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] A linguagem é um sistema de signos que possibilita o intercâmbio social


entre indivíduos que compartilhem desse sistema de representação da
realidade. Cada palavra indica significados específicos, como por exemplo a
palavra ‘pássaro’ traduz o conceito deste elemento presente na natureza, é
nesse sentido que representa (ou substitui) a realidade. É justamente por
fornecer significados precisos que a linguagem permite a comunicação entre os
homens” (REGO, 2002, p. 54).

“[...] a estrutura fisiológica humana, aquilo que é inato, não é suficiente para
produzir o indivíduo humano, na ausência do ambiente social. As
características individuais (modo de agir, de pensar, de sentir, valores,
conhecimentos, visão de mundo, etc.) dependem da interação do ser humano
com o meio físico e social” (REGO, 2002, p. 57).

“O desenvolvimento está intimamente relacionado ao contexto sócio-cultural


em que a pessoa se insere e se processa de forma dinâmica (e dialética)
através de rupturas e desequilíbrios provocadores de contínuas reorganizações
por parte do indivíduo” (REGO, 2002, p. 58).

“[...] o desenvolvimento do psiquismo humano é sempre mediado pelo outro


(outras pessoas do grupo cultural), que indica, delimita e atribui significados à
realidade. Por intermédio dessas mediações, os membros imaturos da espécie
humana vão pouco a pouco se apropriando dos modos de funcionamento
psicológico, do comportamento e da cultura, enfim, do patrimônio da história da
humanidade e de seu grupo cultural” (REGO, 2002, p. 60).

“[...] Para a resolução de um problema, por exemplo (como alcançar um


brigadeiro que está em cima de uma geladeira), a criança faz apelos verbais a
um adulto. Nesse estágio a fala é global, tem múltiplas funções, mas não serve
ainda como um planejamento de seqüências a serem realizadas; assim não é
utilizada como um instrumento do pensamento. Vygotsky chamou essa fala de
discurso socializado” (REGO, 2002, p.66 , grifos da autora).

“[...] Aos poucos, a fala socializada, que antes era dirigida ao adulto para
resolver um problema, é internalizada, ou seja, a criança passa a apelar para si
mesma para solucionar uma questão: é o chamado discurso interior” (REGO,
2002, p. 66, grifos da autora).

“[...] Ao internalizar as experiências fornecidas pela cultura, a criança reconstrói


individualmente os modos de ação realizados externamente e aprende a
organizar os próprios processos mentais. O indivíduo deixa, portanto, de se
basear em signos externos e começa a se apoiar em recursos internalizados
(imagens, representações mentais, conceitos, etc.)” (REGO, 2002, p.62).

“[...] A escola propicia às crianças um conhecimento sistemático sobre


aspectos que não estão associados ao seu campo de visão ou vivência direta
(como no caso dos conceitos espontâneos). Possibilita que o indivíduo tenha
acesso ao conhecimento científico construído e acumulado pela humanidade”
(REGO, 2002, p.79).
“A partir de sua inserção num dado contexto cultural, de sua interação com
membros de seu grupo e de sua participação em práticas sociais
historicamente construídas, a criança incorpora ativamente as formas de
comportamento já consolidadas na experiência humana”. (REGO, 2002, p. 55)

“Vygostsky afirma que os processos de funcionamento mental do homem são


fornecidos pela cultura, através da mediação simbólica”. (REGO, 2002, p. 55)

“O comportamento da criança recebe influências dos costumes e objetos de


sua cultura, como por exemplo em nossa cultura urbana ocidental: dorme no
berço, usa roupas para se aquecer e, mais tarde, talheres para comer, sapatos
para andar etc.” (REGO, 2002, p. 59)

“[...] a capacitação especificamente humana para a linguagem habilita as


crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas
difíceis, a superarem a ação impulsiva, a planejarem a solução para um
problema antes de sua execução”. (REGO, 2002, p.63)

“[...] o domínio da linguagem promove mudanças radicais na criança,


principalmente no seu modo de se relacionar com o seu meio, pois possibilita
novas formas de comunicação”. (REGO, 2002, p. 67)

“Na perspectiva vygostskiana, embora os conceitos não sejam assimilados


prontos, o ensino escolar desempenha um papel importante na formação dos
conceitos de um modo geral e dos científicos em particular”. (REGO, 2002, p.
79)

“Mesmo havendo uma significativa distância entre o comportamento na vida


real e o comportamento no brinquedo, a atuação no mundo imaginário e o
estabelecimento de regras a serem seguidas criam uma zona de
desenvolvimento proximal, na medida em que impulsionam conceitos e
processos em desenvolvimento”. (REGO, 2002, p. 83)

“[...] o que ocorre não é uma somatória entre fatores inatos e adquiridos e sim
uma interação dialética que se dá, desde o nascimento, entre o ser humano e o
meio social e cultural que se insere”. (REGO, 2002, p. 93)

“[...] o bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento, ou seja, que


se dirige às funções psicológicas que estão em vias de se completarem”.
(REGO, 2002, p. 107)

“[...] para que exista apropriação é preciso também que exista internalização,
que implica na transformação dos processos externos (concretizado nas
atividades entre as pessoas), em um processo intrapsicológico (onde a
atividade é reconstruída internamente)”. (REGO, 2002, p. 109)

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