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GESTAÇÃO E PUERPÉRIO
Sumário
GRUPO DE ACOLHIMENTO
a
Os pontos de corte de IMC pré-gestacional propostos no quadro 1, de-
vem ser adotados na classificação do estado nutricional de adultas. Para avaliação
do IMC pré-gestacional e classificação das adolescentes, realizar a avaliação se-
gundo parâmetros para a idade em anos e meses;
b
Diante da importância do ganho de peso no primeiro trimestre e seu im-
pacto comprovado na predição do peso ao nascer e do índice ponderal do recém-
nascido, sempre que possível estimar o ganho de peso para o período.
c
Os limites mínimos de ganho de peso semanal propostos para cada ca-
tegoria de IMC pré-gestacional podem ser adotados como ganho de peso mínimo
ou modesto. Como exemplo, para as mulheres com baixo peso pré-gestacional,
que já ganharam o total de ganho recomendado para toda a gestação, mas ainda
encontram-se no segundo ou no terceiro trimestres, devem ter um ganho mínimo
saudável de 0,44 kg/semana até o parto (40 semanas). A adoção do ganho de peso
mínimo é muito útil também nos casos de ganho de peso excessivo no segundo ou
terceiro trimestres gestacional.
Quadro 2 – Classificação do estado nutricional de adolescentes do sexo feminino
segundo IMC pré-gestacional
Achados Sugestivo de
Cegueira noturna Deficiência de vitamina A
Palidez conjuntival Anemia
Olhos Vermelhidão e fissuras nos Carência de Riboflavina e
epicantos Piridoxina
Xantelasma (pequenas bolsas Hiperlipidemia
amareladas ao redor dos olhos)
Face Seborreia nasolabial Carência de Riboflavina
Lábios e Língua Estomatite angular. Carência de Riboflavina
Língua magenta
Gengivas Gengivas esponjosas, que sangram com
Carência de Vitamina C
facilidade, e pequenas hemorragias cu-
tâneas
Glândulas Bócio – aumento da tireóide Carência de Iodo
Palidez cutâneo-mucosa, fraqueza, fadiga ao menor Anemia Ferropriva
esforço físico, susceptibilidade aumentada aos
processos infecciosos
Quadro 6: Entrevista para a investigação da picamalácia na gestação
AVALIAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA
• Avaliar as características:
o Cor da pele – destaque para a cor não branca, que pode associar-se
com resultados perinatais indesejáveis o Grau de escolaridade, anos de atraso
escolar (adolescentes) - destaque para a baixa escolaridade e anos de atraso
escolar, que pode associar-se com menor número de consultas de pré-natal e re-
sultados indesejáveis
o Naturalidade – influência nos hábitos alimentares
o Profissão/ocupação – atenção para a carga horária e tipo de atividade
laboral
o Situação marital – a falta do apoio do companheiro pode associar-se
com resultados perinatais indesejáveis o Número de pessoas da família e renda
familiar per capita - grande número de pessoas na família associa-se com menor
renda per capita. o Condições de saneamento da moradia – atenção para água
encanada, esgoto e coleta de lixo. A falta de um destes serviços essenciais repre-
senta condições inadequadas de saneamento, que pode associar-se com piores
condições sócio-demográficas.
Avaliação bioquímica e dos exames complementares
Os parâmetros utilizados estão descriminados no protocolo de Pré-Natal
da Maternidade Escola (vide protocolo específico).
Avaliação Dietética
O cálculo do Valor Energético Total (VET) deve ser feito com base na
avaliação nutricional antropométrica cuidadosa, considerando-se as
recomendações da FAO/WHO, 2004, segundo a idade materna.
Observações:
O peso aceitável/desejável pode ser obtido a partir do IMC aceitável
ou desejável que varia de 18,5 a 24,9 kg/m2 para mulheres adultas
ou pela adoção da mediana de IMC de 21 kg/m2, sugerido para a
população feminina em geral (FAO, 2004).
Situações:
Estatura 2 (m)
• Carboidratos 55-75%
• Fibras >25g/d
• Açúcar de adição <10%
• Proteínas 10 -15%
• Lipídios 15-30%, evitar ácidos graxos trans e lipídios saturados
Recomendações de Proteínas
CONDUTA NUTRICIONAL
PRIMEIRA CONSULTA
CONSULTAS SUBSEQUENTES
• Revisão do prontuário.
• Avaliação do ganho de peso até a data da consulta atual, reavaliação do
cálculo do ganho de peso recomendado até a 40ª semana e caso necessário recal-
cular o VET.
• Anamnese alimentar detalhada.
• Investigação de sinais e sintomas digestivos e da função intestinal, pi-
camalácia, cegueira noturna.
• Acompanhamento dos exames laboratoriais e complementares.
• Esclarecer as dúvidas. Orientação nutricional.
• Incentivo ao aleitamento materno.
Consumo de edulcorantes:
• De acordo com a Associação Americana de Diabetes (ADA) e a Food
and Drug Administration (FDA), os edulcorantes aprovados podem ser utilizados
pela população em geral incluindo as gestantes. Porém como cautela, o serviço de
nutrição prescreve os adoçantes artificiais, com moderação, apenas em casos de
diabetes na gestação. Nos casos de obesidade e pós cirurgia bariátrica a avaliação
da necessidade do uso dos edulcorantes fica a critério do nutricionista em conjunto
com a gestante. Os edulcorantes recomendados neste caso são os aprovados pelo
comitê da ADA (adoçantes e produtos diet/light à base de sucralose, aspartame,
acessulfame K, sacarina sódica e neotame). Vide protocolo de gestante com dia-
betes.
Fraquezas e Desmaios
o Indicar dieta fracionada (5-6 refeições por dia), com menor volume. o
Evitar o jejum prolongado e um intervalo grande entre as refeições, visando preve-
nir a hipoglicemia e a hipotensão.
o O sal da dieta deverá ser usado na quantidade normal de acordo com
as recomendações dos comitês nacionais e internacionais, com exceção em casos
de hipertensão crônica que devem ser avaliados individualmente.
Picamalácia
o Conversar com a gestante, investigando problemas emocionais ou fa-
miliares que possam estar associados e tentar convencê-la a substituir essa prática
pela ingestão de alimentos de sua preferência.
o Esclarecer que as substâncias não alimentares podem contribuir para o
agravo da anemia e interferir na absorção de nutrientes ou mesmo acarretar doen-
ças (parasitoses por exemplo).
Cãimbras
o Recomendar o consumo de alimentos fontes de potássio (água de coco,
banana, laranja entre outros), cálcio e vitamina B1;
o Evitar a prática de exercícios em excesso.
Constipação Intestinal e flatulência:
o Aumentar a ingestão de fibras: frutas laxativas (mamão, ameixa, laranja
entre outras) e as demais com bagaço; vegetais de preferência crus.
o Estimular o consumo de produtos integrais (cereais, pães, biscoitos, fa-
rinhas).
o Estimular o consumo de farelo de trigo ou aveia. Iniciar com 1 colher de
chá e aumentar conforme a tolerância, chegando até a 2 colheres de sopa/dia, pois,
casos de distensão abdominal são descritos no início do tratamento. Pode-se reco-
mendar farelos, ou alimentos industrializados à base de fibras, porém, considerar
o valor energético e a presença de edulcorantes artificiais.
o Orientar para o uso das fibras junto com líquidos e fora do horário do
almoço e jantar, pois podem interferir na absorção do ferro. A gestante deve ser
orientada de que o efeito da fibra é eficaz e se faz com o uso prolongado. Não
sendo medicação, não se observa resultado imediato. o Observar a tolerância a
alimentos flatulentos (alho, batata-doce, brócolis, cebola, couve, couve-flor, ervilha,
feijão, milho, ovo, rabanete, repolho, entre outros). Evitar o sedentarismo, para
regularizar o hábito intestinal. Orientar para o atendimento do reflexo retal.
o Orientar a ingestão mínima de 2 litros de água por dia.
o Mastigar bem os alimentos, evitar falar durante as refeições e comer de-
vagar e fazer as refeições em ambiente calmo.
Hemorróidas:
o Indicar dieta para evitar obstipação intestinal. o Evitar papel higiênico
colorido ou áspero.
o Fazer higiene perianal com água e sabão neutro, após a defecação.
Sensação de plenitude
o Ajustar a alimentação conforme a tolerância, evitando grandes volumes
por refeição, aumentando o fracionamento;
o Modificar a consistência das preparações para branda ou pastosa, prin-
cipalmente no jantar e ceia, caso os sintomas sejam intensos;
o Indicar complemento nutricional caso o valor energético da dieta não
seja alcançado.
o Evitar alimentos gordurosos e que causem irritação gástrica; o Evitar
deitar após a refeição; o Orientar para preferir roupas amplas e confortáveis.
Puerpério
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo bibliográfico. Um estudo sistematizado desenvol-
vido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas,
isto é, material acessível ao público em geral (MORESI, 2003).
O levantamento bibliográfico foi realizado nos meses de abril, maio e ju-
nho de 2016.
Foram utilizadas buscas online, fontes governamentais e da biblioteca vir-
tual Scielo, além de livros encontrados na biblioteca da UEMG (Unidade de Pas-
sos).
Para as buscas eletrônicas utilizaram-se as palavras-chaves: amamenta-
ção, puerpério, nutrição, alimentação materna, mitos e verdades, depressão no
pós-parto, alimentos funcionais, lactação, obesidade, sobrepeso, gestantes. Foram
selecionadas fontes publicadas no período de 2000 a 2015.
Foram utilizados ao todo 21 referências, sendo 4 de livros, 13 de artigos
científicos e 4 de sites. Os conteúdos selecionados nessas fontes foram organiza-
dos e apresentados nos seguintes temas: A influência regional na alimentação de
puérperas; Mitos e crenças sobre a alimentação materna; Alimentos funcionais;
Lactação; Labilidade emocional e Depressão pós-parto.
ALIMENTOS FUNCIONAIS
Alimentos funcionais são aqueles que possuem componentes capazes de
promover a saúde, além dos benefícios nutricionais. Produzem efeitos metabólicos
ou fisiológicos através da atuação de nutrientes, promovendo boa saúde física e
mental, auxiliando na diminuição de doenças crônico-degenerativas (PALERMO,
2008).
O conceito de alimentos funcionais foi proposto no Japão nos anos oitenta
e se espalhou rapidamente por várias partes do mundo. O Canadá, os EUA, a
União Europeia e a Austrália, começaram a identificar e definir os alimentos funci-
onais como ingredientes naturais que atuam para melhorar o metabolismo
(COSTA; ROSA, 2010).
As principais funções dos alimentos funcionais são: redução do risco de
doenças cardiovasculares e de câncer; controle da obesidade, da função imune e
de causas de envelhecimento; melhora da condição física e de humor. Entre os
alimentos funcionais estão os pró-bióticos e pré-bióticos, fibras, ferro, selênio, áci-
dos graxos ômega 3 e ômega 6, óleo vegetal, oligossacarídeos, fito-químicos, an-
tioxidantes, vitaminas C, A, D e E, distribuídos em alimentos convencionais, fortifi-
cados, enriquecidos ou realçados e suplementos alimentares. Entre eles: certos
peixes e alimentos ricos em carotenoides, farelo de aveia, leite enriquecido com
ômega 3 e alimentos geneticamente modificados (PALERMO, 2008).
Os pré-bióticos possuem compostos não digeríveis pelo organismo hu-
mano. Agem na microflora do intestino melhorando e estimulando o crescimento de
bactérias do cólon restabelecendo o equilíbrio do meio. Exemplos: Lactobacillus
acidphilus, Lactobacellus casei Bifidobacterium animallis. Para pessoas sadias re-
comenda-se o uso de vinte gramas/dia. Mais de trinta gramas dia pode causar di-
arreia e flatulência. Os pró-bióticos são micro-organismos vivos, exercem efeitos
benéficos para a saúde, melhorando o equilíbrio da flora intestinal, aumentando as
bactérias benéficas e diminuindo as maléficas. A combinação de pró-bióticos e pré-
bióticos forma um simbiótico. Exemplos: oligossacarídeos. Os ácidos graxos,
ômega-3 e ômega-6 diminuem os níveis de LDL, ajudam no controle da pressão
arterial e nos riscos de doenças cardíacas. As fibras promovem retardo no processo
de absorção, ajudando a regular as funções intestinais, prevenindo constipação e
reduzindo colesterol. Evitam a formação de cálculos renais, a obesidade e tem
efeito hipotensivo. Nos diabéticos atuam na redução da absorção de açúcar. Exem-
plos: betaglucanas, lactulose e quitosona. O consumo de óleos vegetais é indicado
para baixar os níveis de colesterol e arteriosclerose. Exemplos: Os óleos de oliva,
girassol, canola, palma, de fibras de milho, de linhaça e soja (PALERMO, 2008).
As hortaliças são ingredientes importantes na dieta da puérpera. Forne-
cem nutrientes valiosos, têm pouca gordura e calorias, ricas em carboidratos e fi-
bras e fornecem muito micronutrientes, possuem compostos funcionais, contribu-
indo para melhorar o estado de saúde e bem-estar diminuindo o risco de doenças
(CARVALHO et al, 2006).
Importante administrar suplemento de vitamina A na puérpera para pre-
venir hipovitaminose. Incluindo também na dieta alimentos ricos em vitamina A
como: Leite, Fígado, Folhas verdes, cenoura e abóbora (CAMINHA et al, 2009).
Recomenda-se que a puérpera consuma alimentos funcionais para pre-
venir a depressão pós-parto, como o óleo de peixe, rico em ácidos graxos ômega
3. Fazer uma dieta rica em sardinha, arenque, salmão, atum, nozes, semente de
linhaça e chia. Fazendo também uso de alimentos ricos em ferro encontrado nas
carnes vermelhas, cereais fortificados e ovos, para evitar anemia. O ideal é conse-
guir um equilíbrio na alimentação que ofereça calorias adequadas para garantir a
produção de leite e favorecer a normalização do peso corporal da puérpera (CAMI-
NHA et al, 2009).
Muitos são os alimentos que apresentam a propriedade de alimento fun-
cional, por possuírem compostos bioativos. Estamos iniciando uma nova era na
ciência da Nutrição que vai exigir muito estudo e bom senso antes de indicar um
alimento para determinado fim (COSTA; ROSA, 2010).
As puérperas têm motivos de sobra para incluírem os alimentos funcionais
em suas dietas. Eles protegem contra doenças e alimentam. O modo de vida influi
na maneira como os alimentos agem no organismo. É importante que as puérperas
procurem um nutricionista ou nutrólogo para fazer uma análise de seu estado nu-
tricional e elaborar uma dieta personalizada. Os alimentos só fornecem benefícios
quando ingeridos de forma adequada.
LACTAÇÃO
O aleitamento materno é um dos principais fenômenos que ocorrem no
puerpério. Esse processo possui grande importância para a mãe que já sofreu al-
terações em seu corpo e precisará se adequar a essa fase, podendo enfrentar di-
versas dificuldades como lactante. Ele é vital para o bebê, sendo o leite materno o
único alimento completo para o lactente.
A cada ano aumentam as evidências científicas de que a amamentação é
a melhor forma de alimentar a criança pequena. As autoridades de saúde recomen-
dam sua implementação através de políticas e ações que previnam o desmame
precoce (REA, 2004).
O leite materno é o alimento ideal para o recém-nascido devido às suas
propriedades nutricionais e imunológicas, protegendo-o de infecções, diarreia e do-
enças respiratórias, permitindo seu crescimento e desenvolvimento saudável, além
de fortalecer o vínculo mãe-filho e reduzir o índice de mortalidade infantil. Sabe-se
também que a amamentação oferece vantagens não só ao bebê, mas também à
mãe, à família e ao Estado (MARQUES; COTTA; PRIORE, 2011).
Para a nutriz, a lactação é fonte de vários benefícios, como a redução de
alguns tipos de fraturas ósseas, câncer de mama e de ovários, além da diminuição
no risco de morte por artrite reumatoide (MARQUES; COTTA; PRIORE, 2011).
A amamentação também proporciona para a mulher a recuperação de
seu peso pré-gestacional, pois no pós-parto, quando o organismo da mulher está
preparado para lactar, nem sempre ela consome a quantidade necessária de calo-
rias para produzir o leite que o bebê ingere e se ela estiver amamentando, o orga-
nismo irá retirar aquela reserva acumulada para fabricar o leite. Se a amamentação
for exclusiva, ou seja, se todas as calorias que o bebê estiver consumindo forem
de origem materna, a quantidade retirada da mãe será maior. Assim, se a mãe
interrompe a amamentação precocemente, conserva as calorias que seriam usa-
das para fabricar leite materno. A puérpera, então, conservará o peso ganho na
gestação e demorará mais tempo para voltar ao peso pré-gestacional (REA, 2004).
Como na fase de lactação a mulher é a responsável por nutrir seu filho
através do que o seu corpo produz, sua alimentação no período pós-parto pode
influenciar na qualidade do leite materno, principalmente no que se refere ao teor
de vitaminas. Especialistas alertam também que uma dieta balanceada desde a
gestação e no puerpério é fundamental para garantir que as reservas de ferro e
vitaminas da mãe não sejam esgotadas pela amamentação (TOLEDO, 2010).
LABILIDADE EMOCIONAL E DEPRESSÃO PÓS-PARTO