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MONOGRAFIA
MONOGRAFIA
III
DEDICATÓRIA
Dedico este Trabalho de Fim de Curso de Licenciatura em Enfermagem ao anjo que Deus
pôs a terra para cuidar de nós enquanto filhos, minha querida mãe Engrácia Francisco
Cambango pelo seu amor incondicional e por ser a minha força e motivação para a luta e
conquista.
Dedico também a todas gestantes adolescentes que não optaram abortar, apesar das
contestações sociais. As famílias e aos profissionais de saúde que trabalham directa ou
indirectamente com estas adolescentes.
IV
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Dra. Marlene Chitula Buta Ulamba, pela forma sabia, paciência
dispensada para orientar este trabalho de Monografia.
Agradeço particularmente ao meu companheiro, que, sempre que solicitado, não poupou
esforço de me apoiar e sempre me incentivou ao longo desta caminhada. Ao meu filho, aos
meus irmãos e irmãs, pelo apoio e incentivo ao longo desta caminhada, que em momentos
difíceis souberam estar ao meu lado, e muitas vezes sentiram a minha ausência durante a noite
e até mesmo aos fins de semana.
Aos meus professores, pelas condições lectivas que me proporcionaram durante a fase
de licenciatura.
V
DECLARAÇÃO DO AUTOR
Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os regulamentos
da Universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaget) e em particular do
Regulamento de Elaboração dos Trabalhos de Fim de Curso. O trabalho é original
excepto onde indicado por referência especial no texto.
Mais informo que a norma seguida para a elaboração do trabalho é a Norma APA.
Assinatura:_________________________________________________________
Data: _____/_____/__________
VI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
PN: Pré-Natal
VII
RESUMO
O presente trabalho de Monografia teve como objectivo geral avaliar o conhecimento das
gestantes adolescentes, sobre as consequências do início tardio das consultas pré-natais, no
Centro Ana Paula no II trimestre de 2021. Para alcançá-lo, foram traçados os seguintes
objectivos específicos: caracterizar a amostra segundo a idade, morada e habilidade literárias.
Identificar as principais consequências do início tardio das consultas pré-natais em gestantes
adolescentes. Escrever o conhecimento das gestantes adolescentes sobre as consequências do
início tardio das consultas pré-natais. Para tal, utilizou-se a pesquisa observacional descritivo
transversal com uma abordagem qualitativa e quantitativa, através do qual, aplicou-se um
questionário fechado e fez-se uma entrevista. A partir de uma amostra de 20 gestantes
adolescentes, obteve-se os seguintes resultados: 65% das gestantes inquiridas não têm
conhecimento sobre as consequências do início tardio da consulta pré-natal, e 55% não sabem
a importância da pré-natal. 35% iniciaram o pré-natal no sétimo mês de gestação, enquanto que
30% no quinto, 25% no quarto e 10% no nono. Completando uma margem de 55% deram início
a pré-natal no segundo trimestre da gestação e 45% no terceiro trimestre. O que significa dizer
que nenhuma começou as consultas no primeiro trimestre conforme recomendado. Concluiu-
se que, a maioria das gestantes inquiridas, não têm conhecimento sobre as consequências do
início tardio das consultas pré-natais
VIII
ABSTRACT
The present work of Monograph had as general objective to evaluate the adolescent pregnant
women's knowledge, on the consequences of the late beginning of the prenatal consultations,
in the Centro Ana Paula in the II quarter of 2021. To reach him/it, they were drawn the following
specific objectives: to characterize the sample according to the age, home and literary ability.
To identify the main consequences of the late beginning of the prenatal consultations in
adolescent pregnant women. To write the adolescent pregnant women's knowledge on the
consequences of the late beginning of the prenatal consultations. For such, the research traverse
descriptive observational was used with a qualitative and quantitative approach, through which,
a closed questionnaire was applied and it was made an interview. Starting from a sample of 20
adolescent pregnant women, it was obtained the following results: 65% of the inquired pregnant
women don't have knowledge on the consequences of the late beginning of the prenatal
consultation, and 55% don't know the importance of the prenatal. 35% began the prenatal in the
seventh month of gestation, while 30% in the fifth, 25% in the room and 10% in the ninth.
Completing a margin of 55% gave beginning the prenatal in the second quarter of the gestation
and 45% in the third quarter. The one that means say that none began the consultations in the
first quarter as recommended. It was ended that, most of the inquired pregnant women, they
don't have knowledge on the consequences of the late beginning of the prenatal consultations
IX
ÍNDICE
EPÍGRAFE ...............................................................................................................................III
DEDICATÓRIA ......................................................................................................................IV
AGRADECIMENTOS ..............................................................................................................V
RESUMO...............................................................................................................................VIII
ABSTRACT..............................................................................................................................IX
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................1
1.2.3. Consultas.........................................................................................................................15
X
1.2.3.2. Exames complementares de rotina................................................................................20
2.2 - Hipóteses...........................................................................................................................41
2.3 - Variáveis............................................................................................................................41
CONCLUSÃO..........................................................................................................................51
Recomendações.........................................................................................................................51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................52
ANEXOS.
XI
ÍNDICE DE FIGURAS
XII
ÍNDICE DE TABELAS
XIII
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 5 – Sabes quais consequências tem o início tardio da consulta pré-natal? .....................48
XIV
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 5 – Sabes quais consequências tem o início tardio da consulta pré-natal? ....................48
XV
INTRODUÇÃO
A gravidez na adolescência se constitui como tema atual, cuja existência não pode ser
ignorada, por possuir fortes implicações morais, físicas, emocionais e psicossociais. Sendo uma
das ocorrências mais preocupantes relacionadas à sexualidade na adolescência, e em virtude
das consequências que acarreta, pode ser considerada como um problema social e de saúde
pública.
No presente trabalho de monografia procura-se criar um quadro, o mais rico possível, que
seja capaz de fornecer uma percepção nítida sobre esse assunto que se encontra em uma
incessante evolução. Por se tratar de um problema social e de saúde pública, ela é abordada por
diferentes áreas do conhecimento. O foco para a recolha de informações, está voltado ao centro
hospitalar Ana Paula no município de Viana em pacientes gestantes adolescentes.
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Com base a este problema surge a seguinte questão: Qual é o conhecimento das gestantes
adolescentes, sobre as consequências do início tardio das consultas pré-natais, no centro Ana
Paula no II trimestre de 2021?
1
OBJECTIVOS
Objectivo geral
Objectivos específicos
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
A importância do seguinte estudo, consiste no facto de ser um assunto de saúde pública e
um problema social que interessa a todos nós. Levando em conta a sua autenticidade, permite
conhecer os factores que estão na base da gravidez na adolescência, e as consequências de um
início tardio da assistência pré-natal, mediante uma revisão da literatura da qual apresentaremos
as abordagens teórico-metodológico.
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Delimitaremos o nosso trabalho de pesquisa no município de Viana, mais precisamente
em gestantes adolescentes atendidas no Centro Ana Paula durante o II trimestre de 2021.
2
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS
a) Gravidez
b) Adolescência
A adolescência representa uma passagem entre dois estados: da infância à idade adulta. É
um período de grande fragilidade, no qual se tornam a jogar diferentes estádios já vividos
na primeira infância, mas igualmente um movimento de desidealização dos pais, que
submerge os adolescentes numa perda de referências. Tais mudanças físicas e psíquicas
provocam nos jovens uma desorganização passageira.
c) Conhecimento
Conhecimento (do lat. cognoscere: procurar saber, conhecer) 1. Função ou ato da vida
psíquica que tem por efeito tornar um objeto presente aos sentidos ou à inteligência. 2.
Apropriação intelectual de determinado campo empírico ou ideal de dados, tendo em vista
dominá-los e utilizá-los. O termo "conhecimento" designa tanto a coisa conhecida quanto
o ato de conhecer (subjetivo) e o fato de conhecer.
(Japiassú & Marcondes, 2001, p.40)
d) Assistência pré-natal
Coimbra et al. (2003) e Leal et al. (2004) citado por Silva, Bezerra, Rodrigues e Araújo
(2009, p.1002) enfatizam que:
A assistência pré-natal constitui uma importante medida para a prevenção de agravos à
saúde e pode contribuir para prevenir e/ou evitar possíveis complicações da mãe e do
concepto. Contribui também para a redução da morbimortalidade materna e perinatal,
favorecendo uma gestação saudável por meio do acompanhamento da mãe e do
crescimento e desenvolvimento do feto.
3
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA
4
1.1. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: NOÇÕES GERAIS
Para Muuss (1996) citado por Santos e Carvalho (2006, p. 136), «a palavra
adolescência deriva do verbo latino adolescere, significando crescer ou crescer até a
maturidade».
Daí adolescência ser constantemente descrevido como uma fase de transição entre
a infância e a vida adulta, um momento em que acontecem muitas transformações,
biológicas, sociais e psicológicas.
Segundo Davim et al. (2009) citado por Pessoa (2016, p.568) para a Organização
Mundial de Saúde (OMS) «a adolescência se constitui um processo biológico onde se
acelera o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade, sendo
considerada pré-adolescência, entre 10 a 14 anos de idade e a adolescência dos 15 aos
19 anos».
5
«Nas alterações biológicas, ocorrem grandes transformações do corpo e o
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, sendo comum o interesse pelo sexo e o
início das primeiras relações sexuais» (Souza, et al., 2012, p. 795).
A gravidez na vida de uma adolescente pode provocar inúmeras modificações na sua rotina
diária e na vida das pessoas que fazem parte da sua vida, dependendo das reações e ações
da própria adolescente, familiares, companheiro ou simplesmente progenitor, esta
adolescente poderá se afastar dos estudos, dos momentos de lazer que passava com os
amigos, passando a se preocupar com os cuidados necessários com a gestação, casamento,
nascimento da criança e emprego.
Assim o início de suas atividades sexuais cada vez mais precoces leva ao aumento da
incidência da gravidez na adolescência, principalmente nos países em desenvolvimento. Para
Silva et al. (2012) esta precocidade do início da relação sexual associada a falta de informações
contribuem para um maior risco de gravidez na adolescência.
«O aumento nas taxas de gravidez na adolescência pode ser explicado por diferentes
causas, podendo variar de país para país. Dentre a complexidade de fatores de risco para
analisar esta questão, destacam-se os aspectos socioeconômicos» (Cerqueira-Santos et al.,
2010, p.74).
6
De acordo com a explanação dos autores podemos perceber que ainda há uma forte
relação entre pobreza e a baixa escolaridade como factores de gravidez na adolescência, embora
o fenômeno esteja presente e crescente em todas as classes sociais. Outros factores de risco
estão aliada à falta de informação sobre meios contraceptivos e à deficiência de programas de
apoio ao adolescente.
Veremos a seguir uma apreciação conceitual quanto aos factores que induzem o
aparecimento de uma gravidez nesta fase de vida tão tumultuoso que segundo Erikson (1987)
o indivíduo pretende se encaixar em algum papel na sociedade. Daí vem a questão da escolha
vocacional, dos grupos que frequenta, de suas metas para o futuro, da escolha do par, etc.
Minas Gerais (2007) citado por Carvalho (2013, p.11) realça que a gestação na
adolescência possui múltiplas causas:
Diminuição da idade da menarca, iniciação sexual cada vez mais precoce; falta ou
inadequação das informações quanto à sexualidade e aos métodos contraceptivos; baixo
acesso aos serviços de saúde; não utilização de métodos por receio que seus pais descubram
que está tendo relações sexuais; busca de confirmação da fertilidade; pensamento mágico
(isto nunca vai acontecer comigo); presença de um desejo, consciente ou inconsciente, de
engravidar; ocorrência de gestação na adolescência em familiares e pessoas próximas como
modelos sociais; história e presença de conflitos familiares; abuso de drogas; faltas
regulares às aulas e reprovações escolares, expectativas e perspectivas educacionais e
profissionais ausentes ou baixas; falta de uma comunicação aberta entre pais e filhos.
Outros factores familiares que podem contribuir para a gravidez na adolescência são:
famílias desestruturadas pelo desemprego, falta de condições socioeconômico e cultural, falta
de amor e diálogo, excesso de conflitos interpessoais e o uso de drogas lícitas e ilícitas. Portanto,
vamos analisar sucintamente alguns factores mais intensamente relacionados a gravidez na
adolescência conforme encontram-se descritos na tabela 1:
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Tabela 1: Factores determinantes da gravidez na adolescência
Factores Descrição
«A iniciação sexual precoce tem sido mencionada como uma das causas da
gravidez nesta etapa do ciclo vital, podendo trazer como consequência, além
Início de uma gravidez não planejada, a contaminação com doenças sexualmente
Precoce da transmissíveis, pois as transformações vivenciadas pelos adolescentes fazem
vida sexual com que vivam intensamente sua sexualidade, manifestando-a muitas vezes
através de práticas sexuais desprotegidas» (Souza, Nóbrega & Coutinho,
2012, p. 589).
«Um ponto muito relevante a ser considerado é que na mídia ocorre uma
banalização do corpo, havendo um estímulo da sexualidade, passando a
pessoa a ser vista como objeto» (Santos & Carvalho, 2006, p. 144),
Mídia
«transformando fatos que gerariam problemas na vida real em situações que
se resolvem da melhor maneira possível na tela», (Minas Gerais, 2007, p.
119) como a gravidez na adolescência.
8
A escola é tida como um fator protetor no que tange ao problema gravidez
na adolescência. «As meninas que apresentam baixa escolaridade têm piores
perspectivas de futuro, dessa maneira, a gravidez se torna um meio para ser
Escola
alguém na vida, ou pelo menos ser mãe, exercendo um papel de
responsabilidade na sociedade» (Carniel et al., 2006; Gontijo & Medeiros,
2008; Oliveira, 2008; Santos, 2010; citado por Carvalho, 2013, p.17).
9
vidas» (Pantoja, 2003; Santos, 2010; Nery et al., 2011; Souza, et al.,2012;
Silva, et al., 2012; Ferreira et al., 2012; citado por Carvalho, 2013, p.18).
A gravidez na adolescência tem causado uma serie de efeito negativo sobre a saúde ou a
integridade física tanto da mãe quanto do bebê.
Nota-se pela explanação do autor que existe fatores que determinam o nível de gravidades
proveniente desta gravidez, mas todas elas acarretam um conjunto de danos biopsicossocial.
Nota-se que todas estas apresentações biológicas, tornam-se factores de risco reprodutivo,
obrigando a gestante adolescente ser acompanhada mais vezes pela comissão de gestação de
alto risco. Portanto, a gravidez não é doença, mas acontece num corpo de mulher inserida em
um contexto social em que a maternidade é vista como uma obrigação feminina.
10
1.1.2.2. Consequências sociais e psicológicas
Guimarães (2001) citado por Santos e Carvalho (2006, p.138) aborda algumas
consequências psicossociais da gravidez na adolescência. São elas: «limitação de
oportunidades vocacionais, estudo interrompido, persistência na pobreza, separação dos pais
do bebê e repetição da gravidez».
Estas consequências ligado ao fórum social, muitas vezes mudam totalmente o rumo da
vidas dos jovens. Às vezes são obrigados a deixar os estudos para trabalhar, vão morar na casa
dos pais, sem poderem constituir uma família como convém. O Protocolo de Saúde do
Adolescente abrange algumas consequências sociais e psicológicas a mais, que podem ser
encontradas em decorrência de gestações não planejadas:
Associando ainda a esta lista, podemos acrescentar: mães e pais solteiros, despreparados;
filhos abandonados, ou criados pelos avós, ou em orfanatos. Muitos desses se tornam ás vezes
abandonados e delinquentes que cada vez mais enchem as nossas ruas, buscando nas drogas e
no crime a compensação de suas dores.
Schwanke e Pinto (2010), Maciel et al. (2012), Silva et al. (2012), citado por Carvalho
(2013. P.21) realçam que:
Psicologicamente a gravidez é vivida como um período de muitas perdas como da
confiança da família, expectativas para o futuro devido o abandono da escola, abandono do
namorado por não aceitar a gestação e ao mesmo tempo a gravidez é vivida como um
período de ganho de responsabilidade que a adolescente ainda não está preparada para
assumir, muitas vezes gerando problemas psicológicos como a baixa autoestima, vivência
de alto nível de estresse, sintomas depressivos nos casos em que a gravidez foi indesejada.
11
1.2. ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
A assistência pré-natal pode colaborar de forma positiva com o diagnóstico e com o
tratamento adequado das afecções, além de fiscalizar fatores de risco que levam a complicações
na saúde do bebê e da mulher.
«(...) para que o acompanhamento seja considerado adequado deverá ser iniciado no
primeiro trimestre e registrar um mínimo de seis consultas» (OMS, 1986; Brasil, 2000; citado
por Miranda et al., 2013, p.44)
«O diagnóstico da gravidez deve ser feito com base na história da mulher, aliada ao
exame físico e teste laboratorial (...)» (São Paulo, 2010, p.38).
Desse modo, percebe-se que as mulheres no menacme, em atividade sexual, com atraso
menstrual que não ultrapasse 12 semanas devem ser imediatamente submetidas a um teste de
gravidez, segundo o fluxograma apresentado na figura 1.
Para Brasil (2005) e São Paulo (2017), o teste imunológico de gravidez (TIG) na urina é
uma excelente opção e pode ser feito imediatamente, na unidade de saúde, é necessário, como
margem de confiança, atraso menstrual superior a 7 dias. Mas realização do β-HCG sérico é a
opção laboratorial mais precisa para confirmar o diagnóstico de gravidez. Porém, é necessário
que seu resultado não ultrapasse 1 semana.
12
Figura 1: Fluxograma para diagnóstico da gravidez
13
Avaliação nutricional: utilizando a curva de peso/idade gestacional e/ou medida do
perímetro braquial.
Para São Paulo (2017, pp.31-32) nessa oportunidade devem ser fornecidos ainda:
O cartão da gestante, devidamente identificado e preenchido, incluindo o nome da
unidade hospitalar de referência para ela e o número do telefone;
As solicitações dos exames complementares, segundo o protocolo;
Recomendação de vacinas e ácido fólico;
Recomendação sobre atividades profissionais e físicas na gravidez;
Orientações sobre atividades educativas, visitas domiciliares, visita à maternidade de
referência e demais programas.
Feito esse contato inicial, dá-se início a rotina de atenção pré-natal onde é prosseguido
então o acompanhamento da gestante, com a realização de pelo menos seis consultas,
distribuídas ao longo da gravidez, onde é estabelecido as condutas recomendadas.
14
Tabela 2: Roteiro do calendário de consultas
Fonte: Brasil (1998, p.14) (Observação: o intervalo entre duas consultas não deve ultrapassar 8 semanas.)
O intervalo entre as consultas deve ser de quatro semanas. Após a 36° semana, a gestante
deverá ser acompanhada a cada 15 dias, visando à avaliação da pressão arterial, da presença
de edemas, da altura uterina, dos movimentos do feto e dos batimentos cardiofetais. Frente
a qualquer alteração, ou se o parto não ocorrer até sete dias após a data provável, a gestante
deverá ter consulta médica assegurada, ou ser referida para serviço de maior complexidade.
Pressupõem dizer que dentre os números mínimo de consultas de pré-natal, deverá ser
preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no último
trimestre. Porém, a OMS recentemente atualizou sua recomendação para um mínimo de oito
consultas, assim distribuídas: uma no primeiro trimestre (até a 12ª semana), seguida por
retornos com 20, 26, 30, 34, 36, 38 e 40 semanas.
1.2.3. Consultas
Para São Paulo (2010, p.42), «a consulta é um contato que exige a prática de acolhimento
para a gestante e seu acompanhante. Assim, deve haver disponibilidade para que sejam
acolhidas e esclarecidas queixas, dúvidas e ansiedades, estimulando o “desejo de voltar” ou
a adesão ao programa».
Como é óbvio pela elucidação dos autores, é necessário que os profissionais que
acompanham a gestante, estejam comprometidas com a tarefa de acolhimento e esclarecimento,
15
incitando na paciente o desejo de voltar a consulta, mas para isso, há necessidade de
desenvolver a capacidade de humanização e a empatia frente aos problemas dos pacientes, o
que ainda é um desafio para muitos profissionais de saúde em nossa sociedade
A primeira consulta de pré-natal deve ser realizada por profissional médico, para a
classificação de risco do caso ou da paciente, e segue o roteiro mostrados na tabela 3:
16
Características socioeconômicas:
– grau de instrução;
– profissão/ocupação;
– estado civil/união;
– número e idade de dependentes (avaliar sobrecarga de trabalho doméstico);
– renda familiar;
– condições de moradia (tipo, número de cômodos);
– condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo);
– distância da residência até a unidade de saúde;
– Violência doméstica.
Antecedentes familiares:
– câncer de mama e/ou de colo uterino;
– diabetes mellitus;
– doença de Chagas;
– doenças congênitas;
– gemelaridade;
– hanseníase;
– hipertensão arterial;
– tuberculose e outros contatos domiciliares (anotar a doença e o grau de parentesco);
– parceiro sexual portador de infecção pelo HIV, sífilis e outras DST.
Antecedentes pessoais:
– alergias;
– alterações osteoarticulares de interesse obstétrico;
– aneurismas;
– aterosclerose;
– câncer;
– cardiopatias, inclusive doença de Chagas;
– cirurgia (tipo e data);
– deficiências de nutrientes específicos;
– desvios nutricionais (baixo peso, desnutrição, sobrepeso, obesidade);
– doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, outras colagenoses);
– doenças inflamatórias intestinais crônicas;
– doenças neurológicas e psiquiátricas;
– endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus);
– hanseníase, tuberculose ou outras doenças infecciosas;
– hemopatias;
– hipertensão arterial crônica (classificar em leve, moderada ou grave e/ou se fazendo uso de
anti-hipertensivo);
– infecção do trato urinário;
– nefropatias;
– pneumopatias;
– portadora de infecção pelo HIV (se em uso de retrovirais, anotar quais);
17
– portadora de doenças infecciosas (hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis e
outras DST);
– psicose;
– transfusões de sangue;
– trauma;
– tromboembolismo.
Antecedentes ginecológicos:
– ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade);
– cirurgias ginecológicas (idade e motivo);
– doença inflamatória pélvica;
– doenças sexualmente transmissíveis (tratamentos realizados, inclusive pelo parceiro);
– infertilidade e esterilidade (tratamento);
– malformação genital;
– mamas (alteração e tratamento);
– miomatose e tumores anexiais;
– última colpocitologia oncológica (data e resultado).
– uso de métodos anticoncepcionais prévios (quais, por quanto tempo e motivo do abandono).
Sexualidade:
– início da atividade sexual;
– dispareunia;
– prática sexual nessa gestação;
– multiplicidade de parceiros sem uso de proteção; uso de preservativos masculino ou
feminino (uso correto? uso habitual?).
Antecedentes obstétricos:
– aloimunização Rh;
– complicações nos puerpérios (descrever);
– história de aleitamentos anteriores (duração e motivo do desmame);
– idade na primeira gestação;
– intercorrências ou complicações em gestações anteriores (especificar);
– intervalo entre as gestações (em meses);
– mortes neonatais precoces: até 7 dias de vida (número e motivo dos óbitos);
– mortes neonatais tardias: entre 7 e 28 dias de vida (número e motivo dos óbitos);
– natimortos (morte fetal intrauterina e idade gestacional em que ocorreu);
– número de abortamentos (espontâneos, provocados, causados por DST, complicados por
infecções, curetagem pós-abortamento);
– número de filhos vivos;
– número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica, mola hidatiforme);
– número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais espontâneos, fórceps, cesáreas
– indicações);
– número de recém-nascidos de baixo peso (menos de 2.500 g) e com mais de
4.000 g;
– número de recém-nascidos: pré-termo (antes da 37ª semana de gestação), pós-termo (igual
ou mais de 42 semanas de gestação);
18
– recém-nascidos com icterícia, transfusão, hipoglicemia, exsanguíneo transfusões.
Gestação atual:
– aceitação ou não da gravidez pela mulher, pelo parceiro e pela família, principalmente se
for adolescente;
– data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação – DUM (anotar certeza ou dúvida);
– hábitos alimentares;
– hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e drogas ilícitas;
– identificar gestantes com fraca rede de suporte social e/ou com baixa aderência aos
cuidados pré-natais;
– internação durante essa gestação;
– medicamentos usados na gestação;
– ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes químicos e físicos
potencialmente nocivos, estresse);
– peso prévio e altura;
– sinais e sintomas na gestação em curso.
EXAME FÍSICO
Geral:
– determinação do peso e da altura;
– medida da pressão arterial;
– inspeção da pele e das mucosas;
– palpação da tireoide e de todo o pescoço, região cervical e axilar (pesquisa de nódulos ou
outras anormalidades);
– ausculta cardiopulmonar;
– exame do abdômen;
– exame dos membros inferiores;
– pesquisa de edema (face, tronco, membros).
Específico (gineco-obstétrico):
– exame clínico das mamas. Durante a gestação e a amamentação, podem ser identificadas
alterações, que devem seguir conduta específica. Realizar orientações para o aleitamento
materno em diferentes momentos educativos, principalmente se for adolescente. Nos casos
em que a amamentação estiver contraindicada (portadoras de HIV/HTLV), orientar a mulher
quanto à inibição da lactação (mecânica e/ou química) e para a disponibilização de fórmula
infantil;
– palpação obstétrica e, principalmente no 3º trimestre, identificação da situação e
apresentação fetal;
– medida da altura uterina;
– ausculta dos batimentos cardíacos fetais (com Sonar Doppler, é possível após 12 semanas);
– inspeção dos genitais externos;
– exame especular e toque vaginal – essa etapa do exame físico pode ser realizada na consulta
de retorno, considerando o contexto clínico e o desejo da mulher;
– o exame físico das adolescentes deve seguir as orientações do manual de Saúde integral de
adolescentes e jovens: orientações para a organização de serviços de saúde; deve ser
completo, valorizando os aspectos éticos e a privacidade. No caso de adolescente de sexo
19
oposto ao do examinador, recomenda-se a presença de acompanhante ou outro profissional
de saúde na sala.
Fonte: São Paulo (2010, pp.45-49) (adaptação nossa)
Os exames de rotina para triagem de situações clínicas de maior risco no pré-natal devem
ser solicitados no acolhimento da mulher no serviço de saúde, imediatamente após o
diagnóstico de gravidez. Os resultados devem ser avaliados na primeira consulta clínica.
Muitos desses exames serão repetidos no início do 3º trimestre.
(São Paulo, 2010, p.50)
Implica dizer que a o profissional que avalia os exames deve estar preparado tecnicamente
para orientar sobre limitações nos resultados, possibilitando intervenções eficientes no
momento da consulta. Deve também estar habilitado para solicitar pesquisa adicional para
conclusão diagnóstica, evitando pânico desnecessário e/ou condutas tardias.
De acordo Brasil (2005, pp.26-27) na primeira consulta deve ser solicitado os seguintes
exames complementares:
Dosagem de hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht);
Grupo sanguíneo e fator Rh;
Sorologia para sífilis (VDRL): repetir próximo à 30ª semana;
Glicemia em jejum: repetir próximo à 30ª semana;
Exame sumário de urina (Tipo I): repetir próxima à 30ª semana;
Sorologia anti-HIV, com o consentimento da mulher após o “aconselhamento pré-teste”;
Sorologia para hepatite B (HBsAg, de preferência próximo à 30ª semana de gestação);
20
Sorologia para toxoplasmose (IgM para todas as gestantes e IgG, quando houver
disponibilidade para realização).
Portanto, outros exames podem ser acrescidos a esta rotina mínima em algumas situações
especiais:
Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG – 75g, 2h) – para os casos triados com fator
de risco para diabetes gestacional presente e/ou com glicemia de jejum inicial maior ou
igual a 85mg/dL.
Urocultura com antibiograma para o diagnóstico de bacteriúria assintomática –
repetir entre 28-30 semanas.
Protoparasitológico de fezes.
Colpocitologia oncótica – muitas mulheres frequentam os serviços de saúde apenas para
o pré-natal. Assim, é imprescindível que, nessa oportunidade, seja realizado esse exame,
que pode ser feito em qualquer trimestre, sem a coleta endocervical.
Bacterioscopia da secreção vaginal – avaliação de perfil bacteriológico do conteúdo
vaginal por critério de Nugent, indicada para pacientes com antecedente de
prematuridade, possibilitando a detecção e o tratamento precoce da vaginose bacteriana,
idealmente antes da 20ª semana. Se a bacterioscopia estiver indisponível, pode-se realizar
um diagnóstico presumido, através do exame especular, pela positividade de pelo menos
três dos quatro critérios de Amsel: 1) corrimento branco-acinzentado; 2) medida do pH >
4.5 com fita apropriada aplicada a 2-3 cm do introito vaginal, na parede lateral da vagina;
3) liberação de aminas com odor de peixe no teste com hidróxido de potássio a 10%
adicionado a uma amostra do conteúdo vaginal; 4) visualização de clue cells à
microscopia.
Ultrassonografia obstétrica – a ultrassonografia (USG) é um recurso útil na assistência
pré-natal, mas as decisões terapêuticas devem ser baseadas no raciocínio clínico. Caso a
gestante inicie o pré-natal precocemente, o primeiro ultrassom pode ser realizado entre
10-13 semanas para avaliação de translucência nucal, como rastreamento para
cromossomopatias. O segundo exame, ou na eventualidade de que apenas um seja factível
ou esteja disponível, deve ser realizado entre 20-24 semanas, pois nessa época a biometria
fetal indica com relativa precisão a idade gestacional e possibilita avaliação morfológica
fetal. Ultrassonografias adicionais devem ser solicitadas, dependendo da suspeita clínica.
Cultura específica com coleta anovaginal do estreptococo do grupo B entre 35-37
semanas, quando possível.
(São Paulo, 2010, pp.50-51)
21
1.2.3.3. Plano de consultas subsequentes ou de retorno
22
Realização de ações e práticas educativas individuais e em grupos. Devem ser garantidos
grupos educativos exclusivos para adolescentes permitindo a abordagem de temas relevantes
para o grupo, entre seus pares
Agendamento de consultas subsequentes.
Anotação dos dados da consulta e condutas no prontuário e no cartão da gestante.
Imunização antitetânica e anti-pertussis (coqueluche)
Imunização contra influenza pandêmica.
Manter a profilaxia da pré-eclâmpsia para gestantes de alto risco como hipertensas
crônicas, antecedente de pré-eclâmpsia, diabetes com vasculopatia, doença renal crônica,
doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico e Síndrome do Anticorpo
Antifosfolípide, entre 12 e 34 semanas.
Fonte: São Paulo (2017, pp.52-54) (adaptação nossa)
Com isso quer dizer que, é importante haver treinamento rotineiro dos profissionais
assistentes, em especial daqueles que estão iniciando suas atividades. Cabe aos profissionais de
formação universitária promover a capacitação dos demais membros da equipe, visando a
garantir que todos os dados colhidos sejam fidedignos.
Brasil (1998) destaca que os procedimentos e condutas padronizados, abaixo listados, são
aqueles que devem sistematicamente ser realizados e avaliados em toda consulta pré-natal:
Cálculo da idade gestacional;
Avaliação do estado nutricional;
Determinação do peso materno;
Controle da pressão arterial;
Verificação da presença de edema;
Medida da altura uterina/acompanhamento do crescimento fetal;
Ausculta dos batimentos cardíaco fetais;
23
«Os métodos para essa estimativa dependem da data da última menstruação (DUM) que
corresponde ao primeiro dia de sangramento do último período menstrual regular referido
pela mulher, sem uso de anticoncepção hormonal» (São Paulo, 2017, p.69).
Para São Paulo (2010, p.66), «é o método para se calcular a idade gestacional em
mulheres com ciclos menstruais regulares, que não estão amamentando nem fazendo uso de
métodos anticoncepcionais hormonais».
Uso do calendário: somar o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da
consulta, dividindo o total por sete (resultado em semanas).
Uso de disco (gestograma): colocar a seta sobre o dia e o mês correspondentes ao
primeiro dia da última menstruação e observar o número de semanas indicado no dia e
mês da consulta atual.
Se o período foi no início, meio ou fim do mês, considerar como DUM os dias 5, 15 e
25, respectivamente. Proceder, então, à utilização de um dos métodos descritos
anteriormente (Brasil,1998).
Quando a data e o período do mês não forem conhecidos, a idade gestacional e a data
provável do parto serão, inicialmente, determinadas por aproximação, basicamente
pela medida da altura do fundo do útero e pelo toque vaginal, além da informação sobre
a data de início dos movimentos fetais, que ocorrem habitualmente entre 18 e 20
semanas. Pode-se utilizar a altura uterina mais o toque vaginal, considerando os
seguintes parâmetros:
– até a 6ª semana, sem alteração do tamanho uterino;
– na 8ª semana, útero piriforme, dobro do tamanho normal;
– na 10ª semana, útero corresponde a três vezes o tamanho habitual;
– na 12ª semana, ocupa a pelve, arredondado, palpável na sínfise púbica;
– na 16ª semana, fundo uterino entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical;
– na 20ª semana, fundo do útero na altura da cicatriz umbilical;
– a partir da 20ª semana, relação direta entre as semanas da gestação e a medida
da altura uterina. Porém, esse parâmetro torna-se menos fiel a partir da 32ª
semana de idade gestacional.
Algumas situações podem superestimar a idade gestacional baseada na altura uterina
(macrossomia, polidrâmnio e gestação múltipla); outras podem subestimar
(oligoâmnio, restrição de crescimento fetal intrauterino, feto constitucionalmente
pequeno), especialmente na 2ª metade da gravidez.
24
(São Paulo, 2017, pp.71-72)
Quando os ciclos menstruais são irregulares ou os dados não são confiáveis ou não estão
disponíveis, a ultrassonografia pode ser a única fonte da DPP. Portanto com base na IG, cada
recém-nascido é classificado como:
Prematuro: < 34 semanas de gestação;
Pré-termo tardio: 34 a < 37 semanas;
A termo precoce: 37 0/7 semanas a 38 6/7 semanas;
A termo completo: 39 0/7 semanas a 40 6/7 semanas;
A termo tardio: 41 07 semanas a 41 67 semanas;
Pós-termo: 42 0/7 semanas e além;
Pós-termo: > 42 semanas.
25
Para Brasil (2005, p.40) o objetivo da avaliação e acompanhamento do estado nutricional
e o ganho de peso da gestante consiste em:
Identificar, a partir de diagnóstico oportuno, as gestantes em risco nutricional (baixo
peso, sobrepeso ou obesidade), no início da gestação;
Detectar as gestantes com ganho de peso baixo ou excessivo para a idade gestacional;
Realizar orientação adequada para cada caso, visando à promoção do estado nutricional
materno, as condições para o parto e o peso do recém-nascido.
Obviamente que as atividades para este procedimento subsiste em medir o peso e a altura
da gestante e avaliar o estado nutricional durante a gestação. Portanto, as técnicas para a tomada
das medidas do peso e da altura, e da avaliação nutricional passa pelos seguintes processos:
Deve-se aferir o peso em todas as consultas pré-natais, com a gestante usando roupa leve
e descalça, deve subir na plataforma e ficar em pé, de costas para o medidor, com os braços
estendidos ao longo do corpo e sem qualquer outro apoio. Recomenda-se a utilização da balança
eletrônica ou mecânica, certificando-se se está em bom funcionamento e calibrada. O cuidado
com as técnicas de medição e a aferição regular dos equipamentos garantem a qualidade das
medidas coletadas.
Para Brasil (2000, p.27), «a estatura deverá ser medida na primeira consulta. A gestante
deverá estar em pé, descalça, com os calcanhares juntos o mais próximo possível da haste
vertical da balança, erguida, com os ombros para trás e olhando para frente».
26
Segundo São Paulo (2017, p.74) na primeira consulta pré-natal:
A avaliação nutricional da gestante, com base em seu peso e sua estatura, permite conhecer
seu estado nutricional no início do acompanhamento pré-natal e subsidia a previsão de
ganho de peso até o fim da gestação. Essa avaliação deve seguir as instruções abaixo:
Calcule o IMC por meio da fórmula, o ideal é que o IMC considerado no diagnóstico
inicial da gestante seja o IMC pré-gestacional referido ou o IMC calculado a partir de medição
realizada até a 13ª semana gestacional. Caso isso não seja possível, inicie a avaliação da
gestante com os dados da primeira consulta de pré-natal, mesmo que esta ocorra após a 13ª
semana gestacional.
Tabela 5: Avaliação do EN da gestante acima de 19 anos, segundo IMC por semana gestacional
Fonte: Atalah et al., (1997) citado por São Paulo (2017, p.75)
28
1.2.4.4. Controle da pressão arterial (PA)
Este procedimento tem como objetivo detectar precocemente estados hipertensivos que
se constituam em risco materno e perinatal.
Para São Paulo (2017, p.82), «nos casos em que a pressão arterial tiver sido aferida
inicialmente pelos profissionais de enfermagem, o(a) médico(a) deverá ser avisado(a)
imediatamente se a PAS ≥ 160mmHg e PAD ≥ 110mmHg». Entretanto, os achados e condutas
na avaliação da PA resume-se na seguinte tabela 6:
Tabela 6: Avaliação da PA
ACHADO CONDUTA
Níveis de PA conhecidos e normais antes Níveis tensionais normais:
da gestação: Manter calendário habitual
Manutenção dos mesmos níveis Cuidar da alimentação
de PA Praticar atividade física
Níveis de PA desconhecidos antes da
gestação:
Valores da pressão normais
Níveis de PA conhecidos e normais antes Paciente com suspeita de pré-eclâmpsia:
da gestação: Repetir medida após período de
Aumento da PA em nível menor repouso (preferencialmente após 4
do que 140/90mmHg (sinal de horas)
alerta) Remarcar consulta em 7 dias
29
Níveis de PA desconhecidos antes da Medir PA pelo menos 2-3 vezes
gestação: por semana
Valores da PA ≥ 140/90mmHg e Orientar para presença de
<160/110, sem sintomas e sem sintomas como: cefaléia,
ganho ponderal maior que 500g epigastralgia, escotomas, edema,
semanal redução do volume ou presença de
“espuma” na urina, redução de
movimentos fetais
Orientar repouso relativo de uma
hora pós-prandial e controle de
movimentos fetais
Verificar presença de proteinúria
por meio de fita urinária (positivo:
+ ou mais). Se positiva,
encaminhar para avaliação
hospitalar. Se negativa, solicitar
provas laboratoriais, se possível, e
encaminhar para pré-natal de alto
risco
Níveis de PA superiores a 140/90 Paciente com pré-eclâmpsia grave:
mmHg, proteinúria positiva e/ou Prestar o primeiro atendimento e
sintomas clínicos (cefaléia, epigastralgia, referir imediatamente à unidade de
escotomas, reflexos tendíneos referência hospitalar
aumentados) ou paciente assintomática, Considerar a utilização de
mas com PA ≥160/110mmHg medicações/sulfato de magnésio
dose de ataque e procedimentos
específicos para emergência
hipertensiva hidralazina EV,
mesmo na UBS
Paciente com hipertensão arterial crônica Paciente de risco:
com nível de PA grave, em uso regular Referir para avaliação hospitalar
de medicação anti-hipertensiva
Fonte: São Paulo (2017, p.83)
Vale realçar que as pacientes com hipertensão arterial antes da gestação deverão ser
consideradas de risco e encaminhadas ao pré-natal de alto risco.
30
Figura 3: Detenção de edemas nos membros inferiores
Conforme podemos verificar a partir das figuras, o edema fica evidenciado mediante
presença de uma depressão duradoura no local pressionado. Na face e em membros superiores
a presença de edema é identificado pela inspeção. Após a investigação, dependendo do achado,
as condutas específicas recomendadas estão dispostas na tabela 7:
31
acordar, acompanhado ou não de Referir ao pré-natal de risco
hipertensão ou aumento súbito de peso
Fonte: Brasil (1998, pp.33-34).
Esta técnica tem como objetivo, identificar o crescimento normal do feto e detectar seus
desvios; diagnosticar as causas do desvio de crescimento fetal encontrado e orientar
oportunamente para as condutas adequadas a cada caso.
32
Fonte: São Paulo (2017, p.86)
Estas manobras, procuram identificar os pólos cefálico e pélvico e o dorso fetal. O feto
pode estar em situação longitudinal (mais comum) ou transversa. As apresentações mais
frequentes são a cefálica e a pélvica, conforme ilustrado nas figuras 6:
Percebe-se pela explanação do autor, que não é o melhor caso calcular a IG com base na
altura uterina, mas ela pode fornecer sinais relevantes no diagnóstico de macrossomia fetal
quando é excluído a existência de uma gestação gemelar. A técnica de medida da altura uterina
é ilustrada na figura 7:
34
1.2.4.7. Ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF)
Vale realçar que é considerada normal a frequência cardíaca fetal entre 120 a 160
batimentos por minuto. A percepção materna e a constatação objetiva de movimentos fetais,
além do crescimento uterino, são sinais de boa vitalidade fetal. A técnica é ilustrada na figura
8:
35
Tabela 8: Avaliação dos BCF
ACHADO CONDUTA
BCF não audível Alerta:
quando a IG for ≥ 14
semanas Verificar erro de estimativa de idade gestacional.
Afastar condições que prejudiquem boa ausculta: obesidade
materna, dificuldade de identificar o dorso fetal.
Solicitar ultrassonografia ou referir para serviço de maior
complexidade.
36
1.3. PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DE UM PRÉ-NATAL
TARDIO
O pré-natal tem a função de prevenção da saúde materna e perinatal, para a diminuição dos
índices de mortalidade. Quando bem realizado o pré-natal consegue prevenir patologias
importantes, como anemias, aumento da pressão arterial favorecendo o aparecimento de
eclampsia e pré-eclampsia, além de proporcionar um melhor preparo psicológico para o
parto e puerpério, reduzindo taxas de abortamento e risco de parto prematuro.
Com tudo que vimos até agora, é possível criar um quadro das consequências de um pré-
natal tardio (quando é iniciada após o primeiro trimestre de gestação), sendo que a pré-natal
pode colaborar de forma positiva com o diagnóstico e com o tratamento adequado das afecções,
além de fiscalizar fatores de risco que levam a complicações na saúde do bebê e da mulher.
Andreucci e Cecati, (2011) citado por Dias (2014, p.07) enfatizam que:
Tais problemas poderiam ser controladas e verificadas através do pré-natal durante toda
gravidez. As intercorrências clinicas mas frequentes na gestação incluem: hiperêmese;
síndromes hemorrágicas (abortamento, ameaça de aborto, gravidez ectópica, mola hidatiforme,
placenta prévia, descolamento prematuro da placenta); anemia; hipertensão arterial na gestação
e eclampsia; hiperglicemia na gestação; hepatite B; hepatite C; toxoplasmose; infecção do trato
urinário (ITU); Infecção por HIV e outras DST; parasitoses intestinais; varizes e
tromboembolismo; epilepsia; ruptura prematura de membranas (RPM); trabalho de parto
37
prematuro (TPP); gestação prolongada e gestação múltipla. Todas estas intercorrências quando
presentes na gestante exige uma atenção especial que só poderá ser controlado eficientemente
quando detectado previamente na gestação através de uma pré-natal precoce.
Como podemos ver, são enumeras consequências que a pré-natal tardio apresenta, porém,
existe também factores que contribuem para o início tardio das consultas, e no caso especial da
adolescência, envolve sobretudo factores socioeconômicos, nível de escolaridade, vergonha ou
receio de um julgamento por parte dos familiares, amigos e profissionais de saúde, e a
percepção tardio que a adolescente terá da existência de uma gravidez, uma vez que ela ainda
não tem grande experiência para distinguir as alterações fisiológicas da puberdade dos sinais
que a gravidez pode provocar.
De acordo com Osis et al.(1993) citado por Lial (2014p.12) os fatores associados ao o
pré-natal tardio estão relacionados também «ao baixo nível socioeconômico, onde podemos
entender que há uma significativa relação entre a mortalidade perinatal e o número de
consultas e que quanto menor o poder aquisitivo, mais tardio se dá a procura para a realização
do pré-natal».
38
Com isso pudemos compreender que a falta de equidade do setor socioeconômico afeta a
saúde da gestante e se manifesta na educação, no estado nutricional da futura mãe e do seu
bebe.
Lial (2014, p.12) enfatiza que quanto aos fatores e alegações relacionados à baixa
escolaridade das gestantes foi analisado que, «aquelas que têm menor grau de escolaridade
apresentam maior chance de acesso tardio ao pré-natal, ou seja, o aumento da escolaridade
repercute favoravelmente no acesso precoce da gestante ao atendimento ao pré-natal».
(...) sendo que em relação à vida conjugal pode-se postular que a mulher solteira,
independentemente da sua escolaridade, demora mais em aceitar a gestação e tem menos
conhecimentos acerca do que fazer em caso de ficar grávida, a que poderia explicar o início
mais tardio das consultas de pré-natais e, consequentemente, também o menor número de
consultas.
«Mulheres com maior número de filhos apresentam maior dificuldade em iniciar o pré-
natal» (Lial 2014, p.13). Provavelmente isto ocorra devido à dificuldade destas mulheres em
deixar os filhos ou talvez porque acreditem que como já passaram pela experiência da gravidez,
podem iniciar as consultas mais tardiamente.
39
CAPÍTULO II
OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO
40
2.1. MODO DE INVESTIGAÇÃO
Para esta monografia, utilizou-se a pesquisa observacional descritivo transversal com uma
abordagem qualitativa e quantitativa, que segundo Zassala (2013, p. 42), «pesquisa descritiva
é a investigação que procura a natureza e grau de condições existentes». Envolve levantamento
bibliográfico
2.2. HIPÓTESES
Anderegg (1978) citado por Marconi e Lakato (2001, p.136), «hipótese é uma tentativa
de explicação mediante uma suposição ou conjuntura verossímil, destinada a ser provada pela
comprovação dos factos».
H2- As gestantes adolescentes atendidas no II trimestre de 2021 no Centro Ana Paula, não
têm conhecimento sobre as consequências do início tardio das consultas pré-natais.
2.3. VARIÁVEIS
Para Vaz-Freixo (2012, p.202), «variável é qualquer caraterística que numa experiência
é manipulada, medida ou controlada».
41
2.3.1. Variável Dependente
– Gestante adolescente
42
CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS
43
3.1. RESULTADOS DA AMOSTRA
10 - 12 anos
0%
13 - 15 anos
25%
16 - 19 anos
75%
44
Quadro 2: Distribuição da amostra quanto à morada
Distrito Frequência Percentagem (%)
Vila 11 55
Luanda Sul 1 5
Caop 6 30
Estalagem 0 0
Zango 2 10
Total 20 100
Fonte: Autora (2021)
Estalagem
Caop
0%
30%
Luanda Sul
5%
Zango
10%
Vila
55%
Percebe-se pelo quadro e o gráfico 2 que a maior percentagem das inquiridas são
moradoras do distrito da Vila representado por 55%, enquanto que 30% do distrito de Caop,
10% do Zango, e 5% de Luanda Sul.
45
Quadro 3: Distribuição da amostra quanto ao nível acadêmico
Nível Acadêmico Frequência Percentagem (%)
Primeiro Ciclo
0 0
(1ª - 6ª Classe)
Ensino Secundário
9 45
(7ª - 9ª Classe)
Ensino Médio
5 25
(10ª - 13ª Classe)
Nenhum 6 30
Total 10 100
Fonte: Autora (2021)
Ensino Secundário
45%
Primeiro Ciclo
0%
Nenhum
30%
Ensino Médio
25%
No que concerne a este ponto, nota-se que 45% das gestantes inquiridas, estão no Ensino
Secundário, ao passo que 25% no Ensino Médio, enquanto que 30% não apresentaram qualquer
nível acadêmico.
46
Quadro 4: Com quantos meses deste início a consulta pré-natal?
9 meses
8 meses 10% 3 meses
0% 2 meses 0% 1 mês
0% 0%
4 meses
25%
7 meses
35%
5 meses
30%
6 meses
0%
47
Quadro 5: Sabes quais consequências tem o início tardio da consulta pré-natal?
Sabes quais consequências tem o início Frequência Percentagem (%)
tardio da consulta pré-natal?
Sim 7 35
Não 13 65
Total 10 100
Fonte: Autora (2021)
Sim
35%
Não
65%
48
Quadro 6: Sabes que importância tem a consulta pré-natal?
Sabes que importância tem a consulta Frequência Percentagem (%)
pré-natal?
Sim 9 45
Não 11 55
Total 10 100
Fonte: Autora (2021)
Sim
45%
Não
55%
No que se refere a este ponto é de constatar que 55% das gestantes inquiridas não sabem
a importância das consultas pré-natais, muitas alegaram dar início as consultas por iniciativa
das mães, irmãs ou um outro membro familiar, ao passo que 45% das inquiridas afirmaram
saber a importância da pré-natal.
49
3.2. ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS
Após apresentação dos resultados, vamos analisar os dados obtidos das amostras. Sobre
o qual formulamos a seguinte questão de investigação: Qual é o conhecimento das gestantes
adolescentes, sobre as consequências do início tardio das consultas pré-natais, no centro Ana
Paula no II trimestre de 2021?
Verificou-se também que, 35% iniciaram o pré-natal no sétimo mês de gestação, enquanto
que 30% no quinto, 25% no quarto e 10% no nono. Completando uma margem de 55% deram
início a pré-natal no segundo trimestre da gestação e 45% no terceiro trimestre. O que significa
dizer que nenhuma começou as consultas no primeiro trimestre conforme recomendado.
50
CONCLUSÃO
Recomendações
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Angel, S. & Colaboradores (2008). Dicionário Enciclopédico de Psicologia. 1.ª ed. Lisboa:
Texto & Grafia.
Brasil. Ministério da Saúde (1998). Assistência pré-natal: normas e manuais técnicos. 3ª ed.
Brasília: Ministério da Saúde.
Brasil. Ministério da Saúde (2000). Assistência Pré-natal: Manual técnico. 3ª ed. Brasília:
Secretaria de Políticas de Saúde - SPS/Ministério da Saúde.
Eliana, M. A. (2010). Manual Técnico do Pré-natal e Puépuerio. 1.ª ed. São Paulo: Projecto
gréfico e comunicação
Filho, M. (2006). Pré-natal e Puérpuerio / Atenção Qualificada e Humanizada. 3.ª ed. Brasil.
Japiassú, H. & Marcondes, D. (2001). Dicionário Básico de Filosofia. 3.ª ed. revista e ampliada,
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
Marconi, M. & Lakato, M. (2001). Metodologia Cientifica.6.ª ed. São Paulo. Editora: Altas
S.A.
52
Minas Gerais. Secretaria de Estado de Saúde (2007). Atenção à Saúde do Adolescente. 2.ª ed.
Belo Horizonte: SAS/MG.
Miranda et al. (2013). Pré-natal na adolescência: uma revisão crítica. Adolesc. Saúde, Rio de
Janeiro, v. 10, supl. 1, p. 43-50.
53
São Paulo(Estado), Secretaria da Saúde de (2017). Pré-natal e puerpério: manual técnico. São
Paulo: UNICAMP.
54