bem mais intensos.

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COMPORTAMENTOS/REAÇÕES
ESPERADOS
NO LUTO
E como saber se o luto está se complicando ou não?
Umas das formas é saber quais são os comportamentos/re-
ações esperados no luto.
Existem vários tipos de reações. Aponto algumas para
que entendam o que seria comum:

REAÇÕES FÍSICAS
Tensão muscular - A tensão muscular pode apa-
recer pelo estresse e ansiedade advindos da
perda.

Alteração do sono - Algumas pessoas dormem


por muito tempo, já outras, não conseguem ter
uma boa noite de sono.

Alteração do apetite - A comida pode ser uma


válvula de escape, especialmente para quem
não consegue se expressar. Algumas pessoas
não conseguem se alimentar. “A comida não
desce.”

REAÇÕES EMOCIONAIS
Raiva - A raiva pode ser do médico, da equi-
pe profissional, de familiares ou até mesmo de
quem partiu/morreu. Faz parte do calor das
emoções. Geralmente é passageiro.

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Inveja - Ver um pai/mãe com filho
(a), um casal, a depender de quem
não está mais por perto, pode gerar
inveja. “Eu queria estar no lugar dele
(a), com meu filho, minha esposa.”

REAÇÕES COMPORTAMENTAIS
Busca pela pessoa - Muitas pessoas acreditam
ter visto, ouvido ou sentido a presença da pes-
soa que morreu/partiu. Faz parte do processo
natural do luto.

Choro - Chorar não significa fraqueza. Chorar é


expressar a dor.

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FATORES
COMPLI-
CADORES
DO LUTO
Outra forma de identificar a possibilidade de compli-
cação do luto é através de alguns fatores, como:

O vínculo com a pessoa que morreu


A depender da relação, se for de muita proximidade,
pode ser mais difícil a elaboração da perda.

Tipo de morte ou rompimento


A morte súbita ou violenta, um relacionamento rompido
de forma repentina, inesperada são fatores preditores
de uma complicação do processo do luto.

Experiências de perdas anteriores


A forma com que foram vivenciadas as experiências de
perda podem afetar a maneira do enlutado lidar com
novas perdas, especialmente se a vivência foi negativa.

Apoio familiar
Quando a família tem relações conturbadas ou pouca
presença o luto terá maior probabilidade de ocorrer de
forma não saudável. Se os familiares são mais presentes
e com laços fortalecidos, o enlutado terá mais chances
de ser amparado e assistido.

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O QUE FAZER PARA SER FONTE
DE APOIO E AUXÍLIO PARA OS
ENLUTADOS
Diante de tantas dores e sofrimento podemos nos ques-
tionar o que fazer para ser fonte de apoio e auxílio
para os enlutados?
Pontuo atitudes que podem fazer essa diferença na
vida de quem perdeu alguém ou algo especial.
Deixe a pessoa chorar. O choro é uma forma de ex-
pressar a dor. Quando a pessoa chora pode sentir-se, de
certa forma, aliviada.
Escute as pessoas enlutadas. Ser um bom ouvinte e
deixar que a pessoa fale das suas dores e angustias é muito
importante. Talvez ela conte a mesma história repetidas ve-
zes, não a interrompa, ouça atentamente.
A presença transmite proximidade mesmo quando fal-
tam palavras. Visitas planejadas demonstram que você está
disposta a ser um ombro amigo, um colo, uma companhia.
Quando não souber o que dizer, não diga nada. A sua
presença e contato já dizem sobre o seu apoio.
Respeite o tempo da pessoa enlutada. Não force a
pessoa a sair quando ela não quiser. Dê o tempo necessário
para que ela se sinta capaz de retomar as atividades.

Lembre-se:
É IMPORTANTE ENTRAR EM CONTATO COM A DOR!

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FU
NE
RAL
Um outro ponto que é importante entendermos é sobre
o funeral, os rituais.
A participação do enlutado no velório e sepultamento
é de fundamental importância. O funeral é um ritual de des-
pedida que consolida a realidade da morte, oficializando a
perda. A cerimônia fúnebre facilita a expressão de apoio,
amor e solidariedade das pessoas junto ao enlutado.
Muitas pessoas têm dúvidas quanto a participação ou
não das crianças nos rituais fúnebres. Sim, elas podem e até
devem participar. Mas, anteriormente deverão receber in-
formações sobre o que irá ocorrer, quais cenas verá e quem
é a pessoa de sua confiança para que fique próximo a essa
criança dando o apoio necessário.

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A COMUNICAÇÃO NO
PROCESSO DE LUTO
Você sabe o que falar ao enlutado? Entender a comu-
nicação no processo de luto é extremamente necessário.
Já vi várias vezes pessoas ficarem desconfortáveis em
velórios por não saberem como agir ou o que falar diante do
enlutado.
Vou contar brevemente uma situação que presenciei:
Um homem, de uns 40 anos, chegou perto da filha do fale-
cido, que ele não via há muito tempo e falou: “Oi, tudo bem?
Como você está?”. Ela toda constrangida, respondeu: “Meu
pai morreu e, não, não está tudo bem. Como você acha que
eu estou?”. Ninguém sabia o que fazer. Foi uma cena horrí-
vel.
E por não saber o que falar ou por falta de conhe-
cimento, algumas frases são ditas, até com a intenção de
confortar. Só que no momento da dor podem trazer descon-
forto ao enlutado.
Certos tipos de comentários como, por exemplo: “Você
tem os outros filhos pra cuidar”, “Aceite o propósito de deus”,
“Foi melhor assim, ele estava sofrendo” e especialmente,
“Seja forte”, devem ser evitados.
Esse é o momento que a pessoa não tem que encontrar
forças onde não há. A dor é intensa. Os enlutados precisam
expressar sua dor, seus sentimentos.
Falar da pessoa que partiu/morreu para o enlutado é
uma boa forma de ajudá-lo a trazer seus sentimentos à tona.
Você não estará incomodando ou sendo indelicado (a).

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Compartilho com vocês uma outra frase que gosto mui-
to e tem tudo a ver com o que estamos conversando: “Luto
compartilhado é luto amenizado” (Grollman, 2005)

Lembre-se:
SE VOCÊ NÃO SABE O QUE DIZER ENTÃO, ABRACE,
DE UM APERTO DE MÃO, FIQUE DO LADO.

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QUANDO
O LUTO
TERMINA
Uma dúvida muito comum entre leigos, e até profissio-
nais, é quando o luto termina. Você sabe?

Bom, o luto não tem data certa para acabar, não há


um prazo pré-estabelecido. Cada processo é individualiza-
do. Geralmente, a elaboração do luto de forma saudável
acontece quando o enlutado fala do seu ente querido sem
emoções exageradas, sem dores nem mágoas. Quando no-
vos planos, novos projetos e a vontade de reconstruir a vida
surgem.

Lembre-se:
A MEMÓRIA DA PESSOA FICARÁ VIVA, APESAR DA
SUA AUSÊNCIA FÍSICA.

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E agora, para não terminar, deixo um trecho (consi-
derável) de uma música feito pelo Milton Nascimento, e que
a Maria Rita fez uma gravação linda. O nome da música é
Encontros e Despedidas.

Vale uma bela reflexão!!

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Encontros e
Despedidas
(...) Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar

E assim, chegar e partir

São só dois lados


Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É A VIDA!!!

VIVER!!
Espalhe essa ideia!!
Então, o que achou desse e-book? Estou bem curiosa
para saber! Me conta um pouquinho?
Seguem meus contatos para me contar o que achou do
e-book, dúvidas, sugestões, um bate-papo sobre o e-book
ou a temática, críticas construtivas e até elogios:

@leda.milazzopsi

psileda@ledamilazzo.com.br

(62) 9 9951 1300

www.ledamilazzo.com.br

Até mais,
Bjuss, bjuss.

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Referências Consultadas
BASSO, L.A; MARIN, A.H. Comportamento de apego em adultos e a ex-
periência da perda de um ente querido.

BRAZ, M.S.; FRANCO, M.H.P. Profissionais Paliativistas e suas Contribui-


ções na Prevenção de Luto Complicado.

FRANCO, M.H.P. (org.) Formação e rompimento de vínculo: o dilema das


perdas na atualidade.

GRANDI, P. As fases do luto: uma interpretação analítico-comportamen-


tal.

KOVÁCS, M. J. Morte e Desenvolvimento Humano.

KOVÁCS, M. J. Educação para a morte: temas e reflexões.

KUBLER-ROSS, E. Sobre a Morte e o Morrer.

MILAZZO, L.C.P. Depressão e luto: um relato de caso.

OLIVEIRA, D.R. Terapia do Luto: contribuições e reflexões sob a perspec-


tiva da Análise do Comportamento.

PARKES, C.M. Luto: Estudo sobre a perda na vida adulta.

SOARES, E.G.B.; MAUTONI, M.A. de A.G. Conversando sobre o luto.

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