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Sumário

ANATOMIA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR .......................................... 4

Componentes ósseos e articulares .............................................................................................. 5

Maxila......................................................................................................................................... 7

Mandíbula................................................................................................................................... 8

Disco articular ............................................................................................................................ 8

Cápsula articular ......................................................................................................................... 9

Componentes ligamentares ...................................................................................................... 11

Componentes musculares ......................................................................................................... 13

Músculos elevadores da mandíbula.......................................................................................... 13

Músculo temporal ..................................................................................................................... 13

Músculo masseter ..................................................................................................................... 14

Músculo pterigóideo medial ..................................................................................................... 14

Músculo pterigóideo lateral ...................................................................................................... 15

BIOMECÂNICA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR .................................. 19

PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ............... 23

AS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES (DTMS) ................................................ 24

FATORES ENVOLVIDOS NAS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES ............... 30

AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL EM DTMS ................................................................. 42

IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE ........................................................................................ 42

ANAMNESE ............................................................................................................................ 43

EXAMES COMPLEMENTARES ........................................................................................... 44


EXAME FÍSICO ...................................................................................................................... 45

Avaliação da ATM ................................................................................................................... 45

PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL EM DTM .................................... 60

Profissionais da equipe interdisciplinar: ................................................................................... 60

Tratamentos já realizados ou em curso: ................................................................................... 61

História da moléstia atual ......................................................................................................... 62

Avaliação da ATM ................................................................................................................... 66

Exame muscular (sensibilidade à palpação) ............................................................................. 67

Goniometria da região cervical................................................................................................. 68

ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR PARA AS DTMS... 69

ETAPAS DA ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA ......................................................... 101

GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 102

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 109


ANATOMIA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

A articulação temporomandibular, conhecida pela sigla ATM, é um conjunto de


estruturas que permite à mandíbula movimentar-se em torno de um osso fixo durante a
mastigação. Possui íntima relação com os dentes e faz parte do sistema estomatognático
(conjunto de órgãos e tecidos que atuam de forma integrada e participam dos processos
de mastigação, deglutição, respiração, fonação e postura).
Localiza-se entre a região distal superior da mandíbula e a região inferior lateral
do osso temporal.

FIGURA - ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

FONTE: Adaptado de MSD, 2008.


A ATM é uma articulação móvel (diartrose), considerada uma das articulações
mais complexas e utilizadas do organismo humano, realizando aproximadamente 2 mil
movimentos por dia, durante os atos de falar, mastigar, deglutir, bocejar. É possível
palpá-la colocando os dedos indicadores logo à frente dos ouvidos e realizando
movimentos de abertura e fechamento da boca.
É capaz de realizar movimentos de dobradiça e de deslocamento em torno dos
eixos sagital, horizontal e longitudinal (triaxial), sendo classificada como articulação
ginglimoartroidal. Há uma ATM de cada lado da face, e elas são responsáveis pelos
movimentos de abertura, fechamento, protusão, retrusão e lateralização da mandíbula.
A articulação temporomandibular possui algumas peculiaridades: existem duas
ATMs, uma em cada lado da face, porém elas só atuam em conjunto, não se movendo

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de forma independente; a superfície oclusal dos dentes representa um ponto rígido de
fechamento terminal da articulação; a ATM não é revestida por cartilagem hialina como
a maioria das articulações e sim por uma camada de tecido fibroso avascular
(fibrocartilagem), resistente às forças compressivas.

Componentes ósseos e articulares


A ATM possui um componente fixo (osso temporal) e um componente móvel
que se desloca (mandíbula). Separando estes dois ossos existe a cartilagem articular e
o disco articular (tecido fibrocartilaginoso que divide o espaço entre o côndilo
mandibular e o osso temporal em superior e inferior).
Os dentes são responsáveis pelo perfeito equilíbrio dos músculos, da articulação
e dos ligamentos, possuindo estreita relação com o adequado funcionamento da ATM.
Em decorrência disto, falhas na dentição ou alterações oclusais podem sobrecarregar a
articulação, causando dor e outros sintomas.

FIGURA - OSSOS DA ATM

Maxila (A); Mandíbula (B); Osso Temporal (C).


FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008.Osso temporal

O temporal é um osso par que exerce a importante função de abrigar o sistema


auditivo humano. Possui formato piramidal e articula-se com os ossos: occipital,
parietal, zigomático, esfenoide e mandíbula e está subdividido em três porções:
escamosa (região superior e anterolateral, em formato de concha); timpânica (projeção

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cônica da parte petrosa do osso temporal) e petrosa (porção mais complexa pela
quantidade de estruturas anatômicas a ela relacionadas).

FIGURA - OSSO TEMPORAL

FONTE: Adaptado de WIKIPÉDIA (A), 2008.

Na margem inferior da porção escamosa do osso temporal localiza-se uma


estrutura denominada fossa mandibular (cavidade glenoide). Constitui-se por uma
concavidade situada abaixo e à frente do meato acústico externo. No adulto, esta região
é protegida por uma delgada camada de tecido fibroso. Existe uma protuberância óssea
na região anterior da fossa mandibular, denominada tubérculo articular, que atua
como limitadora anterior para os movimentos condilares. É uma estrutura espessa, que
tolera a presença de forças durante a função.
FIGURA - ESTRUTURA INTERNA DA ATM

FONTE: Adaptado de WIKIPÉDIA (B), 2008.

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A região posterior da fossa mandibular abriga a parte posterior do disco articular
sendo ricamente inervada e irrigada. Esta região é conhecida como zona bilaminar
(retrodiscal). Trata-se de uma faixa de tecido conjuntivo que contém no seu interior
espaços que são preenchidos com sangue durante o deslocamento anterior da
mandíbula.Apresenta duas lâminas: superior (une a porção superior da borda posterior
da cartilagem à placa timpânica e apresenta na sua constituição grande concentração de
fibras elásticas); e inferior (une a porção inferior da borda posterior da cartilagem à
superfície posterior e superior do côndilo, sendo composto de fibras colágenas).

FIGURA - ZONA RETRODISCAL

FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008.


Na região posterior da fossa temporal encontra-se a parede timpânica.
Nessa área situam-se as fissuras escamotimpânica, petrotimpânica e a
retroescamosa. A fissura petrotimpânica estabelece uma comunicação entre o ouvido
médio e a ATM. Por ela, passam o nervo da corda do tímpano, a artéria e a veia
timpânica. Essas estruturas nervosas e vasculares estão fora dos limites funcionais da
articulação, estando protegidas de qualquer pressão do côndilo.

Maxila

Parte fixa do crânio, que constitui a porção estacionária do sistema mastigatório.


Inferiormente forma-se o palato (teto da cavidade oral) e o assoalho da cavidade nasal.

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Mandíbula

Osso móvel, em forma de U que sustenta os dentes inferiores. É constituída por


um corpo e dois ramos. Cada ramo termina em duas extensões proeminentes
denominadas processos coronoide e condilar.
O processo coronoide é o processo posterior, onde se insere o músculo
temporal. O processo condilar é a parte que apresenta um colo a partir do qual se
origina a cabeça da mandíbula. Esta se articula com a fossa mandibular no osso
temporal, formando a ATM.
A forma e o tamanho dos côndilos variam entre os indivíduos a até mesmo entre
os côndilos direito e esquerdo de um mesmo indivíduo. Normalmente, mede cerca de 20
mm de comprimento e 10 mm de largura. Na porção anterior do côndilo existe uma área
onde se insere o músculo pterigóideo lateral denominada fossa pterigóidea.
FIGURA - MAXILA E MANDÍBULA

FONTE: Adaptado de BBLOGER, 2008.

Disco articular

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O disco articular é uma placa ovalada que divide a cavidade articular em dois
compartimentos: superior e inferior. Possui uma estrutura fibrocartilaginosa dividida
em três partes: anterior, média e posterior. É avascular e não possui inervação.
Exerce a função de prolongar a fossa mandibular nos movimentos anteriores do
côndilo da mandíbula estabelecendo concordância entre as superfícies articulares e
funciona também como amortecedor de forças (BURIGO, 2004).
FIGURA - DISCO ARTICULAR

FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008.

O disco está relacionado com a cápsula articular em toda a sua margem.


Anteriormente, o disco e a cápsula fundem-se e permitem a inserção do músculo
pterigóideo lateral. Lateralmente e medialmente, o disco e a cápsula estão fixados
independentemente nas partes lateral e medial do côndilo da mandíbula. Posteriormente,
o disco e a cápsula estão unidos pela zona retrodiscal. Esta união dá ao disco a
liberdade necessária, permitindo o movimento anterior, no caso de protusão e
abaixamento da mandíbula.

Cápsula articular

A cápsula articular é uma membrana fibrosa e fina que circunda a articulação e

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une suas partes. Estende-se da fossa mandibular até o colo da mandíbula. É inervada e
relativamente frouxa, permitindo a movimentação da mandíbula. Resiste a pressões
medianas, laterais e inferiores que tendam a separar ou deslocar as superfícies
articulares, definindo os limites anatômicos e funcionais da ATM, entre a fossa
mandibular, eminência articular e nos polos medial e lateral do côndilo, abaixo da
inserção dos ligamentos colaterais. Constitui-se por tecido conjuntivo e apresenta-se em
duas camadas: superfície interna (membrana sinovial) e superfície externa
(membrana fibrosa).
FIGURA - CÁPSULA ARTICULAR

FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008.

A membrana sinovial é formada por vilosidades do tecido conjuntivo, que se


projetam para o interior da cavidade articular. É composta por fibroblastos e macrófagos
denominados de células sinoviais, produtoras de líquido sinovial (produto do plasma
adicionado de proteínas e mucina que leva nutriente e lubrifica os tecidos avasculares
que recobrem o côndilo, a protuberância e o disco articular).
O líquido sinovial confere viscosidade, elasticidade e plasticidade à articulação.
A quantidade de líquido sinovial aumenta quando a articulação encontra- se sob maior
pressão e o número de movimentos mandibulares também é aumentado, promovendo
lubrificação e nutrição a todas as superfícies da ATM. Esta é uma situação frequente em
indivíduos que realizam hábitos parafuncionais.
Esta membrana é especialmente abundante nos setores mais vascularizados e
inervados das superfícies superior e inferior da zona retrodiscal, sempre se apresentando
nas regiões periféricas à área funcional.
A membrana fibrosa é formada por tecido conjuntivo denso e fibroso, sendo

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reforçada na sua superfície lateral onde forma-se o ligamento temporomandibular.
Componentes ligamentares

Os ligamentos atuam como guias para restringir alguns movimentos


mandibulares dentro dos limites estabelecidos pela cápsula, ligamentos, músculos e
proprioceptores.
Há três ligamentos funcionais na ATM: colaterais, capsular e
temporomandibular.

FIGURA - LIGAMENTOS FUNCIONAIS

FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008.

Os ligamentos colaterais estão fixados ao disco articular nos dois polos


condilares. São intracapsulares existindo um medial e um lateral. Exercem a função
de estabilizar o disco articular sobre o processo condilar durante os movimentos

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de rotação e translação da ATM.O ligamento capsular apresenta-se como um
envoltório que cerca toda a ATM, inserindo-se na fossa mandibular. Age resistindo a
forças medianas laterais ou inferiores que tendem a separar ou deslocar as superfícies
articulares, protegendo a articulação.O ligamento temporomandibular localiza-se na
parte externa do ligamento capsular, sendo considerado algumas vezes como um
espaçamento da mesma. Pode ser dividido em duas partes; uma oblíqua (ligamento
oblíquo) e outra horizontal (ligamento horizontal).O ligamento oblíquo une o tubérculo
articular e o processo zigomático à borda posterior do colo do côndilo limitando o grau
de rotação do mesmo.O ligamento horizontal liga-se anteriormente também ao
tubérculo articular e processo zigomático, e posteriormente na superfície lateral do
côndilo e borda lateral da cartilagem. Esse ligamento limita o deslocamento posterior do
côndilo, evitando assim a compressão da zona retrodiscal altamente vascularizada e
inervada (KOSMINSKY, 2008).Existem também dois ligamentos acessórios:
esfenomandibular e estilomandibular. O ligamento esfenomandibular eleva-se a
partir da espinha do osso esfenoide e insere-se na mandíbula. É passivo durante os
movimentos da mandíbula mantendo a mesma intensidade de tensão durante a abertura
e fechamento da boca. O ligamento estilomandibular estende-se a partir do processo
estiloide para o ângulo medial, cobrindo a superfície exterior do processo e do
ligamento estiloide. É frouxo quando as arcadas estão fechadas ou quando a mandíbula
está sob repouso.
FIGURA - LIGAMENTOS ACESSÓRIOS

FONTE:SOARES e CASTILIO, 2008.

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Componentes musculares

Os principais músculos envolvidos com a articulação temporomandibular são o


temporal, masseter, pterigóideo medial e lateral e digástricos (supra-hióideos).
FIGURA - COMPONENTES MUSCULARES DA ATM

FONTE:TOOD, 2008.

Músculos elevadores da mandíbula

Os músculos elevadores têm como função básica a elevação da mandíbula, mas


também participam de outros movimentos mandibulares.

Músculo temporal

Músculo largo, em formato de leque, originado na fossa temporal e inserido no


processo coronoide da mandíbula. É inervado por ramos do nervo trigêmeo (ramo
mandibular) e irrigado pela artéria temporal superficial. Apresenta três divisões:
anterior (vertical), média (oblíqua) e posterior (horizontal). Além da elevação,
contraem-se os feixes anteriores, na abertura máxima e os feixes posteriores, na retração
da mandíbula e age no deslocamento contralateral. Seus fascículos dorsais se contraem
na translação com oclusão e os ventrais na rotação com oclusão. Este músculo é
fundamental na determinação do tônus muscular na posição postural da mandíbula.

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Músculo masseter

Músculo retangular dividido em uma parte superficial e outra profunda. Origina-


se no arco zigomático e insere-se no ângulo da mandíbula. É inervado por ramos do
nervo trigêmeo (ramo mandibular) e irrigado pela artéria maxilar. Além de ser elevador,
contribui significativamente para a projeção anterior e lateralidade da mandíbula.

Músculo pterigóideo medial

Corre paralelamente ao músculo masseter, agindo em conjunto com este na


protusão e no movimento de lateralidade da mandíbula com boca fechada. É inervado
por ramos do nervo trigêmeo (ramo mandibular) e irrigado pela artéria maxilar.

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FIGURA - MÚSCULOS ELEVADORES DA MANDÍBULA

Masseter (A); Temporal (B); Pterigóideo Medial (C).


FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008.
Músculos depressores da mandíbula

Os músculos depressores têm como função básica a depressão da mandíbula e


cumprem também outras funções secundárias.

Músculo pterigóideo lateral

Músculo com duas cabeças: superior e inferior.


A cabeça superior origina-se no osso esfenoide e insere-se na cápsula articular
da ATM. Atua quando há resistência muscular e quando os dentes são mantidos
fechados durante a mastigação. A cabeça inferior origina-se no processo pterigoide e
insere-se no colo da mandíbula. Quando se contrai bilateralmente, os processos
condilares são puxados para baixo e a mandíbula sofre protusão. Quando se contrai
unilateralmente, a mandíbula desloca-se lateralmente para o lado oposto ao da
contração. Quando a cabeça inferior está ativa, a superior relaxa.

FIGURA - MÚSCULO PTERIGÓIDEO LATERAL

Pterigóideo lateral superior (C); Pterigóideo lateral inferior (D).


FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008.
Músculos supra-hióideos

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Grupamento muscular composto pelos músculos digástrico, estilo- hióideo,
milo-hióideo e gênio-hioide, todos pares. Quando ativados, realizam abaixamento e
retrusão mandibular, sendo importantes para a coordenação dos movimentos
mandibulares. O digástrico é o mais importante músculo deste grupo.
FIGURA - MÚSCULOS SUPRA-HIÓIDEOS

FONTE:CHETTA, 2008.
Músculos envolvidos com a ATM

Alguns músculos da cabeça e do pescoço que participam do sistema


estomatognático possuem relação com a função da articulação temporomandibular,
tornando-se importante descrevê-los.

Músculos occipitais

Os músculos suboccipitais são o grupamento muscular que forma o trígono


suboccipital. Estão localizados na região posterior do pescoço, sobre o osso occipital,
acima da margem basal do crânio. Compõem-se pelos músculos: reto posterior maior e
menor da cabeça e oblíquo superior e inferior da cabeça.

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FIGURA- MÚSCULOS OCCIPITAIS

FONTE: MEDEIROS, 2008.

Músculo esternocleidomastóideo

Músculo oblíquo do pescoço, que parte do esterno e da clavícula para inserir-se


na apófise mastoide do osso occipital. Tem como ação a elevação da cabeça a partir da
posição supina. Frequentemente apresenta-se contraturado e dolorido em pacientes com
disfunções temporomandibulares.

FIGURA - MÚSCULO ESTERNOCLEIDOMASTÓIDEO

FONTE: NAVEDA, 2008

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Músculo trapézio

Músculo da região posterior do tronco que possibilita a elevação da escápula. É


um importante sítio de pontos de tensão e dor muscular em indivíduos portadores de
disfunções temporomandibulares.

FIGURA - MÚSCULO TRAPÉZIO


FONTE: NAVEDA, 2008

Músculo escaleno

Originam-se nas vértebras cervicais e inserem-se na primeira e segunda costelas.


Possuem três porções: anterior, média e posterior. Realizam inclinação homolateral do
pescoço.
FIGURA - MÚSCULO ESCALENO

FONTE: NAVEDA, 2008

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Vascularização e inervação da ATM

A porção anterior da ATM é irrigada pelas artérias temporal posterior e


massetérica. Posteriormente, a ATM é irrigada pelas artérias maxilar, timpânicas
anterior, auricular profunda e meníngea média e lateralmente pela artéria temporal
superficial.A drenagem venosa da ATM é realizada pelas veias correspondentes às
artérias que a irrigam.O ramo mandibular do nervo trigêmeo inerva a ATM. Este ramo é
do mesmo tronco nervoso que inerva os músculos mastigatórios. A porção anterior da
ATM é inervada pelo ramo anterior do nervo mandibular e ramos do nervo massetérico.
Posteriormente, a ATM é inervada pelo nervo aurículo-temporal.

BIOMECÂNICA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

Como já mencionado, a ATM é capaz de realizar movimentos de dobradiça e de


deslocamento, sendo estruturalmente classificada como articulação ginglimoartroidal. É
formada pela junção do côndilo mandibular com a fossa mandibular do osso temporal.
Entre esses dois ossos há um disco fibrocartilaginoso, denominado disco
articular.Funcionalmente, é classificada como triaxial por realizar movimentos em torno
dos eixos sagital, horizontal e longitudinal. Em relação ao sistema de alavanca, a ATM
é interdependente por ser uma articulação de osso único, isto é, a mandíbula como osso
único biarticulado com os ossos temporais.

Movimentos articulares

A ATM executa os movimentos de abertura, fechamento, protusão, retrusão


e lateralização da mandíbula.

Abertura
Durante a abertura bucal, o disco articular gira posteriormente próximo ao
côndilo, enquanto o complexo disco-côndilo se move para frente e para baixo, próximo
à eminência articular. A forma de tensão do ligamento posterior, em meia abertura,
auxilia a trazer para trás o disco em rotação próximo ao côndilo (SOLBERG, 1989).

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FIGURA - MOVIMENTOS DE ABERTURA E FECHAMENTO DA ATM

FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008.

O movimento de abertura inicia-se com o relaxamento dos músculos elevadores:


masseter, pterigóideo medial e fibras anteriores e médias dos temporais,
seguido do relaxamento dos músculos retratores que são as fibras posteriores dos
temporais. Ao mesmo tempo, ocorre contração dos pterigóideos laterais inferiores,
seguida de uma ação forte dos músculos supra-hióideos, principalmente o digástrico,
proporcionando uma trajetória condilar para frente e para baixo, até que se atinja a
abertura máxima. Nesta fase, o osso hióideo é estabilizado pela ação dos infra-hióideos
(SOARES e CASTILIO, 2008).

Fechamento

O fechamento inicia-se com o relaxamento dos músculos depressores (digástrico


e pterigóideos). Sincronicamente, ocorre a contração dos músculos elevadores
(masseter, pterigóideo medial e temporais), determinando o fechamento inicial com o
movimento ascendente da mandíbula, levando o conjunto côndilo/disco a deslizar pela
face articular em direção à porção profunda da fossa mandibular, numa trajetória para
cima e para trás, enquanto o mento descreve uma trajetória para cima e para frente. Na
fase final, as fibras posteriores do temporal se contraem provocando retração final da
mandíbula. Durante o movimento de fechamento e abertura o músculo pterigóideo
lateral superior e inferior atuam antagonicamente. Na abertura o pterigóideo lateral
inferior está ativo e durante o fechamento o pterigóideo lateral superior está ativo para
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evitar que o disco articular volte para sua posição repentinamente e lesione a zona
retrodiscal (SOARES e CASTILIO, 2008).

Protusão

A protusão simétrica da mandíbula é efetivada pelos músculos pterigóides


laterais a partir dos músculos elevadores, principalmente o temporal, como coadjuvante
desse movimento, no sentido de manter a mandíbula elevada enquanto ela se desloca
para frente. O movimento protrusivo envolve o deslocamento condilar para frente (ação
dos músculos pterigóideos laterais) e para baixo (segundo o ângulo ditado pela vertente
anterior da fossa articular e pelo padrão de deslocamento do disco articular).

FIGURA - MOVIMENTOS DE PROTUSÃO E RETRAÇÃO DA ATM

FONTE: WECKER, 2008.

Retração

Movimento inverso ao de protusão. Ainda sob assistência dos elevadores,


funcionam efetivamente o músculo digástrico e a porção posterior do temporal.

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Lateralização

Devido ao seu formato anatômico, a ATM não apresenta movimento de


lateralidade pura. Esse movimento só é possível para frente e para o lado,
caracterizando uma lateroprotrusão. Uma lateroprotrusão esquerda é iniciada com o
relaxamento máximo das fibras posteriores do músculo temporal direito, possibilitando,
desta forma, que o côndilo deste lado fique livre para ser tracionado. Sincronicamente
ocorre contração máxima do músculo pterigóideo lateral inferior (SOARES e
CASTILIO, 2008).
O lado contrário ao lado que a mandíbula se desloca é chamado de balanceio e é
definido como a posição contrária ao lado de trabalho. O côndilo direito desliza-se para
frente, para baixo e para mediano, formando um ângulo chamado de Bennett numa
análise no plano horizontal. O côndilo direito é denominado côndilo de balanceio
(SOARES e CASTILIO, 2008).
No lado para qual a mandíbula está sendo movimentada, o côndilo sofre tração
através da contração máxima das fibras posteriores do músculo temporal esquerdo, da
contração moderada do pterigóideo lateral superior e do relaxamento de pterigóideo
lateral inferior, determinando um pequeno movimento contrário à linha média,
denominado de movimento de Bennett, e nos dentes temos o lado de trabalho, que é
definido como sendo o lado para o qual a mandíbula se desloca e as cúspides de mesmo
nome assumem uma posição de alinhamento. O lado para o qual a mandíbula se desloca
é o lado de trabalho (SOARES e CASTILIO, 2008).
FIGURA - LATERALIZAÇÃO DA MANDÍBULA

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FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008.

PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DA ARTICULAÇÃO

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TEMPOROMANDIBULAR

AS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES (DTMS)

A articulação temporomandibular é uma complexa e importante articulação do


corpo humano que depende da estabilidade anatômica e funcional do sistema
estomatognático para funcionar de forma harmônica e adequada. Alterações articulares
ou musculares de seus componentes podem ocasionar desequilíbrios funcionais
desencadeando DTMs.
O termo disfunções temporomandibulares (DTM) designa alterações envolvendo
a ATM e seus componentes funcionais (músculos, ligamentos, disco articular). Engloba
variadas desordens relacionadas ao sistema mastigatório e que se manifestam
principalmente com dor, que pode irradiar para cabeça e braços, estalos ou crepitações e
dificuldades de abrir ou fechar a boca.
Historicamente, estas disfunções já tiveram várias nomenclaturas. Inicialmente,
eram chamadas de distúrbios da articulação temporomandibular. Em 1959, introduziu-
se o termo síndrome de disfunção da articulação temporomandibular; anos mais tarde,
criou-se a expressão distúrbios funcionais da articulação temporomandibular.
Foram utilizadas ainda outras denominações dando enfoque aos aspectos
etiológicos da disfunção, como: distúrbio oclusomandibular; mioartropatia da
articulação temporomandibular ou síndrome dor-disfunção da articulação
temporomandibular.
Em 1982, um pesquisador chamado Bell sugeriu o termo disfunções
temporomandibulares que se popularizou mundialmente.

Antecedentes históricos

Descrições dos sinais e sintomas de desarranjos funcionais e parafuncionais do


sistema mastigatório podem ser encontrados em manuscritos anteriores ao nascimento
de Cristo, oriundos do antigo Egito e da Grécia antiga.
Modernamente, o estudo das disfunções temporomandibulares (DTMs)
intensificou-se na década de 30 com estudos de Costen, um otorrinolaringologista. No
início da década de 70, estudos sistemáticos começaram a surgir focados nos sinais e
sintomas das DTMs.

24
A alta incidência de alterações funcionais da ATM desencadeou estudos de
vários profissionais em busca de possíveis fatores causais. Inicialmente, acreditava-se
que o principal fator desencadeador destas disfunções eram alterações oclusais
dentárias. Posteriormente, a hiperatividade muscular foi dada como principal motor
desencadeador de alterações funcionais da ATM. Nos anos 80, pesquisadores
levantaram a hipótese de as DTMs serem decorrentes de desarranjos articulares internos
da ATM. Atualmente, predomina o conceito de que as DTMs possuem etiologia
multifatorial.

Epidemiologia

Não existem dados precisos sobre o número de pessoas acometidas por


disfunções temporomandibulares, mas segundo estudos norte-americanos atuais cerca
de 70% da população tem ao menos um sintoma de disfunção articular e 33% de uma
disfunção muscular. Porém, apenas uma em cada quatro pessoas com sinais o reconhece
e o reportam como um sintoma. Das pessoas que apresentam um ou mais sinais de
disfunção temporomandibular, somente 5% procuram tratamento.Embora as DTMs
possam ocorrer em qualquer idade, atingem mais comumente adultos jovens (20 a 40
anos). Normalmente acometem mais mulheres do que homens, em uma proporção que
varia entre 3:1 a 9:1. Essa diferença pode ser decorrente do fato de que as mulheres
culturalmente preocupam-se mais com a sua saúde e procuram assistência médica
precocemente. A mulher está exposta à maior flutuação emocional decorrente de seus
ciclos naturais de vida (ciclo menstrual, gravidez, menopausa), estando mais predisposta
a desencadear sintomas de dores miofasciais tensionais.

Etiologia

É consenso atual entre os autores de pesquisas científicas acerca das DTMs, que
a etiologia destas disfunções é multifatorial. Acredita-se que alterações funcionais,
estruturais e psicológicas estejam reunidas e sejam desencadeadoras dos sintomas.
Diversos fatores causais podem estar relacionados à etiologia da DTM, como:
alterações de oclusão; ausência de dentes; próteses totais (dentaduras), parciais (ponte
móvel) ou pontes fixas mal adaptadas; mastigação unilateral; hábitos parafuncionais;

25
alterações posturais; tensão emocional; stress; traumas articulares agudos e crônicos;
patologias sistêmicas, entre outros. Muitas vezes esses fatores apresentam-se associados
em um mesmo indivíduo.

Sintomatologia

As DTMs podem causar alterações em diversos sistemas orgânicos, portanto


estão associadas a diversos sinais e sintomas. Há grande flutuação na sintomatologia e
são frequentes os períodos de exacerbação e remissão de sintomas.

Dor na ATM

As dores decorrentes das disfunções temporomandibulares normalmente são


profundas, do tipo musculoesquelético e obedecem a certas características: é iniciada ou
agravada pela função da ATM (falar, mastigar); a dor responde à palpação da
musculatura ou da articulação de uma maneira proporcional ao grau de força aplicada;
quando aguda, costuma ser contínua, localizada diante da orelha, podendo se irradiar
pela face ou região temporal e tem intensidade variável de leve a incapacitante. Quando
crônica, geralmente apresenta-se como uma dor contínua, leve, localizada e sem
irradiação. Quase sempre ocorre seguida de crepitação, podendo durar meses ou anos.

Cefaleia

A dor de cabeça é um sintoma muito comum entre os pacientes de DTM. Muitos


estudos encontraram dados de cefaleia recorrentes em 70% a 80% de pacientes com
disfunção temporomandibular em comparação com 20% da população em geral.
Muitos fatores podem causar ou contribuir para o aparecimento das dores de
cabeça, mas a maioria deles relaciona-se a alterações musculares. Outras causas podem
ser: constante excitação do sistema nervoso simpático e do mecanismo de resposta
hormonal ao stress; macrotraumas, mastigação unilateral, apertamento dental, bruxismo,
interferência oclusal; e distúrbios circulatórios.
As cefaleias mais suaves são comumente atribuídas às excessivas contrações da
musculatura esquelética da cabeça e pescoço. Embora possa haver um componente
vasodilatador cerebral envolvido, essas cefaleias não são causadas primariamente por

26
processos vasculares ou inflamatórios. A cefaleia tensional pode ser acompanhada de
dor facial, cervical, no ombro e nas costas, estando relacionadas com a ansiedade e
fadiga (TUCKER, 2000).
Tende a aparecer inicialmente como uma sensação de pressão firme, não
pulsátil, distribuída por toda a cabeça ou localizada na região frontal, temporal e/ou
occipital. Ela aumenta de intensidade com a movimentação da cabeça ou sob pressão
digital nos músculos envolvidos. A dor pode surgir dessa constante tensão de flexão e
extensão das partes que unem a cabeça e o pescoço a partir da lesão, espasmo do nervo
e inflamação.

Ruídos nas articulações temporomandibulares

Os ruídos articulares apresentam-se na forma de estalidos ou crepitações.


O estalido articular é um som único, seco, de curta duração que pode ocorrer
durante a abertura e o fechamento mandibular. Está frequentemente relacionado a
alterações no disco articular. O disco assume uma posição anteriorizada e quando se
tenta movimentar a mandíbula, o côndilo não consegue mover-se livremente, uma vez
que o bordo posterior do disco interfere com esse movimento. No momento em que o
côndilo consegue ultrapassar a resistência criada pelo bordo posterior do disco, é
produzido um estalo. Isto caracteriza o que é conhecido como deslocamento do disco
com redução. Ocasionalmente, o côndilo articular não consegue ultrapassar o bordo
posterior do disco. Nessa situação, o disco se transforma em uma barreira mecânica
impedindo a translação normal do côndilo, e com isso há limitação da abertura da boca
e desvio dessa abertura para o lado em que ocorreu o deslocamento do disco. Com o
passar do tempo, a amplitude de abertura da boca gradualmente vai aumentando. Isto é
conhecido como deslocamento do disco sem redução (BRUNO, 2004).
A crepitação articular é um som múltiplo que acompanha praticamente todo o
trajeto condilar e indica provável lesão do disco articular. É o barulho característico de
contato ósseo do côndilo com a eminência articular, sendo comum nas doenças
degenerativas. A crepitação lembra a sensação de se ter areia entre as superfícies
articulares quando se coloca os dedos indicador ou médio sobre a superfície lateral da
ATM e orienta-se ao paciente que faça movimentos de abertura e fechamento. Nesse
caso, o que ocorre é a ausência de superfícies articulares lisas e cobertas por uma
fibrocartilagem íntegra. Com isso, obtém-se um ruído semelhante ao de duas superfícies

27
rugosas se atritando durante um movimento.

Restrição da função mandibular

A crepitação lembra a sensação de se ter areia entre as superfícies articulares


quando se coloca os dedos indicador ou médio sobre a superfície lateral da ATM e
orienta-se ao paciente que faça movimentos de abertura e fechamento. Os valores
médios para abertura da boca na população normal se situam entre 45 mm e 55 mm.
Similarmente à dor, a limitação dos movimentos mandibulares pode causar uma grande
ansiedade nos pacientes, que podem relatar tanto uma sensação geral de apertamento na
face, o que provavelmente é uma disfunção muscular, ou a sensação de que a mandíbula
subitamente “travou”, o que frequentemente está relacionado com problemas de
deslocamento do disco da articulação temporomandibular.

SIntomas musculares

A dor e a contratura muscular ao redor da mandíbula devem-se principalmente


ao uso excessivo da musculatura, frequentemente decorrente de um stress psicológico
que faz com que o indivíduo aperte firmemente ou ranja os dentes. A maioria dos
indivíduos consegue colocar as pontas dos dedos indicador, médio e anular
verticalmente no espaço entre os dentes frontais superiores e inferiores sem forçar.
Quando um indivíduo apresenta um problema relacionado à musculatura em torno da
articulação temporomandibular, esse espaço geralmente é menor.As desordens
musculares podem ocorrer devido ao uso excessivo e incorreto da ATM, em que os
músculos sobrecarregados desenvolvem estados de contraturas e espasmos dolorosos.
Os músculos envolvidos nos movimentos da
ATM são exatamente os envolvidos com o processo mastigatório. As atividades
parafuncionais são as grandes responsáveis pelo stress muscular que inicia com
situações de contratura, evoluindo para miosites.

Sintomas oftálmicos

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Frequentemente, pacientes com disfunções temporomandibulares apresentam
sintomas como dor na região supraorbitária e nos olhos.

Sintomas otológicos

É comum pacientes com disfunções na ATM se queixarem de dor no ouvido. O


ouvido encontra-se contido no osso temporal e relaciona-se com o côndilo mandibular,
separado deste apenas pela parede timpânica. A proximidade do ouvido com a ATM e
os músculos da mastigação como também suas inervações comuns no trigêmeo, criam
uma condição frequente de dor reflexa (MACIEL, 1998).
Alguns outros sintomas no ouvido, que também podem ter origem por
problemas musculares são: dores reflexas no ouvido, sensações de ouvido tampado,
certos tipos de zumbidos ou barulhos no ouvido.

Sintomas labirínticos

As tonturas ou vertigens, também chamadas de labirintites são originadas, em


grande parte dos casos, devido a um ligamento que está em contato com o labirinto e
um músculo, que é tracionado quando ocorre um desequilíbrio na musculatura da ATM,
causando uma sensação de perda do equilíbrio ou tontura muitas vezes bastante
acentuada, que normalmente melhoram com o tratamento da ATM.

QUADRO - RESUMO DA SINTOMATOLOGIA DAS DTMS


➢ Dor na ATM ou áreas vizinhas, espontânea ou à mastigação;
➢ Dor e espasmo nos músculos mastigatórios e da coluna cervical;
➢ Dor na região auricular, podendo irradiar-se para o ângulo mandibular;
➢ Zumbido ou sensação de bloqueio nos ouvidos;
➢ Dor na região dos olhos;
➢ Cefaleia;
➢ Estalido articular
➢ Crepitação articular
➢ Restrição da função mandibular;
➢ Sintomas labirínticos (tonturas, vertigens)

29
FONTE: Elaboração própria.

FATORES ENVOLVIDOS NAS DISFUNÇÕES


TEMPOROMANDIBULARES

Condições que podem predispor ao aparecimento das DTMS, causar seu


desencadeamento ou interferir no processo de cura das disfunções.

Alterações funcionais de oclusão/ausência de dentes

Alterações de oclusão podem estar relacionadas à discrepância de bases ósseas


maxilomandibulares ou a desarmonia dental. Como a manutenção da saúde da
articulação temporomandibular depende de uma boa oclusão, potencialmente, todo
portador de má-oclusão é candidato a ter problemas na articulação temporomandibular.

Hábitos parafuncionais

Certos hábitos podem causar pressões inadequadas na articulação


temporomandibular, causando microtraumatismos articulares. Com a continuidade
destes microtraumatismos, podem ocorrer alterações intra-articulares, como:
deslocamento de disco articular, alterações capsulares e ligamentares, diminuição de
líquido sinovial, entre outras. Estes hábitos inadequados podem induzir ou agravar
alterações estruturais. Por exemplo, abrasão dentária pode agravar situações
preexistentes, tais como mordida profunda ou um edentulismo parcial, com perda da
dimensão vertical e deslocamento mandibular. Em outros casos, o bruxismo pode levar
a uma nova posição intercuspidal e deslocamento mandibular severo (FUZARO, 2007).
Entre os hábitos parafuncionais mais comuns, pode-se citar: apertamento dental
diurno ou noturno; apertamento de lábios; colocação de objetos entre os dentes; apoio
de mão na mandíbula; bruxismo; briquitismo; roer unhas ou remover cutículas com os
dentes; mastigar de um só lado; chupar ou morder o dedo; apoiar a mão sobre o queixo
enquanto dorme; dormir com travesseiros inadequados; apoiar com o ombro o telefone
de encontro com o ouvido.

30
Em especial, hábitos de apertamento dental, bruxismo e briquitismo,
ocasionam desgastes excessivos dos dentes.
O bruxismo é um hábito noturno, caracterizado pelo apertar ou ranger de
dentes, em que as forças sobre a musculatura mastigatória são excessivas, produzindo
dores de cabeça, problemas gengivais, desgaste do esmalte ou mobilidade dental e
disfunções temporomandibulares, entre outros sintomas. Por ser um hábito noturno,
muitas vezes, o paciente desconhece essa realidade. Alguns dos principais sinais e
sintomas do bruxismo são: acordar com os músculos da face cansados ou doloridos;
acordar com a mandíbula travada; presença de desgaste nos dentes caninos.
Denomina-se briquismo, quando esse hábito é diurno.

FIGURA - DESGASTES DENTÁRIOS CAUSADOS PELO BRUXISMO E


BRIQUISMO

FONTE: BARROS, 2008.

Pacientes portadores dos hábitos do bruxismo ou briquismo podem relatar


sensibilidade nos dentes ao ingerir alimentos gelados ou ácidos. Devido à abrasão da
superfície de mastigação, pode haver perda de parte do esmalte do dente, expondo a
dentina. É comum observar, uma cor escurecida na superfície de mastigação dos dentes.
O constante atrito ou aperto entre os dentes superiores e inferiores podem causar
problemas periodontais, como bolsas, retração gengival, perda do tecido ósseo de
sustentação e mobilidade dental (BARROS, 2008).

Tensão muscular

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Condições de stress crônico podem tirar os músculos do estado de repouso para
um estado de contração excessiva. Essa hiperatividade dos músculos pode fazer com
que eles fiquem doloridos. Fatores tensionais levam, por vezes, o indivíduo a assumir
posturas errôneas da cabeça, dos ombros e mesmo de todo o corpo, tendo como reflexo
dor na musculatura cervical e cefaleias de tensão e desencadeando mialgias, pontos de
espasmo, contratura muscular e pontos gatilho (trigger points).

Respiração bucal

Respirar pela boca facilita a protusão da cabeça, abaixamento da mandíbula,


posição inferiorizada e anteriorizada da língua. A respiração bucal pode então, aumentar
a atividade dos músculos acessórios, como esternocleidomastóideos e escalenos.
Quando esses músculos se contraem e têm como ponto fixo o tórax, eles puxarão para
frente e para baixo as vértebras cervicais superiores onde elas se originam
(CARVALHO, 2008 e DOUGLAS, 1998).
Dessa forma o occipital se anterioriza, contudo os músculos cervicais posteriores
se contraem, exercendo uma força de extensão do occipital. Para regular a linha da
visão, os músculos da parte inferior da cervical e do quadrante torácico superior,
flexionam-se produzindo uma cifose torácica.
Com o occipital estendido, a boca se abre e a mandíbula retrai. Quando a boca se
fecha, os supra e infra-hióideos ficam mais tensos. A cabeça da mandíbula assume uma
postura mais posteriorizada comprimindo a zona retrodiscal e gerando dor. Uma
alteração da mandíbula pode ocasionar uma alteração da mecânica da ATM.

Traumas das estruturas mastigatórias e da coluna cervical

Traumas bruscos nas estruturas mastigatórias podem resultar em alterações


nas relações entre os maxilares, desencadeando uma DTM. Quando, por razões
diversas, a boca é mantida aberta de modo exagerado (em um tratamento médico ou
odontológico prolongado, por exemplo), poderá haver danos aos ligamentos, à cápsula
articular ou mesmo deslocamento de disco articular.
Uma condição frequentemente associada a acidentes de carro é a

32
aceleração/desaceleração cervical (whiplash). É caracterizada como o movimento
brusco da cabeça para frente e para trás, causando estiramento e compressão dos
componentes da articulação temporomandibular, podendo danificá-la.

Disfunções sistêmicas

Alterações sistêmicas que comprometem outras articulações do corpo podem


atingir as articulações temporomandibulares, é o que ocorre nos casos da artrite
psoriática, lúpus e artrite reumatoide.

Fatores posturais

As DTMs podem ser desencadeadas ou agravadas por alterações do padrão


postural adequado. Estas podem alterar a posição do osso hioide e consequentemente
da posição postural da mandíbula (pela ação dos músculos supra-hióideos). Podem
ocorrer alterações morfofuncionais ao redor dos músculos da cabeça, do pescoço e dos
ombros.Funcionalmente, a coluna cervical, a ATM e as articulações entre os dentes
estão intimamente relacionadas. A anormalidade funcional ou má posição de uma delas
pode afetar a função ou posição das outras. O equilíbrio entre os flexores e extensores
da cabeça e pescoço é afetado pelos músculos da mastigação e os músculos supra e
infra-hióideos. A desordem tanto nos músculos da mastigação quanto nos músculos
cervicais pode facilmente alterar este equilíbrio. Este equilíbrio entre os grupos
musculares opostos é visto na postura relaxada.Uma alteração postural comum em
pacientes portadores de DTM é o posicionamento anterior da cabeça. Esta posição leva
a hiperextensão da cabeça sobre o pescoço, quando o paciente corrige para as
necessidades visuais, flexão do pescoço sobre o tórax, e migração posterior da
mandíbula. Estes fatores podem levar a dor e disfunção na cabeça e pescoço.A postura
da cabeça e do pescoço e a oclusão são mutuamente relacionadas, assim, a postura ideal
é dividida em três classes, sendo:
➢ Classe I (oclusão normal): os dentes inferiores devem
estar circunscritos pelos dentes superiores, em intercuspidação máxima,
os incisivos superiores devem recobrir um terço dos incisivos inferiores;
➢ Classe II: recuo relativo da mandíbula, os molares
superiores e inferiores perdem a distância normal de meio dente de

33
defasagem.
➢ Classe III: avanço da mandíbula para frente, posição
baixa da língua. Postura militar – cabeça para trás em retração, tórax
inflado;

FIGURA - RELAÇÃO ENTRE A OCLUSÃO E A POSTURA

FONTE: Adaptado de GOMES, 2008.

Fatores psicológicos
34
Os fatores psicológicos das DTMs são normalmente classificados em três
grupos: comportamentais, cognitivos e afetivos. Os fatores comportamentais
incluem hábitos bucais, postura da mandíbula e tensão muscular. Inclui
comportamentos observáveis das atitudes dos indivíduos. A categoria cognitiva
engloba sentimentos de como o indivíduo se sente frente a alterações de saúde, crenças
sobre a causa e o significado do sintoma. A categoria afetiva inclui condições
emocionais gerais (ansiedade, depressão, medo).

Fatores predisponentes ➢ Falta de dentes;


(aumentam o risco de aparecimento ➢ Alterações funcionais;
de DTMs) ➢ Hábitos parafuncionais;
➢ Respiração bucal;
➢ Tensão muscular.
Fatores de início (podem ➢ Trauma das estruturas mastigatórias;
desencadear as DTMs) ➢ Atividades parafuncionais moderadas ou
severas;
➢ Mudanças bruscas nas relações entre os
maxilares;
➢ Intensa tensão física ou psicológica
súbita;
➢ Aceleração/desaceleração cervical
(whiplash)
➢ Condições médicas
que conduzem a
desarranjo estrutural.
Fatores perpetuadores (podem ➢ Fatores posturais;
interferir no processo de cura) ➢ Fatores oclusais;
➢ Fatores psicossociais;
➢ Disfunções musculares.
FONTE: Elaboração própria baseada em BRUNO, 2008.
CLASSIFICAÇÃO DAS DTMS E CONDIÇÕES CLÍNICAS

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Não existe consenso para a classificação das DTMs, porém de modo geral, estas
podem ser classificadas em:
➢ Anomalias de desenvolvimento;
➢ Disfunções musculares;
➢ Disfunções de interferência do disco articular;
➢ Osteoartrose;
➢ Alterações de mobilidade da mandíbula;
➢ Artrite reumatoide.

Anomalias de desenvolvimento

As anormalidades congênitas da articulação temporomandibular são incomuns,


porém, quando presentes, causam deformidades faciais e mau alinhamento das arcadas
dentárias, superior e inferior.As alterações da mandíbula e da ATM incluem: hipoplasia
(micrognatia): mandíbula pequena; hiperplasia (prognatismo): mandíbula grande;
displasia: agenesia parcial ou completa da ATM ou malformação de suas partes e
anomalias pós-embrionárias; alterações da ATM ligadas a patologias congênitas
primárias.

Disfunções musculares

Os músculos envolvidos com a ATM podem tornar-se cronicamente dolorosos


ou sensíveis em decorrência do stress de contração excessivo, normalmente causado por
condições psicossomáticas. As disfunções musculares são as causas mais comuns de
dores na cabeça e pescoço.A queixa mais comum dos pacientes é a mialgia,
caracterizada como uma dor imprecisamente localizada que piora a movimentação e a
palpação. Outra queixa é a dor miofascial, condição semelhante à mialgia, adicionada
da presença de sensibilidade aos pontos gatilhos (trigger points). A miosite também
pode ocorrer. Trata-se de uma inflamação muscular aguda, dolorosa e generalizada
normalmente resultante de um processo infeccioso ou traumático.O espasmo muscular
é definido como uma contração muscular dolorosa abrupta e involuntária acompanhada
de dor severa e de alta intensa e enrijecimento da musculatura envolvida. A contratura
muscular é o encurtamento muscular crônico associado a alterações das fibras
musculares decorrentes da redução prolongada da amplitude de movimento.Os trigger

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points são focos de hiperirritabilidade muscular que quando comprimidos, se mostram
sensíveis localmente (latentes). Se estiverem suficientemente hipersensíveis (ativos),
podem desencadear um quadro de dor referida, elevada sensibilidade, distúrbios
neurovegetativos e alterações proprioceptivas. Também podem localizar-se na pele,
fáscias, ligamentos e periósteos. Os músculos ligados à articulação temporomandibular,
são frequentemente sede de trigger points.

Disfunções de interferência do disco articular

Deslocamentos do disco articular

Os deslocamentos articulares do disco são normalmente decorrentes do


rompimento ligamentar entre o disco e o côndilo da mandíbula com consequente
deslocamento do músculo pterigóideo lateral. O deslocamento mais comum é
anteromedial.

FIGURA - DESLOCAMENTO ANTERIOR DO DISCO ARTICULAR DA


ATM

FONTE: Adaptado de THOMAS, 2008.

Podem ser classificados em três tipos:


Deslocamento do disco com redução: o disco está deslocado da sua posição em
direção anterior e medial ou lateral, com redução em abertura total, geralmente

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resultando em um ruído. Sinais e sintomas principais: clique recíproco na ATM tanto
em abertura como em fechamento, que ocorre num ponto a pelo menos 5 mm a mais na
abertura da distância interincisal do que no fechamento e é eliminado em abertura
protrusiva. Clique na ATM nos movimentos de abertura e fechamento e reproduzível
em duas ou três tentativas consecutivas e clique durante excursão lateral ou protusão em
duas ou três tentativas consecutivas.
Deslocamento de disco sem redução e com abertura limitada: o disco está
deslocado da sua posição normal para uma posição anterior e medial ou lateral, com
abertura mandibular limitada. Sinais e sintomas principais: história de limitação
significativa de abertura; excursão contralateral menorque 7 mm e/ou desvio não
corrigido para o lado ipsilateral na abertura; distensão passiva aumenta a abertura por 4
mm ou menos, além da abertura máxima não assistida; ausência de ruído articular ou
presença de ruído articular não satisfazendo critérios de deslocamento.
Deslocamento de disco sem redução e sem abertura limitada: uma condição
em que o disco é deslocado da sua posição entre o côndilo e a eminência para uma
posição anterior e medial ou lateral, não associada à abertura limitada. Sinais e sintomas
principais: história de limitação significativa da abertura mandibular; máxima abertura
não assistida maior que 35 mm; distensão passiva aumenta a abertura em 5 mm ou mais,
além da abertura máxima não assistida; excursão contralateral maior que 7 mm;
presença de ruídos articulares não satisfazendo critérios de deslocamento de disco com
redução; nos casos que permitem exame por imagens, pode-se utilizar a artrografia ou
ressonância magnética que revelam a posição do disco articular sem redução.

Lesões traumáticas

O teto da fossa glenoide é uma camada muito fina de osso separando esta da
fossa craniana média. Este osso raramente é fraturado, apesar de em injúrias severas o
côndilo poder ser dirigido contra esta barreira fina. Isto é verdade por três razões: o
disco articular absorve o choque; a cabeça do côndilo é angulada para adiante sobre o
pescoço do ramo mandibular; o pescoço do côndilo, sendo muito mais fino que o ramo
ou o côndilo, tende a fraturar primeiro, protegendo o teto fino e a fossa craniana
média.Os sinais e sintomas encontrados são: dor pré-auricular; dificuldade para abrir a
boca. Se apenas um lado for acometido, há um desvio da mandíbula para o lado afetado.

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Frequentemente uma mordida anterior. O diagnóstico é baseado em achados físicos e
radiológicos. O tratamento constitui-se de fixação maxilomandibular e às vezes redução
cruenta.

Neoplasias

São incomuns. Entre os tumores benignos, pode-se encontrar: condroma,


osteocondroma e osteoma. Mais raramente entre os tumores benignos encontra-se:
mixoma, displasia fibrosa, granuloma de células gigantes, sinovialoma, condroblastoma,
osteoblastoma e hemangioma sinovial. Tumores malignos são ainda mais incomuns:
fibrossarcoma, condrossarcoma e mieloma múltiplo. Pode haver invasão da ATM por
tumores da bochecha ou parótida. Os sinais e sintomas são: dor, movimento limitado da
mandíbula e dificuldade de oclusão dentária. A radiografia mostra destruição óssea,
com imagens de aposição e reabsorção. O tratamento é cirúrgico (FUZARO, 2008).

Osteoatrose

Doença articular degenerativa progressiva de caráter não inflamatório. É


caracterizada pela deterioração e abrasão das cartilagens articulares e das superfícies
dos tecidos moles, além do espessamento e da remodelação dos ossos subjacentes, com
formação de cistos subarticulares. Costumeiramente, podem ser sobrepostas por
condições inflamatórias dolorosas. A sintomatologia inclui dor e rigidez na face e
mandíbula, dor na abertura bucal e durante a mastigação, restrição da amplitude do
movimento de abertura da mandíbula, travamento em abertura e presença de ruídos
articulares.Alterações de mobilidade da mandíbula
A mandíbula pode apresentar duas situações extremas de problemas funcionais:
excesso de mobilidade (luxação) e redução de mobilidade (anquilose).

Luxação da articulação temporomandibular

A luxação ocorre quando há perda total ou parcial do contato entre duas


superfícies articulares. Acontece quando o côndilo ultrapassa os limites dos movimentos
limítrofes da cavidade glenoide e não consegue retornar a posição inicial funcional sem
auxílio. Pode acontecer de forma uni ou bilateral. A unilateral ocorre quando somente

39
uma das articulações é atingida. A linha mediana mandibular e o queixo são desviados
para o lado oposto da luxação. Na bilateral, não há desvio da linha mediana, porque as
duas articulações são atingidas, porém o indivíduo torna-se incapaz de fechar a boca.
mandíbula permanece em posição aberta da boca quando luxada. Podem ser
definidas três formas: episódio simples agudo; luxação crônica recorrente; luxação
crônica permanente. A primeira requer redução manual sob anestesia local e sedação ou
anestesia geral. A luxação crônica recorrente e a luxação crônica permanente podem
requerer tratamento cirúrgico.

Podem ser classificadas em:


Anterior (para frente): mais comum. Pode ser uni ou bilateral. Ocorre quando o
côndilo ultrapassa a eminência articular;Posterior (para trás): geralmente é bilateral e
ocorre quando o indivíduo sofre um traumatismo na região do queixo de frente para
trás, forçando o côndilo de encontro à parede timpânica, levando a fratura do colo do
côndilo;
Cranial (para cima): traumatismos no corpo da mandíbula ou no queixo podem
levar o côndilo a romper o teto da cavidade glenoide, ficando em contato com a fossa
craniana.
Lateral: pode ser para fora (a partir de um trauma, o côndilo se fratura e se
inclina para distal, ou a partir de uma fratura do côndilo oposto, a mandíbula se desloca
para distal); ou para dentro (o côndilo fraturado ou a mandíbula se desvia para medial).
Em alguns casos, quando o indivíduo não consegue o fechamento por si próprio,
utiliza-se uma manobra, para recolocar a articulação, na sua posição normal, dentro de
sua cavidade. Quando não é possível, pode ser necessário utilizar técnicas de sedação
para possibilitar o relaxamento muscular e facilitar a recolocação da articulação.
Existem fatores predisponentes para a ocorrência de luxações. Entre eles, pode-
se citar: fossa mandibular rasa ou eminência articular curta; formato divergente entre
côndilo, cavidade glenoide e disco articular; lassidão ligamentar, abertura exagerada
recorrente da boca (bocejo, gargalhada, vômito, grito); tratamento odontológico
prolongado, traumatismos, entre outros.

Subluxação da articulação temporomandibular

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É quando existe uma pequena diferença, mantendo ainda a cabeça da articulação
sobre o topo da eminência articular. Ao iniciar a abertura da boca, na articulação,
começa um processo de rotação da articulação e de translação (a articulação caminha do
fundo para a borda da cavidade, até a eminência articular). Quando se abre a boca ao
máximo, em uma articulação normal, essa cabeça deverá parar no ápice dessa
eminência, sem ultrapassá-la.Na subluxação interna, o disco localizado no interior da
articulação está localizado à frente de sua posição normal. Na subluxação interna sem
redução, o disco nunca desliza de volta para a sua posição normal e o movimento da
articulação é limitado. Na subluxação interna com redução (mais comum), o disco está
localizado à frente de sua posição normal apenas quando a boca está fechada. Quando a
boca é aberta e a mandíbula desliza para frente, o disco retorna à sua posição normal,
produzindo um estalido ao retornar. Quando a boca é fechada, o disco desliza
novamente para frente e, frequentemente, produz outro som. Em muitos casos, o único
sintoma desta disfunção é a produção de estalido quando a mandíbula é aberta ou
movida lateralmente.
Anquilose

A anquilose é a perda parcial ou total dos movimentos mandibulares resultante


da fusão de ossos da articulação ou da calcificação dos ligamentos periarticulares,
limitando ou bloqueando os movimentos mandibulares. Tipicamente, a calcificação dos
ligamentos periarticulares é indolor, mas a abertura da boca é de 2,5 cm ou menos. A
fusão dos ossos da articulação causa dor e limita com mais intensidade os movimentos
mandibulares.Pode ser dividida em: fibrosa e óssea. Na anquilose fibrosa, a
articulação é substituída por tecido fibroso, impedindo a excursão normal do côndilo e
geralmente o paciente apresenta abertura limitada de boca. Na anquilose óssea, a
ATM está totalmente fundida no osso temporal e na mandíbula e ocorre o
impedimento total dos movimentos.As causas mais comuns são: trauma e artrite
reumatoide, eventualmente anormalidades congênitas, infecções e neoplasias. Ao RX
pode-se observar: deformidade condilar, estreitamento e irregularidade do espaço
interarticular ou obliteração da morfologia normal do osso. O tratamento é normalmente
cirúrgico (FUZARO, 2008).

Artrite reumatoide

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A artrite reumatoide afeta a ATM em apenas 17% dos indivíduos que a
apresentam. Quando a artrite reumatoide é grave, especialmente em indivíduos jovens, a
parte superior da mandíbula pode sofrer degeneração e diminuir de tamanho. Essa lesão
pode acarretar um desalinhamento súbito de muitos ou de todos os dentes superiores e
inferiores (má oclusão). Se a lesão for grave, a mandíbula pode fundir-se ao crânio,
levando a um processo de anquilose e limitando a capacidade de abrir a boca.Em geral,
a artrite reumatoide afeta as duas articulações temporomandibulares de forma similar. O
movimento mandibular costuma ser suficiente para as atividades normais, embora a
mandíbula não abra tanto quanto de costume. A artrite reumatoide da articulação
temporomandibular é tratada com os medicamentos usados para a artrite reumatoide de
qualquer articulação. A manutenção da mobilidade articular e a prevenção de anquilose
são particularmente importante.

AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL EM DTMS

A avaliação e o tratamento das disfunções temporomandibulares caracterizam-se


em uma responsabilidade compartilhada entre todos os profissionais da área da saúde,
distinguida somente pelo conhecimento e treinamento de cada um. O profissional
precisa possuir um claro senso de diagnóstico diferencial para perceber o momento
correto de indicar o paciente para outro membro da equipe interdisciplinar.O paciente
com DTM faz parte de um grupo de indivíduos tratados por serem portadores de dor
craniofacial de vários tipos. Portanto, o protocolo de avaliação deve ser extenso o
suficiente para permitir conclusões precisas, evitando intervenções inadequadas ou
prejudiciais. A avaliação deve obedecer a um critério de desenvolvimento sequencial,
de tal forma que permita o diagnóstico e a definição do tratamento.

IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

Coleta de dados pessoais (nome, endereço, telefone, idade, sexo, profissão,


dados de trabalho). Informações importantes para detecção de possíveis fatores de risco
para o desenvolvimento de DTMs.
Neste momento, também é importante identificar os profissionais envolvidos no

42
tratamento do paciente, que fazem parte da equipe interdisciplinar, coletando nome, área
de atuação e telefone para posterior contato. Assinalar o profissional que encaminhou
ou indicou o paciente para avaliação e posterior tratamento fisioterapêutico. Questionar
o paciente em relação aos tratamentos já realizados ou em curso com outros
profissionais para adequação de conduta dentro da equipe interdisciplinar. Registrar o
diagnóstico clínico de encaminhamento proposto pelo médico responsável pelo
paciente.

ANAMNESE

Abordagem inicial do paciente. Uma anamnese detalhada é importante, pela


influência que os hábitos diários e antecedentes patológicos, psicológicos e hereditários
exercem sobre a instalação e evolução das DTMs. Além disso, a anamnese permite
verificar determinados pontos que irão orientar a estratégia terapêutica. O profissional
deve dedicar certo tempo a ouvir o relato de seu paciente sem interferir em sua
explanação de modo que ele conte seus problemas como melhor lhe convier.A
anamnese pode ser estruturada em tópicos: história clínica, história da moléstia atual,
sintomatologia e hábitos parafuncionais.A história clínica inclui questionamentos
em relação a hábitos da infância que podem influenciar na etiologia das disfunções
temporomandibulares (amamentação ao seio, utilização de chupeta ou mamadeira,
hábito de chupar o dedo); investigar o tipo de alimentação que habitualmente o paciente
ingere (carnes duras, alimentos pastosos). Questionar sobre possíveis alergias que o
paciente apresente. Investigar sobre a ingestão de bebidas alcoólicas, bebidas
estimulantes como refrigerantes ou café, tabagismo, prática regular de atividade física.
Questionar se existe história familiar de disfunções da ATM. Caso o paciente seja do
sexo feminino, é importante saber se está grávida, utiliza contraceptivos hormonais ou
faz reposição hormonal, se está na menopausa.A história da moléstia atual inclui
questionamentos acerca da queixa principal, frequência e duração dos sintomas,
localização, intensidade e qualidade dos sintomas, fatores de piora e melhora, evolução
dos sintomas, história de traumatismos prévios, além de observações importantes
colhidas do relato do paciente. Questionar em relação à existência de patologias
associadas como alterações reumáticas, hipertensão arterial, alterações cardíacas,
pulmonares,
hepáticas, urinárias, neurológicas e/ou metabólicas (diabetes,

43
hiper/hipotireoidismo), neoplasias, fibromialgia, entre outras.Em relação à
sintomatologia e hábitos parafuncionais, é importante realizar um minucioso
questionamento. Como descrito no módulo anterior, os sintomas das DTMs são amplos
e variados, podendo incluir diversos sistemas orgânicos (sintomas craniofaciais,
oftálmicos, otológicos, labirínticos, musculares, entre outros), sendo importante detectá-
los para a determinação do diagnóstico diferencial.Incluir questionamentos a respeito da
qualidade do sono (horas de sono por noite, posicionamento adotado para dormir,
dificuldade respiratória durante a noite, hábitos de bruxismo ou apertamento dos dentes,
insônia, ronco, cansaço ou dor ao acordar); presença de dor facial espontânea ou à
mastigação, presença de estalidos ou crepitações na ATM, apertamento dental,
briquitismo, dificuldade de abertura ou fechamento da boca, travamento com a boca
fechada ou aberta, presença de cefaleias ou nevralgias, dor cervical ou nos ombros, dor
ou ruídos nos ouvidos, dificuldades auditivas, vertigens, alterações visuais ou dor nos
olhos, dor de dente, stress ou ansiedade.Como complemento da avaliação e pela
importância que os fatores sociais, ambientais e padrões de qualidade de vida exercem
sobre a gênese das DTMs, deve-se incluir também questionamentos de cunho social, a
fim de buscar possíveis causas de ansiedade e stress físico e mental. Questionar sobre a
qualidade de vida no trabalho e em casa, sobre as atividades sociais e de lazer que o
indivíduo realiza. Investigar se o paciente possui hábitos parafuncionais como roer as
unhas ou canetas, apertar ou ranger os dentes, mascar chicletes, uso contínuo de
telefone ou computador.

EXAMES COMPLEMENTARES

Após a anamnese, devemos solicitar ao paciente, possíveis exames


complementares que ele tenha realizado e que possam auxiliar no diagnóstico funcional
das alterações e ATM. Vários são os exames complementares que podem ser realizados
para subsidiar o diagnóstico clínico das disfunções temporomandibulares:Os testes da
imagem podem diagnosticar má formações, patologias e alterações anatômicas. São
utilizadas: radiografia panorâmica; radiografia transcraniana; tomografia linear ou
computadorizada; ressonância magnética; cintilografia óssea; ultrassonografia.A
eletromiografia (EMG) é o registro elétrico da atividade de um músculo. É utilizada
para avaliar o estado dos músculos mastigadores e suas relações com problemas de
oclusão e ATM. É um exame de rápida execução, não invasivo e que não traz nenhum

44
desconforto ao paciente. Eletrodos de superfície são fixados sob a pele em oito
diferentes músculos mastigadores. Um software específico permite obter informações
sobre a função e o estado de repouso da musculatura envolvida.A sonografia baseia-se
num princípio simples: quando duas superfícies lisas entram em contato, ocorre
pequena fricção e quase nenhuma vibração. Entretanto, se uma ou ambas as superfícies
tornarem-se irregulares ou desgastadas, além da fricção ocorrerá vibrações e ruídos
quando essas superfícies se movimentam. Várias patologias da ATM são relacionadas a
um tipo específico de vibração e ruído. Nesse exame, um aparelho transdutor é colocado
na cabeça do paciente e seus sensores posicionados sobre as ATM. Os ruídos e
vibrações podem então ser medidos. O sistema detecta o lado do ruído, a localização, a
frequência e a intensidade. Os resultados permitem avaliar o estado da ATM: condição
de normalidade ou se há patologias em curso ou instaladas.

EXAME FÍSICO

Composto por: inspeção geral da face; avaliação da ATM (inspeção e palpação);


exame muscular das regiões da ATM e cervical; goniometria da coluna cervical; testes
de força muscular; avaliação postural; e avaliação dental.

Inspeção geral da face

Durante a inspeção geral da face, busca-se observar a presença de alterações


funcionais da face, assimetrias faciais, posicionamento antálgico da cabeça e do
pescoço, além de analisar se há a presença de manchas, hematomas, equimoses,
fibroses, edemas e linfedemas, má formações da face (prognatismo ou micrognatismo).
É importante analisar também o padrão postural da cabeça do paciente,
verificando se há anteriorização, condição comum em pacientes com DTM.

Avaliação da ATM

Durante a avaliação da ATM, inspeciona-se o padrão de movimentação da


articulação ao realizar o movimento de abertura, verificando se ela é simétrica ou se
ocorre desvio ou deflexão durante o movimento. Solicitar a movimentação ativa da
articulação para detectar se há algum bloqueio articular.

45
Durante a realização dos movimentos ativos pelo paciente, o fisioterapeuta deve
avaliar a capacidade funcional do indivíduo em executá-los, observando seu início e
sequência. Verificar se há a presença de dor, em que intensidade e edemas teciduais. Os
sinais e alterações manifestados devem ser registrados.
Deve-se realizar a palpação da articulação simultaneamente nos dois lados da
face. O examinador deve introduzir dois dedos no meato auditivo externo e pressionar
suavemente para frente, em estado de repouso e em movimento de abertura e
fechamento da boca. A palpação no meato auditivo externo permite examinar zonas
dolorosas posteriores e movimentos incoordenados do côndilo da mandíbula.Para
avaliar a amplitude de movimento deve-se solicitar ao paciente que realize os
movimentos de abertura, protusão e lateralidade esquerda e direita. A amplitude
alcançada deve ser mensurada com o auxílio de uma fita métrica, paquímetro ou régua
(medindo-se dos dentes superiores aos inferiores). Observar se há a presença de ruídos
articulares (estalidos e/ou crepitações) durante a movimentação ativa da articulação e
em que estágio do movimento eles acontecem (início/meio/final).
FIGURA - MENSURAÇÃO DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO
DA ATM

Abertura da mandíbula Protusão da mandíbula

Lateralização (realizar dos lados esquerdo e


direito)

46
Exame muscular

O exame muscular caracteriza-se pela palpação das estruturas moles da ATM e


região cervical, buscando encontrar pontos de dor localizada ou sensibilidade alterada.
A palpação muscular é realizada com o objetivo de se detectar áreas com o tônus
muscular alterado, espasmos, miosites, fibrosites e pontos gatilho.Deve ser realizada em
sentido paralelo e perpendicular às fibras musculares do músculo a ser avaliado. Ao
palpar as fibras perpendicularmente, elas sofrem uma deformação que permite
identificar zonas dolorosas específicas. Deve ser realizada bimanualmente e com
pressão uniforme.O músculo temporal deve ser palpado desde sua origem até sua
inserção no osso temporal (fibras anteriores, médias e posteriores). Os pontos gatilho
neste músculo podem causar cefaleia tensional.Para palpar o músculo masseter, deve-se
posicionar os dedos indicador e polegar em forma de pinça na direção anteroposterior
no nível da zona média do ventre do músculo intra e extrabucal. Solicitar ao paciente
para cerrar os dentes enquanto os músculos são palpados de ambos os lados da boca.A
origem do masseter é com frequência sensível, assim como o ventre, nos pacientes que
sofrem de ausência de dimensão vertical posterior suficiente de oclusão ou se sofrem de
bruxismo ou oclusão forçada crônica. Os pontos gatilho ativos no masseter podem
causar dor no músculo propriamente dito e restrição de movimento.A palpação do
músculo pterigóideo medial se faz por via intrabucal, introduzindo-se o dedo indicador
na região que corresponde à metade do músculo masseter. Se percebermos uma área
dolorosa devemos colocar o dedo indicador da outra mão sob e por dentro do ângulo
mandibular, realizando a palpação muscular nessa área por via intrabucal.A ativação do

47
ponto de gatilho no pterigóideo medial pode originar dores referidas na língua e na
porção posterior da garganta. Isto pode também resultar em dor referida profunda na
região auricular e na articulação temporomandibular.

PALPAÇÃO DO MÚSCULO PTERIGÓIDEO MEDIAL

A palpação do músculo pterigóideo lateral é feita, inicialmente, pedindo ao


paciente que cerre seus dentes. Em seguida introduz-se a ponta do dedo indicador de
maneira que a polpa superior do dedo toque a região posterior da tuberosidade, na altura
da porção lateral do processo pterigoide
Frequentemente, a hipertonia deste músculo é responsável por cefaleia de tensão
e dor nos olhos, erroneamente atribuídas a problemas sinusais, alergias ou enxaquecas.
O músculo digástrico (ventre posterior), que faz parte do grupo dos supra-
hióideos pode ser palpado por via extrabucal, colocando-se o dedo indicador na borda
inferior da mandíbula e pressionando no sentido para cima e para dentro
A palpação dos músculos do pescoço (occipitais, esternocleidomastóideo,
trapézio, escalenos, elevadores da escápula e romboides) é importante, uma vez que
esta região concentra muitos pontos de tensão, hipertonia muscular e pontos gatilho,
sobretudo em indivíduos com alterações posturais instaladas.
Os músculos occipitais podem ser palpados na região posterior do crânio, sobre
o osso occipital, acima da margem basal do crânio. Geralmente sua sintomatologia
dolorosa pode estar associada a um quadro de desordem da articulação
temporomandibular ou da relação postural da cabeça com a coluna cervical.
FIGURA - PALPAÇÃO DOS MÚSCULOS OCCIPITAIS

48
Os músculos escalenos localizam-se anteriormente ao trapézio e posteriormente
ao esternocleidomastóideo. A palpação deve ser feita em direção da primeira costela
(atrás da clavícula) As dores referidas são encontradas nas regiões peitoral, lateral e
posterior dos braços, cotovelo, antebraço, polegar e indicador.
Os músculos elevadores da escápula e omo-hióideo podem ser palpados logo
abaixo dos músculos escalenos. Quando hipertônicos, podem causar importante
limitação de movimentos da coluna cervical, relacionada ao quadro álgico. Os pontos
gatilho se situam no ângulo superior da escápula. A zona de dor referida está localizada
no ângulo do pescoço e ao longo do bordo vertebral da escápula.
Os músculos romboides possuem formato losangular e podem ser subdivididos
em romboide maior (processos espinhosos de T1 a T4 até a borda medial e ângulo
inferior da escápula) e romboide menor (processos espinhosos de C7 e T1 à 1/3 superior
da borda medial da escápula). Podem ser palpados próximo à região escapular.
FIGURA - PALPAÇÃO DOS MÚSCULOS ROMBOIDES

Goniometria

A goniometria é uma técnica de avaliação muito usada na fisioterapia como

49
diagnóstico funcional para mensurar objetivamente as amplitudes de movimento
articular, através da utilização do goniômetro.
O goniômetro é um instrumento durável, lavável e de baixo custo que se
assemelha a um transferidor, com dois braços longos, um fixo e outro móvel. Existe
ainda um eixo, que deve estar alinhado com o eixo longitudinal dos seguimentos
adjacentes à articulação. O centro deve ser posicionado sobre o eixo da articulação a ser
examinada.
A medida e o registro das amplitudes articulares devem obedecer a certos
preceitos de forma a minimizar possíveis erros:
➢ Devem-se conhecer os valores de referência normais para
o movimento;
➢ O comparativo com o lado contralateral do indivíduo é
um dado importante;
➢ Deve-se explicar ao indivíduo o que, e de que modo, vai
ser executado;
➢ Os pontos de referências anatômicas devem ser deixados
descobertos;
➢ A posição inicial do seguimento a ser avaliado deve ser a
posição zero (posição de partida), que é normalmente a posição de
extensão;
➢ Caso exista dor na posição de partida, esta pode ser
alterada e o teste deve ser executado na posição de maior conforto para o
indivíduo;
➢ O movimento deve ser executado lentamente para
permitir observar a resposta do indivíduo a sinais de dor ou desconforto;
➢ Deve ser realizada a estabilização de segmentos
adjacentes, para evitar compensações.

Exame de goniometria da coluna cervical

Devem ser avaliados os movimentos de flexão, extensão, inclinação lateral


direita e esquerda e rotação direita e esquerda.
Para mensurar a amplitude de movimento articular da flexão da coluna cervical,
deve-se solicitar ao paciente que realize a flexão do pescoço evitando a flexão do tronco

50
e a rotação e flexão lateral da coluna cervical. O músculo principal responsável por este
movimento é o esternocleidomastóideo.

Amplitude articular normal: 0° - 80º/90°.


Para mensurar a amplitude de movimento articular da extensão da coluna
cervical, deve-se solicitar ao paciente que realize a extensão do pescoço evitando a
extensão de tronco e a flexão lateral e rotação da coluna cervical. Os músculos
principais responsáveis por este movimento são o trapézio, esplênio cervical e
semiespinhal da cabeça.
Amplitude articular normal: 0° - 70°.
FIGURA - GONIOMETRIA: EXTENSÃO CERVICAL

Para mensurar a amplitude de movimento articular da inclinação lateral da


coluna cervical, deve-se solicitar ao paciente que realize a inclinação lateral do pescoço
para um lado e posteriormente para o outro, evitando a flexão, extensão e rotação de
tronco e a elevação do ombro no lado testado. Os músculos responsáveis por este
movimento são os escalenos. Amplitude articular normal: 0° - 40°.Para mensurar a
amplitude de movimento articular da rotação da coluna cervical, deve-se solicitar ao
paciente que realize a rotação do pescoço para um lado e posteriormente para o outro,
evitando a flexão, a extensão e a flexão lateral do tronco. O músculo principal
responsável por este movimento é o esternocleidomastóideo. Amplitude articular
normal: 0° - 70º/90°.
FIGURA GONIOMETRIA: ROTAÇÃO CERVICAL

51
Testes de força muscular

Os testes de força muscular devem ser realizados através da execução de


movimentos resistidos. O objetivo principal destes testes é graduar a força muscular e
testar os movimentos mandibulares.
O terapeuta deve aplicar resistência manual ao movimento executado,
quantificar e registrar a força muscular, analisando e comparando com resultados
posteriores ao tratamento.

FIGURA TESTES DE FORÇA MUSCULAR

Músculos abaixadores da mandíbula Músculos elevadores da mandíbula

Músculos que realizam a protusão Músculos que realizam a lateralização


mandibular mandibular

52
Avaliação postural

A avaliação postural compõe-se por uma minuciosa observação do paciente nas


vistas anterior (frente), posterior (costas) e lateral (perfil) objetivando detectar
alterações e desequilíbrios posturais que possam decorrer ou ser fator causal das
disfunções temporomandibulares. Deve-se levar em conta pontos de referência da
postura padrão como alinhamento ideal. Pacientes portadores de disfunções
temporomandibulares frequentemente apresentam alterações de posicionamento de
cabeça, como a anteriorização.
FIGURA ALINHAMENTO ESQUELÉTICO IDEAL

53
FONTE: Adaptado de JOÃO, 2008.

Existem conceitos importantes para realizar a avaliação postural de forma


adequada em cada posicionamento. Abaixo estão listados os principais:

Conceitos para avaliação postural em vista anterior

Genu valgo/varo: referência ao posicionamento do joelho. O genu valgo é a


projeção dos joelhos para dentro da linha média do corpo, causada, geralmente, pela
hipertrofia da musculatura lateral da coxa e/ou hipotonia da musculatura medial da
coxa. O geno varo é a projeção dos joelhos para fora da linha média do corpo, causada,
geralmente, pela hipertrofia da musculatura medial da coxa e/ou a hipotonia da
musculatura lateral da coxa;

FIGURA - GENU VARO E

FONTE: JOÃO, 2008.

Ângulo de Talles: triângulo formado entre o tronco e o braço;

FIGURA - ÂNGULO DE TALLES

54
FONTE: Adaptado de GOMES, 2008.

Conceitos para avaliação postural em vista posterior

Calcâneo valgo/varo: referência ao posicionamento do calcanhar. Calcâneo


valgo é a projeção do calcâneo para fora do corpo, fazendo com que o tendão de
Aquiles se projete para a parte interna do corpo. O maléolo lateral fica mais
inferiorizado do que no pé reto fazendo a pronação e favorecendo a rotação medial da
tíbia, o que irá produzir repercussões em todo o membro inferior. Calcâneo varo é a
projeção do tendão de Aquiles para a parte externa do corpo, fazendo com que o
calcâneo se projete para dentro;
FIGURA CALCÂNEO VALGO E VARO

FONTE: Adaptado de MATTA, 2008.


FONTE: JOÃO, 2008.

55
Escoliose: deformação morfológica da coluna vertebral nos três planos do
espaço. Pode acontecer nas regiões torácica e lombar, conforme ilustração a seguir.
Quanto à sua flexibilidade se divide em: não estruturais ou corrigíveis com a eliminação
da causa; e estruturais ou permanentes;

Gibosidade: saliência da coluna em formato de convexidade posterior (giba),


que pode ser de origem congênita, traumática ou infecciosa. Frequentemente está
associada a quadros de escoliose;

FIGURA – GIBOSIDADE

FONTE: IGCCV, 2008

Escápula abduzida/alada: alterações da escápula. A escápula abduzida


(protraída) é um desvio, para frente, do cíngulo do membro superior. As extremidades
distais da clavícula e da escápula movem-se anteriormente em torno da caixa torácica,
com os bordos mediais da escápula movendo-se para longe da linha mediana 13 cm a 15
cm. A escápula alada (retraída) ocorre quando a extremidade distal da clavícula e a
escápula movem-se posteriormente, e os bordos mediais da escápula aproximam-se da
linha mediana. Geralmente é decorrente de hipotonia do músculo serrátil anterior;
FIGURA - ESCÁPULA ABDUZIDA/ALADA

56
FONTE: JOÃO, 2008.

Conceitos para avaliação postural em vista lateral

Genu flexum/recurvatum: referência ao posicionamento do joelho. Genu flexum


é a projeção dos joelhos para frente, fazendo com que a linha de gravidade passe por
cima ou por trás dos joelhos. Causada pela hipertrofia da musculatura flexora dos
joelhos. Genu recurvatum é a projeção do joelho para trás, fazendo com que a linha de
gravidade passe bem à frente dos joelhos. É causado pela hipertrofia da musculatura
extensora dos joelhos;
FIGURA - GENU FLEXUM/RECURVATUM

FONTE: Adaptado de UNB, 2008.

57
Pelve anteversão/retroversão: alteração de posicionamento da pelve. Na
anteversão, a pelve inclina-se para frente diminuindo o ângulo entre a pelve e a coxa
anteriormente, resultando em flexão da articulação do quadril, assim a coluna inferior
irá se arquear para frente criando um aumento na curvatura para frente (lordose) da
coluna lombar. Na retroversão, a pelve inclina-se para trás, as articulações do quadril
se estendem e a coluna lombar se retifica, levando a uma postura de dorso plano, que
pode resultar de um encurtamento dos músculos isquiotibias;

FIGURA - PELVE EM ANTEVERSÃO/RETROVERSÃO

FONTE: RODRIGUES E OLIVEIRA FILHO, 2008.

Hiperlordose cervical ou lombar: aumento da curva na região cervical ou na


região lombar, ou seja, acentuação da concavidade cervical e/ou lombar no plano
sagital. A hiperlordose lombar está associada a uma anteversão da pelve.
Frequentemente está associada a um desequilíbrio dos músculos abdominais e glúteos;
Retificação da coluna lombar: condição associada à retroversão da pelve,
originando costas planas e diminuição da mobilidade da coluna. Diante deste
desequilíbrio, as curvaturas responsáveis pela dissipação das forças provenientes da
ação da gravidade são diminuídas, e consequentemente ocorrerá em determinados
58
pontos da coluna, uma maior incidência de sobrecarga, ocasionando dores, perda da
mobilidade e um desequilíbrio postural geral como forma de compensação;
Hipercifose torácica: aumento da curvatura da região dorsal, ou seja, é o
aumento da convexidade posterior no plano sagital, podendo ser flexível ou irredutível;

 Retração de ombros: rolamento dos ombros para frente;

 Protusão de cabeça (hiperlordose cervical): proeminência da cabeça


associada à hipercifose dorsal, caracterizando um pescoço mais
alongado à frente .

 Retrusão de cabeça (retificação cervical): diminuição da lordose,


originando um pescoço reto e diminuição da mobilidade cervical

FIGURA - PROTUSÃO (A) E RETRAÇÃO (B) DA CABEÇA

A B
Avaliação dental

Devido à importância que a dentição tem sobre a funcionalidade da ATM, é


importante inspecionar os dentes do paciente. Questionar sobre a extração de dentes,
utilização de próteses, realização de tratamento ortodôntico (aparelho dental), observar a
condição gengival, a oclusão e o tipo de mordida que o paciente realiza.

OBJETIVOS E CONDUTA TERAPÊUTICA

59
Por fim, é importante que o profissional trace objetivos a curto e médio prazos
para o tratamento e determine a sua conduta terapêutica com base nos parâmetros
aferidos durante a avaliação.

PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL EM DTM

Identificação
Nome:

Data de nascimento: Idade: anos Sexo: Raça:


Estado civil:

Filhos: ( ) Sim. Idades: ( ) Não


Endereço:

Telefones/e-mail:

Escolaridade:

Profissão:

Situação de trabalho:
( ) Aposentado ( ) Desempregado
( ) Estudante integral ( ) Estudante parcial
( ) Ativo ( ) Trabalha fora
( ) Trabalh a em casa / ( ) Tempo integral ( ) Tempo parcial

Profissionais da equipe interdisciplinar:

Dentista:
Telefone:
Médico:

60
Telefone:
Fisioterapeuta:
Telefone:
Fonoaudiólogo:
Telefone:
Psicólogo:
Telefone:
Outros:
Telefone:

Tratamentos já realizados ou em curso:

Diagnóstico clínico:

61
Anamnese

História Clínica
Foi amamentado ao seio? ( ) Sim. Tempo:
( ) Não
Chupou o dedo na infância? ( ) Sim. Tempo:
( ) Não
Utilizou chupeta ou mamadeira na infância? ( ) Sim. Tempo:
( ) Não
Tipo de alimentação:

Cirurgias e/ou internações anteriores:

Alergias:

Ingere bebidas alcoólicas ( ) Sim. Freq: ( ) Não Fuma ( ) Sim. Freq:


() Não
Ingere bebidas estimulantes (café, chá preto)? ( ) Sim. Freq.:
( ) Não Prática regular de atividade física ( ) Sim
() Qual:
( ) Não
Há história familiar de disfunções da ATM? ( ) Sim. ( ) Não Caso o paciente
seja do sexo feminino:
➢ Está grávida? ( ) Sim. semanas ( ) Não
➢ Menstrua regularmente? ( ) Sim ( ) Não
➢ Utiliza contraceptivo hormonal? ( ) Sim ( ) Não
➢ Está na menopausa? ( ) Sim ( ) Não
➢ Faz reposição hormonal? ( ) Sim ( ) Não

História da moléstia atual


62
Queixa principal

Frequência dos sintomas: ( ) contínuo ( ) muitas vezes ao dia ( ) uma vez ao dia
( ) muitas vezes por semana ( ) muitas vezes por mês
( ) uma vez por mês ( ) menos de uma vez por mês
Duração dos sintomas: ( ) contínuo ( ) meses ( ) semanas ( ) dias
( ) horas ( ) minutos ( ) variável
Sintomas são piores: ( ) ao levantar ( ) manhã ( ) tarde ( ) noite ( ) ao dormir
Eventos relacionados ao início:

Período de início dos sintomas:

Há história de traumatismos prévios?

Localização:

Frequência:

Intensidade:

Qualidade:

Fatores de piora:

Fatores de melhora:

63
Evolução dos sintomas:

Medicação atual/doses:

Patologias associadas:
( ) alterações reumáticas ( ) hipertensão arterial (
) alterações cardíacas
( ) desordens pulmonares ( ) desordens hepáticas/urinárias (
) desordens neurológicas ( ) alterações metabólicas ( )
neoplasias ( ) fibromialgia
( )
outras:

Observações:

Sintomatologia / Hábitos parafuncionais

Qualidade do sono ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima

Horas de sono por noite

Posição em que dorme ( ) Dec. dorsal ( ) Dec. ventral ( ) Dec. lateral esquerdo
( ) Dec. lateral direito
Dorme com a boca aberta ( ) Sim ( ) Não

Respira pela boca ao dormir ( ) Sim ( ) Não

Range os dentes à noite ( ) Sim ( ) Não


(bruxismo)
Aperta os dentes à noite ( ) Sim ( ) Não

Tem insônia ( ) Sim ( ) Não

64
Dificuldade para respirar deitado ( ) Sim ( ) Não

Acorda várias vezes durante a ( ) Sim ( ) Não


noite
Acorda durante a noite com falta ( ) Sim ( ) Não
de ar
Ronca ( ) Sim ( ) Não

Sente dor de cabeça ao acordar ( ) Sim ( ) Não

Sente-se cansado ao acordar ( ) Sim ( ) Não

Sente dor muscular ao acordar ( ) Sim ( ) Não

Dificuldade em ficar acordado ( ) Sim ( ) Não


durante o dia
Acorda muito cedo ( ) Sim ( ) Não

Dor facial ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não

Dor à mastigação ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não

Estalido na ATM ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não

Crepitação na ATM ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não

Range os dentes durante o dia ( ) Sim ( ) Não


(briquitismo)?
Aperta os dentes durante o dia? ( ) Sim ( ) Não

Não consegue abrir a boca ( ) Sim ( ) Não

Travamento (boca fechada) ( ) Sim ( ) Não

Cefaleia (dor de cabeça) ( ) Sim. Região: ( ) Não

Nevralgia ( ) Sim. Região: ( ) Não

Dor cervical ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não

Dor nos ombros ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não

Dor no ouvido ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não

Zumbido no ouvido ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não

Dificuldades auditivas ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não

65
Vertigens ( ) Sim ( ) Não

Alterações de equilíbrio ( ) Sim ( ) Não

Dor nos olhos ( ) Sim ( ) Não

Visão distorcida ( ) Sim ( ) Não

Dor na língua ( ) Sim ( ) Não

Dor de dente ( ) Sim ( ) Não

Stress/ ansiedade ( ) Sim ( ) Não

Qualidade de trabalho ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima

Masca chicletes ( ) Sim ( ) Não

Rói as unhas ( ) Sim ( ) Não

Uso contínuo do( ) Sim ( ) Não


telefone/computador
Outros sintomas: ________________________________________________

Exames complementares
Testes de imagem:
________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Eletromiografia:
________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Avaliação da ATM
Movimentação:
➢ Abertura: Simétrica ( ) Desvio ( ) Deflexão ( )
➢ Abertura máxima: mm / Protusão:
mm
➢ Lateralidade direita: mm / Lateralidade esquerda:
mm

66
Ruídos Articulares:
Abertura
Direita Esquerda
Estalido
Inicial (0/15mm)
Intermediário (16/30mm)
Tardio (31/50mm)
Crepitação

Fechamento
Direita Esquerda
Estalido
Inicial (0/15mm)
Intermediário (16/30mm)
Tardio (31/50mm)
Crepitação

Palpação da ATM
Dor: ( ) Leve ( ) Moderada ( ) Forte ( ) Locais:
( ) Não
Edemas ( ) Sim. Locais: _
( ) Não

Exame muscular (sensibilidade à palpação)


Assinalar: 0=sem dor/1= dor leve/2= dor moderada/3=dor forte/*trigger point

Direito Esquerdo
Músculo temporal
Masseter
Pterigóideo medial
Pterigóideo lateral
Occipitais

67
Esternocleidomastóideo
Trapézio
Escalenos
Elevadores da escápula
Romboides

Goniometria da região cervical


Movimentos Graus Presença de dor
Flexão ( ) Dor
Extensão ( ) Dor
Inclinação esquerda ( ) Dor
Inclinação direita ( ) Dor
Rotação esquerda ( ) Dor
Rotação direita ( ) Dor

Testes de força muscular

Músculos Força muscular


Abaixadores da mandíbula
Elevadores da mandíbula
Músculos que realizam a protusão da mandíbula
Músculos que realizam a lateralização da mandíbula (D)
Músculos que realizam a lateralização da mandíbula (E)
Avaliação dental

Possui falhas dentárias? ( ) Sim. Quais dentes?


( ) Não Utiliza próteses? ( ) Sim ( ) Não

Fez/faz tratamento ortodôntico (aparelho dental)? ( ) Sim ( ) Não

Condição das gengivas: ( ) Boa ( ) Regular ( )


Ruim Oclusão: ( ) Normal ( ) Alterada
Mordida: ( ) Normal ( ) Aberta ( ) Cruzada

68
Inspeção dos dentes
Assinalar:

 Falhas dentárias em azul


 Ausências dentárias em amarelo
 Prótese parcial removível em
marrom
 Prótese parcial fixa em laranja
 Prótese total em azul

ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR


PARA AS DTMS

Da mesma forma que o diagnóstico das DTMs necessita de uma abordagem


interdisciplinar, seu tratamento também só ocorre de forma integral com a atuação de
diversas categorias de profissionais. Os mais frequentemente envolvidos são médicos,
odontólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos.
A disfunção temporomandibular é uma doença que, depois de instalada, quase
sempre possui caráter crônico e progressivo. Portanto, o ideal é a prevenção e o
tratamento precoce destas alterações, o que certamente proporciona melhores resultados
e menos sequelas.

Tratamento medicamentoso

O primeiro objetivo é controlar a dor sem eliminá-la totalmente, o que apenas


encorajaria o uso indevido da articulação. A dor funcional serve para lembrar o paciente
que deve evitar um determinado movimento, permitindo que os tecidos traumatizados
se recuperem. Os analgésicos leves e os anti-inflamatórios não esteroides são úteis para

69
combater a dor contínua. Drogas que induzem o relaxamento muscular, diminuindo o
espasmo dos músculos envolvidos também podem ser úteis. Medicamentos ansiolíticos,
com efeito, sedante ou calmante e ação miorrelaxante também podem ser indicados.
É importante ressaltar que o uso de drogas deve ser realizado somente após
avaliação e prescrição médica, devendo-se evitar a automedicação, que pode levar a
danos à saúde geral do paciente, além de interferir no diagnóstico adequado das
disfunções.

Tratamento cirúrgico

O tratamento das DTMs raramente é cirúrgico. Entre as principais indicações


cirúrgicas estão: hiperplasia unilateral do processo condilar da mandíbula (aumento de
volume da cabeça da mandíbula, resultando em assimetria facial); síndrome do primeiro
e segundo arcos branquiais (hipoplasia unilateral da mandíbula); osteoartrite; artrite
reumatoide com anquilose instalada; luxação grave e recorrente; fraturas; anquilose;
presença de tumores ou cistos.
A cirurgia de ATM pode ser fechada (artroscopia) ou aberta (artrotomia).
Na artroscopia, é introduzida uma cânula com uma lente para vídeo no espaço
articular superior. Pode ser feita uma incisão lateral para permitir a introdução de
instrumentos para biópsia, remodelação de disco articular e lise de adesões. O aspecto
mais importante é a melhora da abertura da boca. As complicações são raras. A sequela
mais comum é a persistência dos sintomas. Pode ocorrer infecção, fístula sinovial, má
oclusão, lesão do ramo temporal do nervo facial, lesão articular e crepitação. Das
complicações mais graves, as mais comuns são perda auditiva e paralisia facial.
Na artrotomia, normalmente o objetivo é reparar o disco deslocado ou retirá-lo.
A decisão entre reparar ou remover o disco é tomada durante o ato cirúrgico. Os
pacientes devem ser advertidos quanto à possibilidade de persistência de crepitação,
desordens mastigatórias e dor ocasional, além da paresia facial.

Assistência odontológica

Para o tratamento da sintomatologia dolorosa causada pelas DTMs,


normalmente, a odontologia utiliza-se inicialmente da colocação de placas
interoclusais feitas de material rígido que possuem diversas denominações (placa

70
estabilizadora; placa de mordida; placa noturna; placa de bruxismo; aparelho
interoclusal; splint oclusal; placa de Michigan; placa miorrelaxante; placa de Shore).
Estas placas são normalmente móveis e podem ser confeccionadas em acrílico ou
silicone. Proporcionam o alívio da dor e o relaxamento da musculatura facial,
possibilitando um posicionamento adequado dos músculos, ligamentos e componentes
articulares.
FIGURA - PLACA OCLUSAL MIORELAXANTE

FONTE: ORII; MISSAKA e CONTIN, 2008.

As maiores vantagens na utilização desses dispositivos terapêuticos são: custo


reduzido e facilidade de confecção; efeitos colaterais mínimos; resposta positiva rápida
dos sinais e sintomas; as funções de mastigação, fonação e outras podem ser realizadas
com pouca interferência do aparelho.
O ajuste oclusal também é um recurso utilizado pela odontologia no tratamento
das DTMs. É caracterizado pelo reestabelecimento da relação funcional da dentição,
para o perfeito equilíbrio com as demais estruturas do sistema estomatognático, através
de desgaste, melhorando a eficiência e a função desse sistema. O desgaste seletivo é um
procedimento através do qual as superfícies oclusais dos dentes são precisamente
alteradas para melhorar os padrões de contatos dentários. A estrutura dentária é
seletivamente removida até que o dente tenha contatos oclusais equilibrados.
O ajuste oclusal tem sido indicado nas seguintes situações clínicas: eliminar o
trauma por oclusão em um ou mais dentes; como terapia coadjuvante no tratamento de
alguns casos de bruxismo; quando a estabilidade em determinada posição e o
movimento mandibular está seriamente comprometido; para melhorar a posição postural
mandibular e aumentar o nível de coordenação e repouso dos músculos mastigadores
disfuncionais.
O uso da terapia ortodôntica (colocação de aparelhos fixos), como tratamento
inicial das disfunções da ATM geralmente não é recomendado. Somente é utilizada

71
quando os principais sinais e sintomas de dor foram eliminados e o paciente se encontra
estável. Os principais objetivos desta terapia como tratamento coadjuvante das DTMs
são: eliminação da mordida cruzada, extrusão de dentes posteriores, verticalização de
dentes posteriores; obtenção de movimento distal de dentes posteriores, para aumentar o
número de dentes de suporte no segmento posterior; extrusão de dentes anteriores para
melhorar a guia protrusiva, eliminação da rotação de dentes, principalmente no
segmento posterior e aumentar a estabilidade do sistema dentário.

Assistência fonoaudiológica

O objetivo principal da assistência fonoaudiológica é adequar a tonicidade e a


mobilidade muscular, adaptando as funções estomatognáticas (sucção, mastigação,
deglutição, fala e fonação). Pode abranger vários aspectos como: conscientização e
propriocepção, mioterapia e terapia miofuncional.
A conscientização e o conhecimento do problema são importantes para que o
paciente colabore. Explicar o que é ATM, que movimentos realiza e o que determinado
hábito parafuncional provoca na articulação, leva à conscientização daquilo que o
paciente pode ou não fazer. O trabalho proprioceptivo tem como objetivo que o
paciente perceba suas tensões, modificações posturais ou funcionais e seus hábitos.
Após a percepção e repetição voluntária da situação inadequada, o paciente pode ser
capaz de descrevê-la e evitá-la.
A mioterapia inclui séries específicas de exercícios que levam ao
desenvolvimento e manutenção de um maior controle neuromuscular. Os exercícios
podem ser indicados tanto para relaxar os músculos quanto para melhorar tônus e
função. São realizados exercícios com a musculatura cervical, facial, mastigatória e
lingual.
A terapia miofuncional inclui orientações e exercícios a cerca da forma
adequada de respirar, mastigar e deglutir. Os exercícios miofuncionais devem ser
praticados com o paciente sentado e com a cabeça ereta. Movimentos e postura de
língua na cavidade oral são fundamentais para a condição postural e funções da
mandíbula. Estes exercícios trabalham a musculatura intrínseca da língua (mudança de
forma e movimentos finos) e extrínseca (movimentos para cima e para baixo, para os
lados, para dentro e para fora).

72
Assistência psicológica

Muitos pacientes com disfunções temporomandibulares apresentam alterações


emocionais importantes. O stress e ansiedade podem ocasionar apertamento dental e
bruxismo, além de tensão muscular exagerada. A dor pode produzir mudanças de
comportamento do paciente que passa a irritar-se a pequenos estímulos. Observam-se
mudanças no comportamento, sentimentos e pensamentos, além de relevante
diminuição da qualidade de vida e de trabalho. A assistência psicológica é um
importante suporte para a remissão da sintomatologia das DTMs e manutenção dos
resultados obtidos com tratamentos físicos.

ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DAS DTMS

A fisioterapia tornou-se parte integral da abordagem interdisciplinar para o


tratamento das disfunções temporomandibulares e outras condições de dor orofacial.
Tem como objetivo minimizar a sintomatologia dolorosa, restaurar a função muscular,
melhorar a amplitude de movimento, melhorar a postura, reeducar o paciente em relação
ao posicionamento correto da mandíbula, reduzir a carga na articulação
temporomandibular, evitando a necessidade de cirurgias articulares.
A fisioterapia dispõe de diversos recursos em seu arsenal terapêutico capazes de
reduzir a dor, acelerar o processo de reparo tecidual e melhorar a função muscular
destes pacientes. Entre estes recursos, pode-se citar: orientações e cuidados gerais,
recursos eletroterapêuticos, termoterapêuticos, manuais cinesioterapêuticos, entre
outros. O fisioterapeuta caracteriza-se como um profissional importante no processo de
reabilitação deste tipo de paciente.

Orientações e cuidados gerais


A primeira medida fisioterapêutica consiste na educação do paciente a respeito
da natureza do seu problema e do modo como ele deve agir para reduzir os sintomas,
diminuindo a intensidade da atividade dos seus músculos mastigatórios.
Entre as orientações mais importantes para os pacientes com disfunções
temporomandibulares estão:
➢ Descansar os músculos e articulações durante os quadros de dor aguda,
porque normalmente ela aumenta com a função muscular;

73
➢ Observar a abertura da boca para evitar luxações ou subluxações (evitar
bocejos, gargalhadas, gritar, cantar);
➢ Manter uma postura adequada;
➢ Evitar hábitos parafuncionais;
➢ Relaxar os músculos da mandíbula tentando manter a língua no céu da
boca;
➢ Praticar atividades físicas regulares;
➢ Realizar alongamento cervical;
➢ Manter uma dieta equilibrada, evitando alimentos duros e que
demandem muito tempo de mastigação;
➢ Evitar a cafeína presente em chás pretos, refrigerantes, café, por ser uma
substância estimulante e que pode aumentar a tensão muscular;
➢ Preferencialmente dormir em decúbito lateral (de lado), evitando os
decúbitos ventral e dorsal; evitar posturas viciosas como dormir com as mãos no
queixo;
➢ Melhorar a qualidade do sono, observando regras básicas:
➢ Dormir apenas o necessário, evitando horas de sono adicionais que
atrapalham o sono do dia seguinte;
➢ Manter um horário regular de sono mantendo um ritmo próprio e
constante;
➢ Não forçar o sono ao deitar. Se não conseguir dormir, deve-se levantar da
cama realizar alguma atividade e retornar quando estiver sonolento;
➢ Reduzir o barulho e a claridade do ambiente onde dorme;
➢ Manter agradável a temperatura do ambiente onde dorme;
➢ Não dormir com fome, porém, evitaralimentos pesados poucas horas
antes de dormir. Dar preferência a refeições leves;
➢ Evitar o uso abusivo de remédios para dormir, sobretudo sem prescrição
médica;
➢ À noite, não ingerir bebidas com cafeína ou alcoólicas e não fumar.

Recursos eletroterapêuticos

Entre os recursos eletroterapêuticos mais utilizados nos tratamentos de pacientes


com DTM estão: a corrente Tens e a corrente interferencial para analgesia; a

74
microcorrente para acelerar o processo de reparo tecidual; e a corrente russa para
fortalecimento muscular.

Eletroanalgesia

A eletroanalgesia é a utilização de corrente elétrica como recurso terapêutico


para o controle da dor. Promove analgesia através da melhora da circulação local e
exerce, por efeito contrairritativo, ativação do sistema supressor de dor. As correntes
mais comumente utilizadas para analgesia são a Tens e a corrente interferencial.
FIGURA - APLICAÇÃO DE CORRENTE ANALGÉSICA

Tens (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea)

Método que utiliza corrente elétrica aplicada à pele com finalidade analgésica. É
uma corrente de baixa frequência (2 Hz a 200 Hz).
Seu desenvolvimento é baseado na teoria da comporta para explicar o controle e
a modulação da dor. A percepção dolorosa é regulada por uma “comporta” que pode ser
aberta ou fechada por meio de outros impulsos provenientes dos nervos periféricos ou
do sistema nervoso central aumentando ou diminuindo a percepção dolorosa.
Alguns mecanorreceptores de baixo limiar da pele e outras partes sobem sem
fazer sinapse até as colunas posteriores da medula espinhal. Acredita-se que os impulsos
desses mecanorreceptores reduzem efetivamente a excitabilidade das células
nociceptoras aos estímulos geradores de dor (inibição pré-sináptica). Assim, os
impulsos elétricos que estimulam as fibras mecanorreceptoras são efetivos na redução
da percepção de dor. Na dor aguda, a frequência é usada entre 80 Hz e 100 Hz. Na dor

75
crônica, deve-se usar frequência 150 Hz e 200 Hz.
Os eletrodos devem ser posicionados paralelamente à área dolorosa. Caso
necessário, outro par de eletrodos pode ser fixado bilateralmente à coluna vertebral, ao
nível das raízes nervosas que abrangem a área da dor. A intensidade da corrente deve
ser ajustada de acordo com a tolerância do paciente.

Corrente interferencial

A corrente interferencial é uma corrente de média frequência (4 mil Hz). Seu


princípio terapêutico consiste na produção de duas correntes de média frequência
levemente diferentes que interfiram uma com a outra, sendo assim, uma nova corrente
formada, com amplitude resultante da soma de duas amplitudes de correntes
individuais. Alivia a dor mediante a produção de um bloqueio periférico da atividade
nas fibras nervosas portadoras de impulsos nocivos. A estimulação das fibras nervosas
aferentes grossas tem um efeito inibidor ou bloqueante sobre a atividade das finas.
Como consequência, a percepção da dor diminui ou desaparece.

Microcorrentes (Mens – Micro Electro Neuro Stimulation)

Tipo de eletroestimulação que utiliza correntes contínuas ou alternadas com


parâmetros de intensidade na faixa dos microampères. Seu modo normal de estimulação
ocorre em níveis em que não se consegue ativar as fibras nervosas sensoriais. Os
pacientes não têm percepção da sensação de formigamento (estimulação subliminar). O
plano de atuação das microcorrentes é profundo, podendo atingir um nível muscular, e
apresenta-se com imediata atuação nos planos cutâneo e subcutâneo.

FIGURA - APLICAÇÃO DE MICROCORRENTE

76
A terapia por microcorrente pode ser vista como uma catalisadora nos processos
iniciais de numerosas reações químicas e elétricas que ocorrem no processo cicatricial,
uma vez que acelera em até 500% a produção da adenosina trifosfato (ATP). O ATP é a
molécula responsável pela síntese proteica e regeneração tecidual. O uso de
microcorrente nas áreas lesadas, ajuda na normalização da corrente elétrica biológica,
resultando numa maior cicatrização de tecidos lesados e minimização da percepção
dolorosa.
Entre seus efeitos terapêuticos estão: analgesia; aceleração do processo de reparo
tecidual; redução de edemas; aumento da osteogênese em fraturas ósseas; anti-
inflamatório; bactericida; diminuição do espasmo muscular.
Entre seus efeitos fisiológicos estão: restabelecimento da bioeletricidade e
homeostase tecidual; aumento da produção do ATP celular local; aumento da síntese de
proteínas; diminuição de edemas teciduais.
As principais indicações são: cicatrizações pós-cirúrgicas; rupturas
miotendinosas; tendinites, tenossinovites; síndromes dolorosas. Seu uso está
contraindicado nos seguintes casos: alergia ou irritação a corrente elétrica; diretamente
sobre útero gravídico; eixo cardíaco; marca-passo; neoplasias; portadores de implantes
metálicos; dermatites e dermatoses cutâneas.

Corrente russa (CR)

A estimulação elétrica por corrente russa consiste da aplicação de um tipo de


corrente elétrica (eletroestimulação) com o objetivo de promover uma contração
muscular induzida para correção da hipotrofia muscular. A corrente russa é
caracterizada por apresentar um sinal senoidal de frequência igual a 2.500 Hz, modulada
por uma frequência de batimento de 50 Hz com ciclos de 50%.

FIGURA - APLICAÇÃO DE CORRENTE RUSSA PARA ESTIMULAÇÃO


DO MASSETER

77
De modo geral, as mudanças produzidas no músculo pela eletroestimulação são
semelhantes àquelas produzidas pelas contrações voluntárias: há um aumento do
metabolismo muscular, uma maior oxigenação, liberação de metabólitos, dilatação de
arteríolas e um consequente aumento da irrigação sanguínea no músculo.
Os principais efeitos da eletroestimulação são:
➢ Facilitação da contração muscular: auxilia a obter uma contração
muscular voluntária, inibida pela dor ou por lesão recente;
➢ Reeducação da ação muscular: o repouso prolongado ou o uso
incorreto de uma musculatura pode afetar sua funcionalidade;
➢ Hipertrofia e aumento da potência muscular: sua aplicação em
intensidades adequadas contribui no processo de hipertrofia e ganho de potência de um
músculo debilitado;
➢ Aumento da irrigação sanguínea: a vasodilatação muscular e os
reflexos de estimulação sensorial promovidos pela eletroestimulação propiciam uma
melhora na irrigação sanguínea local;
➢ Aumento do retorno venoso e linfático: ao promover sucessivas
contrações e relaxamentos musculares, a eletroestimulação favorece o retorno venoso e
linfático;
A contração normal das fibras musculares esqueléticas é comandada pelos
nervos motores. Uma fibra nervosa pode inervar uma única fibra muscular ou então se
ramificar e inervar até 150 ou mais fibras musculares. No local de inervação, o nervo
perde sua bainha de mielina e forma uma dilatação que se coloca dentro de uma
depressão da superfície da fibra muscular. Essa estrutura é denominada de ponto motor.
Os pontos motores são as melhores áreas para a estimulação dos
musculoesqueléticos, pois existe uma menor resistência à passagem de corrente. A
intensidade de corrente necessária para a contração muscular vai ser menor e o paciente
terá uma percepção diminuída ao estímulo. O mapa de pontos motores da face apresenta

78
suas localizações aproximadas, porém certa exploração local deve ser efetuada para o
conhecimento de sua localização individual.
FIGURA - MAPA DE ESTIMULAÇÃO DOS MÚSCULOS DA FACE

FONTE: Adaptado de MARTINS, 2008.

Há algumas considerações importantes a se fazer em relação aos programas de


eletroestimulação por corrente russa:
➢ Alguns programas intercalam a eletroestimulação com a
contração muscular voluntária para potencializar os resultados;
➢ Nas primeiras sessões, a intensidade da corrente deve ser
elevada aos poucos, uma vez que a eletroestimulação é uma experiência
sensorial nova para a maioria dos pacientes;
➢ Para os programas de fortalecimento muscular que
necessitam de mais de um canal, deve-se selecionar a forma sincrônica
de estimulação. Já nos casos de reeducação funcional pode-se optar pela
forma sequencial ou recíproca, posicionando os eletrodos de forma a
desenvolver o movimento de toda a cadeia muscular envolvida,
pretendendo-se com isso a facilitação do movimento através da
contração dos diferentes grupos musculares;
➢ Em diabéticos ou pacientes que apresentam neuropatias
periféricas, a eletroestimulação pode não ser capaz de provocar a
resposta muscular desejada.

79
Ultrassom terapêutico (US)

Aparelho que utiliza a energia ultrassônica para produção de vibrações


mecânicas no organismo. Essas vibrações podem ser contínuas ou pulsadas, e são
geradas por um transdutor. A técnica de aplicação mais utilizada é a de contato direto,
realizada quando a superfície a ser tratada é razoavelmente plana, sem muitas
irregularidades, permitindo um perfeito contato de toda a área do transdutor com a pele.

FIGURA - APLICAÇÃO DE US TERAPÊUTICO

O cabeçote fica em contato direto com a pele do paciente, entretanto se faz


necessária a utilização de uma substância de acoplamento visando minimizar os efeitos
da reflexão. Normalmente é utilizado gel industrializado a base de água. Para
assegurar os efeitos do tratamento é necessário manter o cabeçote em
movimento contínuo. Os movimentos podem ser circulares, longitudinais ou
transversais, preferencialmente executados em ritmo lento.
Para a determinação da intensidade correta a ser utilizada em cada caso, deve-se
ter em mente a dose ideal que deverá chegar aos tecidos afetados, considerando a
atenuação que as ondas sonoras sofrem até atingir os locais lesionados. A duração do
tratamento depende do tamanho da área a ser tratada. Nas disfunções de ATM, o tempo
de aplicação raramente ultrapassa cinco minutos.
Segundo o regime de emissão, o US pode ser contínuo ou pulsado. As
frequências usuais são as de 1 MHz (para lesões profundas entre 3 cm a 5 cm) ou 3
MHz (para lesões superficiais de até 2,5 cm).

80
Entre seus efeitos fisiológicos estão: micromassagem celular; aumento da
permeabilidade da membrana; e fonoforese (habilidade do ultrassom em incrementar
a penetração de agentes farmacológicos ativos através da pele).
Os efeitos térmicos do US são proporcionados pela absorção das ondas
ultrassônicas à medida que penetram nas estruturas tratadas. A quantidade de calor
gerado depende de fatores como o regime de emissão (contínuo/pulsado), a intensidade,
a frequência e a duração do tratamento. Entre eles estão: vasodilatação; aumento do
fluxo sanguíneo e do metabolismo; ação tixotrópica (propriedade que o US possui de
"liquefazer" estruturas com maior consistência física); aumento das atividades dos
fibroblastos, da síntese de colágeno e proteínas; estimulação da angiogênese;
aumento das propriedades viscoelásticas dos tecidos conjuntivos; analgesia.
Entre os efeitos atérmicos estão: aumento da permeabilidade das membranas e
difusão celular; aumento do transporte de íons de cálcio pelas membranas celulares;
liberação de histamina e agentes quimiotáticos; aumento da síntese e elasticidade do
colágeno; aumento da síntese de proteínas; e diminuição da atividade elétrica dos
tecidos.
As principais indicações são: analgesia, transtornos circulatórios e pós-
operatórios; fibroses e aderências teciduais. Está contraindicada a aplicação direta na
região dos olhos, ovários, ouvidos e testículos; gestação; portadores de marca-passo
cardíaco ou implantes metálicos; pacientes com hemorragias recentes; afecções da pele;
neoplasias; áreas com insuficiência vascular; osteoporose.

Laser

O laser é um tipo de radiação eletromagnética não ionizante, monocromática.


Suas ondas propagam-se com a mesma fase no espaço e no tempo. Sua direcionalidade
permite a obtenção de alta densidade de energia concentrada em pequenos pontos. Essas
características proporcionam propriedades terapêuticas importantes (trófico-
regenerativas, anti-inflamatórias e analgésicas). Promovem um aumento na
microcirculação local, na circulação linfática, proliferação de células epiteliais e
fibroblastos, assim como aumento da síntese de colágeno.
FIGURA - APARELHO DE LASER

81
FONTE: KLD Biossistemas, 2008.

Sua principal indicação são os quadros patológicos em que se deseja obter


melhor qualidade e maior rapidez do processo reparacional (quadros de pós-operatório,
reparação de tecido mole, ósseo e nervoso), quadros de edema instalado (onde se busca
uma mediação do processo inflamatório), ou nos quadros de dor (crônicas e agudas).
Os protocolos de utilização do laser terapêutico devem considerar a fase do
processo inflamatório em que o paciente se encontra. As densidades de energia para
aumentar a circulação local e promover analgesia estão entre 2 Jcm 2 e 4 Jcm2. Quando o
objetivo é a cicatrização tecidual, a densidade deve estar na faixa de 6 Jcm 2 a 8 Jcm2. O
número de pontos irradiados depende do tamanho da área a ser tratada.
A aplicação do laser na ATM normalmente é feita no músculo temporal, no
côndilo, região retroauricular, no ângulo da mandíbula, e região do pescoço.

Recursos térmicos

Entre os recursos térmicos disponíveis para a utilização do fisioterapeuta estão o


uso do calor e do frio (crioterapia).

Calor

O calor pode ser utilizado de forma superficial por condução (parafina,


compressa quente) e/ou convecção (infravermelho, forno de Bier) e profunda por
conversão (ondas curtas, micro-ondas).
A temperatura terapêutica ideal para que os efeitos do calor sejam atingidos de
forma segura, está entre 40ºC e 45°C. Os principais efeitos do calor são: aumento do
metabolismo celular, da permeabilidade capilar, da drenagem sanguínea e venosa e
aumento da elasticidade do tecido conjuntivo.
Para o tratamento das DTMs, o calor é essencialmente indicado em casos
crônicos em que exista tensão muscular aumentada e crises de algia. Seu efeito é
relaxante e analgésico. A aplicação prévia a outros agentes terapêuticos como a

82
massagem e a cinesioterapia melhora a extensibilidade do colágeno, aquecendo o tecido
para o estiramento e potencializando o resultado do tratamento.
Normalmente, utilizam-se compressas quentes sobre a articulação e sobre os
músculos masseteres e temporais, seguido de massagens. O tempo de aplicação
recomendado é de quinze a vinte minutos.
FIGURA - APLICAÇÃO DE COMPRESSA QUENTE NA ATM

O uso do calor é contraindicado na fase aguda de processos inflamatórios,


traumáticos ou hemorrágicos e quando há discrasias sanguíneas, isquemias ou estases
venosas teciduais; radioterapia localizada; infecções regionais; implantes metálicos;
aplicações sobre os olhos e útero gravídico; anormalidades cognitivas e hipoestesia
regional que comprometem a percepção ou o relato da ocorrência de hipertermia e de
queimaduras.

Crioterapia

A crioterapia utiliza-se do frio para o tratamento de disfunções inflamatórias e


traumáticas, principalmente agudas, e para diminuição do edema e indução do
relaxamento muscular quando o calor superficial não é eficaz. A crioterapia leva à
vasoconstrição por aumento da atividade neurovegetativa simpática e por ação direta
do frio nos vasos sanguíneos, causando relaxamento muscular e analgesia em
decorrência da redução da atividade dos fusos musculares, junção neuromuscular,
velocidade de condução dos nervos periféricos e redução da atividade muscular reflexa.
FIGURA- APLICAÇÃO DE CRIOTERAPIA NA ATM

83
Para obtenção de efeitos terapêuticos, a temperatura da pele deve cair para
aproximadamente 13,8°C, para que ocorra a diminuição ideal do fluxo sanguíneo local e
para 14,4°C para que ocorra analgesia.
Na região da ATM, podem ser utilizadas bolsas térmicas geladas sobre a
articulação ou compressas frias por aproximadamente quinze minutos.
As contraindicações são: áreas anestesiadas; alteração do nível de consciência e
cognição do paciente; doença de Raynaud; insuficiência circulatória periférica; e em
casos de alergia ou intolerância ao frio. Nos processos artríticos ou de rigidez articular a
contraindicação é relativa, uma vez que, nestes casos, normalmente o frio não é bem
tolerado.

Recursos manuais

Os recursos manuais constituem arma terapêutica valiosa do fisioterapeuta na


condução do tratamento das disfunções temporomandibulares.

Drenagem linfática manual (DLM)

A drenagem linfática manual é uma técnica de massagem especializada,


representada por um conjunto de manobras suaves, lentas e rítmicas que atuam sobre o
sistema linfático superficial, objetivando drenar o excesso de líquido acumulado no
interstício, nos tecidos e dentro dos vasos, através das anastomoses superficiais.
Objetiva aumentar a atividade linfocinética dos canais linfáticos normais e a
motricidade do linfangion, além do relaxamento e/ou amolecimento do tecido

84
conjuntivo alterado.
Para ser efetiva, a técnica deve ser aplicada por profissional habilitado, que saiba
aplicar com segurança todos os seus componentes. Ao executar a DLM é fundamental
observar aspectos como o ritmo (lento, suave e homogêneo), a característica e a
pressão (superficial de até 40 mm/Hg) das manobras, além do sentido do fluxo
linfático. Se corretamente executada, a drenagem pode estimular a abertura dos
linfáticos iniciais e aumentar o volume do fluxo da linfa em até 20 vezes.
A drenagem linfática é uma técnica lenta e que induz ao relaxamento. O tempo
médio para drenagem da face é de cerca de 30 minutos, considerando-se variações como
a presença de edema ou linfedema severo, condições nas quais pode ser necessário um
tempo maior. Existe um deslocamento natural da pele durante as manobras de
drenagem, linfática que auxilia na ativação do sistema linfático. Dessa forma, o uso de
produtos deslizantes pode dificultar a realização de algumas manobras. Em casos de
ressecamento extremo da pele podem-se aplicar algumas gotas de óleo apenas para
lubrificação cutânea.
As manobras devem ser repetidas de quatro a seis vezes em cada local,
havendo uma concentração maior de tempo, nos locais onde o edema for maior. Ao
final de cada etapa (cinco manobras de movimentos circulares em cada local de uma
região), procede-se à drenagem da linfa para o local de início da manobra, seguindo-se
ao mesmo caminho inicial.
FIGURA - APLICAÇÃO DE DLM FACIAL

A DLM influencia diretamente: às respostas imunes; à velocidade de filtração


da linfa e absorção pelos capilares sanguíneos; à quantidade de linfa processada pelos
gânglios; à motricidade intestinal; o sistema nervoso autônomo; à formação de fibrose
tecidual e o retorno da sensibilidade dos retalhos descolados em cirurgias;
A DLM influencia indiretamente: o aumento da quantidade de líquido
excretado; favorece a melhora da nutrição e da oxigenação celular e tecidual; promove a
desintoxicação dos tecidos intersticiais; facilita a eliminação de ácido lático da
musculatura esquelética e a absorção dos nutrientes pelo trato digestivo.
Entre as principais indicações estão: edemas e linfedemas; lipoesclerose,
insuficiência venosa; cefaleias e nevralgias; enfermidades crônicas das vias aéreas;
assistência pós-cirúrgica.

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Dentre as principais contraindicações estão: tumores malignos não controlados;
tuberculose; processos infecciosos e inflamatórios agudos; edemas oriundos de
insuficiências renais, hepáticas ou cardíacas; insuficiência renal aguda; trombose venosa
profunda, flebites e tromboflebites agudas; erisipela em fase aguda.

Massagem clássica

Compressão metódica e rítmica do corpo, ou parte dele, para que se obtenham


efeitos terapêuticos. É um conjunto de diversas técnicas manuais que atuam nos tecidos
corporais, com efeito sob o sistema nervoso, muscular, circulatório e energético,
mobilizando estruturas variadas.
Podem ser utilizadas técnicas de deslizamento (consiste em deslizar a mão sobre
a área a ser tratada, com uma pressão constante, podendo ser superficial ou profundo);
amassamento (compressão rítmica e uniforme de um músculo ou grupo muscular);
fricção (aplicada para liberar e evitar aderências em estruturas profundas, com pressão
forte e velocidade uniforme); percussão (série de golpes rápidos e alternados);
vibração (realização de movimentos vibratórios com a mão em forma de concha).
Entre seus principais efeitos estão:
• Promoção de relaxamento muscular local e geral;
▪ Alívio da dor;
▪ Aumento da circulação sanguínea e
linfática;
▪ Liberação de histamina proporcionando
hiperemia local;
▪ Melhora da vascularização periférica
proporcionando oxigenação tecidual;
▪ Aumento da nutrição tecidual;
▪ Remoção de produtos catabólitos;
▪ Alívio de sintomas característicos da
ansiedade e da tensão (stress);
▪ Aumento da maleabilidade e
extensibilidade tecidual;
▪ Aumento da mobilidade articular.

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Entre as indicações da massagem clássica que a torna importante recurso no
tratamento das DTMs estão: promoção de relaxamento muscular; alterações
circulatórias, disfunções ortopédicas e lesões nervosas.
São contraindicações: tumores; cardiopatias descompensadas; dermatites
agudas; queimaduras; inflamação aguda de articulações; infecções, hiperestesia da pele.
Na região facial podem ser utilizados toques e deslizamentos desde a região da
órbita. Na região dos músculos temporais e masseteres são realizados movimentos
lentos e rotatórios, porém firmes. Pode ser realizada manipulação bidigital em masseter,
iniciando com vibração para inibir possível contração reflexa e segue-se deslizando pelo
bucinador.

FIGURA - SEQUÊNCIA DE MASSAGEM CLÁSSICA FACIAL

Músculo temporal Músculo esternocleidomastóideo

Músculos mentonianos/supra- Músculo digástrico


hióideos

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Músculo masseter Músculo masseter

Também podem ser realizadas manobras de massagem intrabucal,


objetivando relaxamento da musculatura em espasmo.

FIGURA - MASSAGEM INTRABUCAL

Região do músculo bucinador Região do músculo pterigoide lateral

Região do músculo pterigoide medial

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Em pacientes com DTM, a musculatura da cintura escapular e do pescoço
costuma apresentar-se muito tensa e são facilmente detectados nódulos de tensão.
Devem ser realizados movimentos de deslizamento e amassamento para relaxamento
local.

FIGURA - MASSAGEM CLÁSSICA NA REGIÃO POSTERIOR DAS


COSTAS

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Traços miofasciais

Os traços miofasciais compõem uma técnica de massagem baseada na


mobilização da fáscia para manutenção da função adequada das estruturas orgânicas. A
fáscia pode ser considerada como um envoltório que reveste todos os músculos e
vísceras do corpo, daí sua enorme importância.
Através de traços em direções específicas, com pressão moderada, focados nos
locais de restrições musculares, o fisioterapeuta busca um aumento da circulação
sanguínea na região, alterações bioquímicas locais, e dessa forma um alongamento da
fáscia, e por consequência do músculo. Os traços são realizados tanto na direção
paralela quanto na perpendicular em relação as fibras musculares, podendo também ser
feita uma combinação de ambas direções. Não são utilizadas substâncias lubrificantes.

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FIGURA TRAÇOS MIOFASCIAIS

Pompage

Manobras utilizadas para relaxar a musculatura em torno das articulações. Estas


manobras são realizadas de forma precisa e têm determinadas características que
proporcionam relaxamento da musculatura estática. As pompages facilitam
consideravelmente as mobilizações articulares na recuperação funcional. No sentido da
descompressão têm como objetivo principal a recuperação dessa frouxidão fisiológica,
permitindo a fisiologia ligamentar. Além disso, a mobilização em descompressão traz
resultados rápidos na recuperação das amplitudes prejudicadas.
Por outro lado, com o mesmo objetivo, as pompages em descompressão podem
ser realizadas em todos os planos de movimento: flexão, extensão, abdução, adução,
rotação, de acordo com a rigidez a ser combatida. Este procedimento pode ser útil em
casos de artroses degenerativas. Não é capaz de recuperar os desgastes já produzidos,
mas pode retardar a evolução da degeneração.
Não são utilizadas em dores muito intensas que tem origem imprecisa,
decorrentes, por exemplo, de uma perturbação orgânica. Ela é importante,
essencialmente, para as dores de tensão que raramente são agudas, rapidamente tornam-
se lancinantes e mesmo insuportáveis.

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FIGURA - POMPAGE
Pompage global Pompage linfática

Trapézio superior Esternocleidomastoideo

Elevador da escápula Escalenos

Manipulações articulares

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Técnica de terapia manual que possibilita o aumento da mobilidade articular e a
capacidade de extensão capsular, proporcionando alongamento e relaxamento dos
músculos mastigatórios. São especialmente úteis em casos de travamentos agudos e
hipomobilidade da ATM. Objetivam manipular a mandíbula, descomprimindo a ATM;
reorganizar a função articular; e alongar os músculos mastigatórios.Também podem ser
realizadas nos músculos da região cervical e dorsal objetivando relaxamento e
reposicionamento articular.

Mobilização da ATM Manipulação cervical

Manipulações torácicas

Cinesioterapia

Conjunto de procedimentos dirigidos à proteção e recuperação das funções das


estruturas móveis, mediante o uso de propriedades profiláticas e terapêuticas dos
movimentos passivos ou ativos. O tratamento cinesioterapêutico tem por finalidade
alongar, fortalecer, promover propriocepção e coordenação.

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Exercícios de propriocepção

Objetivam conscientizar o paciente a respeito do movimento de abertura correto


e promover a estabilidade articular através de exercícios de estabilização rítmica, para
melhor consciência do movimento mandibular.
Para a realização dos exercícios, a língua deve estar apoiada atrás dos dois
incisivos superiores (acoplada ao céu da boca), limitando a abertura exagerada da
mandíbula e guiando o movimento.

FIGURA - ABERTURA COM APOIO DA LÍNGUA

Deve-se solicitar ao paciente que realize os movimentos de abertura e


fechamento da boca, de forma lenta e rítmica, preferencialmente de frente ao espelho
para melhor conscientização do movimento. Observar o correto alinhamento da postura
de tronco e cabeça durante os exercícios. Para guiar o movimento pode ser utilizada
uma régua.
FIGURA - ABERTURA GUIADA POR RÉGUA

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Estes exercícios servem para treinar os músculos da mandíbula e melhorar a
nutrição das estruturas articulares e ao mesmo tempo controlar o grau de abertura.
Possibilita a prevenção das consequências nocivas da imobilidade e promove o
relaxamento dos músculos mastigatórios. São úteis em pacientes com hipermobilidade,
que necessitam readequar o tamanho da abertura mandibular fisiológica.

Exercícios ativos

Nas séries de exercícios ativos, o paciente deve ser orientado a realizar


movimentos de abaixamento e elevação mandibular, lateralidade, protusão e retrusão.
Devem ser feitas seis repetições de cada movimento, de forma lenta. Esses movimentos
aumentam a nutrição tecidual local e evitam a rigidez articular.
Em pacientes com hipomobilidade de abertura da ATM, pode-se utilizar
abaixadores de língua para melhora da amplitude de movimento articular. Devem ser
inseridos na boca, uma quantidade de abaixadores aumentada progressivamente com o
ganho de amplitude do indivíduo.
A posição deve ser mantida por aproximadamente um minuto, os abaixadores
devem ser retirados e após um breve descanso recolocados e o exercício repetido por
seis vezes.
Dorsal e com uma bola pequena e não totalmente inflada embaixo do pescoço,
como suporte.
Solicitar ao paciente que realize os movimentos de flexão, extensão e
lateralização da cabeça de forma lenta e rítmica.
Podem-se associar exercícios respiratórios ao movimento para melhorar a
nutrição tecidual local e a conscientização postural.

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FIGURA- EXERCÍCIOS CERVICAIS COM BOLA
Flexão de pescoço Extensão de pescoço

Lateralização do pescoço

Outros exercícios ativos que podem ser realizados por pacientes com disfunções
temporomandibulares são:
➢ Círculo de ombro: fazer movimentos circulares com os
ombros. Os movimentos devem ser realizados de forma lenta e em ritmo
constante;
➢ Desenhar o número 8 com a cabeça: imaginar que a
ponta do nariz é a ponta de um lápis, fazer movimentos como se
estivesse desenhando o número 8.
➢ Mamar: realizar exercícios de sucção com a língua
apoiada no palato e a boca fechada (sucção de chupeta);

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➢ Pintar o céu da boca: imaginando que a língua é um
pincel, passá-la por todo céu da boca, como se estivesse pintando
(movimentos de vai e vem sem tirar a língua);
➢ Pintar bochecha: imaginando que a língua é um pincel,
passá-la por toda bochecha, como se estivesse pintando a parte interna da
boca (movimentos de vai e vem sem tirar a língua);
➢ Pintar a gengiva: imaginando que a língua é um pincel,
passá-la por toda gengiva superior e inferior, por dentro e por fora.
➢ Contar dentes: com a língua, passar por cada dente por
dentro e por fora como se fosse contar todos os dentes;
➢ Estalar língua: com a boca entreaberta, fazer estalos com
a língua.

Exercícios resistidos

São indicados para contratura muscular e deslocamento de disco com redução


nos estágios iniciais, além de aumentar a força muscular da região envolvida na
disfunção temporomandibular. Os pacientes realizam breves movimentos de abertura a
partir da posição postural, enquanto uma resistência é exercida, com o punho ou a palma
da mão do fisioterapeuta. A força de resistência não deve ser excessiva.
O exercício deve durar alguns segundos e deve ser repetido várias vezes, em
alternância com breves períodos de relaxamento. Esse exercício é baseado no princípio
de que a contração severa de um grupo muscular pode induzir relaxamento dos
músculos antagonistas. Deve ser enfatizado que, se corretamente realizado, esse
exercício pode ser benéfico para função articular, melhorando a amplitude.

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FIGURA - EXERCÍCIOS RESISTIDOS PARA OS MÚSCULOS DA ATM

Trabalho postural nas DTMs

As alterações posturais podem desencadear alterações oclusais e disfunções


temporomandibulares e vice-versa. Os distúrbios da oclusão descompensam o sistema
tônico postural e os distúrbios posturais desequilibram o sistema estomatognático e são
um obstáculo à sua correção.
Dessa forma, pacientes portadores de DTM devem ser avaliados quanto ao seu
equilíbrio postural e devidamente tratados. A terapêutica deve ser dirigida não apenas à
face, mas ao indivíduo como um todo, através de correções funcionais, alongamentos e

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fortalecimentos. A posturologia permite a obtenção de resultados mais rápidos evitando
perturbações frequentemente desastrosas para o sistema postural.
As técnicas de reeducação postural global (RPG) avaliam e tratam as cadeias
musculares como um todo, através de posturas de contração e alongamento. A
respiração é muito importante nesse processo, sendo trabalhada junto com a postura de
alongamento.

Acupuntura

A acupuntura é uma técnica de tratamento milenar que objetiva reequilibrar os


meridianos do corpo, mantendo a harmonia da saúde do indivíduo. Consiste na
introdução de agulhas em pontos privilegiados da pele, objetivando a obtenção de uma
resposta terapêutica determinada. A energia vital flui pelo nosso organismo através dos
meridianos de uma forma cíclica, com ritmo circadiano (24 horas). De acordo com a
perspectiva da acupuntura, o estado de saúde corresponde a uma condição de equilíbrio
e harmonia na circulação da energia, enquanto a doença seria a desarmonia.
Os meridianos cujos trajetos passam pela vizinhança da ATM e dos músculos
mastigadores são: intestino grosso, vesícula biliar, estômago, triplo aquecedor e
intestino delgado. Sob o ponto de vista da seleção de pontos para a penetração das
agulhas, deve-se escolher fundamentalmente dois: um situado no local onde se
concentra a dor e outro localizado a distância. O ponto distante necessariamente deverá
pertencer a um meridiano que transmite pelo território palco do processo doloroso.
FIGURA - ACUPUNTURA NO MÚSCULO TRAPÉZIO

FONTE: CARNEIRO, 2008.

Uma vez que as disfunções temporomandibulares normalmente possuem caráter

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crônico e necessitam de abordagem interdisciplinar para que haja diminuição da
sintomatologia dolorosa e melhoria do desempenho funcional, a terapia pela acupuntura
deve ser entendida como mais uma opção terapêutica que vai contribuir para o bem
estar do paciente, mas, isolada será incapaz de propiciar a cura se fatores
desencadeantes sistêmicos restritos ao sistema estomatognático se mantiverem
presentes.

Biofeedback

Ferramenta terapêutica que fornece informações com a finalidade de permitir


aos indivíduos, desenvolver a capacidade de autorregulação. Os instrumentos de
biofeedback captam informações fisiológicas e as convertem em sinais facilmente
compreensíveis, possibilitando um processo de treinamento objetivando um progressivo
aumento da capacidade de autorregulação voluntária de uma série de funções orgânicas
até então completamente fora do nosso controle consciente.
Pode ser térmico (mede a temperatura da pele e a traduz em sinais facilmente
reconhecíveis pelo paciente); eletromiográfico (registra a intensidade da atividade
elétrica dos músculos e permite identificar regiões de tensão muscular exagerada) ou
eletrodérmico (a velocidade da condução de eletricidade sobre a superfície da pele é
diretamente influenciada pela quantidade de suor presente).
Durante o tratamento com o biofeedback, o nível de tensão muscular é
monitorado via computador e mostrado em forma de um som cuja tonalidade aumenta
ou diminui à medida que a tensão muscular cresce ou é aliviada. Dessa maneira, é
possível ouvir as variações do nível de tensão muscular. As sessões de biofeedback
costumam durar 40 minutos e ter a frequência de uma ou mais por semana. O objetivo
final é que o paciente possa dispensar o equipamento e levar para o seu dia a dia, as
estratégias de autorregulação aprendidas.
Ao longo do treinamento, o paciente é instruído a tentar reduzir o tom o tanto
quanto possível, o que corresponderá a uma redução da tensão muscular nas áreas
monitoradas. Após algumas sessões de treinamento, através de um processo de tentativa
e erro, descobre-se como relaxar a mandíbula, fronte e pescoço e, assim, reduzir a
frequência do som. O paciente é informado de que tudo aquilo que possibilita uma
redução do tom representa uma manobra bem sucedida de relaxamento muscular. Ao
longo de várias sessões, ele aprende como manter vários desses músculos da face,

100
mandíbula e pescoço relaxados. O biofeedback tem se mostrado eficaz nos casos de
disfunções temporomandibulares mediadas por causas musculares e tensionais uma vez
que alerta o paciente para a atividade muscular excessiva e inapropriada.

ETAPAS DA ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA

A assistência fisioterapêutica em pacientes portadores de DTMs demanda


avaliação criteriosa como já mencionado anteriormente. Após detectar as disfunções
físico-funcionais que o paciente apresenta e o estágio patológico em que se encontra,
podemos adequar a terapêutica para o correto tratamento. É importante que o indivíduo
seja reavaliado periodicamente e que seus ganhos funcionais sejam considerados para a
evolução do tratamento e recuperação integral do paciente.
Os objetivos principais do tratamento incluem a redução da dor; restauração da
amplitude articular e força muscular normal, redução de tensões musculares
exacerbadas e pontos gatilho; adequação postural, sobretudo de cabeça e pescoço,
melhora da função mandibular.
As etapas da assistência fisioterapêutica podem ser divididas em quatro
momentos: fase aguda, fase estrutural, fase funcional e fase normativa.

Fase aguda
Na fase inicial do tratamento, em que a dor é aguda e normalmente de
intensidade moderada à alta e as funções da mandíbula podem estar restritas pelo
quadro álgico, o objetivo terapêutico principal é a analgesia. O paciente normalmente
encontra-se tenso e angustiado pela presença da dor e sente receio em movimentar- se,
entrando em um ciclo vicioso de espasmo muscular mediado pela inatividade e pela
tensão. Como recursos terapêuticos, o fisioterapeuta deve utilizar-se de orientações de
posicionamento e cuidados gerais para minimizar a sintomatologia dolorosa
(diminuição da mobilidade, redução de hábitos parafuncionais, qualidade de sono,
postura de trabalho, entre outras). Como terapia física, podemos utilizar a
eletroanalgesia, microcorrentes, laser, termoterapia, ultrassom, terapia manual
para relaxamento.

Fase estrutural

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A segunda fase do tratamento é a fase estrutural. Após o controle inicial da
sintomatologia, é possível agregar à terapêutica, recursos de mobilização articular,
trações miofasciais e cinesioterapia específica para correção funcional das disfunções
que o paciente apresenta. Os recursos para controle da dor devem ser mantidos, caso a
sintomatologia dolorosa ainda esteja presente ou o paciente refira dor após as
mobilizações.

Fase funcional

São incluídos nesta fase da terapia, exercícios de força, flexibilidade, resistência


e manutenção da integridade articular. É importante a prescrição de exercícios para
serem realizados em casa pelo paciente, de modo a complementar a terapêutica.

Fase normativa

A fase normativa é a fase final do tratamento, em que o fisioterapeuta realiza o


acompanhamento do paciente no retorno às suas atividades funcionais normais. É um
bom momento para intensificar as terapias de reequilíbrio postural, caso haja indicação.
O paciente deve adotar hábitos saudáveis de vida, incluindo uma atividade física regular
em seu cotidiano.

GLOSSÁRIO

Aderência: união anormal das superfícies de determinada estrutura orgânica.


Agentes quimiotáticos: substâncias que ligam receptores da superfície induzindo a
mobilização do cálcio e o agrupamento de elementos citoesqueléticos contráteis.
Angiogênese: termo usado para descrever o mecanismo de crescimento de
novos vasos sanguíneos a partir dos já existentes.
Antiinflamatórios não esteroides (Aines): grupo de fármacos que têm em
comum a capacidade de controlar a inflamação, de analgesia e de combater a
hipertermia.
Artrite psoriática: artrite inflamatória, geralmente soronegativa para o fator
reumatóide, associada à psoríase cutânea.
Atrofias: perda do trofismo muscular decorrente da inatividade ou de

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denervações centrais ou periféricas.
Cartilagem hialina: tipo de tecido cartilaginoso cuja substância fundamental,
de aparência amorfa, é muito resistente e elástica. A cartilagem hialina é a mais
abundante dos tecidos cartilaginosos. Constitui o anel da traqueia e dos brônquios, assim
como as partes cartilaginosas do nariz e das costelas, e recobre as superfícies ósseas
articulares (joelho, cotovelo, punho, etc.).
Correntes alternadas: correntes elétricas cuja magnitude e direção variam
ciclicamente.
Correntes contínuas: correntes elétricas cuja magnitude e direção não variam.
Cúspides: cada uma das pontas formadas na extremidade de atrito dos dentes. Decúbito
dorsal: posicionamento do indivíduo com o abdômen voltado para cima. Decúbito
ventral: posicionamento do indivíduo com o abdômen voltado para baixo. Deglutição:
ato de engolir.
Dentina: tecido conjuntivo avascular, mineralizado, especializado que forma o
corpo do dente, suportando e compensando a fragilidade do esmalte.
Dermatite: doença que causa inflamação da pele, lesões cutâneas e coceira.
Diabetes: doença metabólica caracterizada por um aumento anormal da glicose no
sangue.
Diartrose: articulação móvel, que permite movimentos extensos, com uma
cavidade articular limitada por extremidades ósseas revestidas por uma cartilagem lisa e
pela membrana sinovial. A união das peças ósseas é assegurada por uma cápsula
articular, por ligamentos capsulares e extracapsulares.
Difusão celular: fenômeno de transporte de matéria em que um soluto é
transportado devido aos movimentos das moléculas de um fluido. Estes movimentos
fazem com que seja transportado soluto das zonas de concentração mais altas para as
mais baixas.
Dimensão vertical: dimensão facial pré-determinada geneticamente pelo
contato oclusal entre os dentes da maxila e da mandíbula.
Discrasia sanguínea: qualquer alteração envolvendo os elementos celulares do
sangue, glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas.
Doença de Raynaud: condição que afeta o fluxo sanguíneo nas extremidades do
corpo humano (mãos e pés, nariz, lóbulos das orelhas), quando submetidos a uma
mudança de temperatura inferior ou stress.
Edema: acúmulo anormal de líquido no espaço intersticial devido ao

103
desequilíbrio entre a pressão hidrostática e oncótica;
Edentulismo: ausência de dentes.
Enxaqueca: tipo especial de dor, que afeta apenas uma área limitada da cabeça.
Em geral, é acompanhada de outros sintomas, como vômitos ou perturbações da visão.
Equimose: infiltração de sangue na malha dos tecidos. Surge com a rotura de
capilares. As que surgem a distância resultam da migração do sangue extravasado ou
por aumento da pressão venosa por compressão das veias de drenagem.
Erisipela: infecção cutânea causada geralmente por bactérias de tipo
streptococcus do grupo A e aureus. Cursa usualmente com eritema, edema e dor. Na
maioria dos casos também com febre e leucocitose.
Estase venosa: situação em que há diminuição da velocidade da circulação do
sangue.
Fibras colágenas: fibra mais frequente do tecido conjuntivo, sendo constituída
por uma escleroproteína denominada colágeno. Tem como função fornecer resistência e
integridade estrutural aos tecidos.
Fibras elásticas: fibras delgadas, sem estriações longitudinais, que se ramificam
de forma irregular e conferem elasticidade aos tecidos, suportando grandes trações. São
constituídas por elastina.
Fibroblastos: células do tecido conjuntivo que secretam uma matriz extracelular
rica em colágeno e outras macromoléculas.
Fibromialgia: síndrome dolorosa não inflamatória, caracterizada por dores
musculares difusas, fadiga, cansaço e dor em pontos dolorosos específicos sob pressão
(pontos no corpo com sensibilidade aumentada ou tender points).
Fibrose: formação ou desenvolvimento em excesso de tecido conjuntivo fibroso
em um órgão ou tecido como processo reparativo ou reativo, com a formação de tecido
fibroso como um constituinte normal de um órgão ou tecido.
Fístula: comunicação anormal entre estruturas orgânicas.
Flebites: inflamação da parede das veias que permite a aderência de plaquetas.
Forno de Bier: forno usado com finalidade terapêutica, visando provocar uma dilatação
nos vasos sanguíneos que promoverão uma melhor vascularização; Hematoma: coleção
de sangue num órgão ou tecido, geralmente bem localizado e que pode dever-se a
traumatismo, alterações hematológicas ou outras causas.
Hiperemia: vermelhidão da pele, causada pelo aumento da circulação local.
Hipertensão arterial: disfunção caracterizada pelo aumento da pressão arterial, medida

104
com esfigmomanômetro, tendo como causas a
hereditariedade, a obesidade, o sedentarismo, o alcoolismo,
stress, entre outras.
Hipertireoidismo: aumento anormal dos níveis dos hormônios tireoidianos no
sangue.
Hipertonia: aumento anormal do tônus muscular e da redução da sua
capacidade de estiramento.
Hipertrofia: crescimento da fibra muscular em resposta a um aumento da
demanda de atividade do músculo.
Hipoestesia: redução da sensibilidade em determinado local.
Hipotireoidismo: diminuição anormal dos níveis dos hormônios tireoidianos no
sangue.
Hipotonia: diminuição anormal do tônus muscular;
Histamina: amina biogênica envolvida em processos bioquímicos de respostas
imunológicas, bem assim como a desempenhar função reguladora fisiológica intestinal,
alem de atuar como neurotransmissor. É uma substância de aspecto cristalino, incolor,
solúvel em água, com ação vasodilatadora e constritora de músculos lisos.
Homeostase: processo sanguíneo fisiológico mantido em estado de equilíbrio
dinâmico constante pelo organismo.
Infravermelho: aparelho que emite raios infravermelhos utilizado em
fisioterapia com o objetivo de produzir calor local.
Isquemia: falta de suprimento sanguíneo para um tecido orgânico.
Linfangion: unidade funcional do sistema linfático, responsável pelo
mecanismo de propulsão da linfa.
Linfedema: condição que se desenvolve a partir de um desequilíbrio entre a
demanda linfática e a capacidade do sistema em drenar a linfa .
Linfedema: disfunção do sistema linfático que ocorre quando há um
desequilíbrio entre a demanda linfática e a capacidade do sistema em drenar a linfa.
Lipoesclerose: fibro edema geloide;
Lúpus: doença crônica autoimune de causa desconhecida caracterizada pela
produção de anticorpos contra as células do próprio organismo (autoanticorpos),
impossibilitando o sistema imunológico de combater corpos estranhos.
Macrófagos: células de grandes dimensões do tecido conjuntivo, ricos em
lisossomos, que fagocitam elementos estranhos ao corpo. Os macrófagos derivam dos

105
monócitos do sangue e de células conjuntivas ou endoteliais. Intervêm na defesa do
organismo contra infecções.
Marca-passo: dispositivo de aplicação médica que tem o objetivo de regular os
batimentos cardíacos.
Mecanorreceptores: estruturas orgânicas que respondem a estímulos como
pressão, tato, calor, frio, posição articular e servem de reguladores para adaptação
orgânica.
Menopausa: parada de funcionamento dos ovários, que deixam de produzir os
hormônios estrógeno e progesterona e de eliminar óvulos, causando a interrupção dos
ciclos menstruais da mulher.
Micrognatismo: hipodesenvolvimento da mandíbula.
Micro-ondas: equipamento de fisioterapia para diatermia, que tem a finalidade
de produzir calor local.
Miosina: uma das proteínas que, com a actina e em presença de ATP, são
responsáveis pela contração muscular.
Mordida profunda: acontece quando os dentes anteriores inferiores mordem no
palato ou tecido gengival atrás dos dentes anteriores superiores. Pode gerar desconforto
e danos ósseos.
Mucina: composto pertencente a um grupo de glicoproteínas que são as
principais constituintes do muco.
Narcóticos: variedade de substâncias que fazem adormecer, reduzem ou
eliminam a sensibilidade.
Neoplasias: condição orgânica em que há um crescimento exagerado de
determinado tipo celular.
Ondas curtas: equipamento de fisioterapia para diatermia, que tem a finalidade
de produzir calor local.
Ondas senoidais: uma onda senoidal pode ser entendida como um movimento
circular que se propaga ao longo de um eixo, o qual pode representar uma distância ou
tempo. Órgãos tendinosos de Golgi: órgão receptor sensorial proprioceptivo que está
localizado nas inserções das fibras musculares esqueléticas, mais especificamente nos
tendões dos musculosesqueléticos.
Paquímetro: instrumento usado para medir as dimensões lineares internas,
externas e de profundidade de uma peça. Consiste em uma régua graduada, com encosto
fixo, sobre a qual desliza um cursor. Em avaliação física é utilizado para mensurar os

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movimentos mandibulares.arafina: substância atóxica derivada do petróleo que possui
propriedades termoplásticas e de repelência à água, sendo usada para diversas
aplicações. Em fisioterapia é utilizada para manutenção de calor, principalmente em
extremidades.
Paresia: alteração na capacidade de movimentação de determinado local.
Posição intercuspidal: aquela em que se dá o maior engrenamento de cúspides,
independentemente de ser cêntrica ou não.
Prognatismo: hiperdesenvolvimento da mandíbula.
Proteínas: grande molécula composta de uma ou mais cadeias de aminoácidos
dispostas em uma ordem específica, determinada pela sequência base dos nucleotídeos
no código de DNA da proteína. As proteínas são necessárias para a estrutura, função e
regulação das células, dos tecidos e dos órgãos do corpo. Cada proteína tem uma função
única.
Radioterapia: método capaz de destruir células tumorais, empregando feixe de
radiações ionizantes.
Retículo sarcoplasmático: importante organela citoplasmática envolvida no
armazenamento e na síntese de proteínas.
Sinapse: pontos onde as extremidades de neurônios vizinhos se encontram e o
estímulo passa de um neurônio para o seguinte por meio de mediadores químicos
(neuroptransmissores).
Sistema linfático: rede complexa de órgãos linfóides, linfonodos, ductos
linfáticos, tecidos linfáticos, capilares e vasos linfáticos que produzem e transportam o
fluido linfático (linfa) dos tecidos para o sistema circulatório. Importante componente
do sistema imunológico.
Tecido conjuntivo: tipo de tecido orgânico caracterizado por apresentar tipos
diversos de células separadas por abundante material intercelular, que é sintetizado por
elas e representado pelas fibras do conjuntivo e pela substância fundamental amorfa.
Tendinite: inflamação de um tendão que surge usualmente através do excesso
de repetições de um mesmo movimento.
Terminações de Paccini: mecanorreceptores de pressão que se apresentam sob
a forma de uma terminação nervosa, envolvida por camadas concêntricas de tecido
conjuntivo rico em fibrilas, cujas células são contínuas com o endoneuro. Presente nas
camadas subcutânea da pele, nos ligamentos, periósteo, peritônio, mesentério, pâncreas
e outras vísceras.

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Terminações de Ruffini: presentes na pele e nas articulações. Os terminais são
associados com fibrilas colágenas na cápsula, confundindo-se com o colágeno dérmico.
Uma fibra mielinizada entra na cápsula e divide-se em pequenos ramos não
mielinizados. Semelhantes aos bulbos terminais de Krause, porém são mais achatados.
Terminações nervosas livres: estruturas sensíveis aos estímulos mecânicos,
térmicos e especialmente aos dolorosos. São formadas por um axônio ramificado
envolto por células de Shawn sendo, por sua vez, ambos envolvidos por uma membrana
basal.
Trombose venosa profunda: formação de um coágulo sanguíneo ("trombo")
em uma veia profunda. Geralmente afeta as veias da perna, como a veia femoral e a veia
poplítea ou veias profundas da pelve.
Tuberculose: doença grave, transmitida pelo ar, que pode atingir todos os
órgãos do corpo, em especial nos pulmões. O microorganismo causador da doença é o
bacilo de Koch, cientificamente chamado mycobacterium tuberculosis.
Vasoconstrição: processo de contração dos vasos sanguíneos, em consequência
da contração do músculo liso presente na parede desses mesmos vasos.
Vasodilatação: processo de dilatação dos vasos sanguíneos, em consequência
do relaxamento do músculo liso presente na parede desses mesmos vasos.

108
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