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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA

DIREITO TRIBUTÁRIO II
PROFª. CRISTINA BARBOSA RODRIGUES

TRIBUTOS FEDERAIS

I - IMPOSTOS DA UNIÃO
IMPOSTOS
Definições importantes para o estudo dos impostos:

 Alíquota - Do latim: alíquota, parte.

Pode ser:
a) um valor monetário fixo (ex.: R$ 1,20 por metro, até 100 e R$ 2,40 por
metro acima de 100), ou
b) uma fração da base de cálculo, ou seja, um percentual
- Pode ser ainda: proporcional invariável; proporcional progressiva ou
proporcional regressiva.
Em outras palavras: Alíquota é o percentual com que um tributo incide sobre o
valor da coisa tributada. Fixado em lei, este percentual se aplica sobre a base
de cálculo do fato gerador, determinando-se, assim, a importância devida ao
Fisco.

 Base de Cálculo

- A base de cálculo é o que dimensiona a materialidade da hipótese de


incidência (fato gerador) sobre a qual recairá a alíquota do tributo.

- Possui duas funções:

- a) função mensuradora (mede as proporções reais do fato);

- b) função objetiva(compõe a específica determinação da dívida) e

- No plano normativo a base de cálculo é uma referência abstrata. Ex.: valor


da operação.
- O valor é individualizado por meio da base de cálculo fática (norma
individual aplicada ao caso concreto). Quase sempre é um valor em
dinheiro.

1 - Imposto de Importação de Produtos Estrangeiros - I.I - Art. 153, I da CF


Tributo de competência privativa da União que tem como fato gerador a
entrada de produto estrangeiro em território nacional.
Possui caráter protecionista, é instrumento de intervenção na economia, pois
protege a produção nacional, ou seja, tem finalidade extrafiscal
"imposto regulatório", pois é utilizado mais como instrumentos de política
econômica que propriamente para a arrecadação, por isso não se sujeita aos
princípios da anterioridade e da noventena.
Também não se sujeitam plenamente ao princípio da legalidade, pois suas
alíquotas podem ser alteradas por ato do Presidente da República.

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fato gerador: é a entrada de produto estrangeiro em território nacional;


contribuinte: é o importador ou o arrematante quando se tratar de produtos
apreendidos ou abandonados;
base de cálculo: Art. 20 CTN
- preço normal do produto, quando da importação;
- unidade de medida (Kg, Metros) quando a alíquota for um valor fixo;
- preço da arrematação
alíquotas:
- podem ser específicas (quantia adotada para cada caso)
- ad valorem (indicada num percentual a ser aplicado sobre a base de
cálculo)

As alíquotas podem ser alteradas a qualquer tempo, pelo poder executivo


(mediante decreto do Presidente da Republica), desde que sejam respeitados
limites e condições fixados em lei.

2 - Imposto sobre a Exportação – I.E - Art. 153, II da CF


Tributo de competência da União cujo fato gerador é a saída, para o exterior,
de produtos nacionais ou nacionalizados (produzido no Brasil, mas com
componentes estrangeiros).
O contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.
É utilizado com instrumento de intervenção na economia, pois incentiva a
exportação, ou seja, tem finalidade extrafiscal.
"imposto regulatório", pois é utilizado mais como instrumento de política
econômica que propriamente para a arrecadação, por isso não se sujeita aos
princípios da anterioridade e da noventena.
Também não obedece plenamente ao princípio da legalidade, pois suas
alíquotas são alterada mediante decreto (ato do executivo)

fato gerador: é a saída de produtos do território nacional;


contribuinte: é o exportador;
base e cálculo:
- preço normal do produto, quando da exportação;
- unidade de medida (Kg, metro, etc) quando a alíquota for um valor fixo;

alíquotas:
- podem ser específicas (quantia adotada para cada caso)
ou
- ad valorem (indicada num percentual a ser aplicado sobre a base de cálculo).
alíquotas: podem ser alteradas a qualquer tempo, por ato (decreto) do
Presidente da República.

3 - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR - Art. 153, VI da CF


Tributo de competência da União que tem como fato gerador a propriedade, o
domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza, como definido na lei civil,
localizado fora da zona urbana do município.
Tal imposto visa a desestimular propriedades improdutivas, não incidindo sobre
pequenas glebas exploradas pelo próprio dono, que não possua outro imóvel.

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É o imposto federal que incidente sobre o imóvel rural (aquele localizado fora
da Zona Urbana do município) onerando o detentor da propriedade, do domínio
útil ou da posse.

Conforme Art. 158, II a União deve repassar 50% da arrecadação deste


imposto para as prefeituras em cujas áreas estiverem situados os imóveis
rurais tributados ( o município que tiver mais imóveis rurais receberá mais. A
divisão é proporcional)

Após a Emenda Constitucional nº 42 (Reforma Tributária), se estes municípios


optarem (mediante convênio com a União) por arrecadar e fiscalizar por conta
própria este imposto federal, poderão ficar com 100% da arrecadação - Art.
153, § 4º c.c Art. 158, II da CF

Características

O contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel rural, o titular do seu


domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título.

O domicílio tributário do contribuinte é o município de localização do imóvel


rural.

Considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas


de terra, localizadas na zona rural.

A base de cálculo do ITR é o valor fundiário da terra - Valor da Terra Nua


(VTN), que é o valor do imóvel sem eventuais benfeitorias.

A alíquota deste imposto possui caráter progressivo, ou seja, será tanto


maior quanto menor for o grau de utilização da terra – Art. 153, § 4º, I da CF

Imóveis Imunes ao ITR


São considerados imóveis imunes do ITR:
A pequena gleba, quando o proprietário a explore só ou com sua família e não
possua outro imóvel rural ou urbano – Art. 153, § 4º,II da CF..
É considerada pequena gleba o imóvel rural com área igual ou inferior a:

a. 100 ha, na Amazônia Ocidental, no Pantanal Mato-grossense e Sul-


mato-grossense;
b. 50 ha, no Polígono das Secas e Amazônia Oriental;
c. 30 ha, em qualquer outro município.

4 - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI - Art. 153, IV, da CF e


Arts. 46 a 51 do CTN.
Tributo de competência da União que incide sobre a produção de mercadorias
industrializadas.
Tal imposto tem como fato gerador:

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a) o desembaraço aduaneiro, quando o produto for de procedência


estrangeira;
b) saída do produto industrializado do estabelecimento a que se refere o Art.
51 do CTN;

c) a arrematação do produto industrializado, quando este for decorrente de


apreensão ou de abandono e levado a leilão.

Considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer


operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o
consumo .

É orientado pelo princípio da não-cumulatividade (compensa-se o que for


devido em cada operação com o imposto cobrado nas operações anteriores) e
da seletividade (as alíquotas são maiores para produtos não essenciais ou
que produzam efeitos nocivos à saúde, como bebidas e cigarros).

Não está sujeito ao princípio da anterioridade, pois o governo utiliza este


imposto para estimular ou não o consumo, de acordo com a política
econômica.
Porém, deve obedecer ao princípio da noventena.

Imunidade específica: O IPI não incide sobre produtos industrializados


destinados ao exterior – Art. 150, §3º, III da CF.

Possui as seguintes características:

fato gerador: o desembaraço aduaneiro, quando o produto for de procedência


estrangeira; a saída dos produtos industrializados de estabelecimento
importador, industrial, comerciante ou arrematante e a arrematação de produto,
quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.

contribuinte: o importador ou quem a lei a ele equiparar; o industrial ou quem


a lei a ele equiparar; o comerciante de produtos sujeitos ao imposto; o
arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.

base de cálculo: o valor da operação, acrescido do Imposto de Importação e


demais despesas; o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria
do estabelecimento importador, industrial ou arrematante; na falta desse valor,
o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da
praça do remetente; o preço da arrematação de produtos apreendidos ou
abandonados;
alíquotas : variam em função da essencialidade dos produtos – imposto
seletivo
Imposto não-cumulativo: ao final de cada período de apuração, o
contribuinte, por mecanismo de débito e crédito, deduz do imposto referente
aos produtos saídos o imposto pago relativamente aos produtos entrados.

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5 - Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza – IR- Art. 153, III


da CF

É um imposto que incide sobre a disponibilidade econômica ou jurídica


proveniente de renda e proventos de qualquer natureza.

Renda, para fins desse imposto, é o produto do trabalho, do capital ou da


combinação de ambos, e proventos de qualquer natureza são os acréscimos
ao patrimônio das pessoas físicas ou jurídicas não decorrentes do produto do
trabalho ou do capital.

É informado pelos critérios da

 generalidade - todas as rendas devem ser tributadas


 universalidade - todas as pessoas com capacidade contributiva devem
contribuir
 progressividade (as alíquotas devem ser graduadas de acordo com a
capacidade econômica do contribuinte dividido por faixas).

Possui as seguintes características:

fato gerador: é a renda, ou seja, o produto do capital, do trabalho ou da


combinação de ambos, e os proventos de qualquer natureza, assim entendidos
os acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda;

contribuinte: é o titular da renda ou dos proventos;

base de cálculo: é o montante da renda ou dos proventos tributáveis;

alíquotas: são progressivas e variáveis para as pessoas físicas e para as


pessoas jurídicas.

O Imposto de Renda é o mais importante dos tributos diretos.

É um imposto progressivo, na medida em que há alíquotas diferenciadas, além


da faixa de isenção.

6 - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a


Títulos ou Valores Mobiliários - IOF (Imposto Sobre Operações
Financeiras)
Tributo de competência da União cujo fato gerador é apontado pelo Art. 63 do
CTN:
Art. 63 - O imposto, de competência da União, sobre operações de
crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e
valores mobiliários tem como fato gerador:
I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total
ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da
obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado;

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II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de


moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente,
ou sua colocação à disposição do interessado, em montante
equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à
disposição por este;
III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da
apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na
forma da lei aplicável;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a
emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei
aplicável.
Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no
inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou
resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito.
Art. 64 - A base de cálculo do imposto é:
I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação,
compreendendo o principal e os juros;
II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda
nacional, recebido, entregue ou posto à disposição;
III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:
a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;
b) na transmissão, o preço ou o valor nominal ou o valor da cotação
em Bolsa, como determinar a lei;
c) no pagamento ou resgate, o preço.
Art. 65 - O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites
estabelecidos em lei, alterar as Alíquotas do imposto, a fim de ajustá-
lo aos objetivos da política monetária.
Art. 66 - Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação
tributada, como dispuser a lei.

O IOF é um imposto utilizado como instrumento de política monetária, não se


submete ao princípio da anterioridade.
O Poder Executivo (decreto) pode alterar suas alíquotas para ajustá-lo à
conjuntura monetária e inflacionária em cada momento, assim como à política
de câmbio, não obedecendo, portanto, plenamente o princípio da legalidade.
fato gerador : depende da espécie de operação financeira; nas operações de
crédito, é o valor objeto da operação; nas operações de câmbio, é a efetivação
da operação (troca de moedas); nas operações de seguro, é a emissão da
apólice; nas operações relativas a títulos e valores mobiliários, é a emissão, a
transmissão, o pagamento ou os resgates desses títulos, na forma da
legislação específica;
contribuinte: é quem se beneficia da operação financeira;
base de cálculo : é o valor da operação;
alíquotas : podem ser alteradas administrativamente (Decreto) em razão da
política econômica do governo federal, não estando sujeitas aos princípios da
anterioridade e da noventena.
Também não obedece plenamente ao princípio da legalidade, pois suas
alíquotas são alterada mediante decreto (ato do executivo).

7 - Imposto sobre Grandes Fortunas – Art. 153, VII da CF


Tributo de competência da União que ainda dependente de regulamentação
mediante lei complementar. Observe-se que fortuna não significa,

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evidentemente, grande fortuna, de modo que sua incidência será restritíssima.


CF: Art. 153, VII
8 - Imposto extraordinário de guerra– Art. 154, II da CF

A União poderá, ainda, instituir impostos extraordinários, em caso de guerra


externa ou sua iminência.
Tais impostos devem ser suprimidos assim que cessadas as circunstâncias
que os ensejaram.

9 - Imposto da competência residual – 154, I da CF

Outros impostos de competência da União poderão ser instituídos, mediante lei


complementar, desde que não tenham fato gerador nem base de cálculo
idênticos aos dos impostos expressamente discriminados na
Constituição e não tenham alíquotas de caráter cumulativo.
É a ch,amada competência residual da União - além dos impostos que já
existem a União, e somente ela, pode criar outros.

II - EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

- Empréstimo Compulsório – Art. 148, I e II da C.F


empréstimo: ato voluntário

- empréstimo compulsório – é uma expressão juridicamente incompatível –


contraditio terminis

Este tributo só pode ser criado em caso de calamidade pública ou para


investimento em caráter nacional necessário e urgente.

Requisitos para sua instituição:


- competência privativa/exclusiva da União
- só pode ser criados mediante lei complementar
- a lei complementar que criá-lo dever prever correção monetária, prazo,
forma e modo de devolução que deve ser em dinheiro
- obrigatoriedade de devolução (senão vira imposto)
- calamidade pública ou investimento de caráter nacional , necessário e
urgente.

Apenas nos caso de calamidade pública (Art. 148, I) o empréstimo


compulsório não precisa atender ao princípio da anterioridade tributária, ou seja
ele pode ser cobrado no mesmo exercício em que for criado (urgência, por
exemplo, enchente, catástrofe natural).

Características:
- é um tributo de finalidade fiscal – visa arrecadar recursos para fazer face à
despesa extraordinária.

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- Não é vinculado à um atividade estatal: o fato gerador é adquirir o carro, o


combustível, etc., mas não está vinculado a atividade estatal específica
para o contribuinte.
- Afetação: ele está afetado, ligado ao fato que o gerou (vinculação dos
recursos obtidos às despesas extraordinárias)

Pode ser criado por medida provisória se houver urgência e relevância social?
Há 02 correntes:

- Sim, pois a medida tem força de lei e depois será convertida em lei
complementar e facilita atuação emergente.
- Não, porque se o legislador constitucional falou em lei complementar, não
pode ser criado por qualquer outra espécie legislativa – corrente majoritária

Requisito essencial do empréstimo compulsório: devolução, não importa


que seja compulsório, se é empréstimo deve ser devolvido (caso contrário
criou-se um imposto desvirtuado)

*** Algumas autores (Hugo de Brito Machado, por exemplo) entendem que o
empréstimo compulsório não seria uma espécie de tributo porque ele não gera
receita pública (o dinheiro que entra tem que ser devolvido).

Porém, a opinião acima não é a posição dominante na doutrina, pois o


empréstimo compulsório é previsto na Constituição Federal no capítulo que
trata do Sistema Tributário Nacional e se adequa perfeitamente à definição de
tributo contida no Art. 3º do CTN: - é criado por lei, é uma prestação pecuniária
em dinheiro, não é sanção de ato ilícito é obrigação cobrada mediante
atividade plenamente vinculada.

III - CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS, TAMBÉM DENOMINADAS ESPECIAIS –


ARTS. 149 E 195,I,II,III e IV DA CF

Segundo o artigo 149 da constituição Federal, compete à União instituir


contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas.

Segundo o artigo 195,II, III da CF a seguridade social será financiada por toda
a sociedade de forma direta e indireta, mediante recursos da União, Estados,
distrito Federal e dos Municípios e das seguintes contribuições sociais:
- do empregador
- da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes
sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos a
qualquer pessoa física que lhe preste serviço; receita ou faturamento e o
lucro

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Conforme se observa, essas contribuições caracterizam-se pela


correspondente finalidade de sua instituição.

Assim à luz da nossa Carta Magna, podemos conceituar a contribuição


social/especial como espécie de tributo com finalidade constitucionalmente
definida:
-intervenção no domínio econômico,
-interesse das categorias profissionais ou econômicas e
-seguridade social.

A função das contribuições sociais/especiais, em face da vigente Constituição


não é apenas suprir de recursos os cofres públicos, ou seja, não tem função
meramente fiscal.
Umas têm natureza parafiscal (seguridade social e de interesse das categorias
profissionais), outras tem natureza extrafiscal (contribuições de intervenção do
domínio econômico).

Competência Impositiva : (quem pode instituir contribuições sociais/especiais)


Nos termos do Art. 149 da CF , compete exclusivamente à União Instituir
Contribuições sociais.

Exceções:
-O Art. 149, parágrafo único permite que os Estados, Distrito Federal eis
Municípios instituam contribuição, a ser cobrada de seus servidores, o custeio
dos seus respectivos sistemas de previdência

- Art. 149-A: Contribuição de iluminação pública - de competência dos


Municípios e do Distrito Federal

As funções das Contribuições Sociais:

As contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas, e as


contribuições para a seguridade social, destinam-se a arrecadar recursos
financeiros para entidades do Poder Público com atribuições específicas –
função nitidamente parafiscal.

As contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas têm a


função de constituir receita para as entidades representativas dessas
categorias profissionais.

A contribuição de seguridade social tem a função de constituir receita para o


orçamento da seguridade social (Art. 194 da C.F) – previdência, saúde e
assistência social - administrada pelo INSS.

Já as contribuições de intervenção no domínio econômico, sua cobrança


destina-se a arrecadar recursos para órgão do Poder Público incumbido de
fiscalizar, incentivar e interferir em determinado setor da economia – exercem

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assim função extrafiscal, pois além de arrecadar recursos, estas contribuições


funcionam como instrumento de intervenção do Estado em determinados
setores

ESPÉCIES DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS/ESPECIAIS:

a) contribuição de intervenção no domínio econômico

São instrumentos de intervenção na economia, ou seja, arrecadam recursos


para financiar a intervenção estatal no domínio econômico
Tem finalidade extrafiscal.

Essas contribuições foram criadas com a finalidade de arrecadar fundos para


entidades da Administração direta e indireta, que vão exercer a atividade de
regular o exercício de determinada atividade econômica ou setor da economia.

- Este tributo não incide sobre receita de exportação.

Ex:
-IAA – Contribuição do Instituto do Açúcar e do Álcool.
É devida pelos produtores de açúcar e de álcool para custeio da atividade
intervencionista da União na economia canavieira

-AFRMM - Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante, essa


contribuição é cobrada das empresas que atuam nos portos brasileiros e
destinam-se custear a intervenção da União nas atividades de apoio ao
desenvolvimento da marinha mercante e da construção naval.
Esse adicional é cobrado mediante incidência de alíquotas diversificadas sobre
o frete, por ocasião da entrada da embarcação no porto de descarga.

-CIDE/Combustíveis – contribuição de intervenção no domínio econômico


incidente sobre a comercialização e importação de petróleo e seus derivados,
gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível artigo 177, parágrafo
4º acrescentado pela EC nº 33/2001:
destina-se ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool
combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo,
financiamento de programas ambientais ligados à industria de petróleo e de
gás e ao financiamento de programas infra-estrutura.
O fato gerador da contribuição é a operação de importação e operação de
comercialização de combustíveis.

são contribuintes o produtor, o formulador (fabricante) e o importador.

***Por força das alterações introduzidas pela EC nº 42/03, a União deverá


transferir aos Estados membros 29% dos Produtos de arrecadação da CIDE,

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ficando, entretanto, os recursos financeiros recebidos vinculados ao


financiamento de projetos de infra-estrutura de transportes (artigo 159, III da
CF).
Os Estados, por sua vez, deverão repassar a seus Municípios 25% dos
recursos da CIDE que receberem da União. Os Municípios deverão dar aos
recursos mesma destinação, ou seja, aplicar em infra-estrutura de transportes

b) contribuição de interesse das categorias profissionais

São contribuições que se destinam ao custeio das atividades das instituições


fiscalizadoras e representativas de categorias profissionais ou econômicas.

- A União disciplina por lei a atuação destas entidades e lhe conferem a


capacidade de arrecadar contribuições legalmente instituídas para que
tenham suporte financeiro para atingir seus objetivos.

O fato gerador estas contribuições é o exercício de atividade profissional


ou econômica.

Ex.: Anuidade do CRM – Conselho Regional de Medicina – somente os


médicos pagam

Contribuições para o “sistema S”- Sesc, Sesi, Senai – somente contribui quem
é da respectiva categoria econômica: comercio, industria

c) Contribuições Sociais do Artigo 195, incisos I, II, III da CF:

Nos termos do Art. 195 da CF, a seguridade social é financiada por toda a
sociedade, de forma indireta, através de recursos orçamentários da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de forma direta, através de
contribuições sociais abaixo:

1 - Artigo 195, I CF :
os empregadores pagam três contribuições sociais (uma das razões que
levam o nosso País a apresentar uma das mais caras mãos de obra do mundo)
sendo elas:

1.1)contribuição incidente sobre a folha de salário:

Em regra a contribuição é de 20% sobre o total das remunerações pagas ou


creditadas , a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregados,
empresários, trabalhadores avulsos e autônomos que lhes prestem serviço, e
15% sobre o valor da nota fiscal ou fatura da prestação de serviço de
cooperativas de trabalho.

1.2) contribuições incidentes sobre o faturamento:

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COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social


Base de Cálculo: receita bruta
Alíquota: 7,6% sobre a receita bruta.

PIS - Programa De Integração Social - Lei Complementar 07/1970.


PASEP - Programa De Formação Do Patrimônio Do Servidor Público – Lei
Complementar 08/1790.

Estas duas contribuições a partir da CF/88, passaram a financiar o programa


seguro-desemprego e o abono (empregado ou servidor que ganhe até 2
salários mínimos mensais faz jus a um salário mínimo anual)

São contribuintes do PIS as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhe


são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, inclusive empresas
prestadoras de serviços, empresas públicas e sociedades de economia mista e
suas subsidiárias, excluídas as microempresas e as empresas de pequeno
porte submetidas ao regime do SIMPLES (Lei Complementar 123/2006) e as
empresas tributadas pel o IR com base no lucro presumido.

Base De Cálculo: A partir de 01.02.1999, com a edição da Lei 9718/98 , a


base de cálculo da contribuição é a totalidade das receitas auferidas pela
pessoa jurídica (receita bruta), sendo irrelevante o tipo de atividade por
ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas.
Alíquota: 1,65%

1.3) contribuição sobre o lucro:

CSLL - CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO


A contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) foi instituída pela Lei nº
7.689/1988.
Aplicam-se à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento
estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, mantidas a base
de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor (Lei nº 8.981, de
1995, art. 57).
Desta forma, além do IRPJ, a pessoa jurídica optante pelo Lucro Real,
Presumido ou Arbitrado deverá recolher a Contribuição Social sobre o Lucro
Presumido (CSLL), também pela forma escolhida.
Não é possível, por exemplo, a empresa optar por recolher o IRPJ pelo Lucro
Real e a CSSL pelo lucro presumido.
Escolhida a opção, deverá proceder á tributação, tanto do IRPJ quanto da
CSLL, pela forma escolhida.

Base de Cálculo Da CSLL - a partir De 01.09.2003:

1-LUCRO PRESUMIDO

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A partir de 01.09.2003, por força do art. 22 da Lei 10684/2003, a base de


cálculo da CSSL, devida pelas pessoas jurídicas optantes pelo lucro
presumido corresponderá a:
12% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços
hospitalares e de transporte;
32% para:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e
transporte;
b) intermediação de negócios;
c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de
qualquer natureza.

2 - ESTIMATIVA MENSAL

As empresas que recolhem a CSLL por estimativa mensal, a partir de


01.09.2003, deverão considerar a nova base de cálculo da CSLL de 32% para
as seguintes atividades:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de
transporte;
b) intermediação de negócios;
c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de
qualquer natureza;
d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,
mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a
pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas
mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).

3 - LUCRO REAL
A base de cálculo para as pessoas jurídicas optantes pelo lucro real é o lucro
contábil, ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação.
Alíquota de 9%

2 - Art. 195, II CF:


O trabalhador e demais segurados da previdência social, também recolhem
contribuição social cujo valor vai variar de acordo com o salário ou
rendimentos desses contribuintes, Alguns são contribuintes obrigatórios da
seguridade social outros são facultativos.

3- Art. 195, III CF:


Há ainda a contribuição social sobre a receita de concursos e
prognósticos (loterias e corrida de cavalo)

- Contribuições sobre a receita de concursos de prognósticos


A renda líquida (abate-se os gastos operacionais, prêmios e impostos) de tais
concursos devem ser destinados à seguridade social, bem como 3% das
apostas de cada corrida promovida por entidades turfísticas (turfe – corrida de
cavalos)

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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
DIREITO TRIBUTÁRIO II
PROFª. CRISTINA BARBOSA RODRIGUES

4 – Art. 195, IV CF : contribuição social do importador de bens ou serviços do


exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 

REFERÊNCIAS
Machado, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário, editora Malheiros.
Mazza, Alexandre. Manual de Direito Tributário, editora Saraiva.
Harada, Kioshi. Direito Financeiro e Tributário, editora Altas.
Amaro, Luiciano. Curso de Direito Tributário, editora Saraiva.
Constituição Federal.
Código Tributário Nacional.
Portal Tributário - www.portaltributario.com.br

BOM ESTUDO!!!

“NÃO PERMITA QUE AS DIFICULADADES APAGUEM O BRILHO DOS


SEUS OLHOS!
ESSE BRILHO, AO REFLETIR A LUZ DA ALMA, REPRESENTA OS SEUS
SONHOS
E SEM SONHOS NÃO PODEMOS VIVER!”

SUCESSO!

CRISTINA BARBOSA RODRIGUES

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