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Campus Universitário de Viana

UNIVERSIDADE JEAN PIAGET DE ANGOLA


(Criada pelo decreto nº 44ª/01 do conselho de ministros, em 06 de Julho de 2001)

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

MONOGRAFIA

ANÁLISE DO CONHECIMENTO DAS GESTANTES


ADOLESCENTES, SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DO INÍCIO
TARDIO DAS CONSULTAS PRÉ-NATAIS, NO CENTRO ANA
PAULA NO II TRIMESTRE DE 2021

Autora: Emília Nhenga Cambango Tango


Licenciatura: Enfermagem
Orientadora: Dra. Marlene Chitula Buta Ulamba

Viana, Junho de 2021


Campus Universitário de Viana
UNIVERSIDADE JEAN PIAGET DE ANGOLA
(Criada pelo decreto nº 44ª/01 do conselho de ministros, em 06 de Julho de 2001)

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

MONOGRAFIA

ANÁLISE DO CONHECIMENTO DAS GESTANTES


ADOLESCENTES, SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DO INÍCIO
TARDIO DAS CONSULTAS PRÉ-NATAIS, NO CENTRO ANA
PAULA NO II TRIMESTRE DE 2021

Emília Nhenga Cambango Tango


Enfermagem
EPÍGRAFE

«Todos vivemos devorados com a necessidade de mudar o mundo mas ignoramos a


impossibilidade de alcançar este desejo sem antes começarmos por mudar a nós mesmo»

(Indar Lopes Nunes)

III
DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Fim de Curso de Licenciatura em Enfermagem ao anjo que Deus
pôs a terra para cuidar de nós enquanto filhos, minha querida mãe Engrácia Francisco
Cambango pelo seu amor incondicional e por ser a minha força e motivação para a luta e
conquista.

Dedico também a todas gestantes adolescentes que não optaram abortar, apesar das
contestações sociais. As famílias e aos profissionais de saúde que trabalham directa ou
indirectamente com estas adolescentes.

IV
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar ao soberano Deus pela vida e oportunidade que me


concedeu, de terminar esta licenciatura.

Agradeço à minha mãe, Engrácia Francisco Cambango pela educação e conselhos


transmitidos, para os quais dedico este trabalho.

À minha orientadora, Dra. Marlene Chitula Buta Ulamba, pela forma sabia, paciência
dispensada para orientar este trabalho de Monografia.

Agradeço particularmente ao meu companheiro, que, sempre que solicitado, não poupou
esforço de me apoiar e sempre me incentivou ao longo desta caminhada. Ao meu filho, aos
meus irmãos e irmãs, pelo apoio e incentivo ao longo desta caminhada, que em momentos
difíceis souberam estar ao meu lado, e muitas vezes sentiram a minha ausência durante a noite
e até mesmo aos fins de semana.

A todos os que de uma forma ou de outra disponibilizaram todas as suas capacidades e


esforços, para a realização desta Monografia, de forma muito particular, quero exprimir o meu
profundo reconhecimento ao meu cunhado Indar Lopes Nunes pela leitura crítica que efectuou
do trabalho e das sugestões metodológicas apresentadas com vista à sua melhor reestruturação.

Aos meus professores, pelas condições lectivas que me proporcionaram durante a fase
de licenciatura.

Muito obrigada a todos.

V
DECLARAÇÃO DO AUTOR

Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os regulamentos
da Universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaget) e em particular do
Regulamento de Elaboração dos Trabalhos de Fim de Curso. O trabalho é original
excepto onde indicado por referência especial no texto.

Quaisquer visões expressas são as do autor e não representam de modo algum


quaisquer visões da UniPiaget. Este trabalho, no todo ou em parte, não foi
apresentado para avaliação noutras instituições de ensino superior nacionais ou
estrangeiras.

Mais informo que a norma seguida para a elaboração do trabalho é a Norma APA.

Assinatura:_________________________________________________________

Data: _____/_____/__________

VI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OMS: Organização Mundial da Saúde

PN: Pré-Natal

TIG: Teste Imunológico de Gravidez

IG: Idade Gestacional

DPP: Data Provável do Parto

DUM: Data da Última Menstruação

EN: Estado Nutricional

IMC: Índice de Massa Corporal

PA: Pressão Arterial

BCA: Batimento Cardíaco Fetal

VII
RESUMO

O presente trabalho de Monografia teve como objectivo geral avaliar o conhecimento das
gestantes adolescentes, sobre as consequências do início tardio das consultas pré-natais, no
Centro Ana Paula no II trimestre de 2021. Para alcançá-lo, foram traçados os seguintes
objectivos específicos: caracterizar a amostra segundo a idade, morada e habilidade literárias.
Identificar as principais consequências do início tardio das consultas pré-natais em gestantes
adolescentes. Escrever o conhecimento das gestantes adolescentes sobre as consequências do
início tardio das consultas pré-natais. Para tal, utilizou-se a pesquisa observacional descritivo
transversal com uma abordagem qualitativa e quantitativa, através do qual, aplicou-se um
questionário fechado e fez-se uma entrevista. A partir de uma amostra de 20 gestantes
adolescentes, obteve-se os seguintes resultados: 65% das gestantes inquiridas não têm
conhecimento sobre as consequências do início tardio da consulta pré-natal, e 55% não sabem
a importância da pré-natal. 35% iniciaram o pré-natal no sétimo mês de gestação, enquanto que
30% no quinto, 25% no quarto e 10% no nono. Completando uma margem de 55% deram início
a pré-natal no segundo trimestre da gestação e 45% no terceiro trimestre. O que significa dizer
que nenhuma começou as consultas no primeiro trimestre conforme recomendado. Concluiu-
se que, a maioria das gestantes inquiridas, não têm conhecimento sobre as consequências do
início tardio das consultas pré-natais

Palavras-Chave: Gravidez, Adolescência, Conhecimento, Assistência Pré-natal.

VIII
ABSTRACT

The present work of Monograph had as general objective to evaluate the adolescent pregnant
women's knowledge, on the consequences of the late beginning of the prenatal consultations,
in the Centro Ana Paula in the II quarter of 2021. To reach him/it, they were drawn the following
specific objectives: to characterize the sample according to the age, home and literary ability.
To identify the main consequences of the late beginning of the prenatal consultations in
adolescent pregnant women. To write the adolescent pregnant women's knowledge on the
consequences of the late beginning of the prenatal consultations. For such, the research traverse
descriptive observational was used with a qualitative and quantitative approach, through which,
a closed questionnaire was applied and it was made an interview. Starting from a sample of 20
adolescent pregnant women, it was obtained the following results: 65% of the inquired pregnant
women don't have knowledge on the consequences of the late beginning of the prenatal
consultation, and 55% don't know the importance of the prenatal. 35% began the prenatal in the
seventh month of gestation, while 30% in the fifth, 25% in the room and 10% in the ninth.
Completing a margin of 55% gave beginning the prenatal in the second quarter of the gestation
and 45% in the third quarter. The one that means say that none began the consultations in the
first quarter as recommended. It was ended that, most of the inquired pregnant women, they
don't have knowledge on the consequences of the late beginning of the prenatal consultations

Key-words: Pregnancy, Adolescence, Knowledge, Prenatal Attendance.

IX
ÍNDICE

EPÍGRAFE ...............................................................................................................................III

DEDICATÓRIA ......................................................................................................................IV

AGRADECIMENTOS ..............................................................................................................V

DECLARAÇÃO DE AUTOR ..................................................................................................VI

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..............................................................................VII

RESUMO...............................................................................................................................VIII

ABSTRACT..............................................................................................................................IX

INTRODUÇÃO .........................................................................................................................1

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................................1

OBJECTIVOS DO ESTUDO .....................................................................................................2

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO .................................................................................................2

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .................................................................................................2

DEFINIÇÃO DE CONCEITOS .................................................................................................3

CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA........................................4

1.1. Gravidez na adolescência: noções gerais.............................................................................5


1.1.1. Fatores determinantes da gravidez na adolescência...........................................................7

1.1.2. Consequências da gravidez na adolescência....................................................................10

1.1.2.1. Consequências biológicas.............................................................................................10

1.1.2.2. Consequências sociais psicológicas..............................................................................11

1.2. Assistência pré-natal...........................................................................................................12

1.2.1. Diagnóstico da gravidez...................................................................................................12

1.2.2. Calendário de consultas...................................................................................................14

1.2.3. Consultas.........................................................................................................................15

1.2.3.1. Plano da primeira consulta............................................................................................16

X
1.2.3.2. Exames complementares de rotina................................................................................20

1.2.3.2. Plano de consultas subsequentes ou de retorno.............................................................22

1.2.4. Procedimentos técnicos nas consultas de pré-natal..........................................................23

1.2.4.1. Métodos para cálculo da idade gestacional (IG)............................................................23

1.2.4.2. Métodos para cálculo da data provável do parto (DPP).................................................25

1.2.4.3. Avaliação do estado nutricional (EN) e do ganho de peso gestacional..........................25

1.2.4.4. Controlo de pressão arterial (PA)..................................................................................29

1.2.4.5. Verificação da presença de edema................................................................................30

1.2.4.6. Medida da altura uterina/acompanhamento do crescimento fetal.................................32

1.2.4.7. Ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF)...........................................................35

1.3.Principais complicações de um pré-natal tardio...................................................................37

CAPÍTULO II - OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO.........................................40

2.1- Modo de investigação.........................................................................................................41

2.2 - Hipóteses...........................................................................................................................41

2.3 - Variáveis............................................................................................................................41

2.4 - Objecto de estudo..............................................................................................................42

2.4.1 - Grupos de Sujeitos..........................................................................................................42

2.5 - Instrumento de investigação..............................................................................................42

2.6 - Processamento e Tratamento da informação......................................................................42

CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS.......43

3.1 - Resultados da amostra.......................................................................................................44

3.2 –Análise crítica dos resultados.............................................................................................50

CONCLUSÃO..........................................................................................................................51

Recomendações.........................................................................................................................51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................52

ANEXOS.

XI
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma para diagnóstico da gravidez...............................................................13

Figura 2 – Fórmula para calcular o IMC...................................................................................27

Figura 3 – Detenção de edemas nos membros inferiores............................................................31

Figura 4 – Detenção de edemas na região sacra.........................................................................31

Figura 5 – Manobras de palpação...............................................................................................32

Figura 6 – Identificação da situação e apresentação fetal...........................................................33

Figura 7 – Medição da altura uterina..........................................................................................34

Figura 8 – Ausculta dos BCF com estetoscópio de Pinard..........................................................35

XII
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Factores determinantes da gravidez na adolescência................................................. 8

Tabela 2 - Roteiro do calendário de consultas............................................................................15

Tabela 3 – Roteiro da primeira consulta...................................................................................16

Tabela 4 – Roteiro das consultas subsequentes ou de retorno..................................................22

Tabela 5 – Avaliação do EN da gestante acima de 19 anos, segundo IMC por semanas


gestacional.................................................................................................................................28

Tabela 6 – Avaliação da PA.......................................................................................................29

Tabela 7 – Avaliação de presença de edema..............................................................................31

Tabela 8 – Avaliação dos BCF...................................................................................................36

XIII
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Distribuição da amostra por faixa etária.................................................................44

Quadro 2 – Distribuição da amostra quanto à morada................................................................45

Quadro 3 – Distribuição da amostra quanto o nível acadêmico .................................................46

Quadro 4 – Com quantos meses deste início a consulta pré-natal? ............................................47

Quadro 5 – Sabes quais consequências tem o início tardio da consulta pré-natal? .....................48

Quadro 6 – Sabes que importância tem a consulta pré-natal? ....................................................49

XIV
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição da amostra por faixa etária.................................................................44

Gráfico 2 – Distribuição da amostra quanto à morada...............................................................45

Gráfico 3 – Distribuição da amostra quanto o nível acadêmico .................................................46

Gráfico 4 – Com quantos meses deste início a consulta pré-natal? ............................................47

Gráfico 5 – Sabes quais consequências tem o início tardio da consulta pré-natal? ....................48

Gráfico 6 – Sabes que importância tem a consulta pré-natal? ....................................................49

XV
INTRODUÇÃO

A adolescência é uma fase de muitas transformações físicas e psíquicas e estas mudanças


provocam nos jovens uma desorganização passageira, e uma certa fragilidade devido a pressa
de se afirmarem como adultos. Nesta fase o jovem torna-se mais vulnerável a comportamentos
que podem debilitar sua saúde, como alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo,
consumo de álcool e de drogas e sexo sem proteção. Essa necessidade de autonomia leva o
adolescente a rejeitar a proteção dos adultos e a enfrentar situações e condutas de risco, que
podem levar a acidentes graves, contaminação por doenças sexualmente transmissíveis (DST),
gravidez não planejada e/ou não desejada e até mesmo a morte.

A gravidez na adolescência se constitui como tema atual, cuja existência não pode ser
ignorada, por possuir fortes implicações morais, físicas, emocionais e psicossociais. Sendo uma
das ocorrências mais preocupantes relacionadas à sexualidade na adolescência, e em virtude
das consequências que acarreta, pode ser considerada como um problema social e de saúde
pública.

No presente trabalho de monografia procura-se criar um quadro, o mais rico possível, que
seja capaz de fornecer uma percepção nítida sobre esse assunto que se encontra em uma
incessante evolução. Por se tratar de um problema social e de saúde pública, ela é abordada por
diferentes áreas do conhecimento. O foco para a recolha de informações, está voltado ao centro
hospitalar Ana Paula no município de Viana em pacientes gestantes adolescentes.

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

A assistência pré-natal pode colaborar de forma positiva com o diagnóstico e com o


tratamento adequado das afecções, além de fiscalizar fatores de risco que levam a complicações
na saúde do bebê e da mulher. Se esta assistência não é feito precocemente nos primeiro
trimestre da gestação, os quadros de afeição, fatores de risco juntamente com as consequências
biopsicossociais da gravidez na adolescência, agravam-se colocando em risco a mãe e o bebê.

Com base a este problema surge a seguinte questão: Qual é o conhecimento das gestantes
adolescentes, sobre as consequências do início tardio das consultas pré-natais, no centro Ana
Paula no II trimestre de 2021?
1
OBJECTIVOS

Objectivo geral

Avaliar o conhecimento das gestantes adolescentes, sobre as consequências do início


tardio das consultas pré-natais, no Centro Ana Paula no II trimestre de 2021.

Objectivos específicos

(1) Caracterizar a amostra segundo a idade, morada e habilidade literárias;


(2) Identificar as principais consequências do início tardio das consultas pré-natais em
gestantes adolescentes;
(3) Descrever o conhecimento das gestantes adolescentes sobre as consequências do início
tardio das consultas pré-natais.

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
A importância do seguinte estudo, consiste no facto de ser um assunto de saúde pública e
um problema social que interessa a todos nós. Levando em conta a sua autenticidade, permite
conhecer os factores que estão na base da gravidez na adolescência, e as consequências de um
início tardio da assistência pré-natal, mediante uma revisão da literatura da qual apresentaremos
as abordagens teórico-metodológico.

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Delimitaremos o nosso trabalho de pesquisa no município de Viana, mais precisamente
em gestantes adolescentes atendidas no Centro Ana Paula durante o II trimestre de 2021.

2
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

a) Gravidez

Para Santos (2001, p.107), «gravidez é o estado da fêmea, após a concepção e a


fecundação; período de gestação».

b) Adolescência
A adolescência representa uma passagem entre dois estados: da infância à idade adulta. É
um período de grande fragilidade, no qual se tornam a jogar diferentes estádios já vividos
na primeira infância, mas igualmente um movimento de desidealização dos pais, que
submerge os adolescentes numa perda de referências. Tais mudanças físicas e psíquicas
provocam nos jovens uma desorganização passageira.

(Angel & Colaboradores, 2008, p.104)

c) Conhecimento
Conhecimento (do lat. cognoscere: procurar saber, conhecer) 1. Função ou ato da vida
psíquica que tem por efeito tornar um objeto presente aos sentidos ou à inteligência. 2.
Apropriação intelectual de determinado campo empírico ou ideal de dados, tendo em vista
dominá-los e utilizá-los. O termo "conhecimento" designa tanto a coisa conhecida quanto
o ato de conhecer (subjetivo) e o fato de conhecer.
(Japiassú & Marcondes, 2001, p.40)

d) Assistência pré-natal
Coimbra et al. (2003) e Leal et al. (2004) citado por Silva, Bezerra, Rodrigues e Araújo
(2009, p.1002) enfatizam que:
A assistência pré-natal constitui uma importante medida para a prevenção de agravos à
saúde e pode contribuir para prevenir e/ou evitar possíveis complicações da mãe e do
concepto. Contribui também para a redução da morbimortalidade materna e perinatal,
favorecendo uma gestação saudável por meio do acompanhamento da mãe e do
crescimento e desenvolvimento do feto.

3
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA

4
1.1. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: NOÇÕES GERAIS

A gravidez na adolescência é considerada um sério problema de saúde pública e com isto


exige programas de orientação, preparação e acompanhamento durante a gravidez e o parto,
por ser um problema que oferece riscos ao desenvolvimento da criança, bem como riscos para
a própria gestante, sendo então na maioria das vezes, não planejada.

Para Muuss (1996) citado por Santos e Carvalho (2006, p. 136), «a palavra
adolescência deriva do verbo latino adolescere, significando crescer ou crescer até a
maturidade».

Daí adolescência ser constantemente descrevido como uma fase de transição entre
a infância e a vida adulta, um momento em que acontecem muitas transformações,
biológicas, sociais e psicológicas.

Segundo Davim et al. (2009) citado por Pessoa (2016, p.568) para a Organização
Mundial de Saúde (OMS) «a adolescência se constitui um processo biológico onde se
acelera o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade, sendo
considerada pré-adolescência, entre 10 a 14 anos de idade e a adolescência dos 15 aos
19 anos».

Cronologicamente, adolescência está associado ao arranque da maturidade pubertária


(alterações que ocorrem no corpo, como por exemplo nos rapazes, o surgimento de pelos nos
púbis, nas axilas e no peito; aumento dos testículos e do pênis; crescimento da barba; voz
grossa; ombros mais largos; aumento da massa muscular; início da produção de
espermatozoides e aumento do peso e da estatura. Nas raparigas, alargamento dos ossos da
bacia; início do ciclo menstrual; surgimento de pelos nos púbis e nas axilas; depósito de gordura
nas nádegas, nos quadris e nas coxas e desenvolvimento das mamas). Com efeito, as
transformações biológicas, psicológicas e psicossociais próprias da adolescência estão
completas por volta dos 18 anos, embora o desenvolvimento prossiga depois dessa idade
noutros domínios e segundo outras modalidades

5
«Nas alterações biológicas, ocorrem grandes transformações do corpo e o
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, sendo comum o interesse pelo sexo e o
início das primeiras relações sexuais» (Souza, et al., 2012, p. 795).

Como podemos perceber, estas mudanças corporais e hormonais significativas, fazem


com que o adolescente sinta-se preparado fisicamente e interessado em ter relações sexuais. E
são dessas relações que frequentemente, podem ocorrer uma gravidez indesejada.

A gravidez na vida de uma adolescente pode provocar inúmeras modificações na sua rotina
diária e na vida das pessoas que fazem parte da sua vida, dependendo das reações e ações
da própria adolescente, familiares, companheiro ou simplesmente progenitor, esta
adolescente poderá se afastar dos estudos, dos momentos de lazer que passava com os
amigos, passando a se preocupar com os cuidados necessários com a gestação, casamento,
nascimento da criança e emprego.

(Schwanke & Pinto, 2010; citado por Carvalho, 2013, p.11)

Nesta perspectiva, é considerado redutor descrever a gravidez adolescente como um


grupo homogêneo de risco, onde o adolescente está sujeito a largar tudo em prol da criança, já
que este é um fenômeno que ocorre numa variedade de transações possíveis e a vulnerabilidade
de um dos elementos (por exemplo, mãe/bebê)

Para Dias e Teixeira (2010) citado por Pessoa (2016, p.568):


Com a aceleração do crescimento, os estímulos sexuais, hormônios e o estilo de vida
adotado pelas garotas, a menarca está ocorrendo mais cedo, visto que antigamente
aconteciam por volta dos 12 anos de idade ou mais, nos dias de hoje a maioria das garotas
está tendo sua menarca aos 9 anos de idade, tornando-se um fator de risco para o início
mais precoce da atividade sexual, e consequentemente à uma gravidez na adolescência.
Cerca da metade de todas as gestações nesse período de vida, ocorre nos primeiros 6 meses
após a 1ª relação sexual.

Assim o início de suas atividades sexuais cada vez mais precoces leva ao aumento da
incidência da gravidez na adolescência, principalmente nos países em desenvolvimento. Para
Silva et al. (2012) esta precocidade do início da relação sexual associada a falta de informações
contribuem para um maior risco de gravidez na adolescência.

«O aumento nas taxas de gravidez na adolescência pode ser explicado por diferentes
causas, podendo variar de país para país. Dentre a complexidade de fatores de risco para
analisar esta questão, destacam-se os aspectos socioeconômicos» (Cerqueira-Santos et al.,
2010, p.74).

6
De acordo com a explanação dos autores podemos perceber que ainda há uma forte
relação entre pobreza e a baixa escolaridade como factores de gravidez na adolescência, embora
o fenômeno esteja presente e crescente em todas as classes sociais. Outros factores de risco
estão aliada à falta de informação sobre meios contraceptivos e à deficiência de programas de
apoio ao adolescente.

1.1.1. Factores determinantes da gravidez na adolescência

Veremos a seguir uma apreciação conceitual quanto aos factores que induzem o
aparecimento de uma gravidez nesta fase de vida tão tumultuoso que segundo Erikson (1987)
o indivíduo pretende se encaixar em algum papel na sociedade. Daí vem a questão da escolha
vocacional, dos grupos que frequenta, de suas metas para o futuro, da escolha do par, etc.

Para Souza, Nóbrega e Coutinho (2012, p. 795), «a gestação precoce é multifatorial e


sua etiologia está relacionada a aspectos de ordem biológica, familiar, psicológica, social e
estrutural como falta de estratégias adequadas para prevenção da gravidez nesta fase». Sendo
assim, precisa ser analisada em todas as suas dimensões.

Minas Gerais (2007) citado por Carvalho (2013, p.11) realça que a gestação na
adolescência possui múltiplas causas:

Diminuição da idade da menarca, iniciação sexual cada vez mais precoce; falta ou
inadequação das informações quanto à sexualidade e aos métodos contraceptivos; baixo
acesso aos serviços de saúde; não utilização de métodos por receio que seus pais descubram
que está tendo relações sexuais; busca de confirmação da fertilidade; pensamento mágico
(isto nunca vai acontecer comigo); presença de um desejo, consciente ou inconsciente, de
engravidar; ocorrência de gestação na adolescência em familiares e pessoas próximas como
modelos sociais; história e presença de conflitos familiares; abuso de drogas; faltas
regulares às aulas e reprovações escolares, expectativas e perspectivas educacionais e
profissionais ausentes ou baixas; falta de uma comunicação aberta entre pais e filhos.

Outros factores familiares que podem contribuir para a gravidez na adolescência são:
famílias desestruturadas pelo desemprego, falta de condições socioeconômico e cultural, falta
de amor e diálogo, excesso de conflitos interpessoais e o uso de drogas lícitas e ilícitas. Portanto,
vamos analisar sucintamente alguns factores mais intensamente relacionados a gravidez na
adolescência conforme encontram-se descritos na tabela 1:

7
Tabela 1: Factores determinantes da gravidez na adolescência

Factores Descrição

«A iniciação sexual precoce tem sido mencionada como uma das causas da
gravidez nesta etapa do ciclo vital, podendo trazer como consequência, além
Início de uma gravidez não planejada, a contaminação com doenças sexualmente
Precoce da transmissíveis, pois as transformações vivenciadas pelos adolescentes fazem
vida sexual com que vivam intensamente sua sexualidade, manifestando-a muitas vezes
através de práticas sexuais desprotegidas» (Souza, Nóbrega & Coutinho,
2012, p. 589).

«O “pensamento mágico” é próprio do adolescente. Ele acredita que nada de


ruim pode lhe acontecer, inclusive a gravidez, mesmo apresentando vida
Pensamento sexual ativa e conhecendo o método anticonceptivo, não o usam devido ao
mágico pensamento mágico, sendo muitas vezes surpreendidas quando a gravidez é
confirmada» (Minas Gerais, 2007; Benincasa, Rezende & Coniaric 2008;
Souza, Nóbrega & Coutinho 2012; citado por Carvalho, 2013, p.18).

«A violência sexual ou constrangimento, resultantes de estupro, contribuem


Violência
para um número significativo de casos de gravidez na adolescência» (Reis &
sexual
Ribeiro, 2004; Schwanke & Pinto 2010; citado por Carvalho, 2013, p.18)

«Um ponto muito relevante a ser considerado é que na mídia ocorre uma
banalização do corpo, havendo um estímulo da sexualidade, passando a
pessoa a ser vista como objeto» (Santos & Carvalho, 2006, p. 144),
Mídia
«transformando fatos que gerariam problemas na vida real em situações que
se resolvem da melhor maneira possível na tela», (Minas Gerais, 2007, p.
119) como a gravidez na adolescência.

«Além de os pais não oferecerem as devidas informações sobre o assunto,


até por acreditarem ser essa uma tarefa da escola e/ou dos serviços de saúde,
muitas vezes elementos culturais, como casos de gravidez em outras
Família
mulheres adolescentes da família, influenciam fortemente, o comportamento
dos jovens, comprometendo o exercício saudável da sexualidade» (Silva, et
al., 2009; citado por Carvalho, 2013, p.17).

8
A escola é tida como um fator protetor no que tange ao problema gravidez
na adolescência. «As meninas que apresentam baixa escolaridade têm piores
perspectivas de futuro, dessa maneira, a gravidez se torna um meio para ser
Escola
alguém na vida, ou pelo menos ser mãe, exercendo um papel de
responsabilidade na sociedade» (Carniel et al., 2006; Gontijo & Medeiros,
2008; Oliveira, 2008; Santos, 2010; citado por Carvalho, 2013, p.17).

«[...] a educação sexual deve ser provida antes da iniciação sexual da


adolescente, devendo os envolvidos na tarefa estar convencidos de que a
educação sexual não incentiva a prática sexual e sim, torna-a consciente»
(Nery, et al., 2011, p. 36).

«As falhas no fornecimento de informações e programas voltados aos


Equipe de adolescentes quanto à sexualidade, reprodução e métodos contraceptivos
Saúde pelas equipes de saúde contribuem para que, este grupo busque informações
com amigos, internet, etc., muitas das vezes apreendem e disseminam
informações inadequadas, que juntos ao pensamento “mágico” característico
da adolescência e da sua imaturidade possam condicionar riscos acrescidos,
como a gravidez precoce» (Minas Gerais, 2007; Silva, et al., 2012; citado
por Carvalho, 2013, p.17).

«O não uso do preservativo, devido a disposição social para usá-lo naquele


momento ou não tê-lo consigo, ou falta de acesso a ele nas unidades básicas
de saúde, também é um fator fortemente associado à gravidez precoce. Além
Uso de
da gravidez não planejada, outro problema é a contaminação com as doenças
preservativo
sexualmente transmissíveis, em especial, a AIDS – Síndrome de
Imunodeficiência Adquirida» (Brandão & Heiborn, 2006; Schwanke &
Pinto, 2010; Santos, 2010; citado por Carvalho, 2013, p.18).

«Apesar de a gestação precoce estar presente em todas as classes sociais o


que se observa em vários estudos, é o auto índice de gravidez na adolescência
Aspectos
nas camadas sociais com menor poder aquisitivo, estando esta intimamente
socioeconôm
ligada à pobreza. A falta de um projeto de vida, de oportunidade para
icos
continuar os estudo e conseguir um bom emprego, para muitas meninas a
maternidade é vista como um “passaporte”, uma alternativa para a suas

9
vidas» (Pantoja, 2003; Santos, 2010; Nery et al., 2011; Souza, et al.,2012;
Silva, et al., 2012; Ferreira et al., 2012; citado por Carvalho, 2013, p.18).

Fonte: Carvalho (2013) (adaptação nossa).

1.1.2. Consequências da gravidez na adolescência

A gravidez na adolescência tem causado uma serie de efeito negativo sobre a saúde ou a
integridade física tanto da mãe quanto do bebê.

Segundo Minas Gerais (2007, p, 122) o Protocolo de Atenção à Saúde do Adolescente


tem apontado que «as consequências terão maior ou menor gravidade de acordo com a idade,
paridade, adesão ao pré-natal, ganho ponderal e fatores socioeconômicos e culturais».

Nota-se pela explanação do autor que existe fatores que determinam o nível de gravidades
proveniente desta gravidez, mas todas elas acarretam um conjunto de danos biopsicossocial.

1.1.2.1. Consequências biológicas

Para Minas Gerais (2007) citado por Carvalho (2013, p.19):

Como consequências biológicas relacionadas à gravidez precoce, a mãe poderá apresentar


anemia, principalmente se possuir baixa renda, fato ligado diretamente a má alimentação e
maior incidência de verminoses, menor ganho de peso, hipertensão arterial, doenças
sexualmente transmissíveis, maior risco de desenvolver doenças e morte durante o parto e
puerpério, abortos e partos prematuros.

Nota-se que todas estas apresentações biológicas, tornam-se factores de risco reprodutivo,
obrigando a gestante adolescente ser acompanhada mais vezes pela comissão de gestação de
alto risco. Portanto, a gravidez não é doença, mas acontece num corpo de mulher inserida em
um contexto social em que a maternidade é vista como uma obrigação feminina.

Ainda no que diz respeito à saúde do recém-nascido, a gestação na adolescência encontra-


se associada «à prematuridade, baixo peso ao nascer, morte perinatal, epilepsia, deficiência
mental, transtornos do desenvolvimento, déficit de aprendizagem, cegueira, surdez, aborto
natural, morte na infância» (Oliveira, 1998; Minas Gerais, 2007; Benincasa, Rezende &
Coniaric, 2008; Santos, 2010; Silva, et al., 2012; Maciel, et al., 2012; citado por Carvalho, 2013,
p.20).

10
1.1.2.2. Consequências sociais e psicológicas

As consequências psicossociais pode afetar a possibilidade do adolescente elaborar um


projeto de vida estável, tornando um prejuízo duplo, na qual nem a adolescência é plena e nem
a adulta é inteiramente capaz. A gravidez sendo ela desejada ou não provoca um conjunto de
impasses comunicativos a nível social, familiar e pessoal.

Guimarães (2001) citado por Santos e Carvalho (2006, p.138) aborda algumas
consequências psicossociais da gravidez na adolescência. São elas: «limitação de
oportunidades vocacionais, estudo interrompido, persistência na pobreza, separação dos pais
do bebê e repetição da gravidez».

Estas consequências ligado ao fórum social, muitas vezes mudam totalmente o rumo da
vidas dos jovens. Às vezes são obrigados a deixar os estudos para trabalhar, vão morar na casa
dos pais, sem poderem constituir uma família como convém. O Protocolo de Saúde do
Adolescente abrange algumas consequências sociais e psicológicas a mais, que podem ser
encontradas em decorrência de gestações não planejadas:

Ocorrência de abortos provocados, dependência financeira dos adultos, abandono ou


interrupção dos estudos, dificuldade de retorno à escola, profissionalização deficiente e
dificuldade de inserção no mercado de trabalho com manutenção do ciclo de pobreza, falta
de apoio e/ou isolamento social e familiar, maior risco de separação conjugal, ausência do
pai durante a gestação e a vida da criança, sentimento de insegurança, maior risco de
depressão e suicídio e maior risco de exploração sexual.

(Minas Gerais, 2007; citado por Carvalho, 2013, p.20)

Associando ainda a esta lista, podemos acrescentar: mães e pais solteiros, despreparados;
filhos abandonados, ou criados pelos avós, ou em orfanatos. Muitos desses se tornam ás vezes
abandonados e delinquentes que cada vez mais enchem as nossas ruas, buscando nas drogas e
no crime a compensação de suas dores.

Schwanke e Pinto (2010), Maciel et al. (2012), Silva et al. (2012), citado por Carvalho
(2013. P.21) realçam que:
Psicologicamente a gravidez é vivida como um período de muitas perdas como da
confiança da família, expectativas para o futuro devido o abandono da escola, abandono do
namorado por não aceitar a gestação e ao mesmo tempo a gravidez é vivida como um
período de ganho de responsabilidade que a adolescente ainda não está preparada para
assumir, muitas vezes gerando problemas psicológicos como a baixa autoestima, vivência
de alto nível de estresse, sintomas depressivos nos casos em que a gravidez foi indesejada.

11
1.2. ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
A assistência pré-natal pode colaborar de forma positiva com o diagnóstico e com o
tratamento adequado das afecções, além de fiscalizar fatores de risco que levam a complicações
na saúde do bebê e da mulher.

Segundo a definição do Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia e da Academia


Americana de Pediatria (2012) citado por Miranda, Taquette, Monteiro, Blanco e Rodrigues
(2013, p.44), «a assistência pré-natal (PN) é um programa de atenção envolvendo não só
cuidados médicos, mas também apoio psicossocial, devendo ser iniciado, idealmente, antes da
concepção e ocorrer durante todo o período anteparto».

De acordo com a explanação, vê-se que o acompanhamento pré-natal é universalmente


reconhecido como um dos fatores determinantes para a evolução normal da gravidez. O
objetivo final da PN é reduzir morbimortalidade materno-fetal.

«(...) para que o acompanhamento seja considerado adequado deverá ser iniciado no
primeiro trimestre e registrar um mínimo de seis consultas» (OMS, 1986; Brasil, 2000; citado
por Miranda et al., 2013, p.44)

1.2.1. Diagnóstico da gravidez

Como é de conhecimento dos profissionais de saúde, diagnóstico refere-se a fase em que


o profissional procura a natureza e a causa da irregularidade fisiológica ou afecção. Na
gravidez, o diagnóstico pode ser feito pelo médico ou pelo enfermeiro da unidade básica.

«O diagnóstico da gravidez deve ser feito com base na história da mulher, aliada ao
exame físico e teste laboratorial (...)» (São Paulo, 2010, p.38).

Desse modo, percebe-se que as mulheres no menacme, em atividade sexual, com atraso
menstrual que não ultrapasse 12 semanas devem ser imediatamente submetidas a um teste de
gravidez, segundo o fluxograma apresentado na figura 1.

Para Brasil (2005) e São Paulo (2017), o teste imunológico de gravidez (TIG) na urina é
uma excelente opção e pode ser feito imediatamente, na unidade de saúde, é necessário, como
margem de confiança, atraso menstrual superior a 7 dias. Mas realização do β-HCG sérico é a
opção laboratorial mais precisa para confirmar o diagnóstico de gravidez. Porém, é necessário
que seu resultado não ultrapasse 1 semana.

12
Figura 1: Fluxograma para diagnóstico da gravidez

Fonte: Brasil (2005, p.18)

Após a confirmação da gravidez, dá-se início ao acompanhamento pré-natal. Esse primeiro


contato da mulher grávida com o profissional de saúde na unidade constitui o Acolhimento,
cuja responsabilidade é do(a) enfermeiro(a). Nesse momento, a gestante – e, a seu critério,
também seus familiares – receberá as orientações sobre o acompanhamento pré-natal, tendo
a possibilidade de conhecer todo o plano de ação, tirar dúvidas e expressar opiniões. É
muito importante que a equipe seja sensível a esse momento especial da vida da mulher,
verificando a aceitação da gestação e avaliando a necessidade de apoio adicional à grávida.

(São Paulo, 2010, p.39)

Pressupõem dizer que após a confirmação da gravidez em consulta médica ou de


enfermagem, dá-se o início do acompanhamento da gestante, que segundo Brasil (2000, p.18)
registra-se os seguintes aspectos:

 Nome, idade e endereço da gestante;


 Data da último menstruação;
 Idade gestacional;
 Trimestre da gravidez no momento em que iniciou o pré-natal:
– Abaixo de 13 semanas - 1° trimestre;
– Entre 14 e 27 semanas - 2° trimestre;
– Acima de 28 semanas - 3° trimestre;

13
 Avaliação nutricional: utilizando a curva de peso/idade gestacional e/ou medida do
perímetro braquial.

Os procedimentos devem ser realizados sistematicamente e avaliados em toda consulta


de pré-natal. As condutas e os achados diagnósticos sempre devem ser anotados na ficha
perinatal e no cartão da gestante.

Para São Paulo (2017, pp.31-32) nessa oportunidade devem ser fornecidos ainda:
 O cartão da gestante, devidamente identificado e preenchido, incluindo o nome da
unidade hospitalar de referência para ela e o número do telefone;
 As solicitações dos exames complementares, segundo o protocolo;
 Recomendação de vacinas e ácido fólico;
 Recomendação sobre atividades profissionais e físicas na gravidez;
 Orientações sobre atividades educativas, visitas domiciliares, visita à maternidade de
referência e demais programas.

Feito esse contato inicial, dá-se início a rotina de atenção pré-natal onde é prosseguido
então o acompanhamento da gestante, com a realização de pelo menos seis consultas,
distribuídas ao longo da gravidez, onde é estabelecido as condutas recomendadas.

1.2.2. Calendário de consultas

A atenção pré-natal deve ser iniciada idealmente pelo profissional médico ou de


enfermagem. Geralmente, as consultas de pré-natal são feitas na unidade de saúde ou durante
visitas domiciliares.

Para Brasil (2005, p.30):


O calendário de atendimento pré-natal deve ser programado em função dos períodos
gestacionais que determinam maior risco materno e perinatal. Deve ser iniciado
precocemente (primeiro trimestre) e deve ser regular e completo (garantindo-se que todas
as avaliações propostas sejam realizadas e preenchendo-se o cartão da gestante e a ficha de
pré-natal).

Esta ideia permite-nos entender que o calendário de atendimento pré-natal foi


programado em função da idade gestacional na primeira consulta e dos períodos mais
adequados para a coleta de dados clínicos, necessários ao bom seguimento da gestação. Os
retornos pré-natais devem ser adaptados às necessidades de cada caso. O calendário deve seguir
o roteiro apresentado na tabela 2:

14
Tabela 2: Roteiro do calendário de consultas

Fonte: Brasil (1998, p.14) (Observação: o intervalo entre duas consultas não deve ultrapassar 8 semanas.)

O intervalo entre as consultas deve ser de quatro semanas. Após a 36° semana, a gestante
deverá ser acompanhada a cada 15 dias, visando à avaliação da pressão arterial, da presença
de edemas, da altura uterina, dos movimentos do feto e dos batimentos cardiofetais. Frente
a qualquer alteração, ou se o parto não ocorrer até sete dias após a data provável, a gestante
deverá ter consulta médica assegurada, ou ser referida para serviço de maior complexidade.

(Brasil, 2000, pp.18-19)

Pressupõem dizer que dentre os números mínimo de consultas de pré-natal, deverá ser
preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no último
trimestre. Porém, a OMS recentemente atualizou sua recomendação para um mínimo de oito
consultas, assim distribuídas: uma no primeiro trimestre (até a 12ª semana), seguida por
retornos com 20, 26, 30, 34, 36, 38 e 40 semanas.

1.2.3. Consultas

Consulta é o ato ou efeito de atender, dar conselho, diagnóstico ou opinião, ou receitar ou


efetuar tratamento médico etc. Sucintamente podemos dizer que é o atendimento prestado a um
paciente.

Para São Paulo (2010, p.42), «a consulta é um contato que exige a prática de acolhimento
para a gestante e seu acompanhante. Assim, deve haver disponibilidade para que sejam
acolhidas e esclarecidas queixas, dúvidas e ansiedades, estimulando o “desejo de voltar” ou
a adesão ao programa».

Como é óbvio pela elucidação dos autores, é necessário que os profissionais que
acompanham a gestante, estejam comprometidas com a tarefa de acolhimento e esclarecimento,
15
incitando na paciente o desejo de voltar a consulta, mas para isso, há necessidade de
desenvolver a capacidade de humanização e a empatia frente aos problemas dos pacientes, o
que ainda é um desafio para muitos profissionais de saúde em nossa sociedade

Na primeira consulta de pré-natal deve ser realizada anamnese, abordando aspectos


epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e obstétricos e
a situação da gravidez atual. O exame físico deverá ser completo, constando avaliação de
cabeça e pescoço, tórax, abdômen, membros e inspeção de pele e mucosas, seguido por
exame ginecológico e obstétrico. Nas consultas seguintes, a anamnese deverá ser sucinta,
abordando aspectos do bem-estar materno e fetal. Inicialmente, deverão ser ouvidas
dúvidas e ansiedades da mulher, além de perguntas sobre alimentação, hábito intestinal e
urinário, movimentação fetal e interrogatório sobre a presença de corrimentos ou outras
perdas vaginais.
(Brasil, 2005, p.23)

O que significa dizer que a consulta completa é imprescindível, representando uma


oportunidade inadiável de classificar riscos e adotar condutas efetivas. Deve ser composta de
anamnese abrangente, com valorização do interrogatório complementar, seguida de exame
físico geral e dos diversos aparelhos, incluindo exame ginecológico e mamário.

1.2.3.1. Plano da primeira consulta

A primeira consulta de pré-natal deve ser realizada por profissional médico, para a
classificação de risco do caso ou da paciente, e segue o roteiro mostrados na tabela 3:

Tabela 3: Roteiro da primeira consulta


HISTÓRIA CLÍNICA
Identificação:
– nome;
– número do cartão SUS;
– idade;
– cor (por autodeclaração);
– naturalidade;
– procedência;
– endereço atual;
– unidade de referência, com endereço e telefone;
– nome do acompanhante para o parto.

16
Características socioeconômicas:
– grau de instrução;
– profissão/ocupação;
– estado civil/união;
– número e idade de dependentes (avaliar sobrecarga de trabalho doméstico);
– renda familiar;
– condições de moradia (tipo, número de cômodos);
– condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo);
– distância da residência até a unidade de saúde;
– Violência doméstica.

Antecedentes familiares:
– câncer de mama e/ou de colo uterino;
– diabetes mellitus;
– doença de Chagas;
– doenças congênitas;
– gemelaridade;
– hanseníase;
– hipertensão arterial;
– tuberculose e outros contatos domiciliares (anotar a doença e o grau de parentesco);
– parceiro sexual portador de infecção pelo HIV, sífilis e outras DST.
Antecedentes pessoais:
– alergias;
– alterações osteoarticulares de interesse obstétrico;
– aneurismas;
– aterosclerose;
– câncer;
– cardiopatias, inclusive doença de Chagas;
– cirurgia (tipo e data);
– deficiências de nutrientes específicos;
– desvios nutricionais (baixo peso, desnutrição, sobrepeso, obesidade);
– doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, outras colagenoses);
– doenças inflamatórias intestinais crônicas;
– doenças neurológicas e psiquiátricas;
– endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus);
– hanseníase, tuberculose ou outras doenças infecciosas;
– hemopatias;
– hipertensão arterial crônica (classificar em leve, moderada ou grave e/ou se fazendo uso de
anti-hipertensivo);
– infecção do trato urinário;
– nefropatias;
– pneumopatias;
– portadora de infecção pelo HIV (se em uso de retrovirais, anotar quais);
17
– portadora de doenças infecciosas (hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis e
outras DST);
– psicose;
– transfusões de sangue;
– trauma;
– tromboembolismo.
Antecedentes ginecológicos:
– ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade);
– cirurgias ginecológicas (idade e motivo);
– doença inflamatória pélvica;
– doenças sexualmente transmissíveis (tratamentos realizados, inclusive pelo parceiro);
– infertilidade e esterilidade (tratamento);
– malformação genital;
– mamas (alteração e tratamento);
– miomatose e tumores anexiais;
– última colpocitologia oncológica (data e resultado).
– uso de métodos anticoncepcionais prévios (quais, por quanto tempo e motivo do abandono).
Sexualidade:
– início da atividade sexual;
– dispareunia;
– prática sexual nessa gestação;
– multiplicidade de parceiros sem uso de proteção; uso de preservativos masculino ou
feminino (uso correto? uso habitual?).
Antecedentes obstétricos:
– aloimunização Rh;
– complicações nos puerpérios (descrever);
– história de aleitamentos anteriores (duração e motivo do desmame);
– idade na primeira gestação;
– intercorrências ou complicações em gestações anteriores (especificar);
– intervalo entre as gestações (em meses);
– mortes neonatais precoces: até 7 dias de vida (número e motivo dos óbitos);
– mortes neonatais tardias: entre 7 e 28 dias de vida (número e motivo dos óbitos);
– natimortos (morte fetal intrauterina e idade gestacional em que ocorreu);
– número de abortamentos (espontâneos, provocados, causados por DST, complicados por
infecções, curetagem pós-abortamento);
– número de filhos vivos;
– número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica, mola hidatiforme);
– número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais espontâneos, fórceps, cesáreas
– indicações);
– número de recém-nascidos de baixo peso (menos de 2.500 g) e com mais de
4.000 g;
– número de recém-nascidos: pré-termo (antes da 37ª semana de gestação), pós-termo (igual
ou mais de 42 semanas de gestação);
18
– recém-nascidos com icterícia, transfusão, hipoglicemia, exsanguíneo transfusões.
Gestação atual:
– aceitação ou não da gravidez pela mulher, pelo parceiro e pela família, principalmente se
for adolescente;
– data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação – DUM (anotar certeza ou dúvida);
– hábitos alimentares;
– hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e drogas ilícitas;
– identificar gestantes com fraca rede de suporte social e/ou com baixa aderência aos
cuidados pré-natais;
– internação durante essa gestação;
– medicamentos usados na gestação;
– ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes químicos e físicos
potencialmente nocivos, estresse);
– peso prévio e altura;
– sinais e sintomas na gestação em curso.
EXAME FÍSICO
Geral:
– determinação do peso e da altura;
– medida da pressão arterial;
– inspeção da pele e das mucosas;
– palpação da tireoide e de todo o pescoço, região cervical e axilar (pesquisa de nódulos ou
outras anormalidades);
– ausculta cardiopulmonar;
– exame do abdômen;
– exame dos membros inferiores;
– pesquisa de edema (face, tronco, membros).
Específico (gineco-obstétrico):
– exame clínico das mamas. Durante a gestação e a amamentação, podem ser identificadas
alterações, que devem seguir conduta específica. Realizar orientações para o aleitamento
materno em diferentes momentos educativos, principalmente se for adolescente. Nos casos
em que a amamentação estiver contraindicada (portadoras de HIV/HTLV), orientar a mulher
quanto à inibição da lactação (mecânica e/ou química) e para a disponibilização de fórmula
infantil;
– palpação obstétrica e, principalmente no 3º trimestre, identificação da situação e
apresentação fetal;
– medida da altura uterina;
– ausculta dos batimentos cardíacos fetais (com Sonar Doppler, é possível após 12 semanas);
– inspeção dos genitais externos;
– exame especular e toque vaginal – essa etapa do exame físico pode ser realizada na consulta
de retorno, considerando o contexto clínico e o desejo da mulher;
– o exame físico das adolescentes deve seguir as orientações do manual de Saúde integral de
adolescentes e jovens: orientações para a organização de serviços de saúde; deve ser
completo, valorizando os aspectos éticos e a privacidade. No caso de adolescente de sexo
19
oposto ao do examinador, recomenda-se a presença de acompanhante ou outro profissional
de saúde na sala.
Fonte: São Paulo (2010, pp.45-49) (adaptação nossa)

1.2.3.2. Exames complementares de rotina

Comumente, os exames complementares são efetuados de forma a obter um


aperfeiçoamento dos resultados, em analises aos casos que não são supridas.

São Paulo (2017, p.46) enfatiza que:


Os exames complementares dão apoio ao raciocínio clínico e os motivos de sua solicitação
devem ser explicados à gestante. Deve ser realizado o procedimento de aconselhamento
pré e pós-exames, informando benefícios e riscos, e avaliando o conhecimento e as
expectativas da mulher com os resultados, especialmente diante de exames de triagem,
como sorologias para HIV, sífilis, hepatites e outras IST.

Com base a explanação, a confidencialidade dos resultados deve ser garantida. As


condutas sugeridas devem ser informadas à gestante e seu parceiro. No caso do HIV, sífilis e
outras DST, deve-se orientar sobre a necessidade de diagnóstico e tratamento do seu parceiro
sexual. Recomenda-se o oferecimento de pelo menos uma consulta, durante a assistência do
pré-natal, para todos os parceiros sexuais de todas as gestantes, independente do seu estado
sorológico, o que facilitaria o envolvimento paternal no adequado acolhimento da criança.

Os exames de rotina para triagem de situações clínicas de maior risco no pré-natal devem
ser solicitados no acolhimento da mulher no serviço de saúde, imediatamente após o
diagnóstico de gravidez. Os resultados devem ser avaliados na primeira consulta clínica.
Muitos desses exames serão repetidos no início do 3º trimestre.
(São Paulo, 2010, p.50)

Implica dizer que a o profissional que avalia os exames deve estar preparado tecnicamente
para orientar sobre limitações nos resultados, possibilitando intervenções eficientes no
momento da consulta. Deve também estar habilitado para solicitar pesquisa adicional para
conclusão diagnóstica, evitando pânico desnecessário e/ou condutas tardias.

De acordo Brasil (2005, pp.26-27) na primeira consulta deve ser solicitado os seguintes
exames complementares:
 Dosagem de hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht);
 Grupo sanguíneo e fator Rh;
 Sorologia para sífilis (VDRL): repetir próximo à 30ª semana;
 Glicemia em jejum: repetir próximo à 30ª semana;
 Exame sumário de urina (Tipo I): repetir próxima à 30ª semana;
 Sorologia anti-HIV, com o consentimento da mulher após o “aconselhamento pré-teste”;
 Sorologia para hepatite B (HBsAg, de preferência próximo à 30ª semana de gestação);

20
 Sorologia para toxoplasmose (IgM para todas as gestantes e IgG, quando houver
disponibilidade para realização).

Portanto, outros exames podem ser acrescidos a esta rotina mínima em algumas situações
especiais:
 Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG – 75g, 2h) – para os casos triados com fator
de risco para diabetes gestacional presente e/ou com glicemia de jejum inicial maior ou
igual a 85mg/dL.
 Urocultura com antibiograma para o diagnóstico de bacteriúria assintomática –
repetir entre 28-30 semanas.
 Protoparasitológico de fezes.
 Colpocitologia oncótica – muitas mulheres frequentam os serviços de saúde apenas para
o pré-natal. Assim, é imprescindível que, nessa oportunidade, seja realizado esse exame,
que pode ser feito em qualquer trimestre, sem a coleta endocervical.
 Bacterioscopia da secreção vaginal – avaliação de perfil bacteriológico do conteúdo
vaginal por critério de Nugent, indicada para pacientes com antecedente de
prematuridade, possibilitando a detecção e o tratamento precoce da vaginose bacteriana,
idealmente antes da 20ª semana. Se a bacterioscopia estiver indisponível, pode-se realizar
um diagnóstico presumido, através do exame especular, pela positividade de pelo menos
três dos quatro critérios de Amsel: 1) corrimento branco-acinzentado; 2) medida do pH >
4.5 com fita apropriada aplicada a 2-3 cm do introito vaginal, na parede lateral da vagina;
3) liberação de aminas com odor de peixe no teste com hidróxido de potássio a 10%
adicionado a uma amostra do conteúdo vaginal; 4) visualização de clue cells à
microscopia.
 Ultrassonografia obstétrica – a ultrassonografia (USG) é um recurso útil na assistência
pré-natal, mas as decisões terapêuticas devem ser baseadas no raciocínio clínico. Caso a
gestante inicie o pré-natal precocemente, o primeiro ultrassom pode ser realizado entre
10-13 semanas para avaliação de translucência nucal, como rastreamento para
cromossomopatias. O segundo exame, ou na eventualidade de que apenas um seja factível
ou esteja disponível, deve ser realizado entre 20-24 semanas, pois nessa época a biometria
fetal indica com relativa precisão a idade gestacional e possibilita avaliação morfológica
fetal. Ultrassonografias adicionais devem ser solicitadas, dependendo da suspeita clínica.
 Cultura específica com coleta anovaginal do estreptococo do grupo B entre 35-37
semanas, quando possível.
(São Paulo, 2010, pp.50-51)

Nesta senda de ideias, nota-se a importância dos exames complementares na detenção de


afecção e factores de risco para a gestante e o bebé. É também realizada as acções
complementares durantes as consultas tais como: referência para atendimento odontológico;
referência para vacinação antitetânica, quando a gestante não estiver imunizada, e referência
para serviços especializados na mesma unidade ou unidade de maior complexidade, quando
indicado e agendamento de consultas subsequentes.

21
1.2.3.3. Plano de consultas subsequentes ou de retorno

As consultas subsequentes, são aquelas distribuídas ao longo da gravidez com intervalo


não mais de 8 semanas, que se segue após a primeira consulta. Ela também é disposta por um
roteiro conforme mostrado na tabela 4:

Tabela 4: Roteiro das consultas subsequentes ou de retorno

Revisão da ficha de acompanhamento pré-natal


 Anamnese / interrogatório complementar.
 Atualização do calendário vacinal.
 Solicitação de outros exames complementares, se necessário.
 Atualização do cartão da gestante e do prontuário da paciente.
Monitoramento
 Cálculo e anotação da idade gestacional.
 Queixas, verificando dúvidas da paciente e dos familiares.
 Estado geral.
 Peso e cálculo do índice de massa corporal (IMC - anotar no gráfico, avaliar o estado
nutricional, segundo curva específica).
 Pressão arterial (ver técnica adequada no Capítulo 6, item 6.3).
 Pesquisa de edema.
 Palpação obstétrica e medida da altura uterina (anotar no gráfico, avaliar desvios, segundo
curva específica).
 Avaliação dos resultados de exames laboratoriais adicionais e instituição de condutas
específicas.
 Ausculta dos batimentos cardíacos fetais.
 Monitoramento da vitalidade fetal, baseando-se nas informações clínicas e aplicando-se,
se indicado, propedêutica complementar. Entre os métodos que podem ser adotados, está a
avaliação dos movimentos fetais percebidos pela mulher e/ou detectados no exame
obstétrico.
Condutas
 Interpretação dos dados de anamnese, do exame obstétrico e dos exames laboratoriais com
solicitação de outros, se necessários.
 Tratamento de alterações encontradas, ou encaminhamento, se necessário.
 Prescrição de suplementação de sulfato ferroso (300 mg/dia ou 60mg de ferro elementar/dia
ou 200mg/dia, correspondente a 40mg de ferro elementar/dia) para profilaxia da anemia a
partir da 20ª semana de gravidez até a 6ª semana pós-parto.
 Uso contínuo de ácido fólico (0,4mg/dia), 2mL de solução oral.
 Orientação alimentar, encaminhando para equipe de nutrição, se necessário (baixo peso,
obesidade, diabetes, hipertensão).
 Acompanhamento das condutas adotadas em serviços especializados, com visitas
domiciliares.

22
 Realização de ações e práticas educativas individuais e em grupos. Devem ser garantidos
grupos educativos exclusivos para adolescentes permitindo a abordagem de temas relevantes
para o grupo, entre seus pares
 Agendamento de consultas subsequentes.
 Anotação dos dados da consulta e condutas no prontuário e no cartão da gestante.
 Imunização antitetânica e anti-pertussis (coqueluche)
 Imunização contra influenza pandêmica.
 Manter a profilaxia da pré-eclâmpsia para gestantes de alto risco como hipertensas
crônicas, antecedente de pré-eclâmpsia, diabetes com vasculopatia, doença renal crônica,
doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico e Síndrome do Anticorpo
Antifosfolípide, entre 12 e 34 semanas.
Fonte: São Paulo (2017, pp.52-54) (adaptação nossa)

1.2.4. Procedimentos técnicos nas consultas de pré-natal


«Para um bom acompanhamento pré-natal, é necessário que a equipe de saúde realize
correta e uniformemente os procedimentos técnicos durante o exame clínico e obstétrico. Do
contrário, ocorrerão diferenças significativas, prejudicando a comparação e a interpretação
dos dados» (Brasil, 2005, p.38).

Com isso quer dizer que, é importante haver treinamento rotineiro dos profissionais
assistentes, em especial daqueles que estão iniciando suas atividades. Cabe aos profissionais de
formação universitária promover a capacitação dos demais membros da equipe, visando a
garantir que todos os dados colhidos sejam fidedignos.

Brasil (1998) destaca que os procedimentos e condutas padronizados, abaixo listados, são
aqueles que devem sistematicamente ser realizados e avaliados em toda consulta pré-natal:
 Cálculo da idade gestacional;
 Avaliação do estado nutricional;
 Determinação do peso materno;
 Controle da pressão arterial;
 Verificação da presença de edema;
 Medida da altura uterina/acompanhamento do crescimento fetal;
 Ausculta dos batimentos cardíaco fetais;

1.2.4.1. Métodos para cálculo da idade gestacional (IG)

A IG é o tempo decorrido a partir do início do último período menstrual da mulher,


geralmente contado em semanas e dias. No cálculo da IG, o objetivo é estimar a duração da
gravidez / idade do feto.

23
«Os métodos para essa estimativa dependem da data da última menstruação (DUM) que
corresponde ao primeiro dia de sangramento do último período menstrual regular referido
pela mulher, sem uso de anticoncepção hormonal» (São Paulo, 2017, p.69).

Pressupõem dizer que a estimativa da IG podem basear-se em períodos menstruais; data


da concepção e ultrassonografia fetal. Os métodos para o cálculo da IG corresponde nos
seguintes pontos:

A) Quando a data da última menstruação é conhecida e de certeza:

Para São Paulo (2010, p.66), «é o método para se calcular a idade gestacional em
mulheres com ciclos menstruais regulares, que não estão amamentando nem fazendo uso de
métodos anticoncepcionais hormonais».
 Uso do calendário: somar o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da
consulta, dividindo o total por sete (resultado em semanas).
 Uso de disco (gestograma): colocar a seta sobre o dia e o mês correspondentes ao
primeiro dia da última menstruação e observar o número de semanas indicado no dia e
mês da consulta atual.

B) Quando a data da última menstruação é desconhecida, mas se conhece o período do


mês em que ela ocorreu:

 Se o período foi no início, meio ou fim do mês, considerar como DUM os dias 5, 15 e
25, respectivamente. Proceder, então, à utilização de um dos métodos descritos
anteriormente (Brasil,1998).

C) Quando a data e o período da última menstruação são desconhecidos:

 Quando a data e o período do mês não forem conhecidos, a idade gestacional e a data
provável do parto serão, inicialmente, determinadas por aproximação, basicamente
pela medida da altura do fundo do útero e pelo toque vaginal, além da informação sobre
a data de início dos movimentos fetais, que ocorrem habitualmente entre 18 e 20
semanas. Pode-se utilizar a altura uterina mais o toque vaginal, considerando os
seguintes parâmetros:
– até a 6ª semana, sem alteração do tamanho uterino;
– na 8ª semana, útero piriforme, dobro do tamanho normal;
– na 10ª semana, útero corresponde a três vezes o tamanho habitual;
– na 12ª semana, ocupa a pelve, arredondado, palpável na sínfise púbica;
– na 16ª semana, fundo uterino entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical;
– na 20ª semana, fundo do útero na altura da cicatriz umbilical;
– a partir da 20ª semana, relação direta entre as semanas da gestação e a medida
da altura uterina. Porém, esse parâmetro torna-se menos fiel a partir da 32ª
semana de idade gestacional.
 Algumas situações podem superestimar a idade gestacional baseada na altura uterina
(macrossomia, polidrâmnio e gestação múltipla); outras podem subestimar
(oligoâmnio, restrição de crescimento fetal intrauterino, feto constitucionalmente
pequeno), especialmente na 2ª metade da gravidez.

24
(São Paulo, 2017, pp.71-72)

Lembrar que o exame de ultrassonografia obstétrica é um excelente meio de confirmação


da idade gestacional, quando não for possível determinar clinicamente, sobretudo quando
realizado precocemente durante a gravidez.

1.2.4.2. Métodos para cálculo da data provável do parto (DPP)

A DPP é a data de nascimento esperada. Segundo (Brasil, 1998, p.24):


Calcula-se a data provável do parto levando-se em consideração a duração média da
gestação normal (280 dias ou 40 semanas a partir da DUM), mediante a utilização de um
calendário ou disco. Uma outra forma de cálculo é somar 7 dias ao primeiro dia da última
menstruação e adicionar nove meses ao mês em que ocorreu a última menstruação.
Exemplos:
 Data da última menstruação: 13/09/95
Data provável do parto: 20/06/96
 Data da última menstruação: 27/06/95
Data provável do parto:04/04/96

Quando os ciclos menstruais são irregulares ou os dados não são confiáveis ou não estão
disponíveis, a ultrassonografia pode ser a única fonte da DPP. Portanto com base na IG, cada
recém-nascido é classificado como:
 Prematuro: < 34 semanas de gestação;
 Pré-termo tardio: 34 a < 37 semanas;
 A termo precoce: 37 0/7 semanas a 38 6/7 semanas;
 A termo completo: 39 0/7 semanas a 40 6/7 semanas;
 A termo tardio: 41 07 semanas a 41 67 semanas;
 Pós-termo: 42 0/7 semanas e além;
 Pós-termo: > 42 semanas.

1.2.4.3. Avaliação do estado nutricional (EN) e do ganho de peso gestacional

A avaliação do estado nutricional é capaz de fornecer informações relevantes para a


prevenção e o controle de agravos à saúde e à nutrição. Vale ressaltar a importância da
realização de outros procedimentos que possam complementar o diagnóstico nutricional ou
alterar sua interpretação, Assim, destaca-se a avaliação clínica para detecção de doenças
associadas à nutrição (por exemplo, diabetes), a observação da presença de edema. Algumas
situações ligadas ao peso merecem atenção especial, a obesidade está associada a uma
frequência mais alta de distocias, diabetes e hipertensão e a um risco maior de cesariana. Por
outro lado, na gestante com baixo peso há um risco maior de parto prematuro.

25
Para Brasil (2005, p.40) o objetivo da avaliação e acompanhamento do estado nutricional
e o ganho de peso da gestante consiste em:
 Identificar, a partir de diagnóstico oportuno, as gestantes em risco nutricional (baixo
peso, sobrepeso ou obesidade), no início da gestação;
 Detectar as gestantes com ganho de peso baixo ou excessivo para a idade gestacional;
 Realizar orientação adequada para cada caso, visando à promoção do estado nutricional
materno, as condições para o parto e o peso do recém-nascido.

Obviamente que as atividades para este procedimento subsiste em medir o peso e a altura
da gestante e avaliar o estado nutricional durante a gestação. Portanto, as técnicas para a tomada
das medidas do peso e da altura, e da avaliação nutricional passa pelos seguintes processos:

A) Procedimentos para pesagem

«Balança de adulto, tipo plataforma, com escala apresentando intervalos de 100g, ou


eletrônica, se disponível» (Brasil, 2005, p.40).

Deve-se aferir o peso em todas as consultas pré-natais, com a gestante usando roupa leve
e descalça, deve subir na plataforma e ficar em pé, de costas para o medidor, com os braços
estendidos ao longo do corpo e sem qualquer outro apoio. Recomenda-se a utilização da balança
eletrônica ou mecânica, certificando-se se está em bom funcionamento e calibrada. O cuidado
com as técnicas de medição e a aferição regular dos equipamentos garantem a qualidade das
medidas coletadas.

B) Procedimentos para medida da altura

Para Brasil (2000, p.27), «a estatura deverá ser medida na primeira consulta. A gestante
deverá estar em pé, descalça, com os calcanhares juntos o mais próximo possível da haste
vertical da balança, erguida, com os ombros para trás e olhando para frente».

O encarregado de realizar a medida deverá baixar lentamente a haste vertical,


pressionando suavemente os cabelos da gestante até que a haste encoste-se no couro cabeludo.
A estatura da gestante adulta (idade > 19 anos) deve ser aferida apenas na primeira consulta e
a da gestante adolescente, pelo menos trimestralmente.

C) Orientações para diagnóstico e acompanhamento do estado nutricional da gestante

O primeiro passo para a avaliação nutricional da gestante é a aferição do peso e da estatura


maternos e o cálculo da idade gestacional, conforme técnicas descritas anteriormente.

26
Segundo São Paulo (2017, p.74) na primeira consulta pré-natal:
A avaliação nutricional da gestante, com base em seu peso e sua estatura, permite conhecer
seu estado nutricional no início do acompanhamento pré-natal e subsidia a previsão de
ganho de peso até o fim da gestação. Essa avaliação deve seguir as instruções abaixo:

Figura 2: Fórmula para calcular o IMC

Fonte: São Paulo (2010, p.70)

Calcule o IMC por meio da fórmula, o ideal é que o IMC considerado no diagnóstico
inicial da gestante seja o IMC pré-gestacional referido ou o IMC calculado a partir de medição
realizada até a 13ª semana gestacional. Caso isso não seja possível, inicie a avaliação da
gestante com os dados da primeira consulta de pré-natal, mesmo que esta ocorra após a 13ª
semana gestacional.

 Realize o diagnóstico nutricional, utilizando a tabela 5:

 Calcule a idade gestacional. Quando necessário, arredonde a semana gestacional da


seguinte forma: 1, 2, 3 dias, considere o número de semanas completas; e 4, 5, 6 dias,
considere a semana seguinte (gestante com 12 semanas e 2 dias = 12 semanas, gestante
com 12 semanas e 5 dias = 13 semanas).
 Localize, na primeira coluna (...), a semana gestacional calculada e identifique, nas colunas
seguintes, em que faixa está situado o IMC da gestante.
 Classifique o estado nutricional (EN) da gestante, segundo o IMC por semana gestacional,
da seguinte forma:
– Baixo peso (BP): quando o IMC for igual ou menor que os valores apresentados
na coluna correspondente a baixo peso;
– Adequado (A): quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de valores
apresentada na coluna correspondente a adequado;
– Sobrepeso (S): quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de valores
apresentada na coluna correspondente a sobrepeso;
– Obesidade (O): quando o IMC for igual ou maior que os valores apresentados na
coluna correspondente à obesidade.

(São Paulo, 2017, p.74)

Se a gestante estiver em bom estado nutricional, deve-se seguir calendário habitual;


explicar à gestante que seu peso está adequado para a altura e dar orientação alimentar. Se
estiver baixo peso, deve-se realizar consulta em intervalo menor que o habitual (máximo 15
dias). Investigar história alimentar, hiperêmese gravídica, infecções, parasitoses, anemias e
doenças debilitantes. Se estiver sobrepeso e obesidade, deve-se marcar consulta em intervalo
menor que o fixado no calendário habitual (15 dias). Investigar obesidade pré-gestacional,
27
edema, polidrâmnio, macrossomia, gravidez múltipla e doenças associadas (diabetes, pré-
eclâmpsia, etc.); dar orientação nutricional, visando à promoção do peso adequado ou o controle
do ganho de peso e de hábitos alimentares saudáveis.

Tabela 5: Avaliação do EN da gestante acima de 19 anos, segundo IMC por semana gestacional

Fonte: Atalah et al., (1997) citado por São Paulo (2017, p.75)

28
1.2.4.4. Controle da pressão arterial (PA)

Este procedimento tem como objetivo detectar precocemente estados hipertensivos que
se constituam em risco materno e perinatal.

Segundo São Paulo (2010, p.77) conceitua-se estado hipertensivo na gestação:


 A observação de níveis tensionais iguais ou maiores que 140 mmHg de pressão
sistólica, e iguais ou maiores que 90 mmHg de pressão diastólica, mantidos em duas
ocasiões e podendo ser aferidos com intervalo de quatro horas entre as medidas.
 O aumento de 30 mmHg ou mais na pressão sistólica (máxima) e/ou de 15 mmHg ou
mais na pressão diastólica (mínima), em relação aos níveis tensionais pré-gestacionais
e/ou conhecidos até a 16ª semana de gestação. Deve ser utilizado como sinal de alerta
e para agendamento de controles mais próximos.
 A presença de pressão arterial diastólica ≥ 110 mmHg em uma única oportunidade ou
aferição.

Para aferição da PA usa-se o aparelho de pressão (esfigmomanômetro). Após localizar a


artéria braquial por palpação, com a gestante sentada em um ambiente calmo, após um período
de repouso de, no mínimo, cinco minutos, apoiar-lhe o antebraço numa superfície, com a palma
da mão voltada para cima, à altura do coração, desnudar-lhe o braço e fazê-la manter o cotovelo
ligeiramente fletido. Coloca-se o manguito ao redor do braço da gestante, ajustando-o acima da
dobra do índice cotovelo.

Para São Paulo (2017, p.82), «nos casos em que a pressão arterial tiver sido aferida
inicialmente pelos profissionais de enfermagem, o(a) médico(a) deverá ser avisado(a)
imediatamente se a PAS ≥ 160mmHg e PAD ≥ 110mmHg». Entretanto, os achados e condutas
na avaliação da PA resume-se na seguinte tabela 6:

Tabela 6: Avaliação da PA
ACHADO CONDUTA
Níveis de PA conhecidos e normais antes Níveis tensionais normais:
da gestação:  Manter calendário habitual
 Manutenção dos mesmos níveis  Cuidar da alimentação
de PA  Praticar atividade física
Níveis de PA desconhecidos antes da
gestação:
 Valores da pressão normais
Níveis de PA conhecidos e normais antes Paciente com suspeita de pré-eclâmpsia:
da gestação:  Repetir medida após período de
 Aumento da PA em nível menor repouso (preferencialmente após 4
do que 140/90mmHg (sinal de horas)
alerta)  Remarcar consulta em 7 dias

29
Níveis de PA desconhecidos antes da  Medir PA pelo menos 2-3 vezes
gestação: por semana
 Valores da PA ≥ 140/90mmHg e  Orientar para presença de
<160/110, sem sintomas e sem sintomas como: cefaléia,
ganho ponderal maior que 500g epigastralgia, escotomas, edema,
semanal redução do volume ou presença de
“espuma” na urina, redução de
movimentos fetais
 Orientar repouso relativo de uma
hora pós-prandial e controle de
movimentos fetais
 Verificar presença de proteinúria
por meio de fita urinária (positivo:
+ ou mais). Se positiva,
encaminhar para avaliação
hospitalar. Se negativa, solicitar
provas laboratoriais, se possível, e
encaminhar para pré-natal de alto
risco
Níveis de PA superiores a 140/90 Paciente com pré-eclâmpsia grave:
mmHg, proteinúria positiva e/ou  Prestar o primeiro atendimento e
sintomas clínicos (cefaléia, epigastralgia, referir imediatamente à unidade de
escotomas, reflexos tendíneos referência hospitalar
aumentados) ou paciente assintomática,  Considerar a utilização de
mas com PA ≥160/110mmHg medicações/sulfato de magnésio
dose de ataque e procedimentos
específicos para emergência
hipertensiva hidralazina EV,
mesmo na UBS
Paciente com hipertensão arterial crônica Paciente de risco:
com nível de PA grave, em uso regular  Referir para avaliação hospitalar
de medicação anti-hipertensiva
Fonte: São Paulo (2017, p.83)

Vale realçar que as pacientes com hipertensão arterial antes da gestação deverão ser
consideradas de risco e encaminhadas ao pré-natal de alto risco.

1.2.4.5. Verificação da presença de edema

O objetivo deste procedimento é detectar precocemente a ocorrência de edema


patológico, e é detectado pelo aferição dos membros inferiores e da região sacra, conforme
mostra as figuras 3 e 4:

30
Figura 3: Detenção de edemas nos membros inferiores

Fonte: Brasil (2000, p.55)

Figura 4: detenção de edemas na região sacra:

Fonte: Brasil (2000, p.55)

Conforme podemos verificar a partir das figuras, o edema fica evidenciado mediante
presença de uma depressão duradoura no local pressionado. Na face e em membros superiores
a presença de edema é identificado pela inspeção. Após a investigação, dependendo do achado,
as condutas específicas recomendadas estão dispostas na tabela 7:

Tabela 7: Avaliação da presença de edema


ACHADOS ANOTE CONDUTAS

Edema ausente Acompanhar a gestante seguindo o


(–)
calendário mínimo

Apenas edema de tornozelo, sem Verificar se edema está relacionado a


hipertensão ou aumento súbito de peso (+) postura, final do dia, temperatura ou
tipo de calçado.

Edema limitado membros inferiores, Aumentar repouso em decúbito dorsal.


com hipertensão ou aumento de peso ( + +) Acompanhar a gestante, seguindo o
calendário mínimo.

Edema generalizado (face, tronco e Gestante de risco em virtude de


membros), ou que já se manifesta ao ( + +) suspeita de DHEG ou outras situações
patológicas:

31
acordar, acompanhado ou não de  Referir ao pré-natal de risco
hipertensão ou aumento súbito de peso
Fonte: Brasil (1998, pp.33-34).

1.2.4.6. Medida da altura uterina/acompanhamento do crescimento fetal

Esta técnica tem como objetivo, identificar o crescimento normal do feto e detectar seus
desvios; diagnosticar as causas do desvio de crescimento fetal encontrado e orientar
oportunamente para as condutas adequadas a cada caso.

Segundo são Paulo (2017, p.85) o acompanhamento do crescimento fetal a partir da


palpação obstétrica:
Deve ser realizada antes da medida da altura uterina, iniciando-se pela delimitação do fundo
uterino, seguido do contorno da superfície uterina. Permite a identificação da situação e da
apresentação fetal, procurando-se reconhecer os polos cefálico e pélvico e o dorso fetal, o
que ocorre com relativa facilidade a partir do 3⁰ trimestre. Pode-se estimar a quantidade de
líquido amniótico.

A técnica para palpação abdominal comumente conhecida como (Manobras de Leopold),


consiste em quatro passos, conforme ilustra a figura 5:

Figura 5: Manobras de palpação

32
Fonte: São Paulo (2017, p.86)

Estas manobras, procuram identificar os pólos cefálico e pélvico e o dorso fetal. O feto
pode estar em situação longitudinal (mais comum) ou transversa. As apresentações mais
frequentes são a cefálica e a pélvica, conforme ilustrado nas figuras 6:

Figura 6: Identificação da situação e apresentação fetal

Fonte: Brasil (2000, pp.57-58)


33
A situação transversa e a apresentação pélvica em fim de gestação podem significar risco
no momento do parto. Nessas condições, a mulher deve ser, sempre, referida para unidade
hospitalar com condições de atender distocia.

A) Medida da altura uterina

O objetivo é estimar o crescimento fetal, correlacionando-se a medida da altura uterina


com o número de semanas de gestação.

Para São Paulo (2017, p.88):


Quando os dados da amenorreia são confiáveis e se descarta a possibilidade de feto morto
e oligoâmnio, a medida da altura uterina permite suspeitar de restrição do crescimento fetal
(sensibilidade de 56% e especificidade de 91%). A sensibilidade da altura uterina para o
diagnóstico de macrossomia fetal é de 92% e sua especificidade 72%, uma vez que tenham
sido excluídos a gravidez gemelar, os polidrâmnios e a miomatose uterina.

Percebe-se pela explanação do autor, que não é o melhor caso calcular a IG com base na
altura uterina, mas ela pode fornecer sinais relevantes no diagnóstico de macrossomia fetal
quando é excluído a existência de uma gestação gemelar. A técnica de medida da altura uterina
é ilustrada na figura 7:

Figura 7: medição da altura uterina

Fonte: Brasil (2000, p.55)

Na figura acima, é mostrada a técnica de medida, na qual a extremidade da fita métrica é


fixada na margem superior do púbis com uma das mãos, deslizando a fita entre os dedos
indicador e médio da outra mão, até alcançar o fundo do útero com a margem cubital dessa
mão.

34
1.2.4.7. Ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF)

O objetivo deste procedimento é de verificar a vitalidade fetal, atentando para a presença,


ritmo, frequência e normalidade dos BCF.

São Paulo (2017, p.92) enfatiza que:


Deve ser realizada com sonar, após 12 semanas de gestação (com estetoscópio de Pinard
só audível após 20 semanas). Embora o sonar Doppler já tenha se tornado o padrão ouro
para a ausculta dos BCF durante a gestação, permitindo participação da gestante na
ausculta, as unidades de saúde ainda devem estar equipadas com estetoscópio de Pinard e
os profissionais treinados para seu uso, o que pode ser necessário em algumas situações.

Vale realçar que é considerada normal a frequência cardíaca fetal entre 120 a 160
batimentos por minuto. A percepção materna e a constatação objetiva de movimentos fetais,
além do crescimento uterino, são sinais de boa vitalidade fetal. A técnica é ilustrada na figura
8:

Figura 8: Ausculta dos BCF com estetoscópio de Pinard

Fonte: Brasil (2000, 59)

Os batimentos cardiofetais devem ser contadas durante 1 minuto, observando sua


frequência e ritmo. Considerando normocardia o intervalo entre 110-160 bpm. Nos casos de
gemelaridade, identificar os locais de ausculta de cada coração fetal. Avaliar resultados da
ausculta dos BCF de acordo a tabela 8:

35
Tabela 8: Avaliação dos BCF
ACHADO CONDUTA
BCF não audível Alerta:
quando a IG for ≥ 14
semanas  Verificar erro de estimativa de idade gestacional.
 Afastar condições que prejudiquem boa ausculta: obesidade
materna, dificuldade de identificar o dorso fetal.
 Solicitar ultrassonografia ou referir para serviço de maior
complexidade.

Bradicardia e Sinal de alerta:


taquicardia
 Afastar febre e/ou uso de medicamentos pela mãe.
 Deve-se suspeitar de hipoxia fetal.
O(a) médico(a) da unidade deve avaliar a gestante e o feto. Na
persistência do sinal, encaminhar a gestante para serviço de
referência.
Fonte: São Paulo (2010, p.89)

36
1.3. PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DE UM PRÉ-NATAL
TARDIO

Um dos principais objetivos do pré-natal é acolher a mulher desde o início de sua


gravidez, quando ela passa por grande período de mudanças físicas e emocionais, além de dar
assistência em todas as suas necessidades. Esse acompanhamento vai além do cuidar da saúde
física, pois é durante o pré-natal que o médico orienta a mulher sobre sua gravidez, os cuidados
que ela deve ter neste período, a nutrição, exercícios, trabalho de parto, parto, aleitamento e
outros temas.

Segundo Neme (2000) citado por Dias (2014, pp.16-17):

O pré-natal tem a função de prevenção da saúde materna e perinatal, para a diminuição dos
índices de mortalidade. Quando bem realizado o pré-natal consegue prevenir patologias
importantes, como anemias, aumento da pressão arterial favorecendo o aparecimento de
eclampsia e pré-eclampsia, além de proporcionar um melhor preparo psicológico para o
parto e puerpério, reduzindo taxas de abortamento e risco de parto prematuro.

Com tudo que vimos até agora, é possível criar um quadro das consequências de um pré-
natal tardio (quando é iniciada após o primeiro trimestre de gestação), sendo que a pré-natal
pode colaborar de forma positiva com o diagnóstico e com o tratamento adequado das afecções,
além de fiscalizar fatores de risco que levam a complicações na saúde do bebê e da mulher.

Andreucci e Cecati, (2011) citado por Dias (2014, p.07) enfatizam que:

A assistência pré-natal deve começar ainda no primeiro trimestre da gestação, as consultas


devem ser agendadas para que se tenha a cobertura necessária ao acompanhamento
afectivo, (...) quando as consultas não acontecem no início da gestação e não tem a
sequência necessária para a avaliação do binômio feto-mãe, o acompanhamento do
desenvolvimento do feto pode ficar prejudicada, além de não poder detectar precocemente
algumas doenças, como a diabetes gestacional e ainda a pré-eclampsia, trazendo graves
problemas para a gestante.

Tais problemas poderiam ser controladas e verificadas através do pré-natal durante toda
gravidez. As intercorrências clinicas mas frequentes na gestação incluem: hiperêmese;
síndromes hemorrágicas (abortamento, ameaça de aborto, gravidez ectópica, mola hidatiforme,
placenta prévia, descolamento prematuro da placenta); anemia; hipertensão arterial na gestação
e eclampsia; hiperglicemia na gestação; hepatite B; hepatite C; toxoplasmose; infecção do trato
urinário (ITU); Infecção por HIV e outras DST; parasitoses intestinais; varizes e
tromboembolismo; epilepsia; ruptura prematura de membranas (RPM); trabalho de parto
37
prematuro (TPP); gestação prolongada e gestação múltipla. Todas estas intercorrências quando
presentes na gestante exige uma atenção especial que só poderá ser controlado eficientemente
quando detectado previamente na gestação através de uma pré-natal precoce.

«Dentre as principais causas de óbito por complicações da gravidez, parto e puerpério,


destacam-se os estados hipertensivos, as infecções puerperais, as hemorragias e os abortos,
principalmente nas adolescentes que não foram assistidas no pré-natal» (Ribeiro et al., 2000;
MACIEL et al., 2012; citado por Carvalho, 2013, p.19).

Como podemos ver, são enumeras consequências que a pré-natal tardio apresenta, porém,
existe também factores que contribuem para o início tardio das consultas, e no caso especial da
adolescência, envolve sobretudo factores socioeconômicos, nível de escolaridade, vergonha ou
receio de um julgamento por parte dos familiares, amigos e profissionais de saúde, e a
percepção tardio que a adolescente terá da existência de uma gravidez, uma vez que ela ainda
não tem grande experiência para distinguir as alterações fisiológicas da puberdade dos sinais
que a gravidez pode provocar.

Lial (2014, pp.11-12) realça que:


(...) os fatores que contribuíram para o início tardio da assistência ao pré-natal para as
gestantes estão relacionados ao serviço: a busca por melhor qualidade no atendimento e a
dificuldade para ingresso precoce no pré-natal, sendo observado que o principal entrave
para a utilização do serviço de saúde na atenção ao pré-natal encontra-se na forma de sua
organização, o que mostrou ser um obstáculo ao ingresso precoce da gestante ao cuidado.

Como podemos compreender pela explanação do autor, a procura de melhores qualidades


de atendimento, sobreposto as desorganização dos serviços de saúde quanto a atenção ao pré-
natal contribui para um adesão tardio as consultas.

De acordo com Osis et al.(1993) citado por Lial (2014p.12) os fatores associados ao o
pré-natal tardio estão relacionados também «ao baixo nível socioeconômico, onde podemos
entender que há uma significativa relação entre a mortalidade perinatal e o número de
consultas e que quanto menor o poder aquisitivo, mais tardio se dá a procura para a realização
do pré-natal».

38
Com isso pudemos compreender que a falta de equidade do setor socioeconômico afeta a
saúde da gestante e se manifesta na educação, no estado nutricional da futura mãe e do seu
bebe.

Lial (2014, p.12) enfatiza que quanto aos fatores e alegações relacionados à baixa
escolaridade das gestantes foi analisado que, «aquelas que têm menor grau de escolaridade
apresentam maior chance de acesso tardio ao pré-natal, ou seja, o aumento da escolaridade
repercute favoravelmente no acesso precoce da gestante ao atendimento ao pré-natal».

Assim, o baixo índice de procura precoce retrata uma falta de conhecimento e


conscientização da população sobre a importância da assistência ao pré-natal como fator
protetor da saúde materno-fetal e redutor dos índices de morbimortalidade materna e perinatal.
O baixo nível de escolaridade da gestante é considerado um fator de risco e contribui muito
para o início tardio do pré-natal, tornando as gestantes mais vulneráveis a complicações no pré-
natal e no parto.

(...) sendo que em relação à vida conjugal pode-se postular que a mulher solteira,
independentemente da sua escolaridade, demora mais em aceitar a gestação e tem menos
conhecimentos acerca do que fazer em caso de ficar grávida, a que poderia explicar o início
mais tardio das consultas de pré-natais e, consequentemente, também o menor número de
consultas.

(Lial, 2014, p.13)

Esta explanação chama atenção a necessidade de haver um parceiro que participa


ativamente no desenvolvimento e nas rotinas das consultas subsequentes junto a mulher. A
presença e o apoio do parceiro é uma grande motivação para a mulher gestada, que consequente
terá uma gestação mais equilibrada e saudável.

«Mulheres com maior número de filhos apresentam maior dificuldade em iniciar o pré-
natal» (Lial 2014, p.13). Provavelmente isto ocorra devido à dificuldade destas mulheres em
deixar os filhos ou talvez porque acreditem que como já passaram pela experiência da gravidez,
podem iniciar as consultas mais tardiamente.

39
CAPÍTULO II
OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO

40
2.1. MODO DE INVESTIGAÇÃO

O alcance dos objectivos preconizados de qualquer trabalho de investigação científica


requer aplicação de um conjunto de procedimentos e metodologias que permitam colectar
requisitos essenciais que serão transformados em um produto que atenda aos anseios dos
requerentes.

«Os métodos de pesquisas são o conjunto de procedimentos lógicos da investigação


empírica, envolvendo a selecção de técnicas de recolha e tratamento da informação adequada,
bem como o controlo da sua utilização».
(OLIVEIRA et al, 2014, p. 89)

Para esta monografia, utilizou-se a pesquisa observacional descritivo transversal com uma
abordagem qualitativa e quantitativa, que segundo Zassala (2013, p. 42), «pesquisa descritiva
é a investigação que procura a natureza e grau de condições existentes». Envolve levantamento
bibliográfico

2.2. HIPÓTESES
Anderegg (1978) citado por Marconi e Lakato (2001, p.136), «hipótese é uma tentativa
de explicação mediante uma suposição ou conjuntura verossímil, destinada a ser provada pela
comprovação dos factos».

Para este estudo propomos as seguintes hipóteses:

H1- As gestantes adolescentes atendidas no II trimestre de 2021 no Centro Ana Paula,


têm conhecimento sobre as consequências do início tardio das consultas pré-natais.

H2- As gestantes adolescentes atendidas no II trimestre de 2021 no Centro Ana Paula, não
têm conhecimento sobre as consequências do início tardio das consultas pré-natais.

2.3. VARIÁVEIS

Para Vaz-Freixo (2012, p.202), «variável é qualquer caraterística que numa experiência
é manipulada, medida ou controlada».

41
2.3.1. Variável Dependente
– Gestante adolescente

2.3.2. Variável Independente


– Idade.
– Morada.
– Nível acadêmico

2.4. OBJECTO DE ESTUDO

2.4.1. Grupos de Sujeitos


Partindo de uma população de aproximadamente 30 gestantes adolescente atendidas no
Centro Ana Paula durante o II trimestre de 2021. Deste universo pretendemos trabalhar com
uma amostra de 20 gestante adolescente com idades compreendidas entre 10 aos 19 anos.

2.4 . INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO

Para responder os objectivos do estudo foi escolhido como instrumento de recolha de


dados o questionário fechado e a entrevista que irá permitir obter informações junto as gestantes
adolescentes atendidas no Centro Ana Paula durante o II trimestre de 2021.

2.5 . PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO

O processamento foi feito sob a forma de tabelas e gráficos utilizando os programas


Excel, Microsoft word para redigir e tratar o texto. Por fim, o Powerpoint para a apresentação
do trabalho seguindo as normas em uso nesta universidade. As informações recolhidas serão
analisadas através de processamentos estatísticos apresentados em números absolutos,
frequências simples e percentual.

42
CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS

43
3.1. RESULTADOS DA AMOSTRA

Quadro 1: Distribuição da amostra por faixa etária

Idade Frequência Percentagem (%)


10 – 12 anos 0 0
13 – 15 anos 5 25
16 – 19 anos 15 75
Total 20 100
Fonte: Autora (2021)

Gráfico 1: Distribuição da amostra por faixa etária

10 - 12 anos
0%
13 - 15 anos
25%

16 - 19 anos
75%

O quadro e o gráfico 1 indiciam que a maior percentagem das gestantes adolescentes


inquiridas as suas idades situam-se entre 16 – 19 anos, correspondendo a 75%. O que
pressupõem dizer que a nossa amostra e correspondida maioritariamente por adolescente,
enquanto que a pré-adolescente correspondem 25% dos 13 – 15 anos.

44
Quadro 2: Distribuição da amostra quanto à morada
Distrito Frequência Percentagem (%)
Vila 11 55
Luanda Sul 1 5
Caop 6 30
Estalagem 0 0
Zango 2 10
Total 20 100
Fonte: Autora (2021)

Gráfico 2: Distribuição da amostra quanto à morada

Estalagem
Caop
0%
30%
Luanda Sul
5%

Zango
10%

Vila
55%

Percebe-se pelo quadro e o gráfico 2 que a maior percentagem das inquiridas são
moradoras do distrito da Vila representado por 55%, enquanto que 30% do distrito de Caop,
10% do Zango, e 5% de Luanda Sul.

45
Quadro 3: Distribuição da amostra quanto ao nível acadêmico
Nível Acadêmico Frequência Percentagem (%)
Primeiro Ciclo
0 0
(1ª - 6ª Classe)
Ensino Secundário
9 45
(7ª - 9ª Classe)
Ensino Médio
5 25
(10ª - 13ª Classe)
Nenhum 6 30
Total 10 100
Fonte: Autora (2021)

Gráfico 3: Distribuição da amostra quanto ao nível acadêmico

Ensino Secundário
45%
Primeiro Ciclo
0%

Nenhum
30%

Ensino Médio
25%

No que concerne a este ponto, nota-se que 45% das gestantes inquiridas, estão no Ensino
Secundário, ao passo que 25% no Ensino Médio, enquanto que 30% não apresentaram qualquer
nível acadêmico.

46
Quadro 4: Com quantos meses deste início a consulta pré-natal?

Meses Frequência Percentagem (%)


1 mês 0 0
2 meses 0 0
3 meses 0 0
4 meses 5 25
5 meses 6 30
6 meses 0 0
7 meses 7 35
8 meses 0 0
9 meses 2 10
Total 20 100
Fonte: Autora (2021)

Gráfico 4: Com quantos meses deste início a consulta pré-natal?

9 meses
8 meses 10% 3 meses
0% 2 meses 0% 1 mês
0% 0%

4 meses
25%

7 meses
35%

5 meses
30%

6 meses
0%

De acordo o quadro e o gráfico 4, das gestantes inquiridas 35% iniciaram o pré-natal no


sétimo mês de gestação, enquanto que 30% no quinto, 25% no quarto e 10% no nono. O que
significa dizer que nenhuma começou as consultas no primeiro trimestre da gestação conforme
recomendado, todas tiveram início tardio das consultas pré-natal.

47
Quadro 5: Sabes quais consequências tem o início tardio da consulta pré-natal?
Sabes quais consequências tem o início Frequência Percentagem (%)
tardio da consulta pré-natal?
Sim 7 35
Não 13 65
Total 10 100
Fonte: Autora (2021)

Quadro 5: Sabes quais consequências tem o início tardio da consulta pré-natal?

Sim
35%

Não
65%

O quadro e o gráfico 5, fazem referência ao conhecimento das gestantes quanto as


consequências do início tardio da consulta pré-natal, e infelizmente maior parte das gestantes
inquiridas não têm conhecimentos das consequências representado por 65%, enquanto que 35%
têm conhecimento mas ainda assim deram início a consulta tardiamente.

48
Quadro 6: Sabes que importância tem a consulta pré-natal?
Sabes que importância tem a consulta Frequência Percentagem (%)
pré-natal?
Sim 9 45
Não 11 55
Total 10 100
Fonte: Autora (2021)

Quadro 6: Sabes que importância tem a consulta pré-natal?

Sim
45%

Não
55%

No que se refere a este ponto é de constatar que 55% das gestantes inquiridas não sabem
a importância das consultas pré-natais, muitas alegaram dar início as consultas por iniciativa
das mães, irmãs ou um outro membro familiar, ao passo que 45% das inquiridas afirmaram
saber a importância da pré-natal.

49
3.2. ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS

Após apresentação dos resultados, vamos analisar os dados obtidos das amostras. Sobre
o qual formulamos a seguinte questão de investigação: Qual é o conhecimento das gestantes
adolescentes, sobre as consequências do início tardio das consultas pré-natais, no centro Ana
Paula no II trimestre de 2021?

Em função dos resultados da pesquisa, constatou-se que: a maioria das gestantes


adolescentes têm a idade situada dos 16 aos 19; constituída maioritariamente por estudantes do
Ensino Secundário, mas ainda assim com um índice crítico de gestantes fora do sistema de
ensino representado por 30%; e 55% são moradoras do distrito da Vila.

Levando em consideração as hipóteses formuladas constatamos que, 65% das gestantes


inquiridas não têm conhecimento sobre as consequências do início tardio da consulta pré-natal,
e 55% não sabem a importância da pré-natal. Sendo assim, estes resultados confirmam a
hipótese n.º 2.

Verificou-se também que, 35% iniciaram o pré-natal no sétimo mês de gestação, enquanto
que 30% no quinto, 25% no quarto e 10% no nono. Completando uma margem de 55% deram
início a pré-natal no segundo trimestre da gestação e 45% no terceiro trimestre. O que significa
dizer que nenhuma começou as consultas no primeiro trimestre conforme recomendado.

50
CONCLUSÃO

Seguindo os objectivos básicos desta pesquisa, procurou-se avaliar o conhecimento das


gestantes adolescentes, sobre as consequências do início tardio das consultas pré-natais, no
Centro Ana Paula no II trimestre de 2021. Feito a pesquisa do conhecimento das gestantes
adolescentes, constatou-se que:

- A maioria das gestantes adolescente inquiridas, iniciam tardiamente as consultas pré-


natal, por se tratar de uma gravidez inesperada. Não sabem as consequências do início tardio
das consultas pré-natal e nem a sua importância.

- Apesar das características distintas, as gestantes têm a mesma visão do pré-natal, ou


seja, mesmo com idades diferentes e graus de instrução diversos os objetivos que as conduziram
ao pré-natal eram comuns. Embora muitas alegaram dar início por iniciativa da mãe, irmãs e
outros membros familiar.

Deste modo, os resultados da pesquisa respondem satisfatoriamente os nossos objectivos


de estudo.

Recomendações

1 – Os serviços de saúde devem qualificar a assistência prestada as gestantes adolescentes, de


modo a reduzir o índice de mortalidade pré e neonatal e aliviar o sofrimento delas.

2 – Implementação de políticas de saúde direcionadas para a sexualidade característica dessa


fase da vida humana, bem como ao enfoque da assistência integral a saúde da mulher.

3 – Criação de actividades e intervenções que incentivam o apoio e a integração a adesão ao


pré-natal para as gestantes menos favorecidas economicamente.

3 – A comunidade académica juntamente os centros de saúde, devem promover eventos que


proliferam conhecimentos que ajudam na compreensão dos riscos da gravidez na adolescências
e da importância de uma pré-natal precoce, fomentando o interesse das gestante aderirem
previamente a assistência.

51
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