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Apontamentos Pessoais Da Cadeira de Direito Do Ambiente. (Osvaldo Maquia)
Apontamentos Pessoais Da Cadeira de Direito Do Ambiente. (Osvaldo Maquia)
Definição
Para José Pereira Reis, é sistema de normas jurídicas que, tendo em vista as relações do
homem com o meio, prossegue os objectivos de conservação da natureza, manutenção dos
equilíbrios ecológicos, salvaguarda do património genético, protecção aos recursos naturais
e combate às diversas formas de poluição.
Actualmente o Direito Ambiental evoluiu de tal modo a garantir proteção à vida em todas
as suas formas, como também, no intuito de efetivamente proteger outras formas de vida,
tornando o Direito Ambiental como instrumento de proteção à vida latu sensu; sendo,
portanto, seu objeto, a vida em toda sua extensão.
Logo, o objeto do Direito Ambiental se divide na fixação do bem a ser protegido (a vida) e
o estabelecimento de regimes de utilização saudável dos recursos.
Nele é possível encontrar diversas subdivisões, se assim lhes podemos chamar, em função
das necessidades específicas de protecção dos diferentes objectos: direito dos habitats;
direito das zonas húmidas; direito sobre espécies selvagens; direito sobre espécies não
indígenas; direito da protecção dos animais em vias de extinção; o direito de caça e de
pesca; as normas referentes aos jardins zoológicos; as normas referentes as experienciam
em animais.
Ao aludirmos ao Direito das Águas, devemos, desde logo, referir a Lei no 16/91 de 3 de
Agosto, conhecida como Lei de Águas.
Para que o uso da água pelos múltiplos interessados não prejudique as necessidades de
alguns, torna-se indispensável criar mecanismos conducentes à sua distribuição ou
fornecimento na medida das necessidades de cada um. Esta é portanto, a finalidade central
da Lei de Aguas, a qual, desde já se assinala, não pretende regulamentar exaustivamente o
problema da planificação, gestão e utilização dos recursos hídricos, mas sim estabelecer as
bases fundamentais para uma abordagem correcta, bem como para a resolução da
problemática.
Nesta senda, José Casalta, citado por Carlos Cerra, define o direito de património cultural
como conjunto de normas de direito público que estabelecem o regime de proteção dos
bens culturais.
Para além da lei do ambiente o direito do património cultural é também é tutelado pela lei
número 10/88 de 22 de dezembro, Lei do património cultural.
Causas
Para a subida das águas do mar ocorre com o derretimento de gelo proveniente dos
glaciares e não, como acontece com o oceano Ártico, isto é o gelo marinho. O maior
problema constitui antes o gelo continental existente na maior reserva de água doce do
mundo, a Antárctica, bem como nos glaciares localizamos nos diversos continentes, pois,
derretendo-se, contribui substancialmente para subida do nível das águas do mar.
Consequência
Como consequência do degelo, verifica-se o aumento do nível das águas do mar. Sobre
este problema, registou um aumento global do nível médio do mar de 10 a 20 centímetros
nos últimos, 100 anos, mais do que metade do que havia subido nos 2000 anos anteriores.
Causa
Tal como o aquecimento global, este problema também tem como causa a poluição
atmosférica resultante de inúmeras actividades humanas. Neste caso, a principal causa
advém dos chamados CFC (clorofluorcarbonetos), descobertos a partir de 1930. A
libertação de CFC, na atmosfera produz, em combinação com os efeitos da radiação
acelerado a destruição do ozono, em algumas partes mais rápido do se forma.
Consequências
Aumento dos raios ultravioleta(UV) altamente energético. Estes raios ao atingirem a terra
vão promover a destruição das proteínas, e do ADN, provocando o cancro da pele,
cataratas, alterações no sistema imunitário, danos nas colheitas.
Destruição da biodiversidade
Focando a questão de desflorestamento, François Ramade afirmou: ao longo dos séculos
a madeira tem sido utilizada como fonte de energia, como material e como matéria-prima.
Pelo menos 80% da desflorestação do terceiro Mundo destina-se à produção de
combustível. A exploração de madeira como material de construção provoca um
desperdício enorme, porque 90% das árvores abatidas, sem valor comercial, são
abandonadas ou queimadas no próprio local do corte. Iniciada pelas potências europeias, a
exploração das florestas prosseguiu ate aumentou, após a independência dos países
tropicais.
A problemática da água
A água é o recurso mais abundante no planeta terra, pois ocupa 71% da água suficiente.
Porem, trata-se de uma abundância relativa, visto que 97% da água é salgada, encontrando-
se nos oceanos e mares interiores, e só os restantes 3% correspondem a água doce. Ora
deste total de água doce 70% corresponde a água em estado sólido que se encontra nos
pólos e glaciares, por conseguinte, apenas 0,65% constitui reserva de recursos hídricos
para uso Humano. A problemática das águas esta associada às alterações de suas
características físicas, químicas e biológicas, que prejudicam seu uso.
Degradação do solo
De acordo com Watanabe (2002) a Agenda 21 Global indica as estratégias para se atingir o
desenvolvimento sustentável. Está estruturada em quatro seções:
Já quanto aos princípios fixados pela declaração, institui-se que “ a pessoa humana tem
direito fundamental a liberdade, a igualdade e a condições de vida satisfatórias, num
ambiente cuja qualidade lhe permita viver com dignidade e bem-estar. Cabe-lhe porem o
dever solene de proteger e melhorar o ambiente para as gerações actuais e vindouras”. E
neste princípio que encontra-se o fundamento para o processo de constitucionalização do
direito fundamental ao ambiente, iniciado em muitos Estados apos a realização de
conferência citada.
Importância
Essa conferência foi de extrema importância para controlar o uso dos recursos naturais
pelo homem, e lembrar que grande parte destes recursos além de não serem renováveis,
quando removidos da natureza em grandes quantidades, deixam uma lacuna, ás vezes
irreversível, cujas consequências virão e serão sentidas nas gerações futuras.
Este documento integra ainda uma recomendação aos Estados para que enveredem
seriamente pelo processo de elaboração de legislação ambiental, com particular enfase para
a matéria de responsabilidade civil por danos ao ambiente.
Alguns Estados, pertencendo principalmente ao bloco dos países industrializados, não dão
sinais de pretender uma verdadeira mudança, evitando assumir a causa ambiental em
termos verdadeiramente sérios e honrar os compromissos assumidos internacionalmente.
Contudo, os Estados Unidos, que são responsáveis por 25% das emissões de dióxido de
carbono a nível global e, de longe, os maiores poluidores do Planeta, decidiram abandonar
o Protocolo de Quioto, em Março de 2001, por o considerarem, na voz do seu presidente,
George W. Bush, prejudicial aos interesses da economia americana. A Austrália enveredou
pelo mesmo caminho. Até meados do mês de Julho de 2001, apenas 34 países tinham
ratificado este Protocolo, sendo que, com excepção da Roménia, todos pertenciam ao
grupo dos países em vias de desenvolvimento. Tal situação só veio a ser superada depois
de muitos esforços realizados fundamentalmente pela União Europeia.
Os anos 90 foram marcados por uma série de inundações. Foi assim que, chegado o ano de
2000, a CDS 10 sugeriu a realização de uma nova conferência mundial, desta vez
subordinada ao Desenvolvimento Sustentável. Em Dezembro de 2000, a Assembleia-geral
das Nações Unidas deliberou, por resolução, a realização da Cimeira das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (conhecida por Rio+10), na cidade de Joanesburgo, na
África do Sul, cabendo à CDS10 a sua organização.
7. A Conferência de Joanesburgo
Realizou-se, assim, entre os dias 26 de Agosto a 5 de Setembro de 2002, na cidade de
Johannesburg, na África do Sul, a Cimeira das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável. Contou com a presença de 105 chefes de Estado e de Governo, de delegações
provenientes de 195 países do Mundo, num total de aproximadamente 50 000 delegados.
Estiveram ainda representadas 58 organizações internacionais.
Foram produzidos dois documentos, a saber: (1) Uma Declaração Política; (2) Plano de
Implementação.
Por outro lado, reconheceram, como desafio, que a erradicação da pobreza, a mudança dos
padrões de consumo e produção, e a protecção e gestão da base de recursos naturais para o
desenvolvimento económico e social constituem objectivos fundamentais e requisitos
essenciais do desenvolvimento sustentável. Aceitaram o compromisso de, por um lado,
realizar esforços para garantir o acesso a requisitos básicos, como água potável,
saneamento, habitação adequada, energia, assistência médica, segurança alimentar e
protecção da biodiversidade; e, por outro, de trabalhar em conjunto para ter acesso aos
recursos financeiros, à tecnologia, aos benefícios da abertura dos mercados e à educação e
desenvolvimento dos recursos humanos.
Depois de Joanesburgo
É realmente muito difícil prever o que vai ser o futuro do nosso planeta nos próximos
tempos. A grande maioria dos estudos aponta para uma deterioração das condições
ambientais à escala global, não obstante os inúmeros esforços que estão a ser feitos em
alguns países e por algumas organizações internacionais. Apesar de todas as conferências
internacionais realizadas nas últimas décadas, de todas as convenções e tratados elaborados
nas mais diversas áreas ambientais, de todas as instituições internacionais e nacionais
criadas com competências ambientais, muito está ainda por fazer para que cessem os
atentados responsáveis pela situação de desequilíbrio ecológico à escala mundial.
As políticas ambientais dizem respeito a todos: ao Governo, que as dita, à comunidade, que
deve participar da tomada de decisões e ao empresariado cujas actividades ao ou deveriam
ser, disciplinadas e fiscalizadas por elas.
9. A Constituição Ambiental
A Constituição de 2004
Princípio da prevenção
O primado não recai sobre a reparação do dano, depois de este ocorrer, mas sim no evitar
que este venha a suceder, até porque o custo das medidas a aplicar na reparação é sempre
superior aquelas que são necessárias para evitar que o dano ocorra, isto sem falarmos o
quão difícil é a reconstituição natural da situação anterior. Logo, as medidas devem ser
tomadas antes da ocorrência de um dano concreto com finalidade de o evitar ou seja,
economicamente é mais dispendioso remediar que prevenir.
O princípio assenta no lema “mais vale prevenir que remediar”, exalta a prioridade na
forma prevenida de actuação, com finalidade de reduzir ou eliminar as causas do dano, e
não na correcção dos efeitos provocados pela actuação errada, ou pelas actividades capazes
de alterarem o ambiente.
Princípio da igualdade
Este princípio visa garantir oportunidades iguais de acesso e uso de recursos naturais a
homens e mulheres. Contudo, não nos parece acertado entender este princípio de forma
restritiva, apenas no que respeita ao acesso aos recursos naturais pelos diferentes géneros,
mas sim de forma a respeitar o princípio da igualdade previsto no art.º 35.º da Constituição
da República de Moçambique (2004), nos termos do qual “todos os cidadãos são iguais
perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres…”. Ou seja,
também em matéria ambiental os cidadãos são todos iguais, estão sujeitos aos mesmos
deveres e têm os mesmos direitos, nomeadamente no que respeita a acesso aos recursos
naturais.
Princípio da precaução
Princípio da precaução tem sido por vezes confundido com princípio da prevenção, o facto
é que tanto, como a prevenção, operam num momento anterior a própria ocorrência de
danos no ambiente, contudo, consubstanciam duas realidades diferentes.
O princípio da prevenção lida com os chamados perigos, ou seja aqueles riscos certos e
conhecidos, em relação aos quais existe, portanto, certeza científica do seu impacto. O
By: Osvaldo Maquia
Since: 2020
princípio da precaução vem reforçar de forma qualitativa o princípio da prevenção, pois
este visa a prevenção de riscos cuja intensidade não representa, ainda um perigo afectivo e
concreto para o ambiente.
A avaliação do Impacto Ambiental (A.I.A) foi oficialmente consagrada pela primeira vez
nos Estados Unidos da América, através da elaboração do “National Environmental
Protection Act” (NEPA), que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 1970, tendo sido,
progressivamente, adoptada um pouco por todo o mundo, inicialmente, como nova técnica
jurídica, e, actualmente, como autêntico princípio jurídico-ambiental.
Em Moçambique, a sua introdução dá-se com a Lei de Águas. Este diploma, ao versar
sobre os princípios de gestão de águas, determinou que “as obras hidráulicas não poderão
ser aprovadas sem previa análise dos seus efeitos e impactos sociais, económicos e
ambientais”, sendo que “os estudos sobre os efeitos referidos no número anterior
constituirão encargos dos donos das obras de grande envergadura”.
Mais tarde, com a publicação da Lei no 3/93, de 24 de Junho (Lei dos Investimentos), o
legislador nacional volta a referir-se à obrigação de submeter, em termos condicionais,
determinados empreendimentos a um prévio processo de avaliação de impacto ambiental.
Dai que defenda-se não constituir a AIA um mero procedimento formal ou burocrático,
com vista a apoiar a decisão final de se levar a cabo determinado empreendimento, como
entende um certo sector da nossa sociedade, mas, antes, um instrumento fundamental de
protecção do ambiente, de caracter essencialmente preventivo e democrático, e susceptível
de condicionar actividades ou projectos que não se encontrem ao serviço do
desenvolvimento sustentável, isto é, que não realizem integralmente os três pilares deste
conceito: protecção do ambiente, desenvolvimento social e desenvolvimento económico,
não apenas para as gerações presentes como também, para as gerações futuras.
De modo algum podemos aceitar que haja lugar ao esvaziamento do conteúdo útil da AIA,
quando este instrumento é perspectivado como mera formalidade burocrática legalmente
instituída e, para muitos, como um verdadeiro entrave ao desenvolvimento económico do