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MÓDULO 6

O QUADRO NATURAL DE
PORTUGAL – AS ÁREAS
RURAIS

Edição n.º 1 de Setembro 2006


Criado por: Departamento Pedagógico - IEDP (ENSINO ROFISSIONAL)

Revisto por:
LISTAGEM DAS REVISÕES

CAP FOLHA DESIGNAÇÃO DATA OBS.

Edição n.º 1 de Setembro 2006


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O quadro natural de Portugal
– As Áreas Rurais

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O QUADRO NATURAL DE PORTUGAL – AS ÁREAS RURAIS
As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Heterogeneidade no uso do solo

Diferentes ocupações do espaço agrário

Em Portugal continental regista-se uma grande desigualdade no uso do espaço agrário, resultado
essencialmente das condições naturais e históricas.
O espaço agrário comporta diferentes utilizações das quais se podem destacar:
• a superfície agrícola que compreende, para além das culturas temporárias, a vinha, a oliveira, as árvores
de fruta e os prados;
• a superfície florestal que inclui o montado (mata rala de sobreiros e azinheiras), o pinhal, o eucaliptal e
outros;
• os incultos - matos, matagais ou charnecas que são, geralmente, formações espontâneas já muito
degradadas pela acção do homem - queimadas, pastoreio e corte de arbustos.

No estudo do espaço agrário considerou-se a divisão de Portugal continental em 3 regiões: Norte, Centro
e Sul.
• O Norte coincide com a Zona Agrária Norte e compreende entre o Douro e Minho - distritos de Viana
do Castelo, Braga e Porto - e Trás-os-Montes - distritos de Vila Real e Bragança.
• O Centro engloba as Zonas Agrárias Centro - distritos de Aveiro, Coimbra, Viseu, Guarda e Castelo
Branco - e a de Lisboa e Vale do Tejo - distritos de Lisboa, Leiria, Santarém e Setúbal.
• O Sul compreende as Zonas Agrárias do Alentejo - distritos de Portalegre, Évora e Beja - e do Algarve
- distrito de Faro.

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O QUADRO NATURAL DE PORTUGAL – AS ÁREAS RURAIS
As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Heterogeneidade no uso do solo

Diferentes ocupações do espaço agrário

DIVERSIDADE NO USO DO SOLO AGRÍCOLA%

A Superfície Agrícola Utilizada - SAU - é constituída pela superfície de exploração que inclui as terras
ocupadas pelas culturas temporárias, pelas hortas familiares, pelas culturas e pelas pastagens
permanentes. A SAU regista, essencialmente, três grandes usos:

• culturas temporárias - culturas cujo ciclo vegetativo não excede um ano e as que são ressemeadas com
intervalos máximos de 5 anos;

• culturas permanentes - culturas que ocupam a terra durante um longo período e fornecem repetidas
colheitas;

• pastagens permanentes - conjunto de plantas

O uso do solo segundo três grandes tipos - culturas temporárias, culturas permanentes e pastagens
permanentes - tendo em conta:

- a distribuição espacial(1);
- as classes consideradas na SAU;
- o número de explorações e respectivas áreas ocupadas, por classe e por região.

No território continental verificamos que:

- no conjunto do território continental, no que diz respeito à área cultivada, são as culturas temporárias
que ocupam o primeiro lugar muito destacado, enquanto o número de explorações que as comportam é
ligeiramente inferior ao das culturas permanentes;

- as pastagens permanentes ocorrem em muito menor número de explorações e ocupam uma área
sensivelmente inferior.

- A Sul do Tejo o número de explorações de grandes dimensões (mais de 50 hectares) é de 4944 - é o


domínio da grande propriedade;

- no Norte, pelo contrário, são os minifúndios que predominam, 80 018 explorações com menos de 2
hectares, contra apenas 677 com uma superfície superior a 50 hectares.

O Centro apresenta um total de explorações e de área utilizada muito superior às restantes regiões do

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país, aliás perfeitamente explicado pela maior superfície total que abrange.
No Sul mantém-se a importância relativa entre a diversidade de usos.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Heterogeneidade no uso do solo

Diversidade no uso do solo agrícola

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Quanto à relação entre o uso do solo e as dimensões das propriedades, verifica-se

No Norte
- nos minifúndios e nas propriedades médias (5 a 49,9 hectares) o uso do solo é bastante semelhante, com
predomínio para as culturas em detrimento das pastagens permanentes;
- nas grandes propriedades os tipos de uso têm uma idêntica importância, quer em número de explorações,
quer em área ocupada.

No Centro
- as pequenas e médias propriedades são utilizadas em número semelhante, quer para culturas
temporárias quer para culturas permanentes; as explorações com pastagens, no entanto, são em muito
menor número e ocupam uma área também muito menor.

No Sul
- as pequenas e médias propriedades são predominantemente ocupadas por culturas permanentes;
- nas grandes propriedades o predomínio vai para as culturas temporárias, particularmente no que diz
respeito às áreas cultivadas. •

Actividade
1. A partir do Quadro III calcule, para o Norte, Centro e Sul do país, as percentagens relativamente ao
total do país, de:

1.1 - minifúndios (<2 hectares)

1.2 - latifúndios (>200 hectares)

2. Que conclusões se podem , tirar quanto à estrutura fundiária do país?

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Heterogeneidade no uso do solo

Distribuição espacial das produções – Produção agrícola

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Produção agrícola

Culturas temporárias

No nosso país as principais culturas temporárias são:

-cereais para grão: trigo, centeio, cevada, aveia, milho, triticale, arroz; batata, beterraba sacarina,
leguminosas secas, plantas forrageiras; produtos hortícolas, flores e plantas ornamentais industriais para
sementes e propágulos.

Cereais

No conjunto das culturas temporárias, os cereais ocupam desde há muito um lugar destacado. Na verdade,
em toda a parte, eles constituíram, desde logo, a base da alimentação dos povos.

O trigo, originário da região mediterrânea, é uma cultura mais exigente quanto aos solos do que quanto ao
clima. Precisa, no entanto, de uma estação quente e seca. Cultiva-se em regime de monocultura e num
sistema extensivo.

Em Portugal continental é o trigo que ocupa uma área maior, mais de 300 000 hectares, seguindo-se-lhe o
milho, a aveia, o centeio e depois, com valores consideravelmente mais baixos, a cevada, o arroz e o
triticale (variedade obtida a partir do trigo).

O milho é um cereal que nos chegou da América e que, ao contrário do trigo, necessita de bastante
humidade. A rega é frequentemente utilizada. No nosso país cultiva-se, muitas vezes, em sistema de
policultura intensiva.

O centeio é um cereal, pouco exigente, das regiões temperadas, que se adapta com facilidade a climas
mais frios e a solos mais pobres do que o trigo.

O arroz é uma cultura tropical, originária da China, e que, por isso, necessita de grande humidade e calor.
Exige também solos férteis e inundáveis. Trata-se de uma cultura alagada que prefere, por isso, regiões
de planície. Cultiva-se em sistema de monocultura e em regime extensivo.

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Heterogeneidade no uso do solo

Distribuição espacial das produções – Produção agrícola

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A distribuição espacial reflecte aquelas condições naturais e, por isso, é notória a
heterogeneidade das situações:

- o trigo é, de longe, o cereal que ocupa a maior área no Sul, embora o número de explorações de trigo
seja inferior ao número das explorações do Norte e do Centro;

- o centeio é mais importante no Norte e no Centro, tanto no que se refere ao número de explorações
como às áreas cultivadas;

- a cevada tem a sua maior área de distribuição também no Sul e está pouco representada no Norte;
- o milho é a segunda cultura do país quanto à área cultivada, distribuindo-se, sobretudo, no Centro e no
Norte; em número de explorações ocupa o primeiro lugar, quer no conjunto do território, quer nas regiões
Centro e Norte;

- o triticale é uma cultura ainda recente e só tem alguma expressão no Sul do país;

- o arroz não é cultivado no Norte devido à falta de condições climáticas e o maior número de explorações
e a maior área cultivada localiza-se no Centro, nas bacias de alguns rios, particularmente no Mondego, no
Tejo e no Sado.

Outras culturas temporárias

De entre este grupo de culturas destacam-se a batata, as forragens, as leguminosas secas (feijão e grão)
e a beterraba sacarina.

A batata é uma planta originária da América do Sul, cuja difusão não foi fácil na Europa. Dá-se bem em
variados climas e solos, preferindo, no entanto, climas húmidos e solos leves. É uma cultura de sequeiro
que se faz, geralmente, em afolhamento. Em algumas regiões fazem-se duas sementeiras e, nesse caso, na
do Verão, costuma utilizar-se a rega de abundância.

- A cultura da batata que se distribui predominantemente no Centro e no Norte do país;

- As culturas forrageiras - isto é, plantas destinadas ao corte para alimentação do gado - ocupam também
uma vasta área, sobretudo nas regiões do Centro e do Sul;

- As leguminosas secas são cultivadas principalmente no Centro e no Sul, mas as respectivas áreas são
comparativamente bastante reduzidas;

- A beterraba sacarina só recentemente se começou a ensaiar no Centro do país, e o número de


explorações e a área cultivada têm uma expressão muito diminuta.

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Heterogeneidade no uso do solo

Distribuição espacial das produções – Produção agrícola

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Para além destas culturas ainda podemos referir outros tipos de cultura não
tradicionais que só ultimamente se desenvolveram com objectivos diferentes - o mercado nacional e
mesmo o internacional:

• As culturas industriais, isto é, culturas que fornecem produtos que podem ser transformados,
industrialmente, noutros produtos de consumo, tais como o tabaco, o girassol, a soja, etc. Distribuem-se
essencialmente na região Sul.

• As culturas hortícolas efectuadas em rotação com outras culturas não hortícolas ou num regime
intensivo em parcelas exclusivamente destinadas a esse fim; o seu mercado tem-se expandido
consideravelmente sobretudo com a utilização da rede de frio; é difícil contabilizar os resultados da
horticultura, na medida em que os produtos hortícolas são, muitas vezes, obtidos em pequenas hortas e
vão directamente do produtor ao consumidor. Ocupam uma área mais importante na região Centro com
destaque para o litoral, no distrito de Lisboa e distritos circunvizinhos.

• A floricultura, que inclui as flores e as plantas ornamentais, encontra no nosso País condições naturais
muito favoráveis: grande insolação, temperaturas mínimas relativamente elevadas, poucos dias de geada e
ainda a possibilidade de obtenção de primores florícolas, isto é, conseguir a floração mais cedo do que o
habitual. A cultura protegida, quer em sob-coberto, quer em estufas, veio ainda permitir obter um maior
rendimento; ocupa uma área maior no litoral centro, embora seja o Norte que possui o maior número de
explorações.

• As culturas de sementes e propágulos ocupam uma pequena área, como é natural, mas são numerosas as
explorações que as possuem, com grande destaque para a região Norte.

Culturas permanentes
As culturas permanentes incluem predominantemente:

-frutos frescos; frutos tropicais; frutos secos; oliveira; videira

As culturas permanentes são constituídas, sobretudo, por árvores de fruto e por uma cultura arbustiva, a
videira.
A vinha é uma cultura muito antiga no nosso país. Romanos e Árabes contribuíram, com certeza, para a sua
difusão.
Adapta-se bem a diversos solos e apenas exige Verões quentes ou, pelo menos, temperados. As
diferentes condições naturais têm reflexos nas variedades de vinho que se obtêm. Por isso, há regiões
demarcadas para certos vinhos de qualidade. Nestes casos, o vinho só pode ter determinada marca se for
obtido a partir das uvas produzidas numa área delimitada. Há, assim, a região do vinho do Porto, do vinho
do Dão, do vinho verde, etc.

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Distribuição espacial das produções – Produção agrícola

A oliveira é, de entre as árvores de fruto, das poucas plantas cultivadas de origem mediterrânea. A sua
difusão é muito antiga, anterior à ocupação romana, mas a sua propagação, feita de Sul para Norte, deve-
se aos árabes. Dá-se bem em todos os solos, embora preferindo os solos calcários. Precisa, no entanto, de
Verões quentes, secos e prolongados, característicos, pois, dos climas mediterrâneos.

De entre a fruticultura podemos ainda destacar:

- os frutos frescos (não incluindo os citrinos), como por exemplo, as maçãs, as peras, as uvas de mesa, os
pêssegos...;
- os citrinos (laranjas, limões, tangerinas...);
-os frutos sub-tropicais (kiwis, bananas...) cuja cultura é ainda recente, mas com resultados promissores;
- os frutos secos (amêndoas, nozes, avelãs...) são, pelo contrário, culturas tradicionais no nosso país e com
óptimas perspectivas de mercado, pois a Europa Comunitária é deficitária nestes produtos.

Actividades:
1. Que regiões são mais propícias à cultura:

- do milho;
- da batata;
- de plantas e flores ornamentais?

2. Onde predomina a cultura:

- de citrinos;
- da vinha?

3. Descreva uma paisagem agrícola susceptível de se situar na região Sul (tenha em consideração os
textos e quadros referentes à produção agrícola).

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Heterogeneidade no uso do solo

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Distribuição espacial das produções – Produção agrícola

Quanto à distribuição espacial das culturas permanentes podemos concluir:

- as árvores de frutos frescos (excluindo os citrinos) ocupam uma área maior na região Centro e menor na
região Norte. Quanto ao número de explorações, ele é maior também na região Centro mas menor na
região Sul;

- os citrinos são, pelo contrário, mais abundantes ao Sul e estão muito menos presentes na região Norte;
- os frutos sub-tropicais, ocupando ainda uma área bastante reduzida, predominam no Norte;

- as árvores de frutos secos encontram-se, sobretudo, nas regiões Norte e Sul, consoante as espécies, e
estão muito menos representadas na região Centro.

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Heterogeneidade no uso do solo

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Distribuição espacial das produções – Produção agropecuária

Trabalho de grupo

Elabore pesquisa na Internet e na biblioteca sobre a actividade pecuária no nosso país e


elabora mapas e quadros sobre os seguintes aspectos:
1. Tipos de pecuária;
2. tipos de gado;
3. distribuição espacial dos efectivos pecuários (ovinos, suínos, bovinos, caprinos,
equídeos, aves de capoeira

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Heterogeneidade no uso do solo

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Distribuição espacial das produções – A produção florestal

A floresta cobre, actualmente, cerca de um terço da superfície do país. Contribui com 13% para o Produto
Agrícola Bruto, o que corresponde a menos de 2% do PIB.
Os principais produtos fornecidos pela silvicultura são:

- a cortiça;
- a resina;
- a madeira e a lenha;
- a pasta para papel.

Mas a importância da floresta é muito superior ao valor daqueles produtos. A floresta oferece ainda
outros tipos de recursos:

- o aproveitamento, para fins energéticos, dos resíduos directos da floresta, como, por exemplo, folhas,
ramos, cascas, pequenas árvores mortas, etc.
- a silvipastorícia - associação das árvores com os pastos melhorando assim o rendimento de solos não
propícios à agricultura.

Esta associação de floresta e pastagens traz consigo evidentes benefícios:

- acréscimo da humidade do solo;


- diminuição da excessiva luminosidade;
-protecção do solo contra as temperaturas excessivas quer altas quer baixas;
-melhoramento da composição química do solo por acréscimo de matéria orgânica.

As árvores são ainda úteis, nas encostas, reduzindo a erosão do solo, e ainda como regularizador do clima
e no aumento dos recursos hídricos.

A floresta portuguesa era, até meados do século XX, essencialmente constituída por:

- pinhal, ao Norte, ocupando cerca de uns 40% da área florestada total;


- montado, ao Sul, correspondendo a pouco mais de 20% da superfície total.

Na distribuição espacial da floresta destacavam-se, portanto, duas grandes manchas, uma a Norte do
Tejo, a outra ao Sul do mesmo rio, correspondendo exactamente ao pinhal e ao montado.

A expansão do eucaliptal, a partir daquela data, veio modificar esta constituição.


Nesta distribuição é visível a influência quer dos factores naturais, quer dos factores humanos; a
floresta ocupa uma área maior em solos pobres, como por exemplo as areias e os xistos, e nas áreas pouco
povoadas.

A expansão do eucalipto, determinada essencialmente pêlos interesses económicos das celuloses, vem
constituindo um problema importante deste sector. O rápido crescimento destas árvores e, portanto, a
possibilidade da realização de lucros a curto prazo, tem motivado um aumento considerável e incontrolado
das áreas cultivadas. A maciça implantação do eucalipto pode trazer problemas do ponto de vista
ecológico. Os ecologistas e os economistas não se entendem nesta questão.

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O que parece importante assinalar é que, se de um ponto de vista económico, esta
cultura é vantajosa, não se podem ignorar, por outro lado, as perturbações que ela
pode provocar nos ecossistemas e, muito particularmente, no esgotamento dos recursos hídricos. A
questão parece estar, não em proibir a expansão do eucaliptal, mas em reservar-lhe as áreas apropriadas
ao seu cultivo.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Factores que condicionam e existência do espaço rural

Factores naturais

A estrutura e composição do solo

O solo é constituído por água, ar, matéria mineral e matéria orgânica. A matéria orgânica do solo é
formada pelos seres vivos, pelos produtos da actividade dos seres vivos e pelo húmus (matéria orgânica
em decomposição).
Qualquer solo evolui de uma rocha-mãe. Esta, por acção da temperatura e da água, fragmenta-se e alguns
dos seus minerais transformam-se. Nas fracturas desenvolvem-se plantas e outros seres vivos de
pequenas dimensões. Os seres vivos, quando morrem, entram em decomposição, por acção de fungos e
bactérias, formando o húmus.

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Algumas características do solo, como a permeabilidade e a porosidade, condicionam a disponibilidade em
água e ar para os seres vivos do solo, substâncias essenciais aos fenómenos biológicos fotossíntese e
respiração, respectivamente.

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Factores que condicionam e existência do espaço rural

Factores naturais

A estrutura e composição do solo

A fertilidade do solo está dependente da natureza da rocha-mãe sobretudo da sua


textura, permeabilidade e profundidade. Assim sendo os solos graníticos ou basálticos
são solos profundos e férteis. Os solos de xisto e calcários, não argilosos, são pouco
profundos, pobres e poucos férteis.

As formas acidentadas
Os solos em declive são pouco férteis, ao contrário dos solos com pouco ou nenhum
declive que são mais férteis uma vez que nestes há uma acumulação de sedimentos que
enriquecem a composição química do solo.

Clima
A precipitação, evaporação, condensação, vento e temperatura são factores que
condicionam a humidade dos solos e consequentemente a sua fertilidade (recorda os
módulos 1, 2 e 3).

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Factores que condicionam e existência do espaço rural

Factores Humanos

• Históricos;

• Geográficos.

Factores históricos

“Já na pré-história os povos desta região da Europa "deviam ter sido seriamente condicionados por uma
vincada assimetria entre o litoral atlântico, com terras férteis e rios navegáveis, areias auríferas e clima
temperado, e o interior com terras áridas, montanhas agrestes, comunicações difíceis e um clima
rigoroso".
História de Portugal, José António Saraiva (Dir.)

O Noroeste do País é já então um foco de grande densidade humana.

O Povoamento
"A simples observação de qualquer mapa da distribuição das estações castrejas, ao
registar uma maior densidade, em colinas de altitude média, entre 200 e 500 m, nas
proximidades da costa atlântica e ao longo das bacias dos rios, evidenciando um certo
ordenamento geral na ocupação do espaço em meios favoráveis à prática de actividades
agro-pecuárias e ao aproveitamento dos recursos marítimos e fluviais revela que a
escolha dos locais para o seu estabelecimento estava também inteiramente relacionada
com a economia de subsistência de cada comunidade. (...)
A riqueza mineira do Noroeste peninsular sobretudo em estanho, ouro e ferro, bem como
em cobre e chumbo (...) cuja exploração teria sido a principal determinante das várias
expedições de povos a estas regiões, inclusivamente das expedições romanas, até à sua
ocupação definitiva, permitiu uma intensa actividade mineira de que os numerosos
utensílios, armas e jóias de bronze e variadas peças de ourivesaria manifestam a sua
importância nos tempos pré-romanos (...)
Por ter sido pacificada mais cedo pêlos romanos, a região meridional de Portugal foi a que
primeiro tomou contacto com o sistema de exploração agro-pecuário romano (...) E nesta
região, mais concretamente no Alentejo, que se localizam as mais antigas "villae" do
Portugal romano. A "villa" romana seria uma propriedade rural com uma grande extensão
de terras, o "fundus" é um conjunto de edifícios que incluíam a residência do propri-
etário, "villa urbana", os alojamentos dos trabalhadores, escravos e currais, "villa
rústica", e os armazéns, celeiros e lagares "villa fructaria".
in: História de Portugal, José Hermano Saraiva (Dir.)

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Factores que condicionam e existência do espaço rural

Factores Humanos

Factores geográficos

O Norte e, particularmente, o Noroeste, apresentavam condições naturais propícias ao povoamento, mais


concretamente ao desenvolvimento da agricultura. Um clima húmido, com chuvas abundantes e sobretudo
bem distribuídas, temperaturas médias amenas - nem Invernos muito rigorosos nem Verões demasiado
quentes -e solos relativamente férteis, proporcionavam condições para uma policultura cada vez mais
variada e portanto favorável a uma agricultura de subsistência.

O Sul, com um clima mais seco, com chuvas irregulares, Invernos mais frios e com solos pobres, não
oferecia as mesmas condições do Noroeste.
Assim, às razões históricas juntaram-se as condições naturais que contribuíram para que se mantivessem,
podemos dizer, até hoje, os grandes contrastes que já se desenhavam mesmo antes da formação de
Portugal.
Propriedade e Exploração
(...) A posse da terra enquadra-se assim nos contrastes, já apontados, entre o
Noroeste e o Sul; e as circunstâncias históricas, que determinaram a formação e
distribuição dos vários tipos, reflectem, por sua vez, as condições naturais.
No Noroeste, deve-se aos romanos a transformação radical de uma região selvática
numa área cultivada e produtiva. As populações castrejas desceram em grande
número para os vales, onde as "villa" sucederam, no pé das colinas, aos castros
alcandorados nelas. À fruição comunitária das terras e das águas, substituíram-se
unidades agrárias bem definidas pelas necessidades da tributação, que irão
fraccionar-se interiormente em parcelas cultivadas como um todo. Na terra ocupada
por gente numerosa, as glebas são pequenas e bem trabalhadas. (...)
A montanha e as regiões transmontanas, fechadas nas suas comunidades de terras e
gados, permaneceram à margem destas transformações. A população que cresce
emigra e estaciona. A propriedade divide-se, mas a exploração permanece agrupada
no auxílio mútuo dos vizinhos da aldeia. (...) Os latifúndios alentejanos ascendem,
como se viu, também à época romana. Na terra vasta e uniforme, escassamente
povoada, assolada pelas guerras da Reconquista, talharam os primeiros reis os limites
de enormes doações; muitas serão unidades agrárias, onde a exploração tomou a
forma extensiva pela carência de gente que trabalhasse a terra. Com as leis liberais,
passaram para a posse do Estado grandes domínios das ordens religiosas,
arrematados depois em hasta pública pêlos ricos novos da cidade."
in: Geografia de Portugal, Vol. IV, Orlando Ribeiro e outros

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Características das explorações

O espaço agrário caracteriza-se pelos seguintes aspectos:


 a dimensão das explorações;
 a situação económica e financeira;
 o grau de desenvolvimento tecnológico e científico.

Dimensões das propriedades

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Características das explorações

Situação económica e financeira das explorações

A situação económica e financeira das explorações também não é de modo algum uniforme e reflecte a
natureza das produções, a localização e as dimensões das propriedades.
O modo de comercialização dos produtos agro-pecuários é um bom indicador da situação económica da
nossa agricultura.

Podemos considerar a comercialização sob vários aspectos

ASPECTOS DA COMERCIALIZAÇÃO

Segundo as formas de escoamento:

- a venda directa;
- a venda por intermediário;
- a venda a cooperativas e outras associações;
- a venda à indústria;
-outras.

Segundo a percentagem de produção destinada à venda, podem agrupar-se as explorações em 4 classes:

<25%
25% - 50%
51%-75%
>75%

Segundo os locais de venda:

- na exploração;
- na feira ou mercado;
- no leilão (para os animais);
- outros.

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Características das explorações

Situação económica e financeira das explorações

Formas de escoamento

A forma de escoamento dos produtos agropecuários permite-nos aperceber da situação económica das
explorações.

Existem as seguintes formas de escoamentos:

- A venda directa é ainda utilizada em larga escala em todo o país, mas particularmente na região Norte.

Os produtos mais frequentemente escoados por esta via são:

• no Norte: o feijão, os produtos hortícolas e o milho;


• no Centro: os produtos hortícolas, os citrinos e a uva para vinho;
• no Sul: os produtos hortícolas, o milho e o feijão

- A venda por meio de intermediário é a forma mais habitual em todo o País para todos os produtos à
excepção dos produtos hortícolas para a indústria.

-As associações e as cooperativas têm já uma representação apreciável, mas predominam na região
Centro, sobretudo no que diz respeito ao milho e à uva.

- A venda para a indústria é uma forma de escoamento relativamente menos habitual. Só ocupa o 1.°
lugar, como já foi dito, no caso dos produtos hortícolas.

Mercado

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo

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Criado por: Departamento Pedagógico - IEDP (ENSINO ROFISSIONAL)

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Características das explorações

Situação económica e financeira das explorações

A comercialização segundo a percentagem de venda

Na região Norte

• o número de explorações que vende entre 25 e 50% da produção é muito superior ao número das
restantes classes, nos casos do milho, feijão e batata;
• para todos os restantes produtos a maior parte das explorações comercializam mais de 75%, com
evidente realce para culturas hortícolas para a indústria onde é quase a totalidade (de 157 explorações,
133 vendem 75% ou mais da sua produção).

Na região Centro

• de um modo geral, o número de explorações com uma percentagem de venda entre 50 a 75% sobe
comparativamente às restantes regiões;
• no caso das explorações em que a cultura dominante é a batata, o número daquelas que apenas vende
menos de 25% é, somente, um décimo da totalidade, enquanto o número de explorações é mais ou menos
idêntico nas outras três classes.

Na região Sul

• o número de explorações que comercializa 75% ou mais é muito superior para todas as produções, com
excepção das explorações em que o feijão é a cultura principal, as quais registam poucas variações nas
três regiões.

Actividade
1. Quais são os aspectos principais que foram tidos em conta na análise da comercialização dos
produtos vegetais e animais?
2. Que conclusões podem tirar do facto da produção de uma exploração ser maioritariamente
vendida na própria propriedade?
3. Que indicação nos dá, quanto ao tipo de agricultura.
praticado, quando mais de 75% da produção é vendida para o mercado?
4. Caracterize (servindo-se dos aspectos considerados no esquema) uma exploração de subsistência.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Características das explorações

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Desenvolvimento tecnológico e científico das explorações
Para caracterizar as nossas explorações agrícolas, do ponto de vista do seu desenvolvimento tecnológico,
escolhemos dois indicadores:

• a mecanização;
• a rega

Tendo em conta estes aspectos Portugal caracteriza-se da seguinte maneira relativamente a :


- à existência de maquinaria
• a mecanização das explorações é bastante incipiente: menos de 1/4 do total das explorações possuem
tractor;
• os tractores são, no entanto, o equipamento mais usado;
• os plantadores são, pelo contrário, os menos numerosos, seguidos de perto pelas ceifeiras-debulhadoras.

- à distribuição da maquinaria
• é a região Centro que apresenta um maior índice de mecanização, se tivermos em conta a percentagem
de explorações com equipamentos agrícolas;
• a região Norte destaca-se apenas no uso de plantadores;
• a região Sul apresenta-se mais bem equipada no que se refere aos distribuidores de adubo, às
enfardadeiras e às ceifeiras-debulhadoras - equipamentos mais utilizados na cultura dos cereais para
grão.

Estas diferenças entre as várias regiões podem ser explicadas pelo tipo de agricultura predominante em
cada região.
No Norte, porque, por um lado a propriedade é muito dividida e por outro lado o relevo é mais acentuado
do que no Sul, a utilização de maquinaria agrícola de maior dimensão é muito dificultada. O tipo de cultura
praticado nas duas regiões é também diferente o que explica a diferenciação dos instrumentos agrícolas.

O regadio é um sistema muito utilizado. Em Portugal Continental cerca de 80% das explorações agrícolas
utilizam a rega. Ela é frequente nas pequenas propriedades atingindo a percentagem maior nas
explorações com uma área compreendida entre 5 e 10 hectares. Nas grandes propriedades a percentagem
desce consideravelmente e nos latifúndios apenas 30% utilizam este sistema.

- na região Norte a percentagem de explorações com rega é de quase 90%;


- na região Centro esse valor já é menor - cerca de 79%;
- na região Sul o sistema de regadio só é utilizado em pouco mais de 60% das explorações.
Mais uma vez se torna visível a relação existente entre este sistema agrícola e, por um lado, as dimensões
das propriedades, por outro lado o tipo de produtos cultivados.
No sistema de rega há ainda a considerar dois tipos:
- o regadio de abundância quando, embora não indispensável, ele é praticado para aumentar a produção. A
cultura do milho, por exemplo, dá um rendimento muito maior se for usada a rega;
- o regadio de carência quando não basta a água das chuvas e é necessário recorrer à rega para se obter
uma produção aceitável. As culturas hortícolas, por exemplo, exigem sempre água para além das chuvas.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Formas de exploração

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A forma ou o modo de exploração das propriedades rurais também influencia a
Por forma de exploração entende-se a forma jurídica pela qual o produtor dispõe da
terra, isto é, a relação existente entre o proprietário da exploração e o produtor, o responsável
económico e jurídico da exploração.

Entre nós podem considerar-se as seguintes formas de exploração:


- por conta própria:

a superfície de exploração é propriedade do produtor;

- por arrendamento:
• fixo - o produtor agrícola utiliza terra alheia, mediante um contrato segundo o qual paga uma renda fixa
em dinheiro, em géneros e/ou em prestação de serviços;
• variável ou parceria - o produtor faz a exploração das terras em associação com o proprietário, com
base num contrato de parceria que estabelece a forma de proceder à repartição da produção a obter e
dos encargos a suportar;
• de campanha - a terra é explorada mediante um contrato de arrendamento com duração não superior a
uma campanha agrícola que fixa previamente a renda a pagar.

As formas de exploração da terra condicionam, frequentemente, o desenvolvimento da agricultura.


No arrendamento fixo o proprietário não corre riscos visto que recebe sempre o valor previamente
acordado, quer nos bons quer nos maus anos agrícolas.
O arrendamento por parceria diminui os riscos do agricultor, mas é difícil ser justo e equitativo no
estabelecimento da renda. Nela devem ser contabilizados vários parâmetros: os gastos directos com a
produção, os benefícios efectuados na exploração e outros encargos a suportar.
O arrendamento de campanha é arriscado porque tanto se pode obter uma óptima colheita e portanto
bons lucros, como enormes prejuízos numa campanha perdida por condições climatéricas adversas ou
qualquer outro imponderável.

Distribuição das formas de exploração pelo país: Norte, Centro e Sul

- a forma de exploração por conta própria é largamente dominante em todas as regiões agrárias,
correspondendo a 78% do total;
- o arrendamento fixo é a segunda forma mais utilizada, mas já só corresponde a 18% do total;
- o arrendamento de campanha é o contrato menos usado e só representa 0,4%;
- as outras formas de arrendamento com contratos variáveis constituem 3,6% do total.

- as explorações por conta própria são predominantes no Noroeste - Entre Douro e Minho - e na Beira
Litoral, ocupando a maior parte da SAU;
- as explorações com arrendamento fixo encontram-se bem representadas em Entre Douro e Minho e na
Beira Litoral;
- o arrendamento de campanha pratica-se essencialmente no vale do Tejo e no Alentejo;
- os outros tipos de arrendamento estão uniformemente distribuídos por todo o continente.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Formas de exploração

Os modos de exploração da terra condicionam o tipo de agricultura que temos. São, essencialmente,
tradicionais, virados para uma agricultura mais de subsistência do que de mercado.
Predomina o pequeno produtor isolado que não tem terra suficiente, nem meios para proceder à
mecanização da sua agricultura. Não tem também acesso às inovações, por falta de formação profissional.
A cooperação entre agricultores já fez surgir, no entanto, novos tipos de empresas agrícolas: as
cooperativas de produção, de grupo, etc.
O associativismo pode encontrar soluções para grande parte dos problemas que enfrentam os nossos
agricultores. Associados poderão ter apoio de ordem técnica e financeira.

Actividade

1. Procure informar-se sobre as diferentes formas exploração da


terra região onde vive.

2. Caracterize o tipo de exploração predominante na sua região.

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Estrutura social da população agrícola

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Como indicadores da estrutura social da população agrícola foram seleccionados:

- a idade;
- o nível de instrução;
- o sexo.

A estrutura social da nossa população agrícola constitui, por si mesma, um grave problema: existe uma larga
percentagem de agricultores idosos, registando uma elevada taxa de analfabetismo ou um nível de
escolaridade muito baixo, com escassa ou nenhuma formação profissional, sem acesso ao crédito e, por isso,
só com extrema lentidão as inovações se difundem.
Na estrutura etária dos produtores agrícolas é ainda patente, nos valores registados no quadro, a grande
percentagem existente de trabalhadores idosos.
Na região Norte, encontram-se cerca de 10% do total dos produtores com mais de 65 anos, e não chegam
a 11% os que têm menos de 49 anos. Relativamente ao total dos produtores do Norte, esses valores elevam-
se para 26 e 30% respectivamente.
Na região Centro, 15% do total dos produtores do país têm mais de 65 anos e cerca de 16% têm menos de
49 anos. Relativamente ao total de produtores do Centro, esses valores são respectivamente 28% e 30%.
Na região Sul, os valores são respectivamente 5 e 36% para os agricultores com mais de 65 anos e 3 e
22% com menos de 49 anos.

No conjunto de Portugal Continental existem cerca de 30% de produtores com mais de 65 anos e o mesmo
valor para os mais novos, isto é, com menos de 49 anos.

CONCLUSÕES:
- existência de uma população agrícola com um grau de escolaridade muito baixo, quer a nível
profissional, quer mesmo básico. Esta realidade é sem dúvida, um dos factores responsáveis pela
falta de modernização da nossa agricultura. A baixa escolarização constitui um obstáculo à
difusão das inovações, tanto no que diz respeito à própria produção como à comercialização.

A situação vem, no entanto, a melhorar como se depreende quando se compara o grau de


instrução dos mais velhos (maiores de 65 anos) com a dos mais novos (menores de 49 anos).
Enquanto dos primeiros mais de metade não sabem ler nem escrever, dos mais novos, menos de
5% do total não são analfabetos.

Todavia, no que se refere à formação profissional, os índices ainda se apresentam muito baixos.
No total dos agricultores, de entre cerca de 550000, somente 16000 possuem uma instrução de
nível secundário ou profissional.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Estrutura social da população agrícola

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A proporção de homens e mulheres na população agrícola é também uma das
No conjunto da população agrícola familiar, no Continente, a proporção entre homens e mulheres é
equivalente.

No que diz respeito à mão-de-obra familiar os homens correspondem a 64%.


Por regiões, no que diz respeito à população agrícola familiar, verifica-se que:

- no Norte, os homens representam 50% do total;


- no Centro, o valor é de 50,6%;
- no Sul, o sexo masculino corresponde a 52% da população agrícola familiar.

Quanto à mão-de-obra não familiar a distribuição apresenta os seguintes valores:

- Nas regiões Norte e Centro os valores são idênticos - 59%.


- Na região Sul esse valor aumenta para 77%.

Considerando na população agrícola familiar a proporção entre homens e mulheres podemos deduzir que,
em Portugal Continental, predomina a agricultura de tipo familiar e que tanto os homens como as mulheres
participam nos trabalhos agrícolas, possivelmente com alguma diferenciação de tarefas em função da
força.

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Problemas da agricultura portuguesa

A política agrícola comum - PAC

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Após a II Guerra Mundial, em toda a Europa, a agricultura constituía um grave
problema porque não só a produção era muito deficitária e, portanto, largamente
dependente do exterior, como o nível de vida dos agricultores se ia tornando, de um modo geral, bastante
mais baixo que o da restante população.
Quando da formação da Comunidade Económica Europeia -CEE - a Política Agrícola Comum - PAC - surge
como uma das bases do tratado de Roma que, em 1957, a instituiu. No entanto, só em 1962 as primeiras
medidas foram tomadas pêlos 6 Estados Fundadores.
O Artigo 39.° do Tratado refere os objectivos fundamentais daquela política:

- "aumentar a produtividade através do desenvolvimento do progresso técnico, assegurando o


desenvolvimento racional da produção bem como um emprego óptimo dos factores de produção,
nomeadamente da mão-de-obra;
- assegurar assim um nível de vida equitativo aos agricultores;
- estabilizar o mercado;
- garantir a segurança dos abastecimentos;
- assegurar preços razoáveis aos consumidores."
Fonte: Bureau da Comissão das Comunidades Europeias

Para alcançar estes objectivos, a PAC assenta em três princípios básicos:

1.° a livre circulação de produtos que é assegurada pela supressão dos direitos alfandegários; esta livre
circulação obriga à fixação de preços comuns para o conjunto dos produtos agrícolas determinados,
anualmente, em Bruxelas pêlos Ministros da Agricultura sob proposta da Comissão.

2.° a solidariedade financeira entre os Estados-Membros que se traduz pela aplicação dos Fundos
Europeus de Orientação e Garantia Agrícolas (FEOGA) que financia:
- as despesas destinadas à regularização do mercado interno;
- a exportação, compensando a diferença entre os preços no mercado comunitário e os do mercado
mundial;
- acções que visem a melhoria das explorações agrícolas, da transformação dos produtos e da sua
comercialização.

3.° a preferência comunitária visa proteger o mercado das flutuações dos preços mundiais através de
taxas cobradas sobre as importações ou as exportações europeias.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Problemas da agricultura portuguesa

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A política agrícola comum - PAC
Estas medidas deram o seu fruto: a Comunidade que, em 1958, era largamente dependente do estrangeiro
quanto ao abastecimento alimentar, especialmente em cereais, passou a apresentar excedentes agrícolas
em grande número de produtos.
O aumento da produção resultou, sobretudo, de uma alta espectacular dos rendimentos, graças:

- ao emprego maciço de adubos, de produtos fitosanitários;


- à utilização de espécies com cada vez melhores "performances" obtidas pela hibridação e pelas
biotecnologias;
- à mecanização que tornou viável a saída de um grande número de trabalhadores;
- à especialização, isto é, à selecção das plantas a cultivar, numa exploração, de acordo com a aptidão
agrícola dos solos.

O mesmo aconteceu no domínio da pecuária, quer no que diz respeito ao rendimento das vacas leiteiras,
quer no que se refere a uma selecção rigorosa do gado e a um melhoramento da alimentação.
A contribuição de cada país para a produção final da Comunidade foi muito desigual. Não só dependeu da
dimensão dos respectivos países, como também do estado da sua agricultura.
um
As agriculturas dos países mediterrâneos apresentam ainda atraso considerável, consequência, em grande
parte:

- das condições naturais desfavoráveis;


- do extremo parcelamento das explorações (4 hectares na Grécia e em Portugal, contra 65 hectares no
Reino Unido ou 29 hectares na Dinamarca);
- da debilidade dos investimentos, resultantes de um PNB baixo.

A agricultura comunitária registou um enorme progresso nas últimas décadas. O sucesso das medidas
implementadas foi tal que, de uma situação de grande dependência dos mercados externos, se passou a
uma situação de existência de excedentes estruturais, particularmente, no que diz respeito aos produtos
leiteiros, aos vinhos de mesa, ao açúcar, à carne e aos cereais.

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Problemas da agricultura portuguesa

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Principais problemas da agricultura portuguesa

Dependência externa do sector agro-industrial

A análise feita sobre os aspectos estruturais da agricultura portuguesa - característica das explorações
e da população agrícolas - põe em evidência os grandes problemas da nossa agricultura: níveis de
produtividade e de rendimento muito baixos.

O COMÉRCIO EXTERNO

"As Balanças Comerciais do Continente (B. C. Total e B. C. Ramo Agricultura) têm fortes
saldos negativos. No entanto os movimentos comerciais dos produtos agrícolas são mais
desfavoráveis que os movimentos da Balança Comercial Total. A taxa de cobertura das
exportações sobre as importações, em 1992, foi de apenas 20,4% para o Ramo Alimentar e
de 60,8% para o total da Balança Comercial.
As transacções comerciais do Ramo Agrícola têm um contributo modesto no total da Balança
Comercial, representando 1,8% do movimento de mercadorias para o exterior e 5,5% do
tráfego comercial provindo do exterior para o ano de 1992."
in: Portugal Agrícola, INE, 1993

Enquanto a Comunidade, em geral, apresenta, como vimos, um grave problema de excedentes de produtos
alimentares e, por essa razão, está em curso uma importante reformulação da P AC, Portugal mantém e
até aumenta a sua dependência externa no sector agro-alimentar.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Gestão e utilização do solo arável

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Inadequação do uso do solo agrícola

AS ACTIVIDADES HUMANAS SÃO CONTRA A NATUREZA?

AS ACTIVIDADES HUMANAS SÃO CONTRA A NATUREZA?

"Abordada sem discernimento sob o seu ângulo ecológico, a exploração da biosfera


pêlos homens, primeiro para a sua alimentação, depois para o seu bem-estar, saldou-se
por devastações (...).
Um breve olhar sobre a carga humana do planeta devia permitir estabelecer o saldo da
exploração da biosfera, comparando o custo ecológico da operação com os benefícios
que dela tirou a humanidade. É preciso repetir insistentemente que o progresso da
técnica, do qual, em verdade, as sociedades humanas beneficiaram bem desigualmente,
permitiu, nos países desenvolvidos não mais temer penúrias alimentares, não mais
sucumbir à subalimentação crónica, não mais conhecer a eclosão de epidemias que
arruínam não só o produto do trabalho agrícola, como também frequentemente a pró-
pria força de trabalho agrícola (...). O balanço é, pois, difícil de estabelecer,
simplesmente porque as motivações a curto prazo (fazer viver sempre cada vez mais
homens) parecem incompatíveis com o interesse a longo prazo, que é preservar o futuro
da biosfera, logo, o da humanidade."
in: F. Beaucire, Pour lia géographie, CRDP Amiens

Actividades
1. Como classifica o autor, do ponto de vista ecológico, exploração da biosfera?
2. Que benefícios tirou, no entanto, o Homem dessa exploração?
3. Que tipo de países colhem mais benefícios?
4. Por que é difícil estabelecer, o balanço entre o que se ganha e o que se perde com a exploração da biosfera?

O equilíbrio dos solos é extremamente precário. A intervenção do Homem pode facilmente alterá-lo
provocando até a sua irremediável destruição. Por isso, uma gestão adequada do uso dos solos é
imprescindível se queremos salvaguardar o nosso futuro e o das gerações vindouras.
A agricultura, substituindo a vegetação natural por uma vegetação artificial que, pelo menos em certas
épocas, absorve uma menor quantidade de energia morfogénica, é a causa primeira da delapidação dos
solos.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
Gestão e utilização do solo arável

Inadequação do uso do solo agrícola

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O arranque das árvores (ex. montado), se por um lado facilita a mecanização, por
outro, também concorre para a degradação dos solos.
A situação mais crítica regista-se quando o solo está inteiramente desnudado. Então não há intercepção
dos aguaceiros, nenhum obstáculo natural se opõe a que o escoamento se concentre ou a que as partículas
sejam levantadas pelo vento. As terras trabalhadas encontram-se expostas a estes perigos até que as
plantas cultivadas se desenvolvam e formem uma cobertura para o solo. O período crítico possui uma
maior ou menor duração em função do tipo de culturas e das técnicas adoptadas. Por este facto se pode
ver como a rotação de culturas é preferível à monocultura extensiva.
Um dos aspectos fundamentais na gestão dos solos é, assim, fazer uma utilização destes o mais correcta
possível.
Em Portugal essa utilização não tem sido feita de um modo adequado. Os sectogramas põem em evidência
esse desajustamento.
Só cerca de 28% da superfície de Portugal Continental se pode considerar com capacidade agrícola. As
áreas de maiores potencialidades situam-se, sobretudo, na orla litoral, no Ribatejo, no baixo Algarve e em
certas regiões do Alentejo.

O uso errado do solo é um dos motivos:

• do baixo rendimento médio das nossas culturas;


• da aceleração dos processos de erosão/desertificação.
A gestão do uso do solo obriga, ainda, à elaboração de planos de ordenamento do território que:
• respeitem a natureza dos solos fazendo frente à pressão urbanística nos terrenos com aptidão agrícola;
• estudem o impacte ambiental na implantação de infra-estruturas viárias, tais como estradas, pontes,
túneis, etc...

Assim se compreende como é fundamental para a agricultura portuguesa:

- adequar as espécies às condições naturais de cada região (mesmo a nível da União Europeia) para se
obter um maior rendimento agrícola;
- dotar os nossos agricultores de formação profissional ou, pelo menos, fornecer-lhes um mínimo de
formação técnica;
- proteger o solo de modo a atenuar os efeitos dos processos de erosão que a médio ou a longo prazo,
podem levar até à desertificação;
- preservar a riqueza florestal do país com uma maior prevenção dos incêndios e com melhores meios de
combate ao fogo;
- proceder à demarcação de áreas destinadas, prioritariamente à agricultura (planos directores
municipais) de modo a que estas não possam vir a ser destinadas à urbanização, a infra-estruturas, etc.;
- desenvolver o associativismo como forma de superar muitos daqueles obstáculos;
- facultar ajudas financeiras, quer a título de subsídios a fundo perdido, quer na obtenção de crédito
bonificado junto das instituições bancárias .

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A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

A adesão de Portugal à Comunidade Europeia

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A Política Agrícola Comum, como vimos, teve um enorme sucesso. Embora o seu
desenvolvimento tenha tido características próprias em cada Estado-Membro de então, houve aspectos
que foram comuns a todos:

- a mecanização - um grande esforço neste domínio tornou possível a libertação de grande número de
trabalhadores agrícolas. Nos Países Baixos, por exemplo, os cereais precisavam, em 1950, de 132 horas de
trabalho por hectare, em 1980 passaram a ser necessárias apenas 44 hectares;

- a produtividade teve, por isso, um enorme acréscimo. A população do sector primário registou uma
diminuição muito acentuada. Nos Países Baixos, essa diminuição chegou a atingir os 50%; na ex-República
Federal da Alemanha, o decréscimo da mão-de-obra, neste sector, foi cerca de 40%; no Reino Unido, a
percentagem de trabalhadores na agricultura é apenas de 2,9% (a mais baixa da Europa);

- a fertilização, ou seja, a introdução em larga escala dos adubos químicos, e a utilização de pesticidas e
insecticidas permitiram o aumento espectacular do rendimento agrícola; a produção por hectare atingiu,
em muitos produtos, valores inimagináveis alguns anos antes;

- a especialização, isto é, a selecção das plantas a cultivar de acordo com a aptidão agrícola dos solos,
contribuiu também para a obtenção dos grandes rendimentos agrícolas e facilitou a comercialização dos
produtos;

- os investimentos atingiram valores muito elevados e assim foi possível a reconversão agrícola registada
naqueles países.
Etapas de construção da união europeia

18/4/1951 - O Tratado de Paris, assinado pêlos seis países fundadores (Bélgica, França, Itália,
Luxemburgo, Países Baixos e RFA), institui a Comunidade Europeia do Carvão e ao Aço - CECA.
25/3/1957 - O Tratado de Roma, assinado pêlos mesmos seis países, dá forma/à Comunidade Económica
Europeia - CEE.
1/1/1958 - Entrada em vigor do Tratado de Roma.
1/1/1973 - Adesão da Dinamarca, Irlanda e Reino Unido.
1/1/1981 -/Adesão da Grécia.
1/1/1986- Adesão da Espanha e Portugal
1/7/1997 - O Acto Único Europeu - AUE7- transforma a CEE em Comunidade Europeia - CE.
7/2/1992 - O Tratado de Maastricht é assinado.
1/11/1993 - O Tratado de Maastricht está ratificado pêlos 12 Estados-Membros e entrou ime-
diatamente em vigor.
1/1/1995 - Adesão da Áustria, Finlândia e Suécia à UE.

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A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

O PEDAP – Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa

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Portugal aderiu à Comunidade em 1986. Como a nossa agricultura se encontrava em
grande atraso relativamente aos outros Estados-Membros, foi necessário promover um programa especí-
fico de ajuda ao seu desenvolvimento - o PEDAP.
Durante a fase de transição, Portugal recebeu e ainda continua a receber por intermédio do Fundo
Europeu de Orientação e Garantia Agrícolas - FEOGA - uma enorme contribuição financeira para fazer
face a uma agricultura muito tradicional que de modo algum podia competir com a agricultura comunitária.

Em consequência do referido atraso da nossa agricultura relativamente à agricultura dos outros países da
Comunidade, aquando da nossa adesão à CEE, foi elaborado o PEDAP que considera Portugal em fase de
transição, durante dez anos, por isso até 1996.

O objectivo principal do PEDAP é:

"...promover uma melhoria substancial das condições de produção e de comercialização da


agricultura."

Para alcançar este objectivo prevêem-se acções que promovam:

- "o desenvolvimento da formação profissional e da investigação;


- a melhoria das estruturas de produção;
- o desenvolvimento das infra estruturas rurais (electrificação, abastecimento de água potável,
construção de caminhos...)
- realização de operações colectivas de irrigação;
- melhoramento fundiário (feito, por exemplo, através do emparcelamento);
- melhoramento florestal;
- melhoria das condições de transformação e de comercialização dos produtos agrícolas."

O período de transição foi, no entanto, encurtado, de comum acordo entre Portugal e a Comunidade,
mediante compensações financeiras, e a integração completa foi feita dois anos antes do que estava
previsto.

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A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

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A reforma da PAC

Numerosas medidas têm sido tomadas para lutar contra esses excedentes. Elas visam três objectivos:
• aumento do consumo;
• redução das produções limitando os benefícios anteriormente acordados ou impondo quotas;
• responsabilização dos produtores associando-os à gestão financeira dos excedentes.

Estas medidas travaram, desde há alguns anos, o aumento da produção, mas não foram suficientes para
resolver o problema.

A gestão da PAC é, por outro lado, contrariada pela evolução do mercado mundial. A baixa do dólar e o
aumento dos "stocks" cerealíferos activam a concorrência nos mercados estrangeiros e aumentam as
subvenções que a Comunidade deve dar às suas exportações.

Acresce ainda que muitos mercados do Terceiro Mundo se têm vindo a reduzir devido, essencialmente, a
dois factores:

• o desenvolvimento das agriculturas locais a que corresponde uma diminuição das importações;

• a situação financeira muito precária de alguns países que não permite manter o ritmo das importações.

A concorrência nos mercados mundiais dá lugar a uma verdadeira guerra comercial entre os países
exportadores. É notoriamente o caso entre os Estados Unidos e a Comunidade, como o atestam as
inúmeras medidas proteccionistas tomadas ao longo dos últimos anos. Este diferendo figurou em
destaque, nos trabalhos do GATT (Acordo Geral de Comércio e Tarifas) que se desenvolveram durante
décadas, tendo sido finalmente assinado um Tratado Geral de Comércio em Abril de 1994.

A nova PAC entrou em vigor na campanha de 1993-94 e vai alterando significativamente toda a agricultura
europeia.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

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A reforma do PAC
Em relação a Portugal, que continua ainda com uma agricultura muito tradicional, esta nova
política levará, particularmente no que diz respeito aos cereais, a que um pequeno agricultor só pre cise de produzir o
mínimo indispensável para receber o subsídio e a compensação devida pelo abandono de terras cultiváveis.

Esse mínimo é calculado a partir de um determinado rendimento por hectare, em função do qual serão pagas as
compensações; estas deverão compensar a descida do preço dos cereais prevista na nova política.

A REVOLTA DOS AGRICULTORES PORTUGUESES


Aquando da reunião dos Ministros da Agricultura da CE realizada na Cúria, durante a
presidência portuguesa, os agricultores portugueses manifestaram-se publicamente contra a
nova política agrícola comum.
Os agricultores condenam:

- "a limitação, por decreto, do nosso direito de produzir alimentos num planeta em que
morrem diariamente milhões de pessoas."
Acusam o Ministro (a reforma da PAC foi aprovada durante a presidência portuguesa de
1992) de traição e afirmam que:
- "esta reforma é para os EUA meterem pelas nossas fronteiras aquilo que vamos deixar de
produzir."
Concluem que:
- "agora já decidiram que temos que produzir menos ou abandonar as terras, para viver de
esmolas do Estado!"
in: Expresso, 30.05.1992

Actividade
1. Formule a sua opinião sobre o conteúdo da notícia do Expresso «A Revolta dos Agricultores
Portugueses.»

LEADER - UM PROJECTO DE AUTO-AJUDA


É conhecido pelo nome de Leader, um projecto de auto-ajuda para as regiões periféricas ou
comunidades furais com uma população situada entre 5000 e 100 000 pessoas. O projecto
Leader financia projectos desenvolvidos por associações locais, e outros grupos para
diversificar a base económica das zonas rurais, promover à assistência técnica e fornecer
conhecimentos especializados e apoio a projectos de diversificação. Estes elementos do
actual programa comunitário de desenvolvimento rural foram os percursores das medidas de
acompanhamento para apoio aos agricultores contidas no pacote de reforma de 1992.
in: O Nosso Futuro Agrícola. Luxemburgo, 1993

O QUADRO NATURAL DE PORTUGAL – AS ÁREAS RURAIS


As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

A reestruturação do sector agrícola

Edição n.º 1 de Setembro 2006


Criado por: Departamento Pedagógico - IEDP (ENSINO ROFISSIONAL)

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Com esta nova política, os apoios comunitários que continuaram a afluir a Portugal
terão de ser canalizados para a reestruturação económica do sector.

O aproveitamento racional dos financiamentos deve visar:

- a reconversão das explorações, no que diz respeito ao redimensionamento, à reconversão do uso do solo,
à diversificação das culturas;
- a melhoria da qualidade da produção com a introdução de novos produtos e de novas técnicas;
- o melhoramento dos circuitos de distribuição e de armazenamento;
- a integração da agricultura na indústria;
- a expansão da agricultura biológica.

Na já citada reunião dos Ministros da Agricultura foi muito debatido o tema - floresta.

Neste caso a política deixa de ser "reduzir a produção", como acontece para a agricultura, mas, pelo
contrário, a orientação é aqui aumentá-la. Procura estabelecer-se para o sector florestal também uma
política comum de desenvolvimento que possa, de certo modo, compensar as perdas que o sector agrícola
regista. Neste aspecto a Comunidade Europeia é ainda deficitária e a sua produção em material lenhoso
cobre apenas cerca de metade das suas necessidades. Estamos, pois, perante um caso de reconversão do
uso do solo.
Quanto à diversificação das culturas, torna-se necessário proceder à prospecção dos mercados, quer
comunitários, quer internacionais. A complementaridade é indispensável na reconversão da agricultura. O
progresso, em termos de desenvolvimento económico, conduz à concentração de certos tipos de
produções em dadas regiões (especialização regional) e, consequentemente, ao abandono da
autosuficiência. A título exemplificativo podemos dizer que, se há na Comunidade áreas com boas
condições de produção de trigo, não é racional cultivá-lo em grande parte do Alentejo onde o rendimento
(tonelada por hectare) é muito inferior.

O abandono de superfícies até agora cultivadas com trigo pode ser compensado com o incremento, por
exemplo, da silvicultura

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

A reestruturação do sector agrícola

Edição n.º 1 de Setembro 2006


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Para a melhoria da qualidade da produção concorre, por exemplo, a selecção de
sementes e a obtenção de novas espécies por hibridação. A produção por hectare é
muito superior ao normal quando se utilizam sementes previamente escolhidas ou quando se conseguem,
através de cruzamentos, espécies mais resistentes e mais produtivas.
A melhoria da comercialização dos produtos, incluindo, sobretudo, a distribuição e o armazenamento,
pode ser um esteio na necessária reestruturação económica do sector agrícola. Uma boa rede de
distribuição - para o que é indispensável uma eficiente rede de transporte - e boas condições de
acondicionamentos dos produtos irão permitir melhores condições de venda e menor desarborização dos
produtos. Os produtores poderão, nestes casos, mesmo reduzindo a produção, não ver diminuídos os seus
ganhos.
A industrialização da agricultura é um outro vector a desenvolver na referida reestruturação. Muitas
produções podem ser escoadas através da indústria. Os produtos transformados industrialmente têm um
tempo mais dilatado de conservação e podem ajudar a resolver casos de anos de sobreprodução.
A expansão da agricultura biológica surgirá, possivelmente, como uma das respostas à crise no sector.
A regra básica da agricultura biológica é activar e conservar a vida microbiana do solo por que só ela
assegura a manutenção do seu equilíbrio ecológico.
As técnicas utilizadas neste tipo de agricultura devem pois garantir esse objectivo. Elas contemplam,
essencialmente, três aspectos:

- o trabalho do solo;
- a rotação de culturas;
- a fertilização.

O revolver da terra tem como finalidade obter as melhores condições possíveis para o desenvolvimento
das plantas. Faculta o arejamento do solo, a circulação da água e a própria actividade biológica. Mas, para
alcançar esses objectivos, devem ser observadas determinadas regras:

• não misturar as diferentes camadas do solo para evitar que os microrganismos anaeróbicos (que vivem
sem oxigénio) venham para a superfície onde o meio é mais oxigenado e que os microrganismos aeróbicos
(que necessitam de oxigénio) se encontrem nas camadas mais profundas e, portanto, na presença de muito
menos oxigénio;
• atender ao período de crescimento das plantas, na mobilização do solo, para não afectar o seu sistema
radicular.

Para se efectuar a rotação de culturas procede-se ao afolhamento, técnica que consiste em dividir a
propriedade em parcelas - folhas - onde rotativamente se procede à cultura de diferentes plantas.
Geralmente alternam-se culturas com raízes profundas e culturas de raízes mais superficiais para não se
esgotar a fertilidade dos solos.

O afolhamento pode ser bienal ou trienal, consoante cada parcela volta a ter a mesma cultura findo o
segundo ou o terceiro ano. Mas nos casos de menor fertilidade pode-se proceder a um afo lhamento
descontínuo, isto é, deixando anualmente uma folha em descanso (pousio).

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

A reestruturação do sector agrícola

Edição n.º 1 de Setembro 2006


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Esquema de rotação de culturas

Afolhamento bienal Rotação com pousio Afolhamento trienal

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A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

A reestruturação do sector agrícola

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A fertilização tem como finalidade fornecer ao solo elementos nutritivos que estão
em deficiência, quer pela própria natureza do solo, quer pelo seu esgotamento motivado pelo cultivo. Estes
elementos podem ser orgânicos ou minerais.
Na agricultura biológica só devem ser utilizados materiais orgânicos naturais, excluindo-se, por isso,
todos os produtos químicos.
Os fertilizantes orgânicos usados na agricultura biológica destinam-se sobretudo a:

• enriquecer o solo em húmus - estrume, restos de colheita, etc. - essencialmente, matérias ricas em
carbono;

• fornecer azoto às plantas - plantas verdes, desperdícios de matadouro, guano, etc. - materiais pobres
em carbono, mas relativamente ricos em azoto.

O recurso às plantas verdes é fundamental neste tipo de agricultura. Elas são cultivadas para depois
serem enterradas no solo. Desempenham várias funções na sua fertilização, como por exemplo,
protegerem-no da erosão, conservarem a actividade microbiana, libertarem, após a sua decomposição,
minerais pouco assimiláveis, enriquecerem o solo em azoto orgânico ajudando a fixar o azoto atmosférico,
etc.

O uso de pesticidas, herbicidas ou outros produtos químicos é interdito nas culturas biológicas. A
resolução dos problemas das pragas vegetais ou animais é alcançada através de medidas naturais, como
por exemplo, a utilização de determinadas espécies, quer vegetais quer animais, que reduzem as invasões
nocivas, que as tornam mais resistentes às doenças e que restituem o equilíbrio ao solo.

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As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do solo
A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

A pluriactividade

Edição n.º 1 de Setembro 2006


Criado por: Departamento Pedagógico - IEDP (ENSINO ROFISSIONAL)

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A PLURIACTIVIDADE
"Numerosíssimas são as explorações agrícolas que não asseguram a totalidade dos
recursos do grupo familiar que nelas vive, sendo muito variadas as fontes de
rendimento complementares: pensões de velhice ou invalidez, remessas de
familiares instalados na cidade ou emigrados, emprego temporário ou não, nos mais
diversos ramos de actividade, de um ou de vários membros da família. Não deixa de
existir, aliás, ainda que muito menos frequente, o fenómeno contrário: habitantes
das cidades que praticam uma agricultura, geralmente de recreio mas por vezes de
rendimento, junto de casas de campo que adquiriram ou herdaram de
antepassados."
in: Geografia de Portugal, Vol. IV, O. Ribeiro e outros

A grande maioria dos agricultores europeus (cerca de 80%) não trabalham a tempo inteiro na exploração.
O trabalho dos 18 milhões de agricultores da Comunidade devia corresponder a 18 milhões de UTA
(Unidade de Trabalho Anual), significando cada UTA o tempo dispendido durante um ano por um agricultor
que não tem outra actividade. Mas os agricultores comunitários fornecem, na realidade, apenas um pouco
mais de metade de UTA. Esta relação evidencia, assim, o facto de existirem muitos agricultores a
trabalharem a tempo parcial.

Actividade
1. Porque é muitas vezes necessário que os agricultores recorram à pluriactividade?
2. Que outras fontes de rendimento complementar podem ter?
3. Que fenómeno de sinal contrário ocorre, por vezes, com habitantes urbanos

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A pluriactividade

Edição n.º 1 de Setembro 2006


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Para Portugal podemos concluir que:

- a nível de Portugal Continental, só, aproximadamente, 20% dos produtores que têm a agropecuária como
actividade principal, utilizam 50% ou mais do seu tempo na exploração;
- na região Norte são cerca de 18% os que se encontram naquela situação;
- na região Centro a percentagem é de 26%;
- na região Sul apenas 10 em cada 100 utilizam 50% ou mais do seu tempo na exploração.

Relativamente à população activa que tem a sua actividade principal no sector secundário, mas que
simultaneamente é produtor agrícola, os dados evidenciam, em todas as regiões de Portugal Continental,
uma forte diminuição do tempo gasto nas explorações. No total do país só 20% dedicam 50% ou mais ao
trabalho na exploração agrícola.

Os produtores agrícolas que têm a sua actividade principal no terciário são um pouco menos numerosos,
mas ainda representam uma percentagem superior a 8%.
Esta pluriactividade corresponde, portanto, a uma agricultura a tempo parcial.

Os principais tipos de agricultura a tempo parcial são:

 pequena horticultura doméstica;


 explorações familiares;
 quintas residenciais;
 grandes explorações de agricultores com outra actividade bem remunerada;
 explorações de reformados;
 escolas e instituições caritativas.

A agricultura a tempo parcial é um fenómeno mais comum, principalmente na periferia das cidades e nas
áreas de urbanização difusa. "É uma faceta lógica do desenvolvimento em curso dos tipos periurbanos e
urbanos do povoamento" (Susane Daveau).

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A agricultura portuguesa e a Política Agrícola Comum

A pluriactividade

Edição n.º 1 de Setembro 2006


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Em Portugal Continental as áreas onde a agricultura a tempo parcial e por
consequência a pluriactividade, ,tem maior expressão, localizam-se:

- nos arredores de Lisboa;


- à volta de Coimbra;
- na região dos grandes regadios ribatejanos;
- na periferia da Serra da Estrela;
-junto às regiões industrializadas do Litoral Centro e do
Noroeste;
- nos arrabaldes do Porto.

Os ramos de actividade com que elas se têm conjugado é diverso, dependendo da situação económica da
região considerada.
Nas duas primeiras áreas a pluriactividade é exercida predominantemente no sector terciário; nas duas
seguintes ela é exercida no próprio sector primário e nas duas últimas é sobretudo na indústria que os
pequenos agricultores encontram empregos complementares. O comércio ambulante ou local e o
artesanato são também formas vulgares de pluriactividade.
Apesar da crise que o sector agropecuário atravessa, ou talvez exactamente por isso, a importância da
sua rendibilização é grande. Torna-se necessária, essencialmente para:

- aumentar o rendimento dos agregados familiares agrícolas;


- contribuir para a paragem do êxodo rural dando a possibilidade de permanecer ou de se tornar viável um
grande número de pequenas explorações.

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A valorização da mão-de-obra agrícola

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A potencialização do sector agrícola terá sempre que passar pela valorização da
população agrícola e das áreas rurais.
A reestruturação económica deste sector pressupõe prioritariamente a formação profissional dos
agricultores, principalmente da sua população mais jovem. A expansão ou o desenvolvimento das Escolas
Agrárias e a existência de uma boa rede de serviços técnicos de apoio são indispensáveis para se atingir
aquele objectivo.
A valorização do espaço rural passa também pela promoção e criação de novas actividades que permitam a
fixação das populações nessas áreas.

Neste caso encontra-se:


- o agroturismo que convida o turista a habitar na casa ou em anexos de exploração agrícola e a participar
nos próprios trabalhos agrícolas;

- o turismo de habitação que se pratica em solares, casas apalaçadas ou residências de reconhecido


valor arquitectónico e que pode proporcionar actividades tão variadas tais como:
 a equitação;
 a canoagem;
 o ténis;
 a pesca desportiva;
 a natação;

- o turismo rural que tem lugar em casas rústicas com características próprias do meio rural em que se
inserem, situadas num aglomerado populacional ou perto dele; podem proporcionar também actividades
agrícolas/pecuárias, passeios a pé, de bicicleta, etc.
Um agricultor pode, deste modo, tornar viável a sua exploração que porventura não teria hipótese de
sobrevivência unicamente com o recurso à actividade agrícola.

Agroturismo

Turismo de habitação

Turismo rural

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