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A EMOÇÃO NO PROCESSO DE MEDIAÇÃO

MATERIAL
COMPLEMENTAR

HENRIQUE CARVALHO
NEUROEDUCADOR
TEMAS

• A EMOÇÃO NO PROCESSO DE MEDIAÇÃO;


• GATILHOS MENTAIS;
• ESTRESSE;
A EMOÇÃO NO
PROCESSO DE
MEDIAÇÃO
Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo." SÓCRATES.

Nossa prática pedagógica muitas vezes é focada na lógica, nos aspectos cognitivos, e nos esquecemos de
dar a mesma atenção aos aspectos emocionais. Como somos seres emocionais as nossas emoções sempre se
manifestam antes de nossa razão, em um processo de interação o nosso sistema límbico é ativado antes de nosso
córtex pré frontal que é responsável pela nossa cognição.
O sistema límbico é chamado de “córtex emocional” ele é o onde condensa nossas emoções, sendo
responsável tanto pelas nossas emoções quanto pelos nossos comportamentos sociais, é responsável pelas
nossas funções conativas da aprendizagem.
Já o nosso córtex pré frontal está relacionada ao planejamento de comportamentos e pensamentos
complexos, expressão da personalidade, tomadas de decisões e modulação de comportamento social, é
responsável pelas funções cognitivas e executivas.
Quando entendemos e temos consciência de como estes processos ocorrem, conseguimos organizar nossa
prática pedagógica para o processo de mediação levando em consideração estes aspectos.
A EMOÇÃO NO
PROCESSO DE
MEDIAÇÃO
De acordo com vigotski , o conceito de mediação nos remete a um elo intermediário na relação sujeito-objeto, traz o papel
do outro como central para os processos de aprendizagem. Considerando o professor um dos mediadores na sala de aula,
suas ações têm por objetivo a aprendizagem do aluno. Nessas ações mediadoras, o aluno entra em contato com modos de
pensar, agir e sentir em relação ao conhecimento envolvido e a situação em si. Nessa dinâmica, a forma como o aluno significa
a ação do professor revela uma atitude afetiva.
Por meio da mediação dos professores, os alunos expressaram o que aprendem. Ao dizer o que pensaram e como
pensaram, socializam-se em modos diferentes de fazer e de pensar.
É fundamental o professor como mediador despertar o desejo, a vontade do aluno para a atividade que estiver realizando
em sala de aula. Quando os alunos despertam para uma ação voluntária, se tornam mais motivados em aprender e a interagir
com outras atividades que forem propostas, é preciso fazer este mecanismo funcionar. Quanto mais distantes os alunos
estiverem, mais difícil será este engajamento.
E este engajamento vocês só irão conseguir se falarem diretamente para o sistema límbico de seus alunos, despertando
o desejo em aprender, em vês de focarem no cognitivo, no córtex pré frontal. Como falei antes as emoções os desejos são
processados antes da razão.
A EMOÇÃO NO
PROCESSO DE
MEDIAÇÃO
Mas como devo fazer então?

Existe alguns estímulos que você pode usar que vão falar direto para o sistema límbico, direto para o emocional. Estes
estímulos são largamente usados por profissionais de marketing. Na educação eles vão funcionar tão bem como no
marketing, basta você colocar em prática. Mas afinal que Estímulos são estes?

São gatilhos mentais.

Em síntese, os gatilhos mentais são estímulos enviados pelo cérebro que exercem influência direta sobre a pessoa e a
forma como ela tomará alguma decisão.
Os gatilhos mentais são ótimas oportunidades para melhorar o relacionamento com o seu aluno, Isso porque eles
facilitam a tomada de decisão de forma mais impulsiva. Ou seja, eles servem para estimular o seu aluno a agir guiado mais
pela emoção. No mundo do marketing onde não se deseja que o cliente pense e reflita sobre a situação, aqui para nossa
atuação, é importante usar os gatilhos para despertar interesses nos alunos aproximando o aluno do processo de
aprendizagem.
A EMOÇÃO NO
PROCESSO DE
MEDIAÇÃO
Existem vários gatilhos mentais, vou destacar aqui alguns mais assertivos para nosso intento.

Gatilho Mental da Curiosidade


Aqui vamos usar o gatilho da curiosidade, despertar o interesse pela curiosidade de conhecer algo novo, algo diferente,
mesmo que não seja tão novo assim, a forma como você aborda o tema, instigando a esta descoberta trará este sentimento.
Então estimule o seu aluno a curiosidade, desperte este sentimento, trabalhe esta emoção de descoberta, para ele se
sentir desafiado e empolgado com este sentimento.
Quando fazemos uma análise sob a ótica da Neurociência, percebemos que, ao sermos expostos a alguma novidade,
há um aumento na liberação de dopamina, responsável pela sensação de prazer. Assim, nos sentimos mais felizes e
engajados.

Gatilho Mental da escassez


O gatilho da escassez visa despertar o estímulo de “perda”, caso não haja ação. Ele é extremamente atrativo, uma vez
que o nosso subconsciente faz a relação de valor com escassez. Assim, o sentimento de exclusividade faz com que os
alunos se motivem a realizarem uma determinada atividade, resolverem uma da determinada questão, e se empenhe no
processo.
A EMOÇÃO NO
PROCESSO DE
MEDIAÇÃO
Vou dar aqui um exemplo que acontecia comigo quando criança, só para vocês relacionarem com o gatilho mental.
Quando eu era criança e estava no antigo primeiro grau, lembro que fazia corpo mole para copiar as atividades que a
professora passava no quadro negro, e o que me fazia copiar era o ato da professora falar que ia apagar e não passaria
novamente e começava de fato apagando lentamente, ai corria para escrever.
Lógico que devemos estimular nossos alunos de outras formas, mas o sentimento de perda é grande, só damos valor no
momento em que vamos perder. Assim podemos usar estes sentimentos a nosso favor promovendo uma ação em nossos
alunos em razão desta perda.
Este é um poderoso gatilho mental, o meu objetivo de compartilhar aqui o conhecimento dos gatilhos mentais, não é
para coagir o aluno, pelo contrario, é para despertá-lo para a ação. Muitas vezes vejo professores me falando, que já fizeram
de tudo e não conseguem despertar o interesse de alguns alunos. Estes gatilhos mentais vão agir em seu aluno de forma
inconsciente, levando-o a ação que você estiver realizando de forma consciente, dai a sua responsabilidade sobre estes
estímulos.
A EMOÇÃO NO
PROCESSO DE
MEDIAÇÃO
Gatilho mental da recompensa
Não é nenhuma surpresa que os seres humanos adoram recompensas. Algumas tarefas exigem um incentivo para
desencadear a nossa motivação. Neurocientistas acreditam que os níveis de dopamina em nosso cérebro subam quando uma
recompensa está envolvida. Esta dopamina gera picos de emoção e envolvem nossos alunos. Isso também os motiva a
participar ativamente na esperança de receber uma recompensa. Mas deve ficar claro para o aluno que a recompensa
material não é o objetivo, mesmo que ela exista, após ser alcançada, o professor deve levar o aluno a reflexão.
Gatilho mental da reciprocidade
Esse gatilho mental tem tudo a ver com empatia e com “gentileza gera gentileza”. Todo mundo gosta de receber alguma
coisa sem alguém pedir nada em troca. Quando isso acontece a pessoa é condicionada a sentir que precisa retribuir esse
favor, mesmo que não seja uma obrigação.
Uma forma bastante eficaz de trabalhar o gatilho mental da reciprocidade é dar algo a seu aluno sem que ele espere,
não precisa ser algo material, pode ser uma aula ao ar livre, fazer algo que surpreenda seus alunos que eles fique gratos por
você ter feito isto por eles, despertar este sentimento de gratidão é muito importante.
Com certeza, ele ficará feliz em receber uma coisa que não estava esperando e se sentirá impelido a contribuir e a
colaborar com você.
A EMOÇÃO NO
PROCESSO DE
MEDIAÇÃO
Mas para isto funcionar em um processo de mediação, não pode ser um ato isolado, a postura de mediador tem que ser
implantada, o aluno tem que gerar este vínculo com você.

Gatilho da autoridade
Esta autoridade, como já falei anteriormente, não é a autoridade coercitiva, é uma autoridade de admiração, enxergar
em você autoridade é como ti ver como alguém importante, como um super herói, o aluno tem que ter o professor como
referencia, tem que admira-lo e não temer, este é o gatilho mais importante, quando se conquista sua clientela você vira
referencia para ela, e o processo de mediação neste caso se torna muito mais harmônico.
Estes foram alguns gatilhos mentais que separei aqui para vocês. Para usarmos estes gatilhos mentais temos que
conhecer o aluno, suas necessidade e realidade.
Tem uma máxima que fala que nosso cérebro é como uma máquina, um computador, mas computador não precisa lidar
com preocupações, medo e outras barreiras emocionais. É por isso que nossa mente exige condições específicas de
aprendizagem para absorver adequadamente a informação. Na verdade, dois processos-chave precisam ocorrer: Em primeiro
lugar, o cérebro deve ser capaz de reagir aos estímulos. Em segundo lugar, deve criar novas sinapses.
A EMOÇÃO NO
PROCESSO DE
MEDIAÇÃO
Quanto mais alegre e positivo for o processo de mediação da aprendizagem, melhor será as experiências que irá
proporcionar. Isso ocorre porque nosso cérebro associa a informação com emoções favoráveis. A única coisa mais poderosa
e agradável são as experiências auto-guiadas em que descobrimos algo novo sobre nós mesmos ou sobre o mundo. Por
exemplo, uma atividade de resolução de problemas que nos permite explorar novas idéias e desafiar nossas suposições. Se o
processo de aprendizagem é agradável o suficiente, irá facilitar os processos de aprendizagens mediada pelo
professor/mediador.
Estes gatilhos mentais irão ajudar a manter o equilíbrio emocional do aluno, o que é fundamental para a aprendizagem,
pois o estresse é um bloqueador da aprendizagem. Além de bloquear a aprendizagem o estresse afeta a saúde do corpo
provocando falta de apetite, dificuldades para dormir, entre outros impactos negativos na saúde física e psicológica. O
estresse atua na amígdala que é a região do cérebro que responde ao estresse, medo e preocupação. Quando detecta uma
ameaça iminente, a amígdala entra em ação e coloca um bloqueio de informações. O cérebro já não se preocupa com o
conhecimento. Ele simplesmente quer lidar com a ameaça e preservar-se. É por isso que você deve criar um ambiente livre
de estresse para seus alunos.

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