Você está na página 1de 15

Laboratório Clínico

Introdução:
Exames laboratoriais
- Diagnóstico
- Prevenção
- Prognóstico (evolução da doença) e resposta ao tratamento

• Sangue
- Parte sólida: hemácias, leucócitos e plaquetas;
- Parte líquida: plasma (c/ fibrinogênio) e soro (s/ fibrinogênio)
>Tubo Vermelho – Ativador de coágulo (consome o fibrinogênio): Soro
>Tubo roxo – EDTA (anti-coagulante): Plasma

• Exames
- Quantitativos (quantidade de hemácias, plaquetas...)
- Qualitativos (morfologia celular)
> Hemograma – quantitativo/qualitativo
> Urinálise – quantitativo/qualitativo (avaliação dos sedimentos, presença de cristais e
bactérias)
> Bioquímicos – quantitativo (dosagem de substâncias no sangue: ureia, creatinina,
proteína, glicose, triglicerídeos, alterações hepáticas)
Método de avaliação: Espectrofotometria

> Parasitológico – quantitativo (OPG – ovos por grama: exame de fezes em grandes
animais) /qualitativo (avalia e classifica parasito em peq. Animais)
> Líquidos cavitários – quantitativo/qualitativo
> Pesquisa de hematozoários (qualitativo)

• Hemograma
- Sensível e não específico (detecta alterações, mas não mostra a origem);
- Exame de triagem e acompanhamento de evolução das doenças;
- Quantidade e morfologia;
- Proteína plasmática
Método de avaliação: Refratômetro
- Citometria de fluxo: analisador automático de hematologia (parcial do hemograma)

Linfócitos: 20 a 30% das células leucocitárias. Neutrófilos: 60 a 80% das células leucocitárias

Eosinófilos (grânulos eosinófilicos): Bastonete ou segmentado.

Aumentam em processos inflamatórios, alérgicos e parasitários

+ em infecção larval.

• Pesquisa de hemoparasitos
- Ehrlichia sp., Babesia sp., Hepatozoon sp., microfilárias...
> Ehrlichia canis: bactéria normalmente encontrada dentro de leucócitos
mononucleares (monócito e linfócito); aloja-se no fígado e baço
(hepato/esplenomegalia); causa anemia e diminuição de plaquetas (trombocitopenia);
secundariamente pode causar alterações imuno-mediadas; pode chegar à medula
óssea e causar a morte.
> Babesia: protozoário encontrado em hemácias; faz divisão binária até romper a
célula, causa icterícia; muito comum em equinos e cães; transmitido por carrapatos;
carrapatos de cães: Rhipicefalus sanguineus.
> Hepatozoon: protozoário comumente encontrado em leucócitos nos peq. animais,
aparência de bastão dentro dessas células; + patogênico associado a outra infecção;
em silvestres como jacarés, serpentes e lagartos, o protozoário parasita as hemácias.
> Microfilária: Nematóide; causa infecções em gatos e cães; atinge grandes tamanhos.

• Contagem do número de plaquetas


- Capacidade de coagulação;
- Pré-cirúrgico.

• Bioquímico
- Exames que consistem na dosagem de substâncias químicas que estão no sangue;
ex.: perfil renal, hepático, músculo esquelético, pâncreas.
- É possível avaliar o animal e reconhecer o órgão alterado;
- Existem exames enzimáticos (dosagem da reação enzimática) e colorimétricos (ex.:
ureia; conforme o grau da substância, escure a amostra);
- Fotometria de chama: dosagem de sódio e potássio .
> Urinálise: pesquisa dos elementos anormais; sedimentoscopia urinária.
(Método de avaliação da densidade da urina: Refratômetro)

• Fases do exame
- Pré analítica: desde o jejum (a falta pode ocorrer lipemia, soro esbranquiçado), a
contenção (decorrente ao nível de estresse, pode desencadear a cascata de
coagulação, c/ a presença de fibrina que consome plaquetas, além de aumentar o nível
de cortisol e adrenalina), a identificação do paciente (espécie, sexo, idade, suspeita,
raça), a coleta de amostra (pode ocorrer hemólise), ao uso de fármacos (pode
ocasionar interferência em ureia, creatinina, enzimas hepáticas...) e ao transporte
adequado (refrigerar, gelo sem contato direto com a amostra).
- Analítica: ocorre no laboratório (processamento e análise).
- Pós analítica: interpretação do MV e tratamento.

• Coleta de sangue
- Materiais
> Seringas
> Agulhas (+ usual: 25mm de comprimento x 0,7mm/0,8mm calibre)
> Escalpes
- Métodos de coleta / Local de venopunção
> Jugular
> Cefálica
> Safena
- Tubos de coleta
> Roxo: EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético), preserva a morfologia celular,
melhor conservação (+/- 24h de estabilidade); não é possível realizar todos os
bioquímicos.
> Verde: Heparina (anticoagulante) coleta de sangue de silvestres – hemácias
nucleadas, é possível realizar hemograma e bioquímico na mesma amostra; não
preserva morfologia celular (viabilidade de 8h).
> Cinza: Fluoreto (conserva glicose), realiza-se dosagem de glicose nesse tubo;
hemácias consomem glicose (a cada 30 min, 5% é consumida)
> Azul: Citrato (imprescindível no pré-cirúrgico) verifica-se o tempo de coagulação.
> Amarelo: (gel separador) bioquímico, separa a parte líquida e sólida do sangue que
não permite as enzimas serem consumidas; utilizados em coletas a longa distância.
> Tubo azul escuro: Heparina, dosagem de metais pesados em animais silvestres.
❖ Coleta segura: Até 20% do volume

Animais hígidos

- Cães: 8 – 9% OU 77 – 78 ml/kg

- Gatos: 6 – 7% OU 62 – 66 ml/kg

Ex.: Cão, 8kg.

Volume total?

8kg x 78ml = 624

Coleta segura?

20 ---- 100

X ----- 624

X = 124 ml

• Composição do sangue

- Plasma + células (hemácias e leucócitos) + fragmentos celulares (plaquetas);

- Leucócitos: linfócitos, monócitos, basófilos, eosinófilos, neutrófilos (segmentado e


bastonete)
> Hemácia

Função:

- Conduzir a hemoglobina;

- Hemoglobina faz o transporte de 02/Co2 entre tecidos e pulmão;

- A forma da hemácia arredondada e côncava faz com que seja flexível e permeável,
maior fluidez nos vasos;

- Composição da membrana: proteínas, lipídeos e colesterol.

• Hematopoiese

- Produção de células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas);

- Acontece na medula óssea de ossos mais longos, como fêmur e úmero, em suas
extremidades, ílio, esterno e costelas.

- Aplasia: medula para de produzir sangue, para o diagnóstico é feito punção da


medula e testes, como PCR de doenças infecciosas e crônicas, verifica-se o estado da
medula.

Outros órgãos envolvidos na hematopoiese:

> Baço:

- Armazenamento de alguns tipos celulares;

- Hemocaterese (degradação de hemácias e plaquetas);

- Hematopoiese inicial (neonato);

- Degradação de hemoglobina;

- Estocagem de ferro;

- Remove corpúsculos de Howell-Jolly (resquícios de núcleo na hemácia – hemácia +


jovem);

- Remove corpúsculos de Heinz (ocorrem em casos de intoxicação – alteração oxidativa


na hemácia).
> Fígado:

- Estocagem de Vit. B12, ferro, albumina e globulinas;

- Converte bilirrubina livre em conjugada;

- Produz os precursores (alfa-globulina) da eritropoietina (hormônio que estimula a


produção de hemácias);

- Hematopoiese fetal.

> Estômago:

- Produção de HCL para liberação e digestão do ferro.

> Intestino:

- Absorção da Vit. B12 e ferro.

> Rins:

- Local da produção de eritropoietina (hormônio que estimula a medula óssea a


produzir hemácias);

> Sistema monocítico fagocitário (SMF):

- Degradação de hemoglobina e estocagem de ferro nos macrófagos.

> Hematopoiese fetal:

- O fígado, baço e saco vitelínico são os principais produtores de células até atingirem o
desenvolvimento da medula (+/- 30 dias após concepção).

• Eritropoiese

- Produção de hemácias na medula óssea através da diferenciação da célula tronco


(pluripotencial). Uma célula jovem se diferencia em inúmeras células;

- Regulação hormonal (eritropoietina, produzida no rim e liberada na corrente


sanguínea, atinge a medula estimulando a produção de hemácias);

- Na medula óssea: porção vermelha (concentração de células tronco) x porção branca


(gordurosa);
- Filhotes: 70% vermelha, adultos: 50% vermelha e idosos: 70% branca;

- Para ocorrer a produção de hemácia é necessário suplementação adequada de


proteína, ferro, cobre, cobalto e vitaminas.

• Reticulócitos

- Presença de reticulócitos é importante para avaliar se a medula está produzindo


hemácias (anemia regenerativa ou arregenerativa);

- Formado por ribossomos;

- Capacidade de produzir mais de 20% do conteúdo final da hemoglobina;

- Teste de detecção: 1ml de sangue + 1ml de azul de metileno, banho maria e


esfregaço em lâmina;

- Mais sensível que CHCM;

- Apresentam-se em precipitados de reticulócitos em forma de cordões e pontilhados


(felinos apresentam os 2 tipos).
• Eritropoietina

- Estímulo da produção de hemácia;

- Hipóxia tecidual > aumento da produção de eritropoietina no rim;

- EPO é gerada através da ativação de alfa-globulina e nutrientes (vitaminas e


minerais);

- EPO afeta a produção de hemácias de 3 formas:

1. Mais células tronco se diferenciam em precursores eritrocitários;


2. Aumenta a velocidade de maturação;
3. Liberação de hemácias imaturas (exceto em equinos e ruminantes).

• Hemácia/hemograma

- VG = volume globular da hemácia no sangue

VG ou hematócrito / sinônimos;

- Avalia se o animal está ou não com anemia.

> Morfologia da hemácia:

- Existem diferenças entre as espécies;

- Mamíferos: anucleadas, arredondadas e bicôncavas; formato facilita troca de O2;

- Silvestres: Aves, anfíbios, répteis; formato alongado e nucleadas; hematopoiese extra


medular.

> Tamanho:

- VCM: volume corpuscular médio;

- Quanto maiores, mais hemácias jovens;

- VCM = VG / hemácias x 10

- Baixo valor de VCM e VG = anemia.


- Macrocitose: predominância de hemácias grandes, geralmente jovens, recém
produzidas;

- Microcitose: predominância de hemácias pequenas, ocorre em anemias crônicas,


principalmente ferropriva (fisiológico em idosos e raças como Shiba Inu, Chow Chow,
Akita);

- Normocitose/normocítica: hemácias de tamanho normal;

- Anisocitose: diferença entre o tamanho das hemácias.

> Coloração das hemácias:

- Deposição de hemoglobina, com auxílio do ferro;

- Normocrômica: coloração normal;

- Hipocrômica: diminuição da coloração e área central pálida aumentada decorrente a


diminuição de hemoglobina por deficiência de ferro;

- Policromasia: diferença de cor entre as hemácias (resíduo de RNA);

- CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média;

- CHCM = hemoglobina / VG x 100

> Formato

- Normal: bicôncava e arredondada;

- *Esferócitos: formas esféricas, diminuição do tamanho da hemácia, com intensa


coloração pela perda do conteúdo da membrana (perda da palidez central).

o Causas: Anemia hemolítica auto-imune (patognômico), induzido por drogas,


transfusão incompatível.

- *Acantócitos: células com esporões ou espículas irregulares.

o Causas: hiperbilirrubinemia, hemangiossarcoma ou hemangioma esplênico e


doença hepática difusa, alterações metabólicas de lipídeos ou colesterol.
Lipidose hepática (gato), hemangiossarcoma (cão).

- Equinócitos: hemácias espiculadas, projeções regulares e pequenas.


o Causas: Artefato (amostra velha) + comum, quimioterapia (cão), exercício físico
(equinos), picada de cascavel.

- Esquisócitos: fragmentos irregulares das hemácias.

o Causas: CID (coagulação intravascular disseminada), neoplasia vascular


(hemangiossarcoma) e deficiência crônica de ferro que causa lesão oxidativa;
o Hemácia que soltou o esquisócito = ceratócito.

- Excentrócitos: perda de palidez central, e desvio da hemoglobina para periferia das


células.

o Causas: lesões oxidativas com aumento do corpúsculo de Heinz, deficiência


hereditária.

- *Codócitos: Alteração na proporção do volume em relação ao conteúdo


(hemoglobina), formação de célula alvo.

o Causas: Excesso de EDTA, hipercolesterolemia (cão), anemia ferropriva, anemia


hemolítica grave, hepatopatia grave.

- Estomatócitos: hemácias unicôncavas com áreas finas e claras, semelhante a uma


boca, insignificante em pequena quantidade.

o Causas: deficiência hereditária de gene recessivo, altera a permeabilidade;


Schnauzer miniatura, Alaska Malamute.

- *Crenação: hemácias em forma de engrenagem

o Causas: comum em bovinos por proteína alta, artefato de técnica ou


desidratação em outras espécies.

- Corpúsculo de Howell-Jolly: hemácia com resquício de núcleo que aumenta na


circulação em resposta a hipóxia tecidual, indica anemia regenerativa.

o Causas: hipóxia, contração esplênica, glicocorticóide (cão), animais sem baço,


intoxicação por chumbo.

- Metarrubrícitos: célula imatura liberada precocemente em resposta a hipóxia, indica


anemia regenerativa.
- Roleaux eritrocitário: hemácias empilhadas, normal em equinos sadios, escasso em
cães e gatos.

o Causas: desidratação ou inflamação nas demais espécies.

- Aglutinação: aglomeração espontânea dos eritrócitos.

o Causas: doenças auto-imune, transfusão incompatível.


• Hemoglobina

- Fração heme + globina

- Proteínas conjugadas (globinas – 96%) e substância avermelhada (heme – 4%)

- Heme = ferro + porfirinas

- A produção de hemoglobina ocorre no citoplasma das células nucleadas precursoras


de eritrócitos.

• Hemocaterese

- Hemácias velhas são degradadas pelo sistema monocitico fagocitário;

- Heme (perde molécula de ferro) = porfirina

- Porfirina (por redução enzimática) = biliverdina

- Biliverdina = bilirrubina lipossolúvel + albumina (não conjugada)

- Fígado = bilirrubina + ácido glicurônico (hidrossolúvel)

- Bilirrubina hidrossolúvel = excreção biliar (90% estercobilinogênio/intestino + 10%


urobilinogênio/sangue/rim)

- Colestase: obstrução dos canalículos biliares, acúmulo de bile, +bilirrubina;

- Doença hemolítica: sobrecarrega o fígado, hepatomegalia por sobrecarga


(Leptospirose, Babesia, Ancylostoma).

• Anemia

- Diminuição da oxigenação;

- Diminuição dos eritrócitos, hemoglobina e hematócrito;


- Parâmetro mais fidedigno é o VG;

- Resultante de uma doença primária

- Ocorre por 3 causas:

1. Perda de sangue (hemorragia)


2. Destruição (hemólise)
3. Diminuição da produção (medula óssea)

- Podem ser classificados de 3 formas:

1. Morfologia celular (VCM/CHCM)


2. Evolução (aguda/crônica)
3. Medular (regenerativa/arregenerativa)

> Evolução – Aguda

- Hemorrágica

- Trauma

- Cirurgias

- Ruptura de neoplasias

- Úlceras gastro-intestinais

- Defeitos na homeostasia (intoxicação por warfarina) maior tempo para coagular

Achados laboratoriais nas anemias (perda de sangue):

- Resposta regenerativa (após 2-4 dias)

- Redução da concentração de proteína e VG plasmática total (hemorragia externa 2 –


4h) – ocorre reabsorção dos fluidos corporais.

> Hemolítica

- Infecciosa/parasitária

- Tóxica/química
- Reação Ag – Ac (imunomediada) primária: idiopática, secundária: transfusão
incompatível, anemia infecciosa equina, isoeritrólise neonatal, lúpus eritematoso;

Anemia hemolítica imunomediada

IgM: intra-vascular (lise He)

IgG: extra-vascular (esferocitose) – SMF (fagocitose parcial)

Secundária: ligação de anticorpos contra membrana eritrocitária

o Causas: Neoplasias, agentes infecciosos, transfusões sanguíneas, isoeritrólise


neonatal, modificações antigênicas induzidas por medicamentos.

> Evolução – Crônica

- Hemorrágica (intestinal – sangue oculto nas fezes, trato urinário – hematúria,


ectoparasitas hematófagos, trombocitopenia - plaquetas abaixo do valor de referência)

- Hemolítica (infecciosa, parasitária, tóxica)

- Hipoplasia/aplasia (deficiências nutricionais, agentes infecciosos – parvovirose/FeLV,


depressão da medula óssea, insuficiência renal crônica, medicamentos
antineoplásicos, hipotiroidismo).

Anemia regenerativa

- Perda sanguínea

- Traumas

- Hemólise

- Resposta medular (eritrograma)

- Reticulocitose

- Anisociotose e policromasia

- Metarrubricitos

- Corp. Howell-Jolly

(2-4 dias para se evidenciar)


Anemia arregenerativa

- Doença renal crônica

- Erlichiose (destroem células pluripontenciais)

- Leucemia

- Linfossarcoma

- Ausência de eritropoietina

- Anemias normocíticas e normocrômicas

• Policitemia

- Aumento de VG, Hb, He;

- Relativa: desidratação (hemoconcentração)

- Absoluta:

Primária: medula óssea hiper-responsiva a eritropoietina

Secundária:

1. Fisiologicamente apropriada: hipóxia, +EPO, +He


2. Fisiologicamente inapropriada: O2 normal, +EPO, +He (disfunção renal).

Bruna Sant’Anna Faria

MV5V

Você também pode gostar