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NUTRIÇÃO EM OBSTETRÍCIA: FERTILIDADE,

GESTAÇÃO E PUERPÉRIO
Sumário

NUTRIÇÃO EM OBSTETRÍCIA: FERTILIDADE, ............................................... 1


GESTAÇÃO E PUERPÉRIO .............................................................................. 1
NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 4
ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NO PRÉ-NATAL ............................................... 5
AVALIAÇÃO FUNCIONAL PARA DEFICIÊNCIA DE VITAMINA A .................. 14
AVALIAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA .............................................................. 15
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS – ENERGIA E PROTEÍNAS ................ 17
CÁLCULO DAS EXIGÊNCIAS ENERGÉTICAS NA GESTAÇÃO, PARA
GESTANTES ADOLESCENTES...................................................................... 18
CONDUTA NUTRICIONAL .............................................................................. 21
PRIMEIRA CONSULTA ................................................................................... 22
CONSULTAS SUBSEQUENTES ..................................................................... 23
CONSUMO DE EDULCORANTES: ................................................................. 23
CONDUTA NUTRICIONAL NAS GESTANTES ADOLESCENTES ................. 24
CONDUTA NUTRICIONAL NOS CASOS DE GANHO DE PESO
INSUFICIENTE ................................................................................................ 25
CASOS DE GANHO DE PESO EXCESSIVO .................................................. 26
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS EM SITUAÇÕES ESPECÍFICAS MAIS
COMUNS NA GESTAÇÃO............................................................................... 27
CEGUEIRA NOTURNA (XN)............................................................................ 27
NÁUSEAS E VÔMITOS: .................................................................................. 30
HIPERÊMESE .................................................................................................. 30
PIROSE ............................................................................................................ 31
SIALORRÉIA OU PTIALISMO (SALIVAÇÃO EXCESSIVA)............................. 31
FRAQUEZAS E DESMAIOS ............................................................................ 31
PICAMALÁCIA ................................................................................................. 31
CÃIMBRAS....................................................................................................... 31
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL E FLATULÊNCIA: ............................................ 32
HEMORRÓIDAS: ............................................................................................. 32
SENSAÇÃO DE PLENITUDE .......................................................................... 32
PUERPÉRIO .................................................................................................... 34
MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................ 35
A INFLUÊNCIA REGIONAL NA ALIMENTAÇÃO DE PUÉRPERAS ................ 36
MITOS E CRENÇAS SOBRE A ALIMENTAÇÃO MATERNA .......................... 38
ALIMENTOS FUNCIONAIS.............................................................................. 39
LACTAÇÃO ...................................................................................................... 41
LABILIDADE EMOCIONAL E DEPRESSÃO PÓS-PARTO............................. 43
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 46
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-


sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.
ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NO PRÉ-NATAL

O nutricionista da Maternidade Escola presta assistência nutricional às


gestantes em consultas individuais e em grupos. E a partir de estudos desenvolvi-
dos na maternidade, verificou-se que essa assistência previne anemia, deficiência
de vitamina A, inadequação do ganho de peso gestacional, intercorrências gesta-
cionais em gestantes adultas e, em estudos com gestantes adolescentes, verificou-
se que a assistência nutricional pré-natal previne o baixo peso ao nascer.

GRUPO DE ACOLHIMENTO

O nutricionista participa do grupo multiprofissional de acolhimento a ges-


tantes. Neste primeiro contato as gestantes recebem orientações nutricionais ge-
rais para uma alimentação saudável e equilibrada durante a gravidez. As mulheres
são estimuladas a participar com suas dúvidas alimentares e queixas comuns ao
início de gestação. Todas recebem folder colorido explicativo com as orientações
nutricionais qualitativas, de higienização de hortaliças e caso tenham alguma inter-
corrência ou morbidade crônica são orientadas e recebem folder explicativo. As
gestantes de alto risco ou risco nutricional (diabetes mellitus, hipertensão arterial,
obesidade, baixo peso pré-gestacional, pós cirurgia bariátrica, gestação múltipla,
adolescentes -idade <18 anos, transtorno alimentar), são encaminhadas para con-
sulta individual com nutricionista mediante agendamento.

CONSULTA INDIVIDUAL DE PRIMEIRA VEZ (AMBULATÓRIO DE NU-


TRIÇÃO)

● Contato inicial com a gestante: apresentação do profissional, explica-


ção do motivo e objetivo da consulta e os procedimentos;

● AVALIAÇÃO DETALHADA DO PRONTUÁRIO IDENTIFICANDO:

o Idade gestacional na data da consulta; idade materna; atividade profis-


sional; pareceres da equipe de saúde; fatores de risco: idade materna <17 anos e
> 35 anos, ocupação, situação conjugal insegura, baixa escolaridade (<5 anos),
condições de saneamento ambiental desfavorável, dependência de drogas líci-
tas/ilícitas; baixa renda familiar per capita; gestação não planejada; gestação não
aceita, menarca há menos de 2 anos.
o História reprodutiva anterior desfavorável: (aborto, parto prematuro,
baixo peso ao nascer, intervalo intergestacional <24 meses, óbito fetal ou nati-
morto/neomorto, macrossomia fetal –peso ao nascer >4,0 kg, intercorrências ges-
tacionais- especialmente diabetes mellitus, síndromes hipertensivas da gravidez,
carência de micronutrientes - anemia, de vitamina A). o Doença obstétrica atual; o
Intercorrências ou morbidade clínicas crônicas na gravidez atual. o Avaliação dos
sinais e sintomas digestivos. o Investigar o uso de suplementos vitamínico-minerais
ou complemento alimentar. o Avaliação de exames complementares.

● AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DETALHADA (antropométrica, clínica e


obstétrica, dietética, funcional, bioquímica, sociodemográfica e dos exames com-
plementares).
Avaliação antropométrica e cálculo do ganho de peso recomen-
dado até o termo. Classificação do estado antropométrico pré-gestacional
(adulta e adolescente).

• O ideal é realizar a avaliação do estado nutricional inicial segundo o Ín-


dice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional (calculado com o peso pré-gestaci-
onal informado, correspondente ao peso até no máximo 2 meses antes da concep-
ção ou medido até a 13ª semana gestacional). Para gestantes adultas calcular o
IMC e classificá-lo segundo o quadro 1.
• Para adolescentes, calcular o IMC pré-gestacional, consultar os pontos
de corte específicos segundo a idade materna (em anos e meses), de acordo com
as curvas da WHO (World Health Organization – WHO. Growth reference data for
5-19 years. BMI-for-age GIRLS 5 to 19 years (percentiles). Disponível em:
http://www.who.int/growthref/, anexo I) e classificá-lo segundo o Quadro 2.

Avaliação do estado antropométrica segundo o Índice de Massa Cor-


poral (IMC):

IMC= Peso (kg)*


Estatura ²

*Para o cálculo do IMC pré-gestacional usar o peso pré-gestacional e para


o cálculo do IMC gestacional, adotar o peso gestacional.
Quadro 1: Ganho de peso recomendado (kg) na gestação segundo o estado
nutricional inicial de gestantes de feto único
Recomendação para ganho de peso gestacional semanal e total (kg), segundo o
Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional
IMC pré- gestacional Ganho de peso (kg) Ganho de peso (kg) Ganho de peso Ganho de peso
(kg/m2) a total até o final do semanal no 2º e 3º (kg) total na mínimo
1º trimestre trimestres gestação (kg/sem) c
(até 14ª. Semana) b (a partir da
14ª. semana)
Baixo Peso (BP) (< 18,5) 2,0 0,51 (0,44–0,58) 12,5–18,0 0,44
Adequado (A) (18,5–24,9) 1,5 0,42 (0,35–0,50) 11,5–16,0 0,35
Sobrepeso (S) (25,0–29,9) 1,0 0,28 (0,23–0,33) 7,0–11,5 0,23
Obesidade (O) (> 30,0) 0,5 0,22 (0,17–0,27) 5–9 0,17
Fonte: Adaptado de Institute of Medicine (IOM, 2009), por Saunders et al. (2012); vali-
dado por Padilha et al. (2014).

a
Os pontos de corte de IMC pré-gestacional propostos no quadro 1, de-
vem ser adotados na classificação do estado nutricional de adultas. Para avaliação
do IMC pré-gestacional e classificação das adolescentes, realizar a avaliação se-
gundo parâmetros para a idade em anos e meses;
b
Diante da importância do ganho de peso no primeiro trimestre e seu im-
pacto comprovado na predição do peso ao nascer e do índice ponderal do recém-
nascido, sempre que possível estimar o ganho de peso para o período.
c
Os limites mínimos de ganho de peso semanal propostos para cada ca-
tegoria de IMC pré-gestacional podem ser adotados como ganho de peso mínimo
ou modesto. Como exemplo, para as mulheres com baixo peso pré-gestacional,
que já ganharam o total de ganho recomendado para toda a gestação, mas ainda
encontram-se no segundo ou no terceiro trimestres, devem ter um ganho mínimo
saudável de 0,44 kg/semana até o parto (40 semanas). A adoção do ganho de peso
mínimo é muito útil também nos casos de ganho de peso excessivo no segundo ou
terceiro trimestres gestacional.
Quadro 2 – Classificação do estado nutricional de adolescentes do sexo feminino
segundo IMC pré-gestacional

Percentil Escore-z Diagnóstico nutricional


<3 < -2 Baixo Peso (BP)
≥ 3 e < 85 ≥ -2 e < +1 Adequado ou Eutrófico (A)
≥ 85 e < 97 ≥ +1 e < +2 Sobrepeso (S)
≥ 97 ≥ +2 Obesidade (O)
Fonte: adaptado Ministério da Saúde (2008). Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Protocolos do Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional – SISVAN na assistência à saúde / Ministério da Saúde, Secretaria
de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde,
2008. 61 p. : il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde).

• Caso não seja possível a estimativa do IMC pré-gestacional, calcular o


IMC gestacional (com o peso na data da consulta) e avaliar o estado nutricional da
gestante segundo o IMC por semana gestacional, para adultas e
adolescentes.

Diagnóstico nutricional inicial


classificação do estado nutricional da gestante segundo o IMC por se-
mana gestacional:
• Baixo peso - quando o IMC for igual ou menor do que os valores apre-
sentados na coluna correspondente ao baixo peso
• Normal – quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de
valores da coluna adequado
• Sobrepeso – quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de
valores da coluna sobrepeso
• Obesidade - quando o IMC for igual ou maior aos valores apresentados
na coluna correspondente à obesidade
Gestação Gemelar

Quadro 4: Ganho semanal e total para gestação gemelar adulta e adolescente,


segundo IMC pré-gestacional (para gestação de 2 fetos)

Estado nutricional Ganho de peso (kg) semanal Ganho de peso


inicial total (em kg)
(IMC kg/m2)*1
0-20 sem 20-28 sem 28 sem ao parto

Baixo peso 0,560 – 0,790 0,680 – 0,790 0,560 22,5-27,9

Adequado 0,450 – 0,680 0,560 – 0,790 0,450 18-24,3

Sobrepeso 0,450 – 0,560 0,450 – 0,680 0,450 17,1-21,2

Obesidade 0,340 – 0,450 0,340 – 0,560 0,340 13-17,1

Fonte: Luke (2005); WHO (1995)


*1 – Para a classificação do IMC pré-gestacional das gestantes adultas e adolescentes, adotar o
mesmo procedimento para as gestantes de feto único.

• Recomendação provisória do Institute of Medicine (2009) para


gestação gemelar (até o termo), de acordo com a classificação pré-gestacional:
o Eutrófica: 17-25 kg o Sobrepeso: 14-23 kg
o Obesas: 11-19 kg

Cálculo do ganho de peso gestacional proposto

• Calcular e analisar o ganho de peso gestacional até a data da


consulta: peso pré gestacional- peso atual

o Idade gestacional (IG) no caso de disponibilidade de IG segundo a ul-


trassonografia (US) e data da última menstruação (DUM) (MS, 2012) considerar a
IG pela US:
1º trimestre: IG - 0 a 13s e 6d
2º trimestre: IG - de 14s a 27s e 6d
3º trimestre: IG - de 28s a 40s

• Calcular o ganho de peso recomendado, adequando inicialmente a ve-


locidade de ganho por semana e posteriormente dentro da faixa de ganho de peso
total. Caso não seja possível adequar a velocidade por semana e o ganho total
simultaneamente, ajustar o ganho de peso semanal dentro da faixa de
ganho recomendada conforme o IMC pré-gestacional e dentro da faixa de 0,17 a
0,58kg/semana.
• Ganho de peso superior a 3kg/mês, especialmente após a 20ª
semana de gestação merece avaliação detalhada. Avaliar os níveis de pressão ar-
terial, a presença de edema e de incisura com alteração do fluxo sanguíneo.
• Para as adolescentes adotar a mesma conduta para cálculo do ganho
ponderal que as adultas, porém atentando para diferença na classificação do es-
tado nutricional antropométrico.
• Para as adolescentes com idade ginecológica <2 anos, considerá-las
como de risco nutricional e aumentar o número de consultas. Atenção para o cres-
cimento da adolescente e avaliar cuidadosamente o crescimento fetal.

Avaliação clínica e obstétrica


• Na avaliação clínica investigar a presença de doenças crônicas, inter-
corrências gestacionais, sintomatologia digestiva, níveis de pressão arterial (vide
protocolo assistencial do pré-natal), presença de edema e edema oculto (ganho de
peso súbito > 3kg mês) e sinais sugestivos de carência nutricional (quadro 5). Aten-
ção para os casos de picamalácia - ingestão de substâncias não alimentares ou
combinações atípicas de alimentos. Tal transtorno alimentar aumenta o risco de
anemia, intercorrências gestacionais e em gestantes adolescentes, pode associar-
se com ganho de peso inadequado. Para o diagnóstico da picamalácia, aplicar a
entrevista abaixo (quadro 6).
• História obstétrica. Atenção para a história de aborto provocado ou es-
pontâneo, que aumenta a chance de cegueira noturna gestacional, Intervalo inter-
gestacional <24 meses, planejamento e aceitação da gestação pela gestante;

QUADRO 5: SINAIS CLÍNICOS DE CARÊNCIAS NUTRICIONAIS

Achados Sugestivo de
Cegueira noturna Deficiência de vitamina A
Palidez conjuntival Anemia
Olhos Vermelhidão e fissuras nos Carência de Riboflavina e
epicantos Piridoxina
Xantelasma (pequenas bolsas Hiperlipidemia
amareladas ao redor dos olhos)
Face Seborreia nasolabial Carência de Riboflavina
Lábios e Língua Estomatite angular. Carência de Riboflavina
Língua magenta
Gengivas Gengivas esponjosas, que sangram com
Carência de Vitamina C
facilidade, e pequenas hemorragias cu-
tâneas
Glândulas Bócio – aumento da tireóide Carência de Iodo
Palidez cutâneo-mucosa, fraqueza, fadiga ao menor Anemia Ferropriva
esforço físico, susceptibilidade aumentada aos
processos infecciosos
Quadro 6: Entrevista para a investigação da picamalácia na gestação

Tem vontade de ingerir substâncias ou combinações de alimentos estra-


nhas durante a gestação?

1) Sim. Qual(is), frequência?_____________Não

Caso a resposta da 1 seja SIM, perguntar: O que sente é vontade ou desejo


de ingerir tais substâncias?________________________

Quando sente a vontade de ingerir a substância, realmente a ingere?


(1) Sim. Frequência, quantidade? _____________ (2) Não

Esse comportamento já ocorreu em outras gestações ou em períodos de


amamentação anteriores ou mesmo fora da gestação?
(1) Sim. Quando?__________________________ (2) Não

Você sabe o motivo dessa vontade/desejo?___________

Para os casos de respostas positivas, perguntar se a gestante teve picamalácia


fora da gestação.
AVALIAÇÃO FUNCIONAL PARA DEFICIÊNCIA DE VITAMINA A
Adotar a entrevista para Cegueira Noturna (XN) em todas as consultas

1- Dificuldade para enxergar durante o dia?


Se Sim, investigar os casos diagnosticados de miopia, hipermetropia ou
outros. Atenção para diagnosticar o início do sinal ocular.
2- Dificuldade para enxergar com pouca luz ou à noite?
Explicar à entrevistada que se trata de dificuldade de visão com pouca
luminosidade (ex. dificuldade para caminhar no escuro e reconhecer objetos e pes-
soas, limitação da rotina). Outro recurso que pode ser adotado é utilizar como refe-
rência à capacidade de visão noturna antes e durante o período gestacional e in-
dagar se houve alteração nesse padrão individual. Investigar quando
começou a apresentar o sintoma e, investigar se ocorreu na última gestação ou
lactação, ou se iniciou na gestação atual, na fase adulta, etc. Atenção para
diagnosticar o período de ocorrência do sintoma ocular (início e término), em se-
manas ou meses.
3- Tem XN?
Investigar se a entrevistada acha que tem XN, definida como
dificuldade de visão à noite ou com pouca luminosidade. Atenção para a estimativa
de tempo de ocorrência.

A XN é diagnosticada quando houver dificuldade para enxergar ao anoi-


tecer ou à noite, mas quando não for relatada dificuldade para enxergar durante o
dia, ou seja, quando a resposta para a pergunta 1 for NÃO e a resposta para a
pergunta 2 e/ou 3 for SIM.

• Os determinantes da XN em gestantes adultas do Rio de Janeiro são:


local de moradia (não residir na Zona Sul, áreas de menor cobertura de sanea-
mento básico, maior densidade demográfica e menor renda familiar per capita),
pequeno número de consultas com o nutricionista e/ou início tardio do acompanha-
mento nutricional, história de aborto e anemia no 1º. ou 2º. trimestre de gestação.
O fator associado com a XN em gestantes adolescentes do Rio de Janeiro é o uso
de cigarro e álcool na gestação (Saunders e Leal, 2014).
• Recomenda-se a investigação da XN em todas as consultas de pré-natal
e em todas as gestantes especialmente dentre as que apresentam as característi-
cas descritas acima (Saunders e Leal, 2014).
• Para confirmar o diagnóstico, nos casos de XN, proceder a avaliação
dietética, investigando o consumo de alimentos fonte de vitamina A (fígado, vege-
tais verdes, alaranjados, derivados de leite integral) e, solicitar ao médico assistente
a dosagem de retinol sérico que será feita no Laboratório conveniado.

AVALIAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA

• Avaliar as características:

o Cor da pele – destaque para a cor não branca, que pode associar-se
com resultados perinatais indesejáveis o Grau de escolaridade, anos de atraso
escolar (adolescentes) - destaque para a baixa escolaridade e anos de atraso
escolar, que pode associar-se com menor número de consultas de pré-natal e re-
sultados indesejáveis
o Naturalidade – influência nos hábitos alimentares
o Profissão/ocupação – atenção para a carga horária e tipo de atividade
laboral
o Situação marital – a falta do apoio do companheiro pode associar-se
com resultados perinatais indesejáveis o Número de pessoas da família e renda
familiar per capita - grande número de pessoas na família associa-se com menor
renda per capita. o Condições de saneamento da moradia – atenção para água
encanada, esgoto e coleta de lixo. A falta de um destes serviços essenciais repre-
senta condições inadequadas de saneamento, que pode associar-se com piores
condições sócio-demográficas.
Avaliação bioquímica e dos exames complementares
Os parâmetros utilizados estão descriminados no protocolo de Pré-Natal
da Maternidade Escola (vide protocolo específico).

Avaliação Dietética

• Investigar a composição das refeições, local e horários adotados. Verifi-


car a frequência de consumo dos alimentos e quantificar, pelo menos, o alimento
de consumo mais frequente de cada grupo (método frequência de consumo semi-
quantitativo ou anamnese alimentar);
• Investigar o uso de adoçante (tipo/quantidade) produtos dietéticos, refri-
gerantes, doces, frituras e outros erros alimentares;
• Observar a adesão às orientações nutricionais, de acordo com os crité-
rios: quantidade, qualidade, adequação do ganho de peso (considerar como ade-
quado, o ganho de peso semanal observado em cada consulta de pré-natal dentro
da faixa recomendada para cada categoria de IMC pré-gestacional, e padrão das
refeições (nº, horário e intervalo entre as refeições).
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS – Energia e Proteínas

O cálculo do Valor Energético Total (VET) deve ser feito com base na
avaliação nutricional antropométrica cuidadosa, considerando-se as
recomendações da FAO/WHO, 2004, segundo a idade materna.

• Cálculo das exigências energéticas na gestação, para gestantes


adultas:
o 1º passo: Avaliação do estado nutricional da gestante e determinação
do ganho de peso recomendável até a 40ª semana gestacional.
o 2º passo: Calcular o VET da dieta a partir do Gasto Energético (GE)
somado ao adicional requerido para o ganho de peso gestacional.

Cálculo da Taxa Metabólica Basal (TMB ) (FAO/OMS, 2004),

segundo a idade materna:

10 a 18 anos --> TMB (kcal/dia) = 13,384P (kg) +692,6

18 A 30 ANOS —> TMB (KCAL/DIA) = 14,818P (KG) + 486,6

30 A 60 ANOS—> TMB (KCAL/DIA) = 8,126P (KG) + 845,6

Observações:
O peso aceitável/desejável pode ser obtido a partir do IMC aceitável
ou desejável que varia de 18,5 a 24,9 kg/m2 para mulheres adultas
ou pela adoção da mediana de IMC de 21 kg/m2, sugerido para a
população feminina em geral (FAO, 2004).
Situações:

o Para o cálculo da TMB para gestantes com IMC pré-gestacional normal:


usar o peso aceitável/desejável ou o peso pré-gestacional. o Mulheres de baixo
peso pré-gestacional: usar o peso aceitável/desejável. Em caso de mulheres com
IMC prégestacional muito baixo (distante da mediana 21 kg/m2), pode-se realizar o
cálculo do peso desejável/aceitável com base no IMC desejável mínimo – 18,5
kg/m2. o Mulheres com sobrepeso ou obesas: usar o peso pré-gestacional

Nível de Atividade física (NAF) para adultas (FAO/WHO, 2004)

● Seguir as recomendações da FAO/WHO, 2004. Considera-se que valo-


res de NAF >2,40 são difíceis de serem mantidos por longo período. Valores de
NAF extremamente baixos só devem ser adotados em situações especiais, pois,
não são compatíveis com a saúde dos indivíduos. O valor de NAF mínimo reco-
mendado pelo comitê é 1,4 para intervenções a curto prazo.

Cálculo das exigências energéticas na gestação,


para gestantes adolescentes

● A primeira etapa do procedimento é a mesma que para gestantes adul-


tas, sendo que deve-se considerar a energia necessária para o crescimento du-
rante a gestação, multiplicando o GE por 1.01.
● Cálculo do peso aceitável/desejável: pode ser obtido aplicando-se a fór-
mula abaixo, considerando a mediana (ou P50) de IMC para a idade de meninas
em anos e meses (OMS 2007)

IMC = Peso (kg)

Estatura 2 (m)

Logo para o cálculo do peso desejável, pode-se aplicar a fórmula:


P(kg) = IMC x E2(m)
● O nível atividade física (NAF) para adolescentes deverá ser calculado,
segundo a idade pela recomendação da FAO/OMS, 2004.

Valor energético total da dieta (VET) = Taxa metabólica basal (TMB) x


NAF = gasto energético (GE). VET= GE + adicional energético gestacional

Cálculo das exigências energéticas na gestação visando ganho de


peso individualizado

Para um ganho ponderal gestacional de 12kg são necessárias 77000kcal,


logo: 1 kg , 6417 kcal.

• Obtido o total de kcal necessárias para o ganho de peso desejado, dividir


o valor pelo número de dias que faltam até o termo (40ª semana) e adi-
cionar ao valor obtido com o cálculo da GE.

Distribuição percentual dos macronutrientes em relação ao VET (%


kcal, WHO, 2003; IOM, 2005): adultas e adolescentes sem morbidades:

• Carboidratos 55-75%
• Fibras >25g/d
• Açúcar de adição <10%
• Proteínas 10 -15%
• Lipídios 15-30%, evitar ácidos graxos trans e lipídios saturados
Recomendações de Proteínas

● Gestação: para ganho de peso de 12,5kg, concepto de 3,3kg, armaze-


namento estimado de 925g ou 3,3g/dia durante as 40 semanas gestacionais. Taxa
de armazenamento maior na segunda metade da gestação (20% no 2º. T, 80% no
3º. T).
• IOM (2002) e FAO (2007): 1g/kg/dia + 1g (1º. T), 9g (2º. T) e 31g/dia (3º.
T)

• ANVISA (MS, 2005): 1,1g/kg/d ou + 25g/d - total de 71g/d

• Gestação gemelar FAO (2007): + 50g/dia a partir da 20a. semana ges-


tacional e + 1000kcal, além das
recomendações previstas para as mulheres de gestação de feto único.

o ADA (1989): < 15 anos: 1,7g/kg/dia de peso ideal


> 15 anos: 1,5g/kg/dia de peso ideal

Recomendações de Vitaminas e Minerais

• Os valores de ingestão recomendados correspondem às Dietary Refe-


rence Intakes (DRI) ou ingestão dietética de referência (IDR) propostas pelo IOM,
(1997; 2001), para todas as gestantes.
• A suplementação de micronutrientes prevista obrigatoriamente no pré-
natal da Unidade (ver capítulo do prénatal), conforme recomendação do Ministério
da Saúde (2012):

• Ferro e Ácido fólico: Recomenda-se a suplementação de 40mg/dia de


ferro elementar (200mg de sulfato ferroso)+ 5mg de ácido fólico a partir da 20ª se-
mana de gestação. Orienta-se que a ingestão seja realizada uma hora antes das
refeições. A suplementação de ferro deve ser mantida no pós-parto e no pós-aborto
por 3 meses.
• Folato periconcepcional: Deve ser usado rotineiramente pelo menos
dois meses antes e nos dois primeiros meses da gestação. Esta informação deve
ser difundida por programas educacionais de saúde. Mulheres que tiveram fetos ou
neonatos com defeitos abertos do tubo neural têm que usar folato continuamente
se ainda planejarem engravidar.
• A necessidade de suplementação de múltiplos micronutrientes tem sido
discutida individualmente, assim como a suplementação isolada de outros nutrien-
tes como cálcio e vitamina A.

CONDUTA NUTRICIONAL
PRIMEIRA CONSULTA

• Orientação nutricional individualizada e detalhada, adequando as condi-


ções socioeconômicas, com ênfase nas porções e na lista de substituição dos ali-
mentos, objetivando o ganho de peso recomendado e a prevenção e tra-
tamento das carências nutricionais específicas;
• Orientar o maior fracionamento da dieta, com menor volume
(preferencialmente 5-6 refeições ao dia)
• Orientações específicas para sinais e sintomas digestivos,
intolerâncias alimentares, se presentes e para correções de práticas alimentares
errôneas identificadas na anamnese alimentar;
• Orientação específica para as intercorrências, morbidades crônicas e
carências nutricionais caso presentes;
• Desestimular o consumo de alimentos gordurosos, frituras, alimentos
processados e o consumo de preparações concentradas em glicídios simples como
doces, balas, refrigerante e pastelarias (BRASIL, 2014).
• Orientação para que sejam evitados alimentos ultra processados
(formulações industriais tais como: vários tipos de biscoitos, sorvetes e guloseimas
em geral, sopas, macarrão e temperos instantâneos, molhos, salgadinhos de pa-
cote, embutidos, refrigerantes e refrescos, produtos congelados e próprios para
aquecimento entre outros (BRASIL, 2014).

• Estimular a atividade física habitual, caso não haja contraindicação obs-


tétrica;
• Para prevenção ou tratamento de anemia desestimular o consumo de
café, chá, mate, refrigerante, leite e derivados e alimentos ricos em fibras (farelos
ou integrais) junto às grandes refeições. Estimular o consumo de frutas ricas em
vitamina C junto às grandes refeições na forma de sucos ou sobremesa;
• No caso de cegueira noturna recomendar o uso de bife de fígado
bovino (100g) uma vez por semana e aumentar o consumo de derivados do leite,
ovo, folhosos verdes e vegetais alaranjados. O uso do bife de fígado semanalmente
também é indicado para prevenir ou tratar anemia (1 bife médio1x /semana no A
ou J).
• Orientar a ingestão de no mínimo 2 litros água ao dia, no intervalo das
refeições;
• Consumo moderado de café, chá preto e mate, (no máximo 300mg de
cafeína/dia)
• Evitar o fumo e uso de bebidas alcoólicas
• Investigar tabus, crenças e experiências anteriores relacionadas com o
aleitamento materno.
• Incentivo ao aleitamento materno e orientações das técnicas de acordo
com as diretrizes do MS, 2012.

CONSULTAS SUBSEQUENTES

• Revisão do prontuário.
• Avaliação do ganho de peso até a data da consulta atual, reavaliação do
cálculo do ganho de peso recomendado até a 40ª semana e caso necessário recal-
cular o VET.
• Anamnese alimentar detalhada.
• Investigação de sinais e sintomas digestivos e da função intestinal, pi-
camalácia, cegueira noturna.
• Acompanhamento dos exames laboratoriais e complementares.
• Esclarecer as dúvidas. Orientação nutricional.
• Incentivo ao aleitamento materno.

Consumo de edulcorantes:
• De acordo com a Associação Americana de Diabetes (ADA) e a Food
and Drug Administration (FDA), os edulcorantes aprovados podem ser utilizados
pela população em geral incluindo as gestantes. Porém como cautela, o serviço de
nutrição prescreve os adoçantes artificiais, com moderação, apenas em casos de
diabetes na gestação. Nos casos de obesidade e pós cirurgia bariátrica a avaliação
da necessidade do uso dos edulcorantes fica a critério do nutricionista em conjunto
com a gestante. Os edulcorantes recomendados neste caso são os aprovados pelo
comitê da ADA (adoçantes e produtos diet/light à base de sucralose, aspartame,
acessulfame K, sacarina sódica e neotame). Vide protocolo de gestante com dia-
betes.

CONDUTA NUTRICIONAL NAS GESTANTES ADOLESCENTES

● Mesmo protocolo da conduta nutricional para as gestantes adultas, de-


vendo-se reforçar as seguintes orientações: o Esclarecer quanto à importância do
ganho de peso gestacional adequado, visando melhorar o resultado obstétrico e
permitir o crescimento linear materno.
o Esclarecer à adolescente os benefícios da alimentação equilibrada para
atender às necessidades materno-fetais e contribuir para a lactação;
o Desencorajar o consumo regular de “fast foods” e lanches rápidos em
substituição, principalmente, às grandes refeições;
o Considerar no planejamento de lanches rápidos, os grupos básicos de
alimentos; o Estimular o uso de alimentos fortificados;
• O nutricionista participa do grupo multiprofissional específico para ado-
lescentes do ambulatório de pré-natal. Além das consultas individuais a gestante
adolescente recebe orientações nutricionais no grupo.

CONDUTA NUTRICIONAL NOS CASOS DE GANHO DE PESO


INSUFICIENTE

• Investigar possíveis causas, atenção para sinais e sintomas digestivos,


infecções e problemas familiares. Corrigir erros alimentares
• Na consulta de retorno: conforme a avaliação dietética, caso a alimen-
tação seja adequada (com todos os grupos presentes), recalcular o VET. Investigar
se a gestante não aumentou a carga de trabalho ou de suas atividades diárias e
analisar a utilização de outros valores de NAF.
• Adequar a dieta conforme queixas, situações patológicas e condição so-
cioeconômica.
• Aumentar a ingestão de líquidos entre as refeições.
• Avaliar a prescrição de suplementos/complementos nutricionais.
• Orientar quanto aos tabus alimentares.
• Esclarecer quanto ao ganho de peso recomendado. Em caso de ativi-
dade física intensa, orientar a redução desta.
CASOS DE GANHO DE PESO EXCESSIVO

• Calcular o VET correspondente ao ganho de peso esperado (NUNCA


PROMOVER PERDA DE PESO).
• Investigar possíveis causas, atenção para sinais e sintomas digestivos,
infecções e problemas familiares. Corrigir erros alimentares
• Na avaliação dietética, atenção para o consumo de alimentos muito ca-
lóricos. Corrigir os erros alimentares. Desestimular o consumo de alimentos gordu-
rosos, evitar frituras, preparações concentradas em glicídios simples (doces, balas,
refrigerantes, pastelarias)
• Reforçar a orientação da lista de substituições de alimentos, com ênfase
nas quantidades e tamanho das porções.
• Adequar a dieta conforme queixas, situações patológicas e condição so-
cioeconômica. Preferir alimentos em preparações simples, assados, cozidos, en-
sopados, grelhados.
• Aumentar a ingestão de vegetais e frutas, de preferência crus e como
entrada.
• Atenção para a quantidade de óleo e azeite em saladas. Utilizar apenas
a quantidade prescrita. Preferir vinagre, limão, sal, cheiro verde, salsa, ervas.
• O uso de açúcar deve ser restrito para adoçar líquidos, e o valor ener-
gético deve ser considerado no valor energético total da dieta. O uso de adoçantes
e produtos dietéticos deve ser restrito para casos de diabetes na gestação ou con-
forme avaliação individual feita pelo nutricionista.
• Estimular a atividade física habitual, desde que não haja contraindicação
médica.
• Aumentar a ingestão de líquidos entre as refeições.

ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS EM SITUAÇÕES ESPECÍFICAS MAIS


COMUNS NA GESTAÇÃO

• Anemia o Desestimular o consumo de café, chá, mate, refrigerante, leite


e derivados e alimentos ricos em fibras (farelos) junto às grandes refeições.
o Estimular o consumo de frutas ricas em vitamina C junto às grandes re-
feições. o Estimular o consumo de alimentos fontes de ferro como: carnes, vegetais
verde-escuros, leguminosas, bife de fígado (100g) uma vez por semana.
o Estimular o uso de alimentos fortificados com ferro.
o Estimular a adesão ao esquema de suplementação de ferro prescrito
pelo obstetra, de acordo com o protocolo da Instituição.
o De acordo com o MS (2012):
 Hemoglobina < 11 g/dl e > 8 g/dl: diagnóstico de anemia leve a
moderada; hemoglobina < 8 g/dl: diagnóstico de anemia grave.
 A suplementação para o tratamento de anemia é prescrita pelo
médico obstetra de acordo com o protocolo assistencial da Instituição (ver capítulo
de Assistência Pré-natal)

Cegueira Noturna (XN)


o Para prevenir a XN, caso a gestante não utilize as fontes alimentares,
indicar a suplementação de vitamina A, dentro do limite considerado seguro para
as mulheres na idade fértil e gestantes em qualquer período da gestação (SAUN-
DERS e LEAL, 2014):
o Recomendar o consumo de 1 bife pequeno de fígado (100g), com a fre-
qüência de uma vez por semana, em uma das refeições (almoço ou jantar).
o Estimular também o consumo de derivados de leite integral, ovo, folho-
sos verde-escuros e vegetais alaranjados; alimentos regionais ricos em vitamina A,
azeite de dendê. Atenção para a Ingestão dietética de referência (IDRs), que pre-
conizam a ingestão dietética recomendada e a ingestão máxima segundo o Institute
of Medicine (2001), que são descritas no quadro X.
o Investigar a anemia gestacional e estimular a adesão ao esquema de
suplementação prescrito para a prevenção ou tratamento da anemia. A correção
da anemia pode melhorar o estado nutricional de vitamina A da gestante. o A pre-
venção deve ser feita para todas as gestantes, especialmente para as adultas e
adolescentes com maior chance de desenvolver XN, conforme descrito em obser-
vações.
o Desestimular o uso de cigarro e álcool na gestação.. o Estimular a pre-
ferência por alimentos fortificados com vitamina A.
o A suplementação de vitamina A não é recomendada pela WHO (2011)
na atenção pré-natal para a prevenção da morbimortalidade materna e infantil.
o Contudo, em áreas onde a deficiência de vitamina A (DVA) é um grave
problema de saúde pública (populações onde a prevalência de XN é de 5% ou mais
em mulheres grávidas ou 5% ou mais em crianças 24-59 meses de idade), a suple-
mentação de vitamina A é recomendada durante a gravidez para a prevenção da
XN gestacional (WHO, 2011).
o O esquema de suplementação de vitamina A seguro para as gestantes
é:
o Dose máxima: dose diária de até 10.000UI de vitamina A ou dose sema-
nal: até 25 000 UI de vitamina A.
o Via de administração: Oral líquida, preparação à base de óleo ou prepa-
ração de palmitato de retinil ou acetato de retinil.
o Duração mínima de suplementação: 12 semanas durante a gravidez até
o parto e, preferencialmente após a 9ª semana de gestação. A gestante deve ser
orientada quanto ao risco de má formação associado ao uso de dose excessiva de
vitamina A.
o Tratamento da XN gestacional (Saunders e Leal, 2014):
 Nos casos de XN diagnosticada pela entrevista, ou a presença de
sinais clínicos da xeroftalmia, investigar a ingestão dietética habitual de alimentos
fonte de vitamina A e, se possível, confirmar o diagnóstico da DVA com a dosagem
do retinol sérico (<1,05mol/L – DVA), antes do início da intervenção (Tempo 0 - TO)
e 4 semanas após o uso da suplementação (T4).
 Para o tratamento da XN gestacional em mulheres na idade re-
produtiva, a recomendação é de suplementação de vitamina A com dose diária oral
de 5.000-10.000UI de vitamina A por 4 semanas ou dose semanal de 25.000UI. A
dose semanal não pode exceder a 25.000UI (WHO, 1997). As outras medidas des-
critas para a prevenção da XN também devem ser implementadas.
 Atenção deve ser dada para as gestantes com idade gestacional
entre 15 e 60 dias pós-concepção, pois, trata-se do período de maior vulnerabili-
dade para malformações (OMS, 2001). Para estes casos, a orientação deve ser
reforçada para minimizar o risco da gestante usar uma dose excessiva de vitamina
A.

Quadro 7: Recomendação de Ingestão de Vitamina A para gestantes


Faixa etária Recomendação do Limite Superior Tolerável de
Consumo Alimentar Ingestão (Tolerable Upper
(Recommended Intake Level – UL, µg)
Dietary Allowance- RDA, µg)
≤ 18 anos 750 2800
19 – 30 anos 770 3000
31 – 50 anos 770 3000
* 1µg = 3,33 UI.
Náuseas e vômitos:

o Orientar a gestantes que são sintomas comuns no início da gestação; o


Dieta fracionada com menor volume:
o Evitar frituras, alimentos gordurosos e alimentos com odor forte ou de-
sagradável ou os que causem desconforto/intolerância. o Modificar o tempero das
preparações. Evitar o uso de condimentos picantes, preferir temperos suaves; o
Preferir alimentos sólidos pela manhã e ricos em glicídios (biscoitos tipo cracker,
torradas, iogurte gelado entre outros).
o Ingerir água para evitar a desidratação e acidose metabólica, nos inter-
valos das refeições. o Dar preferência para preparações à temperatura fria ou ge-
lada e preferir frutas com caldo
o Evitar a monotonia alimentar, variando a alimentação e orientar para que
a gestante evite deitar-se após as grandes refeições (almoço e jantar).
Hiperêmese
o Explicar a gestante que são vômitos persistentes que dificultam a ali-
mentação;
o Além das orientações dietéticas para náuseas e vômitos (ver item ante-
rior), alterar a consistência da dieta para liquida gelada ou pastosa de acordo com
a tolerância;
o Monitorar cuidadosamente a evolução ponderal e avaliar a indicação de
suplemento nutricional.
o Avaliar a necessidade de encaminhar para acompanhamento psicoló-
gico.
Pirose
o Indicar dieta fracionada (5-6 refeições por dia), com menor volume.
o Elevar a cabeceira da cama e evitar deitar-se após as grandes refeições.
o Evitar café, chá, mate, álcool, fumo, doces, frituras, pastelarias, alimen-
tos gordurosos, embutidos e pimenta.
o Excluir/substituir alimentos que causem desconforto/intolerância.

Sialorréia ou Ptialismo (Salivação excessiva)


o Explicar à gestante que se trata de sinal comum na gestação; o Indicar
dieta fracionada (5-6 refeições por dia), com menor volume; o Orientar para deglutir
a saliva; o Orientação semelhante à indicada para náuseas e vômitos.

Fraquezas e Desmaios
o Indicar dieta fracionada (5-6 refeições por dia), com menor volume. o
Evitar o jejum prolongado e um intervalo grande entre as refeições, visando preve-
nir a hipoglicemia e a hipotensão.
o O sal da dieta deverá ser usado na quantidade normal de acordo com
as recomendações dos comitês nacionais e internacionais, com exceção em casos
de hipertensão crônica que devem ser avaliados individualmente.

Picamalácia
o Conversar com a gestante, investigando problemas emocionais ou fa-
miliares que possam estar associados e tentar convencê-la a substituir essa prática
pela ingestão de alimentos de sua preferência.
o Esclarecer que as substâncias não alimentares podem contribuir para o
agravo da anemia e interferir na absorção de nutrientes ou mesmo acarretar doen-
ças (parasitoses por exemplo).

Cãimbras
o Recomendar o consumo de alimentos fontes de potássio (água de coco,
banana, laranja entre outros), cálcio e vitamina B1;
o Evitar a prática de exercícios em excesso.
Constipação Intestinal e flatulência:
o Aumentar a ingestão de fibras: frutas laxativas (mamão, ameixa, laranja
entre outras) e as demais com bagaço; vegetais de preferência crus.
o Estimular o consumo de produtos integrais (cereais, pães, biscoitos, fa-
rinhas).
o Estimular o consumo de farelo de trigo ou aveia. Iniciar com 1 colher de
chá e aumentar conforme a tolerância, chegando até a 2 colheres de sopa/dia, pois,
casos de distensão abdominal são descritos no início do tratamento. Pode-se reco-
mendar farelos, ou alimentos industrializados à base de fibras, porém, considerar
o valor energético e a presença de edulcorantes artificiais.
o Orientar para o uso das fibras junto com líquidos e fora do horário do
almoço e jantar, pois podem interferir na absorção do ferro. A gestante deve ser
orientada de que o efeito da fibra é eficaz e se faz com o uso prolongado. Não
sendo medicação, não se observa resultado imediato. o Observar a tolerância a
alimentos flatulentos (alho, batata-doce, brócolis, cebola, couve, couve-flor, ervilha,
feijão, milho, ovo, rabanete, repolho, entre outros). Evitar o sedentarismo, para
regularizar o hábito intestinal. Orientar para o atendimento do reflexo retal.
o Orientar a ingestão mínima de 2 litros de água por dia.
o Mastigar bem os alimentos, evitar falar durante as refeições e comer de-
vagar e fazer as refeições em ambiente calmo.

Hemorróidas:
o Indicar dieta para evitar obstipação intestinal. o Evitar papel higiênico
colorido ou áspero.
o Fazer higiene perianal com água e sabão neutro, após a defecação.

Sensação de plenitude
o Ajustar a alimentação conforme a tolerância, evitando grandes volumes
por refeição, aumentando o fracionamento;
o Modificar a consistência das preparações para branda ou pastosa, prin-
cipalmente no jantar e ceia, caso os sintomas sejam intensos;
o Indicar complemento nutricional caso o valor energético da dieta não
seja alcançado.
o Evitar alimentos gordurosos e que causem irritação gástrica; o Evitar
deitar após a refeição; o Orientar para preferir roupas amplas e confortáveis.
Puerpério

O período puerpério se inicia logo após o parto, cesso de aleitamento ma-


terno. No entanto, é uma etapa sendo uma fase de transição de mudanças físicas
e psi- envolvida por crenças populares, interferência familiar cológicas. A mulher se
encontra em um momento de e a cultura regional. Importante ressaltar que essa
fase labilidade emocional de influências externas sobre a de transição não se aplica
somente em mulheres que tiveram seus filhos, sendo também as acometidas pelo
aborto.

A nutrição se ocupa em adequar as recomendações nutricionais dos indi-


víduos nas diversas fases do ciclo da vida. Porém, estudos realizados em diferen-
tes regiões do Brasil, revelam que no período puerpério as práticas alimentares de
mulheres são permeadas por crenças, prescrições e proibições (TRIGO et al, 1989
apud BAIÃO; DESLANDES, 2006).
O incentivo para uma alimentação adequada deve acontecer desde o pré-
natal e deve ser reforçado no pós-parto, uma vez que a nutrição desequilibrada
pode ter consequências no organismo da puérpera, sendo uma delas a constipação
intestinal (VIEIRA et al, 2010).
No Brasil, tem-se necessidade de melhorar o acompanhamento do pré-
natal e principalmente do pós-parto. Neste período, as ações visam mais em asse-
gurar o aleitamento materno. No período do pós-parto, as mães são geralmente
orientadas a aumentar a ingestão energética para suprir o custo da lactação. Sendo
no puerpério onde ocorre manifestações involutivas e de modificações locais e sis-
têmicas provocadas pela gravidez e parto (CASTRO; KAC; SICHIERI, 2009).
Durante a fase puerpério torna-se fundamental uma orientação dietética
adequada que assegure a perda de peso e, consequentemente, o retorno ao peso
pré-gestacional, atendendo tanto às necessidades maternas como o crescimento e
desenvolvimento do bebê (CASTRO; KAC; SICHIERI, 2009).
O consumo energético é um importante determinante do ganho de peso
durante a gestação que, por sua vez, é um dos fatores que sistematicamente vem
apresentando associação positiva com a retenção de peso pós-parto e obesidade
materna. Quantificar o consumo nutricional, principalmente o energético, durante a
gestação e pós-parto é fundamental para contribuir para o esclarecimento de uma
questão tão relevante, complexa e multifatorial como a obesidade (LACERDA et al,
2007).
As puérperas devem observar que os cuidados com sua alimentação no
pós-parto são tão importantes quanto na época em que estavam grávidas. Também
como lactante é importante pensar não só nas suas necessidades, mas também
nas necessidades do bebê. A dieta pós-gravidez resume-se na alimentação balan-
ceada, diversificada capaz de suprir as suas exigências nutricionais e ingestão de
água.
O objetivo do presente estudo é apresentar o tema Atenção Nutricional
Materno-infantil no Puerpério através de levantamento bibliográfico.

MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo bibliográfico. Um estudo sistematizado desenvol-
vido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas,
isto é, material acessível ao público em geral (MORESI, 2003).
O levantamento bibliográfico foi realizado nos meses de abril, maio e ju-
nho de 2016.
Foram utilizadas buscas online, fontes governamentais e da biblioteca vir-
tual Scielo, além de livros encontrados na biblioteca da UEMG (Unidade de Pas-
sos).
Para as buscas eletrônicas utilizaram-se as palavras-chaves: amamenta-
ção, puerpério, nutrição, alimentação materna, mitos e verdades, depressão no
pós-parto, alimentos funcionais, lactação, obesidade, sobrepeso, gestantes. Foram
selecionadas fontes publicadas no período de 2000 a 2015.
Foram utilizados ao todo 21 referências, sendo 4 de livros, 13 de artigos
científicos e 4 de sites. Os conteúdos selecionados nessas fontes foram organiza-
dos e apresentados nos seguintes temas: A influência regional na alimentação de
puérperas; Mitos e crenças sobre a alimentação materna; Alimentos funcionais;
Lactação; Labilidade emocional e Depressão pós-parto.

A INFLUÊNCIA REGIONAL NA ALIMENTAÇÃO DE PUÉRPERAS

Segundo o Ministério da Saúde a assistência pré-natal inclui o acompa-


nhamento e o monitoramento do ganho de peso gestacional e prevê orientações
voltadas as mulheres no período que vai da gravidez a amamentação (BRASIL,
2000).
Em diferentes regiões do Brasil estudos revelam que os hábitos alimenta-
res de puérperas, nos estados fisiológicos e nutricionais de grande importância
ainda são permeados por crenças, prescrições e proibições. Alimentos como legu-
mes, frutas, ovos, peixes e carnes costumam ser suprimidos da dieta, pois são
considerados perigosos para a saúde da mãe e do bebê. Em resumo, a alimentação
evidencia a presença de significados a partir de dois tipos de lógica: a sociocultural
e o conhecimento científico (BAIÃO; DESLANDES, 2006).
Estudos tem demonstrado um padrão inadequado no consumo alimentar
das brasileiras, caracterizado por alta ingestão energética, com grandes teores de
gorduras e açúcares simples, em detrimento de carboidratos complexos e fibras. A
associação demostrada por métodos quantitativos entre dietas e doenças, em es-
pecial as crônicas, vem motivando o setor de saúde a intervir com mudanças nos
padrões de consumo alimentar (GARCIA, 2003).
O puerpério na linguagem popular é conhecido como o período de res-
guardo, com duração de quarenta dias. As demandas nutricionais nesse período
visam principalmente à saúde da mãe e do filho. Por outro lado, a prática alimentar
desta mulher pode ser influenciada por outras lógicas.
Os Itapuaenses, no Pará, creem que as mulheres ficam estragadas, ou
seja, doentes, quando não há o seu total resguardo, não podendo cumprir suas
funções como antes. Nessa comunidade, o período não termina ao fim dos qua-
renta dias após o parto, pois as proibições de alimentos e de certas atividades se
estendem para o primeiro ano, em cinco momentos distintos. Devido ao rigor das
proibições alimentares, é comum que as mulheres se alimentem apenas de mingau
de farinha de mandioca, quando há falta de alimentos permitidos para as mesmas
(MOTTA MAUÉS, 1994 apud BAIÃO; DESLANDES, 2006).
Em Santana do Amapá, durante os primeiros sete dias de resguardo, as
puérperas são orientadas a consumir uma dieta especial. O cardápio pode ser re-
sumido em café da manhã com café e bolachas ou pão; um copo de suco ou leite
ou caldo de cana, por volta das nove horas; metade de uma galinha, cozida em
bastante caldo, arroz e farinha de mandioca no almoço; à tarde, um lanche seme-
lhante ao das nove; jantar igual ao almoço e, antes de dormir, um copo de leite com
pão ou bolacha. A comida e o café não podem ser requentados porque podem
causar dor de barriga, cólica e infecção. Alimentos como alguns tipos de peixe e
carnes, também ficam proibidos durante o resguardo (CHAMILCO, 2004).
Pode se dizer que, em geral, a fase do puerpério não indica apenas de-
sempenho de uma atividade fisiológica, mas também acontecimentos culturais que
são experimentados sob uma construção simbólica que permeia os indivíduos
(BAIÃO; DESLANDES, 2006).
MITOS E CRENÇAS SOBRE A ALIMENTAÇÃO MATERNA
“O aleitamento materno é uma relação evolutiva, interdependente e recí-
proca entre mãe e filho. Embora os reflexos envolvidos sejam naturais, muitas das
técnicas de aleitamento precisam ser aprendidas pela mãe e pelo bebê” (KENNER,
2001 apud FARIA, 2007, online).
Muitos fatores podem interferir positivamente ou negativamente no su-
cesso do aleitamento. Entre eles, alguns se relacionam à mãe, como as caracterís-
ticas de sua personalidade e sua atitude frente à situação de amamentar, outros
fatores se aplicam à criança e ao ambiente, como, por exemplo, as suas condições
de nascimento e o período pós-parto, além de falta de apoio familiar e fatores cir-
cunstanciais, como trabalho materno, condições habituais e culturais de vida (mi-
tos, crenças e religiões) (FARIA, 2007).
As crenças, a cultura e os tabus vem determinando diferentes significados
do aleitamento materno para a mulher. A decisão de amamentar ou não o seu bebê,
alimentar-se ou não de determinados alimentos no puerpério depende do signifi-
cado que a mulher atribui a esta prática (ICHISATO; SHIMO, 2001).
“Também há influências de experiências anteriores e o estado emocional
da nutriz, bem como a família e os profissionais de saúde, tanto como transmisso-
res de mitos e crenças, quanto como incentivo/apoio” (BARREIRA; MACHADO,
2004. REZENDE et al, 2002 apud MARQUES et al, 2010, online).
O ciclo social da nutriz pode exercer interferência na decisão de amamen-
tar, através de diferentes determinantes, tais como: o incentivo/apoio; o repasse de
conhecimentos e valores culturais obtidos pela observação, experiência de vida e
tradição familiar; o desinteresse/desestímulo e a pressão à lactante em relação à
forma de alimentar a criança e a orientação quanto à fisiologia e benefícios da ama-
mentação; e ao cuidado com o bebê através do diálogo, do compartilhamento de
angústias e dúvidas (MARQUES et al, 2010).
Tudo o que a mãe ingere e o organismo metaboliza, em parte chega ao
leite materno, isto não significa que certamente fará mal ao bebê. Alguns pediatras
aconselham as mães à se alimentarem da mesma forma como se alimentavam
anteriormente. Outros pediatras indicam a diminuição do consumo de açúcar (do-
ces em geral), gordura, alimentos cítricos, principalmente frutas e todos os produtos
que contenha cafeína (VAUCHER; DURMAN, 2005). Mas o correto seria um acon-
selhamento feito por nutricionista.
Na volta para casa a puérpera nem sempre implementa o que é sugerido
pelos pediatras, devido as crenças familiares impostas, principalmente, pela mãe e
sogra. Os alimentos que a nutriz acredita que possam aumentar a produção de leite
são importantes pois atuam no psicológico da mulher. Como por exemplo, pode-se
citar uma das crenças mais ouvidas: “a puérpera deve se resguardar por 40 dias
devendo neste período apenas tomar caldo de frango” (VAUCHER; DURMAN,
2005, online).
Ainda têm muitas pessoas que creem que os desejos da gestante preci-
sam ser atendidos, caso contrário a criança nascerá com alguma marca; que a
coloração de alguns alimentos pode manchar a pele do bebê e que alimentos con-
siderados quentes podem provocar aborto (HELMAN, 1994 apud BAIAO; DESLAN-
DES, 2006).
Podemos observar que as diversas culturas e religiões devem ser respei-
tadas, que as mães de primeira viagem são mais influenciadas em seus costumes
e hábitos de vida. No entanto, sugere-se aconselhamento nutricional pois a falta de
orientação, principalmente, para essas mães influencia diretamente na ação da
amamentação. Se no início da gravidez já houvesse essa orientação educacional
possibilitaria ter resultados melhores e facilitaria quando chegasse na fase da lac-
tação (FARIA, 2007).
Querendo ou não, a lactante esta sujeita a receber “dicas” sobre amamen-
tação e cuidados do bebê, podendo haver uma sobrecarga emocional no pós parto.
Por isso deve-se haver um auxílio profissional e moderado da família nesta fase.

ALIMENTOS FUNCIONAIS
Alimentos funcionais são aqueles que possuem componentes capazes de
promover a saúde, além dos benefícios nutricionais. Produzem efeitos metabólicos
ou fisiológicos através da atuação de nutrientes, promovendo boa saúde física e
mental, auxiliando na diminuição de doenças crônico-degenerativas (PALERMO,
2008).
O conceito de alimentos funcionais foi proposto no Japão nos anos oitenta
e se espalhou rapidamente por várias partes do mundo. O Canadá, os EUA, a
União Europeia e a Austrália, começaram a identificar e definir os alimentos funci-
onais como ingredientes naturais que atuam para melhorar o metabolismo
(COSTA; ROSA, 2010).
As principais funções dos alimentos funcionais são: redução do risco de
doenças cardiovasculares e de câncer; controle da obesidade, da função imune e
de causas de envelhecimento; melhora da condição física e de humor. Entre os
alimentos funcionais estão os pró-bióticos e pré-bióticos, fibras, ferro, selênio, áci-
dos graxos ômega 3 e ômega 6, óleo vegetal, oligossacarídeos, fito-químicos, an-
tioxidantes, vitaminas C, A, D e E, distribuídos em alimentos convencionais, fortifi-
cados, enriquecidos ou realçados e suplementos alimentares. Entre eles: certos
peixes e alimentos ricos em carotenoides, farelo de aveia, leite enriquecido com
ômega 3 e alimentos geneticamente modificados (PALERMO, 2008).
Os pré-bióticos possuem compostos não digeríveis pelo organismo hu-
mano. Agem na microflora do intestino melhorando e estimulando o crescimento de
bactérias do cólon restabelecendo o equilíbrio do meio. Exemplos: Lactobacillus
acidphilus, Lactobacellus casei Bifidobacterium animallis. Para pessoas sadias re-
comenda-se o uso de vinte gramas/dia. Mais de trinta gramas dia pode causar di-
arreia e flatulência. Os pró-bióticos são micro-organismos vivos, exercem efeitos
benéficos para a saúde, melhorando o equilíbrio da flora intestinal, aumentando as
bactérias benéficas e diminuindo as maléficas. A combinação de pró-bióticos e pré-
bióticos forma um simbiótico. Exemplos: oligossacarídeos. Os ácidos graxos,
ômega-3 e ômega-6 diminuem os níveis de LDL, ajudam no controle da pressão
arterial e nos riscos de doenças cardíacas. As fibras promovem retardo no processo
de absorção, ajudando a regular as funções intestinais, prevenindo constipação e
reduzindo colesterol. Evitam a formação de cálculos renais, a obesidade e tem
efeito hipotensivo. Nos diabéticos atuam na redução da absorção de açúcar. Exem-
plos: betaglucanas, lactulose e quitosona. O consumo de óleos vegetais é indicado
para baixar os níveis de colesterol e arteriosclerose. Exemplos: Os óleos de oliva,
girassol, canola, palma, de fibras de milho, de linhaça e soja (PALERMO, 2008).
As hortaliças são ingredientes importantes na dieta da puérpera. Forne-
cem nutrientes valiosos, têm pouca gordura e calorias, ricas em carboidratos e fi-
bras e fornecem muito micronutrientes, possuem compostos funcionais, contribu-
indo para melhorar o estado de saúde e bem-estar diminuindo o risco de doenças
(CARVALHO et al, 2006).
Importante administrar suplemento de vitamina A na puérpera para pre-
venir hipovitaminose. Incluindo também na dieta alimentos ricos em vitamina A
como: Leite, Fígado, Folhas verdes, cenoura e abóbora (CAMINHA et al, 2009).
Recomenda-se que a puérpera consuma alimentos funcionais para pre-
venir a depressão pós-parto, como o óleo de peixe, rico em ácidos graxos ômega
3. Fazer uma dieta rica em sardinha, arenque, salmão, atum, nozes, semente de
linhaça e chia. Fazendo também uso de alimentos ricos em ferro encontrado nas
carnes vermelhas, cereais fortificados e ovos, para evitar anemia. O ideal é conse-
guir um equilíbrio na alimentação que ofereça calorias adequadas para garantir a
produção de leite e favorecer a normalização do peso corporal da puérpera (CAMI-
NHA et al, 2009).
Muitos são os alimentos que apresentam a propriedade de alimento fun-
cional, por possuírem compostos bioativos. Estamos iniciando uma nova era na
ciência da Nutrição que vai exigir muito estudo e bom senso antes de indicar um
alimento para determinado fim (COSTA; ROSA, 2010).
As puérperas têm motivos de sobra para incluírem os alimentos funcionais
em suas dietas. Eles protegem contra doenças e alimentam. O modo de vida influi
na maneira como os alimentos agem no organismo. É importante que as puérperas
procurem um nutricionista ou nutrólogo para fazer uma análise de seu estado nu-
tricional e elaborar uma dieta personalizada. Os alimentos só fornecem benefícios
quando ingeridos de forma adequada.

LACTAÇÃO
O aleitamento materno é um dos principais fenômenos que ocorrem no
puerpério. Esse processo possui grande importância para a mãe que já sofreu al-
terações em seu corpo e precisará se adequar a essa fase, podendo enfrentar di-
versas dificuldades como lactante. Ele é vital para o bebê, sendo o leite materno o
único alimento completo para o lactente.
A cada ano aumentam as evidências científicas de que a amamentação é
a melhor forma de alimentar a criança pequena. As autoridades de saúde recomen-
dam sua implementação através de políticas e ações que previnam o desmame
precoce (REA, 2004).
O leite materno é o alimento ideal para o recém-nascido devido às suas
propriedades nutricionais e imunológicas, protegendo-o de infecções, diarreia e do-
enças respiratórias, permitindo seu crescimento e desenvolvimento saudável, além
de fortalecer o vínculo mãe-filho e reduzir o índice de mortalidade infantil. Sabe-se
também que a amamentação oferece vantagens não só ao bebê, mas também à
mãe, à família e ao Estado (MARQUES; COTTA; PRIORE, 2011).
Para a nutriz, a lactação é fonte de vários benefícios, como a redução de
alguns tipos de fraturas ósseas, câncer de mama e de ovários, além da diminuição
no risco de morte por artrite reumatoide (MARQUES; COTTA; PRIORE, 2011).
A amamentação também proporciona para a mulher a recuperação de
seu peso pré-gestacional, pois no pós-parto, quando o organismo da mulher está
preparado para lactar, nem sempre ela consome a quantidade necessária de calo-
rias para produzir o leite que o bebê ingere e se ela estiver amamentando, o orga-
nismo irá retirar aquela reserva acumulada para fabricar o leite. Se a amamentação
for exclusiva, ou seja, se todas as calorias que o bebê estiver consumindo forem
de origem materna, a quantidade retirada da mãe será maior. Assim, se a mãe
interrompe a amamentação precocemente, conserva as calorias que seriam usa-
das para fabricar leite materno. A puérpera, então, conservará o peso ganho na
gestação e demorará mais tempo para voltar ao peso pré-gestacional (REA, 2004).
Como na fase de lactação a mulher é a responsável por nutrir seu filho
através do que o seu corpo produz, sua alimentação no período pós-parto pode
influenciar na qualidade do leite materno, principalmente no que se refere ao teor
de vitaminas. Especialistas alertam também que uma dieta balanceada desde a
gestação e no puerpério é fundamental para garantir que as reservas de ferro e
vitaminas da mãe não sejam esgotadas pela amamentação (TOLEDO, 2010).
LABILIDADE EMOCIONAL E DEPRESSÃO PÓS-PARTO

Os primeiros dias após o nascimento do bebê é um conjunto de sentimen-


tos variados para as mães. Reações como angústia, tristeza e pensamentos nega-
tivos são notados nas parturientes, sendo a maternidade é cheia de altos e baixos,
com mudanças de humor frequentes. O apoio e atenção familiar são essenciais
nestes momentos.
Labilidade emocional, ou seja, a instabilidade refere-se a uma pessoa que
sofre mudanças frequentes de humor e é volúvel, ao ponto de ter atitudes que não
são previsíveis por meio de causa e efeito. É importante destacar que o pensa-
mento influencia sentimentos e ao mesmo tempo, o sentimento é refletido na ação.
Por trás do humor abrupto, também pode haver pensamentos automáticos que a
pessoa tem interiorizado. Esses pensamentos negativos podem produzir sensa-
ções desagradáveis (ENCICLOPÉDIA..., 2015).
Algumas vezes a depressão se inicia quando o apoio e as atenções de
amigos e familiares começam a diminuir. A depressão pós-parto (DPP) não pode
ser somente justificada pelas mudanças hormonais, pois as grandes mudanças nos
níveis de hormônio ocorrem muito antes do início da depressão, possivelmente elas
tornam a mulher mais suscetível a depressão, mas os fatores sociais também de-
sempenham um papel importante (MCKENZIE, 2001).
A dificuldade da detecção precoce está relacionada à semelhança exis-
tente entre os primeiros sintomas da depressão pós-parto e do período de ajusta-
mento emocional após o parto podem ser confundidos pelos profissionais de saúde
e a falta de um vínculo dos profissionais com a puérpera também contribui para
essa dificuldade. A escala de auto avaliação, embora ainda seja pouco estudada,
vêm trazendo uma grande contribuição para a detecção e o diagnóstico precoce da
DPP, além de possibilitar que as puérperas mais receosas possam transcrever os
seus sentimentos (BARROS; MARIN; ABRÃO, 2002).
A depressão pós-parto pode ser considerada um quadro depressivo que
acomete aproximadamente 10% a 15% das puérperas. O período puerperal é uma
fase de grande importância e que exige cuidados especiais à mulher. É marcado
pela experiência de gerar, parir, cuidar e por várias alterações físicas e emocionais.
Esta é uma fase que exige grande capacidade de adaptação da mulher, e requer
atenção e acompanhamento contínuo da família e dos profissionais da saúde, em
especial a participação diária e sensata do seu cônjuge (MEDEIROS, 2004).
Os principais fatores de risco psicossociais relacionados à depressão
maior no puerpério são: idade inferior a 16 anos, história de transtorno psiquiátrico
prévio, eventos estressantes experimentados nos últimos 12 meses, conflitos con-
jugais, ser solteira ou divorciada, estar desempregada (a paciente ou o seu côn-
juge) e apresentar pouco suporte social. Outros fatores de risco apontados são:
personalidade vulnerável (mulheres pouco responsáveis ou organizadas), esperar
um bebê do sexo oposto ao desejado, apresentar poucas relações afetivas satisfa-
tórias e suporte emocional deficiente (HENRIQUE, s.d.).
Na depressão, a mulher perde o contato com a realidade e pode ter delírio
e alucinações. O risco para o bebê é sério e algumas mães gravemente enfermas
chegam a matar seus filhos. Algumas mulheres deprimidas acreditam que o mundo
é tão perverso que elas devem livrar a criança desse tormento, enquanto outras
acreditam que a criança tem alguma coisa errada e que elas fazem uma caridade
matando-a. Quando a situação é séria como o relato, a mulher provavelmente será
internada num hospital para tratamento, principalmente se houver um risco de ela
machucar o bebê ou a si própria (MCKENZIE, 2001).
Os sintomas mais comuns citados são: humor deprimido, sentimentos de
inadequação familiar e social, alterações do apetite e do sono, concentração preju-
dicada, falta de interesse ou de prazer em realizar suas atividades diárias, perda
de peso e de energia, agitação ou letargia, sentimento de desvalia ou de culpa sem
causa, fadiga, labilidade do humor, cansaço, sintomas hipocondríacos e pensa-
mento de morte ou suicídio. É importante ressaltar que a preocupação obsessiva
da mãe em relação ao bebê, a resposta totalmente ansiosa ao choro do bebê e o
medo irreal de machucá-lo, podem ser sintomas da depressão (MEDEIROS, 2004).
Alguns alimentos podem ser recomendáveis para prevenir a depressão
no pós-parto: A serotonina é um neurotransmissor implicado diretamente nas alte-
rações de humor e outros processos emocionais que acontecem no cérebro. Man-
ter níveis de serotonina suficientemente elevados na recente amamentação pode
diminuir a possibilidade de depressão pós-parto. Este aumento se consegue com
alimentos como o leite e os produtos lácteos, os carboidratos de absorção lenta e
alguns alimentos de origem animal, em geral, carne, peixe e frango. Além disso,
estes últimos favorecem também uma boa absorção de proteínas, que é muito im-
portante para a mãe lactante, já que as necessidades nutricionais da mulher, em
termos de proteínas, se veem incrementadas durante o período do aleitamento
(REVIRIEGO, s.d., online).
No entanto, torna-se frequente a necessidade ou o desejo de consumir
doces, pouco saudáveis e geralmente mais calóricos. Nessas situações uma por-
ção de chocolate, preferivelmente negro, pode resultar até benéfico, já que além
de aplacar essa necessidade de doce, diminui a ansiedade que poderia produzir a
negação, aumentando assim os níveis de serotonina. As frutas são uma das me-
lhores opções, mesmo que ocasionalmente possam ser trocadas por um suco de
frutas (REVIRIEGO, s.d.).
Para finalizar, é importante ressaltar que o apoio social percebido pela
mãe, além de apresentar correlação positiva com a estruturação materna e com a
responsabilidade do bebê, funciona como fator protetor para sintomas depressivos,
bem como evitar transtornos futuros. Assim, dando a ambos qualidade de vida.
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