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SETEMBRO / 2020

SINOPSE
Tem uma garota com quem você não mexe na Prescott High, a menos que
você queira que eles venham atrás de você. Aqueles sujos e podres meninos
Havoc podem ser uma gangue para todos os outros, mas são uma família
para mim.

Meu amigo de foda. Meu primeiro amor. Meu marido. Meu desafiante. Meu
confidente.

Tem problemas surgindo nos corredores da nossa escola, e está indo para as
ruas. Uma vez, Havoc mandava na Prescott. Mas no último ano, queremos
toda a maldita cidade.

Este ano, teremos que matar se quisermos possuir o submundo. Ainda bem
que é algo em que nos destacamos. Os meninos Havoc são artistas, seus
pincéis feitos de osso, sua pintura de um vermelho rubi brilhante.

Uma menina Havoc para cinco meninos Havoc.

Eu uso a coroa; Eu aqueço suas camas;

Eu seguro suas coleiras.

Vamos retomar nossa escola, nossa cidade, nossas vidas - só estou rezando
para qualquer deus vingativo ouvir que o preço de tudo isso não me custe
uma letra em nossa sigla sombria.

HAVOC.
Este livro é dedicado ao amor.

Por mais zangada que eu fique, tão machucada, só há uma coisa que é
importante.

e o perdão é sempre uma opção.

a menos que você seja um estuprador, então vai se foder.


Nota do autor

*** Possíveis spoilers ***

Mayhem at Prescott High é um romance de harém reverso, colegial,


inimigo á amantes / ódio e amor / bully romance. O que isso significa
exatamente? Isso significa que nossa personagem principal, Bernadette
Blackbird, terá pelo menos três interesses amorosos até o final da série. Isso
também significa que, para uma parte deste livro, os interesses amorosos são
totais idiotas; também existem flashbacks de incidentes passados envolvendo
bullying. Este livro não tolera o bullying, nem o romantiza. Se os interesses
amorosos nesta história quiserem conquistar a personagem principal, eles
terão que conquistá-la.

Pode ser difícil, considerando que os meninos Havoc são idiotas.

Se você leu minhas outras três séries de romance do ensino médio


- Rich Boys, da Burberry Prep, Devils 'Day Party ou Adamson All-Boys
Academy - então saiba que essa é um pouco mais intensa e que o
crescimento / redenção de personagens é mais necessária do que
nunca. Fique conosco.

Qualquer cena de beijo / sexo com Bernie é consensual. Este livro


pode ser sobre estudantes do ensino médio, mas não é o que eu consideraria
um young adult. Os personagens são brutais, as emoções reais, a palavra
com f muito usada. Há o resultado de um suicídio, menções a abusos
passados, situações sexuais e outros cenários adultos.

Nenhum dos personagens principais tem menos de dezessete


anos. Esta série terá um final feliz no livro final.
As mãos de Vic estão quentes quando ele agarra minha pélvis com
dedos tatuados, empurrando em mim com golpes profundos e longos, suor
nas linhas gloriosas de seu peito e descendo para o local onde nossos corpos
estão intimamente unidos.

“Oh, merda, Bernie,” ele geme, jogando a cabeça para trás, um


glorioso rei das trevas preso entre as minhas coxas. Eu o possuo, assim como
ele me possui. É um tipo de situação de dar e receber, nenhum de nós
realmente quer aceitar que somos iguais ainda.

Meus dedos apertam os lençóis embaixo de mim enquanto me


contorço sob seu corpo pesado, minha pele quente e eletrificada de dias de
foda quase sem parar. Estamos muito juntos, eu e Vic. Quando estamos
assim, é difícil lembrar que os outros meninos Havoc também estão no hotel.
Jogo minha cabeça para trás, mordendo meu lábio inferior quando
um orgasmo violento toma conta de mim, fazendo meu corpo tremer e
contrair com prazer puro. É tão bom que deve ser pecador de alguma
forma. Nada maravilhoso assim vem sem um preço elevado.

Victor goza dentro de mim com um rosnado bestial próprio,


bombeando seus quadris com tanta força que ele provavelmente está me
machucando enquanto bate nossos corpos juntos. Quando ele cai ao meu
lado com um gemido e um suspiro, eu posso sentir seu esperma quente entre
as minhas pernas.

Ele odeia preservativos. Eu também. Nós vamos ter sérios problemas


juntos.

Há uma batida na porta que faz Victor fazer uma careta, mas faz o
oposto em mim. Sorrio e meu coração dá um salto no peito quando ouço
Hael chamar do corredor.

“Vocês dois estão seriamente fodendo de novo?” Ele pergunta


enquanto eu me sento, meus cabelos loiros emaranhados e oleosos por tanto
tempo gasto na cama. Eu continuo tentando tomar banho, mas nunca chego a
realmente lavar meu cabelo antes que Victor apareça, mãos ensaboadas e
quentes enquanto deslizam sobre meus seios.

Estremeço quando ele se levanta e se aproxima da porta, nu, com o


pau ainda molhado com o meu prazer.

“Que parte de lua de mel você não entendeu?” Ele rosna, passando os
dedos pelos cabelos roxo-escuros. “O que você quer, Hael?”

Hael levanta uma sobrancelha marrom-avermelhada e depois entra


no quarto como se tivesse sido convidado, passando por seu melhor amigo
nu para examinar a vista do nosso pátio no andar de cima. Seus óculos de sol
estão presos nos cabelos ruivos, com o rosto aberto e convidativo, mas
também se afogando em arrogância.

Ele apoia os cotovelos no corrimão e olha a vista da praia.


“Você não deve deixar essa porta aberta enquanto estiver
fodendo. Oscar e eu ouvimos Bernadette gritando do nosso quarto.” Hael ri,
como se ele fosse tão esperto.

Victor faz uma careta para ele, mas a expressão não dura muito. É
difícil ficar chateado quando você passou a manhã tendo vários orgasmos.

“Você ouviu o que eu acabei de dizer: lua de mel.” Victor pega um


dos roupões do hotel descartados que vestimos na noite passada e o coloca
sobre os músculos encharcados de suor. Engulo em seco e me viro na cama,
forçando-me a sentar enquanto ele acende um cigarro e me encara com olhos
negros. O sorriso que toma conta de seu rosto é ainda mais cruel pelo fato de
ele ter deixado o maldito roupão aberto, o pau pra fora como se não fosse
nada. Ele não se importa se Hael o vê; ele está confiante no que tem.

“Sim, sim, lua de mel,” Hael diz com desdém, acenando com a mão
enquanto se levanta e se vira para passear por dentro, medindo o quarto com
seus olhos castanhos. “Veja, a questão é: nós demos a você, tipo...” Hael
verifica seu telefone bem rápido “...três dias para lua de mel.” Ele exala esta
última palavra e bate seus cílios muito bem enquanto Vic faz uma careta em
resposta. ”Acabou o tempo.”

“O tempo acaba quando eu digo que acabou,” Vic responde


uniformemente, ainda fumando casualmente o cigarro, ainda com o pau para
fora do roupão. Hael não parece se importar. O que ele parece se importar é
comigo.

Seus olhos percorrem meu corpo e, embora eu esteja coberta com os


lençóis brancos e limpos do hotel, me sinto nua. Respiro fundo e encontro
seu olhar aquecido.

“Quero dizer, Hael tem razão,” eu digo, olhando para Vic. Ele está
observando nós dois com uma expressão intensa no rosto, como se estivesse
avaliando um problema que precisa ser resolvido. Isso me assusta. Victor
Channing é um homem que não gosta de compartilhar. E agora, sou sua
maldita esposa.

A esposa dele.
Eu sou a esposa de Victor Channing.

Ou devo dizer, Victor Blackbird. Eu sufoco uma risada e Hael sorri.

“Sai fora do meu quarto,” diz Victor, virando-se para servir um copo
de uísque. Callum roubou a garrafa do bar e nos deu de presente na primeira
noite em que estávamos aqui. “Vamos encontrar vocês lá embaixo em uma
hora.”

“Uma hora, hein?” Hael brinca, dando-me outra avaliação mais uma
vez. Seu olhar queima como fogo quando ele o varre por mim, e sei que é
apenas uma questão de tempo até que ele tenha que provar seu ponto de
vista: enfrentar Vic ou cair fora. Porque eu não posso lutar essa batalha em
particular por ele, ou por Aaron, ou... bem, eu não sei o que Callum ou Oscar
estão pensando. Oscar, especialmente. “Bem, então, aproveite seu décimo
orgasmo do dia, e nos vemos daqui a pouco.”

Ele saúda Vic ao sair, fechando a porta pesada atrás dele.

“Espertinho,” Victor murmura, engolindo o resto de seu uísque e


depois serve um copo para mim. Ele entrega, e eu pego, nossos dedos
roçando juntos de uma maneira que eu sinto borboletas.

Borboletas.

Sobre Victor filho da puta Channing.

Podem ser borboletas pretas, com asas perversas, mas ainda vibram,
e eu ainda coro, e o momento é íntimo demais para eu lidar. Decido voltar
para o diálogo espirituoso. Lutando com palavras, isso eu consigo lidar.

As emoções são muito frágeis. Elas quebram como vidro. Elas


cortam. Elas fazem você sangrar.

Prefiro que outros sangrem.

Um calafrio percorre-me quando penso em Neil. Como seria ser


enterrado vivo? Não consigo pensar em um castigo pior. Não, não, isso não
é verdade. Tendo meu corpo roubado de mim, meus direitos, minha
liberdade... O que ele fez com Penelope foi pior.

Sem dúvida.

“Uma moeda por seus pensamentos?” Vic pergunta, acendendo mais


um cigarro. E veja, isso me preocupa. Victor é quase impossível de ler, mas
ele tem alguns gestos que o entregam: ele esfrega o queixo quando pensa
profundamente... e fuma muito quando está nervoso.

“Nós não podemos nos esconder para sempre em Newport,” eu digo,


olhando para as portas de correr que levam à varanda. O oceano brilha na
borda do mundo, me provocando. Pense em tudo que você desistiu ao se
juntar à Havoc. Aaron estava certo: nunca haverá um 'normal' para você
novamente. Tomo um gole do meu uísque e ele queima no caminho. É um
bom lembrete de que, mesmo quando algo tem gosto bom e sente-se bem,
também pode doer.

A vida nunca dá sem receber algo em troca.

“Não estamos nos escondendo,” Victor me diz com toda a


seriedade. Ele se senta na beira do colchão, e afunda com seu peso, me
puxando em sua direção. Olho para trás e o vejo me estudando como se eu
fosse algo novo e brilhante, algo que ele quer desesperadamente, mas tem
medo de perder. ”Estamos em lua de mel.” Ele dá uma tragada no cigarro e
depois encolhe os ombros enormes. ”Mas também estamos aqui a negócios.”

“Sim?” Eu pergunto, sentindo meu estômago apertar com os


nervos. Agora que vi o que Havoc faz no escuro, estou simultaneamente
intrigada e nervosa pra caralho. ”Eu deveria saber. Vocês gostam de apostar,
não é?” Ele encolhe os ombros novamente, mas seu capricho de merda não é
suficiente, não hoje, não depois do mês que tivemos. “Não vai parecer ruim
para os casos de vocês, viajarem depois de serem presos? Quero dizer, o
FTGV é um segmento do FBI, não é?”

Victor ri, essa risada profunda, gutural e masculina que apenas exala
confiança. Eu posso praticamente sentir isso cobrindo minha pele,
envenenando meu sangue com luxúria. Ele é tudo que eu nunca quis em um
homem, mas tudo que eu preciso. Ele equilibra meu lado sombrio da melhor
maneira possível.

“Foda-se o FTGV,” ele diz, examinando as cinzas no fim do


cigarro. “Eles não têm nada contra nós.” Ele levanta a cabeça para olhar para
mim, seu cabelo roxo-escuro caindo sobre a testa e fazendo meu coração
contrair-se no meu peito. Ele não tem o direito de ser tão bonito, tão
convencido, tão rude, tão bom na cama. Ugh, foda-se Victor Channing e o
pedestal dele. “Eles só vieram atrás de nós porque Brittany começou a abrir
a boca.” Ele apaga seu cigarro no cinzeiro da mesa de cabeceira. Para ser
sincera, não achei que Oregon tinha mais quartos para fumantes em
hotéis. Estou surpresa e feliz.

Victor faz uma pausa por um longo momento, olhando para a pintura
a óleo na parede em frente a ele.

“Brittany do caralho,” ele grunhe depois de um momento, cerrando


os dentes contra o nome dela. “Eu deveria castrar Hael para mantê-lo na
linha. Não temos recursos para lidar com uma pirralha da Fuller High e seu
pai policial evangélico esquentado.”

“Já existem rumores circulando na rede social da Prescott High. Todo


mundo pensa que vocês escaparam da central e estão fugindo.” Eu tomo o
resto da minha bebida enquanto Victor ri novamente.

“Oh, por favor,” diz ele, olhando para mim com seus olhos de
ébano. “Pedimos nossos advogados e demos o fora de lá cantando. Quando
Oscar terminar com o pai de Brittany, ele estará enfrentando acusações pelo
que fez conosco.” Vic inclina a cabeça para um lado, como um animal que
acaba de cheirar sangue na água. “O único fator que não temos controle aqui
é a senhora Keating.”

Fecho os olhos contra o nome da vice-diretora, uma sensação de mal


estar no estômago.

Breonna Keating ainda está no hospital e ainda não acordou. Mas


quando ela o fizer, ela contará uma história sobre Neil Pence e sobre mim, e
eu preciso descobrir como lidar com isso quando chegar a hora. O
pensamento de chamá-la de mentirosa me deixa doente.

Decidi que a Sra. Keating não é humana.

Como ela pode ser? Ela é legal demais. Ela me faz questionar tudo o
que sei sobre o mundo.

“Deixe-a comigo, ok?” Eu digo, e Vic se vira lentamente para olhar


para mim, avaliando, curiosidade aparente em seu olhar sombrio. É difícil
para mim focar nisso, porque o pau dele está meio que... lá, para fora e me
provocando. Estou tendo problemas para me concentrar. Porra, estou
bêbada, penso com um gemido. “Não me olhe assim, Victor.”

“Você tem medo do que podemos fazer com ela?” Ele pergunta, e eu
dou de ombros. Quero dizer, olhe para eles. Eles matam pessoas, os enterram
vivos, eles os castram. Mas a Sra. Keating é... ela é diferente. Não sei como
explicar isso a Victor, mas machucá-la significaria perder tudo o que sou.

Eu quero justiça, mesmo que doa. Mesmo se o custo for alto.

Não quero matança.

“Ela me defendeu contra Neil, embora estivesse com medo de


falar. Isso tem que contar para alguma coisa?” Eu quase pareço suplicar, mas
então, isso não é realmente coisa minha. “Agora sou rainha de Havoc,
babaca. Você compartilha a coroa.”

Victor ri de mim mais uma vez, mas desta vez o som é diferente. Ele
parece... alegre? Esquisito.

“Ok, esposa. Você pode lidar com a Sra. Keating, contanto que
ela seja cuidada.” Ele se vira para mim e há um brilho em seus olhos que me
faz suar. O animal em mim está ao mesmo tempo intrigada e
aterrorizada. Ou ele está caçando ou está se preparando para acasalar. Já
que eu não sou um maldito animal, sei que é o último, mas a expressão dele,
sua intenção, a maneira como seu corpo fica tenso... também pode ser
qualquer um. “Mas primeiro, você tem que me mostrar que sabe chupar um
pau.”
Estreito meus olhos para ele.

“Eu não tenho que fazer nada,” eu retruco, mas realmente, ele sabe
que está me atingindo.

“Não?” Ele pergunta, sorrindo como o psicopata que ele é. “Mas


você quer. Qual é a diferença? Todo esse tempo que estivemos aqui,
estivemos fodendo como coelhos e, no entanto, você não colocou meu pau
na sua boca.”

“Porque você não fica longe da minha boceta,” rosno de volta para
ele, mas já estou antecipando pegá-lo em minha mão e apertar meus dedos
em torno da base grossa de seu eixo, colocando o peso dele na minha
língua. Pode haver poder nisso, no sexo oral. Se você deixar um cara te
colocar de joelhos, legal. Mas você também tem o pau dele entre os dentes, e
se você não tem medo de morder…

“O que posso dizer?” Vic ronrona, colocando a palma de cada lado


de mim e inclinando-se para que eu possa cheirá-lo. Ele cheira a suor fresco,
uísque e fumaça de cigarro, e eu estou absolutamente vivendo para
isso. Casar aos dezessete anos, na verdade, é estúpido. Tipo, eu zombaria de
qualquer um por fazer isso. Mas, esta sou eu e Vic e Havoc, e simplesmente
funciona. “Eu gosto da sua boceta. Gosto de encher você com minha
semente. Eu sou primitivo, estúpido e excitado. Quer tentar me domar,
Bernadette?”

Eu dou a ele um olhar sombrio.

Nós dois sabemos que Vic nunca pode ser domado.

“Eu não sei, Victor. Quando você encontrar suas bolas, me


avise. Porque tenho certeza de que as roubei nas últimas semanas.” Ele ri,
empurrando o rosto contra o lado da minha garganta e roçando minha pele
macia com os dentes.

“Não confunda minha gentileza com você como nada além disso: um
favor. Não é submissão. Nunca será.” Estendo a mão e agarro-o pelos
cabelos, e ele devolve o gesto, fazendo o mesmo comigo. Infelizmente, sou
eu quem solta um suspiro primeiro.
Idiota.

“Me chupe, para que eu possa beijar você e provar minha porra em
seus lábios.”

“Eu te odeio,” sussurro de volta para ele, mas quando ele inclina sua
boca na minha e me beija, tudo o que posso provar é seu apetite carnal, sem
fim e abrindo como um abismo, insaciável. E, no entanto, não quero nada
além de tentar o meu melhor para preenchê-lo.

A língua de Victor varre a minha, uma fúria quente que logo toma
conta da minha mente consciente. Eu culpo a magia da lua de mel, mas
realmente, somos apenas nós. Eu e ele. Nós somos o pecado encarnado, e
nós dois sabemos disso. Minhas pernas se abrem por vontade própria, mas,
felizmente, quando Vic começa a ondular seus quadris contra mim, temos o
lençol para nos proteger. Não o impede de colocar a ponta, mas o tecido está
no nosso caminho e ele acaba xingando e rosnando contra a minha boca.

“É disso que eu estava falando,” murmuro contra seus lábios. Com


uma série de maldições coloridas, Vic se senta e passa os dedos pelos
cabelos. Suas pupilas estão tão dilatadas que suas íris parecem totalmente
pretas. Na realidade, são marrons muito escuros, mas é impossível ver a cor
sem muita luz. “Agora, fique de costas.”

Ele dá uma risada irônica, e eu faço uma careta.

“Não, que tal você se ajoelhar para mim?” Ele pergunta, levantando
uma sobrancelha enquanto se levanta e me puxa para os meus pés. Eu tento
manter os lençóis comigo, mas acabo tropeçando neles e caindo em seus
braços tatuados. O anel de sua avó brilha no meu dedo enquanto enrolo
minha mão em torno de seu bíceps.

Entendeu o que eu quis dizer?

Dar e receber.

Não estamos dispostos a aceitar a igualdade. Um de nós sempre quer


estar no comando. Como na noite passada, quando montei sua bunda no
colchão até ficar satisfeita.
Vic desliza os dedos nos meus cabelos e me beija novamente, sua
boca contra a minha até que eu esteja fazendo sons que definitivamente estão
saindo pela porta aberta da varanda e nos ouvidos dos membros restantes de
Havoc.

Pelo menos as meninas estão tomando café da manhã com Aaron e


Callum.

E nenhuma parte de mim está preocupada com isso; elas não


poderiam estar mais seguras.

Meus joelhos estão fracos quando Victor massageia a parte de trás da


minha cabeça com os dedos tatuados, me incentivando a derrubar o número
aparentemente infinito de escudos em volta do meu coração. Ele os quebra
em pedaços, com todo beijo, todo olhar, todo toque. Ele tira minha
dormência, me deixa vulnerável e dolorida.

Quero agradá-lo e me odeio por isso.

Mas não tanto quanto eu o amo.

“Eu te odeio,” murmuro novamente, mas ele apenas sorri contra a


minha boca, me dando um último beijo punitivo antes de deslizar minhas
mãos pelo comprimento de seu belo corpo e caio no chão. Minha mão
esquerda, aquela com minha tatuagem ainda fresca do HAVOC, envolve a
base de seu pênis, apertando até que eu receba um gemido satisfatório que
passa por aqueles lábios perversos dele.

“Odeie-me enquanto estou te amando,” ele diz, deixando a cabeça


cair para trás, apoiando as palmas das mãos grandes no topo da minha
cabeça. Por um momento, eu quase acredito que Victor está sendo legal. Ele
destrói essa noção bem rápido. “Odeie-me enquanto sua boca está envolvida
em torno do meu pau.” Seus dedos apertam meus cabelos, me incentivando a
levá-lo entre meus lábios.

Deixo ele me guiar até lá, deixo ele empurrar tanto de si na minha
boca quanto eu aguento. É preciso meu punho e minha boca para segurá-lo
e, mesmo assim, é um desafio. Meus músculos do estômago se contraem
com antecipação quando me afasto, girando minha língua em torno da ponta
do pênis do Victor e provando tanto sua porra quanto o meu próprio mel. A
combinação dos dois é inebriante, amplificando o leve zumbido na minha
cabeça do uísque e uma manhã cheia de orgasmos.

Minha cabeça balança algumas vezes, apenas para aumentar a


fricção. Então eu recuo, passando a língua ao longo da parte inferior de seu
pau, até suas bolas. Eu provoco a costura com minha língua enquanto meus
olhos se levantam para encontrar o rosto de Vic. Sua cabeça está jogada para
trás em êxtase, lábios abertos, dedos massageando meu couro cabeludo.

Ele está completamente aberto para mim agora, se afogando em


abandono imprudente.

Provavelmente eu poderia matá-lo, se realmente quisesse. É um


pensamento estranho? Independentemente disso, isso me traz uma sensação
perversa de prazer. Estou de joelhos, mas é ele quem está vulnerável
agora. Quando deslizo minha boca sobre o comprimento dele novamente, os
quadris de Vic empurram em resposta, dirigindo profundamente na minha
garganta. Eu mantenho minha mão no lugar para controlá-lo, recuando e
depois apertando com força com os dedos. Usando minha saliva como
lubrificante, deslizo meu punho ao longo dele até chegar ao final do seu
eixo, e então solto. Ele solta um pequeno grunhido, mas eu rapidamente o
agarro na base novamente. Repetidamente, repito esse movimento, como se
estivesse ordenhando-o.

“Boca,” ele rosna, puxando minha cabeça de volta para seu pau. Vic
empurra entre meus lábios e eu gemo, mudando de lugar. Estou encharcada
novamente. Bem, nunca deixei de ficar molhada. Foi assim que meus
últimos três dias foram. Desde que nos afastamos da ruína decrépita da casa
da avó de Victor, estamos fodendo sem parar.

Somos viciados no veneno um do outro.

Não há dúvida acerca disso.

Começo a zumbir, um truque que aprendi, apropriadamente, nos


corredores da Prescott High. Ninguém sabe como fazer um boquete melhor
do que uma garota do lado sul. As vibrações na minha garganta viajam pela
minha língua e entram em Vic, a música mais pervertida do mundo.

“Bem aí, princesa,” ele geme, seus dedos apertando sua mão na
minha cabeça. Coloco a palma da mão direita contra seu abdômen inferior,
sentindo os músculos endurecerem como um clímax poderoso cravando suas
garras nele. Quando tento me afastar - para corrigir o uso da palavra princesa
- ele empurra para frente com um gemido violento, derramando seu gozo
quentes e salgado na minha língua.

Eu engulo e recuo, passando meu braço pelos meus lábios. Quando


dou um olhar venenoso para Vic, encontro-o sorrindo para mim, claramente
satisfeito e presunçoso e irritante pra caralho.

“Princesa?” Eu pergunto quando ele me oferece uma mão, me


colocando de pé e colocando meu corpo nu contra a frente dele. ”Não há
princesa no xadrez. Me chame de rainha ou encontre um novo apelido
completamente.”

“E que tal cupcake?” Ele pergunta, rindo da carranca no meu rosto.

“Que bom que você achou engraçado. Que tal tornarmos isso
sério?” Eu brinco quando Victor pega minhas mãos muito menores entre as
suas maiores. Vendo nossas palmas recém cortadas pressionadas juntas,
as tatuagens do HAVOC entrelaçadas, entorpecem minha raiva. Mas só um
pouco. ”Não me faça cortar você, Victor Channing.”

“Vista-se, minha rainha,” ele diz, olhando para mim por um breve
momento com pura ternura em sua expressão. Ele fecha os olhos, como se
quisesse recuperar a compostura. Quando ele os abre, são afiados com
astúcia e grossos com violência. “Temos um grande dia pela frente,
afinal.” Ele me solta e se vira para o chuveiro, largando o roupão com -
provavelmente - o único objetivo de me mostrar aquele traseiro musculoso
dele.

Babaca.

Então, novamente, quando fecho meus olhos, posso ouvir seus votos
de casamento na minha cabeça. As palavras foram sussurradas suavemente
contra o meu ouvido quando ele se movia dentro de mim com movimentos
profundos e lentos, amoroso e repleto de intenções românticas.

“Bernadette, você é a força por trás de tudo que faço. Você sempre
foi. Não posso agradecer o suficiente por isso. Sem você, eu não teria um
motivo. Uma razão para viver. Um motivo para lutar. Uma razão para ter
sucesso. Você é o oxigênio no meu sangue e a eletricidade que faz meu
coração bater.”

Minhas bochechas coram quando eu aperto minhas mãos.

Havia uma razão para Victor não querer dizer seus votos em voz alta
no casamento.

Eles foram feitos para mim e só para mim.

Mas... os meus deveriam permanecer em segredo?

Porque não tenho certeza de que sou destinada apenas a ele e


somente ele.
“Callum assustou algumas crianças no aquário,” Aaron diz, entrando
no estacionamento que margeia a praia. É inverno no Oregon, então não é o
clima ideal para ir à praia, mas nunca realmente é. Dizer praia é um pouco
errado; costa seria mais apropriado. A água é sempre muito fria para nadar,
mas em um dia quente, você pode desfrutar das ondas tocando seus
tornozelos.

Faz sol e alugamos buggy de dunas. Eu nunca fiz isso antes, apesar
do fato de Newport estar a apenas duas horas de Springfield, um local fácil
para famílias locais. Pamela nunca me levou a lugar nenhum. Ouvi falar que
Penelope e eu fomos à Disney World uma vez quando eu tinha três
anos. Mas, não lembro disso, será que importa? Além disso, se eu tivesse
que fazer uma aposta, diria que meu pai foi responsável por essa viagem.
Pam simplesmente não é do tipo que leva duas meninas em férias na
infância.

De qualquer forma, alugar um buggy de duna por oitocentos dólares


por dia é uma coisa tão Fuller High de se fazer. Os pirralhos de Oak Valley
provavelmente são os donos da empresa que fabrica essas coisas. Crianças
da Prescott... geralmente apenas roubam eles.

“Como assim?” Eu pergunto, levantando uma sobrancelha enquanto


olho por cima do ombro para as meninas. Elas estão de cinto no banco
juntas, com Heather no meio. Victor parecia que ia estourar uma veia no
pescoço quando eu lhe disse que ia no Bronco com Aaron. Mas então ele
olhou para Heather, os olhos dela se estreitaram, a boca virada para baixo, e
ele sabia que tinha pouca escolha.

Se minha irmãzinha não gostar de Vic, teremos problemas.

“Ele se escondeu atrás do tanque de tubarões e pulou!” Heather


explica, seus olhos verdes se iluminando de alegria. “Achamos engraçado,
mas ele fez uma menininha chorar.” Ela sorri muito, mas então seu sorriso
desaparece e ela estreita os olhos para mim. “Você teria visto se estivesse no
aquário. Você e Vic não estão entediados no quarto do hotel o dia todo?”

“Eu, uh,” começo, tentando imaginar como eu acabei me tornando


essencialmente mãe de uma criança de oito anos. “Estamos em nossa lua de
mel, Heather.” Ela torce o nariz para mim e se inclina para sussurrar algo no
ouvido de Kara. As duas riem enquanto olham para mim e eu levanto uma
sobrancelha. “Você quer me informar sobre o que está
acontecendo?” Pergunto quando Aaron ri e desliga o motor do Bronco.

“Tudo o que eu disse foi que vocês provavelmente estavam se


beijando,” Heather brinca, me dando um olhar atrevido que me lembra, bem,
eu. Ela realmente acha que descobriu sobre eu e Vic. Deus a ajude para que
ela nunca nos entenda. Eu quero que ela passe a vida com
alguém... normal. Dolorosamente normal, realmente.

“Oh, você adivinhou,” eu digo, e as três garotas gemem e reviram os


olhos quando abro a porta e pulo para a calçada coberta de areia. O vento
envolve meus cabelos em volta do meu rosto enquanto encaro a praia quase
vazia com um suspiro tranquilo.

É disso que todos precisamos: normalidade.

“Certamente tem muita areia aqui,” Oscar diz, sentado no capô do


Camaro em uma camiseta preta e shorts longos e escuros. É tão estranho vê-
lo usar qualquer coisa, menos um terno; sempre me pega
desprevenida. Lembra como você o viu nu e vulnerável acima de
você? Como ele fez amor com você e depois fugiu como um babaca? Isso te
pegou de surpresa também, Bernie?

As meninas passam por mim, gritando e tirando os sapatos enquanto


Aaron luta para acompanhá-las, gritando avisos sobre ficar longe da
água. Eu me viro para Oscar com um fogo furioso queimando na minha
barriga.

“Sim, é uma praia,” eu estalo, chamando sua atenção para mim. Faz
apenas nove dias desde que arruinamos o sofá de Aaron juntos; parece uma
vida inteira de merda. E, no entanto, ainda estou furiosa com toda a
situação. Eu sei que nós dois estamos tentando fingir que isso não aconteceu,
mas eu só conheço minhas próprias motivações para isso: estou
envergonhada. Esse foi um momento íntimo para compartilhar com alguém,
e Oscar o arruinou para mim fugindo e se recusando a me dizer o que estava
errado. “Você não era para ser o inteligente? Porque você parece burro
agora.”

Oscar faz uma careta para mim, quebrando o olhar plácido de idiota
que ele gosta de usar como máscara em seu rosto bonito. Sinto uma faísca
por dentro com a expressão dele. Quero dizer, é a prova de que ele está
sentindo algo, certo?

“Você é uma vadia, Bernadette Blackbird. Estou assumindo que você


está ciente disso?” Ele volta para mim quando a moto de Vic para ao lado do
Camaro. Victor não ouve o que Oscar me disse, mas assim que desce da
Harley, ele está olhando de lado para nós dois.
“Eu preciso intervir nessa merda?” Ele pergunta enquanto estuda a
nós dois com um olhar que é uma parte divertida, duas partes ciúme. “Vocês
dois precisam resolver sua porcaria, ou não vamos sobreviver pelo resto do
ano letivo.” Victor fica entre nós, usando jeans justo e uma camiseta
apertada que diz vai se foder na frente. Muito sutil. Adicione sua grande
estatura, músculos e tatuagem, e ele deixa pessoas boquiabertas aonde quer
que vá. Eu pensei que o segurança poderia atacá-lo ao sair do hotel esta
manhã.

“Não temos nada para resolver,” Oscar mente, sua língua tão lisa
quanto a de uma cobra. Ele desliza para fora do capô e se levanta, com o
iPad debaixo do braço, como de costume. Aposto que você não deixaria seu
precioso tablet sozinho no período dele depois de gozar dentro dele, seu
pesadelo de homem. “Tudo está como sempre. Estamos correndo quase
quinze minutos a frente do previsto.”

“Nada para resolver?” Eu repito e Victor geme, deslizando a mão


sobre o rosto. “Você pegou seu pau cheio de sangue e fugiu, Oscar. Quero
dizer, o que diabos há de errado com você?”

Do jeito que ele olha para mim, eu nunca tive tanta certeza de estar
olhando nos olhos de uma pessoa que pretendia cometer um assassinato. Só
espero que não seja o meu. Talvez ele esteja pensando em Mitch Charter ou
algo assim?

Afinal, deixamos Prescott High uma bagunça.

Nós os deixamos aplaudindo nossa destruição nos corredores.

Deixamos uma tripulação da Havoc desaparecida e ensanguentada.

Deixamos o rosto sorridente de Kali e as piadas sussurradas de Billie.

Meus punhos cerram ao meu lado e me forço a respirar fundo.

“Ah, sim,” Oscar diz enquanto Vic faz uma careta, claramente
irritado por ter que discutir eu transando com outros caras em sua lua de
mel. Mais uma bomba atômica esperando para explodir e encher todos nós
de consequências emocionais: Vic parecia ter a impressão de que eu não
transaria com mais ninguém depois do casamento. “Isso mesmo: você é do
tipo que se emociona com o sexo.” Ele me olha direto no rosto, mas não
consigo ler nada naqueles olhos cinzentos dele. A luz pega nas lentes de seus
óculos, protegendo-o ainda mais do meu olhar. “Mas tenha certeza, Sra.
Channing, de que isso não significou nada para mim; Eu já esqueci.”

Mentiroso.

A palavra canta em minha mente, brilhante, clara e nítida.

Estreito meus olhos, mas não tenho a chance de responder porque


Vic faz isso por mim.

“Eu disse que as coisas mudariam depois que Bernadette e eu nos


casássemos.” As palavras de Victor são baixas e sombrias, atraindo a atenção
de Oscar em um instante. “Eu quis dizer isso. Este é o seu aviso, Oscar. Não
me faça seguir adiante com uma ameaça.”

O rosto de Oscar escurece e aperta quando ele devolve o olhar de


Victor, enquanto tenta desesperadamente manter sua força. Ele está agindo
como se essa situação não o incomodasse, mas está quebrando-o em
pedaços. Está escrito nas linhas tensas de seu corpo, no formato de sua boca,
do jeito que seus nós dos dedos ficam brancos quando ele agarra o tablet
com garras ao seu lado.

“Entendido, chefe.” Seus olhar vai na minha direção enquanto ele


estende um dedo do meio tatuado para empurrar os óculos pelo
nariz. “Minhas desculpas, Sra. Channing. Tudo o que eu quis dizer foi que
você não precisa se preocupar que aconteceu entre nós no sofá volte a
acontecer.” Ele sorri para mim, mas sua expressão está quente de raiva e
seus lábios são tão afiados quanto uma adaga.

Sinto meu espírito perfurar e começo a sangrar do ataque.

“Você está perdoado pelas transgressões de hoje, Montauk,” eu


ronrono de volta para ele, chegando tão perto que, quando respiro fundo,
sinto cheiro de canela em vez de água salgada e areia. Oscar ainda está na
minha frente, como se ele tivesse conseguido lutar com todos aqueles
demônios dentro dele de volta à jaula. Impressionante. “Mas
você não está perdoado por me foder no meu período e fugir. Você me deve
uma explicação.”

“Não lhe devo nada,” ele responde de volta, se movendo ao meu


redor e descendo a colina em direção à mesa de piquenique onde Hael e
Callum estão esperando. Eu o vejo ir, fervendo por dentro e desejando que
ele fique doente a cada respiração.

“Jesus Cristo, vocês dois vão me colocar cedo em um túmulo,”


resmunga Victor, descendo o caminho com a intenção óbvia que eu siga
depois. Com um suspiro, sim, porque, por mais louca que esteja com Oscar,
estou dentro para uma vida inteira com Havoc.

O que foi feito não pode ser desfeito.

Meu contrato é assinado e selado no meu sangue; meus dedos estão


marcados com tinta; meu coração está quebrado em cinco fragmentos. Não
importa o quanto eu gostaria que não fosse, uma dessas peças pertence a
Oscar Montauk. Sempre pertenceu.

Como eu disse quando ele estava me empurrando para o


sofá, “Desde o ensino fundamental”.

Ele me deixou colar de seus testes na sexta série; ele me disse que era
alérgico a maçãs, então eu pegava as dele, e sempre tinha comida extra para
levar para casa, caso Pamela se esquecesse de me alimentar. Como posso
esquecer essas coisas? Como posso esquecer que, quando perguntei se ele
estava apaixonado por mim, sua resposta foi: “Você está sangrando.”

Gah!

Eu chuto a areia e corro os dedos das duas mãos pelo meu cabelo
para sacudir os fios loiros de pontas rosadas. Vou matar aquele filho da puta
antes de nos formarmos, se ele não começar a se abrir para mim, eu juro
que vou.

“Ouvi dizer que você aterrorizou algumas crianças pequenas no


aquário?” Eu pergunto a Callum, tentando forçar um sorriso enquanto ando
até a mesa ao lado dele e de Hael. O último já está sem camisa, tomando sol
e sorrindo como um homem que acabou de escapar de ser enforcado. Quero
dizer, Brittany como uma mãe de bebê teria sido difícil, eu concedo isso a
ele. Ele merece sorrir, mas apenas um pouco já que a vadia acabou de
quebrar o preço de Havoc.

Em toda a história dos meus meninos e da Prescott High, apenas uma


vez um aluno quebrou o juramento; ninguém nunca cometeu esse erro
novamente.

Estou aterrorizada pela bonita e pequena Brittany Burr.

“Eu os fiz se mijarem,” Callum diz com um sorriso, seus cabelos


loiros abertos para o céu, refletindo os raios do sol como se fossem feitos de
ouro. “Não de propósito, obviamente. Eu estava tentando fazer nossas
garotas rirem.” Ele toma um gole de uma lata gelada da Pepsi que deve ter
vindo das máquinas de venda automática perto do banheiro. Quando ele me
oferece, eu aceito.

“Você conseguiu isso,” Hael diz com uma risada sarcástica, fechando
os olhos contra o sol. “Mas você é aterrorizante. Você pode imaginar o que
Eric deve ter pensado quando o viu agachado em cima do carro dele?”

Cal ri e olha para o oceano, onde Aaron está cuidando de três


meninas como se ele tivesse nascido para isso. Meu coração dispara, e sinto
que parte dessa tensão selvagem em mim foge do meu corpo. Esta é minha
lua de mel; é feriado de Ação de Graças.

Neil Pence está morto.

Ele está morto.

O Coisa está finalmente morto.

E, no entanto... como é que, quando olho minha irmã correndo pela


areia descalça e com um sorriso, não sinto paz? Isso ainda não acabou, mas
não sei exatamente por que me sinto assim.

“Acho que sou mais assustador do que acho que sou?” Cal diz, como
se ele estivesse fazendo uma pergunta. A maneira como ele segura o rosto,
olhos azuis erguidos em direção ao céu em pensamento, faz com que ele
pareça tão inocente. É uma visão de se ver, como olhar para um reflexo de
quem Callum Park poderia ter sido se ele não tivesse tido seus sonhos
arrancados.

Oscar faz um som baixo de aborrecimento e todos nós voltamos para


olhá-lo.

“Talvez tenhamos que ajustar um pouco nossos planos,” ele diz,


olhando para o tablet. “Nossos amigos chegaram quase duas horas mais
cedo.”

“Amigos?” Eu repito, olhando para a praia no local de aluguel de


buggys das dunas. Hoje está quase vazio; Eu não ouço nenhum quadriciclo
ou buggy. ”Que amigos?”

“Outra metade do seu presente de casamento,” Hael diz, sentando-se


de repente e estalando os dedos para mim. Ele morde o lábio, os olhos cor de
mel passando rapidamente na direção das meninas. “Mas teremos que sair
cedo, ou perderemos nossa chance.”

“Nossa chance?” Eu pergunto, e Vic resmunga.

“Tudo bem, Bernie, vá dizer a Aaron que estamos saindo.” Victor


verifica seu telefone brevemente e depois olha para mim. “Ele sabe que tem
que manter as meninas ocupadas até que estejamos prontos para ele se juntar
a nós na casa.”

“Que casa?” Eu pergunto, tentando piscar através da minha


confusão. Adoro a ideia de os caras me darem presentes, mas da última vez
que fizeram isso, recebi meu padrasto em um caixão em um buraco muito
profundo. Uma chance de me preparar emocionalmente seria legal. Por
favor, apenas... não deixe ser minha mãe que eles têm suas garras
perversas. Ainda não.

“Os Vincents,” Victor me diz, mostrando aquele sorriso perverso. Ele


se inclina para me beijar na bochecha e arrepios correm pela minha pele.

Merda.
Não esperava isso.

O beijo gentil, quero dizer.

Eu esperava totalmente a intriga.

Somos chamados Havoc por um motivo, certo?

As meninas são muito pequenas para andar legalmente nos buggies


das dunas - não que essa legalidade seja uma grande preocupação para nós -,
mas Aaron e eu achamos que o requisito de altura existe por um motivo. Um
pouco de diversão nas dunas não vale nenhum risco potencial para
elas. Inferno, mesmo uma perna quebrada exigiria uma visita ao hospital, o
que poderia levar a questões de custódia, o que levaria Aaron a perder sua
irmã e prima.

“Odeio ter o último aniversário de todos nós,” ele resmunga,


afastando o cabelo do rosto enquanto observa as meninas fazerem um
castelo de areia. Tecnicamente, ele não tem o último aniversário em Havoc:
eu tenho. Mas adivinhem? Casar-se em Oregon faz de você um menor
legalmente emancipado.

Como é geralmente o caso de Havoc, meu casamento com Victor


serviu a dois propósitos.

Esses garotos não fazem nada sem intenção cruel.

“Não se estresse,” eu digo, parando ao lado dele enquanto Heather


olha para mim do seu lugar na areia. O acordo era que íamos ficar juntas na
praia por uma ou duas horas antes de alugarmos os buggies. Mas os Vincents
chegaram cedo, e esse plano que os meninos criaram depende de estarmos
nas dunas ao mesmo tempo que eles. “Nós vamos chegar lá.”
“Eu sei,” Aaron diz, exalando e olhando para mim com olhos verde-
dourados. Ele sabe que eu me sinto como uma mentirosa dizendo isso? Os
caras lutam há anos para manter Aaron, Kara e Ashley juntos. Só agora
estou participando da luta, uma luta em que talvez eu devesse estar
participando o tempo todo.

Eles podem não ter me querido em Havoc, mas eu também não era
forte naquela época. Não tenho certeza se poderia ter lidado com isso. Talvez
a culpa não seja tão unilateral aqui, hein?

“Precisamos ir,” Oscar diz, me irritando. Ele tem sorte de não ter
nenhuma arma comigo agora. “Se estivermos atrasados, não há sentido
nisso.”

Cerrando os dentes, dou um último aperto no braço de Aaron, me


odiando por não ter falado com ele sobre Oscar ainda. Parece traição, e eu
não gosto disso. Quero dizer, eu sei que não, e estamos muito ocupados
ultimamente, mas isso não me faz sentir menos mal com isso.

“Pau com menstruação,” eu grito com Oscar enquanto passo por ele,
jogando meu cabelo em seu rosto. Ou simplesmente não consigo ouvir a
reação dele sobre as ondas, ou então ele sabe que não deve me responder
depois de ser repreendido por Victor.

“Sua bunda, esses shorts, puta que pariu,” murmura Hael, e quando
olho para ele, vejo-o chupando o lábio inferior. Dou-lhe um sorriso tímido,
ignorando o olhar sombrio de Vic, e me viro, certificando-me de jogar e
bagunçar meu cabelo com os dedos. Minha bunda está definitivamente para
fora desses shorts; meu top definitivamente está subindo para expor apenas
uma pitada do meu umbigo. Eu aprendi há muito tempo que monstros vão
caçar e comer você, esteja você usando sacos de lixo ou sapatos de salto alto.

Além disso, é o meu corpo. Farei o que quiser com isso. Victor...
talvez precise pegar o recado.

O cara que dirige o buggy das dunas dá uma olhada no nosso grupo -
com tatuagem, jovem, irreverente - e pede o dobro do depósito de segurança
habitual.
“Dinheiro não é problema,” mente Oscar, entregando ao sujeito um
cartão de débito pré-pago. Não tenho certeza se os caras roubaram, ou se
realmente pertence a eles. De qualquer forma, é provável que não seja
rastreável. O funcionário pega a maldita coisa como se estivesse suja,
entrega um contrato para Victor assinar e examinando sua identidade falsa -
diz que o nome dele é Craig Johansen - por três minutos muito dolorosos e
silenciosos.

“Devemos aumentar a idade para dirigir para vinte e um, se você


quer saber,” resmunga o idiota, como se estivesse com morte cerebral ou
tenha vivido uma vida tão encantada que não pode reconhecer o perigo
quando o olha diretamente na cara. Como seus instintos não estão
percebendo o olhar sem piscar de Callum?

Ele tem sorte de os meninos Havoc não correrem riscos


desnecessários.

“Porra, eu odeio pessoas assim,” Cal diz, olhando por cima do ombro
enquanto o funcionário se afasta, deixando-nos com as chaves e um Ranger
Crew XP 1000 de seis lugares. Basicamente, é como um carrinho de golfe
turbinado para andar na areia. ”Um idiota tão julgador. Se eu tivesse tempo
livre, me esconderia em seu armário e o assustaria quando ele chegasse em
casa.”

“Porra, você é assustador,” Hael murmura com um rolar de olhos


castanhos. Ele pode brincar com tudo o que quiser sobre Callum, mas vi seu
rosto sombrio e fechado de emoção. Até o jeito que ele olhou para Vic na
garagem, quando estava pedindo para ele pedir desculpas por mim, isso foi
aterrorizante. Quero dizer, não para mim. Mas eu teria me mijado se fosse
Vic. “Oh,” ele começa, sorrindo enquanto olha para Oscar e levanta as
chaves para inspeção. Hael as toca, como se estivesse brincando com um
gato bravo com um brinquedo de sino. “Você sabe que não está recebendo
esse depósito de segurança de volta, certo?”

“Estou plenamente ciente disso,” retruca Oscar, completamente


impassível. Seu rosto é uma perfeita máscara de porcelana, como uma
espécie de obra de arte obscura, tão limpa, vazia e lisa com tatuagens no
pescoço. As lentes de seus óculos brilham, tão assustadoramente limpas
como de costume. Na verdade, eu tenho que apertar minhas mãos em punhos
ao meu lado para não dar um passo à frente e suja-las. “Entre no buggy,
Hael.”

“Alguém está mal humorado,” Hael ri, pegando o capacete do banco


e empurrando-o sobre seu faux-hawk1 vermelho falso. Ele empurra a viseira
para cima, para poder dar outra olhada em Oscar. “Você precisa de outro
mergulho no sangue de menstruação da Bernadette, hein? Isso te
acalmaria?”

“Jesus Cristo, entre no maldito buggy e cale a boca,” Vic retruca


quando a cor drena do meu rosto. Pensei que Hael estivesse dormindo
quando confrontei Oscar no quarto; Eu estava meio que com a impressão de
que Hael e Aaron ainda não sabiam sobre mim e Oscar. Victor me olha,
como se quisesse dizer bem, o que você esperava, somos uma
família. Aposto que ele disse a Hael. Mesmo considerando a proximidade
que Havoc tem, ele e Hael são melhores amigos, com certeza.

Isso significa... Aaron é o único que não sabe.

Droga.

“Malvado,” Callum ri, mas ele está sorrindo quando eu olho para
ele. Ele estende a mão, como se o buggy fosse algum tipo de carruagem
liderada por cavalos brancos. Coloco meus dedos nos dele e deixo ele me
ajudar, mesmo que eu pudesse facilmente entrar sozinha.

“Ele pode fazer coisas cavalheirescas, mas eu não posso?” Hael


brinca enquanto lhe mostro o dedo do meio e uso o elástico de cabelo no
meu pulso para colocar meu cabelo em um coque bagunçado na base do meu
pescoço.

“Ele não é arrogante sobre isso,” eu brinco de volta quando Callum


se senta à minha esquerda enquanto Vic fica a minha direita. Oscar senta no
banco do passageiro, enquanto Hael gargalha quando coloca as chaves na
ignição.

“Babe, se você está esperando que eu pare de ser arrogante, você


estará morta antes que isso aconteça.” Hael abaixa o visor quando pego meu
próprio capacete e o coloco. Apostaria que os caras normalmente evitariam a
ideia de segurança, mas então... os capacetes oferecem um elemento de
anonimato. Isso e dá um fator assustador neles, a maneira como eles
escondem os olhos.

Hael solta um grito de excitação quando ele liga o motor e sai pelo
caminho sinuoso em direção à praia. Voamos sobre uma pequena lombada
no final da estrada, e meu estômago bate na garganta. É divertido, e me vejo
sorrindo, apesar da noção de que vamos realmente ver Coraleigh Vincent em
algum momento desta tarde.

Ainda assim, é emocionante... o suficiente. Mas a adrenalina não é


nada comparada os altos em que tenho andado ultimamente. Entre meus
sentimentos pelos rapazes, o cheiro de perigo no ar e todas as situações de
merda em que nos metemos, não acho que algo tão simples quanto andar de
buggy seja suficiente para mim novamente.

Eu fui arruinada por Havoc.

Hael nos leva pelas maiores dunas que ele pode encontrar, inclinando
o carrinho em ângulos que me fazem pensar se não vamos rolar para trás da
colina. Minha respiração sai e eu me inclino para a frente, as mãos se
curvando em torno do topo do banco da frente. Mesmo que a adrenalina seja
fraca em comparação, ainda é um bom momento. Na verdade, eu gostaria de
fazer coisas assim com mais frequência.

Victor e eu somos casados, mas nunca namoramos. Tipo, um


encontro real.

Este é o mais perto que eu cheguei de ter um com alguém, exceto


Aaron.

“Você gosta disso?” Vic pergunta, sua voz abafada pelo


capacete. Tudo o que posso fazer é acenar com a cabeça enquanto
disparamos sobre o topo da colina e o buggy fica no ar por um momento
antes de cair na areia. Temos muito a aprender, eu e esses meninos.

Nós contornamos a beira do mar, passando pela espuma e cobrindo


minhas panturrilhas e tornozelos com água salgada fresca antes de ir para um
pedaço de grama espessa do mar. Só quando passamos pelos juncos é que
vejo o outro buggy. É muito menor que o nosso, um carro de dois lugares
carregando um homem e uma mulher, com o rosto coberto com o capacete.

Minha respiração sai, e meu coração para no meu peito.

Este é Havoc em poucas palavras, me dando algo bonito, me


prometendo algo perverso.

Hael vira o volante e nos leva direto para eles.

Oh.

“Você sabe que não está recebendo esse depósito de segurança de


volta, certo?”

As palavras de Hael se encaixam cerca de dez segundos antes do


impacto. Eu cerro os dentes, cavando minhas unhas no encosto do banco
quando Hael solta um grito de emoção. Nosso carrinho atinge o lado do que
eu só posso supor que é o veículo dos Vincents, fazendo-o rolar na areia
como uma ginasta. A força disso me faz ir para frente e depois para trás. Vic
e Cal mantêm uma mão na minha coxa, mas meu cérebro sacode no meu
crânio de qualquer maneira.

Deve ser apenas uma fração do que os Vincents estão passando.

O buggy deles vira algumas vezes e depois desliza pela duna em que
estamos descansando. Eu posso ouvir o casal gritando - mesmo através de
seus capacetes - enquanto lutam para obter o controle do
veículo. Infelizmente para eles, ele vira uma última vez e, com um gemido
cansado, o pequeno buggy descansa de costas como um besouro virado para
cima, rodas girando contra o céu.

Hael nos leva pelo o lado da duna e estaciona ao lado do carrinho


virado, desligando o motor e depois tirando o capacete. Seu cabelo vermelho
é atrevido e sexy como o inferno. Não deveria me excitar tanto, vendo os
caras causando havoc e deixando o chaos e mayhem2 em seu rastro. Mas
sim.
Eu sou tão perturbada.

“Ops,” Hael diz enquanto cruza os braços no volante e coloca o


queixo sobre eles. “Acho que atingimos alguma coisa.”

Callum já está rindo quando Vic e Oscar saem, tirando o capacete


enquanto examinam os danos.

Os Vincents estão atualmente lutando para tirar o cinto sem cair de


cabeça e quebrar a porra do pescoço. Quero dizer, se eles quiserem, sem
grandes perdas.

Deslizo para sair do banco e vou para a areia; rapidamente cobre


minhas unhas dos pés recém-pintadas nos novos chinelos que peguei no
saguão do hotel. Meu brilho labial tem gosto de cerejas e vingança enquanto
deslizo minha língua pelo lábio inferior.

“Tudo bem, tudo bem, chega de chorar,” Vic resmunga, acendendo


um cigarro. Por um momento, fico nervosa. Ele fuma quando está
estressado. Mas então ele passa para mim, e sei que isso é mais um tipo de
fumar em grupo. “Cal, Hael, tire-os do buggy.”

Observo os meninos se moverem para fazer o que seu chefe


pediu. Eu me sinto um pouco nervosa sobre Sr. Vincent. Tipo, é possível -
não provável, mas possível - que ele não saiba o que sua esposa faz. Nesse
caso, não sei se me sentiria confortável em executá-lo como Oscar fez com
Todd Kushner.

Mudo de pé para pé com desconforto, fazendo com que o olhar


escuro de Victor deslize para mim.

“Você está bem, esposa?” Ele pergunta, levantando uma


sobrancelha. Olho de volta para ele e dou uma tragada no cigarro. O vento
sopra alguns fios soltos de cabelo em volta do meu rosto, perfumando o ar
com o doce aroma de pêssegos e margaridas. Comprei este shampoo e
condicionador especificamente porque Callum me disse que tenho cheiro de
pêssego para ele.
“Estou bem.” Aceno com o queixo para os Vincents enquanto Cal e
Hael os empurram de joelhos na areia. Eles tomam a liberdade de remover
seus capacetes quando Coraleigh - mais conhecida por Leigh - soluça e
treme, e seu marido faz uma careta para nós como se ele tivesse algum
direito para ficar irritado. Esta viagem, este buggy, suas roupas...
provavelmente todos foram pagos com o dinheiro ganho com a venda de
meninas. “Coraleigh, há quanto tempo.”

Ela olha para mim com os lábios entreabertos e os olhos


semicerrados, como se estivesse tentando lembrar de mim, mas
simplesmente não consegue me reconhecer. Eu deixo minha cabeça cair para
trás, risos derramando dos meus lábios como veneno.

Ela me vendeu para ser estuprada por um pedófilo e ela nem se


lembra do meu rosto? Até Eric reconheceu, e ele era o pedófilo em questão.

Abaixo minha cabeça quando o Sr. Vincent, quem sabe sabe qual é o
nome dele, começa a reclamar e gemer.

“Você poderia ter nos matado!” Ele rosna, como se acaso os


tivéssemos matado íamos nos importar. Ele claramente não está entendendo
quem detém o poder no momento. “Vou chamar a polícia.” Quando ele pega
o telefone, Hael pega a mão dele e a quebra.

Isso acontece tão rápido que até eu me surpreendo com o


movimento. Um segundo, dois segundos... O Sr. Vincent começa a gritar, o
som arrastado pelo vento e o suave bater das ondas do oceano. Faltando
apenas dois dias para o Dia de Ação de Graças, e apenas cinco até dezembro,
é agradável, tranquilo e solitário por aqui.

Ninguém para ouvir seus gritos.

“Por que você está fazendo isso?” Leigh rosna enquanto olha entre
mim e Vic. Melhor ela não olhar para trás e ver o rosto do Callum. Há uma
razão pela qual ele fez uma menininha mijar-se no aquário sem nem
querer. “O que você quer? Não temos dinheiro com a gente.”

Victor suspira pesadamente e balança a cabeça, aceitando o cigarro


de volta quando eu o ofereço.
“É sempre sobre dinheiro,” ele diz, como se estivesse perplexo com a
simples ideia. “Quem se importa com dinheiro? Estamos falando de
dignidade aqui, respeito pela vida humana.”

“Diferença entre certo e errado,” acrescento, inclinando a cabeça


para o lado e apreciando os olhos castanhos e chorosos de Leigh. “Bem do
mal.” Um sorriso beija meus lábios quando ela choraminga e fecha os olhos,
como se estivesse com medo. Aterrorizada, realmente. Fiquei aterrorizada
quando liguei para ela da loja de antiguidades, implorando para que ela me
salvasse.

“Ele é como meu padrasto,” eu ofegava, lágrimas rolando pelo meu


rosto em grandes, gordas, salgadas gotas. “Estou com medo, Leigh. Não
deixe que ele me machuque dessa maneira, por favor, por favor, por favor.”

Há muito tempo, Leigh fingiu ser minha amiga. Ela era boa nisso,
fingir. Acreditei em tudo o que ela me disse, porque eu queria
acreditar. Queria uma amiga, especialmente uma em posição de poder,
alguém que pudesse me salvar de Pamela e do Coisa. Acontece que era tudo
mentira. Ela não passa de uma cadela tóxica com um complexo de vítima.

“Eu não mereço isso,” ela lamenta, fazendo-me revirar os


olhos. Uau. Não é nem mais divertido. É quase como se
ela realmente acreditasse no que está dizendo. “Eu sou uma boa pessoa. Por
favor, nós podemos pagar. Nós podemos...”

“Pare de mentir!” Eu grito, sem querer. Minha pressão arterial está


aumentando, minhas mãos se fechando em punhos ao meu lado. “Apenas
pare. Você pode chorar o quanto quiser, mas nós duas sabemos a
verdade.” Eu me ajoelho, como Cal e Vic fazem quando estão tentando
fingir que estão no mesmo nível de um de seus alvos. “Você e eu não
falamos há um tempo, mas ainda posso cheirar suas mentiras porque vivi a
verdade. Leigh, eu sei que você não se lembra de mim, mas meu nome é
Bernadette Blackbird.”

Ela solta um gemido estranho, fechando os olhos e murmurando


orações em voz baixa. Por que essa é sempre a salvação dos pecadores,
orar? Deus não quer ouvir as mentiras deles mais do que eu.
“Você me vendeu...” Eu começo, mas Coraleigh me surpreende
abrindo os olhos e lançando um olhar mais irritado do que qualquer outra
coisa, como se a estivéssemos incomodando e arruinando sua tarde
perfeitamente planejada. Bem, vou lhe dizer que fiquei extremamente
irritada com ela quando ela vendeu minhas irmãs e eu para pedófilos.

“Isso é o melhor, Bernadette. Você pode ser muito mais do que


apenas uma garota perdida de South Prescott; os Kushners têm recursos. Se
você for uma boa garota e fizer o que eles dizem, vejo um futuro brilhante
para você.”

Vadia mentirosa.

“Eu sei quem você é, Bernadette,” Leigh diz, voltando sua atenção
para Oscar. Ele não disse nada, mas do jeito que ele está olhando para ela,
acho que seus instintos devem dizer a ela que algo vai dar muito, muito
errado hoje. “Eu deveria saber que isso era uma maldita armação.”

O marido de Coraleigh, ainda segurando a mão machucada contra o


peito, lança um olhar de entendimento para ela, como se ele concordasse
com essa afirmação. Imagino. Ele deve se perguntar como sua esposa leva
para casa tais cheques de pagamento robustos.

“Uma armação?” Eu repito quando Oscar ajusta os óculos e olha na


minha direção. É impossível para mim não ver as cores em seus braços e
pescoço, suas pernas. Ele é o Aquiles de Afrodite, mas em vez de mergulhá-
lo no rio Styx, ele foi mergulhado em tinta. Será que, como o herói da lenda
grega, ele tem um ponto vulnerável que eu poderia perfurar com uma flecha?

“Antes de Eric e Todd saírem da cidade,” Oscar começa, inclinando a


cabeça levemente para o lado. Seu cabelo preto como um corvo está
despenteado pelos dedos de uma brisa costeira, suavizando-o por um breve
momento. Mas então eu pisco, e a imagem se foi. Ele é tão bonito quanto
uma estátua de mármore, mas tem apenas a metade do calor. “Eles
mandaram uma mensagem para Leigh para marcar esta reunião.” Um sorriso
estranho toma conta do rosto de Oscar, composto de vazios e raios de lua
sem fim. “Os Kushners estavam indo comprar uma garotinha.” Ele se inclina
e coloca as mãos nos joelhos de uma maneira muito condescendente, como
se estivesse se inclinando para falar com um par de crianças
malcriadas. “Onde está a criança, Leigh?”

“Você quer a garota?” Ela pergunta, trocando um olhar com o


marido. Seu rosto está escrito como um documento de terror, mas sua esposa
parece não entender. Ela se vira para Oscar, com olhos esperançosos. “Nós
podemos te dar a garota. Quantas você quiser, por um bom preço também.”

“Pare de fazer jogos,” Victor diz suavemente, lançando seu olhar de


obsidiana na direção do Oscar. Ele parece... entediado? Tomo isso como um
bom sinal. Não há perigo aqui, nesta interação. “Sabemos que a garota está
na casa deles. Vamos visitá-la?”

“Não, não fazemos negócios em nossa casa,” Leigh diz, balançando a


cabeça, como se isso fosse um negócio como sempre. Até o Sr. Vincent
parece levemente se acalmar, como se quebrar a mão não fosse incomum
para essa linha de trabalho. Acho que traficar garotas para sexo são negócios
arriscados.

Minha visão fica vermelha quando minhas mãos começam a


tremer. Flexiono meus dedos várias vezes, tentando parar o tremor violento
que domina meu corpo.

“Você lembra de mim?” Eu pergunto, confusa com a indiferença dela


ao ver meu rosto. Eric parecia aterrorizado quando me viu. Por que
Coraleigh é tão... profissional? Ela se vira para me encarar, seus lábios
puxando uma carranca. O menor fio de sangue escorre pelo lado de seu
rosto, caindo na frente da jaqueta North Face cor de água que ela está
vestindo.

“Não, mas eu ouvi falar de você,” ela diz, cruzando as mãos


calmamente na frente dela. “Também ouvi falar da sua gangue. Eu tenho
informações para negociar, se pudermos encontrar um preço aceitável.”

Ouviu falar de nós? Estou confusa.

Callum olha para Vic e franze a testa, os dedos tremendo, como se


ele desejasse enfiar uma faca na garganta de Leigh da mesma maneira que
ele fez com Todd Kushner. Em vez disso, ele fica parado, como um bom
soldadinho do Havoc. Hael apenas acende um cigarro, completamente
despreocupado com qualquer um dos Vincents.

“Nós podemos pagar,” Vic diz suavemente, acenando com a cabeça


como se estivesse pensando profundamente. Veja, o fato é que ele esfrega o
queixo quando na verdade está resolvendo problemas nessa bonita cabeça
dele. Isso é tudo apenas por diversão. “Mas primeiro, queremos ver a
garota.”

Coraleigh e seu marido trocam outro olhar antes de se voltar para


Victor e acenar com a cabeça.

“Está bem então. Mas se os Kushners aparecerem perguntando por


ela, devo dizer que a vendi para você.”

Victor sorri e mesmo que eu tenha passado a manhã transando com


ele e chupando seu pau, a expressão me dá calafrios.

“Não prevejo que isso seja um problema,” ele diz, e então Hael e Cal
usam um punho fechado para algemar os dois membros do casal Vincent na
parte de trás da cabeça. Há um som de estalo muito perturbador, como ossos
sendo quebrados, gotas vermelhas de sangue salpicando nas juntas do Hael
enquanto ele sacode a mão. Os meninos são como um par de máquinas bem
lubrificadas, os músculos de seus braços endurecidos por conversa fiada e
bullying.

O casal cai na areia e, embora o Sr. Vincent tenha sorte o suficiente


para não estar acordado, Leigh começa a gemer.

Tomo uma respiração profunda enquanto Cal bate nela novamente, e


novamente, e novamente até ela ficar quieta, e em seguida, ergue-la para
jogar sobre o ombro.

“O que vamos fazer com o buggy deles?” Eu pergunto enquanto Hael


faz o mesmo com o Sr. Vincent. Os meninos colocam o casal no banco de
trás do nosso buggy alugado. A parte dianteira está um pouco arranhada, mas
não ao ponto em que se possa supor que havíamos atropelado alguém nele.
“Dirigir ele de volta para a casa deles,” Vic diz com um sorriso. Ele
se move para o veículo e, com os cinco de nós empurrando para o lado,
conseguimos vira-lo. “É rápido.” Victor se inclina e beija minha têmpora,
passando um braço em volta da minha cintura e me puxando contra
ele. “Vamos acabar com isso para que possamos voltar a foder, certo? Esta é
a minha maldita lua de mel.”

“Nossa,” eu corrijo, mas não tenho certeza se estou tentando dizer a


Vic que pertence a mim e a ele ou... a todos nós.
Os Vincents possuem uma mansão à beira do mar. É um pesadelo de
quatrocentos e sessenta e cinco metros quadrados, seis quartos e cinco
banheiros, com uma parede de pedra, um estacionamento privado com
teclado e acesso direto à praia. De acordo com a lista de Zillow que pesquiso
no meu telefone, eles pagaram três milhões e novecentos mil dólares por
isso.

Diga-me novamente como um pediatra e uma assistente social


podem comprar uma casa no valor de quase quatro milhões?

Ah, é verdade.

Traficando jovens desamparadas para pervertidos.

“Chique,” Hael assobia, abrindo uma gaveta na cozinha e erguendo


as sobrancelhas. “Que porra é essa? Tem um freezer aqui.” Ele levanta um
recipiente de sorvete, verifica o rótulo e rasga o anel de plástico de
cima. Mais três gavetas depois e ele encontrou uma colher para comer.

“É chamado de freezer debaixo da bancada,” Oscar diz, tudo sem


tirar os olhos do iPad. “Eles são extremamente caros, inquestionavelmente
burgueses e pagos com o dinheiro que os Vincents obtiveram com a venda
de garotinhas perdidas.”

“Por favor!” Coraleigh grita, amarrada à sua própria cadeira em sua


própria sala de estar. Há uma parede inteira de janelas à sua esquerda, de
frente para o mar e o sol, mas não há uma alma naquela praia porque, bem, é
uma praia particular. Não é aberta à multidão de camponeses, os tolos o
suficiente para trabalhar em empregos normais e não explorar as pessoas em
busca de lucro. Portanto, ninguém a ouvirá gritar. Ninguém verá nossos
buggies estacionados em frente à casa. E, como Oscar é um gênio com o
iPad dele, ninguém verá as imagens de segurança das câmeras dos
Vincents. “Escute-me: podemos resolver as coisas de maneira amigável. Isso
não precisa se transformar em violência.”

Callum ri, sentado na beira de um dos balcões e comendo uma maçã


que ele roubou de uma tigela de frutas nas proximidades. Enquanto isso,
Aaron está lá em cima com todas as nossas garotas, certificando-se de trocar
suas roupas com areia e colocar pijamas frescos. Também há outra garota lá
em cima, aquela que os Vincents venderiam para os Kushners.

Ela é pequena e tem cabelos castanhos e, embora ela não


se pareça com Penelope, eu a vi, e de repente não consegui parar de pensar
em minha irmã. Elas têm os mesmos olhos. Não a cor deles, porque Pen
tinha olhos azuis e essa garota tem um olhar de obsidiana como Vic. Mas...
há algo mais lá, uma vivacidade e uma vontade de viver que parecem estar
presas sob uma lona, uma bolha esperando para flutuar livremente desde que
não seja estourada primeiro.

Pensei que, uma vez que Neil se fosse, eu me sentiria melhor de


alguma forma, menos triste por minha irmã estar morta, como se a vingança
fosse uma cura para o sofrimento. Enquanto estou feliz por termos eliminado
esse monstro da existência, a tristeza não diminuiu nem um pouquinho.
Estou parada na frente dos Vincents, olhando em volta para esta casa
estupidamente luxuosa e me perguntando como o cérebro de alguém pode
ser tão corrompido pela ganância que eles esquecem os princípios básicos da
humanidade: compaixão, empatia e bondade.

“Nós vamos matá-los?” Eu pergunto, em parte porque estou


genuinamente curiosa, mas também porque sei que a pergunta vai assustar
Leigh e seu marido (cujo nome ainda tenho que aprender, principalmente
porque não me importo).

“Ainda não tenho certeza,” Vic responde, brincando enquanto se


senta no banco curvo da janela, as costas contra o vidro, uma garrafa de
cerveja na mão direita. “Depende das informações que eles têm, das
informações que eles querem compartilhar conosco.” Ele dá um anti-sorriso
de assinatura enquanto eu vou até a gaveta onde Hael encontrou o sorvete,
procurando por mais.

“Quer compartilhar?” Ele pergunta, oferecendo-o e a colher, para


mim. Sorrio enquanto o pego, sentindo os olhos de Vic queimando nas
minhas costas enquanto meus dedos se enroscam nos de Hael. Nós olhamos
um para o outro enquanto eu pego o sorvete de chocolate e o chupo da
maneira mais lenta e sensual possível.

“Escute,” continua Coraleigh, olhando para nós como se tivéssemos


invadido seu espaço privado. Me pergunto se ela pensa nas garotas que ela
vende e como elas devem se sentir violadas. Provavelmente não,
hein? “Marcus e eu somos membros respeitados da comunidade. Se
desaparecermos, alguém notará.”

“Quero dizer, depois que vazarmos as informações que temos sobre o


seu círculo de tráfico sexual de crianças, ninguém se esforçará
procurando.” Vic faz uma pausa, pensa por um momento, reajusta sua
declaração. “Ninguém vai se importar.” Ele deixa sua boca enrolar em um
sorriso de escárnio. “Como Epstein3, e seu misterioso suicídio. Só que você
é uma batata muito menor e não tem bilionários, políticos e realeza como
clientes.”
“Temos amigos vindo para cá,” continua Leigh enquanto o marido
choraminga de sua localização à direita, os olhos fechados, o rosto molhado
de lágrimas. “Eles estarão aqui a qualquer minuto.”

“Oh, querida,” Oscar diz, finalmente se dignando a levantar os olhos


do tablet. “Eu certamente espero que não. Odiaria ter que atirar neles e, em
consequência de sua testemunha, também teria que atirar em você.”

Subo no balcão ao lado de Callum, nossos braços próximos o


suficiente para tocar, e desfruto dessa confiança serena dele. Infiltra-se em
minha pele como um bálsamo, lembrando-me da nossa conversa no telhado
e do jeito que ele ronronou a palavra ainda, de volta para mim quando eu
tinha mencionado que não tínhamos dormido juntos.

Ele olha para mim e eu olho para ele, chupando sorvete de chocolate
da minha colher.

“Não há necessidade de recorrer à violência aqui,” Coraleigh diz,


ainda tagarelando daquele jeito dela. “Nós não molestamos crianças. Nós
não estupramos meninas. Somos apenas duas pessoas normais tentando
sobreviver em um mundo que não é justo. Você pode entender isso,
certo? Você está fazendo a mesma coisa aqui esta noite.”

“Por que eles ainda estão vivos e falando?” Eu pergunto, finalmente


desviando meu olhar de Cal para olhar para minha assistente social. Número
três da minha lista e tão culpada quanto Eric na minha opinião. Se ela
realmente cuidasse das crianças sob seus cuidados, talvez elas não
continuassem desaparecendo no mundo dos mortos?

É preciso apenas uma pessoa para falar e incentivar outras pessoas,


para deixar elas saberem que você vê a escuridão para que elas também
possam ver. Existem monstros se escondendo ao nosso redor, mas se cada
um de nós lançar nossa luz naquele abismo, podemos vê-los, podemos
encontrá-los, podemos caçá-los da maneira que eles nos caçam.

Dou outra mordida no sorvete. Sua decadência pecaminosa derrete na


minha língua, destruindo meu paladar da pior maneira possível. Um gemido
de prazer me escapa e Cal ri.
“Você está se comportando notavelmente bem, considerando as
circunstâncias,” ele sussurra com sua voz deslumbrante, a que soa do jeito
que esse sorvete expresso duplo de chocolate escuro tem gosto. Finjo que
não sou afetada por sua presença e encolho de ombros. Foi Aaron quem me
disse para tentar encontrar a felicidade a cada momento. Estou realmente
tentando aqui. Ah, e além do mais, estou começando a perceber que sou uma
vadia seriamente perturbada que gosta de adrenalina.

Eu, Bernadette Savannah Blackbird, sou viciada em adrenalina.

“Sua porcaria de mentalidade de vítima está me deixando louca,”


digo a Leigh, assumindo a conversa, para o prazer de Hael. Ele está apenas
uivando de rir da maneira usual dele, todo abandono imprudente e juventude
corrompida. Ele deveria ser apenas um garoto que gosta de diversão, mas o
mundo o transformou nessa besta que dá gargalhada com um corpo duro e
um pau perfeito. Eu quase sorrio de novo, mas não cheguei a esse nível de
assustador. “Não há nada pior do que alguém que age como se estivesse
sofrendo bullying quando, na realidade, eles são o bully. Tirando daqueles
que realmente estão sofrendo bullying.” Aponto para os Vincents com minha
colher. “Você não é vítima. Você escolheu explorar sua posição de poder e
confiança na comunidade para prejudicar outras pessoas apenas com o
objetivo de ter um freezer embaixo da bancada para o seu sorvete
orgânico?” Sinto-me começar a rosnar e paro para molhar meus lábios.

Leigh continua olhando para mim, seu rosto quase o mesmo da


última vez que a vi, seis anos atrás. Ela teve uma plástica no nariz, tenho
certeza. E provavelmente algo com os peitos dela também. Eles eram
pequenos e flácidos da última vez que nos encontramos, mas isso não teria
importância se ela fosse uma boa pessoa. Infelizmente, ela não é, e eu vou
arrastar sua aparência pela lama também.

“O que você quer que façamos?” Ela pergunta, finalmente


entendendo.

Ou ela coopera ou, muito provavelmente, ela morre e segue o


caminho dos Kushners.
“Primeiro, gostaríamos de voltar atrás na ideia de seus amigos
prestes a chegar,” ronrona Oscar, seus olhos cinzentos da mesma cor que o
oceano além do vidro. Com o passar da tarde, o sol começou a se esconder
atrás das nuvens, como se ele soubesse que esse não é o seu mês ou estação
para brilhar. “Estou curioso para saber quantos buracos precisaremos cavar
para acomodá-los.”

“Ninguém está vindo,” Marcus Vincent diz, finalmente encontrando


suas bolas e falando. Ele olha para os olhos arregalados da esposa e franze
os lábios. “Somos apenas nós aqui até voltarmos ao trabalho na segunda-
feira.”

Uau. Que idiota do caralho.

“Excelente,” Oscar diz, deixando de lado o tablet. “Agora que


desabilitei seu sistema de segurança, podemos falar mais livremente.” Ele
cruza as pernas na frente dele e passa as mãos ao redor do joelho, os dedos
entrelaçados. “Diga-nos: o que você acha que vale a pena trocar por sua
vida?”

“O que?” Marcus engasga, olhando para a esposa novamente. Sua


mão deve estar doendo, quebrada e agora amarrada nas costas. “Você disse
que isso não voltaria para nós. Por que isso está acontecendo, Leigh?”

“Se eu lhe contar o que sei,” Coraleigh começa, lançando os olhos


para mim antes de volta-los para Oscar. Ela olha brevemente para Vic, mas
depois muda rapidamente para mim e Oscar novamente. Ela decidiu que
Victor não é uma ameaça. Engraçado que, considerando que tenho certeza de
que ele é a pessoa mais perigosa nesta sala. Afinal veja, Oscar é um
pesadelo; Victor controla esse pesadelo. Dou uma outra mordida no meu
sorvete, batendo os calcanhares contra a frente dos armários brancos. “Então
você vai me matar.”

“Se você não nos contar,” Oscar diz imediatamente, dando um


sorriso hediondo. “Nós apenas teremos que torturá-la até dizer
e depois matá-la.” Ele estende os dedos longos para esfregar as mãos
demoníacas tatuadas na garganta. Do jeito que ele levanta o queixo assim,
com um sorriso nos lábios, ele parece um aristocrata nascido na vida
errada. “Sua escolha. Temos alguns usos possíveis para mantê-los vivos,
então há esperança, por mais pequena que seja.”

Os Vincents trocam um olhar longo e intenso, como se estivessem


realmente discutindo suas opções. Que escolha eles realmente acham que
têm aqui?

“Você disse que não se lembrava de mim, mas que tinha ouvido falar
de mim,” começo, chamando a atenção de Coraleigh de volta. “Quer
explicar isso para nós?”

Hael pula no balcão do meu outro lado, sentado tão perto de mim
quanto eu de Callum. Todos os lugares em que tocamos queimam e, quando
respiro, sinto o cheiro de coco e óleo de motor - mesmo que estivéssemos
em um hotel por três dias seguidos. Esse perfume deve ser apenas uma parte
de quem ele é agora. Ele rouba o sorvete de mim e eu o atinjo na lateral com
um cotovelo. Poderia muito bem ter batido numa maldita rocha. Hael Harbin
é duro e em forma e sabe exatamente como ondular sua pélvis.

“Ophelia Mars me avisou sobre você,” Leigh diz, e levo quase um


minuto para processar o que ela disse.

Ophelia.

Como a mãe de Victor.

Como em... o que diabos está acontecendo?

“Que contato você teve com Ophelia?” Victor pergunta, de repente


alerta. Ele se inclina para frente e coloca os cotovelos nos joelhos. Seu olhar
é intenso, como olhar nos olhos escuros de um tubarão antes que ele
morda. Não há malícia lá, apenas sobrevivência. Não significa que você vai
sangrar menos.

Leigh engasga, como se tivesse sido pega com as mãos no pote de


biscoitos.

“Ophelia é... bem, ela é bem conhecida em nosso círculo...” A


assistente social desgraçada diminui quando Aaron desce as escadas, lábios
apertados, olhos duros. Ele tem um carinho especial por crianças e não
apenas por causa de sua irmã e prima, mas também porque toda pessoa que
importa para ele teve sua infância roubada.

A inocência é preciosa e essas pessoas lucram ao quebrá-la.

Não há nada pior.

“As meninas estão assistindo a um filme no home theater,” Aaron


diz, com uma mão apoiada no corrimão no pé da escada. Ele olha para os
Vincents como alguém pode examinar uma pilha de merda de cachorro. “E
aquela criança... ela tem nove anos de idade. O nome dela é Alyssa.” Sua
voz é afiada, quase robótica. Imagino que ele esteja se esforçando para não
matar alguém agora.

“Você acha que elas tentarão nos espionar?” Eu pergunto quando


Aaron gravita em minha direção como se estivesse sendo puxado por uma
força invisível, apoiando as mãos no topo das minhas coxas enquanto ele
fica entre elas. É como se ele estivesse com tanta raiva que ele precisa se
estabilizar, encontrar algo para se agarrar. Eu amo ser algo assim, um sol que
ele orbita na esperança de calor. Será que ele sabe que me sinto da mesma
maneira por ele? Que eu anseio por seu sorriso, sua aprovação, seu carinho.

Aaron balança a cabeça, seu cabelo castanho ligeiramente


encaracolado caindo sobre a testa.

“Eu as avisei que, se fizessem, haveria menos um presente de Natal


embaixo da árvore para todos elas.” Ele sorri, mas a expressão é tensa. “Se
eu conheço Kara - e eu sei que conheço - isso seria suficiente para manter
ela e Ashley na sala. Heather também, provavelmente, porque Kara lutaria
como o inferno para manter esse número de presentes pelo bem de
Ashley.” Ele dá um sorriso feroz que me faz tremer. Estou ciente de que
todos, incluindo Coraleigh e Marcus, estão olhando para nós. Além disso, eu
não ligo. “Mas eu não conheço Alyssa, então empurrei uma cômoda na
frente da porta também.” Ele encolhe os ombros e olha por cima do ombro
novamente, estreitando os olhos levemente. “Não gostaria que elas vissem
algo que nunca esqueceriam.”
“Como cérebro e osso, por exemplo,” Callum fornece, juntando-se à
conversa com um sorriso. Ele chuta as pernas da mesma forma que eu,
mordendo sua maçã. Seus olhos azuis brilham como o mar sob o sol poente
do lado de fora da janela. Já está escurecendo, mas isso não é
surpresa. Quero dizer, é quase dezembro.

“Ophelia disse que seu filho tinha uma gangue e que sua nova esposa
era uma criança que ficou algum tempo no sistema de assistência social. É
tudo o que sei,” implora Coraleigh enquanto olho em volta de Aaron para
olhá-la. Ele não parece inclinado a se mover, para grande desgosto de
Victor.

Vic me perguntou uma vez, durante as primeiras semanas, se eu


poderia fazer várias tarefas ao mesmo tempo. Aparentemente, ele é
realmente bom nisso: ele pode questionar um alvo e ser um idiota alfa
ciumento ao mesmo tempo.

“Tudo o que você sabe?” Victor ecoa, levantando-se do sofá e


vagando distraidamente pela cozinha. Ele abre a enorme geladeira Sub-Zero,
que não tem o direito de existir para apenas duas pessoas. Poderia conter
comida para uma família extensa de cem. Jesus. Isso vale o sangue e os
ossos das crianças? Uma boa geladeira? O que está errado com essas
pessoas. “Não, não é isso.” Ele se inclina na geladeira e começa a colocar
itens no balcão. Um pouco de carne, uma cabeça de alface, um tomate
gordo. Coisas para sanduíches. “Você não teria sugerido a venda de
informações tão lamentáveis.”

Levanto minhas sobrancelhas enquanto Victor prepara um sanduíche


na cozinha de duas pessoas que estão atualmente amarradas e implorando
por suas vidas. Por que isso é quente para mim? Sim, estou dick
drunk. Estou oficialmente dick drunk4.

Abafando um gemido, me viro para os Vincents.

“Acho interessante que você insista em mentir para nós,” Oscar


reflete, mas como ele não sacou a arma, acho que ele apostou que os
Vincents realmente seriam úteis para nós. Os Kushners não tinham nada que
pudéssemos usar, e eles não eram nada. Então eles foram executados como
se fossem nada.

Se eu dissesse que a morte deles não teve efeito sobre mim, estaria
mentindo. Porque, diferentemente dos Kushners ou dos Vincents ou da
minha ex-melhor amiga Kali Rose-Kennedy, eu tenho uma alma.

“Eles não devem valorizar suas vidas,” Victor concorda, e Marcus


solta um gemido. É claro que, embora ele esteja ciente das atividades de sua
esposa, ele não participa muito delas. Não há nada que ele possa nos dizer, o
que é uma pena, porque ele parece fácil de quebrar.

Apunhalo o pedaço gelado de sorvete com minha colher quando


Aaron dá um passo para trás, movendo-se para o lado próximo a Hael, para
que todos possamos assistir os Vincents se contorcendo.

“Ophelia é um membro importante da alta sociedade de Oak Park,”


Leigh engasga, seus olhos castanhos passando de um lado para o outro. Ela
está perdendo tempo. A questão é: por quê? “Ela tem sido uma grande
doadora nos eventos de arrecadação de fundos que realizei no-”

A risada do Victor quebra o ar parado, como um sino de igreja


sinalizando o início de uma procissão fúnebre. Olho para ele e vejo que ele
está curvado sobre o balcão, as palmas das mãos contra a superfície de pedra
brilhante, os olhos fechados.

“Uma doadora?” Ele pergunta, abrindo as pálpebras. Seus olhos


brilham com o fogo do inferno enquanto ele olha para Coraleigh. “Onde ela
está conseguindo dinheiro para doar para alguma coisa? Ela é pobre, apenas
uma rainha da beleza envelhecida, com uma fortuna acabando e uma
personalidade amarga.”

“Victor,” eu digo, esfregando meu polegar sobre o anel de sua


avó. “Ela está tentando ganhar tempo. Alguém realmente está vindo.”

Oscar e Victor trocam um olhar enquanto Hael levanta as


sobrancelhas vermelhas.
“Você realmente acha que ela é tão estúpida?” Ele pergunta com um
assobio, mas eu já estou balançando a cabeça.

“Ela é tão calculista,” eu corrijo enquanto saio do balcão, deixando o


sorvete e a colher suja atrás de mim. Oscar está me encarando com uma
expressão estranha, como se ele não pudesse decidir se deveria me levar a
sério ou zombar e me dizer que estou sendo boba. Quero dizer, não que eu o
culpe. Que tipo de idiota permitiria que um convidado aparecesse conosco
aqui? Ou Coraleigh é apenas arrogante... ou seus instintos estão muito,
muito, muito errados. “Quem quer que esteja vindo, ela acha que eles podem
se defender contra nós.”

Minha atenção imediatamente se volta para a escada e as meninas na


sala no andar de cima. Aaron também. Percebo pela maneira como ele aperta
a mandíbula.

“Devo coloca-las no Bronco e ir embora?” Ele pergunta. Está


estacionado do lado de fora, escondido pelo enorme muro de pedra que
rodeia a mansão à beira-mar dos Vincents. Não tenho certeza se ele está
conversando com Vic ou... bem, ele está olhando para mim. Nossos olhos se
encontram e flexiono meus dedos ao meu lado.

“Não,” Victor diz, tão calmo e uniforme como sempre. Aaron e eu


nos viramos para olhá-lo. Ele está segurando uma enorme faca de cozinha
nas mãos grandes. Com sua atenção fixada em Coraleigh, ele com muito
cuidado divide seu sanduíche em quatro triângulos. Cada pressão da faca no
pão é uma ameaça. “Acho que tenho uma boa ideia de quem será seu
convidado.”

“Ophelia?” Oscar pergunta, fazendo a conexão antes que eu tenha


uma chance. Callum estala os dedos dizendo eu deveria ter pensado nisso.

“Tudo isso começa a fazer um sentido muito perverso,” ele concorda,


exibindo um sorriso bonito. Cal pula do balcão de tal maneira que ele
poderia muito bem estar dançando em um palco na frente de milhares. “O
que você quer fazer, chefe?”
Victor cuidadosamente coloca os triângulos do sanduíche em um
prato antes de pegar quatro refrigerantes na geladeira e pegar um saco de
batatas fritas no balcão.

“Eu vou alimentar as crianças,” Vic diz suavemente, reunindo os


itens em seus braços grandes. Aaron e eu trocamos um olhar, mas mesmo
com a ansiedade aumentando no meu sangue, tenho que reprimir um
pequeno sorriso.

“Sim, sim,” Cal concorda, como se fosse a coisa mais lógica a fazer
aqui. “E depois?”

“Desate Leigh e arraste o marido para a garagem,” Vic diz enquanto


passa. Ele para com um pé no degrau mais baixo e olha por cima do
ombro. “E se ela não se comportar de uma maneira que nos agrade, atire no
Sr. Vincent no rosto.”

Victor e eu estamos sentados juntos no banco da janela quando


Ophelia e Tom aparecem uma hora depois, um adolescente andando atrás
deles. As mãos do garoto estão nos bolsos, a cabeça baixa. Com seu cabelo
castanho claro caído, eu realmente não consigo ver o rosto dele.

“Victor,” Ophelia diz, cruzando um único braço sobre a barriga. Seus


olhos escuros se voltam para mim brevemente antes de retornar ao filho,
como se ela esperasse vê-lo aqui o tempo todo. Nada demais. É uma mentira,
mas é boa. No entanto, o sangue deve correr bem e grosso nessa família,
porque Ophelia aperta os ombros da mesma maneira que Victor quando ele
está interpretando um papel. “Bom ver você aqui.”

“Sim, bem,” ele começa, olhando para além de sua mãe para estudar
Leigh. Quando a desamarramos, eu tinha certeza de que ela iria fugir. Mas
então, subestimei sua natureza gananciosa. Ela não quer nos deixar sozinhos
em sua casa de praia. Ela também não quer correr para a polícia. Então... ou
a polícia de Newport é realmente boa gente, ou então está no bolso de outra
pessoa. “Quando Leigh aqui ouviu falar sobre nosso casamento e nossa lua
de mel em Newport, ela nos convidou para jantar.” Vic mostra aquele
terrível anti-sorriso dele, todo dentes brancos e sarcasmo. Meus dedos
traçam as tatuagens em seu braço, acariciando carinhosamente sua tatuagem
e sentindo meu coração palpitar no meu peito.

“Ela me ajudou tanto quando eu era criança,” minto, jogando o jogo


de política com meu novo marido Havoc ao meu lado. Quando sorrio, tenho
certeza que as pombas choram. É provavelmente um olhar tão assustador
quanto em qualquer um dos meninos. É isso que a dor faz; isso molda sua
boca. Não, não, ela possui sua boca. “Coraleigh é uma bênção para crianças
sem alguém para guiar.”

Foda-se, sorrir é uma merda. Meu rosto dói.

“Hum,” Ophelia murmura, olhando de soslaio para Coraleigh. Ela


apenas olha para ela e não demonstra nada.

“Talvez eu deva colocar para todos nós uma rodada de


bebidas?” Leigh sugere, passando para um bar molhado no canto da sala. Ela
começa a mexer em copos enquanto eu olho para Ophelia em direção a Tom,
o vendedor de carros usados que ela está namorando. E depois há o garoto...
Ele levanta a cabeça para olhar para mim, e nós dois empalidecemos
consideravelmente.

Oh.

Ah não.

David é um dos dois caras com quem dormi entre terminar com
Aaron e me juntar a Havoc.

“Bernadette,” ele diz, e eu odeio, odeio, odeio que ele se lembre do


meu nome.

“David.” Assim que digo o nome dele, olho para cima e encontro
Victor olhando para mim.
“Você conhece o filho do Tom, David?” Ele pergunta, e meu coração
pula várias batidas. Eu respiro fundo, como se estivesse voltando dos
mortos.

Lembra como eu disse que cheirava uma conspiração?

Essa merda cheira a uma.

“David e eu... estávamos na mesma festa Prescott uma vez,” arrisco,


e todo o comportamento de Victor muda. A agressão sai dele em ondas, me
fazendo mexer desconfortavelmente. Ele faz um ótimo trabalho mantendo
isso para si mesmo. Se eu não o conhecesse tão bem quanto conheço, duvido
que perceberia.

“Que... interessante,” Victor ronrona, apertando os lábios levemente


e transformando seu sorriso em um sorriso verdadeiramente assustador. Ele
sabe que David e eu dormimos juntos, mesmo que eu tenha contado a
história apenas a Aaron. Vic é tão perceptivo assim. “Springfield é realmente
uma cidade pequena em sua essência, não é?”

“Verdadeiramente,” Ophelia concorda, e sinto um calafrio ao ver os


dois se encarando. De um lado do tabuleiro, jogamos as peças brancas. Do
outro, Ophelia segura as pretas. Mas veja, o fato é que o rei, por mais
importante que seja, é uma peça inútil. A rainha pode se mover para onde
quiser.

Eu tenho que jogar pelo nosso lado e vencer.

Os passos de Aaron na escada chamam a atenção dos três


convidados, mas, ao contrário de Victor, ele não se incomoda em sorrir
quando os vê. Ele não é muito bom em fazer política, Aaron não.

“As crianças estão realmente gostando do seu cinema,” ele diz a


Coraleigh, olhando para ela como se essa simples declaração fosse uma
ameaça. “Especialmente Alyssa. Todas estavam se perguntando se poderiam
usar a piscina mais tarde também.”

“Oh, bem, nós realmente não gostamos de crianças na área da


piscina,” Leigh diz com uma risada tensa, bebendo um copo do que parece
ser uma vodka de alta qualidade. Ela estremece um pouco, mas não tenta
amenizar com nada. Eu diria que a respeito por isso, mas é difícil elogiar
alguém que vende crianças a pervertidos por qualquer coisa. “Marcus
mantém suas plantas raras lá.”

Ela está... ok, foda-se, essa mulher é louca no próximo nível.

“Que crianças?” Ophelia pergunta, dando a Coraleigh um olhar


estranho. “Quem é Alyssa?” Ela olha da minha assistente social desgraçada e
depois de volta para mim, com os cabelos negros entrançados na base do
pescoço, vestido creme de designer. Um colar de diamantes brilha em sua
garganta pálida quando ela levanta dois dedos para acariciá-los
distraidamente.

Não sei você, mas isso me parece um tique, da mesma maneira que o
filho dela esfrega o queixo.

Tom aceita algum tipo de bebida mista de Coraleigh, enquanto David


se afunda no sofá mais próximo de mim e Vic. Eu posso sentir os olhos do
meu marido percebendo seu comportamento a partir daqui. Se Victor estiver
procurando por um desafio, ele não encontrará um em David Benedict.

Benedict. O sobrenome dele é diferente do de Tom, e é por isso que


nunca fiz essa conexão antes. David deve ter o sobrenome de sua mãe ou
algo assim.

“Não se preocupe com as crianças,” Aaron diz a Ophelia, fazendo


uma pausa a poucos metros dela. Pelo jeito que eles se olham, posso dizer
que eles já se conheceram várias vezes antes. “O que você deveria se
preocupar é o que você vai comer no jantar. Porque você está indo embora.”

“Acabamos de chegar aqui,” Tom diz, mexendo sua bebida e


tomando um gole. Ele olha para mim por cima do copo. “É uma viagem
longa. Além disso, geralmente passamos a noite.”

Ophelia se afasta de Aaron, descartando-o como uma ameaça. Mas


apenas um idiota vira as costas para uma mamãe ursa, entende o que eu
quero dizer?
Em um instante, toda a atmosfera da sala muda. Aaron desliza uma
faca de debaixo da cintura da bermuda jeans e pressiona-a com força contra
a frente do pescoço da Ophelia. Para seu crédito, ela não entra em pânico,
nem grita, nem sequer suspira quando a lâmina corta e tira uma única pérola
vermelha rubi.

“Que diabos?” Tom exclama, sem a elegância excepcional de sua


amante. Seus olhos verdes de pântano se arregalam de medo quando ele dá
um passo para trás, derramando o que eu acho que é um mojito na frente do
terno e xingando. Os olhos de David se arregalam, e eu o vejo engolir um
pedaço de medo, seu olhar passando para mim.

“Oh, Deus,” Leigh geme, cobrindo o rosto com as mãos enquanto


Victor se levanta lentamente do sofá para encarar sua mãe. Das sombras,
Callum, Oscar e Hael aparecem, armas prontas. Em um movimento
puramente de efeito dramático, Hael enfia um novo pente na pistola e sorri.

“O que é isso? Um golpe?” Ophelia pergunta com uma risada


estridente. Vou para ficar ao lado de Victor, pela primeira vez plenamente
consciente do plano. Às vezes, acho que os meninos nem querem me deixar
de fora; eles apenas trabalham tão bem juntos que podem planejar as coisas
rapidamente.

“Não, mãe,” Vic diz, estendendo a mão para tocar seu colar. Seus
olhos de pedra se movem para o rosto dela. É fascinante ver os dois cara a
cara assim. Me faz perceber o quão forte o lado de sua mãe no pódio de
genes é. Provavelmente, se tivéssemos um filho, eles se pareceriam com os
dois. “Este é um lindo colar. Acho que você trouxe como presente de
casamento? Você sabe, já que você não deu um para mim e Bernie.”

“Você chama aquilo de casamento?” Ophelia engasga com outra


risada, essa muito mais mordaz. “Naquele pesadelo de casa infestado de
cupins?” Ela estende a mão como se fosse afastar a lâmina, mas Aaron
pressiona a faca com mais força, transformando a pérola de rubi em um
riacho que desliza na frente do pescoço.

Com movimentos lentos e cuidadosos, Victor remove o colar da


garganta de sua mãe e depois se vira para mim. Ele beija a concha da minha
orelha enquanto aquele cheiro de almíscar e âmbar de seus cachos me
rodeiam como fumaça.

“Eu vou te dar o mundo,” ele promete, apertando o colar e, em


seguida, recuando tão de repente que fico tonta e sem fôlego. Vic se vira
para Aaron e assente. “Você pode abaixar a faca,” ele diz, e, com certa
relutância, Aaron o faz.

Ophelia toca as unhas cor de malva bem cuidadas na garganta e as


afasta para olhar as manchas de sangue nas pontas dos dedos.

A casa está silenciosa, exceto pelo eco mais fraco de um filme vindo
do andar de cima.

“Então,” Victor começa, pegando minha mão na dele e deslizando o


polegar pelo anel de sua avó da maneira mais preguiçosa e sensual. Mesmo
com Callum, Hael e Oscar posicionados ao redor da sala com armas, com os
olhos negros de Ophelia me encarando, com o olhar cansado de Aaron, estou
animada com isso. Tenho certeza de que é a intenção de Vic, pelo
menos. “Mamãe querida, nós dois sabemos que você realmente não pode me
matar – apesar das minhas piadas do contrário.” Victor olha para mim com
uma expressão suave no rosto. Se realmente atingisse seus olhos, poderia ser
fofo. “Se eu morrer antes de receber minha herança, tudo será destinado à
caridade.”

Minhas sobrancelhas sobem quando olho para Ophelia. Para alguém


que sangra pelo pescoço, ela parece extraordinariamente tranquila em seu
vestido de cetim.

“Então... para perder o dinheiro para sua mãe, você precisa reprovar
e não se formar ou sair da casa de seu pai?” Eu pergunto e Vic sorri.

“Ou me divorciar,” acrescenta, e depois joga a cabeça para trás e ri.

“Ou cometer um crime,” acrescenta Ophelia, cruzando os braços sob


os seios e olhando ao redor da sala para os outros Meninos Havoc. “O que
tenho quase certeza de que você acabou de fazer. Tom, termine sua bebida e
vamos embora.”
Aaron avança com a faca, mas Victor acena para ele.

“Olho por olho, mamãe. Você aparentemente está envolvida em uma


quadrilha de tráfico sexual de crianças.” Victor passa as pontas dos dedos
sobre o colar na minha garganta e dá um passo para trás. Ele enfia os dedos
tatuados nos bolsos enquanto Ophelia o encara com um rosto tão frio e
impassível quanto o de Oscar. Meus olhos se voltam para o homem em
questão, mas ele apenas parece entediado com todo o cenário.

Como se ele pudesse me sentir olhando para ele, os olhos cinzentos


do Oscar encontram os meus e acabamos olhando um para o outro. Ele se
lembra de estar dentro de mim? Ele sabe o quão profundo ele me machucou
fugindo? Em vez de ficar chateada com tudo, preciso aprender a ouvir
minhas emoções.

A atitude de Oscar está me deixando triste.

Tão fodidamente triste.

Estou sem voz há tanto tempo que, quando percebi que podia falar,
fui na direção oposta. Cada coisinha saindo da minha boca está pingando
sarcasmo e raiva. Afinal, tenho muito motivo para odiar esses garotos. Não
consigo ver dentro de suas cabeças; Não sou uma leitora de mentes. Eu
preciso abrir um diálogo com eles.

Olho para Ophelia.

“Todos os seus amigos extravagantes também, aposto,” digo,


deixando que o sarcasmo e a raiva que eu estava falando vazar pela minha
boca. Por que direcioná-lo para os caras quando eu tenho outros
alvos? “Você não vai dizer nada sobre isso. Você vai sair dessa casa e iniciar
um novo plano contra Victor. Por que você não vai agora e começa a
planejar? Você está estragando nossa lua de mel.” Deixo meu sorriso se
transformar em um sorriso de dentes brancos. Tal marido, tal
esposa. “Obrigada pelo colar, a propósito. É lindo.”

Ophelia sorri para mim, a expressão que combina com a minha. Ela
odeia o filho quase tanto quanto eu o amo. E digo quase porque não há como
tocar nessa coisa tóxica e bonita que Victor e eu temos.
“Temos um ano inteiro para brincar uma com a outra,” Ophelia
ronrona, inclinando-se o suficiente para sentir o perfume dela, como café,
baunilha e flores brancas. Alguma fragrância cara, sem dúvida. “Estou
ansiosa para isso.” Ela literalmente estala os dedos enquanto se levanta e
Tom tropeça para fazer o que ela quer, empurrando o copo vazio de volta nas
mãos de Coraleigh enquanto ele se esforça para acompanhar. “Venha,
David.”

David - um dos únicos caras fora de Havoc com quem eu já transei –


levanta, lançando-me um último olhar estranho a caminho da porta.

“Que diabos foi isso?” Hael pergunta, apontando entre a porta da


frente e meu rosto. Olho de volta para ele, tentando educar minha expressão,
mas devo ser uma péssima jogadora de pôquer, porque ele estreita seus olhos
castanhos para mim. Um pouco de ciúme azeda sua expressão, mas eu não...
não desgosto. Isso é errado?

Mesmo que seja, eu não dou a mínima.

“Bernadette fodeu aquele cara,” Victor diz, acendendo um cigarro e


me dando um olhar inescrutável. “É melhor que sua doce boceta não nos
cause problemas do jeito que o pau de Hael deu, ou juro por Deus, estou
indo para Fiji e nunca mais volto.” Ele gesticula na direção de Coraleigh
com a cabeça. “Callum, deixe-a ir ao banheiro e depois amarre-a
novamente. Nós vamos ficar o fim de semana.”
Victor Channing é um deus escuro e masculino. Eu não acho que
exista uma mulher heterossexual nesta terra que não olhe para ele e sinta a
necessidade de adorar pelo menos algum aspecto de seu corpo. Sua
personalidade, por outro lado, pode deixar algo a desejar.

“Quer me falar sobre David?” Ele pergunta, sem camisa e lindo e


olhando por cima do ombro para mim com um brilho cruel e possessivo em
seu olhar de obsidiana.

“David,” começo, sentada na beira de uma cama king size em um dos


cinco quartos de hóspedes dessa casa monstruosa. Deixamos o quarto dos
Vincents para eles passarem a noite. Quero dizer, eles estão amarrados, mas
pelo menos estão em sua própria cama, certo? “Eu o conheci em uma festa
em Prescott e transamos uma vez.”
Victor se vira completamente para olhar para mim, jogando sua
camisa no chão ao lado de sua mala. Mandamos Callum e Hael para pegar
nossas coisas do hotel; agora estamos oficialmente mudados para a mansão
dos Vincents. A princípio, o pensamento me deixou nervosa. O que acontece
se formos pegos aqui? Mas então lembrei que havia uma garotinha chamada
Alyssa na outra sala que estava prestes a ser vendida para pervertidos. Temos
muita sujeira nos Vincents para que eles façam qualquer coisa.

“Você usou camisinha?” Victor pergunta, e juro por Deus, eu quase


explodo. O olhar que dou a ele é puro fogo, mas ele não recua. Ele apenas
fica lá, sem camisa, tatuado e glorioso, e me olha enquanto penteio os
emaranhados da praia dos meus cabelos molhados.

“Sim, idiota. Eu usei camisinha. Acredite ou não, nunca criei o hábito


de não usar camisinha até me tornar uma garota Havoc.” Meu estômago
aperta com a minha própria idiotice ultimamente. Aaron, é claro, foi um
perfeito cavalheiro e fez a coisa do preservativo funcionar. Mas Oscar e
Victor e... até Hael.

“Você não esquece, a menos que você realmente goste de uma


garota.” Hael disse isso para mim uma vez, no Hellhole, naquela loja gótica
no centro de Springfield. E ele fez exatamente isso, no capô do seu Camaro,
o carro que ele não deixa ninguém tocar, a menos que faça parte de Havoc.

Hmm.

Meu rosto fica vermelho e olho para o meu colo. Eu tenho tomado
aquelas pílulas estúpidas de controle de natalidade que Oscar
misteriosamente adquiriu - ou mais provavelmente Callum roubou para ele -
então pelo menos tenho isso.

Minha mão treme na escova para quando Victor se aproxima de mim,


segurando meu queixo entre os dedos e levantando meu rosto para olhá-lo. A
conexão entre nós pulsa e palpita como uma coisa viva, fazendo meu peito
doer. Ele sabe o quanto ele significa para mim? Mesmo que ele diga que seu
amor é egoísta, mesmo que seja um idiota ciumento.

Eu lambo meus lábios quando ele se inclina e me respira.


“Você cheira tão bem,” ele murmura, e tenho que fechar meus olhos
para segurar a emoção no meu peito. “Eu poderia comer você, Bernadette,
consumir até a última mordida.” Victor lambe o lado do meu rosto e a escova
cai da minha mão, batendo no chão.

Porra, merda, droga.

“Pare com isso,” eu advirto, mas não há calor nas minhas palavras.

“Não.” Ele agarra meu queixo ainda mais forte, e abro meus olhos
para encontrar seus lindos olhos de ébano. “Esses pedaços de merda
desperdiçaram quase meio dia do meu tempo; Eu vou compensar isso
agora.”

Quase abro minha boca para protestar, mas então... pra quê? Aaron
tem as meninas sob controle. Entre Cal, Oscar e Hael, eles podem cuidar dos
Vincents.

“Foi um belo presente de casamento,” digo em vez disso, e ele


sorri. Mesmo com um pouco de verdadeira alegria colorindo seus olhos, é
realmente mais um anti-sorriso. “Quero dizer, entre os Vincentes e o
Coisa...” Eu paro quando Victor ri.

“Violência e sexo, eu posso oferecer a você isso em massa,” ele me


diz, soltando meu queixo e depois dando um passo para trás para desligar a
luz. Somos mergulhados na escuridão, mas isso realmente não importa,
porque vivemos lá em nossas almas de qualquer maneira. Somos eu e Vic,
apenas dois corvos em um assassinato de penas negras e bicos afiados. “E
amor. Essas coisas são infinitas.”

“Você é um idiota,” eu engasgo, porque é tudo o que tenho. Minhas


bochechas estão coradas e meu coração bate forte. “Mas eu te amo de
qualquer maneira.”

“Por quê?” Vic pergunta, movendo-se através das sombras para pegar
alguma coisa. É o meu vestido, meu lindo vestido de noiva preto, que ele tira
do cabide e me traz. Ele oferece, mas levo um segundo para pegá-lo, porque
estou lutando pelas palavras certas.
“Por quê?” Eu ecoo “Eu poderia perguntar a mesma coisa,
sabe.” Pego o vestido dele. Ele brilha, mesmo com apenas uma pitada de
luar do lado de fora. Nossas janelas estão abertas e posso ouvir o mar
dizendo olá e adeus à praia em um murmúrio suave. Constante, interminável,
sem limites.

“Evasiva,” Vic diz, acendendo outro cigarro. Ele é viciado em


nicotina do jeito que sou viciada em sua atenção. Pode nos matar um dia,
mas não nos importamos. “Você sabe por que eu te amo; Eu disse isso na
noite de núpcias, logo depois que ficamos nus no quarto de hotel.” Ele
aponta para mim com o cigarro. “É você quem me deve.”

Franzo a testa e olho para o vestido.

“Eu tenho problemas de intimidade, Vic.”

Pronto. Uau. Eu disse isso. Disse algo real, algo que não é... raiva.

“Todos nós temos,” ele diz, ajoelhando-se na minha frente. Olho para
ele e faço o possível para conter as lágrimas. Por que estou chorando
agora? Eu tive oportunidades muito melhores de chorar. Victor estende a
mão e segura o lado do meu rosto em uma mão grande e quente. Seu polegar
mexe nos meus lábios enquanto lágrimas salgadas deslizam pelas minhas
bochechas. “Fomos criados em cacos de vidro e sonhos destruídos,
Bernadette. Estamos autorizados a ser fodidos. Estamos autorizados a
cometer erros.” Ele suspira e sua respiração penetra no meu joelho enquanto
coloca a testa na minha perna. “Também podemos mudar.”

Eu alcanço o bolso do vestido e puxo o tubo de batom


rosa. Heartless5, se chama. Mas mesmo que eu ame a cor -
Penelope realmente adoraria a cor - não sou insensível. De fato, às vezes eu
gostaria de ter menos coração, porque então as coisas não doeriam tanto. A
próxima coisa que retiro é a lista, aquele envelope feio e amassado com
todas aquelas pessoas horríveis escritas nele.

1. o padrasto

2. a melhor amiga
3. a assistente social

4. o ex-namorado

5. o diretor

6. o irmão adotivo

7. a mãe

Manchas de batom rosa encobrem alguns deles, mas o mais


importante ainda permanece.

A mãe.

Porque de todas as pessoas, de todos os humanos, foi ela quem me


trouxe a este mundo e depois deixou me foder. Incentivou também. Fez ela
mesma, até.

“A parte mais triste de tudo isso,” digo a Vic, estudando a lista que
fiz alguns meses atrás. “Esses nomes estão aqui não porque eu queria odiar
essas pessoas. Eles estão aqui porque eu os amava, ou amei a ideia de quem
eles deveriam ser.” Meu polegar passa pelo número três enquanto penso em
Coraleigh em seu quarto no corredor. “O trabalho dela na sociedade é ser
uma rede de segurança. Ela deveria me proteger, me levar para um lugar
melhor. Ela fingiu ser minha amiga, Vic.” Suspiro e movo meu polegar para
o número cinco. O diretor Vaughn é... interessante. Ele não é inocente, e
recebeu o que merecia, mas também chamou os meninos para mim. Ele
chamou uma ambulância para Srta. Keating. É possível alguém procurar por
redenção, não importa o quanto eles estragaram tudo?

Não para alguém como Eric Kushner. Ou o Coisa. Mas acho que é
por isso que eles estão mortos e Scott Vaughn não. Coagir adolescentes
menores de idade a fazer vídeos pornográficos ao vivo é muito ruim, mas ele
não estuprou ninguém que conhecemos.

Viro o envelope. Meus votos estão escritos lá em caneta


esferográfica. Parte da tinta está manchada, mas isso não importa, porque
ainda posso lê-los. Foda-se, ainda sei o que quero dizer sem ler. Mas fingir
ler as palavras do papel me faz sentir melhor.

“Está muito escuro para você ver isso,” Victor desafia, levantando a
cabeça para olhar o pedaço de papel. Aliso a borda dobrada para baixo, para
que ele possa ver a página melhor. O luar fragmenta em barras de prata. Eu
posso ler bem o suficiente.

“Eu nem preciso ler para dizer,” o informo de qualquer maneira,


minhas mãos tremendo. Ser vulnerável não é minha coisa. A vulnerabilidade
nunca me serviu bem. Eu me deixei vulnerável com Penelope, e ela está
morta. Eu me deixei vulnerável com Aaron, e ele me deixou. Grande
expiração. “Você pode ler o seu de novo?” Eu pergunto e Vic ri. Ele acaricia
seu rosto contra o meu joelho, e solto um pequeno suspiro de alívio.

Ele fará isso; Eu sei que ele vai.

“Claro, mas você precisa colocar o vestido de novo.” Ele se levanta,


pairando sobre mim de uma maneira que só posso descrever
como protetora. Vic, apesar de seu comportamento idiota, quer cuidar de
mim. Eu sei disso.

“Está coberto de sujeira e porra, seu idiota,” eu resmungo, mas


realmente não é tão ruim assim. Na verdade, ele só precisa de uma limpeza a
seco. Depois de pagar quase seis mil dólares por isso, você pode apostar que
vou limpá-lo e usá-lo novamente.

“Coloque-o, Bernadette,” ele exige suavemente, se movendo ao meu


redor e indo para a varanda. Ele sai, banhando seu corpo com ainda mais luz
prateada da lua. Ela destaca suas tatuagens e aumenta a forma de seus
músculos.

Levanto-me e substituo a camisola preta de renda que eu estava


usando, trocando-a pelo vestido. Não me incomodo com calcinha. Victor
apenas as arranca e as joga fora de qualquer maneira. Meus pés descalços
tocam no chão de mármore enquanto me aproximo para ficar ao lado do meu
marido.
“Eu posso ver por que você manteve a sua vida escondida de
Ophelia,” digo a ele, e ele faz uma careta, voltando sua atenção para o
mar. Alguns pinheiros e abetos da costa de Sitka pontilham a borda da
propriedade, mas, na maioria das vezes, a vista está obscurecida. É lindo,
mas não vale o sangue de inocentes. “Ela é um tubarão filho da puta, Vic. Na
verdade, ela é assustadora como o inferno. O que vamos fazer com ela?”

Ele apenas balança a cabeça, estendendo os dedos tatuados para


passar pelos cabelos. Aproximo-me um pouco, para que, quando inspiro,
sinto o cheiro daquele almíscar masculino dele, e não apenas o sal, a areia e
o mar.

“Sem mais negócios hoje à noite,” ele me diz, olhando e exalando


bruscamente. Victor reina essa raiva dele da maneira que sempre faz, da
mesma forma que no quintal da frente daquele dia em que eu o desafiei, e ele
me empurrou contra uma árvore. Ele é um mestre em controlar seu
temperamento. Ouso dizer, melhor que Oscar até. “Essa é a coisa com
Havoc. Sempre há alguém para enterrar, alguém que quer enterrá-lo e uma
maneira mais produtiva de gastar seu tempo.” Ele ri de novo; o som disso é a
própria definição de ASMR6 para a alma. “Às vezes você só quer transar
com sua garota, entende o que eu quero dizer?”

Sorrio para ele, colocando minha mão direita no bolso enquanto


seguro a lista com a esquerda.

“Não exatamente. Tenho certeza de que nasci amaldiçoada porque


gosto de homens. Se ao menos a sexualidade fosse uma escolha.” Balanço a
cabeça enquanto Victor sorri de volta para mim. Olho por olho, ele disse à
mãe, mas, na verdade, somos eu e ele em poucas palavras.

“Você está enrolando,” Victor diz, e ele não está errado. A ideia de
ler para ele o que está escrito neste papel me enche de terror. Ele se vira,
apoiando os cotovelos no parapeito atrás dele e olha diretamente para
mim. “Nós teremos outro casamento, depois que eu receber minha
herança. E convidaremos todo idiota bilionário que minha mãe
conhece. Será gótico pra caralho e vai assustar todos eles. Porque, você sabe,
não estou satisfeito em possuir o respeito dos alunos do ensino
médio. Nós vamos controlar o subsolo, Bernadette. Nós
vamos governar.” Victor estende a mão e agarra meu braço, me puxando
para perto e alinhando nossos corpos. Quando ele olha para baixo e nos
meus olhos, meu coração para de bater. Porque ele tem o poder de fazer
isso. Ele é dono do meu coração e também sabe disso. “Quando chegar a
hora, direi isso a todos na plateia.”

“Oh, por favor,” murmuro, mas mais uma vez, minhas palavras são
suaves, tão calmas quanto as ondas suaves do oceano. Victor se levanta,
colocando as palmas das mãos em cada lado do meu rosto.

“Não, você escute,” ele me diz, mas a pressão no meu rosto é


suave. Ele pode quebrar crânios, ou ele pode me abraçar com essas
mãos. Ele faz as duas coisas admiravelmente bem. “Ophelia não pode
realmente entender o quão importante você é para mim, ainda não. Ela não
pode conhecer a profundidade das coisas que sinto. Se o fizer, fará o possível
para nos arruinar.”

“Ninguém poderia nos arruinar, Vic; nós já estamos arruinados,” eu


digo, e ele beija a minha boca, me queimando com dentes e língua e me
deixando ofegante em seus braços.

“Bernadette, você é a força motriz por trás de tudo o que faço,” ele
repete, e eu tremo ao som de sua voz profunda. Ele brilha no ar e entra em
mim, preenchendo cada rachadura, todo espaço vazio. Fecho os olhos,
apenas para ouvir melhor. “Você sempre foi. Não posso agradecer o
suficiente por isso.” Victor beija cada uma das minhas pálpebras fechadas, e
sorrio. Também me sinto um pouco enjoada, porque sei que tenho que
parecer vulnerável para ele na minha vez. “Sem você, eu não teria tido um
motivo. Uma razão para viver. Um motivo para lutar. Uma razão para ter
sucesso. Você é o oxigênio no meu sangue e a eletricidade que faz meu
coração bater.”

Solto toda a respiração nos meus pulmões e apenas deixo a dor de


não respirar me queimar por um momento. É assim que me sinto quando
Victor olha para mim, quando fala comigo, quando me fode. Não a dor,
quero dizer, mas como a primeira respiração que tomo quando finalmente
encontro coragem para puxar oxigênio para os pulmões novamente.
“Mesmo que eu não te mereça,” ele continua enquanto luto para
segurar a respiração o máximo que posso. Victor sabe que eu estou fazendo
isso também, mas ele não se apressa em fazer isso. Em vez disso, ele
desenha cada palavra, como se minha alma fosse uma boneca de vodu e ele
estivesse pregando pinos. Cada um dói, mas depois floresce em um prazer
diferente de qualquer outro. “Embora meu amor seja egoísta, quero que
confie em mim. Feche os olhos e caia livre, Bernadette; deixe eu te pegar.”

Abro os olhos ao mesmo tempo em que respiro, enchendo meus


pulmões com o doce frescor da brisa do inverno. É tão bom que, por um
momento, quase tropeço. Vic me mantém de pé. Ele se inclina e beija a
lateral do meu pescoço, enviando linhas de fogo na minha corrente
sanguínea.

“Deixe-me ser seu marido, e eu juro para você que vou te amar até
que o mundo fique escuro e além disso, nas estrelas.”

“Os outros caras sabem como você é um filho da puta de coração


mole?” Eu sussurro, mas é uma técnica de deflexão e nós dois sabemos
disso. Victor não é um filho da puta de coração mole; ele é apenas mole para
mim. Eu tenho que lembrar disso.

“Bernie?” Ele pergunta, beijando minha clavícula. Eu não me


incomodei em colocar a peça emplumada do vestido, então minha garganta e
peito estão nus e prontos para o beijo venenoso de seus lábios. “Você vai
ficar comigo até que possamos ser enterrados no mesmo caixão, no mesmo
lote, no mesmo cemitério?”

“Você é mórbido,” murmuro, mas não consigo resistir à sua atração e


ele sabe disso. “Eu vou; Sim.”

Victor sorri para mim, colocando as mãos nos meus braços e


esfregando-os para cima e para baixo para me aquecer um pouco.

“Eu nunca vou esquecer de ouvir você dizer isso,” ele me diz, dando
uma risada baixa quando minhas bochechas coram. Mesmo sob a luz fraca
da lua, aposto que é óbvio que estou envergonhada e
desconfortável. Naquela primeira noite, quando Vic me deu seus votos e
pediu os meus, tudo que eu tinha que fazer era agarrá-lo e puxá-lo para a
cama.

Nós fodemos a noite toda, mal parando para respirar.

Hoje é diferente; Eu não vou sair disso agora.

“Meus votos são... mais ou menos como um poema,” arrisco-me


cautelosamente, levantando o envelope amassado entre nós. “Embora eu seja
péssima, eu tento. Eles me fazem sentir melhor por algum motivo, como se
escrever meus sentimentos os tornasse mais fáceis de digerir.” Expiro
através das minhas narinas e olho para a primeira palavra. Victor. Sempre
começa com Victor. A partir do momento que ele empurrou um garotinho
para baixo no escorregador por puxar minhas tranças até o dia em que eu o
chamei no corredor da Prescott High.

“Eu não acho que seus poemas sejam ruins,” ele diz, e tenho que
olhar para cima e encontrar seus olhos para ter certeza de que ele está
dizendo a verdade. Eles estão tão escuros como sempre, e sombreados à
noite, mas ainda posso perceber por que estou acostumada a ver no
escuro. Ele está falando sério. “Eu costumava tirá-los do lixo e lê-los no ano
passado. Toda terça e quinta-feira após o terceiro período de aula de
inglês.” Ele me dá um sorriso de dentes brancos quando meus lábios se
separam de surpresa. “Você escreveu muito sobre nós, sobre o quanto nos
odiava.”

“Eu-” Eu começo a engasgar, mas Victor me silencia com um beijo.

“Está bem. Todo mundo precisa de um escape; a escrita pode ser a


sua.” Victor lambe o canto do lábio e estende os dedos até o cabelo roxo-
escuro, mexendo um pouco sua perfeição. Ele sempre coloca para trás como
um mexicano dos anos cinquenta, e eu amo isso. Não o machucaria estragar
um pouco de vez em quando. “A violência é a minha. Quer trocar?”

Eu rio, mas sai tão sem fôlego. Minha mão está tremendo, e não
tenho certeza se alguma vez me senti tão vulnerável na frente de outra
pessoa. Um segundo bem próximo seria eu e Oscar, no sofá na sala do
Aaron. Meus lábios franzem e a pequena onda de raiva que sinto ajuda a
fortalecer meus nervos.

Eu continuo dizendo que não tenho mais medo.

O que quero dizer é que não tenho medo de ninguém do lado de


fora. Estou com medo das pessoas por dentro. Cada letra desse acrônimo
sombrio é uma possível bala direcionada diretamente para o meu coração.

“Victor ,” eu começo, olhando para o envelope, mesmo que eu


realmente não precise dele. “Eu tinha oito anos quando te vi pela primeira
vez. Quinze quando te odiei. Eu te amo há quase uma década. Faça as
contas. Adicione você e eu juntos e você terá um. Um coração batendo em
um peito quebrado. Há beleza no caos, paz no havoc e sabedoria na
anarquia.” Eu molho meus lábios repentinamente secos. “Deus, esse poema
é péssimo,” murmuro, mas Victor não diz nada, me olhando com os olhos
semicerrados. Tenho certeza de que, quer o poema seja uma porcaria ou não,
vou enlouquecer esta noite. “Duas pessoas quebradas não podem se
consertar, mas somos seis.” Faço uma pausa, olhando para Vic para ver se
consigo descobrir o que ele está pensando. Como sempre, ele não me dá
nada. “Seis corações, doze mãos, dez anos de história. Faça de mim sua
esposa, Victor, e eu serei tão leal quanto a tatuagem em seu
antebraço.” Aponto para a tinta no antebraço direito de Victor. A
palavra Lealdade está escrita em preto cursivo, cercada por uma dúzia de
outras peças, para que se misture em um redemoinho de cor. Não é
imediatamente visível, mas é permanente, imóvel, com tinta em sua
carne. Tipo lealdade na vida real, não é? “Você me quer? Por favor, diga sim,
mesmo que não o faça. Alimente-me de belas mentiras e diga que sim.” Paro
e olho do envelope para o rosto dele.

“Seis corações,” ele diz, esfregando o queixo. Leva um momento


para ele perceber que eu fiz uma pergunta e ele não respondeu. “Tudo o que
eu quero é você, Bernie.” Ele pega o envelope de mim e o enfia no bolso
esquerdo do meu vestido antes de me agarrar pela cintura e me jogar por
cima do ombro.

“Vic!” Eu grito, mas ele me ignora, me carregando para dentro e


chutando as portas para o exterior fechadas atrás dele. “Você nunca disse
que sim,” eu rosno quando ele me joga na cama, e eu pulo brevemente. Seu
corpo está cobrindo o meu antes que eu possa respirar.

“Sim,” ele rosna, mordendo meu lábio inferior e me fazendo


gemer. Meus dedos cavam os cobertores debaixo de nós enquanto Vic
encosta seu corpo contra o meu. “Você é minha, Bernadette. Você sempre
foi.” Ele faz uma pausa e estreita os olhos, lançando-os em direção à porta
do quarto. “Eu deveria matar esse filho da puta do David.”

“Exceto, com quantas garotas você já esteve?” Eu pergunto, mas


realmente, não quero saber. Victor muito lentamente traz sua atenção de
volta para mim.

“Eu vou matar o David,” ele repete, em vez de me responder. “Então


podemos foder no sangue dele.”

“Victor,” eu aviso, mas a ideia não é totalmente repugnante para


mim. Minhas mãos se tecem atrás do pescoço dele, puxando-o para um
beijo. Sua língua desliza na minha boca, quebrando os escudos muito
pequenos que eu ainda tinha, me abrindo completamente para ele. Victor
balança seu corpo contra o meu novamente, forçando minhas pernas. O
tecido preto cintilante do vestido é como um escudo entre nós, mas isso não
o impede de passar a mão por cima e para baixo, dedos cravando na minha
coxa. Dói, mas também é bom, do jeito que ele está me segurando como se
fosse meu dono.

“Eu te disse, Bernie: preciso de uma maneira de deixar meus


demônios saírem e você precisa de uma maneira de enfrentá-los. É isso que
você vai conseguir, a porra do demônio dentro de mim.” Victor coloca os
lábios no meu ouvido e ronrona isso para mim, me fazendo estremecer
embaixo dele. Eu quero mais. Todo ele. Agora.

Baseado na expressão selvagem assumindo seu rosto, não acho que


seja difícil convencê-lo a fazer...
Victor Channing

Os votos de Bernadette reverberam pelo meu corpo, causando uma


mudança sísmica enquanto ajusto meu corpo contra o dela. Será que ela
consegue sentir, a violência zumbindo dentro de mim? Não quero
compartilhá-la com o resto dos Havoc. No entanto, estou começando a me
sentir como um animal encurralado. Eu tenho uma escolha: matar os outros
homens atrás da minha mulher ou... lidar com eles de uma maneira diferente.

Um grunhido me escapa quando deixo minha boca cair em seu


pescoço, chupando sua pele e mordendo-a com força o suficiente para fazê-
la chorar. Não é suficiente, então eu mordo mais, até que ela arranha minhas
costas nuas com as unhas. Ela cheira tão doce e suave para mim, mesmo que
eu saiba que é uma ilusão.
Minha Bernadette Savannah Blackbird é uma cadela durona.

“Você está me machucando,” ela choraminga, mas ela joga sua pélvis
contra mim, inclinando o rosto para o lado para me dar um melhor
acesso. “Continue.”

Um pico agudo de luxúria me arrepia, e me pego agarrando o vestido


dela, apenas para tirá-lo do caminho. Por que eu queria que ela o usasse
novamente? Ah, é mesmo, porque ela se parece um anjo sombrio ou um belo
demônio quando o usa, não sei exatamente qual.

Naquele dia, depois de sermos presos pela Força Tarefa de Gangues


Violentas, eu a vi pela primeira vez usando o vestido.

Mmm.

Se isso não é uma lembrança que eu apreciarei até morrer cedo, não
sei o que é.

“Diga que ele não pode vê-lo até o casamento,” Bernadette disse,
sua voz grogue de sono, seu tom misturado com irritação. “Não até eu sair
pelas portas da frente daquela maldita casa assustadora.”

No entanto ela não podia saber o quão assustado eu estava. Não, não
assustado. Aterrorizado. Abalado. Horrorizado. Histérico.

Se não tivéssemos bons advogados criminais, e uma acusação


totalmente injustificada feita por um pai zangado, então... Não pense assim.
Digo a mim mesmo, sentando e empurrando o vestido de Bernadette para
que eu possa ver tudo dela. Ela odeia, ser vulnerável e exposta sob o meu
olhar sombrio, mas não dou a mínima. Eu preciso disso; Eu preciso dela.

Oscar continua passando essas pequenas piadas sobre como ela


precisa de uma depilação ou algo assim. Realmente, acho que é porque ele
está com ciúmes. Porque ele sonha com sua doce boceta quando se masturba
à noite. Como se ele pensasse que eu não noto a maneira como seus olhos a
seguem.
Meu queixo aperta quando me abaixo, pressionando meus lábios na
suavidade da porcelana de sua coxa. Ela é tão pálida que pode muito bem ser
feita de luar. Minha língua desliza ao longo de sua carne branca, provando o
pulsar de sua artéria femoral.

“Victor,” ela implora, mas eu estou tomando meu tempo aqui. Esta é
a minha noite. Os outros caras podem pensar o que eles quiserem: é também
a minha lua de mel. Depois disso... eu não consigo pensar no que acontece
depois disso.

Mordo e Bernadette empurra seus quadris em direção ao teto. Para


mantê-la quieta, seguro sua pélvis em mãos apertadas, uma de cada lado,
lutando com o corpo contorcido para onde eu quero. Hael nos comprou uma
tonelada de brinquedos sexuais como presente de casamento, mas eu não
vou usar nenhum deles.

É apenas o meu corpo e o de Bernadette. É tudo o que quero hoje à


noite. Isso é tudo que o demônio em mim anseia. Minha carne em sua carne,
possuí-la, marcando-a. Protegendo-a. Porque, finalmente, essa é a única
coisa que quero fazer.

É por isso que eu tive que vê-la naquele vestido o mais rápido
possível, para ter certeza de que ela ainda estava aqui, que ela estava
relativamente desmarcada, que ela era minha.

Então, com certeza, empurrei a porta e quebrei o drywall com a


maçaneta, mas entrei lá, olhei para ela e sabia.

Ela realmente é a rainha para meu rei.

“Victor!” Ela gritou, nada parecida com a coisa bonita e quase


submissa que ela é agora. “Que porra está de errado com você?” Eu estava
tremendo e não queria que ela soubesse. Acendi um cigarro. Dei uma
tragada, olhei-a de cima a baixo. Ela sabia como eu estava aliviado? Ela
podia sentir isso?

“Foda-me.” Foi tudo o que eu disse. Talvez eu tenha conseguido


parecer calmo, mas provavelmente não?
O corpo de Bernadette envolto em preto brilhante, como está
agora. Seus olhos verde-esmeralda olhando para mim, como estão
agora. Levanto minha cabeça para olhar para ela, e então mergulho meu
rosto e sinto sua doçura. Eu estou fodidamente faminto. Minhas mãos
apertam ainda mais a pélvis dela, mantendo-a quieta enquanto minha língua
mergulha fundo e eu pego exatamente o que quero, sem me preocupar em
pedir.

“Vic,” ela geme, se debatendo, os dedos arranhando a colcha. É aí


que suas palavras param, e seu verdadeiro prazer começa. Fecho meus olhos,
saboreando seu gosto, lambendo-a como doce. Nunca será o suficiente para
mim, o momento em que estou satisfeito e pronto para seguir em
frente. Depois de encontrar sua garota, você sabe.

Bernadette perguntou com quantas garotas eu já estive. Não faço


ideia. Eu não contei. Eu não ligo. Há apenas uma garota neste mundo que eu
preciso, e sempre foi ela. Minha língua desliza entre suas dobras para
encontrar seu clitóris. Já está inchado e desesperado pelo meu toque; Eu
propositadamente lambo até Bernie tremer e choramingar por mais.

Um sorriso se estica pelos meus lábios e o triunfo surge através de


mim.

Minha.

É um desejo tão antigo quanto o sol, impossível de resistir. Às vezes,


eu me odeio por isso. Talvez eu devesse ser mais... esclarecido ou algo
assim? Mas então deixo minha boca voltar ao calor de Bernadette e meu
cérebro entra em hiato. Não há nada além de mim, meus demônios e a
rigidez do meu pau.

“Eu quero te dizer uma coisa,” sussurro contra sua coxa, amando o
jeito que suas mãos empurram minha cabeça, como se ela quisesse que eu
parasse. É um monte de besteira, porém, apenas um jogo. Bernadette
Savannah Blackbird definitivamente não quer que eu pare o que estou
fazendo. Levanto meus braços apenas o suficiente para que eu possa ver o
rosto dela. Seus olhos estão fechados, o rosto corado, um braço jogado sobre
a testa.
Com a saia levantada ao redor dos quadris, posso ver a tatuagem de
dragão no quadril, aquela com todas as flores de lótus que se transformam
em escamas rosadas. Corro para frente para poder pressionar minha boca
contra ela, chupando e beijando meu caminho através de sua
tatuagem. Quero a porra do meu nome tatuado no corpo dela, em algum
lugar proeminente, como no peito.

Me mata que Aaron tem o nome dela tatuado no corpo dele, e eu


não. Vou precisar corrigir isso - e em breve. Aaron. O imbecil tentando ficar
com a minha garota. Eu deveria bater nele, mas sei que não posso. Não se eu
quiser ficar com Bernadette.

“O que?” É a única palavra que ela consegue deixar sair e, mesmo


assim, é tensa pra caralho. Eu sorrio e não me contenho com a arrogância,
pois sei que ela não pode me ver e ficar chateada com isso.

“Quando Hael disse que eu não uso preservativo, você sabia que ele
estava brincando com você, certo?”

Isso faz com que Bernadette faça uma pausa e ela afasta o braço do
rosto para olhar para mim.

“O que?” Ela pergunta, ofegante, suas belas coxas abertas para


mim. “Victor, não brinque comigo. Você obviamente não usa
camisinha. Você nunca usou camisinha comigo.”

“Com você,” repito, olhando-a bem no rosto. Ela tem que saber que
eu nunca iria gozar em outra garota. Sem chance no inferno que eu ia
colocar-me na posição que Hael estava - apesar de seus protestos de que
ele usou preservativos com Brittany. Mas com Bernie... eu adoraria um
bebê. Talvez dois ou três. Talvez quatro. Talvez cinco.

“Vá se foder,” ela retruca, o rosto corando enquanto tenta me


chutar. Pena que eu sou mais forte, meus músculos apertando enquanto a
seguro no lugar e ela geme. “Vic, pare com isso. Nós já somos casados; você
pode cortar a porcaria.”

“Não.” A palavra racha a sala como um trovão. “Você é a única


garota que já fodi sem camisinha. Você diga que me ouviu, ou eu vou
terminar no banheiro com Jergens7 e um punho fechado.”

Bernie solta um grito de frustração quando coloco de novo minha


boca entre as pernas dela, a língua sacudindo para provocar seu clitóris.

“Eu ouvi você, ok?” Ela sussurra, a voz embargada. “Eu te ouvi.”

“Bom.”

Dessa vez, quando volto a colocar a boca na boceta dela, é um ataque


total. Corro minha língua de sua tatuagem para seu clitóris e volto
novamente, agradável e lento. Ela enfia os dedos no meu cabelo e tenta me
puxar em sua direção, como se isso fosse algum tipo de tarefa.

Esta é minha hora, filho da puta.

Somente um idiota completo e absoluto recusaria o doce calor de sua


rainha. Há uma razão para eu odiar o rapper DJ Khaled e não é apenas
porque a música dele é péssima. Anunciar publicamente que você não gosta
de chupar a boceta de mulheres? Ou você é gay como o inferno - o que é
bom - ou você é um idiota.

Eu rio e Bernadette geme, se contorcendo enquanto chupo seu


clitóris na minha boca. Ela aceita dois dedos dentro dela agradável e fácil,
empurrando seus quadris no ritmo da minha mão. Eu trabalho-os dentro e
fora, apreciando a visão de seus sucos brilhantes contra as minhas
tatuagens. Meus lábios provocam seu clitóris ao mesmo tempo, aumentando
o pulso suave de seu corpo em meus dedos.

Quando ela chega, seu corpo inteiro se aperta sob o meu aperto
firme, seus músculos apertando meus dedos. Ela não é tímida quando grita,
passando os dedos pelos cabelos enquanto suas costas se arqueiam. Antes
que Bernie tenha a chance de respirar ou relaxar, estou deslizando para cima
e para cima dela, removendo meus dedos de dentro dela e depois puxando a
parte superior do vestido para expor os montes pálidos de seus seios.

A tatuagem em seu peito chama minha atenção; é um par de asas de


demônio rosa com uma caveira no centro. Sou atraído por isso com a boca,
passando o arco afiado da minha língua pelas clavículas da minha esposa.
Oh.

Eu gosto disso.

Eu gosto muito disso.

“O que você acha, esposa?” Eu pergunto, empurrando meus quadris


contra os dela. Meu pau desliza entre suas dobras, roçando o nó inchado de
seu clitóris. “Você gosta do corpo do seu marido em cima do seu?”

“Cale a boca, Victor,” ela geme, tentando me empurrar com as


palmas das mãos. Ela pode muito bem estar empurrando contra um arranha-
céu; Eu não vou ir a lugar nenhum. Também não terminei de provocá-
la. Minha mão esquerda pega um daqueles seios cheios, dedos amassando a
carne macia. Ao mesmo tempo, provoco o peito e o pescoço de Bernie com a
língua, ondulando meus quadris a tempo de empurrar os dela.

Mas eu não lhe dou meu pau, ainda não.

“Isso completa o ciclo?” Sussurro, aconchegando-me nela, sentindo


tanto carinho quanto uma necessidade desesperada e frenética
de possuir. “Ter o homem que você odeia mais do que qualquer pessoa no
mundo a montando no colchão?” Ela me empurra de novo, dedos
arranhando. Amo o jeito que suas unhas afiadas arranham minhas costas e
empurro com mais força para recompensá-la.

“Apenas me foda, Vic,” ela mói, mas eu balanço minha


cabeça. Quero ouvi-la dizer isso.

“Apenas me foda, marido,” eu corrijo, e ela geme, jogando a cabeça


para trás e no travesseiro. Ela morde por um momento antes de exalar
bruscamente e abrir os olhos. Duas poças de esmeralda me encaram, um
espírito ardente preso atrás deles, batendo os punhos e implorando por
libertação. O demônio dentro do meu corpo se mexe e eu ajusto meus
quadris, colocando a ponta do meu pau dentro da minha
esposa. “Marido. Ou nenhum acordo.”

“Marido,” ela resmunga, e eu rio antes de entrar, agradável, duro e


rápido. O calor quente envolve meu pau enquanto eu bato profundamente em
minha esposa, amando o jeito que seu rosto contorce de prazer, o jeito que
seus seios balançam com o movimento dos meus impulsos. Nós moemos
nossos corpos juntos, provocando um inferno de atrito.

Gotas de suor na testa, no meu peito, pingamos, derretemos e caímos


um no outro até que não haja barreiras entre nós. Minhas bolas ficam
apertadas quando eu mordo o lábio inferior de Bernadette e bombeio nela,
um orgasmo rasgando seu caminho através de mim. Atiro meu esperma
quente nela enquanto ela aperta em volta de mim, no meio de outro orgasmo.

Estamos em uníssono perfeito, do jeito que eu gosto.

“Babaca estúpido,” Bernie sussurra enquanto eu lambo o lado de seu


pescoço. Seu corpo começa a arrepiar quando saio com outra risada,
colocando-a contra mim. Se ela acha que terminamos, está muito
enganada. Mas eu talvez a deixe descansar um pouco.

Talvez é a palavra-chave.

“Eu ganhei, Bernadette,” digo a ela, ignorando seu bufo de


descrença. “Apenas aceite que você é minha, eu sou o chefe e mantenho o
reinado de Havoc.”

“Basta aceitar que sou sua esposa, e eu cuido do seu


reinado. Portanto, eu também mantenho o reinado de Havoc. Vai se foder,
Victor Channing.”

“Oh, vamos ver sobre isso,” eu rosno de volta para ela, mas ela não
está discutindo. Em vez disso, ela é tão macia quanto uma gatinha ao meu
lado. Neste momento, essa visão dela, é só para mim e somente eu.

Aproveito o tempo para me divertir antes de levantar da cama e sair.


“Se divertindo lá em cima?” Hael pergunta quando desço as escadas
descalço, procurando um lanche para reforçar minha resistência. Se
Bernadette acha que realmente terminamos a noite, ela tem algumas
surpresas esperando por ela. Não vamos desmaiar até o sol nascer. Talvez
nem mesmo então. Na melhor das hipóteses, ela pode tirar alguns cochilos
curtos entre as sessões.

Vou transar com ela até que não haja um homem em Havoc que não
saiba que ela é minha.

Olho para os meus meninos, sentados e descansados na sala de estar


dos Vincents. Eles parecem ridículos aqui, todos tatuados, fodidos e
entediados como o inferno. Idiotas. Temos uma mansão inteira para nós
mesmos, completa com uma maldita piscina, e eles estão sentados aqui
como se não tivessem nada melhor para fazer?

“Se por diversão, você quer dizer foder muito a minha esposa, então
sim, estou me divertindo muito.” Pego minhas bolas enquanto Hael bufa
com uma risada, me seguindo até a cozinha e jogando algumas bugigangas
de vidro como um brinquedo. Ele o deixa cair e se despedaça, pedaços de
uma estrela do mar seca se misturando com o vidro. Algumas pessoas
precisam de ajuda séria na decoração. Parece um necrotério de peixes aqui,
com toda a vida marinha morta e seca espalhada por toda parte. Abro a
geladeira e me inclino para procurar seu conteúdo.

“Você experimentou algum dos brinquedos que eu te dei?” Ele


pergunta, e dou o olhar mais venenoso do meu repertório para ele. Hael
assobia e mantém as duas palmas para cima e para fora em minha direção
em um gesto apaziguador. “Jesus, você é um merda rabugento. O que tem de
errado com brinquedos sexuais?”

“Bem, seu filho da puta ruivo,” eu começo, pegando a merda do


sanduíche de mais cedo e decidindo que vou fazer um para mim desta
vez. Minhas bolas estão vazias, e eu preciso fazer um pouco mais de mel
para minha garota. “A primeira coisa que está errada é que você
os comprou.” Faço um gesto para ele com uma faca, mas ele não parece
entender a ameaça aparente nela.
“É o meu presente de casamento para vocês,” Hael diz, como se eu
fosse uma pessoa louca. Ele se volta para Callum, Aaron e Oscar,
gesticulando para eles como se esperasse que eles
concordassem. “Bernadette merece mais do que um rápido golpe de vez em
quando, estou certo? Use um vibrador nela. Tente um plug anal. Divirta-se,
Vic.”

“Não me envolva nessa conversa,” Oscar diz, assistindo algo em seu


iPad. Provavelmente, um verdadeiro crime de algum tipo. Ele é obcecado
por eles. Ele só tem um fone de ouvido, então sei que ele pode nos ouvir. “O
que você faz com sua esposa não é da minha conta.”

Porra, ele é um mentiroso eloquente. Faço uma careta para Oscar


enquanto coloco maionese em um pedaço de pão. Quando termino, faço uma
pausa rápida para acender um baseado. É da nossa própria variedade de
maconha: Havoc at Prescott High. É um sativa, agradável e brilhante,
propensa a dar ao fumante algumas criativas ideias muito necessárias.

“Não é da sua conta, hein, pau de mestruação?” Hael pergunta,


bufando de tanto rir. Oscar levanta os olhos prateados para o rosto do nosso
amigo, e vejo assassinato escrito nas linhas nítidas de sua carranca.

“Pau de Mestruação?” Aaron ecoa, porque ele é o último a saber. A


ouvir sobre Bernie e Oscar transando em uma poça de sangue. Só de pensar
nisso me irrita tanto que preciso cerrar os dentes até que doam. Estou
tentando lidar com essa merda da melhor maneira possível; faz sentido que a
maneira mais fácil de os meninos e Bernie se relacionarem seria sexo. O
sexo é divertido, e quebra barreiras, mas Jesus. Ela é minha maldita esposa
agora, e eu não sei como compartilhar.

Há uma razão para termos feito um pacto no ensino médio de que


não íamos sair com ela. Heh. No ensino fundamental, fizemos um acordo
para protegê-la. Apenas Havoc e Bernadette, um relacionamento tão antigo
quanto o tempo.

“Bernie e Oscar fizeram sexo no seu sofá,” Callum diz enquanto dou
uma longa tragada no baseado. A maconha atinge meu cérebro como um
trem de carga, me acalmando em um instante. Eu posso fazer isso; Consigo
lidar com isso. “É daí que a nova mancha de sangue veio. Não que isso
importasse, já que estávamos tendo problemas para tirar todo o seu sangue
do tecido de qualquer maneira.” Cal enfia um punhado de batatas fritas na
boca, mastigando-as pensativamente enquanto apoia a cabeça loira contra a
janela atrás dele. “Pode querer considerar cavar na conta Havoc para um
novo sofá.”

“Você e Bernadette...” Aaron começa, olhando para Oscar como se


nunca o tivesse visto antes. Confie em mim: senti o mesmo quando vi o que
estava acontecendo entre eles na cozinha. Mas eu preciso,
preciso, preciso que eles se deem bem. Nosso grupo se separará se não
descobrirmos uma dança cuidadosa em torno de nossas emoções. E isso não
é aceitável. Nós somos uma família. O mundo é um monstro. Esta é a nossa
armadura contra os dentes afiados.

“Perda momentânea de julgamento,” Oscar diz, fingindo que ainda se


importa com o episódio que está sendo exibido no iPad. Eu o conheço muito
bem para essa porcaria. Suas juntas estão pálidas; mesmo com todas as
tatuagens, posso ver isso. “Isso importa? Dissemos que ela era nossa garota
quando ela se juntou, então nossa garota ela é, goste ou não.”

“Você não é virgem?” Hael pergunta, e juro, eu posso ouvir a tela no


iPad de Oscar quebrar quando ele a aperta com muita força. “Ou devo
dizer, você era virgem? Quero dizer, considerando que você definitivamente
não é agora.” Hael uiva de tanto rir, mas ele claramente não está prestando
atenção no temperamento de Oscar. Ele tem um fusível longo, mas quando
queima, ele é um maníaco.

“Hael...” Eu aviso, olhando entre ele e Oscar. Aaron parece


abatido; Callum está claramente divertido.

“Você era virgem?” Cal pergunta, inclinando a cabeça para o lado


como um filhote de cachorro. “Como eu não sabia disso?”

“Ele nunca fala sobre sexo; Eu meio que reparei.” Hael cruza as
mãos atrás da cabeça enquanto Oscar coloca o iPad de lado, se levantando,
sem camisa e furioso. Só espero que ele não tenha uma arma com ele.
“Reparou?” Ele ecoa, movendo-se pela gigantesca sala de estar com
os pés descalços e calças de moletom preta. “Porque você é uma prostituto
sujo, de repente você é especialista em sexo?” Oscar faz uma pausa na frente
de Hael, mas nenhum deles vai recuar se eles brigarem, então eu tenho que
intervir.

Ser o líder é uma merda às vezes.

“Parem,” ordeno, antes que alguém comece algo aqui. “Esta é a


minha lua de mel, e se um de vocês estragar tudo, eu juro pelo pau do diabo
que vou cortar o seu.” Dou outra tragada no baseado quando Hael dá um
passo para trás, abrindo um dos dois freezers embaixo da bancada para
procurar mais sorvete.

“Olha, eu não estava julgando, apenas perguntando. Se eu pudesse


voltar no tempo e me poupar para a primeira, faria a mesma coisa.” Hael
bate os cílios para Oscar enquanto apunhalo a ponta da faca na bancada. Os
dois garotos se voltam para olhar para mim, mas não preciso dizer mais
nada: eles sabem que eu falo sério.

“O que aconteceu com Bernadette foi um erro,” repete Oscar, mas há


um pouco de tensão em sua voz que eu não estou acostumado a ouvir. Nós
olhamos um para o outro e sei que ele sabe que não estou feliz com sua
obsessão por ela. Ele sempre foi assim: clinicamente um filho da puta
obcecado. Ele também parece odiá-la, mas essa parte eu não entendo muito
bem. “Agora que ela é casada com Victor, presumo que todos voltaremos a
ter uma vida romântica.”

“Não é isso que Bernadette acha,” Callum diz, pulando do assento da


janela e entrando na cozinha. Hael tenta arrancar as batatas fritas dele, mas
ele quase literalmente pula fora do caminho para mantê-las para si mesmo.

“Ela disse que não teria outra garota em Havoc,” acrescenta Aaron,
parando na beira da sala, a um passo do nível superior, onde fica a
cozinha. Todo o lugar é aberto e escancarado, não uma parede a ser
vista. Odeio essa merda de conceito aberto. Eu gosto de uma casa onde você
poderia, por exemplo, morar nas paredes e nos cantos e ninguém notaria
você. “Está bem claro o que ela quer.” Aaron cruza os braços sobre sua
camiseta rosa folgada. Diz Foda-se câncer de mama nela. Certamente
Bernie deu a ele quando eles estavam namorando no primeiro ano.

“Nunca mais vamos adicionar outro membro ao Havoc,” Oscar


concorda, erguendo os óculos com o dedo médio. Estou quase certo de que
ele faz isso quando está irritado, mas tentando manter o temperamento. “Isso
não significa que não podemos foder ou namorar - com a aprovação de todos
nós.” O escárnio que ele faz pra Hael é lendário. “Porque seu fracasso com
Brittany Burr ainda está nos assombrando. De fato, quase matou
Bernadette.”

O rosto de Hael empalidece, sua mão fica branca em torno do


recipiente de sorvete que ele está segurando. Ele o encara com olhos
castanhos, como se estivesse lutando para controlar seu temperamento. Ele
nunca foi muito bom nisso, em esconder suas emoções, sejam elas quais
forem.

“Não foi por isso que concordamos em ter uma Garota Havoc em
primeiro lugar? Para manter pessoas de fora longe?” Hael abre a tampa do
sorvete e se move para outra gaveta em busca de uma colher. “Somos todos
homens de sangue vermelho; nós temos necessidades. Eu apenas pensei que
finalmente, depois de todos esses anos de besteira, concordamos em atender
a essas necessidades com a garota que qualquer um de nós já quis.” Ele bate
a colher na bancada por um momento. “Ela me pediu para não dormir com
outra garota sem dizer a ela. O que você acha que isso significa?”

“Eu não vou desistir dela,” Aaron diz após vários minutos de
silêncio. Eu jogo o resto do baseado na pia, meus músculos tensos quando
meu olhar entra em conflito com o de Aaron. Tivemos essa briga por anos,
mesmo que não tenha sido dita. Ele sabe que eu sou a sua concorrência e,
por mais que eu relute em admitir, ele é a minha.

Todos eles são.

Droga.

“Não vamos deixar Bernadette nos separar,” Oscar rosna. Sua mão
direita, a que repousa sobre a bancada, bate com o punho fechado. Callum o
observa como um animal observa outro quando ele sabe que é
perigoso. Devagar, com cuidado, ele enfia outra batata na boca.

“Ela não vai separar vocês, se vocês pararem de brigar,” diz uma voz
rouca da escada. Todos nós viramos para Bernadette, com os cabelos
despenteados de uma boa foda, as coxas nuas e brancas e marcadas com
hematomas e chupões embaixo da bainha da minha camiseta. Ela deve ter
arrancado do chão com pressa para descer aqui.

Estou feliz por ela não usar o vestido de noiva; agora pertence a mim
e não quero que outro homem olhe ou toque nela.

“Olá, Bernie,” Cal diz, colocando aqueles sorrisos de merda que ele
só usa para ela. Ele sorri como o velho Callum, aquele que sonhava em
dançar. Ele parou de sorrir assim por um tempo, mas a expressão está de
volta. Eu deveria estar feliz com isso, mas estou com dificuldade.

Amo meus amigos; E preciso da minha garota.

Deslizo a mão pelo rosto enquanto Bernadette caminha rebolando -


duvido que ela saiba que ela está rebolando - para a cozinha, bocejando e
esticando os braços sobre a cabeça. A camisa sobe; quase vemos a boceta
dela. Eu rosno sem nem perceber.

“Por que vocês estão falando de mim como se eu não pudesse decidir
ou dar opinião?” Ela pergunta, comandando a sala tão facilmente quanto ela
caminha. Estou encantado. Não é necessário um gênio para ver que o resto
dos meus amigos degenerados se sentem da mesma maneira. Por que não
deveriam? Eles são todos sombrios, fodidos e perigosos. Somente uma
garota muito especial poderia lidar com a gente. Somente um anjo perverso
poderia entender.

Merda.

Filhos da puta.

Quero gritar porque sei que tenho duas escolhas de merda: manter
Bernie como minha (como deveria ser) ou colocar nossa família e meus
amigos sobre eu mesmo.
Eu vou ter que compartilhá-la.

Não gosto, mas estou acostumado a fazer coisas que não


gosto. Entreter Ophelia, aguentar meu pai, desenterrar cadáveres podres. Isso
é vida, cara.

Mas haverá uma curva de aprendizado acentuada. Não pode mudar


um homem em uma noite.

“Velhos hábitos,” Aaron diz, antes que alguém tenha a chance de


responder a ela. “Estamos conversando sobre você, mas sem você, desde os
oito anos.” Ele a observa com um olhar afetuoso enquanto ela se move para
a cozinha. Sem uma palavra, empurro o prato com o sanduíche pronto para
ela.

Minha.

Eu vou foder minha garota, alimentar minha garota, matar por minha
garota.

“Obrigada,” ela diz, dando um sorriso atrevido para mim. Meu pau
endurece ao ver seus belos lábios se curvando nas bordas. “Eu poderia me
acostumar com isso: meu homem me fazendo um sanduíche depois do
sexo.” Eu apenas dou uma risada porque não me importo com coisas
assim; Eu vou fazer os sanduíches toda vez. A sociedade está quebrada e
distorcida, por que daria a mínima para algumas regras sexistas
antigas? Essa coisa entre mim e Bernadette é mais antiga que isso, medieval,
primitiva. “Ainda assim, quero saber por que Oscar aqui está falando sobre
eu separar Havoc.” Ela morde o sanduíche enquanto o encara.

Ele bate os dedos tatuados na bancada e olha de volta. Olhando para


ele agora, eu o odeio com uma paixão por ver Bernie em seu vestido de
noiva antes de mim. Aposto que sei o que ele estava pensando. Ele
provavelmente tinha aquele brilho nos olhos, aquele brilho perverso que fala
de coisas horríveis.

“Ele quer que o resto de nós comece a namorar, agora que você e Vic
estão casados,” Hael diz, abrindo a tampa do sorvete e procurando na
baunilha um pedaço de massa de biscoito perdido. Veja, esse sempre foi o
problema dele: ele não é paciente o suficiente. Dar uma mordida na baunilha
e esperar algo bom. Eu sempre achei que ele estava tentando tirar Bernadette
do seu sistema. Aparentemente, não funcionou.

“É isso que Oscar quer?” Bernadette esclarece, seus olhos deslizando


para Aaron e, surpreendentemente, passando rapidamente para Callum.

“Não é o que eu quero,” Aaron diz, colocando as mãos nos bolsos e


olhando para o chão. Ele tem rosas vermelhas tatuadas no pé esquerdo que
ele olha por um segundo antes de olhar para Bernie. “Você sabe disso. Eu te
amo; Eu sempre te amei. O casamento legal com Vic era para fins
comerciais.”

“Cuidado com a boca, Aaron,” eu rosno para ele. Porque posso


começar a quebrar caras, decido acender outro baseado. “O casamento legal
com Bernadette é meu direito, porra. Eu sou o líder.” Tomo duas tragadas e
passo o baseado para Bernie. Ela faz o mesmo, e continua, para as mãos de
Aaron. Oscar passa sem fumar, entregando a Callum, Hael e depois de volta
para mim.

Há beleza nisso, o ritual de fumar maconha.

“Cal?” Bernie pergunta, como se ela estivesse genuinamente


curiosa. Ela parou de comer o sanduíche, então eu o pego de suas mãos e
termino enquanto ela limpa as migalhas na frente de sua camiseta
emprestada. “Como você se sente sobre isso?”

“Dependendo da sua resposta, você terá a minha,” ele diz com um


sorriso suave. Você nunca saberia olhando para ele que ele amarrou um casal
no quarto deles e amordaçou-os mais cedo.

“Minha resposta...” Bernie começa quando eu passo a ela


novamente. Ela franze a testa, pensando, seu cabelo loiro de pontas rosadas
flutuando em volta de seu lindo rosto. Também posso senti-la daqui, como
algo doce misturado com algo urbano. Frutas e couro, talvez. Mas frutas
doces de verão especificamente. Expiro e ajusto meu pau na minha
calça. Hael revira os olhos. “Se eu dissesse tudo...” ela se aventura, e o
sorriso de Cal aumenta um pouco. Ele morreria por ela, Callum morreria.
“Então você sabe o que eu quero,” ele acrescenta com um encolher
de ombros.

“Você ainda me deve um boquete,” Hael decide gritar por nenhuma


outra razão senão porque ele é um idiota. O olhar que eu dou a ele pode
descascar tinta. Ele finge não perceber, como sempre. É mais fácil agir como
se ele não me ouvisse do que desafiar abertamente minhas ordens.

“O que exatamente é que Callum quer?” Esclareço, espalhando meus


dedos na superfície do balcão. Aqueles olhos azuis olham de volta para mim,
prometendo que se eu estragar tudo, ele não será mais um filhote de cachorro
manso para mim. Talvez Bernadette não possa ver, mas eu sei, sempre
soube. Callum Park é um pesadelo em roupas de príncipe.

Ele sorri para mim, mas eu permaneço firme.

“Você sabe o que eu quero, Victor. É o que eu sempre quis:


Bernadette.”

A declaração de Cal ondula através de nós seis, me fazendo cerrar os


dentes. Seus olhos azuis estão presos nos meus, assistindo, esperando. Não
duvido que eu poderia domar os outros caras. É o que eu faço; Eu sou o
líder.

O problema é que eu os amo. Eles são meus irmãos. Minha família.

Olho para Bernadette e a encontro estudando Oscar, de todas as


pessoas, como se ela estivesse esperando uma declaração dele. Ele não dá
nada a ela, como sempre, empurrando os óculos pelo nariz. Acho que de
todos nós, ele está decepcionado por vê-la aqui, rastejando sobre a barriga
dela em um ninho de víboras. Somos todos cobras agora.

“Qualquer que seja sua conclusão, Victor,” Oscar começa, voltando-


se para mim com aquela máscara estoica dele no lugar. Sua boca é uma linha
plana, seus olhos cinzentos como o oceano em uma tempestade. “Decida-se
e faça-o rapidamente, para que possamos seguir em frente. Por mais
divertidos que sejam os enredos românticos, temos negócios de vida ou
morte em nossa lista.”
“É assim que você realmente se sente?” Bernie pergunta, franzindo a
testa, as narinas dilatadas de raiva. Eu posso ver as mãos dela apertando os
punhos, onde elas descansam no balcão. Meus olhos se erguem para os dela
e vejo que Oscar a machucou. Me faz querer torcer o pescoço dele, para ser
sincero com você. “Deixar Vic decidir, seguir em frente. Negócios, como
sempre.”

“Você estava esperando algo diferente?” Oscar pergunta, colocando


seu iPad no balcão. Se eu o conheço - e eu conheço - ele vai esperar até que
todo mundo esteja dormindo antes de comer qualquer coisa. Ele fará isso no
escuro sozinho, porque Deus o livre vê-lo com um pouco de molho nos
lábios ou migalhas na camisa. Ele nunca quis ser humano. Foder Bernadette
do jeito que ele fez? Isso prova que ele é e ele odeia.

“Quando eu disse que você me devia um boquete, o que eu queria


dizer era que agora estou oficialmente solteiro e desapegado, então...” Hael
insere, e cerro os dentes.

“E Bernadette Channing é uma mulher casada.” Afasto-me do


balcão, meus olhos encontrando o de Aaron. Ele está muito quieto, mas isso
não vai durar. Ele só vai manter a língua por tanto tempo antes de me
desafiar. Se ele o fizer, terei que colocá-lo no lugar dele, e não quero fazer
isso.

Você tem duas opções, Victor, digo a mim mesmo enquanto olho para
Aaron. Escolha Bernie para si mesmo ou escolha Havoc.

Só há uma escolha apropriada.

“Quando você é enganado por todos ao seu redor, quando não tem
mais nada, percebe que a única moeda que pode carregar é a
verdade. Portanto, uma única palavra tem significado. Uma promessa é
importante. E vale a pena levar um pacto para o túmulo.”

Minhas próprias palavras ecoam dentro da minha cabeça, um


lembrete de que, quando estipulamos o preço de Bernie, eu
disse nossa garota. Uma menina do Havoc. Estou tão vinculado e digno
desse preço quanto ela.
Ela não pode pertencer a mim e somente para mim enquanto eu ainda
mantenho os reinos desta família. Essas coisas são mutuamente exclusivas.

Apenas... não posso fazer alterações hoje.

Eu não estou pronto hoje.

“Ela é uma mulher casada, e esta é a minha lua de mel. Terminei de


discutir essa merda hoje à noite.” Gesticulo com o queixo em direção à
escada. “Vamos, Bern.” Ela afasta o olhar de Oscar como se ele tivesse
acabado de cortar sua porra de garganta.

“Você está certo: podemos conversar sobre isso mais tarde,” Aaron
concorda, enquanto ainda consegue ser um idiota. Resisto ao desejo de
mostrar o dedo do meio para ele. Eu dei Bernadette a ele para cuidar uma
vez. Ninguém pode dizer que não tentei. Eu fiz. Eu a deixei sozinha. A
entreguei. Eu a empurrei para longe. No entanto, aqui está ela.

Um homem só pode ser tão forte, mesmo um que é tão teimoso


quanto esse idiota aqui.

Bernadette é meu sangue, minha respiração e meus ossos.

Os meninos Havoc são meus irmãos.

Algo terá que ceder e, como qualquer verdadeiro líder pode lhe dizer,
às vezes você precisa fazer coisas que não quer, tomar decisões que não
gosta. Às vezes você tem que admitir que está errado e reajustar a maneira
como vê o mundo. Quem lhe disser o contrário é mentiroso; cuidado com a
serpente com língua de prata.

Bernie não diz nada enquanto envolvo meu braço em volta de sua
cintura e a puxo para perto, respirando o doce perfume de seus cabelos. Se
eu pudesse mantê-la toda para mim, eu o faria. No meu coração, sei que ela é
minha e só minha, mas também tenho certeza de que nenhum de nós ficará
feliz se deixarmos nosso amor e obsessão um pelo outro afastar o resto do
Havoc.

Sangue para entrar, sangue para sair.


Essa afirmação é verdadeira, mesmo que seja apenas eu sangrando
por dentro.

“Vamos conversar sobre isso quando eu dizer que é a hora,” eu rosno,


estralando meus dedos. Aaron faz uma careta para mim, mas ele pode fazer
caretas o quanto quiser. Hael revira os olhos e Callum sorri. Oscar... ele
simplesmente se vira e se dirige para um par de portas francesas que levam
ao deque. Mesmo que tenha começado a chover, ele sai, descalço e de
pijama, e fecha as portas atrás de si.

“Eu vou fodidamente quebrá-lo,” Bernie sussurra, uma promessa em


suas palavras. E faço o meu melhor para não sorrir. Mesmo que eu tenha
vontade de matar meus amigos quando os vejo bem fundo na minha garota...
é meio engraçado ao mesmo tempo. Oscar merece a ira de
Bernadette. Vamos ver se ela terá mais sorte em abri-lo do que o resto de
nós.

Desejo-lhe o melhor com isso.

Porque, você sabe, ela definitivamente vai precisar de toda a ajuda


que puder obter.
Bernadette Blackbird

A garotinha, Alyssa, nos diz que seu sobrenome é Hart, mas que ela
não sabe onde mora, porque sua mãe se move o tempo todo. O último lugar
que ela se lembra de morar é em um motel na rodovia.

Isso poderia ser qualquer motel, em qualquer estrada, em qualquer


estado.

Ela é fofa, de cabelos e olhos escuros, mas suspeita pra caralho. Eu


não a culpo; há um olhar em seu olhos que diz que ela já foi traída por
pessoas que prometeram ajudar. Eu conheço esse olhar porque é o mesmo
que eu tenho, mesmo agora, mesmo depois de me juntar à Havoc. Nunca
mais vou confiar em ninguém além dos meus meninos.
“O que fazemos com ela?” Pergunto enquanto ficamos do lado de
fora no convés de manhã, o vento gelado chicoteando ao nosso redor. É
apenas quarta-feira, e temos até domingo para descobrir como proceder com
os Vincents, mas essa menininha… alguém está sentindo falta dela? “Não
podemos deixá-la aqui.”

“Também não podemos levá-la de volta conosco,” Victor adverte, e é


aí que eu ouço: a fria crueldade de um líder. Levar Alyssa é o que eu quero
fazer. Ela pode simplesmente morar conosco, certo? Eu cuidaria dela. Mas é
muito perigoso, muito arriscado. Se ela está oficialmente desaparecida e
somos apanhados com ela, estamos com um grande problema. Mesmo que
de alguma forma ninguém em particular sinta falta dela, uma ligação da
pessoa errada e talvez tenhamos que lidar com as autoridades. Arriscar
Heather, Kara e Ashley por uma estranha é algo que não podemos fazer.

“Vamos colocá-la com os Peters,” Oscar diz, apoiando os cotovelos


no parapeito de madeira do convés. Não perco a maneira como os outros
quatro garotos o olham espantados, como se ele tivesse dito algo muito fora
do comum. Para seu crédito, Oscar mal se mexe. Ele permanece onde está,
vestido de terno e gravata, como costuma estar. Acho que ele não está
planejando ir à praia hoje.

Para ser justa, o clima é tumultuado e selvagem, a praia é varrida


pelo vento e cercada por ondas. Eu já disse às meninas que, se elas querem
brincar na areia, deve estar perto do deque da casa. Isso é novembro na costa
do Oregon para você.

“Boa ideia,” Vic diz, como se os outros caras ainda não estivessem
olhando para Oscar como se ele fosse louco. “Mandamos Leigh colocar
Alyssa com os Peters. Excelente. Próximo item da agenda: o que queremos
fazer com os Vincents a longo prazo?” Victor se vira e eu tremo quando seus
olhos escuros passam por mim. Sei o que ele pensa quando olha para mim
porque é a mesma intensidade distorcida dentro do meu próprio peito. Esse
sentimento, ele se contorce como uma cobra com escamas lisas e uma língua
perversa. Subo no parapeito ao lado de Oscar e o observo endurecer
enquanto ele finge que eu não existo.
“Qual era o seu plano original?” Eu pergunto, olhando para cada
garoto por sua vez. Aaron está olhando para mim como se seu coração
estivesse partindo um pouco todos os dias que ele não me toca. Meus dedos
se apertam no parapeito enquanto resisto à vontade de pular e me enrolar em
seus braços fortes. Eu já sinto falta do cheiro dele. Provavelmente porque
acabei pegando um de seus moletons para usar aqui no tempo louco. “Quero
dizer, antes de divulgarem notícias sobre Ophelia. O que vocês iam fazer?”

“Levar o Ferrari Spider para um, último test-drive antes de


desmontá-lo e vender as peças,” Hael diz com um suspiro sonhador,
inclinando a cabeça para trás e estendendo a língua para provar a névoa que
caía do céu cinzento. “Como mecânico e entusiasta de carros, devo dizer,
vocês me fazem fazer coisas que assombram meus pesadelos.”

“Cale a boca, Hael,” Oscar rebate, ainda mais rabugento que o


normal. Jesus. Olho para ele com uma dose saudável de ceticismo, mas ele
me ignora. Babaca. Eu menti. Ele não é o mestre do controle; Victor
é. Quando Oscar fica desconfortável, seu controle começa a se
fragmentar. Merda, eu tenho uma desses fragmentos espetados no meu
coração e me sangrando. Hael mostra o dedo do meio pra Oscar, mas ele o
ignora. “Leigh é obcecada por imagem e riqueza; vamos tirar tudo o que ela
tem e forçá-la à pobreza, onde ela pertence.” Os óculos do Oscar estão
salpicados com gotas de névoa, que é realmente o mais sujo que eu já os vi.

“Temos outras mudanças interessantes planejadas, mas o nível de


narcisismo dela é impressionante,” comenta Callum, de pé no parapeito com
muito pouco esforço. Aposto que ele poderia realizar uma rotina de dança
inteira lá em cima sem cair. “Temos fotos de uma dúzia de meninas e
meninos que ela vendeu no passado; íamos colá-los nas paredes dela e
torturá-la um pouco.” Cal se encolhe um pouco, lembrando-me da noite em
que Danny morreu, como ele estava chateado. Ele me disse, com suas
próprias palavras, que não estava chateado por matar o cara, apenas porque
ele fez isso impulsivamente e colocou todos nós em risco. Na época, pensei
que ele estava blefando. Eu não acho mais nisso. “Mas eu não acho que isso
a perturba do jeito que queremos.”

“Vamos invadir sua adega,” Aaron sugere, descansando em uma


cadeira Adirondack. “Vamos quebrar algumas coisas dela. Vamos destruir a
porra da sua casa. Você viu o jeito que ela olhou para nós ontem? Ela estava
apavorada que estragaríamos sua vida perfeita.”

Vic bufa e assente, balançando a cabeça em descrença.

“Você está certo. Quero dizer, é muito menos sangrento do que eu


esperava, mas é importante atingir esses filhos da puta onde dói. Além disso,
quando terminarmos de usar os Vincents contra Ophelia, eles desejarão estar
mortos.” Victor sorri, e é uma expressão adequadamente hedionda. “Você
sabe que meu pai é o único homem que ela já amou. Seus próximos dois
maridos morreram em circunstâncias misteriosas.”

“Ophelia Mars é a viúva negra final, com certeza,” Hael ri,


levantando-se de sua posição contra a grade e esfregando as palmas das
mãos. Seus olhos deslizam para os meus enquanto ele sorri. “Sexo com
vinho é sempre divertido. Quer beber vinho comigo, Blackbird?”

“Hael...” Victor avisa, dando um passo possessivo mais perto de


mim. Olho para ele, grande, bonito e agressivo, e sinto minhas mãos
coçarem com a necessidade de tocá-lo, de estar mais perto dele... e também
de socá-lo. Essa é a nossa coisa, eu e Vic. “Mas eu gosto do brainstorming8
aqui. Vamos nos divertir com isso.”

“Havoc em lua de mel,” Cal canta, pulando da grade e depois


deixando a cabeça cair para trás com uma gargalhada estridente, assim como
ele fez no corredor quando foi preso. “Vamos quebrar algumas coisas. Há
um taco de beisebol assinado por Babe Ruth9 em uma vitrine que chama
meu nome desde que chegamos aqui.”

Hael ri e cumprimenta Cal.

“Foda-se esportes, estou certo?” Ele abre as portas e entra como se


não estivéssemos envolvidos em várias conspirações misteriosas contra
nossas vidas. Isso é Hael para você; ele esconde sua escuridão com alegria
arrogante. “Vamos fazer um concurso de beber vinho. A última pessoa a
terminar a garrafa é uma boceta.”

“Os humanos saem de bocetas; bolas apenas gozam.” Dou de ombros


com meu ombro direito. “Prefiro ser uma boceta do que um saco de bolas.”
“É justo,” diz Hael, chutando a porta do porão. Ele faz uma pausa e
estala os dedos como se tivesse acabado de pensar em algo. “Vamos guardar
as garrafas mais caras para mais tarde. Podemos derrubar os Vincents e fazê-
los nos assistir quebrar todas elas e derramar o vinho na pia.”

“Oh, você é malvado,” Cal ri, seguindo Hael pelas escadas escuras.

Eu fico onde estou, porque com o jeito que Aaron está me olhando...

Ele se aproxima, ignorando o bufar de irritação de Vic. Oscar, por


outro lado, não se incomoda em entrar. Eu odeio esse homem, penso,
sentindo minha pele formigar.

“Ei,” eu digo baixinho quando Aaron estende a mão e segura a minha


na dele, esfregando o polegar sobre o meu anel de casamento e depois
mudando seu toque para a minha tatuagem HAVOC. A tatuagem ainda fresca
nas juntas dos meus dedos arde, um lembrete para sempre de Aaron curvado
sobre a minha mão, a agulha na minha pele, seus dedos usando um pano para
limpar suavemente o sangue. “Você está bem?”

Ele olha para cima e seus lábios se inclinam em um sorriso


genuíno. Ele só os dá para quatro pessoas: as meninas, incluindo Heather... e
eu. O carinho dele não escapou do meu conhecimento. Na verdade, eu me
vejo inclinando para ele do jeito que uma flor se inclina em direção ao
sol. Até um lírio vodu precisa de luz.

“Estou bem,” ele diz enquanto fecho meus olhos, saboreando seu
toque contra a minha mão. Quando faço isso, fechar meus olhos com força,
posso fingir que nunca terminamos, como se nunca estivéssemos separados
um do outro. “Eu ouvi sobre... você e Oscar.”

Oh, porra.

Com toda essa porcaria que tivemos, não tive a chance de contar a
ele sobre isso.

Abro os olhos, mas Aaron não parece chateado do jeito que pensei
que ele estaria.
“Eu não queria esconder...” Eu começo, mas ele me dá um beijo que
tem gosto de açúcar e sonhos e as casas vitorianas pintadas de um lindo tom
de rosa. Penelope teria shippado a gente, Aaron. Quando ela estava viva,
ela nos shippava. Foda-me. Foda-se a minha vida. De repente, a tristeza
toma conta de mim, como uma onda consumindo a praia. Não consigo
respirar pela dor disso.

“Eu sei que você não quis esconder isso,” ele sussurra contra a minha
boca, provocando os dedos pelos braços do meu moletom folgado e
emprestado. Quando olho para cima e vejo seus cabelos castanhos ondulados
na testa, eu quase morro. Ele é muito fofo. Como ele pode ser tão fofo?! Por
que estou apaixonada como uma garotinha? Superei essa merda. Eu sou. Eu
sou ... eu sou ... “E eu não sou tão burro quanto Vic,” ele sussurra,
colocando a boca perto da minha orelha e esfregando o rosto ao lado do
meu.

Em algum lugar por perto, Victor rosna. Como um animal. Como


uma fera. Um animal selvagem, filho da puta.

“Nossa garota, Bernie. Nossa,” Aaron diz, pressionando perto de


mim. Nossos dedos acabam entrelaçados, palma contra palma. Eu posso
sentir a cicatriz na dele, onde Victor deve tê-lo cortado quando ele se juntou
a Havoc. Pensar nelas pressionadas lado a lado dessa maneira, sangrando
uma na outra, faz meu coração estremecer com uma desesperada sensação de
esperança.

Eu pensei que, ao ingressar em Havoc, estava concordando com a


ideia de nunca ter uma vida.

“Você sempre quis uma vida normal; agora você nunca terá uma. É
tudo o que você sempre quis, Bernadette.”
Aaron me disse isso a caminho da fonte de refrigerante. Ele não
estava errado. Acho que poderia ter sido feliz vivendo uma vida normal. Não
significa que eu não possa ser feliz vivendo uma anormal. Porque ainda é
uma vida, não é?

“De Oscar… talvez. Mas posso lidar com isso porque isso também
significa minha.” Ele me beija novamente, mas segura a língua, deixando-
me me esforçar para frente, envolta em seu perfume, desesperada por
mais. Quando Aaron solta minhas mãos e dá um passo para trás, fico tonta
por um minuto, quase como se estivesse flutuando. Nós nos encaramos
como se pudéssemos morrer se não ficarmos juntos.

“Jesus filho da puta Cristo,” Vic rosna, esfregando a mão no


rosto. Ele me dá um olhar sombrio que eu devolvo, mas então Heather desce
as escadas com Alyssa Hart logo atrás dela.

“Bernie, adivinhe?” Heather diz, parando quando Hael e Callum


voltam pelas escadas do porão, rindo juntos e abraçando mais de uma dúzia
de garrafas de vinho nos braços. Ela revira os olhos e os ignora, lembrando-
me que, mesmo que pareça ser sua mãe, temos menos de uma década de
diferença. “Alyssa diz que é realmente uma ótima nadadora. Ela diz que sua
mãe se esforça muito para garantir que haja uma piscina nos motéis em que
ficam.” Ela faz uma pausa, mesmo quando a tristeza profunda dessa
declaração toma conta de mim. “Então... podemos nadar?”

Estendo a mão para tocar o lado do rosto de Heather e ela afasta


minha mão como se eu estivesse irritando ela.

“Não vejo por que não?” Eu digo com um encolher de ombros


solto. “Vá vasculhar todas as gavetas do andar de cima, veja se não consegue
encontrar algo para Alyssa usar na piscina.” Inclino-me com um sorriso no
rosto, mãos nas coxas. “Não se preocupe em fazer uma bagunça: estamos de
férias.”

“De onde Alyssa veio de novo?” Heather sussurra, inclinando-se para


mim e me dando um olhar muito cético, como se ela não pudesse entender
por que eu pediria para ela arruinar uma casa que ela acha que é alugada do
Airbnb.

“Prima do Oscar,” digo em voz alta, quando ele finalmente se digna


de entrar na casa. A energia muda de uma maneira muito estranha e
violenta. Mal posso esperar para conversar10 com esse bastardo em breve. Já
estamos atrasados para uma discussão. Olho para Alyssa e sorrio. “Eu sei
que você nunca o conheceu, mas não se preocupe: assim que encontrarmos
sua mãe, você pode ir para casa.” Me levanto enquanto Heather me olha com
desconfiança. Odeio mentir para ela, mas essa é uma daquelas situações que
irão acabar mal rapidamente se eu não der à minha irmãzinha algum tipo de
resposta. Imagine se ela fosse à escola e dissesse a todos que acabamos de
encontrar uma criança aleatória no Airbnb.

“É melhor você não gritar comigo por fazer uma bagunça quando
você que me disse para fazer isso,” Heather murmura, mas então sua boca se
abre em um sorriso e ela agarra o braço de Alyssa. As duas descem as
escadas juntas. Felizmente, o quarto dos Vincents está trancado, para que
elas não esbarrem em nada que não deveriam.

“Vermelho ou branco?” Hael ronrona, segurando duas garrafas de


vinho pelo pescoço. Aponto para um aleatoriamente e ele coloca os dois no
balcão, tirando a rolha da que eu selecionei. Ele a entrega e tomo um longo
gole, com gosto de amora, ameixa e groselha na parte de trás da minha
língua. A cor vermelha mancha meus lábios como sangue, e passo a manga
preta do capuz de Aaron na minha boca para limpá-la. “Bom?” Hael
pergunta, sorrindo como um maníaco. “É cento e vinte dólares de muito
caro. Me dê uma garrafa de Everclear a qualquer dia e vamos ficar bêbados
por vinte.”

Olho para a garrafa enquanto Callum pula no balcão e se agacha


como um monstro durante a noite. Ele está bebendo um pouco de vinho
branco, com o capuz levantado, os lábios curvados em um sorriso
travesso. Quando olho para ele, seus olhos azuis enrugam dos lados,
trazendo aquela alegria da boca para o olhar.

“Você sabe o que eu quero, Victor. É o que eu sempre quis:


Bernadette.”
Quero dizer, eu sabia como ele se sentia. Era óbvio, mesmo que
Callum Park seja sutil e às vezes estranho. Tomo outro gole do meu vinho.

“Vamos lá, teetotaler11,” Hael pede, agitando outra garrafa cheia de


vinho pra Oscar. “Você nunca fuma e bebe conosco. É chato como uma
merda. Divirta-se pela primeira vez. Estamos em lua de mel aqui e, mesmo
que Vic seja o único imbecil nesta sala recebendo boceta, ainda podemos
festejar.”

Oscar o ignora, mas pelo menos ele não está olhando para o iPad
com amor eterno. Ele está sentado ali em seu traje perfeito, pernas cruzadas,
mãos em volta do joelho. Ele inclina a cabeça apenas o suficiente para olhar
para Hael.

“Por que você não festeja, já que é nisso que você é bom? Vou sentar
aqui com a cabeça limpa e garantir que você não foda algo tão perigoso
quanto Brittany Burr.” O soco de Oscar corta o coração, mas mesmo que o
rosto de Hael fique irritado, ele acaba uivando de tanto rir.

“Brittany maldita Burr,” ele canta, bebendo metade do vinho de uma


só vez. Victor e Aaron pegam uma garrafa, mas, mesmo tentando, seria
impossível perder a rivalidade entre eles. “O que vamos fazer com ela,
hein? Só tivemos alguém que quebrou as regras do preço uma vez
antes.” Hael faz uma pausa por um momento, e a alegria em seu rosto se
dissipa brevemente. Às vezes me pergunto se ele amava Brittany, mesmo
que apenas por um minuto. O pensamento me enche de uma raiva ciumenta
que eu lavo com outro gole de vinho. “Eu me pergunto se ela enviou papai
querido atrás de nós, ou se ele simplesmente virou a cabeça e agiu por conta
própria.”

“Irrelevante,” Oscar corrige, ainda sentado, uma estátua irritante com


um rosto bonito e mãos demoníacas tatuadas na garganta. Seu cabelo está
crescendo e, chocantemente, não é a cor preto-escuro que aparece. Ele tem...
raízes loiras? Que porra é essa? Elas mal estão aparecendo, mas do jeito que
ele está sentado, na frente de todas aquelas grandes janelas, a luz me mostra
muito claramente onde termina a tintura de cabelo e começa o cabelo
real. Hã. “Seu trabalho era colocar o esquadrão anti-gangue de seu pai atrás
da Charter Crew. Ela não conseguiu desviar a atenção dele. Vou calcular os
riscos dela.”

“Nós não vamos matar uma garota grávida,” Hael retruca, a voz
como um chicote violento. Na verdade, eu preciso dar uma olhada dupla
para ter certeza de que é ele quem está realmente falando. Sua boca está
torcida em uma carranca profunda, seus lindos olhos cor de amêndoa escuros
e perigosos. “Porque ele matou uma prostituta grávida.” As palavras de
Victor sobre o pai de Hael surgem na minha cabeça enquanto tomo meu
vinho, me perguntando se isso tem algo a ver com sua reação visceral. “Você
nunca disse a ela que ela não podia enviar o FTGV atrás de nós. Talvez seja
mais específico da próxima vez? Ela ainda pode mandar aquele pai careca
babaca atrás da Charter Crew.”

“Pare de romantizar coisas que não precisam ser romantizadas,”


Oscar diz, sua voz tão suave quanto uma barbatana de tubarão cortando um
mar calmo. Está vindo para você, sem dúvida, mas você não ouvirá nem
sentirá um respingo até estar sangrando. “E não se atreva a me
criticar. Victor disse - conforme meu pedido - que Brittany
deveria redirecionar a atenção de seu pai para longe de Havoc e para a
Charter Crew. O que você acha que a palavra redirecionar significa, seu
idiota? Devo procurar para você?”

A mandíbula de Hael se aperta, e ele dá um passo à frente, como se


pudesse realmente começar algo com Oscar. Os outros caras veem o quanto
Hael Harbin trabalha para se conter? Eles o cutucam e cutucam como se ele
tivesse paciência ilimitada dentro de seu peito. Na realidade, ele mal está
impedindo de atacar.

“Tudo bem, Oscar, você tem sido um idiota monumental desde que
gozou e deixou Bernie para limpar a bagunça.” Vic gesticula para ele com
sua garrafa de vinho. “Pare com essa merda. Temos muita coisa acontecendo
para começar a brigar um com o outro.”

Eu gostaria de poder descrever a expressão no rosto de Oscar sem


usar palavras como morte, lápides, corvos de bico afiado e caveiras com
órbitas vazias. Mas... eu não posso.
“Minhas desculpas, chefe,” Oscar diz, sua voz como chocolate
escuro sobre ossos velhos. Parece bom no começo, mas você nunca comeria
isso. “Às vezes, o intelecto diminuído de Hael me enfurece, o que, é claro, é
injusto, pois ele não pode deixar de nascer assim.”

Hael esmaga a garrafa de vinho no chão, salpicando os móveis de


linho branco com gotas de vinho tinto. Ah, aposto que Leigh vai adorar.

“É melhor você estar brincando comigo, porque se você não estiver


brincando comigo, eu vou chutar sua bunda.” Hael chuta uma mesa lateral
com a bota e um abajur de vidro se despedaça. “Bem? Estou esperando pelo
seu pedido de desculpas. Ou talvez eu deva dizer a Bernie que você era ...”

“Cale a porra da sua boca,” Oscar assobia, levantando-se do


sofá. Os dois garotos se enfrentam, peito contra peito, mandíbula cerrada,
olhos duros. “Se você não quer ser ridicularizado por dizer coisas ridículas,
pare. de. dizer. elas.”

“Ainda não parece um pedido de desculpas para mim,” Hael


responde, sua voz estranhamente fria e suave. Não é como a sua habitual
segurança. Ponho meu vinho no chão e passo entre os dois, colocando as
mãos em um dos peitos. Por um segundo, parece que nenhum deles vai me
reparar.

A mão de Oscar surge do nada, forte e rápida, agarrando meu pulso e


me fazendo chorar quando ele me puxa para o lado e depois agarra meu
outro braço com a mesma mão, prendendo-os juntos. Enquanto ele faz, ele
dá um passo atrás e me puxa junto com ele. Sua mão tatuada acaba na minha
garganta por um breve segundo, a pressão quase assustadora.

“Não o defenda para mim,” ele ronrona, sua boca muito perto da
minha. Seu cheiro de canela me envolve e meu corpo reage de maneira
violenta e perturbadora. “Estou de mal humor e não aguento mais.”

“Oscar, eu vou colocar você no chão,” Vic rosna, mas Oscar está
apenas olhando para mim. Seu polegar acaricia meu ponto de pulso enquanto
ele se inclina cada vez mais perto do meu rosto.
“Quando eu deixei você me imobilizar antes, eu estava sendo
legal. Nunca esqueça isso.” Ele me libera e respiro fundo, colocando minhas
próprias mãos na garganta. Na verdade, eu não estava sem respirar de forma
alguma, mas é apenas a ideia.

Oscar se move rápido, muito mais rápido do que eu pensava.

Ele se afasta e Vic joga uma garrafa de vinho nele. Ela bate na parede
ao lado da cabeça de Oscar. Ele faz uma pausa por um breve momento para
olhar de volta para nós.

“Você vai se arrepender de fazer isso,” Victor avisa, mas Oscar


apenas assente uma vez e depois continua pelo corredor.

“Que porra é essa?” Hael pergunta, piscando como se estivesse


acordando de um sonho. “Que diabos foi isso?”

“Você está bem?” Aaron pergunta, mas eu aceno. Meus dedos ainda
estão na minha garganta, mas não porque eu não gostei. Mas porque uma
parte fodida de mim gostou. Para ser justa, quando fantasio sobre Oscar,
geralmente fantasio sobre um ou outro de nós com as mãos em volta da
garganta de alguém.

Eu cerro os dentes.

“Sim.” Olho para trás e encontro Callum no encosto do sofá, ainda


agachado, mas de alguma forma ele se moveu do balcão para este novo
local. Seu rosto diz que, se Oscar fosse mais longe, eu estava aqui. Tremo e
volto para a minha garrafa de vinho, levantando-a em uma saudação. Victor
está fervendo, Aaron está chateado, Hael está cambaleando, Callum... Acho
que ele está apenas observando por enquanto. “Ao nosso casamento.”

“Ao nosso casamento,” Aaron diz, e ninguém sente falta da maneira


como ele enfatiza a palavra nosso nessa declaração.

Engulo o resto que está na garrafa como uma campeã, limpo os


lábios na manga do capuz novamente e aceito um taco de beisebol da mão
estendida de Cal. Bem, merda, é realmente assinado por Babe Ruth. Me
desculpe, cara. Viro o capuz do meu casaco de Aaron emprestado, subo em
cima do balcão e levanto o bastão com as duas mãos.

“Vai se foder, Coraleigh Vincent!” Eu grito, batendo-o em um pote


de biscoitos em forma de sereia. Estilhaços de porcelana explodem para fora,
ricocheteando na bancada, nas minhas pernas, na lateral da geladeira.

“Vai se foder,” Hael concorda, abrindo a tampa de outra garrafa de


vinho. Ele engole o máximo que pode, o vinho escorre pelos lados da boca e
depois exala bruscamente. “Vai se foder Oscar. Aplauda a paternidade da
semente de Brittany - isto é, elogie o fato de que ele não é meu.” Hael joga a
garrafa no chão novamente, deixando-a quebrar e manchando um tapete
muito caro.

Pulo da ilha da cozinha para outro balcão, balançando o bastão e


quebrando uma foto emoldurada de Leigh e seu marido, todos aconchegados
em um cassino e segurando um leque de notas verdes na mão. Quero dizer,
por favor? Por favor, né? Depois que o vidro está quebrado, arranco a foto
da parede e a jogo.

Callum apenas ri e ri quando Aaron acende um cigarro e o apaga no


sofá de linho chique, marcando o tecido com uma queimado preto
permanente. Ele acende novamente, dá uma tragada e depois faz de
novo. Quando termina, ele estaciona o cigarro entre os lábios e tira a faca
que ele empunhou em Ophelia do bolso de trás.

Quando ele esfaqueia o sofá e estofado sai, eu começo a rir também.

Victor apenas observa todos nós com um olhar sombrio, bebendo seu
vinho e aproveitando o caos.

“Oh, vamos lá, chefe,” Cal pede, pegando uma luminária do chão e
rasgando a cortina. Ele levanta o comprimento do metal e o oferece a Vic
como uma arma. Victor aceita enquanto Cal se move para uma pequena
estátua de concreto de uma tartaruga, levantando-a e jogando-a contra a ilha
da cozinha. Ele bate na bancada de pedra, quebrando-a e derrubando uma
peça substancial.
Vic se afasta com o abajur de metal, como se fosse um taco de
beisebol, mas faz uma pausa quando Oscar volta para a sala, parecendo um
pouco calmo. Seus olhos se voltam para os meus enquanto chuto uma
vasilha de cerâmica cheia de espátulas no chão e a quebro.

“Não fique à medida da minha ira,” Oscar diz, citando Shakespeare


novamente antes de pegar um abajur de uma mesa lateral e jogá-la contra a
parede. Todos nós tomamos muito cuidado para não quebrar as janelas da
frente. Quero dizer, não poderíamos realmente ficar aqui o resto do feriados
se o fizéssemos, certo?

Quebramos o local em pedaços e depois arrastamos os Vincents


escada abaixo para ver tudo.

“Você vê o que você fez?” Oscar assobia, agarrando o queixo de


Coraleigh com os dedos tensos e fazendo-a olhar para a destruição. Lágrimas
rolam pelo rosto dela, e eu quase espero que Oscar lamba uma. Em vez
disso, ele afasta o rosto dela e se levanta. “Onde está o vinho?” Ele pergunta,
e Hael salta para obedecer, segurando uma garrafa de um cesto de roupa suja
que ele encheu delas.

“Que tal esta?” Ele pergunta, virando a garrafa para verificar o


rótulo. “Screaming Eagle, é chamado. Pesquisei no Google e diz que vale
cerca de dois mil e oitocentos dólares.”

“Quebre,” Oscar diz, assumindo a interação com os Vincents


enquanto eu me sento em cima do balcão, o capuz ainda para cima, o taco de
beisebol caído sobre meus joelhos.

“Espere, espere,” Marcus diz enquanto Leigh apenas chora baixinho,


seu cabelo castanho grudado nas laterais do rosto. “Nós podemos resolver
isso. Há espaço para todos nós nessa coisa. Podemos dividir nossas partes
com vocês. Metade e metade. Meio a meio.”

“Você pode ser rico,” Leigh implora quando Hael joga a garrafa de
vinho na grande pia do avental. Isso quebra, é claro. “Pense nisso,” ela
continua, lambendo os lábios enquanto Hael puxa outra garrafa.
“Esta está em alemão, então nem vou tentar ler. Aaron?” Hael chama
pelo meu ex-namorado, agora atual? De qualquer forma, ele sorri para o
telefone antes de olhar para cima.

“Vale cerca de treze mil e quinhentos dólares, meu amigo.”

Hael pega no pescoço e bate a ponta da garrafa no balcão, inundando


o chão com líquido.

“Não!” Leigh grita, lutando violentamente em sua cadeira. Não é


incrível como algumas pessoas estão ligadas às coisas? Tanto é assim que
eles trocariam a vida dos outros por mais? “Me escute. Você pode sair de
South Prescott dentro de um mês. Alyssa vale muito dinheiro. Você, você,
você...” ela gagueja quando Hael pega uma garrafa preta e franze a testa.

“Essa é um conhaque,” ele diz, olhando para Aaron. ”Quanto?”

“Essa...” Aaron começa a procurar em seu telefone enquanto Callum


pula para se sentar ao meu lado no balcão. “Uau. Trinta e cinco mil.”

“Trinta e cinco mil dólares por álcool?!” Hael engasga, bufando uma
risada. “Bem, foda-se, nós vamos beber esse aqui, meus amigos.”

“Isso foi um presente!” Leigh grita quando Hael puxa a tampa de


vidro e toma um gole. “Largue isso!”

“Droga, isso é bom,” Hael ronrona, passando a garrafa para Cal. Ele
toma um gole antes de se inclinar em minha direção. Demoro um segundo
para perceber o que ele quer, mas assim que faço, sinto meu rosto
corar. Meus olhos se voltam para Victor, mas ele apenas olha para mim
enquanto Leigh grita. Minha atenção muda para o infinito azul dos olhos de
Callum enquanto eu me inclino e inclino minha cabeça para o lado.

O calor de sua boca rosa perfeita encontra a minha, mas quando


levanto meus dedos para tocar seu peito e pescoço, posso sentir a aspereza
de suas cicatrizes. Perfeitamente imperfeito, penso enquanto ele gentilmente
separa meus lábios, inundando minha boca com a queima do conhaque e o
calor da sua língua.
Inclinamo-nos um no outro quando alguém puxa a garrafa das
minhas mãos. Estou muito focada em Callum para perceber ou me
importar. Ah Merda. Talvez ele tenha pensado que eu não o notei durante
todos esses anos, que ele poderia sentar na minha frente naquela cafeteria e
agir como se não soubesse meu nome. Todas essas coisas são mentiras.

Você dançou comigo naquele dia em que chorei na escola


primária. Você me encontrou durante o jantar da oitava série e me
incentivou a me juntar a você no chão. A única razão pela qual me lembro
daquele dia é por sua causa.

“Bernie,” Cal murmura, se afastando um pouco e tocando sua testa


na minha. Isso é a grande coisa com esses garotos, tudo isso
comovente. Acho que nenhum de nós jamais foi abraçado, cuidado ou
amado o suficiente. “Eu disse a você que o faríamos pagar, não disse?”

Ele se inclina para trás o suficiente para eu me perder no azul de seus


olhos e depois pula para o chão.

“Me dê a faca,” Cal diz, gesticulando para Aaron entregá-la. Sem


hesitar, ele faz. Callum se aproxima dos Vincents e faz uma pausa atrás
deles. Ele então começa a cortar o cabelo perfeito, pressionando a lâmina
perigosamente perto de seus crânios. Os dois gritam, como se algo estivesse
realmente machucando eles, mas é tudo besteira.

Callum não derrama uma única gota de sangue.

“Pegue as meninas e vamos nadar,” ele diz, devolvendo a faca a


Aaron assim que ele termina. “E quando terminarmos, afogaremos os
Vincents e descartaremos seus corpos.” Callum está blefando, obviamente,
mas suas palavras sussurradas fazem o truque. O casal começa a gritar
quando Hael e Aaron os arrastam de volta pelos degraus para que possamos
trancá-los em seu quarto novamente. Cal olha na minha direção e juro por
Deus, meus lábios formigam em resposta ao seu olhar sombrio.

Não está escuro com a violência; Eu já vi essa expressão em seu


rosto de príncipe da Disney muitas vezes no passado.
Não, desta vez, sua expressão é esculpida em fome e luxúria e coisas
não ditas que são melhor deixar no escuro. Ele tem segredos, aposto que
Callum tem. Já que Havoc não deveria ter nenhum, se eu perguntasse, você
acha que ele me diria?

Molho meus lábios com a língua.

“A sério,” Cal diz, soltando uma risada rouca. “Estou morrendo de


vontade de te ver de biquíni, Bernie. Espero que você não se importe de eu
dizer isso.” Ele pisca para mim, pega o abajur e esmaga a mesa de centro,
com ele, os músculos de seus braços ondulando com o poder necessário para
tal movimento.

Enquanto isso, apenas me escondo dentro do moletom de Aaron,


encharcada entre as coxas com a visão e segurando um taco de beisebol que
vale mais que os carros da maioria das pessoas.

“É o que eu sempre quis: Bernadette.”

Balanço o taco de beisebol em um vaso de flores secas e tento não


pensar muito sobre essa afirmação. Ainda não, hoje não. Porque Victor
precisa de tempo, e dessa dança perigosa de garotos lindos... ainda não sei se
conheço a coreografia.
Os Vincents não têm um peru naquele refrigerador imenso deles
- nós saímos de férias, Coraleigh diz - mas tudo bem, porque o casal gosta
mesmo de Keto12 agora e seu congelador está cheio de peru moído.

“Jennie-O13 para vitória,” Hael diz, elogiando a marca de carne e


girando uma faca nos dedos de uma maneira impressionante. “Então vai ser
tacos.”

“Diga-me ...” Eu começo, deslizando minha bunda em um dos


bancos ainda intactos na ilha da cozinha. Veja, é como uma paisagem aqui:
uma ilha, uma península, uma tundra congelada de mini-freezers sob as
bancadas. Também está total e completamente destruído. Quero dizer,
funciona o suficiente, mas os olhos da Heather quase caíram de seu rosto
quando ela viu.
“Você não receberá seu depósito de segurança depois disso,
Bernie,” ela me disse com toda a seriedade. Tão fodidamente fofa e
ingênua. Coloco um pouco de brownie na boca e espero que o palpite de
Callum sobre o quão especial é esse brownie especial esteja certo. Isso, ou
vou ficar tão chapada que não me lembre do meu primeiro Dia de Ação de
Graças Havoc.

“Te dizer o que?” Hael pergunta, adicionando óleo a uma panela e


colocando a carne temperada nela. Ele está balançando um pouco com a
música, balançando a cabeça e murmurando a letra. Não sei como alguém
tão perigoso pode ser tão fofo. Mas isso mesmo. Gosto dele ainda mais
agora que sei que ele não será pai do bebê de outra pessoa.

Eu mordo meu lábio.

“Diga-me como é que você sabe cozinhar?” Eu pergunto e Hael


ri. Sempre rindo, ele e Callum. Mas enquanto Cal, curiosamente, me lembra
o Coringa, Hael é apenas... divertido. Sua risada é apenas isso, uma maneira
de aliviar o clima.

“Ma mère m'a appris à cuisineiner, cher14,” ele ronrona em francês


com um toque cajun, dando-me esse sorrisinho atrevido que me irrita e me
faz querer transar com ele na bancada rachada. Inclino-me para frente e
coloco os cotovelos sobre ela, agindo como se não sentisse Victor nos
observando da sala de estar. A maioria dos detritos foi varrida em uma pilha,
para que ainda possamos relaxar nos detritos.

“Isso significa... algo sobre sua mãe?” Eu pergunto, colocando meu


queixo na palma da mão.

“En fait c'était à propos de ta mère mais tu n'as pas compris la


blague, n'est-ce pas?15” ele me pergunta, levantando uma sobrancelha
enquanto mexe a carne com a espátula. Pego um pedaço quebrado do balcão
e o jogo na cara dele. Ele pega, o que me irrita muito, e depois joga por cima
do ombro. Ele cai perfeitamente na pequena pia de preparação. “Minha mãe
me ensinou a cozinhar,” acrescenta Hael finalmente, o rosto caindo
levemente. A música em seu telefone muda para “My House,” de Flo Rida, e
seus lábios se contraem em um pequeno sorriso. Ele ama essa música idiota
e, por mais que eu odeie, não consigo deixar de sentir algo quando o vejo
começar a murmurar a letra. “Ela não me ensinou a cozinhar nenhum taco de
peru, mas depois que você tem o conjunto de habilidades...” Hael se
interrompe quando Callum aparece, segurando um avental.

“Deixe-me colocar em você, querida,” Cal murmura em sua bela


voz. É mais do que apenas grave ou rouca ou quebrada, é
transcendente. Quando Cal fala, suas palavras transmitem emoção da mesma
maneira que seus movimentos de dança; ele está cheio de sentimentos.

“Ora, obrigada, doce marido,” Hael ri enquanto Cal coloca o avental


ao redor do pescoço e depois abraça a barriga dele.

“Devemos transar depois, com você em uma coisinha tão


pequena.” Callum dá um tapa na bunda do Hael e então, em um único
movimento, ele pula no balcão e se agacha ao meu lado. Ele olha para mim
enquanto pega um cacho de uvas roxas da bolsa ao lado do meu braço e com
muito cuidado e propositadamente esmaga uma entre os dentes. “A
propósito, adorei o seu biquíni.”

Victor bufa atrás de mim, e eu o encaro.

“Isso não era um biquíni; era o pior pesadelo do marido. Como um


prólogo para uma sessão de pornografia.”

“Ei, vai se foder!” Bato nele, jogando algumas uvas em sua


direção. Ele realmente consegue pegar uma na boca enquanto encaro
ele. ”Se eu quiser nadar nua, eu vou.”

“Contanto que você depile esse mato,” Oscar diz, mas ele não olha
para cima da revista no colo. O calor quente me enche da cabeça aos pés,
como uma chaleira de água fervente. Não ficaria surpresa se saísse vapor dos
meus ouvidos.

“Eu vou literalmente te matar,” eu moo, e, sem querer, meus dedos


encontram minha garganta. Oscar olha para cima então e nossos olhares
travam, roubando meu fôlego e me deixando tonta. “Quando eu deixei você
me imobilizar antes, eu estava sendo legal. Nunca esqueça isso.”
“Por que diabos você ridicularizaria uma garota por ter cabelo onde o
diabo o colocou?” Victor pergunta, dando a Oscar um olhar
desagradável. “Você já violou meus últimos nervos hoje. Da próxima vez
que você colocar as mãos na minha esposa, eu vou quebrar sua cara.”

“Além disso,” eu brinco, amando a maneira como os olhares de Vic e


Oscar se voltam para mim. “Fica assado lá em baixo, se você fode tanto
quanto eu e deixa depilado.” Sorrio maliciosamente. “Eu continuo
maravilhosa, e aparo essa merda. Talvez você deva pensar em fazer o
mesmo?”

“Tiros disparados!” Hael uiva quando Callum ri. Aaron faz uma
pausa no meio da escada, com a mão no corrimão, enquanto ele tenta
descobrir o que estamos fazendo aqui. “Tu es une putain de dure à cuire,
Blackbird.16 Uma vadia incrível.”

Os olhos do Oscar se estreitam, mas, aparentemente, ele não quer


falar sobre o fato de que ele ficou dentro de mim até as bolas enquanto eu
estava sangrando e vulnerável debaixo dele. Ele não se importa. Ele é apenas
um sociopata com um rosto bonito.

“As crianças estão arrumadas; os Vincents estão seguros,” Aaron diz,


se aproximando de mim. Quando ele se aproxima, eu posso senti-lo, como se
houvesse uma carga no ar, alguma conexão elétrica entre nós que vibra
agradavelmente contra a minha pele. “Eu disse a elas que poderíamos comer
e depois nadar novamente.”

“Quase pronto,” Hael diz, colocando a tampa na panela escaldante de


carne antes de voltar ao abacate que estava fatiando. “Você sabia que os
cartéis controlam a maior parte da produção de abacate no
México? Deveríamos entrar nessa merda.”

“Cartéis do caralho,” Victor murmura, mas ele também está


esfregando o queixo, tão claramente ele está pensando em alguma
coisa. “Alguma palavra sobre como a Charter Crew conseguiu esses vinte
mil em produtos?”
Oscar faz um som de aborrecimento e depois zomba, jogando a
revista de lado. Certeza de que ele nem estava olhando - que utilidade Oscar
Montauk teria para a decoração moderna em um mundo contemporâneo.

“Como Mitch Charter está dirigindo um carro novo, eu diria que eles
não estão sofrendo nada. Ou eles têm fontes de renda que eu não conheço,
ou então alguém grande os apoia.” Oscar faz uma pausa, estreitando os olhos
cinzentos no chão enquanto ele fica em seus pensamentos.

“E a gangue que os forneceu com o produto em primeiro


lugar?” Aaron pergunta, mas Oscar já está de pé e balançando a cabeça. Ele
está, mais uma vez, vestindo terno e gravata. É como se ele não soubesse
relaxar por mais de cinco minutos de cada vez.

“Que gangue você conhece que aceita casos de caridade?” Ele


pergunta, olhando para mim de tal maneira que sei que o olhar em si deve
ser um insulto. Decido ignorá-lo dessa vez, colocando uma única uva na
minha boca e chupando um dedo tatuado por apenas um momento. Meu
batom - estamos numa boa fase aqui e esse aqui é chamado Jilted17 - desliza
pela minha pele e Oscar assiste como se ele estivesse hipnotizado. Assim
que percebe que está fazendo isso, ele se afasta. “Não é provável. Alguém
está enchendo os bolsos deles.”

“Isso não faz nenhum sentido,” Victor diz, claramente frustrado com
a situação. “A Charter Crew não é nada. Eles nem merecem um
nome. Podemos muito bem continuar chamando-os de irmãos Charter /
Ensbrook.”

“Alguém quer eles atrás de nós,” Oscar reflete, como se já tivesse


pensado nisso antes, mas achou ridículo demais mencionar... até agora. Ele
olha para cima, olhos cinzentos brilhando e olha para Vic. “E a sua mãe?”

A energia na sala muda completamente, e a boca bonita de Vic se


fecha.

“Faz sentido. Ophelia participa desse pequeno... baile.” Oscar acena


um dedo tatuado em círculo enquanto ele atravessa a sala e pega seu
iPad. Ele abre a capa, debloqueia e começa a fazer... o que quer que ele
faz. “Ela ganha dinheiro facilmente conectando os Vincents com os
compradores das meninas e, em seguida, dá parte desse dinheiro para
Charter Crew.” Oscar estala os dedos como se percebesse algo. “Mitch
pularia para uma oportunidade como essa.”

Victor se inclina para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e


esperando que Oscar termine seu minidiscurso. Nosso líder - merda,
meu marido - parece cético, mas aberto a essa teoria.

“Quero dizer, eu não duvidaria que mamãe querida faria de tudo para
me foder da maneira que puder, mas isso é um pouco forçado, você não
acha? A lista de Bernie, os Kushners, os Vincents, Kali. Está tudo ligado?”

Oscar morde a unha do polegar, os olhos cinzentos se abrem por trás


do brilho dos óculos.

“Estou perdendo algo,” ele diz, parecendo frustrado, como se isso


não fosse algo que acontecesse com ele com frequência.

Engraçado que, considerando que ele realmente fodeu meus


sentimentos depois que fizemos sexo. Mas que seja. Faço um círculo lento
no banquinho e depois paro. Meus olhos se voltam para Aaron. Ele já ouviu
falar de David, é claro, mas não é algo fácil de abordar. Ele... esperou por
mim. Isso é bem romântico, você não acha? De qualquer forma …

“David Benedict,” eu digo, exalando bruscamente.

Todos os meninos Havoc param o que estão fazendo para me encarar.

“Sua Brittany Burr?” Oscar pergunta, obviamente tentando ser um


idiota, mesmo durante uma discussão crítica sobre os negócios de
Havoc. Porra, eu não suporto ele às vezes. “O que sobre ele?”

“Ele vai para Oak Valley Prep,” eu digo, levantando-me do


banquinho. Um sentimento estranho me atravessando quando as peças do
quebra-cabeça em minha mente começam a se encaixar. “Sabemos o nome
da conexão de Kali em Oak Valley Prep?” Olho para Oscar e ele assente,
checando a tela do iPad.
“Sim, claro. Mack Holdman.” Oscar olha de volta para mim em
triunfo, mas quando ele me encontra sorrindo, a expressão desaparece tão
rápido quanto veio. “O que? Você está ciente de algo que eu não estou?”

“David Benedict é bissexual, e ele está fodendo com Mack desde o


primeiro ano.” Meu sorriso se amplia um pouco. “Sim, eu realmente
conversei um pouco com David antes de dormir com ele. De nada.”

“Jesus,” Aaron murmura, seu braço roçando o meu. Eu juro, posso


sentir ciúmes reverberando através dele. “Mesmo se isso for verdade, o que
isso tem a ver com alguma coisa?” Olho para Aaron, lembrando o olhar no
rosto de Kali quando ela nos viu aconchegados juntos no corredor. Ciúme,
puro e simples. Ela sempre quis o que eu tenho. Por que motivo, não sei
dizer. Minha vida não foi exatamente uma cama de rosas. Não tenho certeza
se desejaria a minha vida ao meu pior inimigo.

Oh espera, não importa. Eu definitivamente faria.

“Kali estava na mesma festa que eu, na noite em que dormi com
David.” E juro, Aaron se encolhe quando digo isso e depois faz uma
careta. “Ela me viu com ele, provavelmente nos viu sair juntos. Se eu a
conheço, e sei que sim, ela provavelmente tentaria descobrir quem ele era e
iria atrás dele.”

“Você está apostando muito nessa teoria; Não gosto de


suposições. Você está apenas assumindo que Kali procuraria David. Mesmo
assim, e daí? Ela está saindo de Prescott com Mack.” Oscar enfia o iPad
debaixo do braço e se aproxima de mim, de modo que estamos a apenas
dezoito centímetros de distância. “Explique isso.”

“David não dirige para lugar algum. Ele pega carona com
Mack. Naquele Lexus LX preto?” Levanto uma sobrancelha. “Vamos, pense
sobre isso. David pode ser bi, mas Mack não. Ele é definitivamente
gay.” Sinto-me tão orgulhosa quando mostro todas as minhas fofocas bem
preservadas de Springfield.

Fuller High, Oak Valley Prep e Prescott High estão todos


inexplicavelmente entrelaçadas em seus círculos sociais. Quero dizer, não
que alguém de qualquer uma das outras escolas de ensino médio jamais
admitisse isso. Mas vamos lá, das três escolas, quem você acha que é o
melhor na cama em geral?

Prescott High para a vitória, filho da puta.

“E você assume que ele é gay, por quê?” Oscar pergunta, inclinando
a cabeça para o lado, como se estivesse tentando me entender, mas falhando
miseravelmente. Estou amando o visual.

“Talvez ele seja realmente virgem, mas ninguém sabe a


verdade?” Hael pergunta, mas eu o ignoro, concentrando-me nos olhos
cinzentos de Oscar. Eles se estreitam ainda mais em mim quando meu
sorriso fica um pouco mais amplo.

“Bem, ele é o chefe do clube LGBT de Oak Valley Prep.” Levanto


dedo indicador esquerdo, o A da minha tatuagem HAVOC agradável e
visível. “Ele se descreveu para mim em um estupor bêbado mais de uma vez
como aquele twink gay18 que tem medo de conversar com outros
meninos.” Levanto o segundo dedo. Oscar está claramente ficando mais
irritado comigo a cada segundo. “Ele usou uma blusa uma vez em uma festa
de Prescott que dizia Local Magical Gay Girl nela. Você quer que eu
continue ou...?” Eu paro com três dedos levantados e, em seguida, abaixo os
dois de cada lado, mostrando o dedo do meio para Oscar, fingindo que estou
com um pouco de coceira na ponta do nariz.

Quero dizer, ele faz essa merda o tempo todo para mim, não
é? Quando ele está 'arrumando os óculos'? O que é mentira.

“Então Mack é gay e ocasionalmente fode David. E daí? Tente mais,


Bernadette.” Oscar dá outro passo em minha direção e meu coração começa
a bater forte. Tudo o que posso sentir agora é canela, doce e picante e muito
Oscar. Meu corpo se lembra dele e, por tê-lo tão perto, eu simplesmente
sofro. Como o mar sente saudade da costa.

Quase o toco, mas não estou interessada que batam na minha mão
agora. Estou gostando de esmagá-lo intelectualmente com fofocas.
“Então, por que Mack iria buscar Kali na escola?” Eu repito. “Ele a
leva para ficar com David. Não sei o que eles estão fazendo juntos - não
posso imaginar que Mack ajudaria seu amante de novo e de novo a pegar
uma garota Prescott por sexo - mas isso poderia explicar como a Charter
Crew chamou a atenção de Ophelia.”

Cruzo os braços sob os seios, percebendo que o olhar de Oscar se


desvia por um breve momento. Estou usando uma regata que diz Não estou
interessa em homens, que é irônico e hilariante, porque, obviamente, estou
muito. Costumava ser a camisa de Penelope, o que me deixa realmente triste
porque me pergunto se ela não estava lutando com sua sexualidade. Ela
nunca escreveu sobre isso no diário, mas, na maioria das vezes, é apenas
uma lista contínua das transgressões do Coisa.

“Essa é uma teoria sólida,” Vic medita, esfregando o queixo mais


uma vez. Devo realmente fazê-lo pensar. Ele também não parece
condescendente, ou como se estivesse tentando me fazer feliz porque quer
que eu ronrone debaixo dele. “Isso faria muito sentido, você tem que
admitir.”

Oscar se afasta de mim de repente, como se ele não pudesse suportar


ficar ao meu alcance por um segundo a mais.

“O que Kali está fazendo com David e Mack então, quando a


pegam? Nós rastreamos o LX em várias ocasiões, mas eles nunca foram para
casa do Tom. Por quê?” A voz de Oscar agora é um silvo, agradável e suave,
mas claramente descontente.

“Os tacos estão prontos...” Hael sugere, parando quando ele coloca a
espátula de lado. Callum se move para frente e desce na beira do balcão,
deixando suas pernas com cicatrizes balançarem sobre a borda.

“Porque Ophelia e Tom são esnobes, sujeira imoral?” Vic sugere com
um encolher de ombros. Ele esfrega a mão esquerda para cima e para baixo
nos bíceps protuberantes do braço direito, chamando minha atenção para
suas tatuagens. Ele tem tantas, e todas estão tão entrelaçadas, que parecem
de longe um mosaico. De perto, há os olhos amarelos de um lobo escondidos
na escuridão de uma floresta de aparência extravagante, um cachorro
africano perseguindo presas e uma hiena com os dentes à mostra.

Muitas bestas selvagens, todas pintadas em alguém que eu


classificaria como uma fera por direito próprio.

“Onde é que eles vão?” Eu pergunto, e Oscar zomba de mim, abrindo


seu estojo de iPad novamente para acessar as informações.

“Oak Park Shopping Village. O shopping perto da Fuller High. Um


restaurante mexicano.” Oscar faz uma pausa e olha para mim, levantando
uma sobrancelha preta perfeita. Será que ele também tinge as
sobrancelhas? Quero dizer, se suas raízes são loiras... “Devo continuar? Não
há nada aqui que não seja insano. Nada disso é significativo.”

“Nossos caras ficaram tempo suficiente para ver se David estava com
Kali e Mack quando eles saíram do carro? Onde Mack deixou Kali
depois?” Eu pergunto, mas então Heather e Kara descem correndo as
escadas com Ashley atrás deles. Alyssa vem por último, parecendo reservada
- compreensivelmente.

Espero que os Peters, sejam eles quem forem, cuidem bem


dela. Espero mais que tudo que sua mãe não saiba onde ela está, que esteja
procurando freneticamente sua filha. Espero que sim, porque sei que minha
mãe não se importaria. Sei que Pamela, se colocada em uma situação
financeira apropriada, teria vendido eu, Pen e Heather como se fosse nada.

“Está na hora de comer agora?” Heather pergunta, ainda vestindo sua


bermuda preta, regata azul e chinelos. Hoje está muito chuvoso para ir à
praia, mas as crianças parecem ainda mais felizes com a piscina interior
aquecida. Antes de partirmos no domingo, vou empurrar todas as plantas
exóticas de Marcus na água e vê-las afundar.

“Está na hora,” confirma Hael quando Oscar fecha a capa do iPad. O


jeito que ele olha para mim, no entanto, ele sabe que descobrimos algo
aqui. “Vamos comer na sala de jantar formal?” Hael fala com um rolar de
olhos.
“Tacos de peru no Dia de Ação de Graças são tão estranhos,” Kara ri,
apertando as mãos sobre a boca. Aaron sorri suavemente para ela, colocando
a mão no topo de seus cabelos castanhos por um momento. É encaracolado,
como o dele, e ela ainda tem os olhos da mesma cor. Ele seria um bom
pai. Eventualmente. Bem, em um futuro distante que eu possa ou não estar lá
para ver.

Não. Você vai. Bernie, você pode fazer isso, porra.

Termine a lista.

Acabe com a Charter Crew.

Pegue a herança do Victor.

Tem uma checklist na minha frente e sei que, em teoria,


Havoc sempre tem negócios a tratar. Não tem a mentalidade de ufa,
acabamos, vamos descansar com esse grupo. Mas sempre conseguimos
tempo para assistir South Park e fumar, comer pizza e foder. Merda, até
levamos as meninas para fazer doces ou travessuras.

Tudo vai ficar bem.

“Heather, você pode pegar o prato com todos os vegetais?” Eu


pergunto. “Vou pegar alguns refrigerantes.”

“Kara, leve uma pequena pilha desses pratos com você. Ashley, você
e Alyssa podem ser responsáveis pelo creme de leite e salsa.” Aaron
comanda as crianças com uma facilidade, lançando-me um sorriso enquanto
ele levanta a maioria dos pratos nos braços (obviamente, os Vincents não
seriam pegos mortos com pratos de papel em sua antiga casa imaculada).

Tudo vai ficar bem.

Repito isso para mim mesma e, por um minuto, realmente acredito


nisso.

Você sabe, eu meio que esqueci de adicionar a porra dos policiais à


minha lista de checklist imaginária.
Porque nada pelo qual vale a pena lutar é sempre fácil, estou certa?
No sábado, encontro Hael na garagem dos Vincents, examinando a
Ferrari 488 Spider. Ele suspira quando entro, gesticulando para o carro
esportivo com uma mão tatuada.

“Você acredita que tenho que destruir esse carro? Que vergonha.” Ele
bate no capô com a palma da mão, e fico com calafrios, lembrando nossa
rapidinha no capô do seu Camaro. “É claro, eu prefiro meu bebê qualquer
dia, mas isso é muito bom.” Ele coloca a mão sobre o coração enquanto me
movo para ficar ao lado dele, cruzando os braços.

“Ouvi dizer que essa coisa fornece de sete a dez cavalos de potência
até oito mil rpm. Merda, dizem os boatos de que o Spider pode ir de zero a
cento e vinte e quatro mph em apenas sete-ponto-oito segundos.” Aceno com
a cabeça, como se eu soubesse do que estou falando, e Hael se vira para mim
com uma sobrancelha levantada, um cigarro novo a meio caminho dos
lábios. “Eu digo que nos aprofundamos no acelerador e encontramos um
conjunto de curvas, porque a suspensão mais rígida e os Michelins mais
rígidos contribuem para um chassi mais capaz.”

“Ok, você quase me pegou no negócio de cavalos de potência, mas


estou chamando besteira.” Eu sorrio quando Hael acende, dá uma tragada e
me oferece o cigarro. “Onde você leu tudo isso, passarinho?”

“Kelly, Blue Book?” Ofereço e Hael joga a cabeça para trás, rindo.

“Você é uma trapaceira traiçoeira,” ele rosna quando abaixa o queixo,


para que ele possa me olhar da cabeça aos pés. Estou vestindo um roupão,
mas por baixo, eu estou de biquíni, aquele que Victor diz que não gosta, mas
que ele me fodeu enquanto usava ele nas últimas duas noites. É rosa quente e
bem pequeno, com uma caveira e ossos cruzados sobre o peito esquerdo. A
parte de baixo é um shorts pequeno, e eu estaria mentindo se dissesse que
minhas bochechas não ficaram um pouco para fora.

Roubei esse biquíni do Hellhole aos dezesseis anos, mas nunca o


usei. Até agora.

De alguma forma, sinto que Hael sabe o que está por baixo da minha
túnica.

Ele dá um passo à frente, estendendo a mão para o cinto em volta da


minha cintura e com muito cuidado meticulosamente o desamarra. Assim
que o roupão se abre, Hael respira fundo e xinga de uma maneira muito
violenta e colorida.

“Foda-se a boceta seca de uma freira,” ele murmura, e eu engasgo


com um pouco de risada. “Eu sei que vi esse biquíni ontem, mas, caramba,
sua irmã estava nadando conosco e eu estava tentando não olhar...” Ele
para. Ele está definitivamente olhando para mim agora. “Cara, se Vic não
estivesse com tanto mal humor...” Hael bota as mãos dentro do robe e as
coloca na curva da minha cintura. A conexão entre nós dispara como o
quatro de julho, e tenho que apertar meus olhos com força para
aguentar. “Ele é tão insuportável agora. Eu sabia que ele ficaria depois do
casamento.” Hael faz uma pausa e sua boca cheia se contorce de
perplexidade. “Como você gostou dessa reviravolta, ter Aaron te levando ao
altar? Que piada. Victor realmente é o rei dos idiotas.”

“Você acha que ele quis dizer o que disse?” Eu pergunto, amando a
maneira como Hael absorve cada centímetro de mim, catalogando meu
corpo para material de punheta futuro, sem dúvida. Eu quero que ele
continue olhando; Só queria poder olhar para ele também, nu e trabalhando
acima de mim. Eu lambo um pouco do doce gloss de cereja dos meus
lábios. “Sobre eu e ele sermos exclusivos após o casamento?”

Hael encolhe os ombros de repente e dá um passo para trás, agindo


como se ele se importasse tanto com o carro esportivo azul quanto com meus
seios. E o teste do detector de mentiras determinou... isso era mentira.

“Hah.” Ele ri e estica a mão para mexer no cabelo. “Ele quis dizer
pode ter certeza. Não significa que eu vou ouvir.” Hael pisca enquanto
circula a Ferrari. “Além disso, você ouviu Callum e Aaron; Eu disse minha
parte.” Ele sorri, porque, na realidade, ele realmente não disse muito, não
é? Fico me perguntando se vou piscar e Hael, de repente, voltará aos seus
velhos hábitos, pulando pelo campus com incursões ocasionais nas bocetas
de Fuller High ou Oak Valley. É melhor ele não tentar. “Todos concordamos
que você seria nossa garota, Bernie. Acho que cada um de nós tem que
definir o que isso significa, o que queremos de um relacionamento um com o
outro.” Hael aponta entre eu e ele quando se abaixa para examinar os
aros. Ele pega o telefone, abre a caneta por baixo e começa a escrever notas.

“Sim?” Eu pergunto, seguindo-o pelo carro enquanto ele dá a volta,


anotando certas coisas e catalogando-as. Ele mal está olhando para mim
agora, agindo como se não desse a mínima para eu estar aqui. Mentira. Ele
sabe muito bem onde estou, e está me evitando.

Por respeito a Vic, sem dúvida.

“Acho que Oscar ficaria satisfeito em usar você para praticar tiro ao
alvo,” Hael sugere, levantando-se. Seu cabelo vermelho é estilizado com
perfeição em uma crista no topo da cabeça, os lados raspados. Há uma única
tatuagem na lateral do pescoço, uma caveira e ossos cruzados que me
lembram a imagem de cima do meu biquíni.
Eu sorrio.

“Enquanto a oferta for nos dois sentidos, e eu posso atirar nas bolas
dele, então estou bem com isso.” Eu expiro quando Hael olha para mim
novamente, seus olhos cor de mel suavizando um pouco antes que ele desvie
o olhar. “E você?” Eu pergunto, tentando chamar sua atenção de volta para
mim. Adoro o jeito que me sinto quando ele olha para mim, como se eu
pudesse deslizar em seu Camaro e decolar pela estrada com as janelas
abertas e nunca olhar para trás.

Liberdade.

Esse é o gosto particular de Hael, e estou desejando outra mordida.

“E eu, o quê?” Ele pergunta, dando um sorriso atrevido. “O que eu


quero de uma garota Havoc?” Ele coloca a mão no capô e depois pula sobre
ele, deslizando por cima e depois batendo as botas na calçada na minha
frente. Hael estaciona os cotovelos nos joelhos e descansa o queixo em uma
mão. “Você sabe o que eu quero, Bernadette Blackbird. Estou apaixonado
por você desde que éramos sem-teto juntos.”

“Não brinque comigo, Hael Harbin,” eu digo, cruzando os braços


novamente e dando um pequeno passo para trás. Ele me pega agarrando as
pontas do meu cinto e me puxando um pouco mais para perto. “Você tem
muitas coisas a responder.”

“Eu?” Ele ecoa, e eu olho para ele.

“Você não se lembra de tirar meu vestido de baile e entregá-lo aquela


escória do mundo Kali Rose-Kennedy?” Eu brinco, levantando um quadril e
descansando a mão nele. O movimento serve apenas para abrir ainda mais
meu robe. “Ou aquela vez que te encontrei com uma das professoras de
matemática loiras?”

Hael olha de volta para mim como se eu estivesse louca por um


momento e depois olha para o teto, pensativo.

“Professora de matemática?” Ele pergunta, mas eu apenas estreito


meus olhos.
“Eu sei o que vi: você e alguma professora loira com o batom
manchado e o cabelo despenteado. Não tente me dizer que o que estava
acontecendo naquela sala de aula era inocente.”

Hael volta sua atenção para mim novamente e depois dá um sorriso


torto, que está apenas pingando impertinência e arrogância.

“Oh, passarinho,” ele ri, balançando a cabeça. “Você entendeu tudo


errado. Eu sei do que você está falando, mas deixe-me explicar.”

“Por favor explique, Harbin. Estou esperando.”

Hael me puxa ainda mais para perto, e eu apenas sei que se Vic
entrar, vamos ter problemas. Não tenho certeza se Hael aceitaria ser expulso
do quarto uma segunda vez, e eu realmente não suporto ver Havoc se
despedaçar em pedaços por minha causa. Obviamente, estou ciente de que
nada disso seria minha culpa - é ridículo culpar uma garota pelas ações de
um bando de rapazes - mas, no entanto, as consequências seriam péssimas.

“Eu não vou mentir e dizer que nunca fodi uma professora,
Blackbird. Mas as de Prescott são apenas... não são do meu tipo. O que você
está falando é quando eu peguei a Srta. Addie transando com
a outra professora de matemática loira, a Sra. Daines. Você apenas me
viu chantageando a Srta. Addie é tudo.” Hael bate debaixo do meu queixo
com os dedos e sorri. “Então anime-se, passarinho. Sem danos causados.”

“Oh, me desculpe. Tudo o que você estava fazendo foi chantagear um


membro da escola? Certo, desculpe-me por pensar que era algo
sórdido.” Hael coloca as mãos nos meus quadris, e eu não o paro, mesmo
sabendo que estamos entrando em território perigoso aqui. Eu, mais Hael,
mais um capô de carro vazio... Gah. Quero ver como esses amortecedores
realmente funcionam. A Ferrari pode lidar com nossa marca específica de
lombadas e buracos?

Mm.

Não podemos empurrar e descobrir.


Victor tem que tomar essa decisão por conta própria; ele tem que
saber que ele fez a escolha final. Ele tem que escolher Havoc.

Caso contrário, isso nunca funcionará.

“Qualquer outra pergunta ardente que eu possa responder para


acalmar sua alma cansada?” Ele pergunta, enfiando os polegares nos meus
ossos pélvicos e me fazendo morder o lábio para segurar um
gemido. Minhas pálpebras se fecham e tenho que realmente trabalhar para
não me jogar nele. Quando sinto a respiração de Hael contra minha barriga
nua, quase perco a cabeça.

“Você realmente tentou matar Neil por mim?” Eu pergunto, e ele faz
uma pausa. A energia na sala muda, e eu abro meus olhos bem a tempo de
ver Hael se afastar, sua expressão se transformando em algo completamente
diferente. Toco minhas mãos em ambos os lados do rosto dele, amando que
ele esteja barbeado de novo e cheirando a coco. Descobri que o babaca gosta
de tomar banho com um xampu e condicionador muito específicos. Preciso
manter o cabelo arrumado, ele disse, apontando para os cabelos. Ele é um
idiota. “Eu não sou uma leitora de mentes, Hael. Não sei o que vocês estão
pensando, o que fizeram, onde estiveram.”

Hael se levanta de repente, e eu suspiro. Há um olhar em seu rosto


que me rasga em pedaços.

“Vamos lá,” ele diz, agarrando minha mão e passando para a porta do
lado do passageiro. Ele abre, apesar da minha reclamação constante sobre
cavalheirismo, e eu deslizo para dentro. Com aquela expressão sombria
montando seus belos traços, como eu poderia recusar? Além disso, nunca
havia sentado em um carro tão bonito antes; é desconcertante.

“Onde estamos indo?” Eu pergunto, mas Hael apenas bate à porta


atrás de mim e depois corre para a porta que leva para dentro da casa. Ele a
abre, grita alguma coisa lá dentro e depois aperta o botão para abrir a porta
da garagem. O mar nos cumprimenta, brilhando azul sob um céu
surpreendentemente alegre. Ainda está frio pra caralho, mas pelo menos
parece bonito. “O que você acabou de dizer?” Acrescento quando Hael entra
e dá partida no motor. Ao som de seu rosnado reconhecidamente satisfatório,
ele coloca o antebraço no volante e encosta a testa nas tatuagens.

“Eu vou gozar nos meus jeans, Bernadette. Você ouviu isso? Não é
tão bonito quanto aqueles que os modelos de alguns anos atrás tinham, mas
eu aceito. Nada mal para um motor turbo, certo?”

“Você pode muito bem estar falando francês comigo de novo,” eu


digo, desejando com todo o meu coração que ele o faça.

“Pourquoi est-ce que tu me poses des questions qui me poussent à me


dévoiler, Blackbird19?” Hael murmura, levantando a cabeça e sorrindo para
mim. Seu braço direito está mais próximo de mim, e não posso deixar de
sorrir para a tatuagem de bandeira quadriculada, a pista de corrida, os carros
coloridos e as garotas bonitas descansando em cima deles. “Eu disse a Victor
que eu ia te ensinar a dirigir. Desculpe, cher, mas não estou colocando todo
esse trabalho no Eldorado para você deixa-lo estacionado na entrada de
carros de Aaron.”

Hael se senta e faz uma pausa para conectar seu telefone ao sistema
de som Bluetooth. Ele me surpreende escolhendo Carry on Wayward Son, do
Kansas. Ele abaixa a viseira e tira os óculos escuros do bolso, deslizando-os
sobre o rosto bonito.

“Pronta?” Ele pergunta, mas minha garganta está subitamente


apertada, então tudo o que posso fazer é assentir. “Então vamos lá!”

Hael bate com o pé no acelerador e solto um pequeno grito de


felicidade quando saímos da garagem e saímos pela entrada curva. Termina
em uma estrada que abraça a areia por um tempo, e eu levanto meus braços,
deixando minha cabeça cair para trás enquanto a luz do sol flui através da
minha pele.

Aquele vaga-lume tremulante dentro de mim enlouquece. Não há


uma alma nesta terra que não goste de um passeio de conversível banhado
pelo sol ao longo da praia. Acrescente a adrenalina de saber que roubamos a
Ferrari e a beleza de Hael, filho da puta Harbin, à minha esquerda, e estou
me afogando em felicidade exorbitante.
Hael não se incomoda com instruções ou qualquer coisa. Em vez
disso, ele apenas segue a estrada curva que beija a praia. Até a playlist dele é
divertida, cheia de rock clássico que me faz sorrir.

“Sério, Hael? Pat Benatar?” Eu pergunto quando “Hit Me With Your


Best Shot” começa. Ele apenas encolhe os ombros, dirigindo com a mão
esquerda enquanto a direita se estende para acariciar meu joelho nu.

“Marie gosta de rock clássico,” ele diz, referindo-se à mãe. Apenas


esse pequeno fato, retirado de seu passado e atirado para mim como uma
pedra em uma janela, me faz querer abri-lo e ver o que está lá
fora. Eu preciso entender cada Garoto Havoc da maneira que eles parecem
me entender; isso não é justo.

“Sua mãe parece legal,” arrisco, mas a expressão de Hael meio que...
trava no lugar? Como se não parecesse tão genuína como parecia apenas um
segundo atrás. Ele tem muita escuridão dentro dele; Eu só quero
entender. “Mesmo que ela tenha problemas, ela te ama.”

“Você acha?” Ele pergunta, mas de uma maneira desapegada. Como


não consigo ver os olhos dele por trás das lentes dos óculos escuros, é
impossível saber o que ele está pensando.

“Eu sei,” eu digo, virando no meu banco para poder olhá-lo mais de
perto. “Sua cama foi feita; seus lençóis estavam limpos. Até o tapete do seu
chão foi lavado e arrumado de maneira agradável. Você pode examinar as
falhas de alguém e encontrar todas as coisas boas, se quiser. Você também
pode procurar o mal. Nós apenas temos uma tonelada de coisas ruins em
nossa vida, Hael, por isso, se há algo bom a ser encontrado, é melhor agarrá-
lo.”

“Uou,” ele grita, levantando as mãos para que nenhuma toque o


volante. Minha adrenalina aumenta, mas ele agarra novamente na próxima
curva. “O que aconteceu com minha pequena cínica Blackbird? Aaron
infectou você com sua alegria de viver amorzinho ou algo assim?”

“Eu só estou tentando ajudá-lo,” eu digo, exalando bruscamente. “Só


estou tentando te conhecer, Hael.”
Ele não diz nada por um tempo. Em vez disso, ele estende a mão e
reinicia “Carry on Wayward Son” novamente. Por mim tudo bem. Não só
gosto dessa música, mas também me lembra o episódio de South
Park Guitar Queer-O. Muito engraçado.

“Aqui,” ele diz, mexendo no volante e fazendo os pneus guincharem


na calçada enquanto ele nos manda voando para a poeira de um
estacionamento no miradouro. Hael coloca o carro no estacionamento e
depois coloca para cima do rosto os óculos de sol enquanto se vira para olhar
para mim. “Podemos trocar de lugar, e eu darei a sua primeira lição
adequada.”

“Sinto que você está ignorando tudo de verdade que estou tentando
lhe dizer,” digo a ele enquanto a música soa em segundo plano. Hael olha
para longe, em direção à beira do penhasco e ao mar cintilante além de sua
beira irregular. Há uma pequena cerca de madeira para manter os turistas
longe, mas, na verdade, você pode dirigir um carro logo depois e entrar na
água.

“Sim, eu pensei em matar Neil uma vez. Esperei do lado de fora de


um quarto de motel com uma faca.” Hael olha para mim e sorri. É mais
como um dos sorrisos de Callum, um pouco de alegria tingida com um
monte de tristeza. “Aaron me convenceu a parar. Penelope já estava morta, e
não deixaríamos Neil te machucar. Eu deveria ter feito isso, no entanto. Mas
eu estava sendo egoísta.” Hael se afasta de mim novamente para olhar o
oceano. “Sempre fui egoísta, Bernie. Ainda sou. Mesmo agora, estou
pensando em te foder neste carro e dizer a Vic para se fuder.”

Meus músculos inferiores do estômago apertam com as palavras


dele, e de repente estou muito consciente da maneira como o robe está
aberto. Meu biquíni deixa muito pouco para a imaginação. Quando Hael
olha para mim e desvia o olhar, meu coração bate forte.

“Hael...” Eu começo, porque eu o amo. Apenas olhando para ele


agora, sentado ali, com seus cabelos vermelhos brilhando ao sol, sua boca
cheia torcida em um sorriso sardônico, eu quero lhe dizer isso. Ele precisa
saber. Eu preciso saber como ele realmente se sente também. Mas este é o
momento certo? “Temos que respeitar Vic.” Eu cerro os dentes quando digo
isso. Isso me mata, mas entendo Victor Channing ainda melhor do que eu
mesma. “Ele tem que fazer a escolha. Você sabe disso, não é?”

“Oh, confie em mim, eu sei,” Hael diz, suspirando e lambendo a


brisa salgada de seus lábios. “Você não tem ideia do que eu queria fazer
quando ele me jogou para fora do quarto naquele dia. Nenhuma ideia. Mas
adivinhe? Eu tive que escolher te foder naquela noite, ou escolher
Havoc.” Ele me olha de cima a baixo e estremece. Fico feliz em ver arrepios
em seus braços musculosos. “Isso é o que nos torna uma
família: sempre escolhemos Havoc. Victor vai ver. Talvez ele já tenha? Ele
só quer ordenhar essa porcaria de lua de mel até que seja notícia
velha.” Hael ri, e o som é pelo menos um pouco menos amargo do que seu
sorriso. “Então, em vez de foder nesta Ferrari como eu tanto quero, vamos
apenas dirigir, fazer amor com a estrada, deixar a exaustão chegar até nós.”

“Sinto que a exaustão de ter um orgasmo é muito difícil para uma


metáfora,” digo, mas Hael apenas ri de mim novamente e sai do carro. Fico
feliz em ver que seu pênis está duro, criando essa protuberância tentadora
em seu jeans apertado que apenas implora para ser segurada pelos meus
dedos tatuados.

Em vez disso, levanto-me e jogo o roupão no banco do passageiro, de


modo que estou usando meu biquíni e nada mais. Descalça. Ensopada pelo
sol. Pronta para dirigir um carro de quatrocentos mil dólares.

“Vamos fazer isso.” Entro no banco do motorista e deslizo até minha


bunda ser pressionada contra o couro aquecido pelo sol. Hael faz uma pausa
por um momento para tirar os óculos escuros, colocando-os no meu rosto
antes que ele se mova para o lado do passageiro e entre. “Por favor, me diga
que isso é automático; Eu só quero dirigir um automático,” murmuro,
olhando para o painel.

“Uh, esse é, mas o Eldorado... inferno, não,” Hael bufa, me dando


uma olhada como se eu tivesse acabado de lhe dar um tapa com um peixe
morto. “Você está falando sério? Você acha que um Eldorado '57 é
automático? Não querida, não. Me dê sua porra de mão e sinta esse volante
subir como se fosse meu pau rígido pulsando na sua palma.”
Hael agarra meu pulso e enrola meus dedos ao redor do volante,
tecendo os seus com os meus. Eu disse que estava frio? Talvez eu tenha
mentido porque está quente demais neste momento.

Nós viramos um para o outro e Hael respira fundo.

“Puta que pariu,” ele murmura, apertando minha mão com a


sua. Seus olhos percorrem meu corpo, me despindo mentalmente. “Você,
esse biquíni, este carro...” Estou hipnotizada pelo deslizamento lento da
língua em seu lábio inferior. “Você sabe o que? Foda-se Vic. Vou te foder
aqui e agora.”

Meu coração pula na garganta, mas puxo minha mão de volta como
se o toque de Hael queimasse, embalando-a contra o meu peito quando ele
estende a mão por cima do ombro e empurra a camisa por cima da cabeça,
jogando-a no chão.

A visão de sua parte superior do corpo musculosa brilhando ao sol


quase me quebra.

“E se... e se nós realmente não nos tocássemos?” eu pergunto,


sabendo que não faz as coisas muito melhores. Ainda estamos de pé no gelo
fino aqui. Se Vic descobrir isso antes de tomar a decisão de compartilhar
sozinho, isso pode estragar tudo. Só não tenho certeza se consigo resistir
completamente.

“O que quer dizer?” Hael pergunta, arqueando uma sobrancelha


enquanto me olha novamente. Em resposta à sua pergunta, deslizo a palma
da minha mão pela barriga e por baixo do biquini rosa. Minha respiração
prende quando meus dedos encontram a umidade escorregadia entre minhas
pernas, e eu me aperto contra o assento, mordendo meu lábio inferior e
desejando que Hael estivesse me tocando. “Jesus Cristo,” ele murmura,
passando a mão na metade inferior do rosto. Seus olhos encontram minhas
coxas suadas enquanto eu as esfrego, me provocando com os dedos.

“Achar um meio-termo,” murmuro de volta, querendo


desesperadamente vê-lo segurando o pau na mão. “Nós não estamos
tecnicamente traindo se não nos tocarmos.”
“Você é uma garota tão ruim, Blackbird,” Hael rosna de volta para
mim, acenando com o queixo em minha direção. “Seios pra fora ou sem
acordo. Vou apenas jogá-la por cima do capô e dizer ao inferno com ele.” Eu
me afasto, para que ele possa estender a mão e arrastar os dedos pelas
minhas costas, me fazendo tremer enquanto meus dedos brincam com
minhas dobras. Hael desata o meu top e ele cai para a frente, mostrando
meus seios para o sol amarelo.

Deus ajude todas as famílias viajando que esbarrarem em nós.

Quero dizer, a menos que gostem de shows impertinentes.

“Ah, sim,” Hael ronrona, recostando-se em seu próprio assento


enquanto eu me viro para ele. “Isso eu gosto, passarinho. Gosto muito
disso.” Ele desfaz o jeans, deixando seu pênis duro saltar livre. Hael provoca
o piercing na ponta com o polegar, borrando o pré-sêmen na cabeça
enquanto levanto meus olhos para os dele. Ele tem olhos pesados de quarto
enquanto me observa, concentrando-se mais no meu rosto do que nos meus
seios.

Hael faz uma breve pausa para aumentar a música, o rock clássico
ecoando ao nosso redor e escapando para o céu muito azul. Inclino a cabeça
para trás, me ajustando para que minhas pernas estejam abertas. Meus dedos
se movem da minha abertura para o meu clitóris, usando meu próprio
lubrificante para mantê-los agradáveis e lisos enquanto me esfrego com um
movimento circular lento, mas intenso.

Mordo meu lábio ainda mais forte, tirando sangue quando fecho os
olhos e imagino as mãos quentes de Hael no meu corpo, me sentindo, me
bebendo. Quando os abro novamente, eu o vejo cuspir na palma da mão e
trabalhar seu eixo com selvagens, frenéticos movimentos de seu punho.

“Eu posso apenas imaginar sua buceta quente em mim, baby,” ele
geme, deslizando um pouco mais baixo no assento. Com a mão esquerda, ele
enfia os dedos nos cabelos. Com a direita, ele se masturba para o meu
prazer. “Você por cima, me montando no banco da frente do Camaro...”
Eu gemo, as asas demoníacas no meu peito subindo e descendo com
minhas respirações frenéticas enquanto movo minha mão esquerda para
cima para apertar um dos meus seios. Hael me observa atentamente,
esperando aquele momento doce e quente quando deslizo dois dedos dentro
da minha boceta e grito seu nome.

“Oh, Hael,” eu gemo, e ele amaldiçoa em francês, empurrando os


quadris em direção à mão. “Foda-me mais forte.”

“Me provoque demais, e eu posso fazer isso,” ele grunhe, nossos


olhos se encontrando enquanto trabalhamos nossos próprios corpos da
maneira que gostamos. Tomo nota de seu aperto, a velocidade de sua mão, a
maneira como ele continua tocando seu piercing, e guardo tudo para a
próxima vez. “Foda sua boceta para mim, Bernie.”

Eu obedeço ao seu comando, levantando e montando meus próprios


dedos como se eles fossem seu eixo perfurado. Meu corpo aperta, pulsando
desesperadamente, ordenhando o pau fictício de Hael.

“Ok, foda-se isso,” ele finalmente diz, estendendo a mão e me


agarrando pelos cabelos. “Use sua boca, não seja gananciosa,
Blackbird.” Hael empurra meu rosto sobre seu pau e fica duro na minha
língua, enchendo minha boca com sua semente salgada. Ele termina
bombeando os quadris algumas vezes, e eu me sento com força no banco,
passando o braço pela boca enquanto ele fica lá ofegante e me olhando com
satisfação.

“Você é um idiota, sabia disso?” Eu rosno, me inclinando para trás e


me fodendo com dedos tatuados até finalmente sentir minha própria
libertação. Hael me observa enquanto meu clímax assume o controle e meu
corpo estremece e se contorce de prazer.

Assim que termina, Hael me joga sua camisa, para que eu possa
limpar meus dedos.

“Eu já estive com mulheres casadas antes,” Hael diz, e dou a ele um
olhar penetrante que muito claramente diz não fale sobre essa merda
comigo. Ele apenas lança um sorriso arrogante de volta para mim. “Mas
nunca alguém tão bonito quanto você.”

“Só espero que Victor não saiba sobre isso até depois que ele caia em
si,” resmungo, pegando a parte de cima do biquíni e resisto ao impulso de
gemer quando os firmes, pontos-rosa dos meus mamilos encostam contra o
tecido. Hael amarra as cordas atrás das minhas costas e na base do meu
pescoço, fazendo cócegas com seus dedos na minha coluna antes que eu
tenha coragem de me afastar.

Se continuarmos nos tocando, não poderei me segurar.

“Ele não vai descobrir,” Hael me tranquiliza, ainda sorrindo. Percebo


que ele não faz nenhum movimento para vestir a camisa. “Agora, vamos
começar esta lição antes que eu decida que há outras coisas que prefiro
ensinar a você.”

“Babaca,” murmuro, mas agora estou sorrindo também. “Você tem


certeza que eu não vou matar nós dois, indo para o mar?” Hael ri de mim e
balança a cabeça, sentando-se na cadeira.

“Ouça, apenas vá com calma. Você não pode estragar tudo, você
sabe, já que vamos pegar as peças do carro. Não importa. Relaxe e deixe a
Ferrari falar com você. Vamos deixá-lo no modo esportivo e acostumar você
a estar ao volante.” Pressiono o pé no freio quando Hael se aproxima para
apertar o botão que dá partida no motor, soltando o freio de mão ao mesmo
tempo. “Eu quero que você pressione o acelerador lentamente e gire o
volante em direção à estrada; há um pouco de multitarefa envolvido, mas
aposto que você pode lidar com isso. É como quando você está dando
boquete em um cara, e você agarra o pau dele em uma mão e chupa a ponta
com sua linda boca vermelha.”

Dou-lhe um olhar que poderia congelar o deserto do Saara.

“Hael Harbin, o que você sabe sobre chupar pau?” Eu pergunto, e ele
pisca para mim.

“Eu tive o meu chupado o suficiente para saber tudo o que preciso
saber. Agora concentre-se.” Ele gesticula com o queixo na direção do
volante. “Segure, Blackbird, e vamos fazer isso. Depois de provar a estrada,
acho que você vai gostar. Dirigir é como a liberdade suprema. Você pode ir a
qualquer lugar; você pode fazer qualquer coisa.”

Olho de volta pelo para-brisa; estamos estacionados no pequeno


estacionamento em semicírculo, de tal maneira que não preciso dar ré para
sair. Um pouco de gasolina, uma volta no volante. Você conseguiu,
Bernie, digo a mim mesma, soltando a embreagem quando Hael me
manda. O carro empurra para frente e depois dispara para a estrada com um
guincho.

Eu grito, mas Hael apenas solta sua risada uivante habitual.

“Ah, passarinho, se você pudesse ver a expressão em seu rosto. Oscar


provavelmente pagaria para ter essa expressão emoldurada.”

“Eu te mostraria o dedo do meio se pudesse,” resmungo, tentando e


falhando em manter uma velocidade consistente.

“Você tem sorte: este carro tem uma suspensão adaptável e uma
embreagem dupla de mudança suave, então é basicamente uma transmissão
automática. O Eldorado pode ser um pouco mais complicado para você.” Ele
assente como se fosse isso. “Agora me diga: que música te libertará,
Blackbird? Leve-me para a loja de caramelo de água salgada em Newport, e
eu tocarei para você.”

Leva apenas uma fração de segundo para tomar uma decisão.

“Trouble,” eu digo, e meu coração se apodera. “Por Valerie


Broussard. Essa é a música certa. É o que eu preciso ouvir agora.”

Enterramos meu passado quando enterramos o Coisa; Estou


começando a realmente olhar para um futuro possível.

“Você entendeu,” Hael diz, selecionando a música e pressionando


play. A música sai dos alto-falantes quando eu freio com força e voamos um
pouco em nossos assentos. Mas Hael está definitivamente certo sobre uma
coisa: não há nada tão eletrizante quanto a sensação de estar livre. “Você
entendeu, Blackbird,” Hael diz de novo e então - o vento quase rouba esse
último pedaço de mim. “E eu cuido de você. Não tenha medo, passarinho.”

Mordo as lágrimas, exalando bruscamente enquanto Valerie canta


sobre garotos que são como espinhos venenosos.

Esses são meus meninos Havoc, com certeza.

A Ferrari gira em torno das curvas, a montanha à nossa esquerda, a


praia à nossa direita, o mundo se estende infinitamente à nossa frente.
“Não façam eu me arrepender de deixá-los vivos,” Victor avisa os
Vincents na manhã de domingo, depois que as meninas terminam o cereal e
ficam escondidas em segurança dentro do Bronco de Aaron. O líder dos
meninos Havoc agacha-se na frente de nossos prisioneiros carecas, enquanto
os olhos castanhos de Leigh passam pela sala arruinada com um olhar de
devastação tão completa que sinto um pouco de calor florescer dentro de
mim.

Para mim, uma casa em ruínas não é nada. É apenas um lugar. São
apenas coisas. Penelope era uma alma, um espírito, um coração,
uma pessoa, porra. Isso significa tudo para mim. Mas para Leigh e seu
marido, Marcus, seus bens materiais são a coisa mais importante, e nós
acabamos de quebrar tudo.

“Você está ouvindo?” Callum pergunta, sua voz baixa e


perigosa. “Porque se você não estiver, podemos fazer outros arranjos.”
“Estamos ouvindo,” Marcus geme, tremendo e segurando a mão
ainda quebrada no peito enquanto olha em volta para o que resta de sua casa.

“Você vai se limpar, vai contar ao médico uma história de merda


sobre sua mão, sobre um acidente com uma escada ou um martelo ou um
vibrador gigante, eu não me importo. E então você aguardará minhas
instruções.” Victor se vira para Leigh, com lágrimas e ranho escorrendo pelo
rosto enquanto ela olha para sua casa arruinada com uma careta
profunda. “Você encontrará uma maneira de colocar Alyssa com os
Peters; eles já são uma família adotiva, portanto devem estar no
sistema. Vamos deixar a garota hoje à noite. Depois disso, você manterá a
cabeça baixa e relatará mais pedidos de filhos diretamente para mim.”

“Você vai nos levar a falência,” Leigh diz, como se Victor ou


qualquer um de nós se importasse. Aaron realmente ri, balançando a cabeça
e depois saindo da sala como se ele não aguentasse mais ouvir isso. Eu não o
culpo. Os Vincents estão delirando. “Você é o epítome de um monstro.”

Desta vez, é a minha vez de rir como uma pessoa louca. Uau. Apenas
Uau.

“Se você não fizer o que eu digo, quando eu disser, você será o
próprio epítome dos mortos. Você me entende agora?” Victor se levanta e
paira sobre o casal do jeito que sempre faz. “Junte suas coisas e descubra
uma maneira de me ajudar a pregar Ophelia na cruz. Se o fizer, darei a você
um pedaço da minha herança, o suficiente para que você nunca mais precise
vender outra garota.”

Leigh olha de soslaio para Victor, como se ela não acreditasse


nele. Ela não deveria, considerando que ele está mentindo, mas ela também é
gananciosa o suficiente para considerar isso como uma possibilidade. O que
quer que funcione.

“Vamos,” Vic diz, acenando para Hael, Cal e Oscar. Eu, ele agarra a
cintura, me puxando para fora da porta e nos levando em direção a sua
Harley enquanto ele pega um maço de cigarros com a mão esquerda. “Jesus,
essas pessoas são estúpidas pra caralho. Dou-lhes até o ano novo para me
irritar a ponto de assassinato.” Ele dá uma tragada e passa o cigarro para
mim.

“Eu dou até o Natal,” eu respondo e Vic ri, pegando o cigarro de


volta e dando outra tragada antes que ele o jogue no chão e o esmague com a
bota.

“Vejo você em casa,” Aaron grita, subindo no banco do motorista do


Bronco e acenando com o braço para mim. Há algo de aconchegante na
maneira como ele diz essa palavra. Casa. Não sinto que já tive um lar de
verdade antes. O pensamento me excita quando subo nas costas da Harley
atrás de Vic, passando os braços em volta dele e enterrando meu rosto nas
suas costas.

Callum e Oscar entram no Camaro com Hael, e lá vamos nós.

Nossa lua de mel Havoc acabou.

Foi muito... apropriada, eu penso. Sequestro. Ameaças. Destruição.

Sexo.

Muito, muito e muito sexo.

Sinto como se Victor tivesse se marcado na minha pele.

E, no entanto, estou ansiosa para passar a noite naquela cama king-


size com ele.

Victor e eu vamos direto para casa enquanto os outros garotos se


desviam para lidar com Alyssa.

“Quem são os Peters?” Eu pergunto quando Victor nos deixa entrar


na casa de Aaron e tira a pistola da cintura. Ele verifica a casa como se fosse
parte de uma equipe da SWAT enquanto eu o sigo. Ele espera até a casa estar
limpa antes de se virar e olhar para mim.

“Os Peters são a família adotiva de Oscar,” ele me diz, e eu juro,


minha mandíbula quase cai.
“Como eu não sabia que ele mora com uma família adotiva?” Eu
pergunto, me perguntando se essa é a verdadeira razão pela qual Victor
enviou Oscar comigo para verificar a casa dos Kushners, se foi por isso que
ele deixou Oscar fazer a matança real.

“Mas é boa,” Vic me assegura, fazendo uma pausa quando a porta da


frente se abre e os outros meninos - sem Oscar - entram, as meninas os
precedem com bocejos cansados. É apenas meio dia, mas elas
definitivamente aproveitaram a viagem, ficando acordadas a noite toda e
comendo doces e assistindo Netflix.

Observo enquanto elas sobem as escadas e desaparecem no quarto de


Kara e Ashley.

“Uma boa o quê?” Aaron pergunta, parando ao nosso lado. Ele


parece aliviado por estar em casa, mas há um tipo diferente de tensão em
seus olhos. Ele aponta seu olhar verde-dourado para Victor e espera ouvir do
que estamos falando.

“Família adotiva de Oscar,” Vic murmura, olhando Aaron para cima


e para baixo brevemente antes de fixar os olhos nele. “Ela quer saber sobre
os Peters.”

Aaron olha para mim com uma expressão simpática no rosto.

“Talvez se você soubesse mais sobre a família de Oscar, o entenderia


melhor,” ele diz, e depois faz uma pausa por um longo momento. “Não
desculpa nada do comportamento dele, mas pode ajudá-la a descobrir uma
maneira de aceitá-lo pelo que ele é - um completo e total idiota.”

“Onde está aquele completo e total idiota, afinal?” Eu pergunto,


meus olhos flutuando para a leve mancha rosada no sofá. Eu quase me
encolho, mas consigo segurar. Não há necessidade de mostrar todas as
minhas cartas emocionais, certo?

“Em casa, com os Peters,” Victor diz com uma careta enquanto
verifica seu telefone. “Falando nisso, eu tenho que sair em alguns minutos.”
“O que?” Eu pergunto, piscando estupidamente para ele. “Você
está indo embora?”

O sorriso que se estende pelos lábios daquele homem me faz querer


esfaqueá-lo com a lâmina que está enfiada na minha bota. Idiota. Ele parece
tão satisfeito consigo mesmo quando me pega em seus braços e Aaron revira
os olhos.

Tenho a sensação de que os outros garotos estão sendo pacientes...


mas também perdendo rapidamente essa batalha.

Victor deve saber disso, certo?

“Para pegar minha herança, tenho que morar com meu pai até a
formatura. Legalmente, só posso passar duas semanas longe de casa antes
que Ophelia possa reportar. Confie em mim: ela está assistindo.” Victor faz
uma pausa, deslizando as mãos pelas minhas costas e suspirando de tal
maneira que sua respiração bagunça meu cabelo. “Com os dias em que
dormi aqui antes da viagem, e a viagem em si, não posso ficar aqui com
você esta noite.”

Eu fecho meus olhos contra o som da sua voz. Do jeito que ele está
falando, você pensaria que estaríamos separados por eras, não uma noite.

“Eu vou cuidar bem dela,” Aaron responde por mim, tirando eu e Vic
da bolha obsessiva em que estamos presos. Dou uma olhada por cima do
ombro enquanto Vic faz uma careta.

“Oh, eu tenho certeza que você vai tentar,” ele diz, olhando Aaron
bem no rosto. “Mas não da maneira que você está pensando.”

“Não?” Aaron pergunta, dando um passo à frente. A tensão na sala


aumenta, e começo a engasgar com os níveis extremos de testosterona. É
como cinzas na minha língua. “Todos nós fomos legais, Vic. Muito melhor
do que precisávamos ser. Diga-me: o que você vai fazer se Bernie e eu
passarmos algum tempo juntos enquanto você estiver fora?”

Merda.
Olho entre Aaron e Vic e sei que isso está prestes a sair do controle.

Eu queria que Aaron me defendesse, e parece que ele talvez vá.

Mas a que custo?

Victor está empolgado, hiper agressivo com o casamento...

“Vou tomar banho e depois ler um livro,” deixo escapar, porque,


sejamos honestos, estou dolorida e passei duas horas na traseira de uma
motocicleta. Minhas partes de senhora precisam de uma pausa. “Vamos
apenas ... arquivar essa conversa por enquanto, ok?”

“Covarde,” Hael grita da cozinha, rindo de si mesmo. “Quero dizer,


saco de bola. Pare de ser um saco de bolas, Bernie, deixe-os lutar por
você.” Eu mostro o dedo do meio, passando por Callum e me dirigindo para
as escadas.

Quase espero que Vic ou Aaron me parem, mas nenhum deles o


faz. Quando chego ao topo da escada e olho para trás, vejo que é porque eles
estão em um impasse. Se um deles tivesse movido, o outro também teria, e
uma briga poderia ter começado.

Jesus.

Quase consigo ouvir os tons de zombaria de Oscar tocando dentro da


minha cabeça.

“Não estamos deixando Bernadette nos separar.”

Mas ele não precisava se preocupar porque Bernie não deixaria


Bernie separar Havoc.

Tudo isso vai dar certo; é apenas uma questão de equilíbrio.

Entro no quarto de Aaron e tranco a porta atrás de mim, colocando


minhas costas nela e deslizando até ficar sentada no chão. E então começo a
rir e não paro até estar em lágrimas.
Lágrimas felizes, para ser específica.

Isto vai ser divertido.


Prescott High está em rara forma quando chegamos na segunda-feira,
estacionamos o Camaro do outro lado da rua e ficamos parados por um
momento para assistir o caos se desenrolar.

“Porra,” Hael murmura, cruzando os braços sobre o volante e


descansando o queixo em cima deles. Cal se inclina para frente do banco de
trás e todos assistimos como policiais uniformizados incomodam estudantes
do lado de fora das portas da frente. “Isso está pior que o normal.”

“Teria que estar, considerando o pesadelo que deixamos antes das


férias,” Callum reflete, levantando o capuz como uma armadura. Ele sempre
foi famoso por conseguir passar armas pela segurança. Me pergunto se ele
pode passar alguma coisa por esses caras. Em vez da dupla de policiais
idiotas que patrulham o campus, temos seis policiais cujos rostos parecem
esculpidos em pedra.
A essa altura, eles já encontraram o carro de Neil, capotado e
queimado. Eles perceberam que ele está desaparecido. Eles terão notado que
desapareci.

Respiração. Profunda.

Saímos do carro.

Oscar, Aaron e Vic estão esperando por nós na calçada em frente aos
degraus da escola. Nenhum aluno passa por nós sem esticar a cabeça do
pescoço para olhar. Mark Charlin está tão ocupado olhando para nós que
nem percebe os degraus da entrada da frente, tropeça e acaba quebrando um
dente e sangrando por toda parte.

“Idiota,” Hael murmura, acendendo um cigarro. Mesmo agora, com


seis policiais - só estou assumindo que Havoc não tem nenhum desses caras
no bolso - os meninos ostentam autoridade desde o primeiro
momento. “Como fazemos isso, chefe?”

“É um dia de escola, como qualquer outro,” Vic diz com um encolher


de ombros. Ele vai direto para os degraus da frente sem esperar para ver se
vamos segui-lo. Ele não precisa, certo? Porque ele sabe que vamos.

Eu tenho que correr para alcançar Victor, vestindo minha


linda jaqueta rosa Havoc com orgulho.

Os policiais nos param, revistando-nos da cabeça aos pés. Eu posso


sentir os meninos me observando para ter certeza de que sou tratada com
respeito, que as mãos não andam ou apertam onde não deveriam. Ou o
policial que está me revistando é um dos bons ou pode sentir que está sendo
vigiado por predadores.

Uma vez que eles nos liberam, passamos pelas besteiras comuns de
detector de metais / cães de drogas que fazemos todas as manhãs. Depois
disso, parece ser um negócio como sempre.

Entramos no prédio comigo e Vic na frente de nossa formação em


forma de 'V', os outros garotos se espalham atrás de nós. No final do
corredor está Mitch Charter, seu irmão Logan e os dois irmãos restantes
Ensbrook. Kali e Billie estão com eles, nos observando. Eles estão todos nos
observando.

Alguém perto de nós está ouvindo a música “Start a War” de Klergy


e Valerie Broussard. Parece apropriado, pois zumbe do alto-falante do
telefone. O dono do telefone está congelado, segurando um par de fones de
ouvido na palma da mão. Acho que ele parou no meio de ligar o
Bluetooth. A música continua tocando quando caminhamos pelo corredor,
minhas botas de salto alto contra o velho piso de linóleo.

O diretor Vaughn está esperando na metade do caminho, com o braço


ainda na tipoia, os olhos esquisitos e sem foco.

“O detetive Constantine está aqui e está procurando Bernadette,”


Vaughn zomba, aproximando-se de nós como um cachorro chutado que
finalmente encontrou seu legítimo mestre. Melhor ele se lembrar de não
morder a mão que o alimenta. Victor olha brevemente em sua direção. “Ele
está esperando no escritório da Keating.”

“Conte-nos sobre os policiais na frente,” Vic diz casualmente,


acendendo um cigarro. Vaughn se encolhe, mas o que ele vai
fazer? Cortamos todos os dedos da mão direita dele. Ele certamente não vai
chamar Victor para o escritório por fumar no campus.

“A polícia acha que os estudantes de Prescott foram os responsáveis


pelo tumulto na sexta-feira,” Scott sussurra, quase de forma conspiratória.

“Imagine isso,” Vic responde friamente quando passamos pela


Charter Crew e viramos a esquina.

“Porra de cobra,” ouço Kali Rose-Kennedy assobiar atrás de mim.

Ela não faz ideia.

“Um dos oficiais está desaparecido,” continua nosso diretor


desgraçado, lutando para acompanhar os longos passos de Vic. De alguma
forma, mesmo sendo um pouco mais baixo que ele, consigo encontrar uma
maneira de acompanhar o ritmo. “Neil Pence.” Scott olha direto para mim,
olhos castanhos assustados, como se soubesse mais do que estava
revelando. “Seu padrasto. Sua viatura foi encontrada capotada e queimada,
mas ele não foi visto desde que parou na escola...”

“Ele está desaparecido há dez dias?” Victor esclarece, mesmo


sabendo. Ele sabe por que enterramos meu padrasto vivo com um tanque de
oxigênio e um pouco de comida. Porque somos monstros e é isso que os
monstros fazem: caçam outros monstros.

“Você não falou com sua mãe desde então?” O diretor Vaughn
pergunta, como se ele achasse que eu tenho algum tipo de relacionamento
normal com Pamela. Eu apenas rio, mas não é nada engraçado, não é?

“Minha mãe e eu não nos damos bem.” Balanço meus dedos para
mostrar meu anel e, por causa do meu duplo sentido pretendido, Vaughn se
encolhe e esfrega sua tipoia. “Agora sou casada, emancipada
legalmente. Não lhe devo nada e vice-versa. Lamento ouvir sobre
Neil.” Callum ri das minhas palavras e eu sorrio.

“Constantine vai começar a chamar alunos assim que o primeiro sinal


tocar,” Vaughn avisa enquanto Vic abre as portas cobertas de grafite da
lanchonete. Estamos aqui cedo, para aproveitar o café da manhã
grátis. Nunca tomamos o café da manhã, mas hoje é especial. Precisamos
garantir que todo o corpo discente de Prescott esteja ciente de que os
meninos que viram escoltados por uma força-tarefa sancionada pelo FBI
estão de volta.

A lei não é nada diante da ira dos Havoc.

“Foda-se o detetive,” Vic diz, cigarro saindo da boca enquanto olha


por cima do ombro para o diretor. “Não temos nada a esconder.”

Desta vez, quando Victor ri, toda a cafeteria fica em silêncio, e o som
soa como um sinal de morte.

Espero que a Charter Crew esteja pronta para nós.

Há uma gangue que você não irrita na Prescott High, a menos que
você queira que eles o destruam.
Tarde demais, Charter Crew. Tarde demais, filhos da puta.

Desta vez, quando o detetive Constantine me chama para o escritório,


não tenho a vice-diretora Keating para me proteger. Vaughn, por mais tímido
e fraco que seja, não vai me defender, nem mesmo se ele se resignou a ser o
animal de estimação de Havoc. Eu teria que essencialmente dar ordens para
que ele obedecesse, e não posso fazer isso na frente do detetive e de seus
dois lacaios uniformizados.

“Srta. Blackbird,” o detetive diz quando entro vestindo minha jaqueta


de couro rosa, calça de couro preta e botas de salto alto. Sei como eu pareço,
com delineador escuro manchado em volta dos meus olhos verdes, meus
lábios pintados de vermelho muito escuro, vermelho de rosas.

“Sr. Constantine,” eu respondo, porque chamá-lo de detetive toda vez


que me dirijo a ele parece ultrapassado. Ele não está sorrindo hoje. Já se foi
a boa e velha persona que ele colocou antes. Desta vez, ele está realmente
chateado.

“Sente-se,” ele diz com um suspiro profundo, indicando uma das


duas cadeiras de estudante da Keating. Não posso deixar de olhar para o
local onde ela desabou depois que Neil a atingiu, onde ele começou a bater
com a pistola, onde ela sangrou.

Olho para o rosto de Constantine com sua barba metrossexual e a


pele macia de bebê. Mas mesmo todo esse autocuidado não pode esconder as
olheiras sob seus olhos. Ele está cansado e frustrado, e posso dizer que ele
me odeia - mesmo que não queira admitir isso para si mesmo. Ele é o
mocinho; ele não poderia odiar uma adolescente, certo?

Então, novamente, ele é como a parceira de Neil, Sara Young. Quase


bom demais para o seu próprio bem. Agora, Sra. Keating, ela é #goals com
certeza. Eu gostaria de saber como ela está, mas há pouco sobre isso nas
notícias e, embora haja muitos rumores nas redes sociais da Prescott High, é
tudo o que eles são: rumores.

“Ouvi dizer que você se casou pouco antes das férias,” Constantine
diz, me olhando com uma expressão completamente diferente do que ele
usava na última vez que nos falamos. “Um pouco jovem, você não acha?”

O detetive está desconfiado pra caralho.

Tá certo, ele deveria estar.

Mas isso não muda as coisas.

Eu bocejo e dou de ombros, levantando minha mão para mostrar o


anel da avó de Vic. Vaughn se encolhe, mais uma vez, mas o detetive mal lhe
lança um olhar. Até um certinho como Constantine pode sentir quão fraco é
o nosso diretor.

“Se você tivesse que morar com minha mãe, faria qualquer coisa para
sair.” É uma desculpa bastante comum. Muitas crianças em Prescott High se
casam, apenas para que possam escapar legalmente de suas famílias
horríveis. Eu não sou a única pessoa que se casou durante o ano letivo.

“Hum,” Constantine murmura, olhando para um dos policiais


uniformizados atrás dele. O homem pega o telefone quando o detetive se
volta para mim. “Você se importa se eu gravar essa conversa,
Bernadette?” Ele pergunta, e um flash de ansiedade surge através de
mim. Não mostro nada, encolhendo os ombros como se fosse outra segunda-
feira. Merda, na Prescott High é o que é.

“Claro, por que não?” Eu digo, inclinando-me na cadeira, plenamente


consciente de que estou com uma tatuagem que não tive na última vez que
estive aqui. Ah, e uma jaqueta claramente relacionada a gangues. Não
importa. Não há um aluno nesta escola que não saiba que sou parte de
Havoc. Isso e eu sou casada com a porra do líder deles.

“Excelente. Estamos apenas esperando mais uma pessoa...”


Constantine começa, parando e depois sorrindo enquanto a porta se abre
atrás de mim. “Ah, e lá vamos nós.”

“Desculpe, a fila para o café estava louca,” diz uma voz semifamiliar
quando Sara Young aparece à minha direita, segurando uma xícara de Dutch
Bros e olhando para mim com uma expressão que não consigo
dissecar. “Olá, Bernadette.”

“Srta. Young,” arrisco, porque não tenho muita certeza do que


deveria estar sentindo agora. Não entre em pânico. Havoc sabe o que está
fazendo. Tenho que confiar que os caras não me levariam a uma situação da
qual eu não posso sair. Tive muito pouco disso no passado - confiança, é
claro -, mas estou aqui. Não há retorno.

A jovem e bonita loira se senta na mesa ao lado do detetive


Constantine - só Deus sabe qual é o seu primeiro nome. Aposto que é
Joe. Sim, provavelmente é Joe. Ou John. Zé filho da puta Ninguém. Ele é tão
despretensioso e mediano que eu esqueceria tudo sobre ele, exceto os pelos
faciais meticulosamente arrancados.

“Como você está, Bernadette?” Sara pergunta, tomando um gole de


café. Diz cane mocha ao lado, lembrando-me que é, de fato, dezembro
agora. Jesus. Que Natal esse vai ser.

“Estou bem,” eu digo, me ajustando na cadeira para poder colocar


minhas botas em cima da mesa ao lado de Constantine. Ele olha para os
meus pés como se estivessem envenenados, mas não diz nada. Cruzo meus
tornozelos e sorrio. Aposto que parece perverso, com meu tom particular de
batom. Este é chamado de sangue ruim. Que irônico.

Minha reação inicial é dizer algo sarcástico, um pouco cansada da


lua de mel, se é que você me entende. Mas esse tipo de merda não funciona
em Sara Young. Na verdade, isso afastará a personalidade que estou tentando
construir com ela, aquela em que sou uma garota presa em uma gangue,
desesperada para escapar.

Eu troco de marcha.

“Olha, meu marido não ficará emocionado por eu ser arrastada para
cá logo pela manhã.” Olho nos olhos castanhos de Sara e tento colocar um
pedido no meu rosto, uma lambida de medo, de desespero. “Então podemos
acabar com isso? Estou sentindo falta da única aula do dia que realmente
gosto.”

Inglês com o Sr. Darkwood e minha ex-melhor amiga, Kali. Ver o


olhar em seu rosto esta manhã foi inestimável. Ela saberá, é claro, que a
última pessoa com quem Neil estava era comigo. Ela vai confessar? Não
tenho a menor pista para ser honesta. Ela gosta de interpretar a vítima, mas
também conhece as regras da Prescott High: fofoqueiros se dão mal, filha da
puta.

“Onde você esteve, Bernadette?” Sara pergunta casualmente, seu


cabelo loiro torcido em um coque na nuca. Seu terno preto está fechado, seu
distintivo bonito e brilhante sobre o peito esquerdo. Ela é a policial perfeita e
eu sou a delinquente ideal. Isso deve ser interessante.

“Na minha lua de mel, em Newport,” digo, encolhendo os ombros


novamente e deslizando o telefone do bolso. Os dois policiais me permitem
olhar para ele, como se achassem que sou estúpida o suficiente para digitar
algo incriminador na minha conversa em grupo com os caras. Em vez disso,
puxo uma série de fotos que Vic e eu tiramos na praia. Eu pulo além das que
estamos olhando nos olhos um do outro - é óbvio que estamos apaixonados -
e seleciono uma onde a mão dele está na parte de trás da minha cabeça, me
segurando protetoramente. Para os olhos errados, pode parecer que ele está
me segurando lá.

Eu passo o telefone. Constantine mal olha para ela, mas Sara olha
para ela como se estivesse lendo nas entrelinhas. Bom. Muito bom. Ela me
devolve o telefone, mas eu apenas seleciono outra foto, uma de mim e
Heather construindo um castelo de areia. E mostro isso a eles também.

“Estamos tentando entrar em contato com você desde sábado,”


Constantine diz, claramente irritado comigo enquanto continuo a navegar
pelas fotos e sorrir. Eu até rio de uma de Callum, fazendo piruetas nas ondas
como um anjo tatuado. Meu desinteresse pela investigação está cumprindo
seu objetivo; Estou irritando o detetive. “Bernadette, você pode guardar o
telefone?”
“Desculpe o que?” Eu pergunto, colocando meu telefone no bolso e
olhando entre os dois. “Meu telefone estava definido como Não
perturbe. Foi minha lua de mel e meu descanso. Eu não ia estragar tudo com
um monte de posts obscuros nas redes sociais de garotas com ciúmes de
mim e de Vic.” As palavras quase doem saindo da minha boca, mas isso tem
que ser feito. Olho rapidamente para Sara Young e a vejo apertando os
lábios. Constantine lerá minha declaração como: sou apenas mais uma idiota
adolescente superficial que é muito apegada ao telefone e ao namorado de
merda. Sara - espero - lerá como, por favor me ajude, meu telefone estava
desligado porque meu marido está me controlando. “Soube que Neil sumiu
esta manhã. Não me surpreendo. Ele está traindo minha mãe há anos.”

Deixo meus braços descansarem casualmente no meu colo enquanto


espero que Sara ou Constantine continuem a conversa.

“O rastreamento do GPS na viatura do seu padrasto ficou escuro logo


depois que ele saiu de casa na sexta-feira,” Constantine diz, cruzando as
pernas em seu jeans azul escuro que ele provavelmente obteve da
Gap. “Estamos tentando entender por que ele - ou outra pessoa - gostaria de
esconder sua localização da estação.”

Eu bufo e sacudo meus longos cabelos loiros. As pontas são vibrantes


e neon, recém-tingidas para o casamento e ferozes. Hoje me sinto bonita e,
pela primeira vez, estou bem com isso. No passado, beleza era veneno. Uma
vez, aos quinze anos, fiquei no banheiro em frente ao espelho com uma faca
X-Acto e considerei me cortar. E se eu deixar marcas em cada centímetro de
mim, até que eu não seja mais a imagem convencional de bonita? E se eu
cortar meus seios, minha barriga e meu rosto? Os homens parariam de me
caçar então? Os monstros no escuro me deixariam em paz?

Mas não é assim que o mundo funciona, e eu sabia disso tanto quanto
agora.

As cicatrizes não parariam a caçada. Eu teria que me tornar a


caçadora, em vez de presa.

“Tentando entender?” Eu repito, inclinando minha cabeça para um


lado. “Ele fez isso porque está traindo Pamela. Ela é uma puta louca. Eu não
deixaria passar por ela falar com alguém da delegacia para descobrir a
localização de Neil. Caso encerrado.”

“Por que você acha que Neil foi infiel, Bernadette?” Sara pergunta
suavemente, bebendo seu cane mocha novamente. “Você já o pegou com
alguém? Ouvir um telefonema? Leu um texto?”

“Ele engravidou uma garota,” eu retruco e depois estremeço. Claro,


não foi um acidente, mas também não vou gritar - nem mesmo sobre Kali e o
Coisa. “Mas o que eu sei? Ouço merda pela escola. Neil gostava de fazer
sexo com adolescentes.” Desvio o olhar novamente, como se dizer essa frase
fosse muito dolorosa. Para ser justa, realmente é.

“Que garotas?” Constantine pergunta, me olhando


intensamente. Sara coloca um braço em seu ombro e balança a cabeça. Pelo
jeito que ele olha para ela, posso dizer que ele não aprecia o toque.

“Bernadette,” ela diz baixinho, como se eu fosse um cervo que pode


fugir se ela levantar a voz. “Você não precisa mais proteger Neil.” Eu apenas
olho para ela, como se não tivesse ideia do que ela está falando. “Breonna
Keating acordou hoje e foi capaz de responder a algumas perguntas.”

Eu molho meus lábios quando duas emoções concorrentes me


dividem ao meio de dentro para fora. Exaltação, que Keating está viva e bem
o suficiente para conversar. E ansiedade, porque não tenho ideia de que tipo
de história ela poderia ter contado.

“Ela é legal o suficiente,” começo, quase como se estivesse hesitando


em revelar uma coisa dessas. “Acho que ela te disse quem a atingiu então,
hein?”

“Gostaríamos de pedir sua versão dos eventos,” Constantine


continua, olhando para o diretor Vaughn. Ele é tão inútil, pálido, covarde e
patético. Ele nem tem convicção suficiente para defender seu próprio
lado. Ele pode mudar de lealdade em um piscar de olhos. “Por que você não
nos conta o que aconteceu na sexta-feira?”

“Você quer dizer que quando Neil veio para a escola, bateu com a
pistola na Srta. Keating, me chamou de boceta e ela a palavra com N?” Eu
pergunto, e Sara e Constantine trocam um olhar. “Por que você está me
perguntando sobre isso, se você já sabe o que aconteceu?”

“Segundo a Sra. Keating, seu padrasto informou que você deveria ser
levada para a estação na direção do VGTF, liderada por… Forrest Burr. Isso
está certo?” Forrest Burr. O pai de Brittany Burr. Constantine não me dá
tempo para responder, apenas segue como o imbecil mor branco-hetero que
ele provavelmente é. “Porque não há documentos oficiais - ou mesmo não
oficiais - que mostrem que a VGTF ou qualquer um de seus oficiais havia
solicitado que você fosse trazida.”

“Você está ... me fazendo uma pergunta? Ou me dizendo o que devo


falar?” Eu pergunto, franzindo a testa. Certeza de que isso não está acima do
esperado. Não preciso de um advogado ou pai / mãe aqui para esse tipo de
questionamento? Bem, acho que estou emancipada, então posso ter meu
marido aqui? Eu quase sorrio com o pensamento. “Neil nos disse isso, eu e
Keating. Mas não foi nada disso. Ele só queria me tirar da escola para poder
me ameaçar com um bom tempo.” Eu reviro meus olhos. “Meu padrasto
estava transando com uma das minhas colegas de classe, descobriu que eu
sabia sobre isso e ficou furioso. Não sei o que lhe dizer, mas ele está instável
há anos. Verifique seus registros e você verá que minha irmã e eu tentamos
informar o DHS sobre ele.” Não digo nada sobre Vaughn e seus fracassos
como diretor e como ser humano. Por que se importar? Ele é melhor como
um peão nas mãos de Havoc.

“O que aconteceu depois que você saiu da escola?” Sara pergunta,


seu rosto perturbado e escuro. Isso provavelmente está abalando seu mundo
agora, descobrindo que seu parceiro não era apenas um policial, mas um
criminoso.

“Ele me levou para fora algemada, me ameaçou um pouco e depois


colocou a arma na minha cabeça.” Suspiro e esfrego as duas mãos no
rosto. “Neil vai pirar quando descobrir que eu falei com você.”

“Precisamos saber onde ele está, Bernadette,” Sara empurra,


avançando um pouco sobre a mesa. Constantine não a quer aqui,
obviamente, mas ele permanece estoico, ainda me encarando como se
pensasse que eu sou o cara mau. Certo, sou o cara mal quando ele sabe de
uma fonte credível que Neil era um babaca e levou um administrador da
escola a entrar em coma.

“Se eu soubesse onde ele está, não diria a você,” digo, o que é
parcialmente verdade. A parte se é a única mentira. Eu sei exatamente onde
Neil está, que é onde ele pertence. Seis pés abaixo da terra e
sofrendo. Espero que tenha sido assustador, enterrado naquele forro de cetim
vermelho enquanto ele ofegava por ar e se atrapalhava com o tanque de
oxigênio.

Os meninos disseram a Neil que estavam oferecendo uma


gentileza. Mas essa gentileza não era o tanque de oxigênio. A gentileza foi a
faca. O tanque e os lanches eram outra forma de tortura, que Neil tinha que
escolher para si.

Os pesadelos dele voltando para me pegar, coberto de sujeira e


apodrecendo, passam pela minha visão, mas eu os afasto. As pessoas não
saem dos túmulos na vida real, apenas nos filmes. Além disso, mesmo que
eu não tenha perguntado, aposto que os meninos enviaram parte da nossa
equipe para assistir o local depois que saímos.

“Por que não?” Sara pergunta suavemente. Coloco minhas mãos no


meu colo e olho para cima e nos olhos dela. Ela está caindo nas minhas
mentiras, mas há algo mais em seu olhar, algo que me assusta. Sara Young
está em busca de justiça, e não vai parar até encontrar o que está procurando.

Eu me pergunto se não cometemos um erro ao subestimá-la.

“Porque ele vai me matar como ele matou minha irmã,” eu estalo,
deixando aquela raiva muito real e muito justa tomar conta de mim. Levanto
da minha cadeira e saio da sala, ignorando a voz de Constantine quando ele
me chama.

Assim que saio pela porta, encontro Billie Charter.

Nós congelamos no meio do corredor, encarando uma a outra.

Eu sorrio.
É uma expressão hedionda no meu rosto, tenho certeza.

“Meu irmão vai arruiná-la,” Billie zomba, sacudindo seu cabelo


turquesa e preto como se de alguma forma sentisse falta da coroa metafórica
que está na minha cabeça. Ainda deve estar chateada sobre aquela época no
acampamento quando eu acabei com ela.

“Tarde demais,” eu sussurro, dando-lhe o sorriso mais desagradável e


sombrio que posso reunir. “Lembre-se deste momento quando estiver
cortando seu rosto como vingança.” Bato um dedo na borda dos meus lábios
e continuo andando enquanto o diretor Vaughn abre a porta do escritório da
Sra. Keating e conduz Billie para dentro.

Quando entro na minha aula de inglês, o Sr. Darkwood está falando


constantemente sobre como Shakespeare e seus escritos eram realmente
políticos durante seu tempo, blá, blá, blá. Kali imediatamente se vira para
olhar para mim, olhos vermelhos, lábios apertados. Aposto que ela estava
contando em ver Neil nos últimos dez dias.

Lembro-me de que arquivei um bilhete no fundo do meu cérebro:


pergunte a Mitch se ele sabe que Kali o está traindo. Aposto que ele não
sabe. Aposto que Kali não achava que me veria viva novamente depois
daquela sexta-feira.

Eu continuo sorrindo para ela quando deslizo em meu assento e ela


estremece como se eu tivesse acabado de assustá-la. Bom. Talvez ela consiga
perceber como cansei da merda dela? Merda, como eu cansei da porcaria de
todo 3mundo.

Por um longo tempo, tentei ser a mocinha. Eu tentei tanto. Então eu


fui pisoteada no chão por essa confiança, essa crença. Não mais. Ninguém
queria ouvir o meu lado da história, ninguém se importava. Então eu me
tornei alguém. Agora alguém se importa. Protegerei Heather, Keating e as
meninas como Alyssa Hart.

“O que você está olhando?” Kali finalmente dispara, interrompendo a


aula do Sr. Darkwood. Ah, e também, ela é quem está esticando o pescoço
para olhar para mim.
“Grite 'Havoc!' E deixe escapar os cães e guerra!” Eu grito,
colocando minhas mãos em volta da minha boca antes de soltar um uivo
selvagem. Demora um segundo, mas outros quatro alunos fazem o mesmo,
colocando as mãos em volta da boca e uivando.

Menos de um minuto depois, eu posso ouvir a chamada ecoando


pelos corredores, até que a escola inteira está envolvida pelos sons de Havoc.
Callum está uivando nos degraus da frente da escola quando eu desço
o corredor depois da minha última aula do dia. Em apenas alguns segundos,
dezenas de outros estudantes uivam de volta para ele. Ele se vira para mim
com um sorriso grande, sol dourado da tarde fazendo com que pareça uma
criança fodida por um minuto. A visão me pega desprevenida, não vou
mentir.

“Ouvi dizer que você inventou isso,” Cal diz enquanto paro ao lado
dele. Ele não parece nem um pouco preocupado com o nosso dia, cheio de
policiais e detetives e jovens bisbilhoteiras chamadas Sara Young. Ela é a
pessoa que mais tenho medo aqui. Callum enfia as unhas pintadas de azul no
bolso da frente do capuz sem mangas. É preto com um padrão de esqueleto
branco-claro. A única cor em suas roupas é um pequeno coração vermelho
impresso sobre o seu verdadeiro. “Tão simples, mas fácil de assustar as
pessoas.”
“Você é tão assustador,” eu provoco, assumindo o manto do grupo de
implicar com Cal por sua estranheza. Ele era meio formal antes de tudo isso,
sabe? “Mas também, qual é o plano hoje e por que eu nunca sei com
antecedência?”

“Bem, por exemplo,” Callum brinca, dando um passo malicioso em


minha direção, com as duas mãos ainda enfiadas no bolso. Ele se inclina tão
perto que eu posso sentir o cheiro do chiclete dele. É azul e cobre sua língua,
transformando aquela linda boca rosada em algo mórbido. “Você nunca
verifica o bate-papo em grupo.”

“Sim eu verifico!” Respondo, puxando meu telefone e vendo a


última mensagem de Victor. Depois da aula, pegue as garotas, e vá para a
garagem. Olho para cima e vejo Cal sorrindo para mim. “Não é justo, esse
texto é de três minutos atrás.”

“Claro que é, mas é assim que Vic sempre faz seus planos. Último
minuto. Mensagem ou reclamação - seus únicos dois métodos de
entrega.” Dou uma olhada em Cal e ele ri. Quando ele ri, seus olhos
enrugam. Eu amo isso nele.

“Você dança hoje?” Eu pergunto e ele balança a cabeça muito


pequeno e muito leve. Quando ele se inclina em minha direção, sinto o
cheiro forte e brilhante dele, como talco, loção pós-barba e sabão.

“Hoje não,” Callum respira contra o lado do meu pescoço como se


ele pudesse me beijar, mas se levanta no último segundo para que ele possa
acenar para Hael. Cal pega um punhado de Skittles de cores vivas no bolso,
cospe o chiclete na lata de lixo e depois enfia o doce na boca. “Você parece
feliz hoje.”

“Bem,” Hael canta, sorrindo tão grande que seu rosto parece que
pode cair. “Eu ainda estou no auge de descobrir que não vou ficar ligado a
Brittany Burr por dezoito anos.” Ele ri de novo e depois faz uma pausa
quando várias meninas do terceiro ano passam, sacudindo os cabelos e
deixando suas saias curtas tremerem na brisa.
“Oi Harbin, ouvimos você escapar por pouco de engravidar uma
cadela da Fuller High,” a primeira diz, e eu a reconheço vagamente do
círculo de Billie Charter. Ela está na equipe deles, sem dúvida.

“Quer tentar com outra pessoa?” Uma de suas amigas pergunta.

Desço as escadas sem nem perceber que estou fazendo isso. Hael
consegue me pegar pela cintura e me puxar de volta contra ele.

“Não aqui, Blackbird. Apenas esfrie esses motores para mim,


bebê.” Ele me abraça tão perto que posso sentir sua pélvis pressionada
contra as calças de couro apertadas esticadas na minha bunda. É bom, bom
demais para uma mulher recém-casada. Foda-me. Estou começando a me
perguntar se a menina do Vic e menina Havoc são mutuamente
exclusivas. Se sim, então o que eu faço? “Nós vamos pegá-las, não se
preocupe.” Ele coloca um pouco de cabelo atrás da minha orelha enquanto
as meninas têm a audácia de vaiar-nos da beira da calçada. “Apenas espere
até escurecer esta noite, ok?”

Hael me libera e dá um passo atrás. Quando finalmente me viro, vejo


que Vic, Aaron e Oscar chegaram.

“Vamos embora,” Victor diz, com os olhos escuros enquanto observa


Mitch e Kali se esfregarem contra o capô do Corvette. Gostaria de saber
quão difícil foi tirar o cheiro do porta-malas? Vic acende um cigarro e
descemos os degraus como um grupo.

“Eu estava pensando,” Aaron começa quando atravessamos a rua em


direção a nossos veículos variados. Geralmente, os meninos gostam de
estacionar nos fundos, no local onde eu e Hael fizemos sexo no carro
dele. Mas não hoje. Precisávamos estar na frente e no centro para que todos
pudessem ver a realidade da situação. Havoc está no comando e sempre
estará. “Neste fim de semana, você quer tentar mudar as coisas suas e de
Heather para fora da casa de sua mãe?”

“A mudança é muito cedo,” Oscar diz, vestindo paletó preto, preto e


preto sobre preto, camisa e gravata. Parece que ele está a caminho de um
funeral e eu não odeio isso. De modo nenhum. “Espere mais duas ou três
semanas. Sei que você está empolgado com essa fantasia de brincar de dona
de casa com Bernadette, mas terá que esperar.”

“Juro por Deus, só tenho um limite de paciência, Oscar,” Aaron


rosna de volta e Vic ri. Claro que ele ri. Ele acha essa merda
engraçada. Receio que isso vai nos separar.

“Pare de ser um idiota, Oscar,” ele grita, montando sua Harley e


esperando que eu me junte a ele. “Vamos sobreviver até o ano novo e depois
nos preocupar com essa merda; podemos comprar roupas novas para Bernie
e Heather até termos a chance de invadir o duplex.” Aaron faz uma careta
para seu chefe, mas eu aprecio a preocupação. Sei que ele está sendo
atencioso de uma maneira que nenhum dos outros pensou. Aaron sabe que
não me importo com minhas roupas; Eu me preocupo com a merda de
Penelope, empacotada em caixas e escondida no sótão.

Victor traz o motor à vida e partimos, com o Bronco e o Camaro logo


atrás de nós. Depois de alguns quarteirões, o Bronco sai, indo para a escola
de Kara e Ashley. Nós dobramos à esquerda e Victor me leva à escola de
Heather pela primeira vez, esperando na moto enquanto eu pego minha irmã
e a coloco no Camaro.

Quando as meninas são deixadas na casa de Jennifer Lowell - mais


seguras do que deixá-las na casa de Aaron neste momento -, seguimos para a
garagem. Tenho certeza de que os caras realmente não são donos dessa
propriedade, não legalmente, mas não perguntei. Esse é mais um problema
de Oscar do que meu.

“Aqui está, chefe,” um garoto diz com uma máscara de esqueleto,


colocando algumas chaves na palma da mão de Vic assim que saímos da
moto. O garoto então pega uma bicicleta lá fora e sai. É uma das poucas
vezes em que vi um membro da Gangue Havoc falar com um de nós.

“Para que servem essas chaves?” Eu pergunto, mas Vic apenas sorri e
gesticula com o queixo enquanto os outros garotos entram na entrada atrás
de nós. Há um utilitário esportivo na garagem, um Escalade na
verdade. Provavelmente roubado. Victor pressiona o botão e destranca o
veículo, usando um pano para abrir a porta traseira do passageiro e
revelando meia dúzia de armas nos assentos, junto com uma caixa de
luvas. Ele coloca um par e levanta uma das pistolas, puxando a lâmina para
engatá-la.

“A Charter Crew manteve quase uma dúzia de nossos homens


trancados nos últimos dez dias e agora deixou nove deles saírem.” Victor me
entrega a caixa de luvas, e adivinho sem perguntar que significava colocar
um par. Quando eu faço, ele me entrega a arma. ”Você sabe atirar?” Ele
pergunta, e eu dou de ombros.

“Já estive no campo de tiro algumas vezes com o Coisa,” eu digo,


pensando na maneira como o padrasto-coisa me olhava bem nos olhos antes
de puxar o gatilho de sua arma. Ele poderia acertar o alvo sem sequer olhar
para ele. “Se você me irritar muito, garota...” Afasto a memória. “Claro,
sim, eu posso atirar,” eu corrijo, erguendo a arma nas minhas mãos. “Como
assim, eles deixaram nove deles irem?”

“Um dos nossos meninos está morto,” Callum diz, aparecendo atrás
de mim e passando por mim e Vic para as luvas. “Eles o deixaram na casa de
Oscar. Felizmente, nós o encontramos antes...” Cal faz uma pausa, como se
estivesse reconsiderando suas palavras. “Que mais alguém encontrasse.”

O passado inteiro de Oscar, seu presente, foda-se, até seu futuro...


todos são mistérios para mim. De onde ele veio? Quem é ele? O que ele
quer?

Oscar abre a porta do lado oposto do SUV, usando um pano para


manter as impressões digitais fora da superfície, como Vic fez. Ele olha para
mim do outro lado do assento, puxando as luvas como se estivesse tocando
ao vivo ou algo assim. Eu não consigo desviar o olhar. É um show inteiro,
arrastando lentamente o látex preto por cada dedo, obscurecendo todas as
tatuagens dele. Ele pega uma das armas e a examina.

“Isso é fantástico,” ele murmura, assentindo uma vez antes de


colocar a pistola de volta no banco. Aaron e Hael se afastam um pouco,
fumando e conversando baixo o suficiente para não ouvirmos o que eles
estão dizendo. Quando olho para eles, encontro os dois me encarando.
“Por que eles deixaram nossos caras saírem?” Eu pergunto,
verdadeiramente curiosa. Victor olha na minha direção e deixa um sorriso
maligno atravessar sua boca exuberante.

“Há uma razão pela qual eu gosto de empregar alunos do ensino


médio, e não é apenas porque temos aula juntos.” Vic joga a arma no banco e
depois tira as luvas, afastando-se do SUV. Não tenho certeza do que estamos
fazendo com isso, mas se tem seis armas e seis de nós... então é algo
horrível, tenho certeza. “Se você mata dez crianças do ensino médio, as
pessoas começam a prestar atenção. As autoridades enviam pessoal
importante. É por isso que a Charter Crew também é um problema tão
irritante de se lidar. Qualquer outra gangue rival e nós mataríamos todo
mundo.”

Victor Channing, o garoto que eu amei desde os oito anos de idade,


fica ali sob o sol enquanto eu uso seu anel de casamento e me diz que, em
“circunstâncias normais”, Havoc simplesmente mataria seus problemas.

“Faz sentido,” eu digo, colocando a arma que ele me devolveu no


SUV. Victor sorri para mim, como se eu tivesse acabado de receber sua
aprovação sombria e se inclinando para me beijar na boca. Meus dedos se
enrolam na frente de sua camiseta e meus olhos se fecham quando o calor de
seus lábios toma conta de mim. Quando Hael me disse que seguiria Victor ao
inferno... Ele não estava errado. Eu faria o mesmo.

“Corra e seja boazinha com seus outros namorados,” Victor ronrona,


me dando um tapa na bunda. Mas quando reviro os olhos e começo a me
afastar, ele me agarra pelo queixo e me segura no lugar para poder olhar
diretamente para mim. “Não fode eles.” Eu arranco meu rosto e faço uma
careta para ele, mas ele apenas sorri de volta para mim. “Ainda não,”
acrescenta, o que me tranquiliza, mas só um pouco.

Acabo entrando na garagem e vejo Aaron e Hael fofocando em voz


baixa mais uma vez. Assim que me veem chegando, param e se viram para
me observar. O olhar verde de ouro de Aaron e o marrom de mel de Hael me
acompanham da cabeça aos pés. Não posso dizer que estou descontente com
a atenção.
“Nós... vamos dar uma volta?” Eu pergunto, porque se você colocar
armas, carro roubado e guerra de gangues, então... bem, o que isso
significa? Hael dá de ombros, mas Aaron assente.

“Sim,” ele diz, sua voz triste e distante enquanto olha para mim.

“Nantucket,” eu respondo, sem pular uma batida, e ele sorri. Estou


tão tentada a enredar meus dedos em seus cabelos castanhos, provocar as
ondas com meus dedos. Até Oscar dizer o que disse antes, não me ocorreu
realmente que Aaron e eu estamos indo morar juntos. Tipo, de
verdade. Como sempre sonhamos. Eu e ele, e as meninas... e provavelmente
os outros meninos Havoc na maioria das vezes também. Parece que eles só
vão para casa para verificar a família que resta. Isso, ou no caso de Vic, para
cumprir uma obrigação contratual.

A verdade é que todo mundo realmente vive apenas com Aaron.

“Porra de Nantucket,” Aaron suspira, tirando um maço de cigarros do


bolso e oferecendo um para mim. “Agora que você está aqui, devemos
apenas... nos divertir com todos os pecados juntos, não é?” Ele acende seu
próprio cigarro e depois encosta no meu até queimar. Sorrimos um para o
outro.

“Bem, você sabe,” Hael ronrona, aproximando-se e sorrindo para


mim. “Só se o papai Vic disser que está tudo bem.” Ele se recosta assim que
vê Victor chegando, tentando manter sua expressão neutra.

“Que porra vocês estão fofocando aqui?” Vic pergunta, e Hael apenas
dá de ombros. Victor bufa, dá uma tragada no cigarro e gesticula com o
queixo na direção de uma porta aberta do escritório. “Nós temos...” ele
verifica seu telefone, o cigarro ainda está pendurado em seus lábios e oscila
enquanto ele fala “...uma hora até o pôr do sol. Venha aqui, Bern.” Victor me
mostra o escritório e depois bate à porta atrás de nós.

Seus olhos de obsidiana brilham com interesse, e sei antes que ele
diga uma única palavra ou faça um único movimento qual é o seu objetivo
para me trazer aqui. Minha respiração trava quando Vic e eu nos encaramos,
meu olhar analisando seus braços musculosos e suas tatuagens, descendo por
suas longas pernas até suas botas. Quando levanto minha atenção para o
rosto dele, ele empurra seu cabelo roxo escuro e sorri para mim.

Tenho certeza de que ele pode dizer pelo olhar que dou a ele que sei
o que ele está fazendo; ele não é um filho da puta muito sutil, agora é?

Vic não perde tempo em desfazer as calças.

“Victor Channing,” eu aviso quando ele começa a me perseguir. Ele


sorri e puxa o cigarro dos lábios com dois dedos, oferecendo-o para mim. “O
que estamos fazendo aqui?” Não preciso perguntar, mas faz parte do jogo,
não é?

“Foda rápida antes de irmos,” ele me assegura. “Super rápida.” Ele


faz uma pausa e me olha de novo, como se estivesse considerando alguma
coisa. “Você está tomando as pílulas anticoncepcionais que Oscar lhe deu?”

Eu olho para ele.

“É da sua conta?” Pergunto de volta, e ele sorri para mim de tal


maneira que eu perco minhas faculdades mentais por um momento. “Só
porque você é meu marido...”

“Talvez eu mereça saber porque sou seu chefe?” Ele pressiona, me


vendo inalar dois pulmões de nicotina antes de eu devolver o cigarro.

“Você adoraria se eu não estivesse tomando essas pílulas.”

Victor fuma o cigarro por um momento, o botão da calça desfeito,


mas o zíper ainda está fechado. Ele pensa por um minuto e depois encolhe os
ombros.

“Quero dizer, não vou mentir sobre isso.” Ele me olha direto no rosto
e sorri como o idiota que ele é. “Você sabe que estou morrendo de vontade
de te engravidar.” Victor joga o cigarro em um cinzeiro de metal e fecha a
distância entre nós, batendo as palmas das mãos na parede de cada lado de
mim. “Mas eu realmente não quero nenhuma outra sigla em nosso nome,
pegando o que é meu por direito.”
“Do que você está falando?” Eu gaguejo, sentindo meu corpo corar
com raiva justa. Será que Victor sabe que eu e Hael nos masturbamos
juntos? Eu provavelmente deveria contar a ele, se não. “Não seja tão idiota o
tempo todo; você ganha mais moscas com mel.”

“Você sabia que eu era mijo e vinagre quando se casou comigo,


Bernie.” Victor coloca a palma da mão grande na minha cintura e me puxa
para perto dele. Eu posso sentir seu pau, pressionando contra suas calças,
agradável, grosso e pronto para mim. “E eu não vou recuar nessa merda. Eu
recebo o primeiro bebê.”

“Jesus Cristo, Victor,” eu rosno, mas quando vou dar um tapa nele,
ele agarra meu pulso e bate minha mão na parede com força suficiente para
me fazer gritar. Ele parece fodidamente selvagem agora. Seus olhos brilham
com necessidade possessiva quando ele olha para mim enquanto luto para
tirar minha mão de seu aperto. Puta merda, sua força é fora do normal. “Eu
não quero filhos agora; Eu tenho que cuidar da Heather. Merda, até
recentemente, eu nem tinha certeza se iria viver para ver meus vinte anos,
muito menos uma década além disso. Não me peça para pensar em bebês
agora.”

“Então, sim sobre as pílulas?” Ele esclarece, agarrando meu outro


braço quando tento empurrá-lo de volta e prendendo isso também. “Olhe-me
na cara, Bernadette, e me diga que você está tomando os comprimidos.”

“Eu tenho tomado eles!” Eu grito em seu rosto, minha respiração


forte e rápida. Estou irritada agora. Se Vic queria que eu ficasse irritada para
o drive-in, bem, ele conseguiu. “Não que isso seja da sua conta, porra; é o
meu corpo. Eu escolho o que cresçe nele e quando e como e se.”

“Talvez,” Victor diz, o que me faz querer estrangulá-lo seriamente,


“mas em qualquer boa matilha de lobos, a fêmea cuida das fêmeas; o macho
cuida dos machos. Não permitirei que nenhum dos machos da minha matilha
lhe dê um bebê até que eu o faça. Você me entendeu?”

“Me. Solte.” Meus lábios se enrolam em um rosnado quando Victor


me libera, e dou um tapa na cara dele. Ele esfrega a mão na bochecha e
sorri. “A propósito, eu respeitei seus desejos na praia e tecnicamente não
fodi mais ninguém. Hael e eu, no entanto, nos masturbamos naquela maldita
Ferrari juntos. E não me arrependo de um segundo do meu orgasmo
conquistado com dificuldade.” Os dentes de Victor se apertam, e ele olha
para mim como se ele retribuísse meus sentimentos de raiva. Olho por olho,
querido. “E oh Deus, foi bom.” Esfrego a palma da mão na frente do meu
corpo, segurando minha boceta pela calça de couro e dando um aperto
nela. “Eu gozei com tanta força que deixei o assento bonito de couro todo
molhado.”

Victor me agarra pelos pulsos novamente e me puxa para ele,


fervendo com uma raiva quente e rebelde.

“Ou eu vou te foder agora, ou vou matar Hael. Sua escolha.”

“Onde está minha coroa, Vic? Você me prometeu isso. Eu sou sua
rainha, lembra? Comece a me tratar como uma.”

“Oh, esposa, você não tem ideia do quão bom eu vou dar a você,” ele
rosna de volta para mim, me puxando para frente e me empurrando sobre a
mesa. Não consigo segurar meu gemido quando ele segura minha boceta por
trás e a aperta com tanta força que acabo me mexendo contra ele. “Você quer
que eu te trate como uma rainha?” Ele pergunta, dando uma risada
sarcástica. “Bem, eu estou prestes a fazer você gozar tanto que você
esquecerá o seu próprio nome.” Posso ouvir Victor abrir o zíper da calça
jeans e enrolo meus dedos contra os lados da mesa em antecipação. “Fique
parada,” ele ordena, a voz escurecendo.

Vic coloca os dedos sob a cintura da minha calça e sinto algo frio
tocar minha pele. Olhando para trás, vejo que ele tem uma faca nas malditas
mãos.

“Victor!” Eu engasgo, mas é tarde demais. Ele corta minha calça no


meio, da cintura até a virilha, jogando a faca para o lado e depois rasgando o
tecido.

“Deixe seu rei mostrar como é que se faz,” ele diz, e eu sinto o calor
quente de seu pau enquanto ele provoca minhas dobras com ele. “Vou fazer
você esquecer tudo sobre Hael Harbin.” Victor enfia dentro de mim ao
mesmo tempo em que agarra meu cabelo e puxa minha cabeça para
trás. Minhas mãos cavam nas laterais da mesa enquanto ele me bate com
seus quadris, duro, rápido e desesperado.

Eu sinto que estou sendo marcada.

“Pare com isso,” eu rosno, mas ele apenas ri de mim novamente


porque sabe que não estou falando sério.

“Me chame de seu rei, e talvez eu pegue leve com você?” Ele suspira
enquanto bombeia em mim, cedendo a esse frenesi selvagem que nós dois
gostamos tanto. Eu vi uma tonelada de brinquedos sexuais em uma mochila
no hotel, mas Vic nunca se ofereceu para experimentá-los comigo. Ele está
muito obsessivo agora. Talvez mais tarde, porém, eu penso enquanto seus
quadris batem na minha bunda, e eu gemo incontrolavelmente.

Tenho certeza de que todos os meninos podem me ouvir agora.

Victor me pune com seu pau, fazendo com que a mesa deslize os
últimos metros pelo chão e bata na parede. Nesse ponto, não tem como
resistir e estou apenas me afogando nas sensações. Eu mal posso respirar, já
que ele está me enchendo tão bem.

O clímax se aproxima de mim, mas parece vibrar fora de


alcance. Tipo, eu quero que meu clitóris seja tocado agora.

“Vic.” É o único som que posso fazer. A porra do nome dele. “Eu te
odeio tanto.”

“Que pena. Eu te amo demais para deixar você ir.” Victor desliza
para fora de mim e depois me puxa para trás com meus cabelos, me virando
e me levantando sobre a mesa. Um dos meus braços passa pelo pescoço dele,
o outro desliza entre nós para encontrar meu clitóris. Ele bombeia dentro de
mim enquanto eu me esfrego em um frenesi, a sensação do meu clímax
voltando duas vezes mais feroz do que era antes. Oh, Deus, isso vai ser bom
...

“Minha.” Victor chega entre nós e pega meu pulso, me impedindo de


terminar. Ele me empurra de volta para que eu esteja deitada na mesa, lambe
seus dedos bonitos e assume meu clitóris. Ao mesmo tempo, ele continua me
fodendo, deixando minhas mãos livres para empurrar minha camisa para que
eu possa pegar meus próprios peitos. Se apenas um dos outros garotos
estivesse aqui para assumir esse dever por mim.

Sexo em grupo.

Eu quero um pouco disso. Eu só... preciso descobrir como colocar


Vic a bordo.

Meus dedos amassam meus seios enquanto Vic encontra o ponto


mágico no meu clitóris e usa o lubrificante natural do meu corpo para me
esfregar. Seu pênis desperta esse belo atrito, e eu simplesmente
perco. Minhas costas se erguem da mesa quando um gemido áspero sai da
minha garganta, fazendo minhas pálpebras tremerem, meu corpo pulsar.

“Oh, sim, me diga quem é o rei,” Vic geme, bombeando em mim


mais algumas vezes antes de sair e gozar toda a porra em mim. Gozo quente
cobre minha barriga e o meu sutiã de renda enquanto eu deito lá e ofego
embaixo dele. Não tenho certeza de que eu poderia me mexer se eu quisesse
agora.

“Seu pedaço de merda,” eu sussurro, mas meus músculos estão


gelatinosos, e eu não conseguiria sentar nem se quisesse. Vic se inclina sobre
mim, sorrindo como o gato que comeu o creme.

“Vou pegar algumas roupas novas,” ele diz, tirando o maço de


cigarros do bolso de trás enquanto ainda estão pendurados na bunda dele. “E
então vamos contar aos outros idiotas que conversamos e que eu vou
permitir que você os foda”.

“Você o que?” Eu pergunto, tentando e deixando de me sentar. Eu


só... preciso de um minuto. Merda, ele é um babaca, mas eu amo a bunda
dele mais do que é racional ou até sensato. “Sério?”

“Mm.” Vic ainda está dentro de mim, a palma da mão ainda na minha
barriga. “Mas eles não vão te engravidar. O negócio é que você continua
tomando as pílulas. Quando estivermos prontos para as crianças, eu recebo
seu útero primeiro. Pertence a mim.”
“Saia de cima de mim,” eu rosno, e ele finalmente dá um passo para
trás com uma risada, me vendo lutar para sentar e sorrindo, como se
estivesse gostando dos frutos de seu trabalho. “Meu ventre pertence a mim,
seu idiota primitivo.” Victor apenas ri de novo e ajeita as próprias calças.

“Sim, minha rainha,” ele diz, mas não sinceramente. E ele quer
colocar uma arma na minha mão hoje à noite? Hã. Não é uma escolha muito
inteligente, se você me perguntar. “Temos calça de moletom preta e moletom
com capuz para nossa pequena excursão hoje à noite. Um segundo.” Ele
aponta para trás de mim, puxando o cigarro da boca com a outra mão. “Tem
um banheiro bem ali, para que você possa se limpar.”

“Desejo o pior para você,” eu rosno para ele, fazendo uma careta
enquanto olho para os meus seios e minhas calças arruinadas. “E você me
deve uma viagem as compras; essa era minha calça favorita.”

“Nada menos para a minha esposa,” Vic concorda, piscando para


mim antes de sair da sala, e eu me levanto para fazer xixi. A última coisa que
preciso é de uma infecção urinaria e sou seriamente propensa a elas. Se eu
beber muito refrigerante, vou pegar uma. Adicione sexo sujo com um monte
de idiotas? Não gosto de precisar de antibióticos, obrigada.

Victor reaparece logo depois, cruzando os braços sobre o peito e


encostando-se ao batente da porta enquanto me observa me limpar.

“Precisa de ajuda com seus peitos?” Ele pergunta, e eu dou uma


cotovelada nele o mais forte que posso no estômago. Ele resmunga, mas é
isso. Nem sequer dobra. “Aqui.” Victor me entrega uma mochila e eu a
coloco na privada, pegando uma calça de moletom preta e um capuz, como
prometido. Sem sutiã ou calcinha, mas eu vou sobreviver.

Uma vez vestida, coloco meu cabelo em um rabo de cavalo solto e


enfio minhas roupas arruinadas na bolsa para levar conosco. Victor me
espera na porta do escritório, acendendo mais um cigarro. Fumando
exageradamente de novo. Significa que ele está nervoso com algo.

Ele abre a porta e sai dali com cada pingo de arrogância dentro de
seu DNA.
“Escutem,” ele grita enquanto Oscar se aproxima da porta da
garagem aberta para aguardar as ordens de seu chefe. Cal, Aaron e Hael
ainda estão no canto, fofocando e fumando. “Bernie e eu apenas
conversamos.” Ele levanta a mão e marca um dedo. “Primeiro, sem
bebês. Esse é o meu trabalho. Segundo, eu não sou um árbitro. Trabalhem
por conta própria.”

“O que diabos você está tentando dizer?” Aaron pergunta, piscando


para Vic como se ele não pudesse acreditar que isso está acontecendo.

“Estou dizendo: você pode decidir o que o termo Menina Havoc


significa para você. Eu não vou parar você.” Victor faz uma pausa e balança
a cabeça, passando os dedos pelos cabelos roxos. “Nunca me diga que eu
nunca fiz nada de bom para vocês,” ele murmura, o cigarro pendendo de
seus lábios enquanto deixa seu olhar sombrio atravessar os outros garotos do
Havoc. É embaraçoso pra caralho, já que por acaso eu estou de pé com
aquele visual de eu acabei de foder. “Sou o marido de Bernadette. Mas eu
também sou a letra do meio de Havoc. Você sabe que sempre escolho nossa
família.” Ele levanta a mão e gesticula frouxamente com os dedos
pintados. “Descubram seus relacionamentos no seu próprio tempo; só não os
deixe interferir com o meu.”

Victor continua em direção à porta da garagem e sai para a aquarela


roxa do início da noite.

Saio do escritório, ajustando a calça folgada. Os cabelos na parte de


trás do meu pescoço formigam, alertando-me para o fato de que quatro
olhares masculinos muito diferentes e com muita fome acabaram de pousar
em mim. Se acalmem, meninos, eu penso, tirando outro maço de cigarros
que Vic me deu e acendendo um. Claro, claro, é um hábito sujo e horrível.

Você achou que havia algo limpo na minha história?

“Bem, agora, isso foi inesperado,” Hael murmura, passando a língua


lentamente pelo lábio inferior. Sua expressão - faminta e selvagem ao
mesmo tempo - não me surpreende. Oscar, por outro lado, surpreende. Há
um breve lampejo de desespero antes de Oscar apertá-lo e se virar.
“Prepare-se. Partimos em quinze.” Ele sai atrás de Vic quando me
viro para Aaron, Hael e Cal com um sorriso.

“Gostaria de saber para onde estamos indo,” resmungo, mas então


tenho que me virar novamente e colocar a mão na boca. Victor acabou de...
ele acabou de me dizer para brincar com seus meninos?! Eu pulo quando
uma mão cai no meu ombro, mesmo que eu já possa perceber pela gentileza
do toque que é Aaron. Aquele brilho estranho toma conta de mim
novamente, como um raio durante uma tempestade de verão. Desta vez,
porém, eu sei o que é: felicidade.

“Bonito que ele acha que eu preciso da porra da permissão dele,”


Aaron rosna, deslizando as mãos para cima e para baixo nos meus braços
antes de deixá-las descansar em meus ombros. Ele me aperta com dedos
fortes, trabalhando alguns dos meus piores nós. “Mas foi o que ele fez,
certo? Nos dar a sua benção sombria e indesejada?”

“Tenho certeza que sim,” eu digo, mas ainda estou lutando para
acreditar.

“Hey Bernie,” Callum grita, e olho por cima do ombro, passando por
Aaron e até onde ele está parado com um punhado de amendoins na palma
da mão. Ele segura o saco plástico com o resto na outra mão. “Você já ouviu
o termo gang bang?”

“Vá se foder, Cal,” eu deixo escapar, indo para longe de Aaron e


depois sacudindo meu cigarro para ele, como se eu fosse arrogante. Só o
diabo sabe que eu ainda sou uma adolescente dentro dos recônditos escuros
do meu coração. Afasto Callum com as duas mãos, mas ele apenas ri de mim
quando Hael bufa.

“Eu ia fazer essa piada!” Ele diz, estalando os dedos. “Filho da puta.”

“Deveria ter feito mais rápido,” Callum ronrona com sua voz
rouca. Ele passa por mim, dando meia volta e andando para trás. “Converse
com seu marido sobre isso, talvez?” Ele pergunta, e então ele se vira e
começa a rir novamente.

Eu o afasto novamente, mas Hael apenas uiva e uiva.


“Oh, Bernie, você pode apenas imaginar? Aposto que quando você
concordou em ser nossa garota, não achou que teria que...”

Coloco meus dedos nos ouvidos para abafa-lo quando começo a sair
da garagem.

“Não posso te ouvir!” Eu chamo, até que ele está de repente ali e me
pegando em seus braços. Hael Harbin me leva até o Escalade, que está
ligado, enquanto eu grito, e depois me joga para dentro como se eu não
pesasse nada.

Esse não é o primeiro ou único grito que ouvimos naquela noite.

Mas é certamente o menos violento.


“Qual é o plano?” Eu pergunto quando Callum me entrega uma
máscara de esqueleto novíssima e um par de luvas pretas de látex. A máscara
é muito melhor do que a que eu usava quando estava sobre o túmulo aberto
de Neil. É feita de madeira e muito bonita. Isso me lembra a pintura no rosto
que os meninos usavam no Halloween.

Cal o segura por cima do rosto, olhos azuis me olhando pelos


buracos dos olhos. Eu tremo e ele o coloca de volta no colo com uma risada.

“Hora de descobrir se Mitch está falando sério sobre tudo isso,” Vic
murmura no banco da frente, esfregando o queixo do jeito que sempre faz
quando está pensando.

“Como se matar um membro da nossa equipe não fosse sério?” Eu


pergunto, e Victor olha por cima do ombro para mim. Ele dá um de seus
anti-sorrisos exclusivos.
“Mm. Uma mão lava a outra, eu acho. Nós matamos Danny, então
eles mataram um dos nossos meninos. Isso nos deixa quites, e não vou jogar
nesse jogo. Um monte de imitadores de merda não vão ficar no meu
território e me desrespeitar.”

“E Ivy Hightower?” Aaron pergunta do banco do motorista, e é Oscar


quem responde atrás de mim.

“Difícil de dizer. Eu não acho que a Charter Crew mataria a


namorada de Danny e alguém que fosse uma fofoqueira leal a
eles. Provavelmente, Bernadette está certa sobre o padrasto ser o
assassino. A parte que estou tendo problemas para descobrir é porque a
morte de Ivy aconteceu na mesma noite em que nossos meninos
desapareceram. Agora sabemos do fato que foi a Charter Crew que os
levou. Também sabemos que Kali estava transando com Neil. Só preciso de
mais tempo para descobrir como e por que eles estão conectados.”

“Se considerarmos minhas ideias sobre Kali e David, acho que


realmente estamos chegando a algum lugar,” acrescento. Nem me incomodo
em me virar para ver a reação de Oscar. Eu posso sentir isso. “Porque se
Kali estava disposta a procurar um cara com quem eu transei em uma festa,
então por que não ver o que está acontecendo com meu padrasto também?”

Oscar faz um som de aborrecimento quando Callum sorri para mim.

“Reaching20, Bernadette. Você gosta de fazer saltos de lógica; Eu


prefiro fatos.” A voz de Oscar está gelada, mas eu o ignoro. Ele, por outro
lado, provavelmente está olhando para a parte de trás do meu pescoço; Eu
posso sentir seu olhar como uma rajada de vento gelado contra minha nuca.

“Tudo bem, crianças,” Hael diz no final de um bocejo. “Acalme seus


peitos. Um problema de cada vez, ok?” Ele estica os braços acima da cabeça
e o capuz sobe um pouco na frente, exibindo a barriga lisa dele. Eu molho
meus lábios. Estou um pouco nervosa por nossa excursão, mas por dentro
estou enlouquecendo como uma garotinha.

Venho fantasiando sobre os meninos Havoc há anos. E agora, posso


explorar todos os cantos e recantos, todas as fendas sombrias de suas
almas. Bem, isto é, para os meninos que realmente têm almas. Não tenho
certeza absoluta de que Oscar tenha.

“Hey Bernie,” Aaron diz depois de um momento de silêncio. A


música escorre suavemente dos alto-falantes, mas ninguém está prestando
atenção nela. ”Você quer ir ao baile de inverno comigo?”

A pergunta vem do nada e minha cabeça se levanta, os lábios se


separando de surpresa.

“O baile de inverno?” Eu pergunto, porque com toda a empolgação


de ingressar na Havoc, eu tinha esquecido totalmente que éramos todos
veteranos do ensino médio. Jesus. “Você quer ir para isso?”

“Não podemos pular o dia de neve,” Hael diz com uma risada
confusa. “É icônico e este é o nosso último ano. Além disso, esta é uma bela
oportunidade para lembrar a todos os idiotas daquela escola que esses
corredores nos pertencem.”

“Essas malditas ruas nos pertencem,” Victor bufa, puxando sua


máscara. Ele olha para nós e eu tremo ao ver seu lindo rosto por trás da
beleza monstruosa do rosto esquelético. “Mas você está certo: nunca é
demais lembrar a população.”

“Então você vai?” Aaron pergunta, olhando para cima e encontrando


meu olhar no espelho retrovisor. “Vai comigo, é isso?”

Meu coração palpita e brilha, o que é estúpido como o inferno,


porque eu não sou uma pessoa vibrante ou brilhante. Mais como um
cacto. Com grandes espinhos.

“Só se Callum me der algumas aulas de dança antes disso,” digo com
uma risada nervosa. Tanto Hael quanto Vic percebem e me dão um conjunto
de olhares iguais. Acho que o que tenho com Aaron os deixam todos
nervosos. É difícil competir com o primeiro amor, não é?

“Pode deixar,” Cal sussurra roucamente contra o meu ouvido. Desta


vez, ele não é tímido quando se inclina para a frente e captura minha mão na
dele, passando a língua pelo lado da minha garganta. Eu tremo quando ele ri
e Hael se inclina para bater nele com sua máscara.

“Mantenha o foco, imbecil, estamos quase lá,” Hael diz, colocando


sua própria máscara. Aaron faz o mesmo, e quando olho para trás, vejo que o
rosto de Oscar já está coberto. Ele também não está usando seus óculos, mas
vejo uma caixa de óculos sentada no banco ao lado dele, juntamente com um
espelho compacto e uma caixa de lente de contato de plástico.

Me pergunto por que ele não usa lentes com mais frequência, mas
então... os óculos são tão fodidamente sexy.

Mordo o lábio e coloco minha própria máscara no rosto.

“Lembre-me do que estamos fazendo,” digo enquanto olho pela


janela, tentando reconhecer em que bairro estamos de fato. Alguma terra de
ninguém entre Prescott e um bairro conhecido como Whiteaker, se eu tiver
que arriscar um palpite. Conheço cada centímetro de South Prescott, mas os
limites são um pouco embaçados.

“Como eu disse,” Victor me diz, estendendo a mão para aumentar a


música. “Um lembrete nunca é demais.” Ele aperta o botão do teto solar e
depois se ajusta para ficar agachado no banco. “Tudo bem, rapazes, vamos
mostrar à Charter Crew que não estamos brincando. Não atire até que eu dê
a palavra, e tente não matar ninguém. Já temos policiais farejando a porra da
nossa escola.” Vic faz uma pausa e olha de volta para nós, dando a Cal um
olhar significativo. É impactante, mesmo com a máscara no lugar. “Exceto
você, Cal. Você sabe o que você precisa fazer.”

Cal e Hael fecham as janelas de ambos os lados enquanto Aaron e


Vic fazem o mesmo na frente.

“Destravem as armas,” Vic grita quando o Escalade diminui a


velocidade, e olho pela janela para ver um grupo de pessoas em pé no
quintal da frente de uma casa artística. Parece que acabamos de atravessar
oficialmente o Whit, um bairro construído por artistas, músicos e
drogas. Costumava ser suicídio andar por aqui no meio da noite, mas o lugar
teve seu caráter destruído pela geração certinha em busca de casas baratas.
Ainda assim, a casa pela qual estamos dirigindo é pintada com um
mural de homens politicamente corruptos, afastando manifestantes com
sinais em vans não marcadas. Eu tremo. Há sofás no jardim da frente e uma
estátua gigante soldada com galhos de metal retorcidos.

Não tenho certeza de quem é essa casa, mas posso ver claramente
Mitch Charter, sua irmã Billie e os irmãos Ensbrook restantes na multidão.

Callum se levanta no banco, a metade superior do corpo saindo do


teto solar e coloca as mãos em volta da boca. Ele solta um uivo arrepiante
quando Victor e Hael abrem suas próprias janelas e Oscar e eu nos juntamos
a Cal levantando-nos e olhando para fora do teto solar.

“É toda a Charter na festa, então não se preocupe com quem você


acertar.” Victor aumenta a música, e eu reconheço a música que soa nos alto-
falantes como a faixa de rock deliciosamente animada “Degenerates” da
banda A Day to Remember. Puta merda. Quase faz o momento parecer
ainda mais mórbido do que já é. “Prontos?” Vic chama quando Aaron
diminui a velocidade do Escalade, deixando-nos passar, quase como se tudo
estivesse se movendo em câmera lenta.

Oscar e Callum estendem os braços para ambos os lados de mim,


suas pistolas apertadas com as duas mãos firmes. Eu faço o mesmo,
imprensada entre eles, minha respiração diminuindo enquanto me concentro
na cena na minha frente.

Billie Charter está rindo histericamente de alguma coisa, vestida com


o que provavelmente é um vestido de festa roubado. É da mesma cor azul-
esverdeado que a parte de baixo do cabelo de dois tons. Ela está de pé ao
lado do irmão e segurando um copo solo vermelho.

Ela também é a primeira a nos notar, virando a cabeça e olhando nos


meus olhos, mesmo com a máscara de esqueleto no meu rosto.

Solto uma mão da minha arma - acho que é uma Glock 19 - e passo
um dedo do canto do olho até a boca, na mesma forma que Billie me cortou
na noite de Halloween. Meus dedos se juntam em volta da grande e preta
violência que é a Glock enquanto espero que Vic dê o ok.
“Tudo bem, Havoc,” Vic grita e juro, tudo no mundo para por um
breve segundo. Aqui estamos, apenas nós seis, vestidos com rostos de
esqueletos sorridentes, vestindo capuzes pretos e segurando armas
pretas. “Fogo à vontade!”

Meu dedo aperta o gatilho da arma enquanto meu cérebro pisca de


volta à memória do alcance da arma.

“Você vê isso, Bernadette,” o Coisa sussurra em meu ouvido, seu


hálito quente e obsoleto, seu olhar malicioso uma lâmina que corta
profundamente minha alma. “Como é fácil fazer alguém
desaparecer? Apenas um pequeno aperto e uma boa mira, e acabou.”

Meu primeiro tiro atinge o copo Solo de Billie, enviando cerveja por
toda parte da frente do vestido e no rosto. Eu a vejo tropeçar para trás, boca
aberta, atenção em seu vestido arruinado por um segundo antes de ela olhar
para mim.

Estou ciente de que toda essa interação está acontecendo ao longo de


um minuto ou dois, mas parece uma eternidade, como se cada segundo fosse
estendido e persistente. Atiro de novo quando as balas dos meninos
apimentam a multidão, explodindo em um refrigerador, enviando
estofamento branco voando para fora do sofá. Meu segundo tiro é amplo,
atingindo o chão e derrubando pedaços de terra e grama do gramado.

Cal uiva novamente e dispara um tiro perfeito no peito de um cara


que está levantando uma arma para apontar para nós. É quando eu dou meu
terceiro tiro, atingindo Billie bem no ombro. Seu vestido verde-azulado
floresce vermelho de sangue enquanto ela tropeça para trás e cai de
bunda. Essa é por Aaron, eu penso, mudando meu objetivo para Mitch.

Mas então o Escalade está disparando para a frente como um míssil e


eu tropeço para trás. Callum me pega e nós caímos juntos no banco. Minha
visão está embaçada e minha respiração está acelerada quando dobramos a
esquina e disparamos em direção a South Prescott e à garagem.

“Porra sim!” Hael ri, arrancando a máscara e sorrindo. “Você viu os


olhares em seus rostos feios? Puta merda, eles não estavam esperando isso.”
Empurro minha própria máscara para cima e para meu cabelos, o
coração batendo forte. A adrenalina é intensa, fazendo minhas mãos
tremerem quando coloco a segurança na pistola e a coloco no meu colo.

“Tenho certeza de que matei Daren Matis,” Cal diz, e fico feliz em
saber que a respiração dele é tão frenética e descontrolada quanto a
minha. Ele lambe os lábios e engole para reinar na adrenalina. “Ele se
formou em Prescott há dois anos, então pelo menos não temos outro aluno
desaparecido com o que nos preocupar.”

“Perfeito,” Vic diz, sorrindo enquanto olha de volta para mim. ”Você
está bem, Bern?”

“Eu estou bem,” respondo, tentando reunir minhas coisas. Aaron me


olha no espelho retrovisor novamente, seu olhar tão intenso que eu
tremo. Ele sorri uma vez e assente, e sinto um rubor tomar conta das minhas
bochechas. Até ele atirou na Charter Crew inclinando-se com uma mão na
arma, a outra no volante e atirando pela janela de Victor. Seriamente
fodidamente impressionante. “Eu estou realmente bem. Eu quebrei o copo de
Billie, arruinei o vestido dela e a atingi o ombro.”

“Oh, sim, sim,” Callum ronrona enquanto ele ri, e eu olho pelo para-
brisa traseiro para ver se há alguém nos seguindo. Policiais, Charter Crew ou
outros. Mas não há ninguém lá. Você sabe, exceto Oscar. Ele olha para mim,
sua máscara agora em seu colo, seus olhos cinzentos sem carga pelos óculos
de armação preta que ele parece preferir usar. “Onde você acha que Kali
estava?”

“Ela deixou a escola com Mack novamente,” explica Oscar, ainda


olhando diretamente para mim. “Pensei que ela poderia estar aqui, mas ela
não está. Talvez ela esteja sentindo falta do amante?” Ele apenas fica
olhando para mim, então eu me viro para olhar pela janela da frente.

“Você acha que Mitch sabe sobre ela e Neil?” Eu me pergunto em


voz alta, mas Hael apenas bufa.

“Nenhuma ideia. Quero dizer, você pensaria que ele ficaria um pouco
preocupado com a garota dele fodendo um policial velho, mas acho que
esses caras operam sob um conjunto moral diferente do que nós.” Hael
reflete sobre a ideia por um momento, recostando-se em seu assento
enquanto Aaron diminui para uma velocidade menos visível. “Então, temos
certeza que Neil e Kali estavam transando?”

“Ela estava em cima dele na escola,” eu respondo, olhando para o


momento em meus olhos. “Não há dúvida sobre isso. Mas mesmo que Mitch
não saiba sobre Kali e Neil, ele realmente conhece Neil. Lembra quando ele
nos ligou na noite seguinte depois que mudamos o corpo do Danny? Ele
disse que o Coisa tinha uma mensagem para nós, mas Vic desligou.” Faço
um gesto frouxo na direção dele, mas ele está muito ocupado cuidando da
arma para prestar atenção. Isso, ou ele está apenas fingindo que está muito
ocupado com a arma. “Eles claramente se conhecem.”

“Vou ter que cavar mais um pouco,” Oscar admite, o que é o mais
próximo de uma admissão de não sei, pois tenho certeza de que ele jamais
conseguirá. Ele sabe que não é realista memorizar o mundo, certo? Talvez
ele esteja ciente de que sua personalidade é tão espinhosa que ele precisa dar
algo de valor ao grupo.

Vou abrir o cofre que é o traseiro do filho da puta e ver quanto


dinheiro ele está escondendo lá dentro. Preciso saber sobre o passado dele,
sobre os Peters, sobre seus sentimentos naquela noite em que fizemos amor.

Expiro bruscamente enquanto Victor ajusta a música para outra de A


Day to Remember. Chama-se “Mindreader” e é o cenário perfeito para o
nosso passeio de volta à garagem de Havoc.

Há dois garotos com máscaras de esqueleto nos esperando na


calçada. Quando estacionamos, Aaron estaciona o Escalade, mas não se
incomoda em desligar o motor. Em vez disso, ele simplesmente sai e um dos
outros caras entra.

“Deixem as armas,” Vic me diz, jogando a dele no banco enquanto o


outro garoto entra. O cara puxa um recipiente de lenços e começa a limpar a
arma, como se estivesse tentando limpar qualquer evidência
possível. Poderíamos estar usando luvas, mas isso não significa que não haja
algo que a perícia não possa achar.
Todos nós recuamos quando o SUV decola e desaparece na noite, o
vermelho do freio acendendo é a última coisa que eu vejo.

“Para onde eles estão levando?” Eu pergunto, olhando para


Aaron. Ele está me observando com mais intensidade do que o habitual, e
me pego mudando desconfortavelmente sob o calor de seu olhar.

“Eles não nos dizem isso, e nós não perguntamos,” Aaron diz,
encolhendo os ombros frouxamente e depois virando a cabeça para olhar a
lua. “Alguém quer entrar no drive-in? Estou faminto.”

“Eu tenho que chegar em casa e checar minha avó,” Callum diz com
um suspiro de saudade. “Embora eu realmente pudesse usar um shake e
batatas fritas.”

“Sempre há amanhã,” Hael diz, dando um tapinha no ombro de Cal e


acenando com a cabeça uma vez. “Bom trabalho esta noite, recruta.” Ele
pisca para mim e eu o afasto enquanto ele ri. “Vou levar Cal de volta para
casa. Meu pai imbecil tem andado muito ultimamente, e eu não confio nele
para não matar a porra da minha mãe.” Hael tenta sorrir para aliviar o golpe
de suas palavras, mas não funciona.

Eu decido mudar de assunto.

“Tenho certeza que Oscar precisa voltar para os Peters, certo?” Eu


brinco, dando-lhe um olhar que ele retorna com um que é colorido em
tristezas e epitáfios. Seus olhos cinzentos são como neblina em um
cemitério, mas a cor muda quando ele se move em minha direção. Quando a
lua os atinge, os olhos de Oscar aparecem prateados na noite.

“Você está certa,” ele diz, parando tão perto que eu poderia tocá-lo,
se quisesse. Sem os óculos, ele parece uma pessoa diferente. Para ser
sincera, os óculos o humanizam um pouco; ele parece inteiramente selvagem
esta noite. “Preciso chegar em casa com minha falsa mamãe e sua comida
caseira, meu falso pai e suas histórias de trabalho chatas, e minha nova
irmãzinha, Srta. Alyssa Hart. Os Peters já têm dois filhos biológicos para
mimar. Mais alguma coisa que gostaria de saber, Srta. Blackbird?”
“Na verdade, tem muito que gostaria de saber, Sr. Montauk. Sem
segredos em Havoc, certo? Tudo o que tenho a fazer é
perguntar?” Mantenho meu olhar nos olhos prateados de Oscar quando eu
volto para ele, as mãos fechando em punhos. “Diga-me por que você fugiu
de mim depois que dormimos juntos. Eu quero saber.”

Desta vez, ele ri de mim.

Posso contar com uma mão o número de vezes que ouvi aquele filho
da puta rir.

“Seu pedaço de merda!” Eu chamo quando ele recua de repente e se


vira, indo para o Camaro sem se preocupar em me responder. “Você não
pode correr para sempre, seu maldito boceta!”

“Saco de bola,” Hael corrige, e eu o soco no peito. O efeito é menos


bobo e mais... excitante do que eu esperava. Seus músculos são como pedras
de merda. “Vejo vocês degenerados amanhã, então?”

Vic assente uma vez e depois ele, Aaron e eu observamos os outros


três membros do Havoc decolarem no Camaro.

“Por que não vamos ao drive-in para o jantar?” Vic pergunta,


exalando e depois olhando para mim. “Já que somos apenas nós três hoje à
noite.”

Um arrepio percorre-me.

Não vamos buscar as meninas na casa de Jennifer Lowell até de


manhã.

Isso significa... vou ficar a sós com Vic e Aaron, os dois garotos de
Havoc que estão mais distantes, os mais em desacordo. Também vou operar
sob um novo conjunto de regras. Menina Havoc. Eu consigo definir o que
isso significa entre mim e cada garoto da mesma maneira que eles definem
seus relacionamentos um com o outro. Essencialmente, somos uma família
em que cada par de pessoas decide como eles querem se comportar juntos.
“Vamos fazer isso,” Aaron diz, virando-se para o Bronco e depois
parando como se tivesse acabado de pensar em algo. Ele olha de volta para
nós e Victor levanta as sobrancelhas.

“Sim? Você quer algo?” Ele pergunta, sua voz suave, mas cheia de
irritação por baixo. Ele pode ter concordado com o resto de nós, mas não
está feliz com isso.

“Bernadette pode ir comigo esta noite.” Aaron não vacila em sua


declaração nem pergunta; suas palavras não são um pedido.

“Mm, ok, então,” Victor começa, acendendo um cigarro. Ou ele está


nervoso, ou ele só gosta de uma boa fumaça depois de um drive-in. Nada
demais. Eu nem considero o fato de que Callum provavelmente matou o cara
que ele atingiu. Meus meninos de preto, eu sinto que eles são
intocáveis. “Quando eu disse que vocês filhos da puta podiam trabalhar por
conta própria, eu não quis dizer que você poderia me controlar. Eu ainda
estou no comando, Fadler.” Vic acena para mim com o queixo. “Bernie pode
escolher o que ela quer fazer: andar de moto ou de carona com você.”

Fico lá por um minuto, sentindo como se meu corpo estivesse sendo


separado por dois ímãs poderosos, um de cada lado, desesperados por um
pedaço.

Minha reação inicial é jogar uma moeda e deixar o destino decidir.

Mas eu tenho que ser mais do que um saco de bola pendurado que cai
em pedaços com um simples movimento de um dedo.

Desde que eu vim para cá com Vic, e quero saber por que Aaron está
me encarando do jeito que ele está, tomo a decisão e decido que vou
continuar com isso. Não importa o que.

“Eu vou no Bronco e nos encontraremos lá?” Eu pergunto, e mesmo


que Vic continue fumando seu cigarro e aja como se não se importasse, seus
ombros enrijecem.

“Sim.” Ele joga o cigarro de lado enquanto sigo Aaron até o carro.
“Eu tenho que dizer,” Aaron me diz quando entro e fecho a porta
atrás de mim, meus olhos voltando para Victor e sua moto apenas uma vez
antes de minha atenção pousar em Aaron e ficar lá. “Você me surpreendeu,
Bernie.” Aaron puxa o moletom por cima da cabeça e acidentalmente leva a
camisa junto.

Vejo barriga definida, peito e tatuagens, tudo de uma vez.

O pedaço no peito de Aaron é de uma garota e um garoto se beijando


na chuva, um guarda-chuva transparente acima de suas cabeças que mostra o
céu tempestuoso. Existem até buracos no guarda-chuva, deixando o casal
encharcado pela tempestade.

Filho da puta.

Fecho os olhos por um minuto e os forço a abrir quando Aaron joga o


capuz no banco de trás e coloca a camiseta de volta.

“Surpreendido de uma maneira boa, espero?” Eu pergunto quando


ele liga o carro e o aquecedor.

A maneira como ele olha para mim, com cabelos castanhos


ondulados caindo sobre a testa, o ouro em seus olhos brilhando à luz das
estrelas, sinto um tamborilar no meu peito que me faz ofegar.

“De uma maneira fenomenal,” ele me assegura, olhando por cima do


ombro antes de sair da garagem. Aaron acende as luzes enquanto descemos a
rua escura na direção do drive-in, aquele do lado Prescott das faixas que
serve a melhor comida. Chama-se Wesley's, em homenagem ao filho do
proprietário. Há rumores de que o garoto foi morto no campus da Prescott
High durante seu último ano. Claro, isso foi há mais de vinte anos, mas eu
sei como a dor funciona. O tempo não 'cura todas as feridas'. Isso é muita
merda. A única coisa que o tempo faz é estender o período de tempo entre
falhas.

Ainda não consigo olhar para um waffle congelado sem pensar em


Penelope. Realmente, a última vez que vi alguém comendo um em um
comercial, comecei a soluçar muito. É assim que a dor funciona. Então,
mesmo que Wesley esteja morto há décadas, aposto que seus pais ainda têm
momentos em que não conseguem respirar, onde se perguntam se vale a
pena continuar ou se é melhor desistir.

Olho para Aaron, estudando sua boa aparência clássica. Ele é


atemporal, Aaron é. Ele seria atraente em qualquer década. Minha boca se
contrai levemente e olho para o meu colo.

Somos apenas eu e ele aqui, com “Flowers on the Grave”, do Maine,


tocando suavemente ao fundo. É uma música meio triste, dizer adeus à
criança que você costumava ser.

Após cerca de um minuto e meio de ouvi-la, sinto como se tivesse


penetrado em minha alma e meus olhos ardem com lágrimas. Eu
rapidamente alcanço e pulo para outra faixa.

“Você está bem?” Aaron pergunta, olhando para mim por um


minuto. Parece estranho, que somos apenas eu e ele agora. Só de pensar em
passar algum tempo a sós, faz meu pulso acelerar. Victor... acabou de nos dar
o aval hoje. Parece impossível, sabendo o que sei sobre ele, mas então, eu
sabia que ele poderia fazer isso. Sabia que ele faria isso.

Ele não pode negar a nenhum de nós o direito de se conhecer.

Como Oscar expressou isso?

“Bernadette é membro da Havoc; Hael é um membro da


Havoc. Essas coisas são assinadas e seladas em sangue; elas não podem ser
desfeitas.”

Isso se aplica a qualquer membro deste grupo - até Victor. Ele criou o
Havoc; ele nos disse que a única moeda que você pode carregar é a
verdade. Então, eu sou uma garota Havoc e ele deve compartilhar. Meu
corpo se arrepia e cruzo os braços sobre o peito enquanto meus olhos se
fecham.

“Eu estou bem,” digo a Aaron, antes que ele comece a pensar que
estou tendo um colapso. “E não se preocupe: não estou chateada com o
drive-in. Bem, não mais chateada do que uma pessoa com alma deveria estar
depois de atirar em alguém.”
Independentemente de como me sinto, tivemos que tomar uma
posição; a Charter Crew pode recuar e alinhar-se ou... Bem, olhe para Danny
Ensbrook.

“Então o que é?” Aaron pergunta, entrando na lanchonete drive-in e


me surpreendendo ao pedir dois shakes de chocolate e alguns
hambúrgueres. Ele sorri para mim quando eu olho para ele. “O que? Até os
bandidos precisam comer,” ele diz enquanto coloca o Bronco no
parque. Parece que pode demorar um pouco. Eu reconheço vagamente
alguns dos outros carros estacionados nas fileiras ao nosso lado, belezas
vintage que eu quase posso garantir pertencerem às crianças de Prescott
High. Tenho tempo de sobra para estudá-los, pois esse é um drive-in
adequado. Nas noites de sexta e sábado, os funcionários ainda usam patins
para trazer a comida.

“Isso é apenas... parece um encontro,” eu digo, embora Aaron e eu


estivéssemos em vários antes. Ainda assim, é como se o relógio do nosso
relacionamento tivesse reiniciado; tudo parece novo e diferente.

Ele abaixa todas as janelas e desliga o motor, aumentando a música


um pouco mais antes de acenar para o painel na minha frente.

“Existem alguns baseados lá,” Aaron diz, e eu abro para encontrar


vários deles em um saco plástico. “Essa é a nossa própria marca, Havoc at
Prescott High.” Ele me dá um sorriso confiante quando abro o saquinho e
respiro o perfume. Juro por Deus que cheira aos corredores daquela escola
na segunda-feira de manhã, como uma mistura pungente de fumaça de
cigarro, perfume barato e lápis recém-afiados.

Mesmo que eu odeie essa escola e odeie esta cidade, há algo no


cheiro que me faz sentir como se estivesse exatamente onde deveria estar.

“Eu não sabia que vocês tinham sua própria marca, mas por que
também não estou surpresa?” Eu pergunto, colocando um baseado entre
meus lábios pintados de roxo. Minha escolha de batom do dia é
chamada Her Beautiful Decay, e é uma adorável cor de berinjela com um
pouco de brilho. Mancha o belo papel branco do baseado quando Aaron se
inclina e aperta a roda do isqueiro, acendendo o final e enchendo o carro
com uma fumaça branca e doce.

Nossos rostos estão tão próximos e seus olhos são tão intensos. Com
a chama do isqueiro ainda piscando, posso ver todas as variações de cor em
suas íris, desde manchas de ouro metálico até o suave toque de sempre-
verde. Minha respiração para, e eu esqueço de inspirar.

“Bernie, você tem que respirar, ou ele não ficará aceso,” ele sussurra,
mesmo sabendo que eu saiba disso. Inspiro bruscamente e ele se afasta,
deixando a chama acender no isqueiro. Onde a chama não se apaga, no
entanto, é dentro deste carro. “Sabe, estou muito feliz que Victor tenha
parado hoje com essa merda. Quero que tudo dê certo para você, para ele,
para Havoc.” Aaron para e desvia o olhar, em direção ao carro ao nosso lado
e suas janelas embaçadas.

Não é segredo que os alunos vêm aqui para comer primeiro e


foderem depois.

Os proprietários do drive-in são de South Prescott, por isso estão


cientes de como as coisas funcionam por aqui.

Aaron se vira para mim e há algo diferente em seu rosto. Não há


menos gentileza ou afeição, mas há uma intensidade que sinto que ele estava
segurando antes. Está em seu olhar quando ele olha para mim, cortando as
besteiras e me esfaqueando no coração como uma flecha. Mais uma vez,
esqueço de respirar e o baseado se apaga.

Nenhum de nós diz uma palavra quando ele aperta a roda no isqueiro
novamente e se inclina para frente. Desta vez, porém, ele não consegue nem
tocar a chama no baseado. Em vez disso, sua mão direita tatuada encontra a
parte de trás do meu pescoço e ele me puxa para frente, forçando-me a
encontrar sua boca se eu quiser o privilégio de beijá-lo.

Este é o Aaron que eu vi na noite do baile, aquele que eu fodi,


mesmo sabendo que não deveria.

“Tudo o que eu quero é ser egoísta,” Aaron murmura, o que é quase


o oposto do que Hael me disse. “Tudo o que eu quero é que você e eu apenas
corte e corra a partir daqui, para que possamos ficar juntos e foder o resto do
mundo.” Tento me virar, mas Aaron não me deixa. Ele me mantém lá, nossas
bocas próximas, mas não exatamente beijando, ainda não. Ele segura sobre
mim, me fazendo querer ainda mais. “Vamos ser egoístas esta noite, só eu e
você, Bern. Vamos fingir.”

“Nós não temos que fingir, Aaron,” eu sussurro de volta, fechando


meus olhos com força e tentando me recompor.

Aaron Atlas Fadler.

Uma vez eu o descrevi como um mentiroso, um traidor, um hipócrita.

Mas então…

Mentiroso.

Ele disse que me amava, mas pensei que não; Vejo agora, na
ferocidade de seu olhar, que eu estava errada.

Traidor.

Senti que ele me traiu, me traiu com um monstro pior do que uma
mulher, uma hidra de cinco cabeças chamada Havoc. No entanto, enquanto
estou sentada aqui agora, envolta em seus braços escuros, posso ver que
nunca houve realmente outra escolha. Sempre temos que escolher a Havoc
porque significa escolher a família.

Hipócrita.

Ele me fodeu na mesma noite em que me disse que eu não era nada
para ele. Ele tirou meu vestido e me deixou ir para casa no escuro com nada
além de sutiã e calcinha... depois, ele rasgou até aqueles de mim e me
fodeu. De novo e de novo e outra vez. Me perguntei várias vezes se aquela
noite foi um erro, mas... talvez não fosse?

Talvez estivesse prenunciando a direção que minha vida iria


tomar? A estrada nunca foi reta e estreita, mas chegamos aqui, não
chegamos? Nós nos encontramos, mesmo com as curvas fechadas, as curvas
perversas, os pontos cegos e os acidentes na estrada.

Aaron Atlas Fadler.

Ele é pior que todos os outros.

Quando olho para ele, não sou apenas obcecada. Estou ansiosa para
ver o que podemos encontrar ao virar da esquina. Estou dolorida e com
saudades do gosto de seus lábios quando tivemos nosso primeiro
beijo. Principalmente, estou apaixonada.

Eu nunca parei de estar apaixonada.

“Nós nunca temos que fingir novamente,” eu sussurro e aqui está,


essa estranha fratura dentro do meu peito, como se eu estivesse perdendo a
última parede que restou. Victor recuou; os meninos parecem estar de
acordo.

Nossa garota.

Provoque-a.

Irrite-a.

Faça amor com ela.

Foda ela.

Eles disseram que queriam que eu fosse o brinquedo deles, não é?

Que assim seja.

Eles também disseram que queriam que eu fosse seu cúmplice:


cheque e cheque duplo.

“Bernadette,” Aaron geme, e então ele está se afastando e


empurrando a porta. Por uma fração de segundo, sinto pânico subir no meu
peito. Ele não pode me deixar como Oscar; isso não é como ele é. Aaron é
uma tábua de salvação. Ele é o único que todos os outros caras deveriam
agradecer porque, sem ele, eu não poderia atura-los, suas merdas e sua
escuridão que tudo consome. “Porra, porra, porra.”

Observo enquanto Aaron abre a porta traseira e entra, seu braço


serpenteando entre os bancos da frente e agarrando minha cintura. Sem
preâmbulos, ele me puxa de volta para ele, me colocando em seu colo e
depois colocando sua boca na minha como um cometa. Todo o calor, pressão
e impacto rápidos. Sua língua empurra entre os meus lábios, deslizando pela
minha língua, me provando.

Mais do que isso: me saboreando.

“Victor pode ser seu marido, mas eu sempre serei seu primeiro
amor. Sua primeira vez Bernadette, juro por Deus, se ele alguma vez tentar
nos separar novamente, vou matá-lo.” Concordo com a cabeça porque não
posso falar, não quando Aaron rosna contra meus lábios e me segura como
sempre deveria.

O som da Harley de Vic se aproximando de nós se registra em mim,


mas não posso me afastar. Em vez disso, meus braços envolvem o pescoço
do Aaron quando caímos um no outro. O riso sombrio dos outros carros, o
leve cheiro de batata frita e pimenta, tudo se mistura a um borrão de
partículas que não significam nada para mim.

“Ele não pode nos separar novamente; Eu não vou deixar.” Lambo o
lábio inferior de Aaron, sugando-o na minha boca enquanto ele geme e
inclina a cabeça brevemente nas janelas já embaçadas.

“Porra, mal posso esperar. Eu preciso estar dentro de você,” Aaron


arfa, e aceno mais uma vez, sentando e rastejando de seu colo de quatro do
jeito que ele parece querer. “Nu, Bernadette. Desta vez, sem camisinha.”

“Sem camisinha,” eu concordo, sem fôlego, meus lábios quase


tocando o vidro da janela. Sou grata pela iluminação irregular e inconsistente
de South Prescott, pelas nuvens sobre a lua e pela condensação de nossa
própria respiração. Deveríamos ser bastante invisíveis aqui. “Não há
necessidade.”
Eu tenho tomado as pílulas anticoncepcionais que Oscar me deu,
então, pela primeira vez, na verdade não estou sendo uma idiota
irresponsável. Mesmo se não estivesse, provavelmente faria de qualquer
maneira, e você sabe o que? Eu sei por que também. Porque nunca se tratou
de bebês, de responsabilidades ou nada disso. Eu só quero estar perto dos
meus meninos.

“Você é a única rainha que eu serviria,” Aaron sussurra, inclinando-


se sobre mim. Posso sentir seu pau pressionando contra a costura na minha
calça de moletom, me provocando. Ele provavelmente está manchando de
pré-sêmen por toda ela, mas eu não me importo. Este momento vale tudo
para mim. “E eu nunca servi realmente a um rei; Eu o tolerei. Por
você.” Aaron estica a mão para desfazer a amarração na frente da calça,
beijando minha orelha e moendo contra mim. Sua mão direita desliza por
baixo da minha camisa e sobe pela minha barriga nua, encontrando meu
peito e apertando-o com grande ternura. Cada pressão de seus dedos na
minha pele me queima, roubando qualquer resistência ou dignidade que me
resta.

“Você deveria ser o legal,” eu gemo enquanto ele amassa minha


carne, as ondulações lentas de seus quadris me deixando louca. “Pare de me
provocar.”

Aaron ri, e a sensação de sua respiração mexendo no meu cabelo me


faz contorcer ainda mais.

“O que fazemos juntos no quarto não tem nada a ver com legal,
Bernie.” Aaron estende a mão e agarra minha cintura, tirando a calça de
moletom da minha bunda e expondo meu calor úmido. Eu não posso
exatamente abrir minhas pernas por causa delas. Acho que não importa, já
que o banco em que estamos é tão amplo.

Não há muito espaço lá, então Aaron e eu estamos bem próximos,


presos entre as duas portas dos fundos, para que ele e eu não tenhamos muito
o que empurrar. Em breve haverá muito atrito aqui.

Uma batida forte na janela faz Aaron rosnar de frustração, e meu


coração pula de medo ao pensar que é Vic. Se eles se enfrentarem em um
confronto, o que eu vou fazer? Não posso escolher entre eles; é impossível.

“Shakes e comida estão no teto, crianças com tesão,” a garçonete


resmunga, e posso ouvir o zumbido de seus patins enquanto ela se
afasta. Como eu disse, South Prescott, merda atrevida, pessoas terríveis,
sabemos, conhecemos.

Meus dedos se espalham contra o vidro enquanto suspiro de alívio,


mas é uma expressão de vida curta, porque eu posso sentir o calor do pênis
de Aaron esfregando contra mim. Ele se reposiciona um pouco e depois
dirige todo o caminho para dentro de mim, me fazendo morder o lábio
quando uma sensação avassaladora bate em mim.

Minhas pernas estão apertadas com tanta força, e Aaron é tão grande
que acabo com o rosto pressionado contra o vidro porque simplesmente não
tenho energia ou força de vontade para me sustentar mais. O que há em
Aaron que me faz querer me submeter?

É porque você sabe que ele te ama o suficiente para sempre recuar,
se você precisar. É por isso. Você pode se soltar com ele; você esquece de se
preocupar com literalmente qualquer coisa.

Aaron bate uma mão na minha bunda e depois aperta a carne com os
dedos quentes. Em seu braço, ele fez uma tatuagem com meu nome, um fato
que eu não consigo parar de pensar enquanto ele entra com força e rapidez
em mim. O carro range com nossos movimentos, ajudando a esconder o som
molhado de nossos corpos se unindo.

“Tão bonita, Bernie,” ele ronrona, deslizando a mão para cima e por
baixo da minha camisa novamente. Ele aperta meu mamilo, comprimindo-o
e puxando-o até eu gritar em êxtase. “Tão linda.” Aaron se afasta um pouco
e depois bate na minha bunda com a mão novamente; ele geme quando meu
corpo aperta o dele. “Você gosta de ser espancada?” Ele me pergunta,
diminuindo a velocidade de seus movimentos, para que ele possa se inclinar
para frente e colocar a palma da mão na janela, bem por cima da
minha. Com a outra mão, ele amassa meu peito novamente. “Gosta,
Bernie?”
“Só quando você faz isso,” murmuro de volta, porque pela minha
vida não consigo imaginar nenhum dos outros caras fazendo isso sem que eu
fique com raiva. “Só você.”

“É isso que eu gosto de ouvir,” Aaron responde, a voz grossa de calor


e necessidade. Ele beija a lateral do meu pescoço, seu corpo pressionado
contra o meu, dedos ainda batendo e torcendo meu mamilo. Com a mão
esquerda, mantenho-me apoiada, mas com a direita, estendo as costas e
agarro-o, puxando seus cabelos castanhos.

Aqueles lábios dele, tenho um grande prazer em saber que eles só me


pertencem, que sempre me pertenceram. Ele se guardou, eu penso, mas antes
que eu tenha a chance de pensar que ele é um garoto muito legal, ele me bate
de novo e depois morde meu pescoço com tanta força que eu vejo estrelas.

“Diga-me que você me escolheria, Bernie, mesmo que seja uma


mentira,” Aaron respira, e sou incapaz de resistir à sua atração. Não... não,
não é isso. Eu não estou desamparada. Eu nunca fui impotente. Quero ceder
a ele porque eu o amo. Essa é a história longa e curta disso, realmente.
Talvez esteja errado, talvez nossos relacionamentos sejam todos tóxicos, mas
sinto que o que temos aqui é significativamente menos tóxico do que o
mundo em geral.

“Eu escolheria você,” digo a ele quando ele me fode em um clímax


inicial, e depois usa a pulsação do meu corpo para encontrar o seu. Quando
Aaron geme e me enche de esperma, é um momento glorioso. Se alguém iria
conseguir um bebê de mim, seria ele.

Permanecemos juntos por muito mais tempo do que é realmente


necessário, nenhum de nós querendo se mover e quebrar o feitiço do
momento. Ele é quem realmente limpa a cabeça primeiro.

Aaron faz o possível para se desembaraçar de mim, desmoronando


no canto oposto enquanto luto para me virar, calças enroladas nas minhas
pernas. Nós olhamos um para o outro do outro lado do assento, respirando
com dificuldade e encharcados de suor. Ele coloca a mão no rosto, o
cotovelo apoiado na porta, dedos tatuados cravando em seus cabelos. O
sorriso que ele me dá é todo menino bom que virou mau, e eu estou vivendo
para isso.

“Bernie,” ele diz, e então ele começa a rir. Empurro de onde estou
sentado e rastejo até ele, caindo em seus braços. Aaron passa o braço direito
em volta da minha cintura e me abraça, colocando os lábios nos meus
cabelos enquanto seu corpo treme com mais risadas.

“Aaron...” Eu começo, enterrando meu rosto na lateral do pescoço


dele. E então começo a rir também. Porque é aqui que sempre fomos
destinados a terminar, eu e ele. Fodendo no banco de trás de um carro velho
em um drive-in enquanto nossos shakes derretem e nossas batatas fritas
esfriam. Isso aqui é tudo para mim.

Eu e Aaron.

“Você valeu a pena esperar,” ele sussurra no meu cabelo, e eu bufo.

“Eu poderia dizer o mesmo para você,” murmuro enquanto ele


envolve os dedos nos meus cabelos e me incentiva a puxar minha cabeça
para trás para um beijo. Nossas bocas se encontram, e juro por Deus, ele tem
gosto de finais felizes e desgostos, ao mesmo tempo. “Não se atreva a me
deixar de novo, Aaron Fadler,” eu o aviso, tocando o lado do rosto dele
quando ele se vira para pressionar os lábios na minha palma. “Sério.”

“Se eu tiver algum controle sobre meu destino, Bernadette Blackbird,


prometo que nunca mais deixarei você.”
Aaron e eu gastamos nosso tempo fumando um baseado e comendo
nossa comida. Chegamos a fazer outro pedido de sobremesa, e nossa
garçonete malvada traz mais dois sundaes enfiados em copos de plástico e
cobertos com fudge de chocolate quente derretido.

“Eu acho que queimei minha língua,” Aaron me diz, olhando na


minha direção quando ele liga o Bronco. Eu sorrio de volta para ele
enquanto cavo no fundo da minha xícara as últimas mordidas de amendoim e
sorvete. “Mas valeu a pena.”

“Valeu muito a pena,” eu concordo, tentando manter meu rosto


neutro. “E eu não quero dizer apenas os sundaes e os doces. Estou
precisando desesperadamente de um banho.” Aaron ri de mim, seu olhar
varrendo sobre mim enquanto olho de volta para ele. Não terminamos esta
noite, nem chegamos perto.
Victor fica o tempo todo, sentado em uma das mesas de piquenique
em frente ao local onde sua moto está estacionada. Tenho certeza que ele
está nos vigiando, o que, sem surpresa, me faz gostar mais dele. Ele deixou
eu e Aaron em paz; ele vigiou.

É assim que Havoc deveria trabalhar, porra.

Nós podemos ser capazes de voar, não é?

Vic não se incomoda em pegar sua moto e sair até ver que estamos
fazendo o mesmo.

Aaron faz o Bronco parar na beira do estacionamento e depois faz


uma pausa, virando a cabeça para olhar para a esquerda, pela janela
parcialmente rachada.

“Que porra é essa?” Ele pergunta enquanto eu levanto meu pescoço


para ver o que ele está olhando. “Essa é a parceira do Coisa?” Aaron leva um
tempo no sinal de parada, e os outros carros atrás de nós esperam a porra da
sua vez.

Eles sabem a quem pertence o Ford Bronco de 96.

Coloco meu copo de sorvete vazio no porta-copos e depois me


inclino para frente para ver melhor.

Com certeza, essa é Sara Young, inconfundível com seus cabelos


loiros brilhantes e rosto branco. Ela está sentada em um Subaru de cor
marrom com os faróis apagados, comendo um hambúrguer. Ela não está
olhando para nós agora, mas não consigo imaginar um policial que mora na
área Fuller de Springfield saindo da sua rota para visitar o poço de graxa do
lado sul conhecido como Wesley's.

Confie em mim.

Se um policial começasse a frequentar esse lugar, todos saberíamos.

“Você acha que ela está nos seguindo?” Pergunto, mas Aaron apenas
volta para o para-brisa com os lábios contraídos em uma linha fina. Ele não
diz nada, quando saímos com muito cuidado do estacionamento e entramos
na estrada de terra que corta entre duas partes vazias da propriedade. Digo a
palavra propriedade muito livremente; esses lotes nada mais são do que
arbustos, garrafas de vidro quebradas e pichações proclamando que esse é
um território de destruição.

“Eu diria ...” Aaron começa quando finalmente pegamos a estrada


asfaltada que leva de volta aos subúrbios entre Fuller e Prescott, onde fica
sua casa. Os faróis ficam atrás de nós, mantendo uma distância cuidadosa. É
o Subaru. “Sim. PORRA, Jesus Cristo. Ligue para o Vic.”

Pego o telefone e ligo para o nosso destemido líder.

Ele não atende no primeiro toque, provavelmente porque está na


Harley. Mas ele me liga menos de um minuto depois.

“Fale comigo, baby,” ele diz, apertando os músculos do estômago em


apreciação por aquela voz estridente.

“Precisamos desembaraçar o ninho de égua,” digo com cuidado, sem


saber o quanto devo dizer aqui. Existem várias maneiras de alguém captar
nossa conversa por telefone, se realmente quiser. “E precisamos fazer isso
antes de chegarmos em casa.” Espero que ele entenda o significado das
minhas palavras enquanto lambo meus lábios. Eles ainda têm gosto de
Aaron, como cola de cereja e malditos sonhos adolescentes. “Alguma coisa
que você precisa da loja antes de irmos para lá?”

“Ah,” Vic diz com uma risada profunda. Ele vibra meu corpo,
mesmo por telefone e separado como estamos. “Diga a Aaron que ele deve
levá-la a banho de lama. Faz um encontro divertido. Te vejo quando você
chegar aqui. Fique segura, princesa.”

Ele desliga antes que eu metaforicamente morda o pau dele por me


chamar de princesa novamente.

“Ele diz que você deve me levar para um banho de lama,” digo a
Aaron, minha voz mostrando claramente que não tenho ideia do que esse
plano de backup significa. Aaron sorri com força e assente, entrando em um
estacionamento vazio para voltar. Dentro de dois minutos, Sara Young está
atrás de nós novamente.

“Eu mal posso esperar para você ver isso,” Aaron me diz, levando-
nos por algumas áreas degradadas de South Prescott - decadente, quero
dizer, como prostitutas em todos os cantos e pessoas desmaiadas com
agulhas nos braços - e mais para a pista de corrida. Não está em uso desde o
final dos anos cinquenta, mas as crianças locais mantêm tudo por conta
própria. Às vezes, os caras da Prescott vem aqui para pilotar carros clássicos.

A piloto mais famosa de todos eles é Scarlett Force, uma garota que
se formou apenas um ano antes de eu e os rapazes começarmos na Prescott
High. Ela se tornou uma lenda, tão famosa por seus carros e suas proezas nas
corridas quanto por namorar seriamente três homens ao mesmo tempo.

Vai fundo, garota.

“Ok, isso eu mal posso esperar para ver,” eu digo enquanto Aaron dá
um sorriso que em qualquer outra escola do estado concederia a ele o título
de Rei dos idiotas arrogantes.

“Coloque o cinto de segurança, Bern, e eu vou te mostrar.” Aaron


acelera, enviando o Bronco através do portão (isso é realmente apenas uma
abertura, já que o portão está ausente há anos) e entra na propriedade. Há
uma pequena entrada à direita que atravessa o que costumava ser a
arquibancada da multidão.

Nós passamos por isso e derrapamos na pista. Como é dezembro e


chove pra caralho em Oregon, a pista de terra está cheia de buracos e poças
de lama. Não chegamos a cinco segundos antes de atingirmos o primeiro e o
para-brisa está salpicado de lama.

Inclino-me para frente e ponho as mãos no painel enquanto Aaron


nos leva pela pista, atingindo cada solavanco e fazendo o Bronco voar. Meu
estômago termina com asas, tremulando na garganta enquanto pulamos e
caímos como se estivéssemos em uma montanha-russa. Aaron solta um grito
e aumenta a música; “Tears Don't Fall” de Bullet For My Valentine está
tocando agora, como uma trilha sonora para o nosso encontro rápido.
Do outro lado da pista, Aaron diminui um pouco e abaixa minha
janela.

“Você a vê?” Ele pergunta, o som agudo de suas palavras cortando a


música. Esta parte da pista cai muito abaixo da linha de partida onde estão as
arquibancadas. É fácil ver o estacionamento daqui e observar que o carro de
Sara Young está, de fato, lá com as luzes apagadas.

“Sim,” eu respondo, molhando meus lábios repentinamente


secos. Precisamos perdê-la sem, você sabe, mostrar que é isso que estamos
fazendo. Obviamente, eu tenho certeza que ela poderia descobrir onde Aaron
mora, se ela realmente quisesse, mas ela não precisa saber que eu estou lá
hoje à noite. Ou que Vic está lá. Ou que os outros Garotos Havoc não estão.

É melhor deixar a polícia com o mínimo de informações possível.

“Fantástico,” Aaron diz, acelerando novamente e nos atirando para


fora da pista e na floresta. Há um caminho limpo aqui, um que obviamente
existe há muito tempo. Eu nunca estive na cena das corridas em Prescott
High, então não sabia nada sobre isso. Aaron apaga as luzes e consegue nos
tecer através da escuridão das árvores, como se ele tivesse feito isso um
milhão de vezes antes. Ou isso, ou acho que ele é apenas um motorista
fenomenal. Lembro-me dele navegando pela floresta escura até a cabana do
diretor Vaughn; ele também não usou as luzes.

“O que diabos é isso?” Eu pergunto e Aaron ri, virando a cabeça para


me olhar com uma expressão atrevida em seu lindo rosto.

“É aqui que seus avós provavelmente vinham foder,” ele diz, e faço
uma careta quando o Bronco sai da floresta e entra em uma antiga área de
camping enterrada no meio da mata. Os letreiros são antigos e um deles
claramente tem uma placa de metal anexada que diz Acampamento
fechado. “Este costumava ser o ponto de encontros antes da expansão
suburbana de Springfield,” Aaron explica, virando à esquerda e
serpenteando por uma estrada estreita de pista única que se conecta a um
bairro na orla da floresta. “Você poderia realmente acampar aqui e não ver as
luzes da cidade.”
Olho pela janela para a escuridão das árvores enquanto Aaron rola
lentamente pela rua tranquila e vira à esquerda novamente, enviando-nos
profundamente para um belo bairro Fuller. É engraçado para mim, porque
sei que as crianças que moram aqui, nos arredores do bairro, são
consideradas as 'pobres' na Fuller High.

“Isso foi legal pra caralho,” digo a Aaron enquanto ele estende a
palma da mão, e dou-lhe um high five. Mesmo essa pequena quantidade de
contato faz minha mão formigar, e eu respiro fundo. “É para onde vocês
sempre vão se alguém está te seguindo?”

“Não alguém,” Aaron corrige, seus olhos igualmente focados no


espelho retrovisor, assim como eles estão no para-brisa. Ele está procurando
Sara. Me viro para olhar, para que ele não precise. “As autoridades. A
maioria das crianças Prescott conhece a estrada, então não ajuda muito lá.”

“Bem, parece que funcionou em Sara; Não a vejo em lugar


algum.” Me viro até estar sentada corretamente no meu lugar.

“Mas temos um ponto de encontro por aqui,” Aaron diz, diminuindo


a velocidade do Bronco e abaixando a janela, para que ele possa apontar a
loja de conveniência de 24 horas na esquina. “Eles têm um banheiro com
uma porta de aço e uma fechadura. Se você está fugindo e precisa de um
lugar para se esconder, tente este lugar. Mesmo se você não tiver acesso ao
seu telefone. Se um de nós desaparecer, sempre verificamos aqui.”

“Sim?” Eu pergunto, me sentindo atrevida quando me inclino contra


o assento e olho para Aaron. “E com que frequência um de vocês
desaparece?” Aaron apenas ri e encolhe os ombros.

“Nunca?” Ele oferece, o que me faz sentir um pouco melhor. Eu o


assisto mandar uma mensagem de texto em seu telefone e acho que ele está
deixando Vic saber que estamos bem. “Mas pelo menos você sabe que isso
está aqui agora.” Aaron enrola as mãos no volante e olha pela janela com
olhos duros por um momento. “Temos tantas pequenas armadilhas para
ratos, esconderijos e tocas pela cidade; você merece um passeio.” Ele olha
para mim com um meio sorriso, seus cabelos castanhos ondulados caindo
sobre a testa. “Deixe-me mostrar a você algum dia?”
“Você está me pedindo um outro encontro, Aaron Fadler?” Eu
pergunto, e ele sorri.

“Se eu estivesse, você diria que sim?” Ele pergunta de volta,


erguendo as duas sobrancelhas.

“Sempre,” eu respondo, e seu sorrisinho se transforma em um


sorriso. Aaron acelera, nos levando pelo caminho de volta pelo bairro até
entrarmos na entrada ao lado da Harley de Vic.

Quando entramos em casa, encontramos Victor esperando na sala


escura, fumando um cigarro. Ele nos observa enquanto entramos, seus olhos
refletindo a luz como os de um gato.

“Divertiram-se?” Ele pergunta, mas não consigo decidir se ele está


falando sobre a gente ir tomar banho de lama para escapar da Sara Young, ou
sobre a gente foder. Melhor ser o primeiro. Não é como se ele não estivesse
no drive-in o tempo todo nos vigiando. Como eu disse, ele é um bom ator
quando precisa ser. E agora, ele está sendo tão líder quanto quando nos disse
para disparar o quanto quisesse.

Ele está realmente tentando não sair do controle; eu aprecio isso.

“Nós nos divertimos,” eu digo, e então me ocorre algo que me sinto


estúpida por não ter pensado antes. Isso apenas atinge meu cérebro como um
relâmpago e então está lá fora, e eu não posso voltar atrás. “Mas seria tão
divertido quanto se você se juntasse a nós lá em cima.”

Aaron fica mais rígido ainda atrás de mim, uma mão segurando meu
quadril possessivamente. Mas ele não protesta, nem mesmo quando Vic ri, o
som baixo e grosso como fumaça.

“Realmente? Você acha que eu sou o tipo de cara que gosta de


compartilhar? Sem chance no inferno.”

“Por quê?” Aaron retruca imediatamente, acariciando meu


cabelo. Nós dois notamos os ombros de Victor enrijecerem, sem
dúvida. “Você está com medo de não poder competir?”
O silêncio se estica, tenso e perigoso, e Victor resmunga, levantando-
se da cadeira.

“Fico feliz em ver que você perdeu a cadela policial. Teremos que ter
mais cuidado a partir de agora. Ela é uma pequena guerreira da justiça
tenaz.” Victor se dirige para a cozinha, mas eu não terminei com ele.

Aparentemente, Aaron também não.

“Você não pode continuar fugindo de mim porque acha que eu sou
uma ameaça,” ele desafia, fazendo uma pausa em frente à ilha e colocando
as mãos sobre ela.

Victor para no meio da cozinha, virando-se tão lentamente que quase


tenho certeza de que ele está prestes a apontar uma arma para Aaron. Em vez
disso, ele apenas levanta as sobrancelhas em surpresa.

“Uma ameaça?” Ele pergunta, e mesmo que ele não ache que Aaron
seja um deles, há definitivamente uma ameaça aparente em suas
palavras. “Aaron, meu amor, meu amigo, meu amado irmão.” Vic se move
para o lado oposto da ilha enquanto eu estou no final dela, presa entre dois
dos meus meninos e suando. “Você não é e nem nunca foi uma ameaça para
mim.”

Aaron não vacila, mantendo um olhar sem piscar que ele mantém
nivelado no rosto de Vic.

“Não?” Aaron ecoa, balançando a cabeça e sorrindo. “Porque você


com certeza age assim. Por que você está com tanto medo então? Você acha
que se a fodermos juntos, ela me escolherá em relação a você quando houver
uma comparação direta?”

Vic sorri, e é aterrorizante.

“Aaron, você sabe por que eu deixei você tê-la uma


vez? Hmm? Você realmente quer saber?”

“Porque você a amou o suficiente para reconhecer que eu era o único


de nós que poderia dar a ela a vida que ela realmente queria?” Aaron ri no
final dessa declaração, batendo os dedos no balcão. “Se você não tivesse
medo de mim, não teria me pedido que a entregasse para Havoc. Você
poderia ter usado seus poderes para o bem, sabia? Proteger a mim e minhas
irmãs sem me pedir para desistir de nada.”

Um longo trecho de silêncio preenche o espaço após as palavras de


Aaron enquanto olho rapidamente entre os dois garotos. Espera. Dois
homens? Sim. Dois homens. Faz um tempo desde que qualquer um deles era
realmente um menino em seu coração ou corpo.

Tento decidir se devo falar ou deixar isso acontecer como quiser.

Mas isso precisa acontecer há algum tempo, não é?

“Você está por um fio comigo,” Vic diz, optando por seguir como
chefe de Aaron, em vez de responder diretamente às suas palavras. “Como
eu disse, eu lhe disse que você poderia fazer o que fosse com Bernie; Eu não
lhe dei permissão para se rebelar. Então, o que você quer fazer agora, Aaron
Fadler? Lutar comigo no escuro da noite e acabar sangrando no chão da
cozinha?”

“Não.” A voz de Aaron é firme e dura quando ele se aproxima para


ficar mais perto de mim. “Quero que aceite o desafio da Bernie. Pare de ser
tão malditamente egoísta e transe com ela comigo. Se você estiver certo, o
que você tem a perder? Estamos nisso há muito, muito tempo. E eu te odeio
há muito, muito tempo. Você não está cansado? Você não quer apenas deixar
para lá? Estamos nisso juntos, cara.”

Victor olha de Aaron para mim, seu olhar de obsidiana um vazio sem
fim na cozinha escura. Olho de volta para ele. Ele apenas nos deu a
aprovação e já existem problemas. Me prove que você pode fazer isso, eu
penso. Todo esse tempo, eu queria ver Hael desobedecer às ordens de Vic - o
que ele fez na Ferrari. Todo esse tempo, eu queria ver Aaron lutar por mim -
o que ele está fazendo agora.

Tudo o que eu quero é que Vic faça algum sacrifício por mim.

Ele disse que seu amor era egoísta, mas é? Não precisa ser assim.
“Bernadette,” Victor diz finalmente, a voz suavizando. “O que diabos
você fez com minhas bolas?” Ele murmura, e mesmo que eu saiba que ele
está tentando ser um idiota, decido deixar a situação leve.

“Drenei-as no meu ventre?” Eu brinco, e ele bufa, dando um sorriso


nítido.

“Justo.” Vic olha para Aaron e depois exala, deixando seus ombros
relaxarem um pouco. “Tudo bem, ok. Nunca tive um trio antes, mas acho
que há uma primeira vez para tudo.” Ele acena com a cabeça na direção do
quarto no andar de baixo. “Vamos levar isso para a cama, então?”

“Só não pense que você vai me chutar no meio disso como você fez
com Hael,” Aaron brinca, e Victor ri.

“Bro, se eu decidir te expulsar, você vai sair.” Victor faz uma pausa
quando dou a ele um olhar ameaçador e, em seguida, levanta as duas mãos,
com as palmas para fora. “Jesus Cristo, Bernie. Não vou expulsá-lo por sua
causa, mas se eu fosse...”

Aaron faz uma careta quando Vic abre a porta do quarto, mas ele não
aumenta a situação e eu aprecio.

“É estranho você estar aqui?” Eu pergunto a Aaron quando ele para


do lado de fora da porta e olha em volta brevemente. Não é como se ele
nunca viesse aqui; ele dormiu aqui na noite seguinte depois de levar um
tiro. Mas também não parece que ele esteja particularmente confortável. Sei
que ele disse que Vic merecia este quarto porque ele é o chefe, mas na
verdade estou me perguntando se há mais do que isso.

“Não,” Aaron diz lentamente, mas estou me perguntando se isso é


mentira. “O colchão é novo, então não é como se estivéssemos prestes a
foder na cama real dos meus pais.” Ele estremece e passa a mão no rosto, o
luar destacando as melhores características. Coloque Aaron e Victor lado a
lado, e você pode pensar que um é o bom garoto clássico e o outro o mau
clássico. Os recursos de Aaron são um pouco mais suaves; Victor parece que
come vidro no café da manhã.
No entanto... não tenho dúvidas de que se Vic me machucasse, Aaron
o mataria. Papai Urso, lembra? Ele é feroz como o inferno quando se trata de
proteger aqueles que ama.

Victor senta na cadeira ao lado das portas de vidro deslizantes e tira


as botas, nos observando como um leão perseguindo sua presa pelas terras
da África.

“Vocês dois vão conversar a noite toda ou vamos transar?” Ele


pergunta, me fazendo cerrar os dentes.

“Você está apagando toda a boa vontade que ganhou observando o


drive-in,” eu estalo, e Vic mostra seus dentes brancos em um sorriso
zangado.

“Diga-me que você me escolheria, Bernie, mesmo que seja uma


mentira,” Vic ecoa, erguendo a voz alta. É uma piada engraçada, tanto faz,
mas Aaron tem uma voz masculina agradável e suave, por isso não tem
verdade. Minhas bochechas coram quando chego à horrível conclusão de
que Vic provavelmente poderia ouvir cada palavra maldita que Aaron e eu
dissemos um para o outro. Fantástico.

Aaron range os dentes, mas em vez de retaliar, ele estende a mão e


envolve um braço em volta da minha cintura, me puxando para ele. Com
dois dedos tatuados, ele levanta meu queixo para que eu esteja olhando para
seu lindo rosto.

“Estou feliz que ele nos ouviu,” ele me diz, e minhas bochechas
ficam vermelhas com o calor. “Porque agora ele sabe o que realmente está
enfrentando.” Vic ri atrás de mim, mas eu o ignoro em favor de
Aaron. Quando seu primeiro amor levanta seu queixo, seus olhos verdes
salpicados de ouro e luz das estrelas, você não presta atenção a nenhum
outro homem. Em vez disso, você o beija e saboreia a doçura em seus lábios.

Nossas bocas se encaixam como peças de quebra-cabeça, e eu deixo


meu corpo ficar um pouco mole quando Aaron me segura contra ele e me
beija como o príncipe de conto de fadas que eu estou sempre brincando,
aquele que Callum parece, mas nunca poderia ser. Ele é muito distorcido por
dentro, um fato sobre ele que eu amo, mas... o torna incapaz de assumir esse
papel.

Não, esse papel pertence a Aaron Fadler.

Estou realmente começando a afundar no beijo de Aaron quando


sinto dedos quentes no meu braço. Mesmo através do tecido grosso do capuz
que estou usando. O toque de Victor me queima em cinzas.

“Você acha que essa é a maneira correta de beijar uma garota?” Vic
pergunta, bufando ironicamente. “Como se você estivesse pedindo
permissão para ela te amar? De jeito nenhum.” Aaron se afasta um pouco, os
olhos se estreitando por cima do meu ombro. Eu me viro quando Vic dá um
puxão gentil no meu braço e me vejo envolvida em seu forte abraço.

Victor me agarra pela nuca, me segurando possessivamente enquanto


cobre minha boca com a dele, me reivindicando com os dentes e a língua. Eu
caio contra ele, mas não é apenas Vic quem está me tocando. As mãos de
Aaron encontram o seu caminho para os meus quadris, e sua boca pressiona
beijos suaves no chupão que ele deixou no meu pescoço antes.

Cada homem por si mesmo é um deleite carnal. Justapostos um


contra o outro? Suas melhores qualidades vêm à tona.

“Eu não posso me sustentar,” eu sussurro contra a boca exuberante


de Vic.

“Você não precisa,” ele responde enquanto empurra meu corpo


contra Aaron, para que eu fique presa entre suas formas musculares, me
afogando em tatuagens e calor doce. Jesus porra Cristo.

“Você disse brinquedo,” eu sussurro, e Vic ri de mim, levantando a


cabeça para olhar para Aaron. Não sei exatamente o que eles estão se
comunicando com os olhares deles, mas eles trabalham como uma unidade
há anos. Ouso dizer, suas habilidades de comunicação são melhores juntos
do que comigo.

“Eu disse, não foi?” Vic pergunta, e então ele e Aaron me incentivam
a ir para a cama. Sento-me com força enquanto eles estão na minha frente, os
ombros quase se tocando. “Eu não sou gay, mas você tem sorte, porque
como homofóbicos no café da manhã. Não dou a mínima se tocarmos por
acidente.” Victor olha para Aaron por um momento antes de se voltar para
mim. “Suba nessa cama.”

Vic tira a camisa pela cabeça, pegando a calça de moletom em


seguida. Ele as empurra sobre seus quadris musculosos, revelando aquele
belo pau dele. Aaron faz o mesmo, jogando as roupas para que, quando
ambos subam na cama comigo, fiquem completamente nus.

“Não acho justo que você ainda esteja vestindo roupas,” Aaron me
diz, chupando meu lóbulo da orelha e depois mordiscando minha
garganta. Vic já está um passo à frente, empurrando meu casaco para que ele
possa ter acesso aos meus seios. Sua boca desce em um, língua quente
girando em torno do meu mamilo. Ele se afasta um pouco, roçando os lábios
contra mim enquanto responde a Aaron.

“Pelo menos há uma coisa em que podemos concordar,” Vic


murmura, e então ele morde meu mamilo e eu solto um pequeno grito. O
prazer se enrola no meu peito enquanto eu aperto a cabeça de Vic nos meus
seios, segurando-o firmemente contra mim.

Não querendo ser desfeito por seu rival, Aaron desliza a mão na
minha calça de moletom e usa a bagunça que fizemos anteriormente para me
acariciar com os dedos. Ainda estou encharcada, não tive a chance de me
limpar. É sujo e cru e, oh, tão deliciosamente carnal.

“Eu não posso tirar minhas roupas com vocês dois me provocando
assim,” eu gemo, me contorcendo debaixo deles. Vic se afasta um pouco
quando Aaron retarda o toque tentador de seus dedos.

“Trégua por tempo suficiente para deixá-la nua?” Aaron pergunta, e


Vic encolhe os ombros.

“Foda-se. Vamos fazer isso.”

Victor tira meu capuz pela minha cabeça e o joga de lado enquanto
Aaron cuida dos meus moletons, puxando-os pelos meus quadris e parando
apenas brevemente para que eu possa chutar minhas botas. Minha pele
parece que está pegando fogo, e fico feliz por estar livre do tecido. Prefiro
ter as mãos de Vic e Aaron por toda a minha pele.

Desta vez, quando Aaron vai deslizar um dedo dentro de mim, Victor
está lá com ele. Acabo com um dedo de cada garoto, provocando calor e
fricção entre minhas coxas.

Eles se encaram sobre minha forma nua, os olhares se chocando.

“Você tem certeza que pode lidar com a minha raça de imbecil,
Fadler?” Vic provoca, mas Aaron apenas sorri em resposta.

“Você tem certeza de que pode lidar com o fato de que eu fui o
primeiro, e sempre serei? Você nunca pode tirar isso de mim, Vic.”

Há um momento de quietude antes que Victor muito lentamente, com


muito cuidado, abaixe a boca de volta ao meu peito, os olhos fixos em
Aaron. Por outro lado, Aaron faz o mesmo, e eu acabo com meus mamilos
presos em bocas quentes e famintas.

Meus quadris batem contra suas mãos enquanto eles me dão prazer
com os dedos, conseguindo manter seus movimentos bastante sincronizados,
apesar da tensão na sala. Aaron é o primeiro a usar o polegar no meu clitóris,
fazendo meu corpo dolorido palpitar e pulsar em resposta. Ainda não me
recuperei totalmente de fazer sexo com Aaron no drive-in. Sinto-me
sobrecarregada agora, insaciável.

Provavelmente é uma coisa boa, considerando que a palavra Havoc


tem cinco letras, certo?

Deve haver alguma deusa travessa me vigiando, certificando-me de


que realmente posso lidar com cinco idiotas de sangue quente.

“Não seja egoísta, Aaron,” Vic desafia através do meu corpo


nu. “Você não pode ter o clitóris dela só para você.”

“Estou surpreso que você saiba o que ou onde está um clitóris. A sua
coisa é wham, bam, obrigado, senhora, não é?” Aaron retruca, deslizando
pelo meu corpo para colocar seus lábios onde seus dedos estavam. Victor
retira sua própria mão, deixando Aaron me dar prazer entre as coxas. Mas o
olhar no rosto de Vic promete que ele ficaria feliz em causar danos em outro
lugar.

“Seu namorado não gosta de andar na linha, não é?” Vic retruca,
rolando por um breve segundo para vasculhar a gaveta da mesa de
cabeceira. Ele volta com uma garrafa de lubrificante fechado, torcendo a
tampa e removendo o selo. “Presente de Hael,” ele resmunga, e juro, eu
sorriria se Aaron não estivesse colocando seus dedos em mim e chupando
meu clitóris ao mesmo tempo. “Mas nunca precisamos disso para essa sua
boceta lisa, não é?”

“Cale a boca,” eu gemo, mas estou literalmente me afogando em


felicidade aqui, então acho que não posso reclamar. Aaron é o anjo no meu
ombro; Victor é o diabo. Tê-los ao mesmo tempo é uma fantasia que eu tinha
certeza que nunca poderia se tornar realidade. No entanto... aqui estamos
nós.

Vic abre a parte de cima no lubrificante e depois derrama uma


quantidade generosa nos montes pálidos dos meus seios. Demoro um
segundo para tentar descobrir qual é o jogo dele aqui. Eu deveria ter
assumido que era algo desagradável, considerando que é Victor Channing.

“Segure suas tetas para mim, sua majestade,” ele brinca quando
Aaron levanta a cabeça apenas um pouco para olhar para nós.

“Você realmente não vai fazer isso, vai? Como isso a ajuda, seu
idiota?”

“Isso a ajuda bastante; estimulação visual,” Vic retruca, agarrando


minhas mãos e curvando as dele com tinta por cima. Ele empurra meus seios
juntos e depois solta, deixando-me segurá-los no lugar. E então ele sobe em
mim, deslizando seu pau entre os meus seios.

Puta. Que. Pariu.

Aaron amaldiçoa Vic por entre minhas coxas, e eu sinto seu corpo se
mover enquanto ele se ajusta, encontrando minha abertura com seu pau ao
mesmo tempo em que Victor começa a empurrar. Mordo meu lábio quando
seu grande corpo se move acima de mim, os músculos de sua barriga
contraída a cada movimento. Ele se mantém apoiado com facilidade, seus
braços mais do que fortes o suficiente para suportar seu peso. E, por mais
irritante que ele seja, por mais que eu o odeie e o ame ao mesmo tempo, ele
está certo: é um prazer visual.

Seu pênis desliza entre os meus seios como se ele estivesse me


fodendo entre as coxas ao mesmo tempo em que Aaron entra em
mim. Sensações surgem através de mim como estrelas cadentes, iluminando
o céu noturno que de outra forma compõe minha alma. Mas não é o
sexo; são os meninos. É a presença deles e sua conexão comigo que faz tudo
parecer tão bom, que faz o mundo parecer mais brilhante.

Depois de encontrar essa conexão com alguém, nunca mais é só sexo


depois disso, né?

Eu posso sentir as mãos de Aaron nas minhas coxas, mantendo


minhas pernas afastadas enquanto ele se move fundo e devagar, ao contrário
aos impulsos duros e selvagens de Vic. Até seus aromas se misturam,
criando essa euforia sonhadora de âmbar e rosa, almíscar e sândalo, suor e
sexo.

“Jesus Cristo, você tem seios bonitos,” Victor murmura, e eu


simplesmente perco. Suas palavras são vulgares o suficiente, mas há calor
por trás delas, querer. Ele está obcecado por mim da mesma forma que eu
estou por ele, e isso o torna vulnerável o suficiente para que eu queira
mais. Perco a luta com meu próprio corpo antes de qualquer um dos garotos,
tão enrolada neles que não consigo resistir ao clímax quando me aperta,
deixando-me desossada e sem fôlego.

Minhas mãos caem dos meus seios e Vic diminui, olhando para mim
entre seus braços.

“Você não terminou, não é, Bernie?” Ele pergunta, sentando ao meu


lado e pegando seu pau na mão. Ele torce o punho como um saca-rolhas,
gemendo e xingando baixinho.
Pelo menos agora eu posso ver Aaron, ofegando e suando entre as
minhas pernas. Ele rapidamente cobre meu corpo com o seu, deslizando sua
língua ao lado da minha garganta e usando o lubrificante escorregadio nos
meus seios para brincar com meus mamilos.

“Se ele pode brincar com os brinquedos de Hael, eu também.” Aaron


empurra e desliza para fora de mim, me fazendo gemer e me contorcer de
frustração.

“Vocês vão ser a minha morte,” murmuro, esfregando as mãos no


rosto e me perguntando como diabos acabei aqui, com o amor da minha vida
e meu marido juntos. Deve ser, tipo, karma ou algo assim. Ou talvez seja
apenas equilíbrio? Talvez a vida tenha jogado tanta merda no meu caminho
que ela só teve que me dar algo legal para brincar?

É melhor que essa cadela não seja apenas uma biblioteca de


empréstimos, se é que você me entende.

Victor apenas bufa enquanto Aaron rasteja sua bunda nua e tatuada
até a gaveta e vasculha, chegando com uma pequena caixa que o faz sorrir.

“Perfeito,” ele diz, e Victor revira os olhos, levantando-se para pegar


um maço de cigarros, para que ele possa acender.

“Como se você soubesse usar um desses, Fadler.” Vic me olha


enquanto levanto meu corpo subitamente pesado para cima da cama e para
dentro dos travesseiros. Por uma fração de segundo, minha mente vai para
Hael e eu me pergunto como ele vai lidar com o fato de saber que nós três
transamos aqui juntos. Quero dizer, visto que ele foi expulso desse quarto há
pouco tempo.

Terá sentimentos feridos ou, no mínimo, raiva justa, de um jeito ou


de outro.

Mas isso é um problema para outro dia.

“Só porque eu não fodi meu desejo por Bernadette com outras
garotas, isso não significa que eu sou um idiota.” Aaron sorri quando abre a
embalagem e joga a caixa para o lado, girando um item de borracha preta no
dedo que está tatuado com a primeira letra do nome. Com essa expressão no
rosto, é fácil acreditar que ele é o A no HAVOC. “Eu sei como usar um anel
peniano, Vic. Se o melhor que você pode fazer é montar os peitos dela como
um animal selvagem, então, na verdade, não tenho nada com que me
preocupar.”

Aaron usa um pouco do lubrificante para deixar o anel escorregadio


antes de deslizá-lo pelo comprimento de seu eixo coberto, gemendo e
deixando a cabeça cair para trás em prazer. O luar vindo de fora traz todos os
tons de chocolate em seus cabelos, fazendo-o parecer selvagem e muito
bonito ao mesmo tempo. Um animal bonito, é o que ele é.

Ele se move de volta para mim, colocando as palmas das mãos na


minha caixa torácica e deslizando os dedos pela curva profunda da minha
cintura e pelo aumento generoso dos meus quadris. Eu nunca fui magra; um
fato que Pamela sempre fez questão de me lembrar. Mas eu também nunca
quis ser. Uma garota pode gostar de ser um pouco curvilínea, sabe? E
claramente, nenhum dos meus meninos parece ter um problema com isso.

Do jeito que Aaron está olhando para mim agora, me sinto bonita em
seus olhos, como uma rainha selvagem, não domesticada e incontrolável. É
por isso que eles só vão precisar de uma menina Havoc; Eu vou me certificar
disso.

Aaron liga o anel peniano, o leve zumbido dele fazendo-o gemer e


empurrar contra mim em desespero. Ele não entra em mim, apenas me
provoca, tocando meu clitóris com a cabeça de seu pau e transferindo essa
doce vibração através do meu corpo.

“Você ainda tem aquele vibrador?” Aaron sussurra, mas alto o


suficiente para que Vic, que ainda está fumando perto da janela, possa
ouvir. “Aquele com quem costumávamos brincar juntos?” Eu sorrio
enquanto envolvo meus braços em volta do pescoço dele, saboreando a
doçura do meu próprio corpo em seus lábios. Eu quase tinha esquecido
disso, como costumávamos nos deitar embaixo dos cobertores, alternando
entre nos tocar com as mãos e usando o vibrador pequeno que roubei da sex
shop do outro lado da rua do Hellhole.
Isso foi antes de termos sido corajosos o suficiente para fazê-lo,
deixar ir e cair um no outro.

“Eu tenho um muito melhor agora,” asseguro, mordendo sua orelha


enquanto ele move seus quadris contra mim. “Desta vez, verifiquei as
opiniões on-line antes de entrar para roubar.” Aaron ri, e até o som disso
vibra através de mim, me fazendo contorcer. “Quando finalmente pegarmos
minhas coisas da Pam, deixarei que você teste em mim.”

“Jesus Cristo,” Victor rosna, subindo de volta na cama com o cigarro


ainda na boca. Seu ciúme é uma coisa tangível quando ele desliza ao nosso
lado. “Parem de se olhar com olhos apaixonados e vamos voltar a foder. Ei,
princesa, você já deixou um cara te foder na bunda antes?”

“Deus, eu te odeio,” Aaron rosna de volta para ele, dentes


cerrados. Ele me segura com uma possessividade frágil que sei que acabará
quebrando. Quando isso acontecer, Aaron provavelmente tentará usar um
pedaço irregular para cortar a garganta de Vic.

“Bem?” Vic pergunta, ignorando-o.

Aaron gentilmente vira minha cabeça para ele, inclinando-se para me


beijar na boca, deixando-me saber que ele vai me colocar em primeiro lugar,
não importa o que. E é por isso que Victor lhe deve tudo; Eu não poderia
lidar com Vic sem Aaron para temperá-lo. Às vezes, você só precisa de
alguém para segurá-la, afagar seu cabelo e dizer que tudo vai ficar bem.

“Sim,” eu respondo honestamente, e Aaron sorri contra os meus


lábios. Ele sabe que eu fiz porque foi ele quem fez. O olhar presunçoso que
ele lança para Victor faz o nosso líder se arrepiar. “Mas vamos tentar
novamente.”

Aaron se move para o lado, e eu me ajusto, virando-me para encará-


lo, caindo em seus braços. Minhas mãos traçam a leve barba em suas
bochechas quando coloco uma perna sobre ele e ele corre para frente,
encontrando minha abertura com a cabeça de seu pênis e deslizando para
dentro. A vibração do anel peniano é apenas o suficiente para espalhar um
calor delicioso através de mim.
“Olhe para mim enquanto ele entra em você,” Aaron rosna,
mordendo meu lábio inferior. “Apenas olhe para mim.”

Victor o ouve, usando dedos lubrificados para me provocar por trás, a


pressão escaldante de seu corpo me fazendo suar e ondular contra o pau de
Aaron.

“Legal, Fadler, muito legal,” Vic rosna de volta, deslizando um


daqueles dedos dentro de mim. Minha visão pisca com manchas brancas
quando o prazer me domina. É possível morrer de estar cheia? Se assim for,
envie-me para aquele túmulo quente e doce, querida. Estou pronta para ir.

Meus dedos cavam os cabelos ondulados de Aaron quando meus


olhos se fecham e Vic me dá prazer por trás. Posso sentir seu dedo e o pau de
Aaron dentro de mim juntos, uma parede muito fina de carne os
separando. Quando esse segundo dedo é adicionado, a intensidade é quase
insuportável.

“Eu não sei se posso fazer isso,” engasgo, tremendo e tremendo entre
os dois. “Vocês podem ser grandes demais para isso.”

“Baby, se você quiser que eu pare, chame nossa palavra de


segurança, sim?” Eu posso praticamente sentir Vic sorrindo atrás de
mim. “O ninho de égua deve funcionar, você não acha?” Ele bufa
novamente e remove os dedos. O lubrificante está frio quando ele aplica uma
quantidade generosa na minha bunda, trabalhando bem antes de colocar a
ponta do seu pau contra mim. “Última chance.”

“Diga a ele que não, e eu o farei parar,” Aaron me assegura, mas não
quero dizer a Vic que não. Quero os dois dentro de mim ao mesmo tempo.

“Foi o que eu pensei,” Vic resmunga, e então ele está empurrando


lentamente em mim, esticando meu corpo ao limite e me fazendo gritar com
a sensação. Os dois estão pressionando aquela parede fina de carne, e eu
apenas sei que quando eles se moverem, poderam sentir o pau um do outro.

A mão de Victor desliza ao redor para amassar meu peito e brincar


com meu mamilo, preso entre o meu peito e o de Aaron, enquanto meu ex-
namorado agora para sempre beija minha boca com cada pingo de
sentimento deixado dentro dele. O beijo dele diz que eu senti sua falta e doía
porque pensei que você tinha partido para sempre. Eu retribuo o sentimento,
lavando-me dos últimos vestígios de raiva pelo que ele fez comigo.

Ele fez o que tinha que fazer. Ele escolheu Havoc. Ele se fez digno
de mim.

Nós somos falíveis; Todos nós cometemos erros; todos nós


merecemos uma chance de perdão.

Ou seja, exceto estupradores e pedófilos. Foda-se você e o cavalo em


que montou; você nunca receberá meu perdão e lhe devo nada.

Os garotos entram e saem de mim, calmos e lentos, seu frenesi se


esvai quando somos tomados de emoção juntos. Aaron não tem problemas
em abraçá-lo e, surpreendentemente, Victor também não parece se
incomodar. Aparentemente, entre nós três, sou eu quem tem mais problemas
de intimidade para resolver.

Eles me mudam para outro orgasmo antes de se deixarem


gozar. Victor é o primeiro, seu enorme pau apertado dentro de uma polegada
de sua vida dentro de mim, se derramando em meu corpo e depois apenas
deitado lá enquanto Aaron continua se movendo. Com o anel peniano, ele é
capaz de durar muito mais tempo, agitando meu corpo a novas alturas de
prazer antes de cairmos juntos do outro lado.

Ele alcança entre nós para parar a vibração no anel, mas não se
move. Durante muito tempo, ninguém faz. E mesmo quando o fazemos; nós
não vamos longe. Eu corro minha bunda para o banheiro para me limpar e
Victor se junta a mim, lavando seu pau no chuveiro enquanto nos encaramos.

“Você tem sorte que eu amo tanto vocês dois,” ele diz para mim,
inclinando a cabeça ligeiramente para o lado, cabelos molhados caindo em
seu rosto. “Se eu não amasse Aaron como irmão, eu o mataria.”

“Eu sei,” eu respondo, e quando voltamos, Aaron fez ovos mexidos e


encheu três copos com água.
Levamos a comida de volta para a cama para comer juntos, e
realmente, essa é a última coisa que lembro antes de desmaiar.

Bendito seja as estrelas, eu acho, porque nós três acabamos


adormecendo juntos na cama... e fazendo uma segunda exibição na manhã
seguinte.

Não chegamos à Prescott High naquele dia. O melhor que consigo é


me vestir de pijama para que Aaron e eu possamos pegar as garotas de
Jennifer e deixá-las na escola.

E quando os outros meninos aparecem depois da aula, posso dizer


que eles sabem.

“Uou,” Hael assobia, batendo palmas, enquanto Aaron e Vic fumam


na varanda dos fundos, quatro cadeiras entre eles, sem nenhum interesse em
interagir um com o outro. Sejamos honestos aqui: não há interesse nisso para
nenhum deles, exceto para mim. “Vocês transaram juntos ontem à noite?”

Ele está interpretando o palhaço, mas quando olho para ele, consigo
ver apenas uma pitada de escuridão em sua expressão, e isso me assusta. Nós
trancamos os olhares, mas ele apenas sorri como se isso não o
incomodasse. Como Hael tem um pavio longo, os outros meninos esquecem
às vezes que ele é igual a eles, banhado em escuridão, dor e violência. Mas
eu não. Não esquecerei. Dou a ele o sorriso mais genuíno que posso reunir e
vejo enquanto ele tenta atenuar sua raiva.

“Foda-se, Harbin,” Aaron diz ao mesmo tempo em que Victor diz


para ele comer merda.

“Bem, isso responde,” Hael diz, sorrindo de orelha a orelha enquanto


Callum se agacha em uma das cadeiras no meio, e eu fico logo atrás dela,
observando-os. “Vocês mediram paus? Você teve uma pequena dupla
penetração? Hmm? Mentes questionadoras querem saber.”

“Hael, não vou lhe dizer novamente: deixe-nos em paz.” Victor nem
se incomoda em olhar para o amigo. Em vez disso, ele se levanta e se dirige
para dentro sem sequer olhar para mim. Ele não quer que nenhum dos outros
pense que está ficando mole.
Não acho que ele realmente precise se preocupar com isso; todos
sabemos que ele é um idiota.

“Vejo que você está usando seu tempo aqui para ser produtivo,”
brinca Oscar, mas apenas olho para ele que estreita os olhos. Sei como eu
estou agora: arrogante, triunfante, vitoriosa.

“Oh, você não tem ideia,” eu ronrono, virando e deixando robe que
estou usando aberto. Os olhos de Oscar encontram meu corpo nu antes de
passar rapidamente para o meu rosto. Toda história tem seus arcos, e
pretendo fazer essa sobre conquista. Eu vou possuir todos os cinco desses
garotos e suas bundas gostosas. “Fique por perto em vez de fugir da próxima
vez, e talvez você consiga ver por si mesmo?”

“Eu faria,” ele responde friamente, não me dando nada, seus


verdadeiros sentimentos escondidos atrás de óculos, tatuagens e um belo
terno, “se houvesse algo que valha a pena ficar por aqui.”

Eu zombo quando passo por ele e vou para dentro. Desta vez, tenho
que me vestir adequadamente, para que eu possa ir com Aaron buscar as
meninas. Oscar me segue, mas quando subo as escadas e me viro para olhar
para ele. Ele passa por mim e entra na cozinha, como se não tivesse
nenhuma intenção de me seguir.

Eu não acredito nele.

Nem por um segundo.


O detetive e sua assistente loira e bonita passam quase uma semana
trabalhando no corpo discente da Prescott High. Na sexta-feira, eles
circularam todo o caminho de volta para mim novamente.

“Nós realmente precisamos parar de nos encontrar assim,” eu brinco


quando entro no escritório da Sra. Keating e caio em uma das duas
cadeiras. Eles estão em uma forma consideravelmente menos boa agora do
que quando cheguei aqui e encontrei a caixa de merda do Havoc. Todos
esses estudantes entram e saem, sem a Sra. Keating para comandar uma
autoridade respeitosa, e as cadeiras estão mal tratadas, cortadas e
arranhadas. Há até a palavra ingênua rabiscada com uma Sharpie roxa.

Nojento.

“Bernadette, como está a vida de casada?” Sara Young pergunta,


tentando sorrir para mim. Há alguma curiosidade genuína em sua declaração,
mas sua expressão não podia ser mais condescendente. Fodendo muito,
tentando equilibrar meus relacionamentos com outros três caras ao mesmo
tempo, procurando desesperadamente por uma razão para não matar Oscar
Montauk.

“Está ótimo.” Só isso, sem elaboração. Olho para Constantine, pois


posso dizer que falar de eu ser uma noiva infantil é perturbador para ele. “E
aí?”

“Você se importa se gravarmos nossa conversa novamente?” O


detetive pergunta, e olho para o diretor Vaughn com uma espécie de olhar
que porra é essa, cara? Ele olha de volta para mim e depois joga os olhos
castanhos de volta para os polícias.

“Ela não precisa de um pai ou responsável aqui?” Vaughn esclarece,


mas Constantine apenas lhe dá um sorriso tão condescendente quanto o que
Sara me deu.

“Na verdade não. Porque Bernadette aqui é uma adulta legalmente


agora, não é Bernie?”

“Não me chame de Bernie,” digo a ele, minha voz calma e


séria. “Pergunta: estou livre para sair?”

“Hum, é claro,” Sara diz, apertando os lábios rosados. “Mas porque


você iria querer fazer isso? Estamos apenas procurando o máximo de
informações possível sobre o seu padrasto. A última vez que estivemos aqui,
você parecia expressar um medo de que ele pudesse estar atrás de
você? Você quer falar sobre isso?”

“Não. Quero saber se estou livre para sair” repito, porque, se não
estiver, essa investigação acaba de subir para outro nível. Além disso, se eles
me disserem não, é hora de entrar em contato com um advogado. “Não
posso ser vista passando tanto tempo aqui com - sem ofensa - um bando de
porcos. Não vai parecer bom para o resto da escola.” Olho timidamente na
direção de Sara e enfio alguns cabelos atrás da orelha esquerda. “Talvez... eu
pudesse dar uma passada e pudéssemos conversar um dia, como tomar café
ou algo assim?”
Os olhos de Sara brilham com triunfo quando Constantine estreita os
seus.

“Isso seria fantástico. Você está livre no domingo?” Eu aceno e Sara


sorri. “Bom. Você precisa de uma carona?”

“Não, eu posso chegar a sua casa se eu for cedo o suficiente e pegar


minha bicicleta...” Paro, virando os olhos para o lado, do lado oposto ao do
diretor Vaughn, como se eu tivesse algo a esconder... ou algo a temer.

“Por que você não me manda uma mensagem quando estiver a


caminho, e podemos pegar as coisas lá em cima?” Aceno uma segunda vez e
saio pela porta antes que Constantine me irrite e eu perca a
paciência. Posso sentir a suspeita saindo dele; ele quer me prender com
alguma coisa, qualquer coisa.

“Rapidinho,” Sara Young grita, saindo pela porta e me fazendo virar,


agradável e lenta, como se eu estivesse com medo de ser vista com ela. Ela
parece bastante simpática à minha posição e fica onde está, perto da porta do
escritório. “Você conhece uma garota chamada Ivy Hightower?”

Merda, porra, droga.

“Sim, por quê?” Eu pergunto, esperando que ela jogue a bomba em


mim.

“Porque ela não é vista há algum tempo e sua família está


extremamente preocupada.”

“Ela estava namorando Danny Ensbrook,” eu digo, sentindo meu


peito ficar vazio. A ansiedade flui para dentro de mim, mas luto contra os
sinais físicos com toda a força que tenho. “Talvez eles tenham ficados
grávidos e fugido juntos? Acontece o tempo todo.” Eu me afasto antes que
Sara possa sondar mais, mas posso ver pelo rosto dela que esta é a resposta
que ela esperava, mas que ela não está acreditando.

Provavelmente, ela ouviu dos irmãos de Danny que fugir seria


incomum para ele, que algo ruim provavelmente aconteceu, que Havoc é
muito responsável.
Porra.

As paredes parecem estar se fechando, mas eu ando pelo corredor, de


volta à aula do Sr. Darkwood. Ignoro Kali Rose completamente desta
vez. Afinal, ela não vale mais a minha energia. Cansei dela, para ser honesta.

Deslizo para o meu lugar e coloco minha caneta no papel.

Uma dança cuidadosa de meninos perigosos,

Uma coreografia em que cada passo perdido poderia partir um


coração,

Uma garota solteira com uma alma sombria como breu,

Com novos sonhos do tamanho da Via Láctea.

Olhos atentos e garras fechadas,

Uma guerra que só pode terminar em sangue,

Sexo e violência, amor e tristeza,

Uma lista, um jackpot, um teste distorcido de romance.

“Outro poema sobre mim, eu assumo?” Kali brinca enquanto passo


no final da aula com minha jaqueta Havoc de couro rosa. Pisco de surpresa
quando me viro para olhá-la com uma carranca no rosto. Há tanto tempo que
fico furiosa com ela, mas... ela sabe o que fez comigo. Eu sei o que ela fez
comigo. E ela vai pagar por isso; os meninos Havoc garantiram isso. Ela não
significa nada para mim agora.

“Acredite ou não,” sussurro depois de colocar meu poema na mesa


do Sr. Darkwood, e depois me viro para me inclinar sobre a de Kali. Posso
ver que ela não escreveu nada na sua própria página. “Você não representa
nada do que faço. Eu tenho tudo o que você sempre quis: o respeito dessa
escola, um corpo com o qual você só poderia sonhar e o amor de
Havoc.” Aproximo-me ainda mais e coloco meus lábios pintados de rosa
contra a orelha da Kali. “Então se foda, vadia. Eu cansei de você.”
Levanto-me e vou para a porta quando ela começa a gritar atrás de
mim.

Mas eu não estou ouvindo. Não ligo. Eu consegui foder Vic e Aaron
ao mesmo tempo, e foi glorioso.

“Ao mesmo tempo,” digo ao diretor Vaughn quando saio da sala de


aula, acendendo um cigarro e rindo da expressão confusa em seu rosto. Era
uma vez, eu quase tinha medo dele. De Kali. Do mundo. Não mais. “Da
próxima vez: todos eles. Cada um!” Seguro meu cigarro enquanto uivo, e
metade do corredor entra.

É melhor Vic trabalhar nessa coroa, porque estou aqui para essa
merda.

Além disso, eu posso ser uma poeta de merda, mas sou uma rainha
muito boa.

Todos os anos, a Prescott High realiza um baile absolutamente hilário


que os administradores têm a audácia de chamar de formal de
inverno. Existem algumas razões pelas quais o nome - e o conceito - são
muito engraçados.

Primeiro: não há um aluno na Prescott High que não seja pobre para
caramba. Estou falando, ruim do tipo você tem sorte se sua mãe trabalha
meio período na loja de conveniência por um salário mínimo. A ideia de
qualquer tipo de dança formal é estúpida, porque nenhum de nós pode
comprar as roupas necessárias para se adequar ao tema.

Segundo: nem sequer temos o orçamento alguns anos para


o baile. Ou homecoming. O único homecoming que eu já fui na Prescott é
aquele em que não fui. Aquele em que Kali usou meu vestido. A noite em
que eu transei com Aaron, mesmo que não devesse.

Terceiro: aqui é South Prescott. Você acha que alguém quer ir a uma
festa organizada pelos administradores? Você está brincando comigo? Nós
damos nossas próprias festas de merda.

Mas, mas, mas... Dito isto, nós todos esperamos a sexta-feira antes
das férias de Natal. De fato, reajustamos nossas tradições aqui na Prescott
High para que ‘formal de inverno’ seja agora conhecido coloquialmente
como 'Dia de Neve'.

Eis o que aconteceu: uma vez, no início dos anos 90, esse cara de pau
da Oak Valley Prep decidiu que queria participar de uma festa de
Prescott. Naquela época, os alunos de Prescott não permitiam que Fuller
High, Oak Valley ou qualquer outra pessoa participasse de suas festas. Você
teria que ser convidado por alguém que soubesse não apenas onde a festa
estava sendo realizada, mas também conhecesse alguém na porta, para que
você pudesse entrar.

Enfim, esse idiota muito rico comprou uma tonelada de cocaína,


levou-a para a festa em seu carro esportivo e usou isso como um suborno
para poder entrar ele e a seus amigos idiotas.

Desde então, temos tolerado outras escolas em nossas festas - desde


que elas se comportem. Ah, e desde que os pôneis de Oak Valley Prep levem
as mercadorias para o dia de neve. Eles também doam um monte de
dinheiro, para que possamos ter nosso ginásio decorado com um DJ,
comidas e decorações.

A única coisa que permanece no rachet são os alunos da Prescott.

No primeiro ano, usei um adorável vestido rosa que Penelope roubou


para mim do armário de Pamela. Mas no ano passado? Eu usei calça de
couro vermelha, um sutiã de couro preto e uma jaqueta jeans preta com
estiletos. Stacey Langford roubou um vestido de quatrocentos dólares de
Nordstrom, mas sua melhor amiga foi pega e perdeu a sua roupa. Ela veio
com suas roupas de ginástica, cabelo e maquiagem a rigor.
Para onde vou com tudo isso?

Bem, ao contrário do ano passado, tenho pessoas com quem posso


dançar no dia da neve. No primeiro ano, eu tinha Aaron, e não tê-lo nos dois
anos seguintes... isso me matou. Não ter Penelope por perto...
isso me destruiu. Ela era apenas um ano mais velha que eu, então, pelo
menos dessa vez, posso fingir que ela se formou e que meu último ano é
tudo o que deveria ser ...

Balanço a cabeça e esfrego as mãos no rosto.

Estou do lado de fora do corredor para o Estúdio C na Southside


Dreams Dance Company. A última vez que estive aqui, fiquei
furiosa. Joguei o iPad de Oscar na parede, quebrei o espelho, quase fodi com
raiva Callum Park... Ok, Bernie, foco, foco, foco. Faz apenas quatro dias que
Vic nos deu o aval.

Nenhum dos outros garotos me tocou desde terça-feira de manhã,


mas a tensão está começando a aumentar. Eu sinto isso todas as noites
quando rastejo na cama de Victor e o deixo me montar como um alfa no
cio. Ah! Abro as portas do estúdio e encontro Callum no chão no meio do
estúdio.

“Você vai me ensinar a dançar hoje?” Eu pergunto, coração


trovejando. Agora que sabemos que Sara Young está me seguindo,
precisamos ser extremamente cuidadosos com o que fazemos. Me tendo
vindo aqui para dançar, agora é uma ótima maneira de jogá-la para fora de
nossa trilha.

“Mais como... eu vou lhe mostrar como encontrar a dançarina dentro


de você,” Callum murmura, inclinando-se e dobrando o corpo ao meio. Ele
pressiona o peito nas coxas, as mãos em volta dos
pés. Impressionante. “Arrume-se e inicie a playlist no meu telefone.”

Concordo com a cabeça e vou até a frente da sala para vasculhar sua
mochila. Ele trouxe para mim uma legging rosa com um sutiã esportivo
correspondente e uma regata preta solta para passar por cima. As sapatilhas
de balé com as fitas também estão lá, apenas esperando para beijar meus
dedos e me levar pela pista de dança.

“Eu sinto que não o vi durante toda a semana,” eu digo, encarando o


espelho enquanto me despojo, vendo Cal levantar a cabeça do seu
alongamento para que ele possa me assistir de volta. Já estivemos aqui,
fizemos isso antes, mas agora... as coisas são diferentes.

Agora, ele é a única letra desse acrônimo sombrio que eu não fodi.

Agora, que Victor deu sua bênção e não há nada obscuro ou obsceno
nisso.

Então, por que diabos eu me sinto tão nervosa? Acho que ser
assediada por policiais na escola pode fazer parte disso. Ou pode ser porque
Sara Young me segue a toda a porra de onde eu vou agora. Mas... não é
nenhuma dessas coisas, é?

É porque Cal e eu sabemos que não estamos aqui apenas para dançar
hoje. Se estivéssemos, eu não estaria suando, e minhas mãos não tremeriam
enquanto coloco o sutiã esportivo sobre minha cabeça e faço o possível para
lutar com meus seios nele.

“Isso parece um torniquete para as minhas tetas,” engasgo, tentando


aliviar o clima. Callum ri e o som parece muito mais próximo do que deveria
ser. Quando levanto minha cabeça de repente para olhar no espelho, posso
vê-lo parado bem atrás de mim. “Jesus, Cal, como diabos você faz isso?”

“Fez o que?” Ele pergunta, inclinando a cabeça para o lado e sorrindo


para mim. Babaca. Ele sabe exatamente o que está fazendo e também gosta.

“Se moveu assim,” eu digo, me virando na minha nova


roupa. Callum me olha apreciativamente e depois me empurra suavemente
de volta para a cadeira de madeira perto do espelho. Quando ele se ajoelha
para me ajudar com as sapatilhas de balé, amarro meu cabelo em um rabo de
cavalo saltitante. “É como... você se teletransportasse ou algo assim.” Ele
pressiona a boca no meu pé e ri, de modo que o som reverbera por toda a
minha perna e direto na minha virilha.
Sim.

Oh sim.

Está acontecendo.

Eu preciso que isso aconteça. Uma parte de mim sente que o negócio
mais urgente com o qual Havoc tem que lidar agora é o seguinte: eu
reivindicando meus meninos. Falta um e tenho que fazê-lo meu. Eu só
preciso.

A sensação dos dedos de Callum quando ele desliza os sapatos cor de


rosa nos meus pés e amarra cuidadosamente as fitas é requintada, como a
abertura de uma música lenta e sensual destinada a dançar na chuva ou se
reunir após uma tragédia. A maneira como me toca conta uma história, uma
que eu nunca quero terminar.

“Hey Cal,” eu começo, pegando minhas calças descartadas do chão e


puxando meu brilho labial. Eu o aplico, mas apenas para que possa fingir
que não estou tramando aqui. Tenho certeza que ele sabe que eu estou, que
estou literalmente lutando pelo pau dele, mas posso pelo menos tentar ser
sutil, certo?

“Sim?” Ele pergunta de volta, levantando seu olhar cerúleo para o


meu rosto. Há cicatrizes em sua garganta que captam a luz de cima, ficando
prateadas enquanto ele se senta agachado para olhar para mim.

“Me desculpe se eu faço você se sentir parte do plano de fundo, ou se


eu te machuquei deixando Oscar-”

“Não,” ele diz, a voz muito mais firme do que o habitual. Esse tom
grave dele parece ainda mais forte, e eu tremo. “Eu gosto de estar em
segundo plano; Gosto de me sentar nas sombras. É onde me sinto
confortável.” Ele se levanta e estende a mão em minha direção. Um leve
sorriso cruza sua bonita boca rosada. “E Oscar é... bem, não posso dizer que
não estou um pouco ciumento, mas ele precisa de você, Bernie.” Cal faz uma
pausa enquanto levanto minha mão e a coloco na dele. Ele enrola os dedos
tatuados nos meus e me puxa para os meus pés. “Todos nós precisamos.”
Callum me segura por um momento antes de se afastar para iniciar
sua playlist. Ele espera até que eu me mova para o centro da sala antes de
começar. Assim que a música começa a sair pelos alto-falantes, eu sei o que
estou ouvindo.

É isso. A música que eu vou foder com Callum Park.

Redemption por Besomorph, Coopex e RIELL.

“Apenas siga-me,” ele ordena, e aqui, em seu reino, em seu domínio,


eu sou impotente para resistir.

Nós circulamos um ao outro, de cabeça baixa, olhares presos. Callum


é tão intenso; Eu faço o meu melhor para fazer o mesmo. É difícil
embora. Ele se mistura às sombras, se torna invisível e, no entanto... ele é
uma erupção esperando para acontecer.

Nossas sapatilhas sussurram no chão enquanto nos movemos juntos


em uníssono quase perfeito. Não é fácil, mas eu faço o meu melhor para
acompanhar seus passos. Callum pode sentir a batida de uma maneira que eu
nunca pude; ele entende muito mais sobre seu próprio corpo.

Sinto como se nunca tivesse realmente conhecido meu corpo. Afinal,


era difícil lembrar que realmente me pertencia. Muitas pessoas queriam tirar
isso de mim e usá-lo para si. Acho que meio que desconectei meu cérebro
disso tudo.

Callum dá um passo à frente e eu faço o mesmo, levantando minhas


mãos do jeito que ele faz. Pressionamos nossas mãos brevemente antes que
ele se vire e dê uma volta, estendendo a mão para mim. Olho para ele por um
segundo antes de me levantar na ponta dos pés e me segurar. Ele me puxa
para perto, até que estamos cara a cara, passando as pontas dos dedos ao
longo da borda da minha mandíbula. Tem suor escorrendo pelos lados do
rosto dele. Meu também. Estou encharcada nele.

Os braços dele envolvem minha cintura, levantando-me apenas


alguns centímetros do chão e depois virando a gente em outro círculo. Ele
me coloca no chão, mas apenas por um segundo, e então me levanta mais
alto, me pegando pela pélvis e nos virando em outro círculo.
Quando Cal deixa meu corpo deslizar ao longo do comprimento dele,
posso sentir a dureza de seu pênis sob o suor. Isso e seu espírito; é como se
nossas almas estivessem dançando ao mesmo tempo que nossos corpos,
roçando uma na outra e se separando. É assim que estamos há anos, eu e
ele. Juntos e separados, uma dança delicada de sentimentos e circunstâncias
que só agora vem à tona.

“Concentre-se,” ele respira enquanto meus dedos percorrem seu peito


nu. Eu me sinto tonta e estranha quando Callum me solta e faz uma série de
saltos e giros impressionantes, suas pernas subindo acima da minha
cabeça. Ele dança ao meu redor quando me viro, tentando manter meus
olhos nele o tempo todo. Ele se move tão rapidamente que não é fácil. Minha
respiração acelera, meu batimento cardíaco troveja, minha visão se reduz a
uma única picada de alfinete.

Ele está muito claramente se apresentando apenas para mim e só para


mim; essa dança é para nenhuma outra mulher.

Callum estende a mão novamente e desta vez, quando eu a agarro,


ele nos une para uma valsa formal. Seus pés encontram os meus,
empurrando-os para trás, puxando-os para a frente com pistas físicas
sutis. Ele vira a cabeça para longe de mim, forçando-nos a girar em círculo e
depois em outro. Outro. Outro.

Quando ele aperta minha mão direita com a sua, dedos entrelaçados e
segura meu quadril com a outra, ouço a queda da música chegando. Callum
endireita o braço, forçando-me a voltar e depois me puxando para frente. Ele
me joga de costas e varre o chão com meus cabelos, indo e voltando,
levantando-me novamente e agarrando minhas duas mãos.

Ele me desliza para a frente, minhas pernas entre as dele, até que
estou quase debaixo dele. Consigo manter meus músculos tensos, então me
movo como ele quer que eu faça. Cal me levanta de volta, me puxa para
perto e depois se ajoelha, me colocando debaixo dele, minhas pernas ainda
entre as dele.

Ele ondula seu corpo acima do meu várias vezes, minha mão direita
ainda trancada com a dele, seus olhos azuis nos meus.
Cal sai de cima de mim e depois se senta de joelhos, seu corpo agora
perpendicular ao meu. Desta vez, quando ele oferece a mão, eu rastejo até
ele. Ele me desliza pelo resto do caminho e envolvo minhas pernas em volta
da sua cintura.

Eu recuo e ele me persegue, montando em mim e olhando nos meus


olhos. Um pouco de suor escorre dele para mim, mas não me importo. Eu só
quero que ele me beije.

A música diminui novamente e Callum se afasta, se levantando e


dançando ao meu redor como se estivesse adorando algum altar escuro. Eu
apenas não esperava ser sua deusa perversa. Minha respiração enevoa o chão
enquanto eu rolo para o meu lado para observá-lo. Ele é tão sombriamente
bonito, tão distorcido e complexo. Por que não sei mais? É tudo o que eu
quero, saber tudo.

Ele volta para mim então, me levantando tão facilmente quanto se


pode respirar. Cal puxa meu corpo para o dele, me incentivando a moer
contra ele, nossos quadris se movendo juntos como se estivéssemos
fodendo. Estou além de encharcada, meus mamilos endurecem, meu coração
troveja.

“Callum,” murmuro, porque só o quero agora. Não deveria ter


demorado tanto tempo para ficarmos juntos de qualquer maneira. E eu
realmente, realmente deveria ter dormido com ele antes de Oscar. “Por
favor.”

Ele não me responde, passando as mãos pelos meus lados e depois


dando um passo à frente, para que eu naturalmente dê um passo para
trás. Callum segura minha cintura com as duas mãos, e eu recuo
naturalmente, deixando-me leve nos braços dele. Ele me deita de novo,
cobrindo meu corpo com o dele, ondulando em mim novamente.

“Se me custou meu corpo e meu futuro na dança estar com você,
tudo valeu a pena.” A música termina quando Cal pressiona seus lábios na
minha clavícula, sentindo o gosto da minha pele. Outra começa logo - desta
vez é o remix de “Sweet Dreams” de Besomorph - e o tom é perfeitamente
sombrio e sensual ao mesmo tempo. “Valeu cada osso quebrado,” Cal
sussurra novamente, sua voz rouca e baixa. Ele beija meu peito até chegar à
blusa encharcada de suor que estou usando.

Lá se foram as aulas de dança.

Parece que estou prestes a aprender uma outra coisa.

Cal tira a camisa com muito cuidado, deixando-me no meu sutiã


esportivo. Ele joga a blusa de lado e continua, sua boca arrastando beijos
pela minha barriga.

“Valeu a pena a minha voz,” ele continua, beijando ao longo da


costura nas minhas leggings. Ele começa a chupar e beijar meu clitóris
através do tecido, me levando absolutamente pela maldita parede enquanto
morde e brinca com os dentes. “Valeu minha inocência.”

“Pare com isso,” eu gemo, agarrando seus cabelos loiros. Assim que
meus dedos se enroscam naqueles fios dourados, Cal solta um gemido
gutural que me faz contorcer debaixo dele. O som é como o beijo da noite,
uma trufa de chocolate escuro que derrete na língua. De repente, é tudo o
que consigo pensar: como fazê-lo gemer por mim assim novamente.

Com as mãos trêmulas, abro o zíper do capuz e coloco meus dedos


em seu peito, provocando suas cicatrizes e depois esfregando meus
polegares sobre seus mamilos. Ele geme para mim novamente, apertando as
mãos sobre as minhas e me incentivando a tocar tudo nele, decorar todas as
cicatrizes, entender todas as imperfeições.

Mesmo isso, o que estamos fazendo juntos, parece uma


dança. Callum trabalha seu corpo para mim, esfregando contra mim, fazendo
seus músculos ondularem quando ele empurra e me esfrega em todos os
lugares certos com a dureza sob seu moletom.

“Toque tudo em mim, Bernie. Tudo de mim. É seu. Você pode


ter.” Ele coloca a boca no meu pescoço, beijando todos os lugares doloridos
que Vic e Aaron deixaram. Meus dedos parecem não parar de tocar nas
bonitas mechas douradas de seus cabelos, massageando seu couro cabeludo,
encontrando as cicatrizes na garganta. É por isso que ele tem essa voz, esse
toque sombrio e assustador de ameaça que combina com o seu espírito.
Cal nos rola, para que eu fique por cima, deslizando as mãos pela
minha cintura. Tiro o sutiã esportivo para ele porque, sejamos honestos, é
como lutar com duas pedras para libertar esses peitos. Uma das desvantagens
de ter seios grandes. Francamente, eu sinto que os benefícios valem a pena,
especialmente quando os olhos de Callum se iluminam e ele coloca o par em
suas mãos.

“Eu quero ver você se mover para mim,” ele me diz, e meus
músculos do estômago se contraem em antecipação. Posso senti-lo duro
embaixo de mim, seu pau lutando pelo que é simplesmente tentadoramente
fora de alcance. Levantando minhas mãos para cima e para os meus cabelos,
eu começo a montá-lo, balançando meus quadris no ritmo da música
enquanto ele olha para mim. Desta vez, sou eu quem está realizando, um
show destinado apenas a esse homem. “Olhe para você,” ele sussurra, a voz
tensa. “Você não precisava de aulas, não é? Você se move como se tivesse
sido feita para fazer isso.”

Moo com mais força, me movo mais rápido, colocando minhas mãos
no peito dele, cravando minhas unhas naquelas cicatrizes de prata. É melhor
que ele nunca me diga os nomes dos garotos que fizeram isso com ele,
porque eu os matarei. Ele diz que tomou o suficiente deles para ficar
satisfeito, mas eu não estou. Eu quero transformá-los em pó debaixo dos
meus pés.

“Oh, Bernie,” Callum geme, e o som é o mais perfeito de todos os


pesadelos. Sempre que fecho meus olhos, poderei ouvi-lo. Está gravado no
meu cérebro. Mais forte, mais rápido, mais. Movo meus quadris até Cal
gritar debaixo de mim, suas mãos travando nos meus quadris quando ele
goza em sua calça de moletom, sua pélvis empurrando para encontrar a
minha.

Ofegando, olho para ele enquanto ele sorri para mim.

“Desculpe por isso,” ele murmura, mas não há desculpa


nenhuma. Foi muito quente. Sempre que eu conseguir que um garoto
estrague suas calças para mim, é uma vitória. Apenas... desde que ele não
tenha terminado...
Callum Park

Eu não terminei com Bernadette Blackbird, só porque gozei.

Em vez disso, eu nos viro para eu ficar por cima. Ela estende a mão
para tocar minha bochecha e eu pressiono meu rosto em sua pele.

“Eu sou seu monstro,” digo a ela, e quero dizer cada


sílaba. “Comande-me como você escolher.” Bato minha boca na dela,
provando sua dor e adorando. Eu quis dizer isso quando lhe disse que a dor é
bonita para quem tem muito. Deve ser; tem que ser. É um mecanismo de
defesa para a alma. Bernadette Blackbird está nadando na dor; é essa tristeza
e melancolia que faz os laços que nos unem.
“Foda-me,” ela geme, e ela é muito sortuda porque somos jovens e
estou desesperado por ela, e não faço sexo há quase seis meses. Estou pronto
para isso. Meu corpo parece se mover por conta própria, como costuma
fazer, como se soubesse melhor do que eu o que virá a seguir. Funciona da
mesma maneira com dança ou violência; Eu apenas vou. Meus músculos,
meu sangue e meus ossos, eles sabem melhor do que meu cérebro, parece.

“Sim, senhora,” murmuro, meu corpo ganhando vida ao seu


comando. Tão rapidamente quanto posso, tiro minhas calças e meu capuz,
arrancando suas leggings e as jogando de lado como se elas me
irritassem. Minhas mãos adoram sua carne macia, meus lábios sua boca
exuberante, meu pau sua doce vagina. Ela me acaricia com seu corpo, pernas
enroladas em volta de mim, mãos no meu cabelo. Depois disso, tenho
certeza de que nenhuma outra mulher poderá me tocar.

Bernadette acaba de se inserir nos olhos de um monstro, e não há


como escapar disso. Se ela fugisse de mim, eu a seguiria a distância e
cuidaria dela. É a única maneira que sei como me comportar, a única coisa
que entendo. Estou confiante de que nasci um pouco quebrado e depois me
tornei o que sou agora pelo mundo.

Definitivamente.

Fodo Bernadette na pista de dança do meu estúdio até que ela esteja
gritando, arranhando-me, se afogando em meus beijos. Até que ela seja
definitivamente, certamente minha.

Por um tempo depois, ficamos deitados e ouvimos minha playlist. É


bastante sombria, definitivamente danificada; isso me reflete perfeitamente.

Olho para o teto com ela embrulhada no meu braço esquerdo, a


cabeça no meu peito. Sua respiração diminui o suficiente para que eu saiba
que ela está realmente dormindo. Mesmo que meu corpo doa muito deitado
no chão duro, eu não me mexo. Vou sacrificar o que for preciso para mantê-
la feliz.

Todo mundo precisa de um objetivo na vida, não é? Um


sonho? Como os nossos que foram tirados de nós, um por um, acho que
todos pegamos essa garotinha doce que precisava de nós e a transformamos
em uma obsessão.

Quase sinto pena de Bernadette, estar à mercê de Havoc.

“Jesus,” ela geme um pouco mais tarde, sentando-se e piscando sexo


e sono dos olhos. “Há quanto tempo eu dormi?”

Eu sorrio para ela.

“Não muito,” eu respondo, sentando-me ao lado dela. Nós dois


estamos nus, mas isso não importa. Ninguém ousaria me incomodar aqui
enquanto a porta está trancada. Se o fizessem, nem mesmo Deus poderia
salvá-los. Minhas mãos coçam para derramar sangue, mas suprimo essa
necessidade afastando os belos cabelos de Bernie de seu rosto. “Você quer
tentar dançar um pouco antes de sairmos?”

Ela olha para mim, corando um pouco e olhando para longe. Como
se o rubor a irritasse, ela estreita os olhos pro chão, ganhando controle de
suas emoções antes de voltar a olhar para mim novamente.

“Na verdade, eu gostaria disso,” ela diz, encolhendo os ombros e se


forçando a sentar. “Mas talvez você também possa me ensinar como se
mover nas sombras do jeito que faz?”

Arqueei uma sobrancelha, sentando-me ao lado dela e sorrindo com a


ideia de qualquer um dos outros instrutores ou estudantes pegando nossos
rostos corados no caminho para o banheiro para nos limpar. Isso deve ser
divertido.

“Como se mover nas sombras, hein?” Eu pergunto, pensando no


assunto por um minuto. Realmente nunca me ocorreu que isso era uma
habilidade de qualquer valor. É apenas algo que sempre fiz, tentei me mover
sem ser visto ou ouvido. É melhor assim, não é? Outras pessoas raramente
têm boa vontade em seus corações nesta parte da cidade, por isso é melhor
assumir que a violência está no elenco. “Sim, eu poderia fazer isso. Você terá
que ter paciência comigo; isso será uma experiência de aprendizado para nós
dois.”
“Bem, você é um professor,” ela diz, me dando um olhar severo que
rapidamente se transforma em outro sorriso. Uma pontada atinge meu
coração, me fazendo expirar surpreso. Eu acho... que Bernadette realmente
gosta de mim. E quero dizer algo além da luxúria, ou o fato de voltarmos
atrás, ou mesmo nossa natureza obsessiva. Não, ela olha para mim e me faz
sentir como uma pessoa, não apenas como um dançarino desonrado. Não
apenas o C em Havoc. Mas Callum Acosta Park. Um humano. “Um safado
que gosta de brincar com os alunos, aparentemente.”

“Oh, você não tem ideia do que eu quero fazer com você,
Bernadette,” eu digo, ainda sorrindo, enquanto minha voz escurece com
luxúria. “Devo ensiná-la a esconder uma faca da segurança? Esse é um dos
meus jogos favoritos, para ver que tipo de armas posso levar para dentro da
Prescott.”

“Por favor, pelo amor de Deus, sim. Tenho a sensação de que vou
precisar de uma arma nesses corredores em breve. As coisas estão prestes a
melhorar, não estão?” Concordo com as palavras dela, mas espero que ela
possa ver que não tenho medo.

Nós vamos sair dessa vitoriosos; Estou certo disso.

“Bem, então, vamos te limpar e começar. A esgueirar-se e a merda


sobre a faca, acho que você não terá problema. A dança... pode se
transformar em mais sexo. Não tenho certeza se posso ensiná-la
adequadamente, sem sucumbir a todas as coisas escuras e sujas que quero
fazer com você.”

“Levante-se, Cal,” Bernie começa, mas quando ela tenta se levantar,


eu a agarro e a arrasto de volta ao chão para mais uma rodada.

Se ela estiver muito dolorida para praticar depois disso, não poderei
culpá-la.

Nem um pouco.
Quando Bernadette e eu saímos do estúdio de dança, encontramos
Oscar nos esperando.

“Você está aqui sozinho?” Eu pergunto a ele, minha mochila


pendurada no ombro, meu corpo doendo em todos os seus lugares
quebrados. No dia em que perdi minha carreira de dança, também perdi a
chance de uma vida sem dor. Tudo em mim dói, o tempo todo. Eu tenho
pinos de metal nos meus ossos; Tenho partes que não curaram direito. E eu
não quero dizer apenas meu coração. Isso curou de uma maneira muito
distorcida, muito estranha.

Sim, mas Bernie ama você do jeito que é. Se foi preciso perder tudo
para tê-la, então você ganhou muito, Cal.

“Eu não preciso de uma escolta,” Oscar brinca, exibindo as regras de


Havoc como ele sempre faz. Ele acha que é invencível. Bem, ele vai achar
até que um dia ele apenas... não seja. Foi assim que descobri minha
mortalidade: perdendo minha invencibilidade. Sorrio, porque parece assustar
as pessoas quando faço isso. Talvez eles possam sentir que estou
sempre bem perto de enlouquecer?

“Por que você está aqui?” Bernie morde, o cabelo ainda um pouco
emaranhado, o rosto ainda um pouco corado. Ela olha na minha direção e
posso sentir meu sorriso se transformando em algo mais sombrio, mas com
mais significado. Ela me ilumina por dentro de uma maneira que não
consigo explicar. Suponho que algumas coisas não exijam explicação; elas
simplesmente são. Isso é Bernadette para mim. Eu sempre a amei, mas
parece bastante autoexplicativo sobre o motivo.

Ela é forte. Ela tem convicção. Ela age como se não se importasse
quando se importa muito.
Além disso, ela é minha agora, como eu sempre quis.

Olho para Oscar e encontro seus olhos cinzentos estreitados. Ele sabe
que acabamos de foder; Eu sei que ele sabe.

“Sim, acabamos de fazer sexo pela primeira vez. E adivinha?” Ela


pergunta, inclinando a cabeça levemente para o lado. “Callum não se
levantou e fugiu.”

Eu solto uma risada e os dois pulam um pouco. Bastante


impressionante, devo dizer, obter uma reação de Oscar. Ou eu realmente sou
um monstro maior que ele, ou então Bernadette o desestabilizou tanto que
ele está cometendo erros.

“Que adorável para vocês dois; Vou começar a planejar sua futura
cerimônia de compromisso.” Oscar se volta para mim com uma carranca
aguda gravada em seu rosto. Acho que ele deveria dizer a verdade a
Bernadette, sobre ser virgem e o que diabos é isso. Quero dizer, se o que
Hael disse é realmente verdade. Ele não confirmou nem negou.

Meu corpo coça com a necessidade de se mover, mas eu tive muita


prática em ficar parado também. Todas aquelas noites no telhado de Bernie,
meus dedos pressionados na janela dela, meu coração na garganta. Hoje,
tornamos oficial. Hoje, cimentei o fato de que sou definitivamente o
personagem que tem que morrer. Eu faria isso felizmente também, me
sacrificando para mantê-la segura.

Seria uma honra.

Eu rio e o cenho de Oscar fica ainda mais profundo.

“Precisamos comprar roupas, para o baile de inverno,” ele diz, como


se a própria ideia de ir ao baile depois da festa o faz querer jogar o corpo
dele de um penhasco. “Mal posso esperar até nos formarmos, e esse absurdo
ficar para trás.”

“Oh, vamos lá,” eu digo com um sorriso, jogando um braço em volta


dos ombros de Bernie e aproximando-a para que eu possa sentir seu cabelo
doce. Pêssegos e couro, esse é o seu perfume exclusivo. Eu poderia existir
apenas com o cheiro dela, com o brilho de seu sorriso, com o balanço
atrevido de sua caminhada. Estou verdadeiramente apaixonado por ela,
provavelmente a ponto de uma obsessão doentia, mas ninguém precisa saber
disso, agora precisa? “Isso pode ser divertido. Podemos mostrar nossa
garota, fazer alguns calouros se mijarem, talvez matar alguns amigos do
Mitch nas sombras.”

Oscar não parece divertido com a minha piada.

“Estamos indo para uma loja real desta vez?” Bernadette pergunta,
aconchegando-se mais perto de mim. Oscar nos observa com um ciúme
ardente em seu olhar, que disfarça com um olhar de indiferença mordaz. “Ou
o trailer de alguma mãe adolescente?”

“Vamos roubar o que precisamos,” Oscar explica, virando-se e


descendo a calçada como ele espera que sigamos atrás dele. Hmm. Olho para
Bernadette no mesmo momento em que ela olha para mim.

“Ele está quebrado por dentro ou algo assim?” Ela pergunta, e eu dou
de ombros. Tenho vontade de reuni-la no meu capuz, aconchegá-la nas
dobras e matar qualquer um que ouse olhá-la errado. Por que não faz isso
então, Cal? Você não precisa mais se segurar. Ela está pronta para ver
quem você realmente é. Aproximo Bernie, envolvendo-a em meus braços e
colocando minha cabeça em cima da dela, para que ela fique completamente
embrulhada, completamente protegida.

“Se ele está, isso importa?” Eu pergunto, mas ela não responde. Eu
sei o que ela diria, se ela se desse ao trabalho de me dizer a verdade: não,
não faz. Porque nós somos o coração dela, assim como ela é o nosso. Nós
batemos e sangramos juntos. “Vamos lá, vamos acabar logo com isso, para
que possamos voltar para Aaron e foder um pouco mais.”

Bernie me bate no peito, mas é um tapa brincalhão. Quando ela estica


os dedos para brincar com as cicatrizes na minha garganta, eu a deixo. Só ela
pode tocá-las. Elas são apenas para ela.

Pego um pequeno pacote de alcaçuz vermelho do bolso e mordo a


ponta de um pedaço.
“Você gosta de lanche, não é?” Ela pergunta, e dou de ombros.

“Se meu corpo não está se movendo, minha boca pode muito bem
estar.”

Ela ri, dando um passo ao meu lado enquanto descemos a calçada


atrás de Oscar. Enquanto caminhamos, eu mantenho meu olhar em
movimento, procurando por qualquer coisa que esteja fora do lugar. Se a
Charter Crew chegar sobre nós, eu saberei. Não haverá carro em movimento
atirando em nós enquanto eu ainda viver e respirar.

“O que você acha que vai vestir para o baile?” Ela pergunta, torcendo
a última palavra em sua língua como a piada irônica que realmente
é. Baile? Prescott High? Nah ah. De jeito nenhum.

“Um moletom com capuz e shorts?” Eu pergunto com um encolher


de ombros solto. Mas então... “Ou, realmente, é isso que eu sempre
usei. Quero fazer melhor para você neste momento. Em que você me quer?”

“Eu posso escolher sua roupa?” Ela pergunta animadamente, e eu


dou de ombros. Usei um smoking para o casamento dela, apesar de sentir
que o tecido estava me sufocando. Prefiro roupas em que posso me mexer.
Não me importo se estou dançando, fodendo ou derramando sangue. Sempre
faz mais sentido escolher o prático do que a estética.

“Qualquer coisa que você quiser,” eu digo, colocando a mão sobre o


meu coração. Oscar faz um som de aborrecimento, mas não vejo por que ele
está tão salgado. Se ele pudesse se abrir e contar a Bernie todos os seus
segredos, ele veria por que todos nós precisamos tanto dela. Ela está aqui
para acariciar nossos demônios, prende-los em submissão, beijá-los em
fidelidade. Por que Oscar não pode ver isso? Sempre pensei que ele era um
homem inteligente. Hoje nem tanto. “Desde que não inclua lantejoulas,
glitter ou tule. Eu usava muitas roupas bonitas de dança quando criança; Não
aguento mais essa merda.”

“Ok,” Bernie responde com um sorriso feroz, jogando seus cabelos


loiros com pontas rosadas por cima do ombro. Meus olhos se arrastam para a
forma do pescoço da blusa e o tentador pedaço de decote. “O que? Agora
que fizemos sexo, você me olha como um pevertido o quanto quiser?”

“Quero dizer, não vejo por que não...” Dou de ombros, arrancando
outra mordida de alcaçuz quando Bernadette dá um tapa no meu braço. Não
há nenhum lugar por aqui que valha a pena caminhar, então não fico
surpreso quando Oscar nos leva por um beco estreito e vai até o Camaro de
Hael.

Ele está batendo as mãos no volante e cantando muito alto, e muito


fora do tom para eu fazer qualquer coisa, exceto rir.

“E você nos deixou pensar que veio sozinho?” Eu brinco com Oscar
quando ele abre a porta do passageiro e se afasta, como se ele fosse tão
estoico e imóvel quanto ele quer que acreditemos. É tudo mentira, e me
pergunto se ele se cansará de carregá-la. Por mais idiota que ele possa ser às
vezes, ele também é meu irmão; Eu me preocupo com ele.

“Você só assumiu; Eu nunca confirmei ou neguei.”

Bernadette suspira, e noto que Oscar dá outro passo para trás para
garantir que ele não esteja ao alcance dela tocando-o. Sei que ele não gosta
de ser tocado, então o fato de ele deixá-la fazer isso é impressionante.

“Ei, ei,” Hael diz, sorrindo enquanto subimos no banco de


trás. “Como foram aquelas 'aulas de dança'?” Ele faz pequenas aspas com os
dedos e depois ri, como se não fosse o viciado em sexo no carro.

“Você está com ciúmes por eu não ter convidado você para se juntar
a nós,” eu respondo, inclinando-me entre os bancos da frente e colocando
um cotovelo em um dos meus joelhos. “Mas você sabe que sempre será meu
doce amor, não é, Hael Harbin?”

“Aww, você sabe disso,” ele ronrona, dando uma olhada no retrovisor
para Bernie. “Você está bem com isso? Se eu e Cal fugirmos juntos e eu o
colocar em um lindo vestido de noiva branco.”

“Por que tem que ser branco?” Bernie brinca de volta e Hael
bufa. Oscar faz uma careta para nós quando entra, como se ele não tivesse
tempo de agir como a idade. Ele completará dezoito anos em janeiro, mas
age como se estivesse no final dos anos noventa ou algo assim, à beira da
morte e acabado com sua vida. Odeio vê-lo assim. Agora que Bernadette está
aqui, é hora de ele ajustar essas expectativas. Ele deve a ela pelo menos
tentar.

“Merda, você está certa,” Hael diz quando ele vira o carro e
cuidadosamente nos leva até o final do beco. Acho que ele está estacionado
aqui para ficar fora da vista de Sara Young. Verificamos diariamente todos
os dispositivos de rastreamento GPS no carro, mas até agora tudo bem. Pode
não ficar assim por muito tempo. “Vermelho seria melhor para mim e
Callum, em homenagem a eu ser um prostituto e tudo isso.” Hael nos puxa
para a rua e começa a ir na direção do bairro Fuller.

Fuller é um bairro muito mais fácil de roubar do que Oak River


Heights ou Oak Park, os dois bairros mais elegantes da cidade. É agradável,
de classe média e descontraído. Muito fácil.

“Pare de se chamar prostituto,” Bernie ordena, olhando pelo espelho


retrovisor e tentando encontrar os olhos de Hael. “Você é meu agora; esses
dias acabaram.” Ele ri dela, mas ele não discute. Por que ele deveria? Tudo o
que Hael Harbin já desejou é Bernadette. O mesmo que eu. O mesmo que
Vic ou Aaron ou até Oscar.

Estamos no modo final de jogo agora.

Só precisamos terminar a lista dela, recuperar a escola, consumir a


cidade.

A herança de Victor nos dará os meios para fazer exatamente isso.

“Podemos tomar chá de bolhas enquanto estivermos fora?” Eu


pergunto, sentindo meu estômago roncar dolorosamente. Adoro comida e
lanches, mas quando estamos na escola, tento ficar com Pepsi e cigarros para
almoçar a maior parte do tempo. Ajuda com a imagem, sabe? As pessoas
olham para mim e Oscar e se perguntam por que nunca comemos, se somos
humanos.
“Chá de bolhas? Essa é a merda mais fresca que eu já ouvi na minha
vida,” Hael bufa, e Bernadette lhe dá um tapa na nuca.

“Acontece que eu gosto de chá de bolhas, e não sou nada fresca,


agora sou?” Ela retruca, chegando mais perto de mim e colocando a mão no
meu joelho. Eu me vejo hipnotizado pela maneira como seus dedos traçam
as cicatrizes ali, intimamente, com amor. Meu pau endurece em minha
bermuda, mas apenas me inclino para trás e entrelaço meus braços atrás da
cabeça, não querendo que ela pare o que está fazendo.

“Você não é, não,” Hael diz, tecendo-nos através de ruas suburbanas


e tranquilas, em vez de ruas principais. Dessa forma, é muito mais seguro,
mais difícil para alguém nos seguir ou prever nossa rota. “Mas Callum
costumava ser. Uma bailarina tão bonita, estou certo?”

“Eu ainda posso chutar sua bunda,” eu respondo com um sorriso, o


que é verdade. Nós dois sabemos que é. Os pontos fortes de Hael estão em
outras áreas: explosivos, carros, quantidades aparentemente intermináveis de
bom humor.

“Ponto justo,” ele diz, enquanto Oscar descansa casualmente um


cotovelo na porta e olha pela janela como se preferisse estar em qualquer
outro lugar, menos aqui. “Então, Bernie, me diga: que tipo de vestido você
quer para essa dança idiota? Pessoalmente, eu gostaria de passar a noite
inteira cheirando cocaína, mas acho que isso não vai acontecer.”

“A menos que consigamos subjugar todos os inimigos que tivermos


nas próximas duas semanas,” digo, observando as unhas pretas de Bernie
com suas pontas em forma de caixão acariciarem minha coxa. Puta merda,
eu poderia me acostumar com isso. Nossos olhos se encontram, e eu a puxo
para o meu colo. Abraçar não é algo em que fiz muito, mas estou disposto a
aprender. “Porra, você cheira bem.”

“Eu poderia dizer o mesmo para você,” ela sussurra de volta,


aparentemente feliz por eu continuar segurando-a. Uma das mãos dela
desliza para cima e para baixo da parte de baixo do meu capuz, acariciando
meus abdominais inferiores. Se ela não tomar cuidado, provavelmente vou
gozar de novo nas minhas calças. “Vamos pegar algo curto e divertido,” ela
diz finalmente, deixando escapar um longo suspiro. “Algo rosa. Essa era a
cor favorita da minha irmã.”

Há um longo momento de silêncio que segue sua declaração.

Não há um homem naquele carro que não sinta que falhou com
Bernie ao deixar Penelope morrer.

“Não acho que ela tenha cometido suicídio,” Bernadette diz,


enquanto Hael encontra uma vaga de estacionamento no centro de Fuller. É
movimentada com pessoas de aparência ridiculamente normal, pessoas que
me parecem manequins, tão perfeitas e sem dor. Isso, ou eles são realmente
bons em esconder isso. A rua inteira está cheia de luzes e guirlandas de
Natal, lembrando-me que o Natal está a menos de três semanas. É o feriado
menos favorito da minha avó; ela fica estranha no Natal.

Será que foi porque ela matou minha mãe nessa época do ano?

Quem diabos sabe?

“Você acha que Neil a assassinou?” Hael pergunta, mas agora que
Neil Pence está enterrado a um metro e oitenta de profundidade, seria quase
impossível que alguém soubesse a verdade. Ou seja, a menos que Sara
Young saiba algo que não sabemos.

“Eu não tenho ideia,” Bernadette diz, afastando a mão de mim e


caindo em sua dor ao mesmo tempo. Eu não vou deixá-la embora; um bom
dançarino sempre impede que seu parceiro caia no chão. Meus dedos
agarram seu queixo, e eu coloco meus lábios nos dela, beijando-a lento,
longo e profundamente.

“Se você quiser começar a procurar mais informações, eu


ajudarei. Talvez nunca saibamos agora que Neil se foi, mas certamente
podemos tentar.” Olho nos olhos dela enquanto falo, esquecendo por um
momento que há mais alguém ao nosso redor. A expressão em seu rosto faz
todas as coisas horríveis que eu já tive que fazer valer a pena.

“Obrigada. Posso começar a brincar de detetive,” ela diz, e então


Hael está abrindo a porta do carro e gesticulando para fora com um grande
movimento de seu braço.

“Escolha uma loja,” ele diz enquanto Oscar fica parado por
perto. “Qualquer loja, e vamos roubá-la.”

Bernadette sorri, olha em volta por um momento e depois aponta


uma boutique no final da rua.

“Aquela,” ela diz, e depois passa as próximas horas nos mostrando


que seus dedos são tão grudentos quanto qualquer outro em Havoc.

Saímos daquela rua com quase dois mil dólares em mercadorias, um


lindo vestido rosa e sapatos que fazem meu pau tão duro que dói. Oscar
quase não diz nada, mas observa Bernie. Sempre assistindo…
Bernadette Blackbird

No domingo, envio uma mensagem para a policial Young para que


ela saiba que tenho uma hora livre antes que meu marido precise do
jantar. Reviro os olhos. Ter que fingir que sou uma vaca fraca, tremendo
diante do poder de Havoc, é irritante. Odeio cada segundo disso.

“Bernadette,” Sara diz enquanto abre a porta e sorri para mim. É


preciso o poder de cada molécula na porra do meu corpo para forçar um
sorriso de volta. Por que você está me seguindo, mulher? Que porra é
essa? “Entre.”

Concordo e entro na casinha de cheiro doce de Sara. Ela é claramente


uma fã do Hobby Lobby - foda-se essa loja e tudo o que ela representa -
porque há decorações em todas as superfícies disponíveis e amontoadas em
todas as paredes brancas do local. Você sabe o tipo, aquelas que
dizem Beautiful Disaster ou God Bless This Mess. Eu engasgo um pouco,
mas consigo manter minhas coisas juntas.

Este lugar é literalmente o oposto de tudo que eu sei.

Tem uma pequena sala de estar formal à minha esquerda, uma sala de
jantar à direita e um corredor que leva ao que provavelmente é o único
quarto e banheiro no local. Sara me direciona, e vejo que a cozinha está
semiaberta para a área de jantar.

“Sente-se,” ela me diz, apontando para os bancos brancos em frente à


ilha da cozinha. “Eu vou fazer um chá para você.”

“Café, se você tiver,” eu digo, e ela me dá um olhar muito


paternalista.

“A cafeína não é boa para os adolescentes, Bernadette; você não


terminou de crescer.”

Eu apenas olho para ela.

“Uh,” eu começo, tentando descobrir como me explicar sem parecer


uma boceta furiosa. “Uma vez fiquei trancada em um armário escuro por
uma semana com um balde, um pouco de água engarrafada e algumas barras
de granola. Não tenho certeza se dou a mínima para os efeitos da cafeína no
meu cérebro em crescimento.”

Sara apenas olha de volta para mim, e esse abismo se aproxima entre
nós, um que me mostra exatamente o quão difícil será para eu me conectar
com ela. Ela gosta de sinais inspiradores e acha que o café não é saudável
para crianças em crescimento, e eu atirei no ombro de Billie Charter durante
um passeio na segunda-feira.

Hmm.

“É algo que você quer falar?” Ela pergunta, largando a cafeteira


inteira e começando uma panela sem avisar. Percebo que ela compra café do
Starbucks e franzo a testa ainda mais. Por favor. O café em South Prescott é
o próximo nível; nenhum café corporativo poderia competir.

“Na verdade não,” eu respondo, tentando manter minhas mentiras no


mínimo. Meus olhos percorrem a cozinha fofa e pequena, com a influência
de Joanna Gaines, até uma porta externa que leva a um pequeno deck. Como
não tem árvores, tudo o que vejo são os lados das casas do vizinho, todos em
tons pastel. Me viro para Sara, ansiosa para perguntar por que ela pensou em
começar a nos seguir. Não tenho certeza se devo saber que ela estava lá ou
não, e não revelarei minha mão tão facilmente. “Principalmente, eu esperava
que você tivesse boas notícias sobre o Coisa?”

“O Coisa?” Sara ecoa, servindo pra nós uma caneca de café


fumegante.

Minha xícara diz que coisas boas vêm para aqueles que esperam do
lado dela. Olho para isso em vez de Sara enquanto respondo, desconfortável
como a merda no horrível vestido amarelo que Oscar me fez usar. O olhar de
puro triunfo em seu rosto quando ele me entregou me fez querer estrangulá-
lo novamente. Ou deixá-lo estrangular você, sua pervertida.

Tomo um gole de café preto e Sara fica completamente imóvel,


congelada com seu recipiente de creme de cana de açúcar posicionado sobre
sua xícara.

“Você bebe preto?” Ela pergunta, claramente surpresa.

“Você bebe cheio de xarope de açúcar quimicamente composto?” Eu


respondo de volta, e ela coloca o recipiente no chão.

“O que 'coisa' significa, Bernadette?” Ela pergunta, e percebo que ela


teve o cuidado de me chamar de Bernadette apenas depois que eu corrigi
Constantine por dizer Bernie.

“Desculpe, Neil,” eu corrijo, tomando outro gole de café. “Ele não é


digno de um nome, na minha opinião. Mas tenho certeza de que você pensa
nele de forma diferente.”
Desta vez, é a vez de Sara apenas olhar para mim, como se ela
estivesse tentando testar minha coragem.

“Seu padrasto é... um homem complexo,” ela me diz, como se


estivesse tentando ter cuidado com suas palavras. Sara pousa sua caneca -
está coberta de borboletas brilhantes, nojo - e suspira pesadamente. “Olha,
Bernadette, quero lhe contar uma coisa, supondo que você seja madura o
suficiente para lidar com isso.”

Oh, aqui vamos nós. Ela está tentando desempenhar o difícil papel
de salvadora comigo. É além de irritante. Claro, Sara Young é legal o
suficiente, mas ela não me entende nem nada da minha vida.

“Bata-me com o seu melhor tiro,” eu digo, meus lábios tremendo


quando me lembro de ouvir Pat Benatar na Ferrari com Hael. Essas
lembranças me deixam quente e suada, e eu realmente não quero lidar com
calcinha molhada agora. Devo beber café. “Deixe-me adivinhar: você estava
transando com ele também?”

Sara recua como se tivesse levado um soco no estômago.

“Ele é casado com sua mãe,” ela assobia, claramente furiosa. É óbvio
pela expressão dela que não é que ela não acredite que Neil traía, só que ela
nunca iria dormir com um homem casado. Dou de ombros e Sara exala
bruscamente. Estou acabando com sua paciência. “Querida, ele me disse
que, se algo acontecesse com ele, seria você quem fez.”

Faço uma pausa, então, a caneca de café apertada entre minhas mãos
tatuadas. Minhas unhas são pretas foscas agora, com pontas de caixão. Eu fiz
uma das garotas de Stacy Langford fazer elas na sexta-feira antes de
encontrar o Cal em seu estúdio. Antes de ele me foder no velho armazém
com o seu corpo magro de dançarino, seus músculos suados sob as minhas
mãos, suas cicatrizes ásperas, mas intrigantes.

Jesus.

Não estou seguindo muito bem essa regra de Não molhe sua
calcinha.
“Ele disse a você...” Eu começo, depois coloco minha caneca e
começo a rir. Neil, seu filho da puta. Um último viva do túmulo, hein?

Ele simplesmente não poderia morrer em paz, poderia? Juro por


Deus, sinto seu espírito maligno agarrado aos meus ombros e cravando
garras com ponta de obsidiana na minha pele. “Você nunca estará livre de
mim, Bernadette; Vou assombrá-la até o dia em que você morrer como um
cachorro na sarjeta.”

Pela mesma razão que Neil não se mataria com a faca que Aaron lhe
deu, ele também não pôde fazer a transição para as profundezas do inferno
sem deixar algumas pepitas de besteira para trás para eu lidar.

“Que louco paranoico,” murmuro quando finalmente consigo me


controlar. Desta vez, não olho para Sara, olhando para um gato siamês
marrom e creme que está sentado perto e olhando para nós. O gato parece
irritado para ser honesta, batendo a cauda violentamente. Isso me lembra
Oscar. Outro gole de café. “Eu me declaro inocente de todas as acusações.”

“Bernadette, estou tentando ajudar aqui,” Sara diz enquanto olho


para ela. Ela está usando esse gloss rosa pálido que parece pertencer aos
anos noventa. “Eu sei que você não machucou seu padrasto, mas você não é
uma loba solitária, agora é?”

Solto um pequeno uivo e sorrio.

“Grite 'Havoc!',” Murmuro, percebendo que ela deve ter ouvido os


uivos nos corredores durante a última semana. Eu comecei uma
tendência. Olhe para mim nisso. “É isso que você está sugerindo? Que meu
marido ou um dos meus namorados possa ter algo a ver com o
desaparecimento de Neil?”

“Um dos seus namorados?” Sara pergunta, como se a terminologia a


estivesse confundindo. Eu deveria ter dito, um dos meus
namorados ou Oscar Montauk, porque ele ainda não age como se quisesse
algo comigo fora de transações comerciais estritas. “Namorados. Entendi.
Amigos homens.”
“Não, não, como garotos com quem você faz sexo e passa um tempo
e, se você gosta desse tipo de coisa, espera ter filhos em algum
momento.” Termino meu café e passo a caneca de volta. Sei que estou sendo
uma merda sarcástica, mas não posso evitar. Não tenho uma mãe para trocar
piadas verbais, nenhuma amiga. É divertido sair com outra mulher de vez em
quando. A energia é diferente. “De qualquer forma, eles não fizeram
nada; eles não fariam.”

Sara suspira e bate as unhas francesas bem cuidadas no balcão. Elas


estão cortadas, mas são claramente feitas recentemente.

“Olha, eu vou direto ao ponto aqui,” Sara começa, e a mudança de


tom faz com que eu congele. Ela está olhando diretamente para mim, seus
olhos azuis muito mais claros que os de Callum, quase pálidos demais para o
meu gosto. “Não estou dizendo que você não tinha motivos para querer Neil
ferido ou morto. Estou lhe dizendo que acredito em você, Bernadette. Não
fui a parceira de seu padrasto por muito tempo, mas havia coisas que ele fez
que me fizeram pensar se ele estava na polícia pelas razões certas.”

“Mas?” Eu sugiro. “Porque eu ouço um, mas com certeza.”

“Mas não há desculpa para a justiça vigilante na sociedade. Se você


fez algo com Neil, precisa me dizer agora. Podemos fazer um acordo com o
promotor em troca de informações sobre seus amantes.” Eu só fico sentada
ali, pasma, porra, por essa mulher ter tanta espinha dorsal quanto ela
tem. Mesmo que ela esteja me aterrorizando um pouco, começo a
desenvolver um novo respeito por ela. Além disso, ela simplesmente pulou
de cabeça e começou a chamar os meninos Havoc de meus amantes.
Parabéns. “Você não é a soma dos seus erros, Bernadette, mas o aumento
exponencial do seu futuro.” Ok, esse definitivamente pertence ao lado de
uma caneca com um pouco de brilho.

“Vejo que você está tentando me ajudar,” digo a ela, ficando real pela
primeira vez desde que entrei aqui. É difícil para mim não me endurecer
contra uma ameaça em potencial. Essa é a reação que salvou minha vida
muitas vezes, me protegeu do estupro, do abuso e da dor. É o que faço agora,
para manter eu e os meninos em segurança. “Mas não preciso da sua
simpatia ou pena. Meus meninos são pequenos traficantes de maconha e
idiotas totais. É isso aí. Nós estamos no ensino médio; esqueça
isso.” Levanto-me do banquinho e vou para a porta.

Espero que Sara chame e me peça para voltar.

Ela não pede.

Em vez disso, ela espera até eu descer o quarteirão e subir no Camaro


de Hael para começar a nos seguir.

Fantástico.

“O que aconteceu?” Cal pergunta, inclinando-se entre os dois bancos


da frente. A maneira como sua proximidade me afeta mudou
completamente. Quando Callum se move, é como se ele vibrasse as próprias
moléculas no ar ao meu redor. Minha pele ondula com a necessidade de
sentir seu toque, e eu expiro.

“Neil disse a ela antes de morrer que, se algo acontecesse com ele,
foi eu.”

Hael xinga baixinho com a minha declaração, passando os dedos


pelos cabelos ruivos.

“Sim, bem, essa era uma das nossas preocupações originalmente


sobre matá-lo. Oscar disse que seria diferente desta vez.” Hael olha na minha
direção, erguendo as sobrancelhas. “Victor disse que seria. Acho que
precisamos confiar que eles sabem o que estão fazendo?” Ele sorri para
mim, mas a expressão não é totalmente alegre. “Se formos pegos, você sabe
quem é o bode expiatório, certo?”

“Pare com isso,” eu rosno, porque não tenho certeza se ele está
realmente preocupado ou apenas brincando comigo. “É melhor vocês terem
um plano de backup para a policial Young.”

“Não estamos preocupados com ela,” Cal me diz, lançando sua voz
agradável e baixa. Os dedos de sua mão direita apertam meu ombro
levemente, e estremeço de prazer. “Ela pode seguir uma trilha, mas ainda é
um porco. Nós temos planos.” Callum faz uma breve pausa e dá um pequeno
suspiro, como se estivesse se preparando para me dizer algo que não tem
certeza se eu vou gostar. “Eles envolvem sua mãe.”

Ah.

Uma das minhas sombras mais escuras; uma das minhas maiores
decepções.

Pamela.

Na segunda-feira, está claro que Sara Young está interessada em


Havoc, mas principalmente... ela está interessada em mim. Se eu pego
carona com Hael, ela está atrás de nós. Se eu andar com Callum, lá está
ela. Não importa qual menino Havoc, enquanto eu estiver lá, ela seguirá.

Ela ainda está tentando ser a boa policial contra o mal de


Constantine, mas isso não faz nenhuma diferença, porque ela já expôs suas
intenções em voz alta e clara. Ela não tem nenhuma evidência... ainda. Mas
ela vai continuar cavando.

Na quinta-feira, estou tão cansada com a merda dela que nem me


incomodo em tentar começar as aulas com o Sr. Darkwood; Acabo de
invadir o escritório da Sra. Keating e arremesso a porta contra a parede.

Aparentemente, o diretor Vaughn estava prestes a trancá-la, porque


eu pareço ter arrancado a maçaneta da mão que restava dele.

Em uma das duas cadeiras em frente à mesa da Sra. Keating, vejo


Kali Rose-Kennedy.

Ela se vira para me olhar por cima do ombro, arregalando os olhos


um pouco antes de se estreitar.
“Bernadette,” a policial Young diz, sorrindo e estendendo a mão para
indicar que eu deveria me sentar. “Engraçado você aparecer aqui, agora. Que
coincidência.”

“O que está acontecendo?” Eu pergunto enquanto entro na sala e


paro ao lado da cadeira de Kali. A vazia está do outro lado, mas esse não é o
meu ponto. Fico onde estou, pairando sobre ela. “Eu imaginei desde que
você está me chamando aqui tanto, que eu me adiantaria e viria eu mesma.”

“Por que você não senta?” Constantine sugere enquanto Kali se move
levemente em seu assento e depois joga o cabelo. Seus olhos me levam da
cabeça aos pés enquanto minha língua formiga com o gosto de fofocas. Se
ela estivesse aqui fofocando, que Deus a ajudasse. Prescott sempre conhece
um informante. “Bernadette?”

Depois de um período constrangedor de silêncio, onde apenas olho


para Kali até que ela se sinta desconfortável novamente, finalmente me
sento. Olhando para ela, tenho muito orgulho em ver que ela ainda está
machucada e inchada no rosto.

“Kali aqui queria conversar conosco sobre algumas coisas,” Sara diz,
e posso ver em seus olhos que ela acabou de colocar uma armadilha
terrível. É óbvio demais para o meu gosto, mas também me deixa mal do
estômago ao mesmo tempo. O que a policial Young acabou de fazer é o
seguinte: veja, Bernadette, aqui está um dedo duro; se algo acontecer com
ela, eu vou saber o que você fez.

Porque, sério, nenhum policial - nem mesmo uma tão ignorante


quanto Sara Young - cometeria o erro de denunciar um estudante dedo duro
na frente de um possível suspeito.

Eu resisto ao desejo de cerrar os dentes.

Não sei se Kali sabe o que Sara está fazendo; ela parece um pouco
perturbada por toda a situação.

“Kali estava nos dizendo como você, ela e Neil tiveram uma
conversa naquela sexta-feira que ele desapareceu. Ela disse que viu você
ficar violenta com seu padrasto.” Eu sorrio e faço o meu melhor para não
deixar escapar que Kali poderia muito bem estar carregando o bebê de
Neil. Dele ou de Mitch, eu acho. Definitivamente não é de David, tenho
certeza disso.

David explica como Kali esbarrou com Tom Muller e, em


consequência disso, Ophelia Mars. Ela odeia o filho. Kali me odeia. Pode ter
parecido uma parceria feita no céu. Oscar pode pensar que estou dando um
salto na lógica, assumindo que Kali foi atrás do meu padrasto por causa de
sua conexão comigo, mas isso é apenas porque ele não viu o jeito que ela
estava olhando para mim e Aaron juntos.

Ela ainda o tem, aquele terrível e tentador ciúme. Está enrolado em


sua garganta, espremendo a vida dela. Eu me sentiria mal por ela, você sabe,
se ela não tivesse chamado Havoc atrás de mim.

“Só sei o que vi,” Kali diz, cruzando as pernas no joelho. Ela está
usando batom rosa quente hoje, junto com shorts jeans que mostram sua
bunda e sapatos de bico fino. Acho que ela não aprendeu uma lição na última
vez que pisei nos dedos dos pés com minhas botas. “Desculpe, Bernie, mas
eu não podia mentir.” Ela me dá um olhar simpático, mas eu a ignoro.

A obsessão dela por mim não deveria ser o meu problema.

Estou começando a pensar que ela é legitimamente louca, o


que quase me faz sentir pena dela. Quase, mas também tenho certeza de que
ela não tem alma.

“E eu e a Sra. Keating sabemos apenas que ele bateu com a pistola


nela e a mandou para o hospital. Se você está tentando usar Kali contra mim,
cometeu um erro.” Olho de Sara para Constantine e suspiro. “O que você fez
é garantir que Stacy Langford e suas meninas saltem em Kali depois da
escola. Ninguém gosta de um dedo duro.”

“Eu não estou delatando,” Kali zomba, como se isso nem lhe
ocorresse. “O detetive” - ela gesticula para Constantine, com pulseiras de
ouro tilintando - “perguntou o que havia acontecido na sexta-feira, e eu
contei a verdade do jeito que sei que é. Tenho certeza que você fez o
mesmo.”
“Por favor, não se surpreenda quando a encontrar deitada em uma
vala amanhã de manhã,” digo, me levantando e para fora da cadeira. Uma
vez no corredor, encontro Oscar esperando novamente. Ele parece gostar de
andar por aí para ver se eu vou fazer merda.

“O que?” Eu pergunto, mas ele apenas balança a cabeça levemente.

“Nem tudo é sobre você, Bernadette; Estou aqui para monitorar


Kali.” Oscar se recosta nos armários enferrujados e cruza os braços sobre o
paletó, o botão e a gravata. Ele me observa com cuidado enquanto eu me
aproximo, mas mantenho distância ao mesmo tempo. “Algo para reportar?”

“A policial Young está usando ela para nos atacar. Ela basicamente
admitiu que Kali era um informante, para ver se a seguiríamos.” Oscar
apenas sorri com a minha explicação, seus lábios um corte nítido no fundo
do rosto perverso. Ele sabe tão bem quanto eu que não precisaremos fazer
nada para ver Kali receber uma surra dos estudantes da Prescott.

“Fantástico. Eu odiaria que algo acontecesse com a boa oficial,


depois de todo o trabalho duro que ela está colocando neste caso.” Oscar
mantém os olhos cinzentos focados na porta da Sra. Keating enquanto ele
descansa nas sombras, os pés envoltos em um par daqueles bonitos
mocassins com caveiras de metal no topo.

“Você não pode machucá-la, você sabe,” digo a ele, e ele muda sua
atenção inflexível para mim. “Sara Young. Ela não fez nada de errado.”

“E você não é a polícia da moral,” Oscar explica quando minhas


narinas se abrem de raiva. Filho da puta. “Quando se trata de sua lista,
estamos dentro do seu horário e do seu capricho. Caso contrário, você é
igual a qualquer um de nós: apenas um sexto de uma fatia de Havoc.”

“Você é tão rude, sabia disso?” Eu volto para ele, sabendo que não é
a hora ou o lugar para termos uma conversa sobre algo pessoal. Ah
bem. “Por que você fugiu de mim? Sério. Pensei que estávamos chegando a
algum lugar. Você me disse que estava tentando impedir que minha chama se
apagasse; você disse que eu era incandescente.”
Ele olha para mim como se estivesse tentando decifrar uma reação
química complexa.

“Eu acho que sei por que você fugiu,” eu digo, e ele estende a mão
pálida, a palma da mão é a única parte dela que não está cheia de tatuagem.

“Diga então, Bernadette. Esclareça-me sobre minhas próprias


motivações.”

“Você disse que não gostava que eu os deixasse me tocar, depois de


tudo o que haviam feito. No entanto, você fez isso também. Você fez amor
comigo, Oscar. Não tente negar isso. Confie em mim: já fui fodida várias
vezes e não foi isso que fizemos.”

Ele continua sorrindo para mim, sua expressão estoica e distante,


muito parecido com uma estátua. Oscar podia coalhar o leite com aquele
olhar dele.

“Às vezes, os homens elogiam as mulheres pelo que querem,


Bernadette. Não seja tão egocêntrica. Como eu disse, nem tudo é sobre você
- apesar do que os outros possam fazer você pensar. O sol não nasce e se põe
ao seu capricho.” Oscar sai do armário e entra pela porta dos fundos, da
mesma maneira que antes. Ou seja, definitivamente não indo para a aula.

Recuo um pouco para observá-lo, curiosa para saber aonde ele está
indo.

Ele acaba saindo pelo buraco na cerca atrás da lixeira, passando pelo
Camaro de Hael enquanto caminha pelo asfalto e para calçada. Eu mantenho
o ritmo, certificando-me de manter os olhos abertos para esconderijos, caso
ele se vire.

Ele não.

Mas ele começa a andar mais rápido, a ponto de eu estar lutando para
acompanhar seus passos de pernas longas e xingando
baixinho. Eventualmente, eu o perco perto de um mercado movimentado e
acabo tendo que me virar e voltar para a escola.
Cerca de três quarteirões depois, sinto o cano de uma arma
pressionando o lado da minha cabeça seguido de um clique muito audível
quando um martelo é puxado para trás em um revólver.

“Tsk-tsk, Bernadette,” Oscar diz enquanto congelo no lugar, meus


olhos focados na calçada na minha frente. As pessoas passam do lado oposto
da rua, mas ninguém olha muito de perto o que estamos
fazendo. Provavelmente uma escolha inteligente de suas partes. Ele mói a
arma um pouco mais forte. “Eu poderia ter explodido seu cérebro; você não
deve seguir ninguém até que eu diga o contrário.” Oscar retira o revólver e o
enfia no paletó. Olho para ele, ainda lutando para controlar meu coração em
pânico; por fora, fico calma. “Também informarei Victor que você saiu do
campus sem alertar ninguém sobre seus planos. Entenda que essa é uma
questão fundamental de segurança e treinamento que requer resolução
imediata.”

“Resolução imediata,” eu repito com uma risada, virando a cabeça


para olhar para ele. Ele encosta um ombro na parede de tijolos à direita,
cruzando as pernas nos tornozelos, os braços cruzados sobre o peito. Juro
que, mesmo com a brisa de dezembro, sinto o cheiro de canela no ar. “Você
não é um robô, então pare de falar como um. Tivemos um sexo bagunçado,
estranho e constrangedor, Oscar Montauk. Como as pessoas às vezes
fazem. Apesar de suas ideias do contrário, você ainda é humano.”

“Eu não sou humano,” ele diz, mas não levanta a voz nem muda de
posição. Essa afirmação é descartada como fato direto. “Não sou humano há
anos. Não cometa o erro de pensar que eu sou.”

“Você não é humano, mas ainda assim, entrou em pânico e fugiu de


mim. Você ainda é covarde demais para falar sobre isso
honestamente. Bem. Victor disse que deveríamos definir nossos próprios
relacionamentos.” Balanço a cabeça e suspiro, voltando-me para Prescott
High. Eu posso ver o exterior de tijolos aparecendo apenas a alguns
quarteirões abaixo. “Vejo que, para você, uma Garota Havoc é apenas mais
um recruta para comandar e conversar. Entendi. Mensagem recebida, Oscar.”

Começo a caminhar pela calçada quando seus longos dedos


envolvem meu pulso e me puxam com força para o beco. Ele me empurra
contra a parede de tijolos e bate as palmas das mãos em ambos os lados da
minha cabeça.

“Pare de me cutucar e me empurrar, Bernadette,” ele rosna, mas


claramente, ele me arrastou aqui por um motivo. Oscar fecha os olhos por
um momento, me dando uma chance de estudar seu rosto. Ele está furioso
agora, sua pele esticada, boca em uma linha fina. Mas de quem ou por que
não tenho certeza. Ele não é humano, lembra? Ele abre os olhos para olhar
para mim novamente, e não posso deixar de admirar o efeito de aquarela de
suas íris cinzas. Se você realmente olhar para elas, acha que são azuis, mas
há muito pouco pigmento. “Você não pode simplesmente ser feliz com
quatro paus não merecedores disputando sua atenção?”

“Meus relacionamentos com qualquer um dos outros garotos não têm


nada a ver com o meu relacionamento com você,” eu digo, movendo-me
como se fosse passar por baixo do braço de Oscar e ir embora. Ele me para,
colocando a mão esquerda na minha garganta e me empurrando de volta
contra a parede. Antes que eu possa pensar no que dizer, ele esmaga sua
boca na minha, me beijando com tanta paixão que meus joelhos dobram
levemente. Meus dedos cavam na parede de tijolos atrás de mim enquanto a
mão esquerda de Oscar aperta um pouco e depois afrouxa, me liberando
abruptamente.

“Venha comigo,” ele diz, levantando-se e fugindo do beco antes que


eu possa ler sua expressão facial. Corro para alcançá-lo e me forço a
acompanhar o ritmo dele. É uma punição, mas eu poderia usar o exercício.

“Onde estamos indo?” Pergunto, mas ele apenas olha brevemente


para mim e não diz mais nada. Ele é tão detalhista e meticuloso quando há
assuntos a discutir. Traga sentimentos e ele cala a boca. Decido que, aonde
quer que vamos, eu deveria obter algumas respostas, no mínimo, então
continuo com isso.

Sou recompensada com uma pequena casa branca com marquises


vermelhas nas janelas e na varanda. Ela tem aquele visual vintage bem
conservado, embora seja bastante óbvio que os proprietários não tenham
muito dinheiro. Quero dizer, eles não viveriam no coração de South Prescott
se tivessem.
Oscar para na calçada da frente e remove uma chave do bolso do
paletó, destrancando a porta e segurando a tela abertas com as costas. Ele
gesticula para mim e, com minha curiosidade alta, eu faço.

“É você, Oscar?” Uma voz chama da cozinha e eu o noto me dando


um olhar de aviso.

“Sou eu,” ele confirma, fechando a porta e trancando-a. Cheira a


batatas fritas e cebolinha aqui. “Eu trouxe uma convidada comigo.”

Uma mulher sai da cozinha, sorrindo para mim e segurando um


refrigerante na mão direita. Ela usa jeans apertados e uma blusa preta
folgada. Eu a pegaria com trinta e poucos anos. Ela parece um pouco jovem
para ser mãe de Oscar, mas então conheço garotas que ficaram grávidas aos
catorze e quinze, por isso acho que tudo é possível. Por outro lado, também
sei que os pais de Oscar estão mortos.

“Bernadette, esta é minha mãe adotiva, Rebecca,” Oscar diz, seus


olhos cinzentos passando dela para mim. “Bernadette e eu fodemos de vez
em quando.”

“Oh, pare com isso,” ela castiga, sorrindo. ”Você é a namorada dele
então.” Ela parece positivamente alegre com a ideia. Rebecca toma um gole
de refrigerante e ri, cabelos cacheados caindo pelos ombros, maquiagem
bem-feita e muito distintamente South Prescott. Nós gostamos de lábios
pesados e olhos pesados - dia ou noite. Forro preto ou pelo menos muito
escuro, cílios postiços, pouco ou nenhum blush. Clássico.

“Estaremos no meu quarto, se precisar de algo. Por favor, faça o seu


melhor para bater.” Oscar se move pelo corredor e eu sigo depois.

“Estou fazendo panquecas de batata, caso você queira alguma,” ela


chama, sua pergunta claramente direcionada para o rápido retorno de
Oscar. Ela sorri para mim novamente. “Você pode me chamar de Becca. Se
você precisar de alguma coisa, apenas grite.” Ela desaparece de volta para a
cozinha enquanto eu desço o corredor e saio pela porta dos fundos para um
pequeno deck. Parece haver uma adição no lado da garagem que tem sua
própria entrada. Quando entro, encontro o quarto de Oscar Montauk.
Isso é estranho pra caralho.

O espaço é pequeno, com paredes roxas em tons de joias e uma cama


de casal com cobertores e lençóis pretos. Há algumas pinturas obscuras na
parede, como talvez Oscar as tenha feito ou algo assim. Fora isso, vejo uma
cômoda com alguns itens pessoais em cima e uma estante cheia de thrillers e
romances policiais verdadeiros, e é isso.

Em suma, a sala não me diz praticamente nada.

Oscar bate à porta atrás de mim, cortando toda a luz natural; todas as
janelas daquela sala estão com as persianas e cortinas bem fechadas. Demoro
um minuto para meus olhos se ajustarem, mas Oscar parece saber
exatamente o que está fazendo, agachando-se e puxando uma cesto
transparente debaixo da cama.

“Porque estamos aqui?” Eu pergunto, um pouco confusa. Este é o lar


dos Peters? É aqui que Alyssa está hospedada? Como Oscar veio morar
aqui? Sei que seus pais faleceram e que houve algum escândalo, mas muitas
das informações sobre o caso nunca foram divulgadas. Lembro-me da data
em que aconteceu, do jeito que seu rosto mudou e nunca mais voltou. Quero
dizer que tínhamos treze anos na época.

“Hoje tenho uma reunião com Coraleigh,” ele diz, puxando a tampa
do cesto e jogando-a na superfície de sua mesa imaculadamente
mantida. “Ophelia está pressionando-a a desviar para o lado dela; ela diz que
pode protegê-la. Quero ter certeza de que ela entenda que não é o caso.”

Oscar retira um longo pedaço de corda rosa pálida do cesto e a torce


em torno em suas mãos, testando sua força. Ele sorri. Ele disse que era um
mestre de nós; Só posso me perguntar quais são seus planos para isso. Ele
vai pendurar Leigh como nós fizemos com Donald? Ou algo pior?

“Por que se incomodar em ir para a escola?” Eu pergunto, já que


nenhum de nós chegou ao primeiro período.

“Para vê-la, obviamente,” ele diz, completamente


inexpressivo. Poderia ser uma piada, claro, mas quase... não? Eu não posso
decidir de qualquer maneira. Inclino as costas contra a porta de Oscar,
mordendo meu lábio inferior enquanto tento decifrá-lo, quando ele vira o
ombro para olhar para mim, a corda ainda enrolada em torno de seus longos
dedos com tinta.

“Venha aqui, Bernadette,” ele comanda. Oscar se vira para mim e


meu coração pula no peito. Não consigo decidir se devo estar com tesão ou
se devo correr.

“O que?” Eu pergunto, olhando a corda em suas mãos. Estou tão


chocada com a mudança repentina de eventos que levo muito mais tempo
para descobrir que a corda rosa em suas mãos é para mim e não para
Leigh. Dou um pequeno passo para longe dele, colocando as costas contra a
porta do quarto. “Eu pensei que você tinha dito que tinha uma reunião com
Leigh?”

“É uma reunião flexível,” Oscar continua, virando-se e agarrando a


corda de seda nas mãos tatuadas. “E você parece determinada a me perseguir
até os confins da terra, então aqui estamos nós. Você tem medo de mim?”

Essas palavras dele... são claramente um desafio.

Olho para ele, segurando a corda nas mãos, sabendo o que ele fez
com Donald, sabendo o que ele fez com os Kushners. Não havia sequer um
pingo de arrependimento em seus olhos quando ele puxou o gatilho do
revólver. Oscar Montauk não opera sob as mesmas regras morais que o resto
da sociedade. Então, novamente, eu também não.

Confie, Bernie, digo a mim mesma, pressionando as pontas dos


dedos na porta para alavancar. Você disse que confiaria nos meninos
Havoc. O que há de tão diferente nisso? Se eu quero Oscar, então tenho que
aceitá-lo com cada pedaço de sua alma, do jeito que ele tem que fazer por
mim.

“Eu não tenho medo de você,” digo a ele, e ele estreita seus olhos
cinzentos em mim. É óbvio que ele não esperava tal resposta. “Eu deveria
ter?” Inclino minha cabeça para um lado, lembrando a sensação de seus
dedos na minha garganta. Havia violência em seu toque, com certeza, mas
era contida e bem presa, e claramente não dirigida a mim. Apesar da reação
dele em relação a mim, eu sabia que a única pessoa com quem ele estava
bravo era ele mesmo. Em vez disso, foi a paixão que senti em seus dedos
quando ele me tocou. Paixão que ele obviamente teme abraçar.

“Eu não sou humano,” ele disse.

Idiota.

Ele não tem ideia do quão humano era seu rosto na noite que
passamos juntos. Nenhuma ideia. Molho meus lábios, provando a textura
cerosa do meu batom.

“Devemos enviar uma mensagem a Vic para que ele saiba que não
vamos voltar para a escola,” eu digo, e Oscar aperta os dentes.

“Já fiz,” ele diz, mas não como se realmente esperasse que eu
ficasse. “Devo dizer a ele que estamos prestes a foder também?”

Engulo o nó apertado na minha garganta.

“Nós não devemos mais uma explicação a Victor,” eu digo, sentindo


esse brilho dentro do meu peito. É assim que as coisas sempre deveriam
ser. Não Oscar sendo um idiota, obviamente, mas... eu e os meninos. Eles
sempre foram meus. Sempre. “O que você está planejando fazer com essa
corda?” Eu aceno com o queixo na direção dela enquanto Oscar faz uma
careta.

Isso vai ser uma tempestade de merda. Ele tem mais problemas de
intimidade do que eu, Hael, Aaron e Callum juntos. Curiosamente, não acho
que Victor tenha esse tipo de problema. Ele sempre parecia mais do que
disposto a admitir seus sentimentos para mim.

“Castigar você,” Oscar diz simplesmente, como se essa fosse a


resposta óbvia. “Agora, fique nua e fique de joelhos na cama; coloque as
costas para mim.” Meus olhos agora estão se ajustando à semiescuridão da
sala, e não tenho nenhum problema em ver seu rosto. Ver e ler são dois
problemas diferentes, no entanto. As motivações de Oscar permanecem
cuidadosamente guardadas e escondidas do mundo.
“Você parece um serial killer,” brinco, avançando e fazendo uma
pausa para que fiquemos frente a frente. Oscar olha para mim enquanto tiro
minha jaqueta Havoc de couro rosa e a jogo no chão. Seus olhos encontram
o ponto de pulsação na minha garganta, observando como ele vibra como
um pássaro preso.

Deslizo minha blusa em seguida, colocando a blusa preta da Harley


de lado. Outro presente de Victor. Tudo o que tenho agora é o primeiro sutiã
de renda preta que ele me deu. Oscar parece reconhecê-lo, mas não diz nada,
não faz nenhum movimento para me tocar. Estendo a mão para trás e tiro o
sutiã, deixando-o deslizar pelos meus braços e cair no chão.

“Bernadette, você tem peitos enormes. Você deve estar brincando


comigo? Era para você ler nas entrelinhas.”

Eu sei que ele gosta dos meus seios, talvez mais do que qualquer
outro cara. No entanto, ele não faz nenhum movimento para tocá-los. Minha
pele arrepia com a necessidade, mas não estou prestes a me jogar nele como
uma gata no cio. Esta é uma dança cuidadosa entre duas personalidades
duras; isso nunca seria fácil.

Mas nada que valha a pena ter é, né?

Sentada na beira da cama de Oscar, sinto uma sensação estranha na


barriga e faço o possível para não sorrir. Claro, minha vida não tem sido o
que deveria ou poderia ter sido, mas isso não significa que estar no quarto de
um garoto que estou apaixonada há uma década não me afeta.

Quando Oscar não está no Aaron, ele deita a cabeça aqui. Desde que
tinha treze anos, ele está deitando aqui. Sua energia está estampada em toda
a sala; Sinto como se estivesse me afogando nele. Ouvi dizer que quando
você afunda, é uma luta, então a água corre pelos seus pulmões e não passa
de dor. Depois disso... felicidade tranquila e um deslize fácil para o próximo
mundo.

Sim.

Oscar Montauk é como se afogar.


Tiro minhas botas e meias, sem me preocupar em me apressar. Não
há pressa nisso. Meus olhos se erguem para encontrar os de Oscar, mas ele
não se mexeu; a expressão dele não mudou. Ele é estoico, quieto e escuro
como o céu noturno sem estrelas.

Desabotoando minhas calças de couro (um par diferente desde que


Vic arruinou minha favorita), deslizo-as pelos quadris e revelo o fato de que
eu não estava usando calcinha. Linhas de roupas íntimas e tudo isso.

Agora que estou nua, me sinto completamente vulnerável na frente


desse homem, da mesma maneira que me senti no sofá de Aaron naquela
noite. O jeito que Oscar está me encarando não muda, mas tenho a
impressão de que ele está perto de quebrar e revelar algo importante para
mim.

Subo na cama e me viro, ficando de joelhos.

“Mãos atrás das costas,” ele me diz, suas palavras costuradas com
escuridão e luxúria e desejo infinito e contínuo. “Pulsos juntos.”

Puta merda.

Por mais que eu saiba que posso confiar nos meninos, esse é um
nível totalmente novo. O sexo foi apontado para mim como uma arma
durante toda a minha vida. Minha irmã morreu por causa de sexo. Às vezes é
difícil separar o ódio que tenho pelos meus agressores e meus sentimentos
sobre o ato em si. Deixar Oscar me amarrar coloca isso em um nível
totalmente novo; isso me deixa quase desamparada e presa em seu quarto.

Com uma longa expiração, faço o que ele pediu.

Os dedos longos de Oscar fazem cócegas na minha pele de uma


maneira agradável, enquanto ele amarra a corda, torcendo-a e tecendo-a em
volta dos meus braços com pressão suficiente para eu achar reconfortante,
como se ele estivesse me abraçando. Meu corpo começa a tremer quando ele
coloca a boca no meu ouvido.

“Você sabe o que é shibari?” Ele me pergunta, mordiscando a minha


orelha e me fazendo ofegar de surpresa.
“Amarrar alguém com cordas...” Arrisco, o que tenho certeza de que
não é a resposta correta. Só tinha que ter um pouco de fragilidade lá antes
que as coisas mudassem carnalmente.

“Errado.” Oscar puxa as cordas segurando meus braços juntos, e eu


grito. Fico feliz por estarmos fora da casa principal, então Rebecca não pode
nos ouvir. “Em shibari, precisa haver uma conexão emocional entre a pessoa
que amarra as cordas e a pessoa que está sendo amarrada. Se não houver, é
simplesmente uma escravidão ocidental.” Ele faz uma careta e coloca a
cabeça contra o lado da minha. Meus olhos se fecham contra o toque
enquanto meu coração bate.

Oscar se afasta, se movendo para me olhar de frente. Quando tento


ajustar meus braços, eles não se mexem, mas também não machucam. As
cordas não estão muito apertadas; elas se sentem mais como uma carícia
duradoura do que algum tipo de punição BDSM. Olho para ele de terno e
gravata verde, olhos cinzentos focados no meu rosto de tal maneira que
tenho que resistir à vontade de me contorcer.

Bernadette Blackbird não se contorce. Eww.

“Você não vai gostar de mim depois disso,” Oscar diz, estendendo a
mão tatuada e tocando o lado do meu rosto. Seus dedos e mãos estão lá em
cima com as coisas mais bonitas que eu já vi. Seus dedos são longos e
perversos, as mãos de um demônio ocioso, e suas tatuagens parecem ser
derramadas do tinteiro de um deus louco. Quando ele me toca, sua mão está
surpreendentemente quente. “Mas eu não consigo resistir. Apesar do que
você possa pensar, eu não tenho o controle de Victor.”

Mantenho meus olhos fechados por um momento, mas quando os


abro, encontro Oscar sem a jaqueta, a gravata solta e a calça desfeita. Ele
segura seu pau tatuado e perfurado na sua linda mão, acariciando seus dedos
ao longo de seu comprimento.

“Sexo é um conceito tão estranho, você não acha?” Ele pergunta, sua
voz tão suave quanto o conhaque de 35 mil dólares que bebemos na casa dos
Vincents. Desce agradável e fácil, fazendo minha barriga queimar com o
gosto. Porra, porra, porra. A tensão naquele quarto é tão espessa que estou
surpresa que não embaça os óculos do idiota.

“Eu acho que é uma faca de dois gumes, uma execução perfeitamente
terrível da alma nas mãos erradas... e uma fusão de almas em um conjunto
diferente.”

“Que conjunto de mãos você acha que tenho, Bernadette?” Oscar me


pergunta, deslizando o polegar sobre a ponta do pênis e deixando-o brilhante
com a pré-ejaculação.

“As mãos do diabo,” eu sussurro de volta, fechando os olhos. Oscar


me agarra pelos cabelos e puxa minha cabeça para trás, inclinando-se para
colocar sua boca perto da minha. Eu posso praticamente prová-lo, um
veneno estranho que me lembra flores e dor da noite. Ele não me beija,
apenas ri contra meus lábios e puxa meu cabelo um pouco mais forte.

“As mãos do diabo está certa,” Oscar concorda e então ele me


empurra de volta para sua cama. Ele separa meus joelhos com suas lindas
mãos e se ajoelha entre eles, olhando para mim com olhos cinzentos e uma
expressão que corta. Meu peito sobe e desce em movimentos rápidos, suor
escorrendo entre os meus seios. Meus braços estão presos debaixo de mim,
deixando-me esperar que ele conceda sua misericórdia perversa sobre mim.

Oscar passa os dedos tatuados de HAVOC pela minha garganta e eu


gemo, lembrando a sensação das minhas próprias mãos em seu pescoço
coberto de tinta. Ele estava debaixo de mim, sem oxigênio, e eu realmente
pensei que ele estava dando tudo de si. Que suposição estúpida de se
fazer. Certamente, os corações mais duros são forjados no fogo, mas os mais
perversos são as chamas que cheiram a esse metal.

“Você não vai a lugar nenhum, vai?” Ele me pergunta, distraidamente


acariciando minha garganta com uma mão e provocando seu pau com a
outra. “Não importa o quanto Aaron e eu tentemos, somos prejudicados a
cada passo. Callum nos prejudica; Hael nos prejudica.” Oscar faz uma careta
violenta e seus dedos se curvam ao redor do meu pescoço, me prendendo na
cama. “Victor nos prejudica.” Ele pressiona um pouco mais forte, e eu
suspiro.
Ainda assim, não tenho medo.

Ele está tentando o seu melhor para jogar tudo o que tem para mim,
me fazer pirar, fugir.

Mas não vou.

Oscar precisa de alguém em quem possa confiar, alguém em quem


possa se desdobrar na frente e não ter medo de que eles fujam. Ele realmente
acha que eu vou abandoná-lo; Vou provar que ele está errado.

“Você.” Oscar cospe essa última palavra no final de outro


escárnio. “Você me prejudica acima de tudo. Por que você não vê que essa
não é a vida que você deveria levar? Eu não sou o príncipe dos seus sonhos.”

“Você se lembra do vestido de papel que você me fez na escola


primária?” Sussurro quando Oscar aperta um pouco mais, não para cortar
minhas palavras, mas o suficiente para que meu coração comece a bater em
resposta. Corra! meu corpo grita, enquanto minha alma sabe que tem que
ficar parada. “Ou as maçãs que você me dava todos os dias no ensino
fundamental?”

“Quieta.” Oscar coloca um pouco mais de pressão no meu pescoço,


mas ele nunca corta meu fluxo de oxigênio. “Fique quieta,
Bernadette. Deixe-me lamentar a pessoa que você poderia ter sido se tivesse
nos deixado para trás. Estávamos mais do que felizes em ser seus anjos das
trevas. Por que você teve que voltar para nós? Depois de se entregar ao
diabo, você nunca poderá recuperar sua alma.”

É bem claro que ele não quer que eu diga nada. Em vez disso, eu
deito lá com seu corpo magro entre as minhas coxas, seu pau precariamente
perto do meu calor úmido.

Oscar se ajusta, empurrando a ponta do seu pau contra mim. Meus


olhos se fecham quando ele entra, polegada por polegada. A pressão na
minha garganta nunca cessa; ele mantém firme e estável, me prendendo na
cama.
Uma vez que ele está totalmente dentro de mim, ele solta um gemido
baixo, o primeiro som humano que eu o ouvi fazer hoje. Abro os olhos para
vê-lo acima de mim, nossos corpos se juntam, as tatuagens na parte inferior
da barriga me espreitando. Eu o quero nu; Quero ver tudo.

Duvido que isso aconteça hoje.

Ele molha os lábios com a língua e me estuda com cuidado,


relaxando o aperto apenas o suficiente na minha garganta para que eu possa
falar.

“Desde o ensino fundamental,” ele diz, citando minhas palavras de


volta para mim. “O que?”

“Oscar, pare,” eu rosno, mas então ele aperta minha garganta


novamente, e tenho que resistir à vontade de lutar com ele. Em vez disso,
faço o oposto e relaxo meu corpo completamente. Ele desiste um
pouco. “Você tem certeza que pode lidar com o que eu quero dizer?”

Em vez de responder, Oscar se inclina para a frente, colocando mais


pressão na minha garganta e indo ainda mais fundo em mim. O prazer
culpado espirala através de mim, mas tudo isso, é um anátema para a minha
própria natureza. Eu fui projetada para lutar, transformada de uma garotinha
em um monstro por um mundo cruel e sombrio. A submissão não é o meu
forte, então decido que não é isso. É um exercício de construção de
confiança. Porque mesmo que eu esteja amarrada e debaixo dele, Oscar é o
mais fraco de nós dois agora - emocionalmente falando.

Seu pênis se encaixa perfeitamente dentro de mim, como se


tivéssemos sido feitos para nos encaixar. Prefiro morrer a dizer isso a ele,
mas é verdade. Oscar me mantém firmemente presa embaixo dele, entrando
e saindo de mim com movimentos lentos e deliberados.

O olhar no rosto dele... porém, não me engana de que ele está


fazendo amor comigo novamente.

Sua expressão é sombria e distorcida enquanto ele se inclina e prova


a borda dos meus lábios.
“Hmm,” ele murmura, lambendo o lado do meu rosto. “Talvez da
próxima vez que você considere me seguir, pense um pouco nas
consequências.”

Eu cerro os dentes, mas é impossível ficar brava quando ele


transforma a pequena brasa na minha barriga em um inferno
furioso. Entrando e saindo, metódico e perverso, e no tempo certo para
infligir dano máximo.

Oscar faz uma breve pausa para estender a mão e desabotoar a


camisa. Ele a deixa, a gravata pendurada entre as bordas separadas, mas pelo
menos eu posso ver o infinito turbilhão de cores que cobre sua forma
muscular. Ele tem o maior número de tatuagens dentre todos os
garotos; deve ter sido preciso muito esforço para obtê-las todas tão
rapidamente.

Para alguém que aparentemente odeia ser tocado, fico surpresa que
ele seja perfurado e tatuado do jeito que é. Mesmo agora, com seu pênis
entre as minhas coxas, ele mal está me tocando. O que não foi o caso no
sofá, foi?

Seus músculos inferiores do estômago se contraem e se soltam


quando ele trabalha dentro e fora de mim, me segurando em cativeiro com a
mão na minha garganta, meu coração metaforicamente preso dentro de um
aperto de ferro. Tudo o que ele tem a fazer é apertar um pouco mais e eu
sangrarei para sempre.

“Oscar,” eu consigo engasgar, seu polegar deslizando para o lado do


meu pescoço, acariciando-me de volta ao silêncio. Meus olhos estão
semicerrados, meus mamilos endurecem em pontas de diamante, minha pele
manchada de suor. Balanço meus quadris para cima e para frente,
encontrando um dos impulsos de Oscar.

Como um pedaço de vidro frágil, ele se despedaça e começa a se


mover mais rápido, me fodendo no colchão em um frenesi ganancioso que
diz que talvez ele não seja humano. Ele é, no entanto, um maldito
animal. Meus lábios se abrem e minha cabeça se inclina para trás em seus
travesseiros, minha pélvis trabalhando para encontrar a dele, nossos corpos
batendo juntos com força e rapidez. Há muita umidade entre eles; os
movimentos são agradáveis e lisos.

Eu ainda não consigo falar, e sua mão ainda está em volta da minha
garganta quando ele vem, dobrando-se com um gemido gutural e várias
investidas duras que levanto meus quadris para encontrar. Ele se derrama
dentro de mim, corpo curvado, cabelos escuros pairando sobre a testa
suada. Ele leva alguns minutos para recuperar o fôlego e depois me puxa.

Assim que ele solta minha garganta, eu puxo duas belas inspirações
de oxigênio, ofegando para recuperar o fôlego e diminuir a pulsação.

É quando eu noto que ele está pegando a camisa do chão e a


colocando novamente.

“O que você está fazendo?” Eu pergunto, aterrorizada que ele esteja


entrando em pânico comigo novamente. Tento me sentar, mas é difícil como
uma merda naquela cama macia com os braços amarrados atrás das
costas. “Você não pode me deixar de novo, Oscar.”

“Eu preciso lidar com Coraleigh antes de lidar com...” Ele gesticula
para mim com a mão tatuada antes de esticar a mão para ajustar a
gravata. “Seja o que for. Seja uma boa menina e espere aqui por
mim?” Oscar arruma as calças e depois se dirige para a porta do quarto,
parando para olhar para mim. “Se Rebecca vier bater, diga a ela que estou no
banheiro; ela não precisa saber que eu já fui embora.”

Ele abre a porta enquanto eu grito seu nome.

“Não ouse, Oscar Montauk!” Eu grito, mas é tarde demais. Ele sai e
fecha a porta atrás de si. Ouço o som muito distinto de uma chave sendo
aplicada à fechadura. A trava desliza no lugar e eu solto um grito frustrado.

Isso não está acontecendo novamente.

Eu vou matá-lo enquanto ele dorme.

Que merda.
Que pesadelo real, filho da puta, de um homem.

Chuto o estribo com os dois pés antes de rolar de bruços e me


esforçar para me sentar. Meus músculos do estômago estão gritando quando
chego à posição sentada, com os pés firmemente no chão. Meus dedos
apalpam a corda, mas Oscar realmente é um mestre em cordas. Quando me
levanto e uso o espelho de corpo inteiro para espiar minhas costas, vejo um
padrão intricadamente tecido de cordas de seda rosa, como uma escultura
feita de corda e pele.

Minha respiração acelera, mas então me lembro que o idiota acabou


de me deixar sem orgasmo e amarrada em seu quarto. Deve haver um truque
para tudo isso, porque ele não me deixaria vulnerável assim. Se alguém da
Charter Crew aparecesse…

Sento-me na cama e depois caio nos travesseiros, olhando para o teto


de gesso acima da minha cabeça. Meu corpo inteiro se sente eletrificado e
vivo, desesperado por toque. Acabo fechando os olhos e imaginando que
Oscar volte, que ele se despe e sobe acima de mim. Esfregando minhas
coxas, eu exercito uma doce fricção que faz meu corpo pulsar e pulsar de
prazer.

Mordendo meu lábio inferior, aperto e esfrego minhas pernas até


sentir as próprias bordas de um orgasmo me provocando. Não basta, por
mais que eu tente, e chute o estribo de frustração novamente. Depois de um
tempo, acabo adormecendo.

Quando acordo, meus braços estão desamarrados e Callum está


deitado de lado e olhando para mim, capuz puxado, mãos em posição de
oração sob a bochecha.

“Olá, dorminhoca,” ele murmura em sua voz rouca. “Como você está
se sentindo?”

Sento-me, percebendo que meus braços estão desamarrados, meu


corpo nu coberto com um cobertor preto felpudo.

“Que horas são?” Eu pergunto, e Cal faz uma pausa para tirar o
telefone do bolso da frente do capuz.
“Quase dez da noite,” ele diz, e sinto o pânico tomar conta de
mim. Heather! “Não se preocupe: Aaron estava esperando quando o ônibus
deixou sua irmã depois da escola. Nós a pegamos.” Expiro bruscamente, a
culpa me inundando. Juntar-me a Havoc significava manter Heather a salvo,
mas se minha cabeça está tão na minha bunda em busca dos meninos Havoc,
então não estou fazendo meu trabalho como irmã mais velha. Faço um som
de frustração, cerrando os dentes contra a raiva avassaladora que sinto por
Oscar Montauk. “E eu não acho que ele pretendia deixá-la por tanto tempo,
se isso ajudar um pouco.”

“Só um pouquinho,” digo, esfregando as mãos no rosto antes de


perceber que estou sentada nua no quarto de Oscar, enquanto Callum me
observa no escuro com seus olhos muito azuis. Parece imperativo que eu
coloque minhas roupas agora. “Onde ele está?”

Levanto-me, agindo como se não sentisse os olhos de Cal na minha


bunda. Faz apenas alguns dias desde a nossa primeira vez; Eu ainda estou
colocando todas as minhas emoções em ordem. Pelo menos agora que
transamos, agora é improvável que ele morra? Certo?

É assim que esse tipo de história funciona. Quero dizer, a vida real
não faz sentido narrativo, literalmente zero, mas sempre posso esperar que
qualquer deus ou deusa perversa que esteja cuidando de nós entenda o
quanto significamos um para o outro. Arranque uma flor da nossa árvore e
nós murcharemos, deixando nada além de morte e espinhos em nosso
caminho.

“Tivemos alguns problemas,” Callum explica enquanto recolho


minhas roupas, colocando meu sutiã e minha blusa em primeiro lugar. É um
pouco provocador, mexer naquelas calças de couro apertadas que tanto
amo. “A Charter Crew está recuando fortemente em retaliação por esse
tiroteio. Provavelmente, estaremos em uma guerra completa quando o
inverno chegar.” Posso ouvir Cal bocejando, então aproveito o momento
para colocar minhas calças o mais rápido que posso.

Claro, então eu me viro e lá está ele, pressionado contra mim.


“Oscar está bem?” Eu engasgo, porque mesmo que eu queira cortar
suas bolas com a faca de caça de Hael, é meu trabalho fazê-lo sangrar e de
mais ninguém. Talvez de Vic, eu acho, mas apenas para os negócios da
Havoc.

Callum assente, estendendo a mão para escovar alguns cabelos atrás


da minha orelha. Seu toque me faz tremer, reacendendo a terrível dor na
minha barriga.

“Ele está um pouco machucado, mas ele sobreviverá. Hael deve estar
aqui para nos buscar daqui a pouco; vamos nos encontrar na
garagem.” Callum pega minha jaqueta e me ajuda a colocar, parando apenas
uma vez para me beijar na lateral do pescoço. “Eu vejo machucados,” ele
sussurra, e eu tremo novamente. “Se ele te machucar, eu o mato.”

“Está tudo bem,” eu respondo, me sentindo apaziguada por


enquanto. É bom saber que Cal está do meu lado. Uma buzina soa do lado de
fora e Cal sorri.

“Melhor ir, hein Bernie?” Ele coloca a mão nas minhas costas e abre
a porta, me levando pelo lado da garagem e por um portão que leva à
rua. Hael está esperando, a música escorrendo e tocando dentro do carro
enquanto ele bate os dedos no volante e espera Cal e eu entrarmos.

“Saiu da escola por um pouco de bondage, hein?” Hael pergunta,


rindo como o idiota que ele é. Não sei como ele sabe o que fizemos, mas
tudo bem. Não há segredos em Havoc, certo? Eu mostro o dedo do meio pra
Hael e ele acelera, fazendo-nos voar pela estrada. “Espero que vocês tenham
se fodido bastante, porque parece que teremos uma briga em nossas mãos
hoje à noite.”

“Bom,” eu digo, deixando minha raiva por Oscar correr rápido e duro
através de mim. “Porque eu poderia usar isso para desestressar.”
Os outros garotos estão esperando na garagem quando estacionamos,
mas eles não são os únicos. Têm dezenas de homens e mulheres mascarados
que me observam com olhos reverentes quando eu saio do Camaro de Hael e
subo o caminho para onde Victor está esperando.

Ele está fumando um cigarro, sua postura casual. Mas seus olhos,
eles queimam.

“Onde você esteve o dia todo, Bernadette?” Ele pergunta, porque ele
é um total idiota e já sabe. Mostro dedo do meio para ele também, e ele dá
um sorriso tenso em resposta. “Seu garoto aqui foi pego voltando da visita a
Coraleigh.”

Olho para Oscar, seu rosto machucado, lábio cortado. Seus óculos
estão faltando, então acho que eles foram quebrados e ele está usando lentes
de contato agora. Ele olha para mim com uma expressão que é impossível de
ler.

“Você vai se arrepender de me deixar lá assim,” digo para ele,


colocando as mãos nos quadris enquanto Aaron se aproxima da cadeira de
Oscar. Ele olha entre nós dois com os olhos estreitados. “Uma vez é um
erro; duas vezes é um padrão. Você é um idiota real, sabia disso?”

Oscar estica a mão e tira um pouco de sangue do lábio. Ele não está
mais vestindo seu terno também. Desta vez, ele está de calça de moletom
preta e um casaco com capuz. Sem o uniforme perfeito e polido, ele parece
uma pessoa diferente.

“Eu teria voltado para te foder de novo, mas fui detido,” é tudo o que
ele diz. “Minha reunião com Leigh levou dez minutos. A caminhada até o
escritório dela e de volta eram trinta.” Oscar se levanta da cadeira, olhando
para mim. “Arrebentar Kyler e Timmy Ensbrook levou meia hora.” Ele
levanta a cabeça para olhar além de mim, para a Havoc Crew reunida no
quintal da frente da antiga garagem. “Organizar isso levou o resto do meu
dia.”

“Desculpas, desculpas,” murmuro, mas Oscar passa por mim para


ficar ao lado de Vic. Sua falta de atenção é tão irritante. Percebo que
provavelmente é uma tática fazer com que eu preste atenção nele, mas não
me importo. Eu ainda estou chateada. “Mas eu sei quando é hora dos
negócios e quando é hora de cortar as bolas do seu namorado. Então, como
vai?”

“Mitch está reunindo suas tropas,” Aaron diz, acendendo um cigarro


e oferecendo-o para mim.

“Por causa do tiroteio?” Eu esclareço. Foi apenas uma semana atrás,


mas parece uma vida inteira. Temos andado de um lado para o outro com
Mitch e seu pessoal desde então. Posso sentir os olhos de Billie me seguindo
pelos corredores, apenas esperando por outra oportunidade para atacar das
sombras.
“Por fechar a boca de Kali costurando ela,” explica Aaron, e minha
atenção se volta para ele.

“O que?” Eu pergunto, piscando através do meu choque


temporário. “Que diabos você está falando?” Dou uma tragada no cigarro
enquanto o encaro, exalando fumaça pelas minhas narinas. “Tipo,
literalmente?”

“Dedos duros levam pontos,” Aaron diz suavemente, me entregando


seu telefone. Tem uma foto de Kali Rose-Kennedy com o batom rosa
manchado, o sangue escorrendo pelo queixo para manchar o top. Seus lábios
foram literalmente costurados juntos. “As notícias se espalham rapidamente
na Prescott.”

“Vocês fizeram isso?” Eu pergunto, e Victor ri, virando-se para mim


enquanto Cal se senta na calçada, ligando e desligando a roda do isqueiro
enquanto observa mais estudantes entrando na estrada e saindo de seus
carros.

“Infelizmente não,” Vic diz, encolhendo os ombros. “Quero dizer, é


uma ideia brilhante. O ratinho merece tudo isso e muito mais, mas foram as
meninas da Langford que passaram a perna nela. Stacy realmente não gosta
de dedos duros.” Ele se afasta novamente, estudando seu povo como um
senhor da guerra planejando uma estratégia.

“Sara Young a usou como isca,” digo, porque não tenho certeza do
quanto do que eu disse a Oscar percorreu o grupo. “Ela propositalmente
deixou escapar o que Kali disse. Pensei que ela era do tipo legal, mas parece
que ela está disposta a jogar sujo para conseguir o que quer.”

“Ela também está xeretando no cemitério,” acrescenta Aaron, e olho


para ele, passando o cigarro. “Nossos meninos a seguiram até lá esta
tarde. Ela deu a volta e tirou uma tonelada de fotos, incluindo uma da estátua
de anjo quebrada de Penelope.” Meu sangue ferve quando vejo quatro
paredes metafóricas se aproximando de nós. “Ela não percebeu o túmulo de
Neil; há meia dúzia de novos corpos enterrados lá desde que fizemos uma
visita ao local.”
“Nós vamos ter que matá-la,” Oscar diz, aceitando um cigarro novo
quando Vic oferece um e acendendo. Eu apenas o encaro porque posso
contar com uma mão o número de vezes que o vi fumar, beber ou fumar um
baseado. Jesus.

“Não, não vamos,” eu digo quando Hael vem subindo o caminho


para ficar ao nosso lado. Ele olha para mim porque todo mundo está e
levanta uma sobrancelha interrogativa. “Nós não vamos matar Sara
Young. Seria muito difícil escapar, não acha?”

“Existem maneiras de fazer isso acontecer,” Oscar explica, ainda


fumando. Percebo que as juntas dele estão ensanguentadas e machucadas da
luta anterior. Meu primeiro instinto é levar as mãos dele aos meus lábios e
beijar o vermelho. Faço uma careta.

“Bem, eu tenho uma ideia melhor.” Respiro fundo, formulando uma


ideia em minha mente. “Mas claramente, há outras coisas que estão se
formando na cidade hoje à noite. E aí?”

“Mitch está destruindo todos os nossos esconderijos favoritos,


tentando nos tirar da toca,” Victor explica casualmente, ainda observando a
multidão. “Ele quer acabar com a gente hoje à noite, o que, normalmente, eu
ficaria mais do que feliz em fazer. Mas com a polícia já assistindo a escola,
não podemos arriscar. Matar várias dezenas de estudantes de Prescott High
não é uma opção.”

“Então, o que fazemos?” Pergunto, feliz além de toda crença racional


de que não sou a líder hoje à noite.

“Nós jogamos um jogo muito cuidadoso,” Victor diz, acenando com


a cabeça para Hael e Aaron. “Certifiquem-se de que todos fiquem em pares
hoje à noite e coloquem homens em todas as nossas casas. Vamos ser
proativos, não reativos. Mitch não vai me convencer a fazer uma jogada que
não quero fazer.”

“Estamos enviando alguém para o drive-in?” Hael pergunta, tomando


um dr. Pepper. Parece que Mitch e seus palhaços estão no Wesley's. É
melhor não mexerem com esse lugar; é o único hambúrguer decente da
cidade. Victor balança a cabeça uma vez, esfregando o queixo em
pensamento.

“Não, mas quero que você e Cal sigam até lá e vejam o que está
acontecendo. Mitch sabe que não tocamos em Kali; todo mundo sabe que foi
Stacy e suas meninas. Esta é apenas uma desculpa para nos irritar, e eu não
gosto disso.” Ele se vira para olhar para mim e exala bruscamente. “E você,
seguindo Oscar e saindo do campus sozinha? Eu estou irritado.” Abro a boca
para protestar, mas Vic levanta a palma da mão para me calar. Francamente,
eu gostaria de morder a ponta dos dedos dele, mas toda a nossa equipe está
aqui, e ele é o chefe. “Ouça-me, Bernie.” Vic se aproxima e se agacha na
minha frente. “Se minha mãe estiver trabalhando com a Charter Crew, ela
terá um plano em mente. A melhor aposta dela é me pegar em um crime... ou
me tornar um viúvo.”

O sangue sai do meu rosto quando Vic estica a mão para tocar o lado
da minha garganta, os dedos tocando as contusões lá. O olhar que ele lança
para Oscar é tóxico, mas quando ele se volta para mim, ele é todo líder,
objetivo e merda.

“Você irá para casa com Aaron e Oscar; o resto de nós monitorará a
situação da Charter Crew de longe.”

Meu sangue arrepia e franzo a testa, mas não posso argumentar


contra a lógica de Vic.

“Tudo bem, mas eu quero um relatório completo pela manhã.”

Victor sorri para mim e pressiona um beijo escaldante na minha


bochecha.

“Sim, minha rainha,” ele diz, levantando-se e voltando-se para a


equipe de Havoc reunida. “Tudo bem, amigos, é hora de dividir
responsabilidades.” Victor dirige-se as pessoas enquanto Oscar termina o
cigarro e depois vai direto para o Bronco de Aaron.

“Fiquem seguros,” digo a Callum e Hael, dando um beijo na


bochecha de cada um. “Se algum de vocês morrer, eu ficarei furiosa.”
“Devidamente anotado,” Hael responde com um sorriso. Callum
apenas pisca para mim, o que eu não gosto. Olho para ele antes de sair para
seguir Aaron até o Bronco. Graças a Deus Sara Young ainda não encontrou
este lugar, mas estou preocupada que seja apenas uma questão de tempo até
que ela tropece nele.

“Eu aposto que doeu,” eu observo distraidamente enquanto alcanço


Aaron. “Costurando seus lábios fechados assim.” Ele sorri maliciosamente
para mim e encolhe os ombros.

“Não posso dizer que tenho qualquer simpatia por ela.” Ele abre a
porta e empurra o assento para a frente. Oscar já está sentado na frente, com
o cotovelo na janela, olhando para a noite. O banco da frente deveria ser o
meu lugar, mas decido deixá-lo por enquanto e subir sem dizer uma palavra.

Nós vamos conversar depois, eu e ele.

“O que aconteceu com Kyler e Timmy?” Eu pergunto quando Aaron


liga o motor e nos afastamos do meio-fio.

Oscar se vira para olhar para mim, com o rosto arranhado e


ensanguentado pela luta. Faz com que ele pareça exatamente o que ele
acabou de proclamar que definitivamente não era. Ou seja, ele
parece humano.

“Eles têm sorte de que a aplicação da lei esteja envolvida no caso do


irmão,” Oscar diz, e é isso. Acho que vou ter que esperar até a escola
amanhã para ver do que ele está falando. Ou seja, se um dos meninos
aparecer.

“Vamos pegar as meninas da casa da Jennifer,” Aaron diz,


encolhendo-se quando vê as horas. “É um pouco tarde, mas tudo bem. Elas
podem dormir no carro no caminho de volta.”

Fazemos exatamente isso, levando-as de volta para casa de Aaron e


colocando-as em suas camas.

Assim que elas dormem, entro no quarto de Oscar, com a intenção de


lhe dar chicotadas verbais, mas ele também está dormindo, deitado na cama
queen-size no canto, com seus moletom e capuz ainda. Ele parece tão
malditamente cansado que acabo apenas sentada na beira da cama e
estudando seu rosto adormecido.

Depois de um minuto, decido me enrolar na cama ao seu lado,


colocando meu corpo contra o dele. Mesmo que esteja claro por sua
respiração que ele está apagado, Oscar joga um braço em volta do meu corpo
e me abraça.

No meio da noite, acordo e o encontro em pé sobre mim.

“Eles estão de volta,” é tudo o que ele diz, virando e saindo da sala
enquanto me sento e esfrego o sono dos meus olhos. A cama ainda está
agradável e quente atrás de mim, como se Oscar não tivesse se levantado há
tanto tempo. Eu saio das cobertas e desço as escadas, encontrando os
meninos do lado de fora fumando cigarro.

Estou mais do que aliviada por vê-los todos seguros.

“Aqui,” Cal me oferece um baseado, mas assim que eu chego perto


dele, ele me puxa para seu colo e me envolve em seu capuz
enorme. “Desculpe acordá-la tão tarde,” ele diz, sorrindo enquanto pressiona
o rosto do lado do meu pescoço. “Mas temos novidades.”

“Boas notícias?” Eu brinco, sentando e olhando para a fileira de


garotos de pijama, vários baseados passando entre eles.

“Na verdade não,” Hael diz, coçando a têmpora com um único


dedo. Ele parece exausto, então pego o telefone de Cal do bolso para
verificar as horas. São quase quatro da manhã. “A Charter Crew assumiu o
controle de Wesley, quebrou um monte de janelas, aterrorizou um monte de
jovens que estavam apenas tentando pegar um hambúrguer e transar
rapidinho.” Ele dá uma tragada no baseado e exala, enchendo o ar com uma
fumaça doce de gambá.

“Tudo bem e?” Aaron pergunta, esfregando o rosto, claramente


cansado, irritadiço e pronto para mais algumas horas de sono. “O que mais?”
“Eles aumentaram seus números com bandidos contratados,” Callum
explica enquanto meus olhos se voltam para Oscar. Ele está sentado na
cadeira mais distante de mim e se recusa a participar do ritual apropriado da
maconha. É tudo sobre compartilhar e passar, mas mais uma vez, ele se
recusa a participar. Seu iPad está aberto no colo, mas ele não está olhando,
está olhando o disco prateado redondo da lua. “As únicas pessoas da Prescott
High que estavam lá eram sua equipe principal: Mitch, Billie, Kali, Logan,
Timmy e Kyler. Foi muito claramente uma armadilha.”

“Puta merda,” murmuro, voltando minha atenção para Vic. Ele me dá


um sorriso muito lento e muito preguiçoso que diz claramente, disse a você,
princesa. Ainda bem que mandei sua bunda para casa? Eu o ignoro. “Então
eles têm que estar trabalhando para Ophelia, certo? Quero dizer, conseguir
dinheiro para algo assim?”

“Neste ponto, eu quase posso garantir,” Victor diz com um leve


aceno de cabeça, olhando para Oscar. “Você acha que ela está mantendo
Mitch por perto, para que ela possa usar isso como uma merda de guerra de
território do ensino médio?”

“Mais do que provável,” Oscar responde, voltando a olhar para


nós. Fico aliviada ao ouvir que ele soa como sempre, suave, frio e
calculista. Todo o resto sobre ele está diferente agora. A falta de óculos, as
roupas casualmente enrugadas, o rosto machucado. Até o calor que ainda
sinto nas minhas costas, de onde seu corpo foi pressionado no meu é
diferente. “Ela pode assumir com segurança que o mundo inferirá que tudo o
que acontece conosco é resultado de uma pequena guerra de gangues. Se a
mídia descobrisse que a esposa de seu filho foi executada a sangue frio por
um assassino, não pareceria muito bom para ela. Ophelia pode guardar
quantos policiais quiser no bolso; o povo decidiria o destino dela naquele
momento.”

Victor se levanta da cadeira para andar na grama por um momento,


fumando e passando a palma da mão sobre o cabelo roxo.

“Tudo bem, então procedemos sob a suposição de que Mitch é o


animal de estimação da minha mãe. Porém, precisamos desvendar o mistério
de Kali e Neil. Isso, e temos que lidar com Brittany. Já faz muito
tempo.” Vic estala os dedos e aponta para Hael. “Mande uma mensagem de
texto para a pequena thot21 e convide-a para sair ou algo assim. Finja que
está interessado em uma conexão, se necessário. Apenas a deixe sozinha em
algum lugar.”

Eu me irrito com a sugestão e me mexo no colo de Callum, mas Hael


apenas sorri para mim.

“Aww, qual é o problema, Blackbird? Você está com cúmes?”

“Vá se foder, Hael,” murmuro, mas sei o quão importante é lidar com
Brittany Burr. O pai dela prendeu meus meninos; ela quebrou o preço do
Havoc. A primeira e única vez que isso aconteceu foi durante a segunda
metade do segundo ano. Meus meninos colocaram um cara em um gesso de
corpo inteiro, queimaram seu trailer até o chão e fizeram sua mãe ser
deportada.

Eles não brincam com essa merda.

“Eu posso ser muito charmoso quando preciso,” Hael diz com um
encolher de ombros. Ele está sem camisa e vestindo apenas cuecas xadrez
vermelhas e um capuz vermelho. Eu tenho que me forçar fisicamente a não
olhar para ele. “Ela vai aparecer, mesmo que apenas para reclamar um
pouco. O que vamos fazer com ela?”

“Cortar a pele dela onde papai não pode ver e a deixar


permanentemente com cicatrizes,” Callum sugere, me abraçando perto. É
estranho ouvir coisas tão violentas saírem de lábios tão bonitos e
sorridentes. “Então esperamos o bebê nascer e terminamos o trabalho. Há
muitos casais amorosos procurando um bebê; vamos dar a criança a um
deles.”

“Eu gosto dessa ideia,” Vic diz, assentindo. “Ela resolve nossos
problemas no curto e no longo prazo. Hael, quando você a encontrar, leve-a
para a cabana e a mantenha lá por um longo fim de semana. Vamos assustá-
la, mas encobrir como se ela estivesse na casa de uma amiga.”

“Entendi, chefe,” Hael diz, bocejando e saudando ao mesmo


tempo. Aaron está basicamente em coma, encostado na parede perto da porta
de vidro deslizante com os olhos fechados e os braços cruzados sobre o peito
sem camisa. Não tenho ideia de que cabana exatamente é que eles estão
falando, mas Aaron disse que eles tinham buracos para se esconder por toda
parte que eu ainda não sabia.

“Como foi a reunião com Coraleigh?” Eu pergunto. Quase tinha


esquecido disso, na emoção de todo o resto. Os outros garotos se voltam
para Oscar, esperando que ele responda. Parece que lhe dói fisicamente ter
que responder diretamente a mim.

Imagino que é porque ele sabe que agiu como um idiota.

“Ela está em pânico por termos cortado seu fluxo de renda, mas
recebi algumas informações interessantes sobre mais duas solicitações de
compra dos amigos extravagantes de Ophelia. Tive que colocar uma faca no
pau do seu marido para obtê-lo, mas deu certo. Além disso, você sabia que
Marcus não foi circuncidado?” Eu apenas olho para ele, mas sua expressão
nunca muda. “Ele é agora. Não tenho certeza se fiz um bom trabalho, mas se
ele fizer o que dizemos, seu pau deve curar muito bem.”

“Foda-me,” murmuro, e Cal e Hael riem.

“Ele já não fez isso hoje?” Hael pergunta, e eu o encaro.

“Falando nisso,” Victor começa, me dando um olhar afiado. “Você


está com um enorme problema por deixar a escola do jeito que deixou
hoje. Você quebrou todas as regras do livro de Havoc e mais algumas. Eu
devo jogar você por cima do meu joelho e bater na sua bunda, esposa.”

“Vai se catar, Victor,” eu retruco, mas minhas bochechas ficam


vermelhas porque sei que ele está certo. Eu não deveria ter saído assim. Esta
cidade nunca foi tão perigosa; a única vez em que estou verdadeiramente
segura é quando estou com meus meninos. “Mas não posso discordar. Isso
não vai acontecer novamente.” Ele assente brevemente, parecendo satisfeito.

“Bom. Venha aqui então e leve a sua surra como uma campeã. Vou
dar um tapa por cada quarteirão fora da Prescott High que você
andou.” Victor se vira para Oscar enquanto minha boca se abre em
choque. “Eram dez, não eram? Dez quarteirões?”
Oscar dá um aceno muito lento e muito deliberado.

“Você não pode estar falando sério?” Isso vem de Aaron, porque
ainda estou chocada demais para responder corretamente. “Você não pode
bater nela; ela não é uma criança.” É o que diz o garoto que acabou de me
espancar em seu Bronco enquanto fazíamos sexo. Mas entendo o que ele
está dizendo: isso é diferente.

“Ela não é, mas é membro da Havoc, e ela estragou tudo. Poderíamos


bater nela, como fizemos com Hael quando ele me desobedeceu e fodeu
aquela garota de Oak Valley Prep contra os meus desejos.” Hael se encolhe,
mas pelo menos ele tem a decência de parecer envergonhado por todo o
cenário. “Você prefere isso? Se todos nós cinco a fizermos sangrar?”

Aaron dá um passo à frente, e posso ver que ele terminou de se


segurar. Como ele disse, ele fez isso por mim. Ele suporta Victor por mim.

“Espere,” eu digo, levantando-me de repente. Aaron faz uma pausa e


olha para a minha mão enquanto eu a pressiono contra seu peito. “Justo é
justo. Eu aceito o castigo.” Ele não gosta disso, passando as mãos sobre as
minhas e apertando-as contra sua pele quente. Eu posso sentir seu coração
batendo dentro do peito.

“Isso é humilhante e estúpido pra caralho. Você merece melhor que


isso.” Aaron me puxa para perto, me envolvendo em seus braços enquanto os
outros assistem. Eu me pergunto o que ele pensa sobre eu subir na cama com
Oscar? “Ela não desobedeceu a uma ordem direta; ela apenas tomou uma
decisão estúpida. Se alguém merece ser espancado, é Hael por nos envolver
com Brittany em primeiro lugar.”

“Seu pau vai nos matar,” Callum murmura enquanto Hael revira os
olhos, mas Vic já está balançando a cabeça.

“Não. O pau de Hael agora pertence a Bernadette. Ele não o usará em


nenhuma outra mulher novamente. Claramente, ele tem um problema. Bem,
resolvemos esse problema adicionando uma Menina Havoc.” Victor dá a seu
melhor amigo um olhar mortal que me arrepia até os ossos. “Fui gentil o
suficiente para compartilhar minha esposa com você; não estrague
tudo.” Victor inclina a cabeça para o lado e dá um sorriso indisciplinado,
como um rei preguiçoso. “Não vou argumentar que Hael não merece uma
surra, mas ninguém quer tocar sua bunda desagradável.”

“Exceto por mim,” eu digo, e Hael encolhe os ombros, levantando-se


da cadeira com um baseado entre os lábios.

“Tudo bem então,” ele diz, empurrando sua calça de pijama sobre a
curva muscular de sua bunda. Ele bate na bochecha direita e me dá um
sorriso atrevido por cima do ombro. “Bata em mim, Bernie. Vou levar dez,
só para que tudo seja justo, mas tente não apalpar muito.”

Victor dá um tapa na parte de trás da cabeça de Hael, mas se Hael


acha que ele está saindo disso sem dar seguimento, ele não me conhece
muito bem.

“Tudo bem,” eu digo, me afastando de Aaron e dando-lhe um


olhar. Ele está olhando para mim com um pouco daquela determinação
ardente que eu notei no drive-in. Ele está realmente e verdadeiramente
acabado de me ver ser manipulada ou tratada como uma merda. “Eu vou
bater em Hael, e então Victor pode me bater, e podemos seguir em frente,
sim?”

“Oh, sim,” Victor ronrona, cruzando os braços sobre o peito


largo. “Eu sinto que isso é mais do que justo, não é? Um pouco de
humilhação ajuda muito.”

“Eu não estou humilhado,” Hael diz, sua bunda ainda pendurada nas
calças. “Estou excitado; vamos chegar a isso.” Ele esfrega as palmas das
mãos enquanto eu me aproximo dele e Callum ri atrás de mim.

“Vou filmar isso,” ele diz, levantando o telefone. Hael não parece se
importar.

Eu molho meus lábios e respiro fundo, levantando minha mão para


segurar a bunda dele.

“Com licença, Sra. Channing, mas eu sinto que você está tendo
liberdades com meu corpo.” Hael bufa, como se ele fosse tão engraçado, e
eu bato nele o mais forte que posso. Minha palma arde porque sua bunda é
muito tonificada, mas tanto faz. Faço de novo, e ele geme, deixando a
cabeça cair para trás enquanto dá uma tragada no baseado. “Mm, geralmente
sou eu quem dá palmadas, mas eu gosto disso. Adicione um pouco de água,
e meu pau pode cortar granito.”

“Cale a boca,” eu resmungo, mas minhas bochechas estão coradas de


qualquer maneira, enquanto eu dou uma palmada nas oito vezes restantes,
ignorando seus gemidos e murmurações. Oscar fica quieto, observando nós
dois com uma expressão inescrutável, enquanto Aaron franze a testa, os
braços cruzados sobre o peito largo.

“Esta é a merda mais idiota...” ele murmura, mas ele não tenta parar.

“Bom garoto,” Victor diz, e Hael lança um olhar cheio de


desprezo. Ele faz o que Vic diz por que o ama e o respeita, mas
ele realmente não gosta de ser chamado assim. “Agora, Bernie, calças para
baixo.” Vic pega a cadeira extra de plástico do pátio e a estaciona na grama,
como se estivéssemos expostos ao luar ou algo assim. Os outros quatro
garotos assistem da varanda enquanto Victor se senta e dá um tapinha em
seu colo. “Curve-se e vamos ver essa bunda.”

“Odeio você,” eu rosno, sentindo meu corpo ondular de raiva. Estou


muito chateada porque há uma pequena fervura dentro da minha barriga que
gosta da ideia de Vic me espancando na frente dos outros meninos. A ideia
de minha bunda estar nua com todos os cinco por perto. A possibilidade de
que, em algum momento, todos possamos estar nus juntos...

“Odeie-me enquanto você está tomando seu castigo, sua majestade,”


Victor diz, dando um tapinha no seu colo novamente. “Venha agora, esposa.”

Cerro os dentes e enrolo as mãos em punhos, mas vou fazê-lo, apenas


para provar que estou disposta a aceitar meu castigo como qualquer outra
pessoa. Sei de fato que parte da punição de Hael foi que Brittany chamou
Havoc, que ele teve que ser chutado por um policial. Oscar não teria
permitido que ele fizesse isso antes dos resultados do teste de DNA, a menos
que pretendesse que Hael levasse uma surra.
Tudo o que esse grupo faz é calculado.

Incluindo isso.

Vou até Vic, empurrando minhas calças de pijama pelos quadris e


revelando minha bunda branca como a luz da lua. Victor faz um som de
apreciação sombria em sua garganta e depois me puxa para baixo, para que
eu fique sobre seus joelhos.

Raiva imparável me preenche, e eu tenho que fechar meus olhos para


não enlouquecer. Isso não é coisa minha. O que aconteceu hoje com Oscar
não é o meu problema. O que está acontecendo comigo? Você está baixando
a guarda, Bernie. Além disso, você é uma pervertida perversa, como o resto
dos idiotas dessa família.

“Mm-mm-mm,” Victor ronrona, esfregando minha bunda com a mão


e depois apertando a carne macia com dedos fortes. Ele me bate com força, e
eu mordo meu lábio para não fazer nenhum som. “Olhe para essa bunda,
senhora Channing. Merda, que ideia incrível para um castigo, modéstia
parte.”

“Coma merda,” eu resmungo, mas mantenho meu olhar focado na


grama, tentando ignorar os cinco pares de olhos que estão em mim enquanto
estou curvada e vulnerável. Não esquecerei tão cedo a sensação de estar
sendo observada por todos eles ao mesmo tempo. Mesmo inclinada assim,
estou chamando a atenção deles, porque, sejamos honestos: não é Victor que
todos estão olhando com expressões selvagens.

“Você só vai sentar aí ou vai bater nela?” Aaron estala e Vic faz uma
pausa com a mão no ar acima das minhas bochechas. Eu não consigo ver
exatamente o que ele está fazendo, mas há uma longa pausa antes que sua
mão desça e me bata na bunda pela segunda vez. “Jesus.”

“Aaron, você precisa aprender a relaxar um pouco,” Vic ronrona,


deslizando um único dedo pelas minhas dobras molhadas antes de me bater
novamente. “Bernie quebrou as regras; Bernie está sendo punida.”

“Eu ainda não vejo por que você faz todas as dez palmadas,” Hael
resmunga, sua voz colorida com luxúria. Eu posso apenas imaginá-lo
segurando seu pau duro através de sua boxer enquanto ele assiste.

“Porque eu.” Victor dá um tapa na minha


bunda. “Sou.” Outra. “O.” Palmada. “Chefe.” Ele faz uma pausa para rir
enquanto eu luto para recuperar o fôlego, enfiando os dedos na terra úmida
do gramado. Sabendo que todos estão olhando para mim, que estão todos
excitados e que eu sou a única garota que pode atender às suas
necessidades... tudo isso ajuda a amenizar parte da raiva que estou sentindo
agora. “Seis, faltam quatro. Como está se sentindo, Bernadette?”

“Podemos acabar com isso logo?” Eu rosno. Cada segundo que passa
enquanto estou curvada sobre seu colo é uma agonia. E se ele acha que está
conseguindo algo além disso, tem uma surpresa reservada.

“Eu quero saborear esse momento,” Vic responde facilmente, e posso


imaginá-lo olhando Aaron do outro lado do gramado.

“Espere, você parou de filmar?” Hael pergunta, conversando


claramente com Callum. Não ouço a resposta dele porque Vic escolhe esse
momento para me espancar pela sétima vez, passando a mão sobre a carne
ardente da minha bunda. Ele está colocando muita força nisso, de modo que
cada impacto de sua palma nas minhas bochechas caminhe nessa linha tênue
entre dor e prazer.

“Depois disso, Bernie ...” Vic começa, mas eu apenas me mexo em


resposta, e ele não pode se conter. Ele termina de me bater e depois ri
enquanto me levanto violentamente, me afastando dele e puxando meu
pijama para cima. Se apenas os vizinhos tivessem visto... quero dizer, os
vizinhos de Aaron já acham que somos estranhos o suficiente. Não seria
apenas o topo do seu sundae suburbano?

Eu me viro para encontrar todos os cinco homens fixados em


mim. Até Oscar não faz muito para esconder sua expressão. Cada um pensa
que está recebendo algo, mas ainda não tenho certeza de que eles estão
prontos para uma sessão em grupo. Todos me olham como se eu fosse os
escolher para a noite.
“Depois disso, o que, Victor?” Eu pergunto, virando-me para olhá-lo
e depois recuando em direção à porta deslizante. Aaron me deixa passar, os
braços ainda cruzados sobre o peito, a atenção focada apenas em mim.

Vic se levanta, como se achasse que ia transar, mas eu apenas viro e


corro para dentro de casa subindo as escadas, batendo e trancando a porta de
Aaron atrás de mim.

Em vez de dar a qualquer um desses bastardos uma performance bis,


eu uso minha própria mão para me divertir no sono, minha bunda doendo e
esfregando contra os lençóis de flanela de Aaron.
Todos decidimos tirar um dia de folga na casa de Aaron, mas as
meninas ainda precisam ir à escola, então acabo bocejando no banco do
passageiro do Bronco, vestindo pijamas e um dos moletons de Cal. Aaron
deixa Kara e Ashley primeiro antes de ir para a escola de Heather.

“Vamos para casa em breve?” Ela pergunta quando estamos na


metade do caminho.

A palavra casa desencadeia algo em mim, e eu estremeço, apesar de


mim mesma. Aquele duplex, com Pamela e Neil, nunca foi uma casa. Por
falar nisso... só posso imaginar o que Pam está fazendo sem o parceiro
criminal ao lado dela. Estou sinceramente chocada que ela não tenha me
chamado.

Meio que me assusta um pouco.


O dinheiro que Vic deu a ela durará apenas algum tempo, e então ela
estará atrás de mim por mais, extorquindo-me em troca de manter Heather
comigo. Conheço essa mulher, e ela não é nada senão uma cadela egoísta e
manipuladora.

“Por que você gostaria de voltar para lá?” Eu pergunto, esperando


que ela não diga algo terrível como eu sinto falta do papai. Sempre
monitorei suas interações da melhor maneira que pude, mas o Coisa não era
nada senão manipulador. Não tenho certeza de que Heather estivesse ciente
de que estava em perigo ao seu redor.

Aaron e eu trocamos um olhar quando Heather não responde, o


silêncio se estendendo espesso e desconfortável entre nós três.

“Podemos pegar suas coisas e levá-las para minha casa,” Aaron


sugere, mãos tatuadas apertando o volante com tanta força que seus dedos
empalidecem. “Isso ajudaria a se sentir em casa? Podemos até conseguir
uma cama para você e você pode dividir um quarto com Kara e Ashley.”

Olho para trás e vejo Heather olhando para seu colo. Ela está
cutucando as caveiras brilhantes em suas leggings, o cabelo escuro
pendurado para frente e escondendo o rosto. Meu coração aperta com a
visão, porque eu posso dizer que ela está horrivelmente, desesperadamente
triste com alguma coisa.

“Nossa casa,” ela começa e depois suspira. “Com mamãe e papai,


esse foi o último lugar em que vi Penelope viva.” Minha visão pisca com
manchas brancas e meu coração despenca no estômago como um cometa,
deixando uma cratera que não tenho certeza se sei como preencher. “Além
disso, o quarto dela está lá, e todas as suas coisas...”

“Que traremos junto conosco quando voltarmos para as nossas


próprias coisas,” eu digo, sem fôlego e tentando o meu melhor para não
chorar. Olho o para-brisa enquanto Aaron estende a mão para eu
pegar. Aperto seus dedos nos meus e agradeço à porra do universo que ele
voltou para mim, que ele é meu de novo, que eu nunca realmente o
perdi. “Não vamos mais ficar com mamãe ou Neil. Você está bem com
isso?”
Heather não responde por um minuto, e quando olho para trás para
olhar para ela, vejo lágrimas caindo em suas leggings. Eu gostaria de poder
deixá-la ler o diário de Pen. Quando abro e vejo as voltas e reviravoltas de
sua bonita caligrafia, posso ouvir sua voz na minha cabeça. Mas como posso
deixar Heather ler quando é tão horrível? Como posso deixá-la abrir essas
páginas e descobrir que quando Penelope tinha quatorze anos, ela se vestiu
com uma roupa fofa e saiu com suas amigas. Ela tomou uma única
cerveja. Não é incomum para um aluno de Prescott High começar a beber
cedo.

Como posso deixar Heather ler sobre o que aconteceu quando ela
voltou para casa, como o Coisa aumentou seus ataques de abuso sexual e a
estuprou. Como Penelope tentou procurar ajuda. Como eles culparam sua
saia e aquela cerveja pelas depravações distorcidas e fodidas de Neil.

“Penelope está sempre conosco, Heather,” digo em vez disso, minhas


mãos tremendo. Como eu disse antes, tenho certeza que tenho TEPT ou algo
assim. Mas não é como se eu pudesse ir a um psiquiatra e contar a eles todos
os meus problemas. Ei, sim, então eu sempre tive ataques de pânico ao falar
sobre minha irmã morta, mas eles aumentaram de intensidade depois que
enterrei seu violador vivo em um caixão forrado de cetim vermelho. “Se
você pensa nela, e se lembra dela, e a ama mesmo que ela se foi, não importa
onde moramos ou se temos algum de seus bens. Ela permanece viva através
de nossas memórias.”

Heather não diz nada quando entramos na pista circular em frente à


escola. Ela abre a porta dos fundos e bate atrás dela. Quando ela sai
correndo, sua mochila balança contra seu corpo magro, e eu simplesmente
perco a cabeça.

Largo meu rosto nas mãos enquanto lágrimas quentes e salgadas


escorrem pelo meu rosto.

“Oh, Bernie,” Aaron murmura, estendendo a mão e afastando os


cabelos do meu rosto. Eu posso ouvir em suas palavras o quanto ele odeia
me ver machucada. Então, mesmo que os pais estejam buzinando atrás de
nós, e nós realmente deveríamos nos mexer, ele solta o cinto de segurança
para que ele possa se inclinar e me dar um abraço tão forte que quase dói.
É o que mais amo nele: ele sempre tem a capacidade emocional de
dar quando me sinto vazia por dentro.

“Ei,” ele diz depois de alguns minutos, quando a maioria dos outros
carros se aproxima de nós xingando, gritando e nos mostrando o dedo do
meio. Não é brincadeira, os pais de crianças em idade escolar são
fodidamente loucos. “Eu tenho algo que quero lhe dar.”

Olho para ele e vejo em seu rosto que isso é algo sério. Não é como
quando Hael me diz que quer 'me dar alguma coisa' e depois mostra o pau. O
que, devo acrescentar, ele fez duas vezes na última semana.

“O que?” Eu pergunto, mas Aaron apenas balança a cabeça, passando


os dedos pelos cabelos castanhos enquanto ele se recosta no assento e coloca
o Bronco na estrada. Começa a chover a caminho de casa, gotículas grandes
que se transformam em granizo a cerca de meio quarteirão da casa.

A Harley e o Camaro ainda estão estacionados em frente, o que me


diz que todo mundo ainda está aqui.

Eu gosto disso, a chuva e a companhia e me sinto confortável na casa


de Aaron enquanto Heather está segura na escola.

Enxugo minhas lágrimas com as mangas do moletom de Cal, mas


assim que Aaron e eu entramos pela porta da frente, os olhos de Oscar se
voltam para os meus e posso dizer que ele sabe que estou chorando. Cara de
pau, penso nele, porque simplesmente não tenho energia para discutir.

“Você está bem, Blackbird?” Hael pergunta quando passo pela


cozinha e o encontro cozinhando ovos em nada além de sua cueca boxer da
noite passada. Concordo, mas não me incomodo em explicar, com a intenção
de seguir Aaron pelas escadas e entrar em seu quarto.

Ele fecha a porta atrás de nós enquanto minha respiração acelera.

Este é o quarto dele nesta casa, mas é quase meu. Desde que
oficialmente voltamos a nos reunir, se eu dormir aqui, ele geralmente
também. Antes disso, ele dormia no quarto com os beliches ou no chão no
quarto das meninas. Mesmo quando ele estava me ignorando e agindo como
se eu fosse uma imposição em sua vida, ele estava sendo acolhedor.

“Você não me trouxe até aqui só para me pedir para chupar seu pau,
não é?” Eu brinco, mas Aaron apenas me dá um sorriso de boca fechada.

“Não,” ele diz, abrindo a porta do armário e vasculhando a merda


aleatória que está dentro dele. Há alguns equipamentos esportivos antigos,
roupas sujas, figuras de ação que ele provavelmente não toca desde os dez
anos de idade. Sorrio e cruzo os braços sobre o peito, encostando o ombro na
parede ao lado da porta.

Aaron limpa a porcaria do caminho, abrindo uma pequena estante no


canto. É uma daquelas de plástico que você pode comprar em qualquer loja
de departamentos, com pequenas gavetas recheadas de probabilidades e
fins. Ele abre a de baixo e extrai uma pequena caixa de papelão.

“O que é isso?” Eu pergunto quando ele se levanta e se vira para


mim, segurando a caixa perto do peito. Aaron fecha os olhos por um
momento, como se estivesse tentando se preparar para o que está prestes a
fazer. Meu pulso começa a acelerar, e eu saio da parede. “Aaron Atlas...” Eu
aviso quando ele finalmente abre seus lindos olhos para olhar para mim.

“Temos guardado isso há anos,” ele diz, ainda segurando a caixa. “Eu
provavelmente deveria ter dado a você antes, mas não queria que você
entendesse errado. Com todo o meu coração, eu realmente queria que você
fosse embora e fizesse uma vida em outro lugar, uma vida sem sangue,
armas e cadáveres.” Ele entrega a caixa para mim e nossos dedos tatuados se
enroscam em uma imagem muito bonita. “Mas agora que você está aqui, eu
também posso lhe dar o mundo, mesmo que não seja exatamente o que eu
tinha em mente.”

“O que é isso, Aaron?” Eu pergunto, sentindo uma gota de suor


escorrer pela minha espinha. Tenho medo de abrir a caixa e ver o que há
dentro.

“Apenas abra,” ele me ordena, e porque eu estou quase certa de que o


que quer que esteja nesta caixa vai me abalar, eu me sento no chão. Aaron se
junta a mim, e me lembro que uma vez tocamos girar a garrafa apenas com
nós dois, então teríamos uma desculpa para nos beijarmos.

A caixa tem algumas teias de aranha agarradas a ela que eu tiro com
uma mão trêmula, levantando cuidadosamente as abas para que eu possa
olhar para dentro.

O que eu vejo me deixa surpresa.

Minha respiração para e fico tão tonta que preciso fechar os olhos
para não cair. Mesmo sentada, me sinto instável.

“Bernadette,” Aaron sussurra, e abro meus olhos novamente.

Dentro da caixa, vejo uma pilha de fotos antigas e um pen


drive. Essas são todas as fotos de Penelope que eu pensei que tinha perdido
quando os meninos carregaram minha merda no quintal e incendiaram. Na
época, minha irmã ainda estava viva, então, enquanto eu estava com o
coração partido, não era suicida com a coisa toda. Mas então... Pen se matou.

Ou... foi morta. Não tenho certeza de que posso obter a resposta para
esse mistério em particular. O Coisa não teria me dito de qualquer
maneira. Mesmo sob tortura, não tenho certeza se ele teria mostrado todas as
suas cartas. Essa é a coisa desses tipos psicopatas narcisistas; eles podem
literalmente reescrever a realidade em suas cabeças e começar a acreditar em
suas próprias mentiras.

Na verdade, há um episódio de South


Park chamado “Fishsticks” que encapsula perfeitamente esse ponto.

Jogo o conteúdo no chão, procurando uma foto em particular. Meus


olhos estão nadando em lágrimas novamente, mas sei que Aaron não está me
julgando. Lá. Acho o que estou procurando: uma tira de fotos de uma cabine
de fotos estúpida na galeria de cassinos. Mamãe e papai costumavam ir lá
para se misturar com seus amigos extravagantes. Tenho muito poucas
lembranças da vida antes de meu pai morrer, como se meu subconsciente a
tivesse bloqueado para me proteger.
Afinal, como eu poderia continuar nas condições atuais se tivesse
lembranças de como era a vida? Eu precisava me acostumar com a porcaria
que me foi entregue e lidar. Essa era a única maneira.

“Jesus,” murmuro, olhando para o rosto sorridente de Pen. Ela tinha


apenas sete anos nesta foto; Eu tinha seis anos. Éramos tão malditamente
fofas, tão inocentes, intocadas e perfeitas. Meu polegar esfrega a imagem,
desejando ter mais do que isso. Desejando ter minha irmã de volta. “Matar
Neil não a trouxe de volta, Aaron,” eu digo, mesmo que seja uma afirmação
estúpida a ser feita. Obviamente, matar Neil Pence não iria ressuscitar minha
irmã dos mortos. “Por tanto tempo, tudo que eu queria fazer era machucá-lo,
fazê-lo pagar.” Olho para cima da foto e vejo Aaron me observando
atentamente, como se ele não tivesse certeza se deveria apenas ouvir ou se
deveria me pegar em seus braços e assumir, afagar meu cabelo para trás,
murmurar coisas doces no meu ouvido. “Agora que ele se foi, que está
feito... me sinto vazia.”

Aaron se ajoelha e se arrasta até mim, meu primeiro amor envolto em


tatuagem e violência. Mas quando ele pressiona sua testa na minha, tudo o
que posso sentir é sua compaixão, sua necessidade de proteger. No dia do
funeral de seu pai, Aaron me disse que desejava poder cuidar de todos nós,
que desejava ser forte o suficiente.

Ele passou anos concedendo seu próprio desejo. Ele pode e cuida
dessa família; ele é forte, por dentro e por fora.

“Preencha todo esse vazio com o meu amor,” ele sussurra, os olhos
ainda fechados. Também quero fechar o meu, porque estou chorando muito,
mas adoro o jeito que ele parece nas mãos e joelhos na minha frente. Um
garoto tão bonito e um homem ainda mais bonito. “Estamos aqui para
aquecer esse vazio, Bernadette. Acostume-se a isso.”

Sorrio, largando a foto no meu colo. Nossos rostos se esfregam e


então nossas bocas se encontram. Aaron me beija corretamente, roubando
minha alma pela boca, tornando-a dele. Em troca, ele me dá sua própria
alma, e eu a aceito com dedos gananciosos e um coração desesperado.
“Você e eu, somos o destino do caralho,” ele diz, sua boca se
movendo contra a minha enquanto ele fala as palavras. Meus braços
envolvem seu pescoço enquanto nossas línguas emaranham. Ele toma muito
cuidado para empurrar as fotos com segurança para o lado e depois sobe em
cima de mim, incentivando-me a deitar no tapete dele para que ele possa me
devastar com os lábios. “Você é tudo o que há para mim, Bernadette. Eu
vivo e respiro por seu comando.”

Aaron tira minhas calças pelos meus quadris, quebrando nosso beijo
para deixar seu rosto cair entre as minhas coxas. Ele coloca a boca em mim,
lábios quentes e língua gananciosa, saboreando-me e gemendo de prazer ao
mesmo tempo.

Ele leva o seu tempo com isso, movendo seus lábios nos meus, e seu
pênis para a minha abertura somente depois que ele tem certeza de que eu
fiquei satisfeita várias vezes. Nós não saímos daquele quarto até a hora de
pegar as meninas, e quando o fizermos, nos certificamos de pegar a foto de
Penelope comigo, para que eu possa dar a Heather.

“Aqui,” digo a ela quando ela entra no carro, e a maneira como seu
rosto se ilumina me diz que é tudo o que ela precisava, um lembrete de que
Pen estava viva uma vez, que era feliz, que ela era real.

Decido que mais tarde, quando todo mundo na casa estiver


dormindo, vou enterrar o diário no quintal e todos os seus segredos sombrios
e terríveis.

As únicas lembranças que quero levar de agora em diante são felizes.


É óbvio que Mitch está realmente chateado com o que aconteceu na
quinta-feira à noite. Ou seja, o fato de não termos caído na sua armadilha. É
difícil para mim manter uma cara séria quando vejo Kali na segunda-
feira. Eu só vi pessoas com a boca costurada em filmes, mas caramba, ela
parece um monstro.

A metade inferior do rosto está inchada e deformada, cada buraco


onde as meninas de Stacy enfiaram a agulha está vermelho e ferido. A essa
altura, aposto que ela sabe que Neil está morto. Como ela não pode fazer a
suposição? Afinal, a última coisa que ela viu foi ele me arrastando para fora
da Prescott High em algemas.

Trabalhamos em poesia na aula do Sr. Darkwood, como sempre, mas


tudo em que consigo pensar em escrever são os meninos.
Sou obcecada por eles. Suponho que eles também sejam obcecados
por mim, não são? Com base em tudo o que eles me disseram, eu não
imaginava isso quando os assisti do outro lado da escola e imaginei que eles
eram meus. Eles foram e sempre serão.

Couro, luxúria e lábios.

Minha visão se estreita em um único ponto; minha respiração


acelera.

Tantas mãos, tantas bocas, paus e atrito e calor.

Uma eternidade infinita de escuridão salpicada pela luz das estrelas.

Possibilidades ilimitadas cercadas de violência e romance.

Eu e você e nós.

Faço uma pausa, reviro os olhos para a minha própria poesia de


merda e depois desenho um pau gigante por cima das palavras antes de
entregá-lo. O Sr. Darkwood não pestaneja; ele está acostumado a ver pênis
desenhados à mão em sua caixa de entrada. Eu desenhei pelos e veias no
meu, por isso é bonito e detalhado.

“Eu gosto do seu batom,” digo a Kali, passando meu dedo pelos
meus lábios quando vejo ela e Billie juntas no corredor. Elas me encaram, e
decido que, com base em suas expressões faciais, ainda não estão
devidamente intimidadas.

Aparentemente, um tiroteio e um amigo morto não foram suficientes


para abalar Billie Charter.

Aparentemente, os lábios costurados e um possível pai do bebê


morto não foi o suficiente para Kali Rose-Kennedy.

Nós vamos ter que corrigir isso.

Na quinta-feira, as coisas parecem ter se resolvido um pouco, o que


me assusta. Na última vez em que Mitch e sua equipe ficaram quietos, eles
planejaram o ataque de Halloween.

“Eles vão nos atingir no baile de inverno,” digo no almoço, antes que
qualquer um dos meninos possa fazer a sugestão. Posso sentir isso no ar,
essa estranha sensação de zumbido que faz meu coração trovejar.

“Quem?” Oscar pergunta, como se ele não tivesse passado a semana


me evitando. Estou ficando cansada disso, para ser sincera com você. Sexta
de manhã, pensei que ele pudesse realmente falar comigo, mas depois saí do
quarto de Aaron com essas fotos em mãos e Oscar voltou a fazer planilhas
em seu iPad.

Vi alguns dados interessantes quando espreitei.

O fator de risco para minha mãe estava listado em setenta e nove por
cento.

Que merda.

Até Kali Rose-Kennedy estava listada em setenta e cinco por cento.

Então, o que vamos fazer para tirá-las oficialmente da minha lista?

“A Charter Crew,” digo enquanto nos sentamos à nossa mesa de


sempre na cafeteria. Se não estamos na escola ou optamos por não comer
aqui, a mesa fica vazia. Uma vez, no ano passado, um cara chamado Owen
Tanaka ficou sentado lá sem a permissão de Havoc, e eles quebraram os
dedos dele. “Eles nos atingiram no Halloween; eles virão atrás de nós
durante o baile de inverno.”

Pego a maçã da bandeja de Oscar sem perguntar, e ele não diz nada.

“É melhor eles não estragarem o meu dia de neve,” Hael diz,


cruzando as mãos atrás da cabeça enquanto eu mordo a maçã, segurando-a
na boca enquanto apunhalo um canudo na minha caixa de leite com
chocolate. “A neve que os pirralhos de Oak Valley trazem é tão pura. Se eu
só vou usar coca algumas vezes por ano, gostaria de aproveitar o momento.”
Olho para ele, mas nós dois sabemos que ele não está cheirando
nada; ele estará muito ocupado tentando permanecer vivo.

“Eu concordo com Bernadette,” Oscar diz, olhando para os irmãos


Ensbrook e deixando um sorriso absolutamente horrendo se espalhar por
seus lábios. Ele pisca para eles agradável e devagar e os dois garotos se
afastam como se tivessem sido chutados.

Ele deve ter assustado a merda deles na quinta-feira; ambos parecem


dez vezes piores que Oscar. Vendo que as chances eram de dois para um,
estou impressionada com as capacidades do homem. Por mais idiota que ele
seja, não posso negar isso.

“Outro golpe?” Victor se pergunta, franzindo a testa. “Nesse caso,


eles não usarão pessoal da Prescott novamente; eles trarão mais bandidos
contratados. Precisamos informar Ophelia que sabemos sobre ela, jogar um
pouco de sujeira no rosto e fazê-la recuar um pouco. Ela está vindo para nós
com força e rapidez.” Vic esfrega o rosto por um momento, um ensaio
deitado sobre a mesa na frente dele. Apesar de tudo, Victor precisa manter
suas notas, para que ele possa permanecer no caminho para se formar.

Me pergunto se a avó dele sabia que ele teria que se esforçar até os
ossos para chegar perto de conseguir o dinheiro dela. Esse era o plano dela o
tempo todo? Ou ela simplesmente não percebeu o quão terrível sua filha
era? Talvez ela tivesse, e é por isso que ela queria que Vic morasse com seu
pai. Quem sabe. Vendo como a mulher está morta, ela levou seus segredos
para o túmulo.

Só estou desejando que Neil tenha feito o mesmo.

“Bem, há um ponto positivo em ela contratar alguma ajuda


profissional. Embora não possamos abater várias dezenas de estudantes do
Prescott High sem chamar a atenção; Definitivamente, podemos nos livrar
de alguns bandidos contratados sem nos preocuparmos se alguém estiver
olhando demais.” Cal bebe sua Pepsi, brincando com seu cigarro habitual na
hora do almoço, mexendo-o entre os dedos. Nossos olhos se encontram e ele
sorri para mim.
Esta manhã, ele me agarrou enquanto eu estava andando pelo
corredor, me jogou em um armário e me beijou na frente de toda a escola.

Eu também adorei.

“Verdade,” Aaron concorda hesitante. “Mas também não podemos


prever o que alguém assim fará. Eles não estão envolvidos nessa disputa
além de um salário. Isso pode ser uma coisa muito boa... ou muito ruim.”

As portas da cafeteria se abrem e um silêncio cai sobre a sala.

Olho casualmente por cima do ombro, o sangue escorrendo do meu


rosto quando noto a Sra. Keating com a policial Young e o detetive
Constantine de cada lado dela. Merda, foda-se, e puta merda. A bela jovem
vice-diretora parece uma bagunça, o rosto inchado, a pele enrugada com
pontos. Mas ela está viva e, aparentemente, ela também voltou.

“Srta. Keating,” respiro, levantando-me junto com o resto dos


meninos. Fico feliz em ver que eles mostram a ela pelo menos uma pequena
quantidade de respeito. Ok, esposa. Você pode lidar com a Sra. Keating,
contanto que ela seja tratada. Victor vai deixar Breonna Keating comigo, o
que eu aprecio, mas como diabos vou lidar com isso?

Estou começando a perceber que meu código moral é apenas um


pouco mais rígido que o dos meninos.

“Bernadette,” Keating diz, parando a poucos metros de mim. Ela


costuma me chamar de Sra. Blackbird, mas aparentemente sobreviver a uma
tentativa de assassinato nos trouxe um novo nível de proximidade. Eu mudo
um pouco, cruzando os braços sobre o peito para esconder meu
nervosismo. A policial Young está me observando como um falcão,
procurando por qualquer coisa que ela possa usar contra mim. “Estou tão
feliz em ver que você está bem.”

“Tudo bem,” digo a ela, forçando um sorriso de lado. “Mas não


deveria ser eu quem diria isso para você? Bem-vinda de volta, a propósito.”

“Não estou de volta a nenhuma função oficial, ainda não,” ela diz,
com o queixo tão inchado que suas palavras ficam um pouco confusas
quando ela fala. Estou feliz em ver que a cadela astuciosa fez suas unhas
recentemente. Entendeu o que eu quis dizer? Ainda há esperança para
ela. “Mas eu queria checar as coisas. Principalmente, eu queria checar você.”

“Se possível, eu adoraria mudar essa conversa para o seu escritório,”


sugere Constantine, seus olhos castanhos examinando a sala antes de voltar
para os Garotos Havoc. É bastante óbvio que ele sabe que é uma ovelha
entre lobos aqui. Podemos estar no ensino médio, mas não seria tão difícil
transformar essa sala em um tumulto e terminar com seu cadáver
ensanguentado pendurado no mastro do lado de fora.

“É claro,” Keating concorda, dando aos Garotos Havoc um aceno


superficial. “Sr. Channing, parabéns pelo seu casamento com
Bernadette.” Vic lhe dá um sorriso branco.

“Obrigado, vice-diretora,” ele ronrona, de tal maneira que Sara


Young estremece. Não por prazer, acho, mas por horror. Pelo jeito que ela
olha para o meu marido, posso dizer que ela não gosta muito da companhia
dele. Me pergunto se ela pode sentir que a única coisa que está entre ela e
uma sepultura precoce é eu?

“Sr. Park, Sr. Harbin,” Keating cumprimenta Callum e Hael antes de


parar por um momento para estudar o rosto fodido de Oscar. “Sr. Montauk,
Sr. Fadler.”

“Hey,” Aaron diz, com um pequeno aceno e um sorriso


forçado. Oscar escolhe não reconhecê-la. “Ligue-nos se precisar de nós,”
Aaron acrescenta quando saio com a vice-diretora e os dois
policiais. Vaughn se encontra conosco no corredor, mas ele é tão inútil
quanto um pano úmido. Que bom que ele está trabalhando para nós agora,
mas é como jogar uma esponja contra uma espada.

“Ouvi dizer que seu padrasto está desaparecido,” Keating diz com
cuidado enquanto caminhamos juntas pelo corredor.

“Eu ouvi a mesma coisa,” digo com um encolher de ombros. “Mas já


foi tarde, certo?”
Keating olha para mim, um de seus olhos castanhos ligeiramente
obscurecido pelo inchaço em seu rosto. Seu olhar é compreensivo, quase
sociável.

“Depois que eu desmaiei, ouvi dizer que ele a atacou e ameaçou com
sua arma?” Ela pergunta, escolhendo suas palavras com cuidado. Eu aceno e
deslizo minhas mãos nos bolsos do meu jeans desbotados. “No cemitério,
onde sua irmã foi enterrada, certo?”

Quase tenho uma reação visível a essas notícias, mas consigo manter
a calma. Eu não mencionei o cemitério para Sara Young, mas ela foi até lá
procurar pistas de qualquer maneira. Ela sabe algo que eu não sei?

“Sim, bem,” eu digo, olhando para longe da Sra. Keating e para a fila
de armários à minha direita. Quando passamos, começo a notar rostos de
palhaços desenhados em Sharpie aqui e ali. A maioria deles é riscados com
um HAVOC rabiscado, mas há alguns novos aqui e ali. “É doloroso para
mim falar, visto que Neil estuprou Penelope. Ele me levou ao túmulo dela
para fazer um ponto.”

O corpo inteiro da Sra. Keating se enrijece quando ela abre a porta do


escritório e gesticula para que todos entremos. Se ela tiver alguma dúvida
sobre estar aqui depois do ataque, ela não mostra. Nem sequer olha para o
local onde ela caiu com o rosto uma bagunça ensanguentada. Deus, eu amo
essa mulher. Hoje ela está vestindo uma camiseta sob o paletó amarelo que
diz Combate ao fascismo! com um punho listrado que vai do branco ao
marrom ao preto.

Ela se senta em sua mesa enquanto o diretor Vaughn fica ao seu


lado. Os dois policiais uniformizados que estão sempre atrás de Constantine
esperam do lado de fora da porta, enquanto o próprio detetive se senta no
banco ao meu lado. Sara decide assumir uma posição à minha direita. Sinto-
me cercada aqui, mas pelo menos sei uma coisa com certeza: tenho uma
aliada na vice-diretora e um animal de estimação em Vaughn.

“Então, você sabe sobre o cemitério, hein?” Eu pergunto, virando-me


para Sara e agradecendo a Sra. Keating a cada respiração. Colocar essas
informações em mim no corredor me deu a chance de reorganizar minha
história e marcar um plano em meu cérebro.

“Por que você mentiu para mim, Bernadette?” Sara pergunta,


tentando o seu melhor para ser solidária. Mas ela tem os polegares nos
presilhas, a arma na cintura e um boné com a inscrição Polícia na cabeça. A
intimidação faz parte de sua tática hoje, entendo.

“Você viu o que aconteceu com Kali?” Eu pergunto, apontando para


a minha boca e tremendo. “Chegou a notícia de que ela falou e, bem...” eu
paro quando Sara franze a testa. Ela claramente tem ouvido falar sobre
Kali. Tenho certeza que ela também sabe que não pode colocar isso em
nós. Muitas testemunhas viram a própria Stacy enfiar a agulha e o fio nos
lábios de Kali. Obviamente, nenhum deles dirá nada sobre isso. “Não vou
lhe contar nada, se não for necessário. Estou começando a me perguntar se
preciso de um advogado?”

“Por que você precisaria de um advogado, querida?” Sara pergunta,


seu tom condescendente pra caralho. Eu cerro os dentes e dou a ela um olhar
afiado de lado.

“Porque você está tentando botar o desaparecimento de Neil em mim


quando todos sabemos que o filho da puta decolou por vontade
própria.” Suspiro e esfrego minha têmpora, me perguntando se realmente
vou ter que fazer isso. Se vou ter que usar o vídeo de Penelope para proteger
a mim e aos meninos. Quando vi pela primeira vez, fiquei furiosa com eles
por usarem a dor dela como arma. Mas agora que estou aqui, sentada em um
assento quente e vendo minha liberdade e a liberdade dos meus meninos na
linha... que escolha eu realmente tenho?

Não é melhor que Sara veja por si mesma que monstro era seu
parceiro?

“Por que não nos disse que ele a levou ao cemitério,


Bernadette?” Sara empurra, olhando para cima como se quisesse confirmar
algo com Constantine por cima do meu ombro. “Em algum momento, as
imagens de vídeo em sua viatura foram desativadas remotamente, mas antes
disso, temos isso.” Sara desliza o telefone do bolso e passa para mim. Há um
vídeo e pronto para ser usado; Eu pressiono play sem hesitar.

Lá está Neil, saindo do carro e preparando a pistola. Ah, e há um


pouco de mim rosa e loira com algemas correndo pela minha vida de
merda. Corro pela câmera e desapareço no cemitério quando Neil levanta a
arma e atira.

Ele passa pela câmera e desaparece. O vídeo termina logo depois,


mas aposto que há mais. Mais nada, porque nunca passamos pelo carro de
novo até os meninos aparecerem e Oscar desabilitar a câmera.

Abaixo o telefone e fecho os olhos.

Reviver esse momento está me fazendo sentir mal do


estômago. Claro, eu lidei com isso como um mestre, mas isso não significa
que eu queira voltar e experimentar atravessar um cemitério enquanto sou
perseguida por um policial louco novamente. De jeito nenhum. Ver o rosto
dele também traz outras lembranças. Isso me faz sentir falta de Pen mais
uma vez, me faz desejar ter lutado mais para protegê-la. Está tudo bem e
elegante que Havoc é uma arma para eu usar agora, mas queria ter podido
desembainhar essa lâmina a tempo de salvar minha irmã.

Abro os olhos e entrego Sara de volta ao telefone.

“O que você quer que eu diga? Eu lhe disse que Neil me agrediu e
segurou sua arma em mim. Agora você tem a prova em vídeo. O que mais
há?”

“Como o carro dele foi do cemitério para a cidade, Bernadette?” Sara


empurra, sua voz ansiosa, como se ela pensasse que realmente me pegou
dessa vez. “Podemos ver que Neil foi o agressor nessa situação, mas se seus
amantes fizeram algo com ele, precisamos saber sobre isso também.”

“Os amantes dela?” Constantine ecoa, e eu apenas rio com alegria


perversa com o tom de nojo em sua voz. Você não ama como os homens
podem fantasiar abertamente sobre foder um monte de garotas, ter um trio
ou desfrutar de um harém? No segundo em que a merda é revertida, é tudo
nojo e ela é uma puta, ela é uma vagabunda, ela é fácil. Que monte de
porcaria.

“Posso te mostrar uma coisa?” Eu pergunto, olhando para a Sra.


Keating. Ela está olhando para mim como se estivesse com pena de
mim. Me pergunto se ela se lembra de como era ter a minha idade, estar
envolvida na vida de gangue? Duvido que a gangue com a qual ela correu
seja parecida com os Garotos Havoc. Ninguém é como os Garotos
Havoc. “É um vídeo que encontrei no laptop de Neil uma vez. Ele me disse
que me mataria se eu mostrasse alguém, mas também me disse que me
mataria se eu tentasse denunciá-lo novamente, então acho que estou morta
de qualquer maneira.”

“Isso é altamente inapropriado,” Keating diz, estremecendo e


estendendo a mão para tocar cuidadosamente a lateral do rosto. “Bernadette,
você não precisa mais responder a perguntas. Se esses oficiais gostariam de
falar com você, recomendo que façam isso quando seu advogado estiver
presente.”

“Não, está tudo bem, Srta. Keating,” eu digo, olhando para ela com
um genuíno sentimento de gratidão no meu rosto. Victor temia que ela
pudesse ser uma obrigação, mas ele está errado. Ela é o ser humano
verdadeiramente mais real e gentil que eu já conheci na minha vida. E aqui
estava eu, pensando que o mundo inteiro era uma perda de tempo. Bem,
foda-me de lado. Aparentemente, realmente existe uma pequena fatia de
bondade em toda essa crueldade fria. “Eu quero fazer isso. Penelope merece
ter sua história contada.” Pego meu telefone do bolso da minha jaqueta de
couro rosa, disparando uma mensagem rápida para Oscar.

Envie-me o vídeo, por favor.

Ele não discute comigo e, em trinta segundos, tenho o que pedi. Ele
fica parado na nossa conversa de texto como um espinho venenoso,
bombeando veneno na corrente sanguínea da minha alma. Sinto-me tonta ao
vê-lo, e sei que não posso sentar aqui enquanto eles assistem. Eu
simplesmente não posso.
“Srta. Keating,” digo, olhando e dando o último pedaço do meu
coração que não é reservado para os Garotos Havoc a minha professora. Este
é a minha última chance, tanto quanto confiar em outras pessoas. Se ela me
trair, imagino que serei como Oscar ou Vic. Minha barra de moralidade
descerá ao nível mais subterrâneo e ficarei com apenas alguns princípios
revestidos de ferro: não machuque crianças, não machuque animais, não
estupre pessoas. É isso aí. No momento, também tenho alguns
complementos irritantes, como se alguém não o prejudicou, não os
prejudique.

Oro ao universo para que isso não seja um erro.

Acho que só o tempo dirá.

“Sim, Bernadette?” Ela pergunta enquanto levanto e seguro meu


telefone no meu peito. Não há nada incriminador nisso; os meninos nunca
seriam tão estúpidos a ponto de mandar mensagens sobre assassinato e
Havoc em um maldito telefone celular. Mas também não quero que a polícia
veja isso também.

“Vou encaminhar um vídeo que tenho no meu telefone para Sara


Young e depois vou embora por um dia porque não aguento mais. Tudo
bem?”

“É claro,” ela diz, acenando para mim e se virando para o diretor


Vaughn. “Podemos informar aos professores de Bernadette que ela ficará
fora pelo resto da tarde?” Amo o jeito que ela faz essa pergunta, como se
isso realmente importasse. Perdemos aula o tempo todo. Mas sorrio assim
mesmo e volto minha atenção para Sara Young.

“Da próxima vez que você acusar meus meninos e eu de machucar


Neil, vou chamar um advogado e arrastá-la pela lama. Você entendeu? Você
quer ser um cara legal, Sara? Comece a lutar pelo lado certo.” Aperto enviar
e depois saio do escritório o mais rápido que minhas pernas podem me
carregar, discando Aaron no meu telefone enquanto vou. Estou sem fôlego
para falar, então deixo tocar e espero nos degraus da frente que os meninos
se juntem a mim.
Leva apenas alguns segundos para chegar lá.

“Você está bem?” Aaron me pergunta, tão ofegante quanto eu. Ele me
puxa para seus braços e me abraça por trás, descansando o queixo no meu
ombro.

“A polícia tem o vídeo de Neil,” digo, olhando para trás e


encontrando Oscar me olhando com olhos cinzentos frios. “E eu tenho um
plano para Sara Young. Ela quer ser uma guerreira da justiça para
sempre? Bem. Vamos começar a deixar as migalhas que ela pode seguir. Sei
que o irmão e o pai de Neil o tiraram de uma boa dúzia de situações difíceis
puxando as cordas. Isso, e eu apostaria minha vida que seu amigo no
necrotério viu coisas que teriam levado Neil à pena de morte no tribunal.”

“Esta é uma rota perigosa, Bernadette,” Victor me avisa, descendo


alguns passos para que ele possa se virar e me olhar no rosto. “Se você fizer
isso, não há como voltar atrás. Poderia haver um julgamento; você pode ter
que testemunhar. É mesmo isto que quer?”

“Podemos e cuidaremos de Sara Young por conta própria,” Oscar


diz, mantendo distância de mim. “Como você viu, existem maneiras de fazer
as pessoas desaparecerem para sempre.”

“Não.” Fecho os olhos e relaxo de novo no forte abraço de Aaron. “É


isso que eu quero. Se Sara Young não é uma pessoa má; se ela realmente
acredita em justiça. Bem, aqui está sua chance de provar isso para mim.”

“Este é um jogo diferente do que jogamos antes,” Cal observa,


empurrando o capuz para trás, para que eu possa ver seus cabelos loiros. Ele
se vira para mim e deixa um sorriso genuíno tomar conta de sua boca
bonita. “Eu gosto disso. Vamos tentar.”

“E ei, ainda temos muitas outras pessoas que precisam desaparecer,”


Hael diz com uma risada aguda. “Falando nisso, por que você não conta a
Bernie o plano que acabou de criar para a quarta à noite?”

Olho de volta para Vic e ele sorri, estendendo a mão para passar o
polegar no meu lábio inferior.
”Ah sim. Eu acho que você ficará satisfeita, minha rainha. Vamos dar
o fora daqui e nos preparar. Temos trabalho a fazer.”

Oscar tem um desenho em seu iPad que conecta cada jogador neste
jogo entre si. Vejo o nome do David Benedict ali com um ponto de
interrogação, sua bolha presa entre eu e Kali. O Coisa está flutuando para
um lado, também ligada a mim e a Kali.

“Se o seu padrasto estivesse envolvido de alguma forma no esquema


dos Vincents, tudo isso faria sentido,” Oscar diz, usando a caneta para traçar
a linha entre Neil e Coraleigh. “Procurando nos registros do DHS para esse
período, não vejo nada sobre você, Penelope e Heather sendo enviadas para
os Kushners.”

Olho para ele, tentando afastar nossos problemas românticos para


que eu possa me concentrar nos negócios.

Serei a primeira a admitir que é difícil.

Por mais que o odeie, por mais que eu realmente deseje poder
esfaquear suas bolas com um garfo muito afiado, eu sei qual é o meu
verdadeiro problema aqui. Quero que ele me ame. Isso é tudo que eu sempre
quis. A vida não me deu uma mãe para me amar; a vida levou o pai que
deveria me amar. Minha irmã foi roubada durante a noite pelas mãos cruéis
de um monstro ganancioso.

E então fiquei com a obsessão de um grupo de meninos muito ruins.

Saudável ou não, eu não ligo. Só quero que Havoc me ame do jeito


que eu os amo. É para isso que tudo se resume.
“Chamei Neil e Pam para serviços de proteção à criança,” digo,
tentando entender o caminho. A CPS é uma divisão do DHS - o
Departamento de Serviços Humanos - do qual Leigh agora é diretora. “Deve
haver algo registrado, certo?”

“A menos que alguém apagou,” Oscar explica, sentando-se à minha


frente no sofá onde fizemos amor. Sua bunda está literalmente sentada em
cima do que resta da mancha rosada, mas ele não faz menção a ela nem age
como se percebesse ou até se lembrasse. Resisto à vontade de chutá-lo por
debaixo da mesa de café. “Você disse antes que Neil impediu você e sua
irmã de falar sobre seu abuso antes. Mas desta vez, apenas desta vez, suas
queixas foram ouvidas e você foi colocada em um orfanato. Por que você
acha que foi isso?” Oscar bate a caneta nos lábios. Ele está usando um par de
óculos diferente. Eles são xadrez preto e branco, como uma bandeira de
corrida. Estou surpresa ao ver tanta personalidade em seus óculos, para ser
sincera com você.

Tento não ler sobre isso, assumindo que é o único par de reposição
que ele tem por perto.

“Porque Neil deixou isso acontecer...” Eu começo, parando e


sentindo minha respiração acelerar quando o pânico toma conta de mim. Eu,
Pen e Heather fomos para uma armadilha, não foi? Por que isso nunca me
ocorreu antes? Quero dizer, é esperado muito que uma criança de onze anos
faça esse tipo de conexão, mas agora que estou olhando o fluxograma de
Oscar, estou aterrorizada.

Sobre o que acabamos de esbarrar aqui?

“Neil deixou que isso acontecesse,” Victor concorda, andando pelo


chão em frente à lareira e esfregando o queixo enquanto fuma. É bem
impressionante, mas também assustador. Isso significa que ele está pensativo
e nervoso, tudo ao mesmo tempo. “Ele sabia o que ia acontecer com você
lá. Ele provavelmente trabalhou com Coraleigh para organizá-lo. Com base
em seu histórico, ela só vende meninas e meninos que não têm família, que
não serão perdidos, não os filhos de um policial filho da puta. Neil teria que
saber sobre isso. É impossível supor o contrário.”
Oscar olha para mim, observando a expressão no meu rosto antes de
voltar seu olhar severo para a tela do iPad.

“Então, temos Neil conectado a Leigh, que está conectada a Ophelia,


que está conectada à Charter Crew.” Oscar pousa a caneta e se inclina para
trás, apoiando os cotovelos nos joelhos e juntando os dedos. “Depois de
pensar bem, decidi que sua explicação sobre David e Kali tem algum
mérito.”

“Oh, você decidiu isso, não é?” Eu recuo, sentindo minha pele
formigar com irritação. Aaron está sentado na cadeira à minha esquerda, me
olhando com um olhar tão intenso que tenho medo de encontrá-lo. Não
posso cair no buraco negro sem fim das minhas emoções, não hoje. “Faz
sentido. Mack está pegando Kali para que ela possa se encontrar com David,
que está devolvendo informações a Tom e Ophelia. Essa é a essência disso.”

“E Ophelia está ficando cansada de esperar que Mitch faça


progressos conosco,” Victor continua, retomando a discussão. “Ela contratou
uma ajuda real e os filtrou através da Charter Crew para ocultar seu próprio
envolvimento.”

“Ela vai executar Bernadette,” Callum diz, chamando minha atenção


para olhar para ele e Hael, situados juntos à mesa. Cal bate as unhas pintadas
de azul contra a superfície de madeira enquanto olha para mim, encapuzado,
o rosto sombreado. “Então ela vai usar a Charter Crew para nos pegar até
que apenas Victor fique. Nesse ponto, não seria difícil incrimina-lo de algo e
levá-lo a ser acusado de um crime. Então é isso. Fim de jogo.”

“De acordo com as regras da herança que minha avó estabeleceu,”


Vic começa, fazendo uma pausa com uma mão no manto, a outra segurando
o cigarro enquanto olha para a parede à sua frente, as engrenagens em sua
mente revirando a teoria de Callum . “Se eu não conseguir me formar, ainda
tenho até os 25 anos para conseguir meu GED. Se algo acontecer com meu
pai, e eu não puder mais morar com ele, posso encontrar meu próprio
lugar. Essas não são grandes avenidas para ela usar para conseguir o
dinheiro. Matando Bernadette... ela me conhece muito bem. Um casamento
falso nunca vai acontecer; Eu prefiro morrer.”
Ele range os dentes e esfrega a mão direita sobre o rosto.

“Cometemos um erro ao deixar você se casar com Bernadette,”


Oscar diz, mas não com simpatia. “Não é?”

“Eu acho que sim,” Victor concorda, fechando os olhos por um


momento. “Porra.” Ele se agacha, ainda segurando o cigarro.

Ocorre-me então que os meninos Havoc são humanos.

Tipo, eu sabia disso. Sabia que eram apenas adolescentes forjados no


fogo e realmente muito bons no que fazem. Mas eles não são perfeitos. Eles
são falíveis. Eles cometem erros.

“Isso é o que eu deveria ter feito, me casar com um bode expiatório,”


ele murmura baixinho. “Mas acho que subestimei Ophelia.”

“O erro que cometemos foi assumir que ela não tinha mais capital,”
Oscar diz, exalando bruscamente. “Ou um método fácil de obter mais. Ela
contratou essencialmente um pequeno exército para complementar a Charter
Crew.”

“Então qual é o plano?” Eu pergunto, desejando que Victor se


levante, que ele sorria para mim e diga eu entendi, princesa. Como se ele
pudesse sentir meus pensamentos, ele se levanta e se vira, suspirando
enquanto fuma seu cigarro.

“Precisamos limpar a Charter Crew. Eu já te disse, não gosto de


matar estudantes porque chama a atenção. Mas agora, estamos presos entre
uma pedra e um lugar duro.” O rosto de Victor se aperta quando ele olha de
volta para mim. “Mas eu não vou deixar meu amor por você te matar,
Bernie.” Ele estala os nós dos dedos e aperta a mandíbula, olhando para
Aaron como se houvesse algo que ele queria dizer, mas ainda não está
pronto. “É hora de largar alguns corpos. Sei que a cautela é o nosso jogo,
mas temos que seguir em frente antes que eles se voltem contra nós. Na
quarta-feira, estamos pintando as ruas com sangue. E então, quando tiver a
chance, vou enforcar minha mãe nas vigas da casa chique de Tom.”
Victor passa pela porta da frente e sai, batendo-a atrás dele. Tenho
certeza que ele não vai longe; seria muito perigoso para ele sair. Mas
também posso dizer que ele precisa de algum espaço.

“Você quer dizer ou eu devo?” Hael canta, e olho para trás para ver
que ele está olhando para Aaron. Hael sorri, mas não é o seu habitual sorriso
carregado de sexo. Em vez disso, ele parece quase triste.

“Dizer o quê?” Aaron brinca de volta, mas ele parece extremamente


irritado. Pessoalmente, ainda estou me recuperando dos eventos do dia. Mal
posso esperar para ver o que a pequena Sara Young pensa sobre aquele vídeo
horrível.

Hael se levanta e caminha até o sofá, apoiando as mãos nas costas


enquanto se inclina. Seu rosto é muito sério, mais do que eu já vi antes.

“Que você estava certo.” Hael bate as palmas das mãos no sofá e se
levanta novamente. “Você e Oscar. Você sempre foi o mais inflexível em
colocar distância entre nós e Bernie. Bem, aqui está o seu pior pesadelo se
tornando realidade.”

“Todos tentamos dissuadir Victor de trazê-la,” Aaron diz, afastando


os cabelos da testa. Ele não parece ter muita convicção nessa
afirmação. “Todos deixamos que ele tivesse o preço que queria; todos somos
culpados.”

“Não.” Levanto-me de repente, sentindo minha pele formigar com


irritação. “Tudo que eu sempre quis foi fazer parte de Havoc. Vocês me
conhecem. Vocês sabem que eu não iria parar até atingir esse
objetivo. Parem de culpar um ao outro ou desejar ter feito mais. Neste ponto,
é óbvio que não importa o que o mundo - ou vocês - jogue em mim, eu
continuarei voltando.” Olho para Aaron, depois Oscar, Hael e Callum. “Pare
de se perguntar e se preocupar com onde eu poderia estar ou que erros você
cometeu, e apenas descubra isso. É nisso que vocês são bons, desenterrar
Havoc de lugares difíceis.”

Afasto-me da mesa e saio para o quintal, para ter um momento para


pensar.
Havoc sempre governou Prescott High. Bem, agora que o sangue está
escorrendo pelos corredores e pelas ruas, é hora de mudar nossa atenção para
coisas maiores. No final deste ano, estaremos nos formando. Então o
que? Não podemos ficar de olho na escola para sempre; há coisas maiores e
melhores em andamento.

Surpreendentemente, Oscar é quem vem me encontrar primeiro,


mantendo-se a um metro e meio de distância e olhando para as azaleias
cuidadosamente cuidadosas de Aaron, pensando.

“Sobre o outro dia,” ele começa, e eu me preparo para o que quer que
seja essa conversa. Um pedido de desculpas ou outro soco. Não tenho
certeza do que me atingiria mais neste momento. “Eu pretendia voltar para
você.” Ele se vira para me olhar, aquele olhar cinza-aço dele me varrendo da
cabeça aos pés. “Eu não terminei com você, Bernadette.”

“Não? Você ia sair e bater na Leigh um pouco antes de voltar?” Eu


pergunto, mas não estou mais com tanta raiva assim. Eu disse que confiaria
nos meninos Havoc, e é isso que vou fazer. Oscar diz que estava
voltando? Então adivinhe? Eu acredito nele.

“Leigh estava me esperando em um estacionamento a cerca de três


quarteirões de distância. Eu tinha uma equipe esperando por mim; deveria
ser entrar e sair.” Oscar se aproxima um pouco de mim, estendendo a mão
para passar um único dedo ao longo do lado do meu rosto. Fecho os olhos
contra o toque, imaginando aquelas cordas de seda rosa amarrando meus
braços, os nós um padrão, uma obra de arte carnal brilhante, violenta. “A
violência me excita, Bernadette. Talvez você tenha sorte por eu não ter
podido voltar para você?”

Apenas rio dele e afasto sua mão.

“Oscar Montauk, coloque seu dinheiro onde está sua boca e me


mostre. Mostre-me do que devo ter tanto medo.” Afasto-me dele e para a
grama, sentando-me ao sol por um momento. Ainda mais
surpreendentemente, Oscar se junta a mim. “Eu nunca vi você fazer algo tão
mundano como sentar em um gramado antes,” digo com um leve
sorriso. “Você pode ter manchas de grama em seu terno perfeito.”
“É preto, não é?” Ele responde, recostando-se na grama e olhando
para o céu. “Como é?” Ele pergunta finalmente, depois de vários minutos de
silêncio.

“Como é o que?” Eu respondo, olhando para ele e encontrando seu


olhar não mais nas nuvens, mas em mim.

“Descobrir que Havoc não é tão perfeito, afinal?”

Eu rio dele novamente. Na verdade, eu rio até chorar e deslizo para


longe com as pontas dos dedos.

“Oscar, acredite ou não, nunca pensei nisso.” Sorrio para ele quando
me enrolo e envolvo meus braços em volta dos joelhos, descansando meu
queixo nos meus braços. “Do lado de fora, o mundo precisa pensar que
somos uma máquina bem oleada. Por dentro, prefiro que fôssemos todos
humanos, até você.” Eu o encaro por um momento, e ele olha de volta para
mim até que, eventualmente, eu me levanto e volto para dentro.

Roma não foi construída em um dia; Oscar Montauk não pode ser
domado em um.

Mas nós vamos chegar lá.

Desde que, é claro, não terminemos mortos antes.

O destino pode ser uma amante inconstante.


Oscar Montauk

Estou de pé na cozinha, olhando para uma faca no balcão e tentando


me lembrar de que só devo fazer uma coisa: cortar um pedaço de queijo em
fatias. Não é para derramar sangue, não hoje. Mas estou chegando perto de
usá-la, de me esgueirar e caçar Ophelia Mars nas sombras até que ela esteja
se afogando na respiração molhada e usando um segundo sorriso na
garganta.

Minhas mãos encontram a faca e começam a cortar, criando pedaços


agradáveis e uniformes de queijo cheddar para comer com minhas
maçãs. Tenho que comer em algum momento do dia, mesmo que todo esse
exercício me incomode. Minha mãe era extremamente especifica em relação
ao meu peso; Acho que ela me deixou com algum tipo de distúrbio
alimentar.

“O que você está fazendo aqui?” Cal pergunta, entrando na cozinha


às quatro da manhã em leggings pretas e um capuz aberto e sem mangas. Ele
me entende melhor do que qualquer outra pessoa da família. Apesar de seus
sorrisos bonitos e cabelos dourados, Callum é apenas um lobo em pele de
cordeiro. Ele gosta do sabor do sangue tanto quanto eu.

Victor é brutal, mas também é equilibrado e não tem medo de


sentir. Aaron ainda está determinado a ser um cara legal enquanto joga de
mal. E Hael... nem me fale sobre Hael Harbin.

“O que parece que eu estou fazendo?” Eu pergunto friamente,


levantando meu olhar para olhar nos olhos azuis de Callum.

“Parece que você está tentando encontrar algo para distraí-lo de


Bernadette,” ele diz, deslizando sobre um banquinho e estacionando o
cotovelo no balcão. Ele descansa a cabeça na mão enquanto me
observa. Felizmente para ele, não há julgamento em seu olhar.

Se houvesse, eu poderia ficar com raiva.

Volto para o bloco de queijo, observando que não é a minha marca


habitual. Estamos com um orçamento limitado aqui, e alguém selecionou
uma marca hippie orgânica no lugar da marca genérica da loja que
geralmente adquirimos. Sinto que é coisa de uma mulher e faço uma careta.

“Eu tenho que comer, sabe? Não sou um robô, apesar das aparências
externas.” Termino com o queijo e empurro para o lado, pegando uma maçã
e perfurando com muito cuidado a casca com a ponta da faca. Suco doce
escorre pelos meus dedos, e resisto à vontade de lambê-lo. Estou morrendo
de fome.

“Ninguém pensa assim,” Cal me tranquiliza, o que é irritante como o


inferno, considerando que Bernadette apenas falou alto sobre isso, sobre
como eu sou humano. Ela está claramente apaixonada por mim, o que me
incomoda e me excita ao mesmo tempo. Por que, Bernadette? Por que você
não pode simplesmente sair e encontrar algo melhor? O que eu sempre temi
está se tornando realidade, aquela fruta escura que floresce na árvore do meu
próprio terror.

Sinto o cheiro enjoativo, como o açúcar desta maçã e a doçura podre


da morte.

Não tenho dúvidas de que Ophelia vai tentar matar Bernadette. Eu


não deveria ter cedido e deixado Victor se casar com ela. Deveria ter lutado
mais contra o preço dele, mas estava muito ocupado tentando provar que não
me importava.

Na realidade, ela é tudo que me interessa.

“Ninguém pensa assim,” repito com um suspiro, continuando a cortar


a maçã até que ela fique em pequenas fatias perfeitas. Callum alcança e
rouba quase metade dela, além de todo o queijo. Eu torço meu lábio para ele,
mas apenas pego outro pedaço de fruta e continuo. Pelo menos a atividade
mantém minhas mãos ocupadas e me mantém fora da cama de Bernie.

Ela está dormindo no sofá, de todos os lugares, agora. Ou ela só


precisava de uma pausa da foda constante, ou então foi um doce acidente. Eu
já fiquei acima dela e admirei seu rosto perfeito. O local onde Billie a cortou
pode deixar uma cicatriz permanente, mas ainda é muito cedo no processo
de cicatrização para ter certeza. De qualquer maneira, isso não diminui sua
beleza ou o brilho de seu espírito.

Quando eu disse que ela era incandescente, eu quis dizer isso.

“Você era realmente virgem?” Cal pergunta, e aí está, aquela palavra


horrível de novo. Resisto à tentação de esfaquear a faca na bancada. Isso é
algo que Victor pode fazer de mau humor, e mesmo que eu saiba que ele é
melhor em controlar suas emoções do que eu, posso pelo menos fingir, não
posso?

“Por que você se importa?” Pergunto a Cal, que, suponho, é tanto


uma admissão de culpa quanto a palavra sim. “Por que qualquer um de vocês
se importam? O que isso importa?”
Callum coloca um pedaço de queijo cheddar em uma fatia de maçã e
enfia a coisa toda na boca, mastigando pensativamente enquanto volta os
olhos azuis para o teto. Eu apenas espero lá, mandíbula cerrada, esperando
conseguir alguma clareza aqui. Prefiro conversar sobre isso com Cal do que
com qualquer outra pessoa.

Especialmente Bernadette.

Não sei como explicar isso para ela. Eu não sou como Aaron,
segurando a doce flor da minha virgindade para minha alma gêmea. Meu
nariz enruga e volto a cortar a maçã.

“Não importa a maneira que você pensa, mas Bernie merece


saber. Ela merece saber por que também. E acho que estamos todos muito
curiosos, porque não é como se você nunca tivesse pegado garotas antes. Na
verdade, eu vi você levar meninas para salas trancadas em festas. O que você
estava fazendo lá?”

Não olho para Cal, mas sinto aquela raiva fria e gelada varrer através
de mim.

Por que eu sou assim?

É porque meu pai matou minha mãe, matou meus irmãos


e mal conseguiu não me matar? Uma destruição de família, eles
chamam. Não é tão incomum quanto você imagina.

Viver com os Peters nos últimos cinco anos me ensinou exatamente o


quão fodido eu sou.

“Ela tem acesso ao Google, você sabe,” Callum diz suavemente,


obviamente lendo as instruções dos meus pensamentos com base no meu
rosto.

“Sou menor de idade; meu nome foi retido.” Eu apunhalo a maçã,


criando uma fatia irregular que não se encaixa com todas as perfeitas
alinhadas no balcão. Minhas narinas se abrem de irritação.
“Oscar, você não quer que ela descubra de outra maneira. Apenas
diga a ela de onde você vem, onde você esteve. É tudo o que ela quer.” Cal
gira em um círculo no banquinho, batendo os calcanhares nus contra ele
quando ele se aproxima novamente. “Ela não se importa que você seja um
monstro. Ela gosta deles, O. Ela gosta de coisas sombrias e
assustadoras.” Callum mexe os dedos para mim, mas não estou brincando
com ele hoje. E odeio ser chamado de O. Ele faz isso de propósito para me
irritar.

“Eu nunca transei com outra garota porque não me importava com
outras garotas,” eu digo, e é estranho ouvir essas palavras saírem da minha
boca. “Porque as coisas que quero fazer no escuro são perigosas. Como
posso me segurar quando não dou a mínima para a pessoa com quem
estou?” Jogo a faca na pia, deixando-a fazer barulho quando pego o que resta
da maçã e a mordo. Eu terminei com o corte meticuloso; Eu só quero comer

O suco escorre entre os meus lábios e desliza pelo meu queixo. Com
dedos longos e cuidadosos, eu limpo e chupo.

Callum me observa por um momento e depois assente, como se


entendesse o que quero dizer. Eu sabia que ele faria; Sabia que ele não
julgaria. Hael, por outro lado, está absolutamente devorando esse absurdo
virgem, agindo como se tivesse algo para esfregar na minha cara em uma
briga.

“O que você faz com elas quando os coloca nessas salas?” Cal
pergunta, colocando outra fatia de queijo e maçã em sua boca. “Quero dizer,
por que pega-las?”

Suspiro e dou outra mordida na maçã, fechando os olhos contra a


doçura da minha língua. Você deveria ter comido o horrível jantar de
espaguete de Hael, eu me castigo. Não estou ajudando ninguém tentando
esconder que eu como, e fodo, e sangro como uma pessoa normal.

Eu disse a Bernadette que não era humano; Receio que seja ainda
mais humano do que qualquer outra pessoa nessa pequena família
fodida. Isso me assusta. Isso me aterroriza.
“Eu as amarro,” eu digo, porque eu faço. Amarro as pernas e os
braços delas, e as olho como um maldito serial killer, e tento me excitar o
suficiente para transar com elas. Isso nunca acontece. A escuridão paira
dentro de mim, e sei que se eu começar a deixar escapar, irei longe
demais. Machucarei alguém e não poderei parar.

Apenas Bernadette pode me salvar, e isso não é justo. Não era isso
que eu queria, que ela acariciasse, domesticasse e acalmasse demônios e
monstros, nadando em sangue e causando estragos.

Mas... agora é tarde demais, não é?

Não há como voltar atrás para nenhum de nós.

“Agora isso faz sentido,” Cal diz, apontando um dedo para


mim. “Veja? Por que não dizer isso a Bernie? Ela odeia você por fugir
depois que vocês fizeram amor. Você a machucou, Oscar. E não quero dizer
deixando contusões na garganta.” Ele me lança um olhar de aviso que diz
claramente que não hesitará em me machucar ou me matar para proteger
Bernadette. Faz-me gostar dele mais, não menos, para ser sincero.

“Fazendo amor,” eu assobio as palavras como se fossem veneno, mas


não posso negar. Eu não tenho ideia do que aconteceu comigo naquele
dia. Talvez tenha sido a visão de sangue porque eu sou uma pessoa
fodida? Ou talvez fosse porque seu rosto estava tão suave e doce, um pouco
de inocência ainda deixada sob toda aquela cadela mandona que ela joga
como se não fosse nada? Por alguma razão, minha resistência
cuidadosamente criada se rompeu e fiz a única coisa que sempre quis fazer.

A toquei, a senti, a beijei.

Expiro novamente, e Callum sorri.

“Ela não sabe o que você está pensando, O,” ele me diz, balançando
a cabeça e cruzando os braços sobre o peito. “Estamos todos tão
acostumados a operar ao redor de Bernadette e para Bernadette, que
esquecemos de trabalhar com ela.”
“Você parece tão estúpido quanto Aaron agora,” eu digo, parando
quando ouço um movimento do sofá. Meu olhar se volta para a forma
adormecida de Bernadette enquanto ela geme e se vira de lado, abraçando
um travesseiro perto do peito. Hael está no sofá à sua frente, um episódio
de South Park sem som, mas ainda piscando na TV.

“Você se sentirá muito mais estúpido do que isso se não contar a


verdade a ela. E em breve.” Callum coloca as mãos no balcão e se levanta,
estremecendo levemente. Dói todos os dias que dança, fode ou briga, mas
nunca para. Ele nunca deixa sua dor vencer.

Eu deixei que me dominasse e me odeio por isso.

Não digo nada enquanto Cal manca pelas escadas.

Porque eu sei que ele está certo. Sei isso; Eu só tenho que ter
coragem de fazer algo a respeito.

Meus dedos enrolam em torno de outra maçã, trazendo-a aos meus


lábios para outra mordida muito doce da casca. Meu rosto está doendo, e eu
gostaria de não estar em uma calçada em público, para poder ter matado os
dois últimos irmãos restantes de Ensbrook.

Tem sido tudo sobre sexo por aqui ultimamente; Estou pronto para
um pouco de violência.

Realizo meu desejo por volta das sete da manhã, meu temperamento
quente por não dormir, meu corpo doendo por ter que olhar para Bernadette
flutuando pela casa em shorts curtos e uma blusa que cai muito baixo
enquanto ela prepara as meninas para escola.
“Vista algumas roupas,” eu rosno para ela, e ela se vira tão rápido
que seus longos cabelos me atingem no rosto. O cheiro disso me faz querer
gritar. Minhas mãos doem para tocá-la, mas mantenho uma carranca
firmemente no lugar. É muito cedo e estou muito irritadiço para seguir
qualquer conselho de Cal hoje.

Mas estou considerando isso.

Verdadeiramente.

“Você sabe o que? Sempre que você me diz para vestir roupas, agir
de forma decente ou encobrir, isso me encoraja a fazer o oposto, Oscar
Montauk.” Ela olha para mim, e eu não consigo entender por que ela está tão
perto. Para trás, sua pequena garota, eu penso, cerrando os dentes e
desejando poder ensinar-lhe alguma propriedade. Estamos muito próximos
um do outro; quando ela respira, seus seios roçam na frente do meu peito.

Ela não sabe que eu peço para ela encobrir, porque eu mal consigo
me controlar. O problema não é dela, mas eu fico furioso comigo mesmo,
porque sei que é tudo comigo. Auto infligido. Estúpido. Bernadette está aqui
para ficar; ela faz parte de Havoc. Essas coisas estão assinadas e seladas em
sangue, e, como Aaron, eu apenas tenho que aceitar que isso é realidade, que
a liberdade que eu lutei tanto para dar a ela agora se foi.

É só isso, ela e nós, seus peitos saltitantes e sua bunda pendurada em


seus shorts. E sua expressão ardente de raiva, a maneira como ela mostra seu
quadril, a maneira como ela sorri para mim.

Eu me afasto antes de quebrar sob esse olhar e olho para Victor.

Ele é muito mais fácil para eu lidar; nós nos entendemos.

“Acabei de receber uma mensagem de nossos meninos. A polícia foi


chamada para a casa dos Vincents em Oak Park. Eles estão mortos,
Victor.” Entrego essas informações com o mesmo sentimento que um
boletim meteorológico. Bernadette me encara, mas sinceramente, estou
apenas irritado. Essa assistente social horrível está morta, e ela não sofreu do
jeito que deveria. Um músculo na minha mandíbula se contrai de
irritação. “É um banho de sangue, literalmente. As paredes estavam
pingando de vermelho, de acordo com o scanner da polícia.”

“Que porra é essa?” Vic pergunta, a meio caminho de puxar a camisa


para baixo. Ele só fica lá por um minuto com ela preso em volta da
cintura. Finalmente, ele parece se recompor e arrasta o tecido pelo resto do
caminho. Claramente, vamos nos atrasar para a aula hoje. Não importa. Não
há adversários para o meu lugar como orador oficial. É isso que é
importante, que eu ganhe. “Jesus, tem que ser Ophelia, não é?”

“Quem mais se importaria com alguma escória inútil de uma


assistente social?” Eu pergunto quando Bernadette pisca em choque,
lançando seu olhar entre nós dois.

“Leigh está morta?” Ela repete, como se estivesse tentando entender


isso. “Por que Ophelia a mataria? Ela é o contato dela; ela fornece meninas.”

“Levamos Leigh de seus pés, e ela perdeu sua utilidade,” Victor


medita, suspirando e esfregando as mãos nos cabelos. O modo como
Bernadette o observa, fome nos olhos dela até agora, me enche de uma
sensação aterradora e justa de ciúmes.

Ela deveria estar olhando para mim assim.

E eu sou o único culpado se ela não o fizer.

“Tem que ser bem fácil conseguir um novo lacaio, certo?” Cal
pergunta, estendendo-se ao sol perto das portas de vidro deslizantes. Ele está
completamente vestido com shorts longos e pretos e outro de seus capuzes
sem mangas. “Tenho certeza de que Ophelia tem outros contatos no DHS e
no CPS.”

“Isso tem Mitch e Charter Crew escritos por toda parte. Trabalho
pesado. Aposto que ela nem está pagando ainda, apenas dando a eles carros e
armas novas como brinquedos e recompensas promissoras para mais
tarde.” Victor trabalha um pouco mais o queixo e assente. “Merda, isso está
fora de controle. Eu deveria ter estrangulado minha mãe quando estávamos
na casa da praia.” Victor pega as botas e senta no sofá, bem no local onde
está a mancha de sangue.
Bem, há muitas manchas de sangue, mas quero dizer especificamente
a que Bernadette e eu deixamos lá.

“Ainda estamos jogando muito seguro,” eu digo, enfiando meu


telefone no bolso da minha calça. Tenho muito orgulho em roubar essas
roupas e não ser pego. Depois, os levo para ser ajustado por uma mulher que
vive em Southside. Ela também me dá recipientes de sopa quente para levar
para casa sempre que eu os pego, mas nunca como. Parte de mim se
pergunta se devo. “Precisamos mover a aplicação da lei para baixo em nossa
lista de prioridades e tomar alguma ação, independentemente dos riscos de
ser pego. É isso ou acabar com a cabeça separada do corpo.”

Não mostro a Bernadette a foto que meus meninos conseguiram tirar


da cena do crime.

Eu não vou, a menos que ela peça.

“Bem, porra,” Bernie diz, esfregando o rosto. “Deixar Leigh viva foi
brilhante; nós tínhamos nomes. Sabíamos quando os negócios iriam
ocorrer. Isso não é bom, é?”

“Não é,” confirmo, olhando para Vic e encontrando seus


olhos. Precisamos de um novo plano. Sempre mudamos devagar, mantemos
as coisas firmes, à prova de falhas. O último lugar na terra em que quero
terminar é a prisão; Eu preferia morrer. Mas as coisas estão aumentando, e
não podemos permitir que elas piorem sem conseguir a vantagem. “Você
sabe, a maneira mais fácil de matar algo é cortar sua cabeça.”

Bernadette estremece, mas ela preenche a metáfora para mim quando


Hael desce as escadas como um elefante, Aaron logo atrás dele. Eu ignoro os
dois.

“Por exemplo, se a cabeça da Charter Crew fosse formada Mitch,


Logan, Kyler e Timmy?” Ela pergunta, e eu sorrio.

Do jeito que sinto no meu rosto, não estou surpreso que Bernie me dê
um olhar longo e estudioso. Tenho certeza que é hediondo.
“Exatamente isso,” eu digo, e então encontro meu iPad na mesa de
café e começo a planejar.

Eu ainda vou para a escola hoje. Afinal, tenho um teste de cálculo,


mas isso não significa que não consiga planejar um assassinato ao mesmo
tempo, agora faz?
Bernadette Blackbird

Quarta-feira na Prescott High é interessante, pois é tão normal que se


torna notável. Mitch é tão irritante como sempre; Kali continua fofocando e
espalhando mentiras, mesmo com os lábios inchados e desfigurados. Stacy
Langford é hilária e passou a usar uma camiseta que diz Wreak
Havoc enquanto se beijava com o namorado no corredor.

A polícia não vem na quarta-feira; Não tenho notícias de Sara Young.

“Você acha que eu a surpreendi com esse vídeo?” Pergunto a Callum,


sentada na ilha da cozinha de Aaron, depois da escola. Ele, por outro lado,
está do lado de fora pendurado as luzes de Natal. Estamos um pouco
atrasados para o jogo, e definitivamente não conseguimos a árvore no dia
seguinte ao Dia de Ação de Graças, como eu queria.

Em vez disso, está deitada no chão da sala, agora à espera de ser


posta em pé, apenas uma semana antes do Natal.

“Acho que você tornou muito difícil para ela querer continuar sua
busca para levar alguém à justiça pelo desaparecimento do Neil.” Callum
adiciona algumas frutas e vegetais picados ao liquidificador que ele está
usando e liga. Quando termina, ele pega uma colher e a prova, sorrindo um
pouco antes de derramar a mistura cor de chocolate em duas
xícaras. “Aqui. Smoothie de chocolate e mirtilo. Ridiculamente
saudável. Até tem couve escondida nela.”

Dou-lhe um olhar e um nariz enrugado.

“Couve, Callum? Sério?”

Ele empurra a bebida na minha direção e depois enfia um canudo de


metal nela.

“Eu estava tentando ser um dançarino profissional, lembra? Confie


em mim: eu sei como fazer um smoothie de comida saudável com gosto
bom.” Ele pisca para mim e começa a bebericar o dele, tirando o capuz ao
mesmo tempo. Como Victor fumando e esfregando o queixo mostra algo, o
mesmo com o capuz de Callum. Ele o coloca quando precisa de tempo para
pensar ou quando sente que a situação pode ficar desconfortável. Ele só tira
em boa companhia.

Sorrio para meu copo e o arrasto para perto. Timidamente, envolvo


meus lábios no final e Cal se inclina para frente para sorrir para mim.

“Não chupe isso tão devagar e sensualmente. Pode me dar ideias


sobre o que poderíamos fazer juntos a seguir.”

Eu quase engasgo com o smoothie enquanto tento não


rir. Surpreendentemente, é realmente bom. Tem um gosto de massa de
brownie, na verdade.
“Ideias, hein?” Eu respondo quando Hael entra na sala e começa a
colocar armas no balcão. Ainda bem que as meninas estão, mais uma vez, na
casa da Jennifer. Ela é uma babá decente e vive em um condomínio fechado
com um pai que trabalha no escritório do xerife. Tantas questões que temos
com a polícia atualmente, ainda é um lugar mais seguro do que aqui.

Especialmente esta noite.

“Olha, silenciadores,” Hael diz, levantando um pedaço de metal e


aparafusando-o na ponta de um dos rifles. Ele segura a maldita coisa contra
o quadril, como se estivesse em um filme de ação ou algo assim e
sorri. “Isso deve ser divertido.”

Tomo outro gole do meu smoothie e faço o meu melhor para manter
meus nervos à distância.

Victor quer que saiamos hoje à noite e terminemos com a Charter


Crew. Nem todos, obviamente, porque, como ele disse: você não pode matar
várias dezenas de crianças da mesma escola sem um circo da mídia. Mas se
você escolher os líderes ...

Mitch Charter. Logan Charter. Kyler Ensbrook. Timmy Ensbrook.

Kali está grávida, então, por enquanto, ela está recebendo um


passe. Ninguém mencionou Billie.

Tem uma corrida nesta noite, na pista em que Aaron e eu usamos


para escapar de Sara Young. Como a equipe de Mitch basicamente dirige as
corridas agora, eles estarão lá, sem dúvida.

Sabendo que temos que matar quatro pessoas hoje à noite, porém,
isso é difícil.

“A que horas partimos?” Callum pergunta, notando que eu já escoei


metade do meu smoothie e piscando para mim conspiratóriamente sobre
ele. “Porque eu devo a Bernie outra aula de dança.”

“Você quer dizer outra foda?” Hael brinca, fingindo foder o


balcão. Ele levanta o rifle e aponta para as portas de vidro antes de largá-lo
novamente. “Seja honesto, cara. Todo mundo aqui sabe que você está
querendo um pouco daquela doce, doce boceta da Bernie.” Hael sorri para
mim e eu mostro o dedo do meio para sua bunda com as duas
mãos. “Falando nisso...” Ele coloca a arma ao lado dos outros e se inclina
para colocar os cotovelos no balcão. “Depois que voltarmos hoje à noite, e
nós dois estivermos ensopados de sangue, violência e pecado, vamos transar
no telhado. Belas e planas, estrelas acima de nossas cabeças, um bairro
inteiro de babacas suburbanos para surtar com nossos gemidos.”

“Você está assumindo que estamos voltando vivos, missão cumprida,


e sem policiais?” Eu pergunto, e Hael encolhe os ombros.

“Por que eu assumiria algo diferente? Esta não é a nossa primeira vez
no rodeio, Blackbird.” Ele dá um tapinha no topo da minha cabeça e dou um
tapa na mão dele. Não posso negar que sua oferta é atraente pra caralho.

“Diga a Vic que eu já reservei você hoje à noite, para que ele possa
se foder.”

“Por que você não conta a Vic?” Victor pergunta, aparecendo atrás de
mim e me fazendo pular. Hael parece não se importar, enfiando as mãos nos
bolsos da calça jeans e encolhendo os ombros.

Callum observa os dois com interesse, canudo enfiado na


boca. Imagino que, se Hael e Vic começaram a brigar, ele provavelmente é
forte o suficiente para separá-los, pelo menos tempo suficiente para
esfriarem a cabeça o suficiente para irem embora.

“Não comece comigo com essa merda arrogante hoje à noite,” Vic
rosna, pegando o rifle com o silenciador e examinando-o
cuidadosamente. Ele mal olha para mim. Na verdade, ele não me olhou
muito desde ontem. “Cometemos um erro ao deixar você se casar com
Bernadette.” Victor concordou com a declaração de Oscar. Merda, talvez
ambos estivessem certos. Mas também... Victor é meu. De jeito nenhum eu
deixaria outra garota se casar com ele. Além disso, mesmo que eu deixasse,
ele ainda teria que ficar casado com ela por um ano; nós teríamos que lutar
para proteger a vida dela, em vez da minha.
Prefiro lutar por minha própria equipe, querida.

Pego um rifle e aperto um silenciador na ponta.

“Victor,” eu começo, e ele faz uma pausa para olhar para


mim. Nossos olhos se encontram e o poder dispara através de mim. Ele é
feroz, meu novo marido é. “Você sabe que eu nunca deixaria você ter outra
garota, certo?”

Ele sorri para mim, mas há uma cautela nisso; ele sabe que estragou
um pouco.

Isso é o que conta.

“Você ficaria surpresa com as coisas que faria por amor,” ele diz,
olhando rapidamente para Hael e Cal antes de voltar para mim. Ele coloca o
rifle em uma alça e o balança por cima do ombro antes de se abaixar para
pressionar um beijo na minha boca. “Mas mesmo que me casar com você foi
um erro, eu não me importo. Te disse: sou egoísta pra caralho. Eu faria tudo
de novo. E eu felizmente mataria para protegê-la, Bernie.” Vic levanta a
cabeça e gesticula em círculo com o dedo. “Vistam-se, meninos, e vamos
fazer isso.”

Ele sai pelo corredor e me levanto para me trocar.

A Charter Crew queria uma guerra?

Bem, parece que eles vão conseguir uma.

E a maneira mais fácil de vencer uma guerra... é atirar no líder.


Aaron leva o Camaro de Hael para a corrida. Ele vai entrar enquanto
o resto faz o que precisa ser feito.

“Não morra,” eu o aviso, da mesma maneira que avisei Hael e Vic na


noite em que tivemos que levar Aaron para a enfermeira Sim-Scott. Eu corro
minhas mãos pelo peito de Aaron para descansá-las em seus ombros. Ele
sorri para mim, fumando um baseado para dar sorte. Seu cabelo castanho
está penteado com gel, um jeans azul apertado na bunda que me faz sentir
querer esfaquear alguém. Se alguma garota nessa pista for para o meu
homem hoje à noite... problema. Um grande problema.

“Com quem você pensa que está falando?” Ele me pergunta,


oferecendo o baseado. Pego dele e dou uma tragada antes de entregá-lo a
Callum. Aaron se inclina e beija meus lábios, e eu sopro uma fumaça doce e
grossa em sua boca. Ele ri. “Você acha que eu morreria antes de sentir outro
gosto de você?” Ele aperta minha bunda com a mão e beija o lado do meu
pescoço, chupando suavemente a carne até eu estremecer e derreter
nele. “Eu vencerei esta corrida enquanto você corta algumas
gargantas. Combinado?”

“Sim,” eu digo quando Aaron me dá um último beijo ardente e


desliza para dentro do Camaro. O resto de nós está indo em outro veículo
roubado. Desta vez, é uma Mercedes branca, um G Class. Feia como o
inferno, mas funciona.

“Não estrague o carro,” Hael grita, bufando quando Aaron mostra o


dedo do meio antes de fechar a porta e sair da garagem para nos
esperar. Hael dirige sua atenção para mim. “Eles o deixarão correr antes de
tentar matá-lo, Blackbird. Não se preocupe.”

“Oh, bem, isso me faz sentir muito melhor,” murmuro, subindo no


banco de trás, enquanto Callum e Oscar deslizam de cada lado de
mim. Victor senta no banco do passageiro enquanto Hael dirige.

Minha coxa está pressionada ao lado da de Oscar, muito perto para


ser realmente confortável. Ele olha para mim, olhando meu corpo antes de se
virar. Chego um pouco mais perto, apenas para ver qual é a reação dele.
“Não me provoque hoje à noite, Bernadette,” ele diz, e eu bufo
quando Hael liga o motor e saímos da garagem. Você pensaria que ele seria o
único competidor, mas ele tem um conjunto de habilidades que Aaron não,
um que precisamos para que esse plano funcione.

Nós vamos explodir alguns carros, baby.

“Provocar você?” Eu pergunto, deslizando minha mão pela coxa de


Oscar. Ele está vestindo jeans hoje à noite, não um terno. Eles são legais e
apertados também, por isso é uma delícia senti-lo. Ele aperta a mão sobre a
minha e tece os dedos tatuados nos meus. Não é para ser um gesto legal; ele
cava as unhas na minha palma, me fazendo estremecer. “Eu nem comecei,
Oscar.”

“Tire as mãos,” ele diz, passando minha mão para longe dele. “Eu
não gosto de ser tocado.”

“Realmente? Porque você com certeza pareceu gostar do meu toque


no seu pau.” Eu o encaro quando Callum ri dentro de seu capuz e Vic olha
levemente por cima do ombro, nos estudando. “E você tem muitas tatuagens
para alguém que não gosta de ser tocado.”

“Bernadette,” Victor avisa, me surpreendendo. Olho para ele e vejo


que ele está assistindo Oscar e não eu. O idiota em questão está olhando pela
janela com a mandíbula cerrada. “Deixe isso por enquanto.” Vic faz uma
pausa por um momento. “Mas Oscar... não há segredos em Havoc.”

“Estou ciente, obrigado,” Oscar retruca, passando a me ignorar pelo


resto do caminho. Estou morrendo de vontade de saber do que se tratava,
mas posso ver que hoje à noite não é essa noite. Com um suspiro, caio de
volta no meu assento e me viro para olhar para Callum.

“Você se importa se eu perguntar o que aconteceu com seus


pais?” Eu pergunto, porque, desde que me lembro, ele viveu com a
avó. Uma vez, na sexta série, ela fez cupcakes e saquinhos de festa e os
deixou na nossa classe. Ela parecia muito gentil na época, mas é tudo o que
sei. “Acho que você nunca os mencionou.”
Cal olha para as pontas dos dedos por um momento, esfregando o
polegar entre eles enquanto pensa no que dizer.

“Minha mãe está morta; Não tenho ideia de quem é meu pai.” Ele
olha para cima e sorri para mim. “Minha avó me criou como filho por
anos. Não descobri que ela não era minha mãe até os quatorze anos.” Ele
encolhe os ombros. “Minha mãe de verdade está morta, engasgada com
cinzas e ossos...” Ele para quando meus olhos se arregalam, e eu
tremo. Jesus. Callum sorri para mim novamente, franzindo os olhos com a
expressão enquanto esfrega as cicatrizes na garganta. “Todo mundo pensa
que minha avó a matou, mas eu não sei a história completa, então como
posso julgar?”

“Sua avó...” Eu começo, minha mente cambaleando. Uau. É como se


todos tivéssemos sido projetados um para o outro por um universo cruel e
implacável. Por outro lado, há muito poucos estudantes na Prescott High que
têm antecedentes que não estão encharcados de sangue, segredos e
besteiras. A história de Callum deveria ser estranha, espetacular, mas não
é. Não na Prescott. “Uau.”

“Quero dizer, não recentemente,” ele explica, inclinando um ombro


em mim e gesticulando com as mãos. “Pouco antes de completar três
anos. Portanto, não é tão grande quanto poderia ser.” Callum puxa um pacote
de amendoim M & Ms do bolso e derrama um pouco na palma da mão. Ele
os oferece para mim, mas eu levanto a mão para recusá-los. “Minha avó foi
uma bailarina na cidade de Nova York uma vez; ela queria que eu fosse tudo
o que não era.” Cal olha para o doce na mão com uma expressão distante no
olhar. “Que decepção eu devo ser,” ele reflete, mas não como se estivesse
chateado com isso.

Ele coloca na boca o doce de volta, mastigando pensativamente.

“Você disse a ela que sua família participou de um programa de


mistério de assassinatos uma vez?” Hael pergunta, e Cal ri.

“Ah, isso,” ele diz enquanto eu olho para ele. “O que? O episódio
saiu quando eu tinha cinco anos, tentando fixar o assassinato de minha mãe
na minha avó. De qualquer forma, nada aconteceu.”
“Por que sua avó mataria sua própria filha?” Eu pergunto,
horrorizada com a ideia. Mas então... Pamela, estou certa? Definitivamente,
ela teria me assassinado, Pen e Heather se isso lhe servisse bem. Oscar faz
um som de nojo por trás de mim.

“Há rumores de que a vovó matou o marido quando mamãe tinha 13


anos e a fez ajudar com o corpo.” Callum coloca mais M&Ms na palma da
mão e joga um azul na boca. “Aparentemente, minha mãe confessou tudo à
minha tia antes de desaparecer.” Cal cai contra a porta para que ele possa me
olhar melhor. “Você sente pena de mim, Bernie? Parece que você sente.”

“Claro que sim,” eu digo, mas Callum apenas ri novamente.

“Não. Não me lembro de nada disso. Eu só ouvi histórias.” Cal joga


outro M&M em sua boca. “Minha avó sempre foi boa comigo. Nem tenho
certeza se acredito em alguma das histórias.” Ele faz uma pausa por um
momento, seu sorriso desaparecendo e sua expressão vidrada. “Mesmo
quando sofri meus ferimentos,” - ele bate em uma das cicatrizes no joelho -
“e seus sonhos para mim foram destruídos, ela cuidou de mim sem
reclamar.”

“Como eu nunca ouvi falar disso?” Eu pergunto, e Callum encolhe os


ombros novamente.

“Eu não estava em perigo com minha avó, Bernie. Embora sempre
tenhamos vivido em South Prescott, eu tive uma vida boa. Pude dançar. Por
um tempo era o melhor. É um sentimento que você nunca esquece.” Callum
termina o M&Ms e depois pega seu rifle do chão, colocando-o sobre os
joelhos. “E se a nossa distração não funcionar?” Ele pergunta, mudando de
assunto abruptamente. Acho que é o direito dele; é a história dele.

Sento-me quando Oscar finalmente se vira para participar da


conversa.

Grande parte do nosso plano hoje à noite envolve os garotos da


Charter Crew prestando atenção em Aaron enquanto ele dirige o Camaro de
Hael para a primeira corrida.
Mitch, Logan e os irmãos Ensbrook não correm até mais tarde. Só
precisamos comprar tempo para Hael chegar aos carros sem ser visto. Ele
fará o que quiser, e então... bem, espero que a Charter Crew seja uma hidra
sem cabeça.

“Vai dar certo,” Oscar garante, como se ele tivesse alguma maneira
de garantir isso. “As pessoas são previsíveis. Assim que virem Aaron, eles
serão como tubarões com sangue na água. O mais importante é garantir que
ele saia dali vivo.”

Meu sangue arrepia e eu torço minhas mãos juntas.

Isso é perigoso pra caralho, mas também não é algo que não
possamos lidar.

Mitch e seus amigos deveriam saber que estaríamos sempre uma


dúzia de passos à frente deles. Eles têm os soldados contratados de
Ophelia; eles se sentem intocáveis. É sempre uma boa sensação reduzir seus
inimigos um pouco.

Eu me acomodo no assento e fecho os olhos.

Um dia, imagino que teremos pessoas para fazer esse tipo de coisa
por nós. Ou seja, se jogarmos nossas cartas corretamente. Mas você não
deixa seus subordinados saberem de todos os assassinatos que cometer,
especialmente quando os policiais estão na sua bunda. E você
definitivamente não envia um soldado para fazer o trabalho de um general.

Abro os olhos quando o telefone de Hael toca e ele atende com o


sistema Bluetooth do carro.

“O que há, garoto amante?” Hael pergunta, e ouço o riso baixo de


Aaron do outro lado da linha.

“Estou em posição. Avise-me quando estiver pronto.”

“É isso que você diz para Bernie quando transa?” Hael brinca,
girando o volante e dobrando à direita. “Deixe-me saber quando estiver
pronta, baby.”
“Vá se foder,” Aaron bufa de volta quando Hael faz outra curva à
direita, e vemos o vermelho brilhante do Camaro descendo o caminho de
nós. “Seja legal comigo ou eu vou estragar seu carro de propósito.”

“Nem brinque com essa merda,” Hael rosna, mas ele sorri enquanto
diz isso. “Dê-nos um segundo para colocar Cal no lugar, sim? Não seja um
ejaculador precoce. Ninguém gosta de um ejaculador precoce.”

“Coma merda, Hael,” diz Aaron, sua voz me dando calafrios, mesmo
que ele não esteja presente no carro conosco. “Eu vou esperar.”

“Deseje-me sorte,” Cal diz, saindo do carro e levando o rifle com


ele. Com o capuz erguido para esconder o cabelo loiro, ele desaparece nas
sombras em alguns segundos, saindo devagar para nos dar as informações
necessárias para que isso funcione.

Hael bate as mãos no volante no ritmo da música que sai dos alto-
falantes, enquanto Vic olha pela janela como se ele pudesse realmente ver
para onde Callum foi. Oscar não diz nada, quieto e enigmático ao meu lado.

“Cal acabou de me mandar uma mensagem,” Hael confirma depois


de alguns minutos, resumindo a mensagem para nós. “Ele diz que estão
todos aqui: Mitch, Logan, Kyler, Timmy, Billie e Kali.” Hael estala os
dedos. “Foda-se sim. Todos os nossos pássaros, uma pedra.” Ele assiste a
tela do telefone com cuidado, a luz brilhando em seu rosto bonito. “Tudo
bem, Aaron. Eles estão prestes a começar a primeira corrida. Pregue esse
acelerador no chão e linha vermelha, filho da puta.”

Hael e Aaron deixam a conexão aberta em seu telefone enquanto eu


me inclino entre os dois bancos da frente, observando Aaron pisar no
acelerador, pulverizando lama no céu noturno. As luzes da rua são brancas,
quase neon, então eu posso ver cada gota que respinga no para-brisa de
nosso carro roubado e Hael ri.

“Idiota,” ele murmura, pouco antes de Aaron sair, virando o Camaro


na esquina e abatendo o túnel que leva à pista. Ele cronometra perfeitamente,
voando na frente dos outros carros enquanto uma das garotas da Equipe
Charter agita uma bandeira verde e a corrida começa.
Como essa parte da estrada fica mais alta que o resto da pista,
podemos ver a multidão enlouquecendo. Mitch é fácil de encontrar, sentado
em cima das arquibancadas antigas, com Kali ao seu lado. Assim que ele vê
Aaron no Camaro de Hael, ele se levanta. É difícil ver o rosto dele de todo o
lado, mas ele está claramente chateado.

“Deveria saber que minha mãe estava envolvida, com todos os carros
novos que a Charter Crew tem,” Vic murmura, esfregando o queixo. E ele
está certo. Todos eles têm novos brinquedos para substituir os que
arruinamos com o Navigator e depois, mais tarde, com o revólver de Oscar.

“Eles fizeram parecer que o negócio de drogas estava indo muito


bem,” Oscar diz suavemente, mas não como se ele se
importasse. “Independentemente disso, eles tornaram nosso trabalho muito
mais fácil, não foi?”

“Muito,” Vic concorda quando Hael nos leva além do túnel que leva
em direção à pista, faróis apagados, nossa velocidade em um dígito. Nós
dirigimos a Mercedes pela lateral da pista, até o local onde uma cerca de
arame danificado se encontra com a área murada que esconde o que
costumava ser uma área de lanchonete. Há mais arquibancadas logo acima,
enferrujadas e desgastadas, cheias de buracos onde a luz aparece. “Teremos
sorte se eles o deixarem terminar a corrida; dedique-se por dez minutos e dê
o fora daqui.”

Hael assente e sai do carro, passando por um buraco na cerca de


arame com uma mochila cheia de ferramentas. Não há uma única pessoa
nessa corrida que não esteja olhando para Aaron enquanto ele supera o resto
daqueles idiotas como se ele tivesse nascido para fazê-lo, fazendo o Camaro
sobrevoar os solavancos e subir e cair na lama.

Victor sai e leva a bunda até o telhado, com o rifle solto ao seu
lado. Oscar fica no chão, circulando o carro e olhando para qualquer outra
pessoa que possa estar rastejando nos arbustos.

Fico com o telefone de Hael, ouvindo Aaron gritar e xingar em torno


da pista.
“Você está aí, Bernie?” Ele pergunta, ofegando pesadamente.

“Estou aqui,” eu digo, sentada dentro da Mercedes com as portas


fechadas, para que ninguém possa nos ouvir conversando. ‘Você está
ganhando.” Eu levanto minha cabeça da tela do telefone para assistir o carro
vermelho cereja ultrapassar os outros sob o brilho branco das luzes quando
uma mensagem de Callum chega.

Hael está trabalhando no carro de Mitch. Nos avise se precisarmos


recuar cedo.

Expiro, mas não respondo. As respostas são para mensagens vitais,


não apenas para dizer ok.

“Hael está mexendo,” digo a Aaron, ouvindo o ritmo acelerado de


sua respiração.

“Foda-se, sim,” ele ronrona, claramente apreciando a


adrenalina. Meus nervos estão cheios de tensão, mas tento ficar relaxada. Se
eu me apavorasse durante todas as atividades arriscadas que realizamos,
seria uma bagunça ansiosa. “Parece que meu presente fúnebre para Mitch e
seus amigos é um caso sério de orgulho esmagado e despedaçado.” A risada
de Aaron ecoa pelo telefone enquanto eu o assisto na pista, vencendo a
Charter Crew em seu próprio jogo.

Eles devem estar furiosos.

Durante a próxima volta, este pequeno Porsche para, espalhando


lama no ar como uma queima de fogos.

“Que porra é essa?” Eu murmuro enquanto o assisto de volta para o


centro da pista. Há uma parede de pneus ao redor do anel interno, mas para
um ponto que parece ter sido atingido recentemente e que ainda não foi
reparado. O motorista usa esse ponto para dar ré no carro. “Ei, Aaron,
cuidado com o Porsche branco,” eu digo ao mesmo tempo em que Oscar
abre minha porta, olhos cinzentos frios.

“Acabei de dizer a Hael e Callum que terminamos. Aaron,” Oscar se


inclina para o alto-falante – “saia da pista agora e vá para o acampamento.”
“Roger,” Aaron diz, seguindo para o mesmo caminho que seguimos
antes, para escapar da policial Young e seu ridículo Subaru.

Nossos meninos na colina estão me dizendo que há mais carros


descendo a estrada do acampamento; Diga a Aaron que vá para a
floresta. O texto de Cal chega quase ao mesmo tempo em que Oscar
amaldiçoa baixinho, olhando para o próprio telefone. Vic permanece no
telhado, com a espingarda pronta, observando e esperando.

“Esquece isso,” digo antes que Oscar tenha uma chance. Meu
coração está acelerado como um louco e sinto que não consigo
respirar. Estou com tanto medo agora, mas não posso deixar que esse medo
me controle. A situação é imediata e terrível. “Vá para a floresta, Aaron.”

“Eu ouvi você, Bernie,” ele grunhe, girando o Camaro tão


bruscamente que engole por um momento antes de recuperar o
controle. “Filho da puta.” Aaron dispara no acelerador e se dirige para um
pequeno pedaço de espaço aberto entre as árvores. É um ajuste apertado, e se
qualquer outra pessoa estivesse dirigindo, eu provavelmente ficaria
preocupada. Mas, como eu disse, vi Aaron subir a colina até a cabana de
Vaughn no escuro, sem raspar a pintura da minivan. Ele pode fazer isso.

Infelizmente, ele não chega tão longe. Enquanto lemos as instruções


e verificamos nossos telefones, o Porsche branco inverteu todo o caminho
até o outro lado do círculo central, virando-se e depois atravessando a parede
de pneus para voltar à pista.

“Aaron, o Porsche,” eu grito, mas não há muito que ele possa


fazer. Ele está indo rápido demais para desacelerar, e a estrada é cercada por
cercas no lado esquerdo por um bom quarto da pista antes de abrir para a
floresta. Com o Porsche esperando à direita e os outros carros atrás dele, a
única opção de Aaron é seguir em frente.

Ele dispara, mas quem está dirigindo o Porsche branco está


pronto. Eles disparam para a pista e prendem a frente do Camaro, fazendo
com que ele gire na lama, os pneus agitando inutilmente.
“Aaron!” Eu grito, mesmo sabendo que não posso ajudá-lo
daqui. Assisto horrorizada quando a traseira do Camaro bate na cerca, e os
outros carros pulam ao redor dele como moscas para um cadáver. Merda,
merda, merda. Saio do carro, mas Victor já está xingando e pulando do
teto. Ele sai correndo com o rifle ao seu lado.

“Fique aqui!” Ele me manda, mas não vou permitir que Aaron seja
pego pela equipe de Mitch.

“Bernadette,” Oscar avisa quando vê que estou prestes a fugir. Eu o


ignoro, indo atrás de Vic com o telefone apertado na minha mão, minha
arma batendo nas minhas costas. Posso ouvir os passos de Oscar enquanto
ele amaldiçoa e me segue, agarrando-me no braço no momento em que a
janela do lado do motorista do Camaro é quebrada.

A Charter Crew converge quando Aaron é arrancado da janela


quebrada e jogado ao chão em um mar de punhos e botas raivosos. Mesmo
daqui, eu posso ver sangue.

“Me solte, Oscar!” Eu rosno, tentando e falhando em me soltar. Ele


me puxa de volta, passando um braço em volta do meu pescoço e
efetivamente me prendendo contra ele.

“Apenas espere,” ele retruca para mim, seu próprio coração


trovejando como um louco nas minhas costas. Isso me assusta, sentindo a
pulsação de Oscar assim. Ele está agindo como se tudo estivesse sob
controle, mas seu coração e sua respiração dizem o contrário.

Callum aparece como um espectro em cima da cerca. Provavelmente


ele acabou de subir. Ele não hesita antes de se levantar no alto do poste de
metal estreito. Sem um segundo de hesitação, ele levanta o rifle e atira em
um dos meninos na parte de trás da cabeça.

Sangue respinga por toda parte, regando o resto da Crew em


vermelho.

Isso lhes faz parar.


“Que porra é essa?” Um dos caras rosna, tirando uma
semiautomática da cintura. Por uma fração de segundo, tenho uma visão
direta de Aaron, deitado na lama e sangrando. Enquanto eu assisto, ele se
mexe, aproveitando a confusão enquanto se levanta e se ergue rápido.

Ele está claramente ferido, mas ficando sem adrenalina enquanto


corre para um buraco enferrujado na cerca e mergulha por baixo, se
levantando e continuando sem problemas. Dou um pequeno suspiro de alívio
quando Oscar me libera, mas isso ainda não acabou, e nós dois sabemos
disso.

Victor agora está parado ao lado da cerca do nosso lado, esperando


para ver se vale a pena começar a correr por lá. Mas Cal apenas ajusta o
cano do seu rifle e atira no garoto com a arma diretamente no rosto. É
fodidamente brutal; ele é fodidamente brutal. Ele começa a pegá-los um por
um enquanto eles gritam e se dispersam, decidindo que é melhor fugir do
que tentar matá-lo.

Assim que ele tem uma abertura, Callum desce, abre a porta do
Camaro e entra. Lá vai ele, indo para a floresta atrás de Aaron.

“Jesus porra de Cristo,” Victor rosna quando um pandemônio


irrompe na pista. Ele se vira e corre em nossa direção, claramente furioso
comigo por ter chegado tão longe. “Onde está Hael?” Ele retruca, logo antes
de nosso amigo ruivo aparecer na direção da área da lanchonete.

“Cara, que merda de problema. Eu deixei um carro


pronto. Um.” Hael range os dentes, mas não há tempo para nos sentarmos
aqui e lamentar o fracasso do nosso plano. Em vez disso, entramos na parte
de trás da Mercedes, subimos e saímos rápido de lá.

Nossos pneus dianteiros mal chegaram à estrada antes de ouvirmos a


explosão.

“Você acha que conseguimos matar alguém com isso?” Hael


pergunta, mas ninguém responde. Estou muito ocupada ligando para Aaron e
Callum, um após o outro. Eu acho que Oscar e Victor estão fazendo o
mesmo.
Cal é o primeiro a responder e eu imediatamente o coloco no viva-
voz.

“Estou na loja de conveniência,” ele diz, lembrando-me que Aaron


apontou isso como um ponto de encontro na noite em que fomos dar banho
de lama. “Ainda não vi Aaron; Também não o vi na floresta.”

“Ele pode estar se escondendo ou jogando pelo seguro,” Victor


medita, olhando para mim, como se pudesse ver Callum olhando o telefone
de Hael em minhas mãos. “E o telefone de Aaron? Você vê isso no carro?”

Há um minuto do que parece Cal remexendo dentro do Camaro e


depois uma maldição.

“Sim. Aqui está. Porra.” Cal suspira, como se estivesse frustrado com
toda a situação. “Eu encontrei.”

Meu coração parece que está sendo esfaqueado com milhares de


agulhas minúsculas; Eu não gosto disso. Não gosto nada disso.

“Cal, leve o Camaro para a garagem e estacione. Vamos esperar na


loja de conveniência enquanto eu achar que é seguro, e depois vamos buscá-
lo. Se Aaron não voltar, então começaremos a vasculhar a floresta assim que
a Charter Crew sair.” Victor exala bruscamente e enfia os dedos nos
cabelos. Neste momento, eu o amo ferozmente e respeito muito ele. O
trabalho dele é péssimo.

“Entendi,” Callum diz, desligando logo depois.

O carro permanece em silêncio enquanto dirigimos para a loja de


conveniência e estacionamos nos fundos, esperando no estacionamento por
um tempo antes de Vic sair para entrar. Ele volta em apenas alguns minutos,
balançando a cabeça e xingando.

Por quase quarenta minutos, esperamos, mas Aaron não aparece.

Depois disso, Hael nos leva ao redor da área imediata, verificando


todos os tipos de lugares estranhos que eu não pensaria em procurar - um
banheiro público, uma casa na árvore no quintal de uma execução duma
hipoteca, o antigo cinema que está fechado há anos, mas cuja bilheteria está
destrancada e provavelmente contribui para um incrível esconderijo.

Nada.

“Vic,” eu começo, suando frio. Se algo acontecer com Aaron, eu vou


morrer. Isso vai quebrar todas as últimas partes felizes e bonitas de mim, e
eu me tornarei nada. Eu não deveria dizer isso, mas é verdade. “Onde diabos
ele está?”

“Eu não sei, Bernie,” Vic diz, olhando por cima do ombro para mim
enquanto Oscar envia uma mensagem para vários membros da equipe em
seu iPad. “Mas nós o encontraremos. Ou morreremos tentando. Pelo menos,
eu prometo a você.”

Nós vamos para a garagem para pegar Callum, mas em vez de apenas
buscá-lo, os meninos me tiram do carro.

“Que diabos?” Eu rosno enquanto Cal fica do lado de fora da porta


aberta do passageiro, esperando eu sair. Oscar está do outro lado, parecendo
impaciente e irritado. É muito claramente uma máscara; ele está apavorado
pelo seu amigo. Ninguém precisa me dizer o quão ruim é essa situação; Eu
posso ver por mim mesma. “Eu não vou ficar aqui; Eu quero procurá-lo com
vocês.”

“Bernadette, não vou perguntar novamente,” Vic rosna, virando-se no


banco do passageiro da frente para olhar para mim. Seus olhos brilham com
fúria sombria. “Saia do carro ou eu mesmo a arrastarei para fora.” Hael não
diz nada, observando a interação com uma careta profunda. “Bernie,” Victor
começa novamente, fechando os olhos e tentando ganhar o controle de seu
temperamento. Ele é bom nisso, como sempre, então quando ele voltar a
olhar para mim, é muito mais calmo. “Minha mãe vai tentar te matar. Ela é
muito boa no que faz; há uma razão pela qual sou tão cruel quanto
sou. Agora, por favor, saia da Mercedes, fique com Oscar e vá para casa,
caso Aaron apareça lá. Temos uma dúzia de caras em casa; será seguro.”

“Vic...” Eu começo, mas sei que ele está certo. Com uma série
violenta de maldições, jogo minhas botas na calçada e saio do carro, batendo
a porta atrás de mim. Os meninos estão saindo da garagem antes mesmo que
eu tenha a chance de me virar, observando-os sair e desaparecer na rua.

Olho para a expressão comprimida de Oscar.

“Por favor, me diga que ele está voltando,” eu sussurro, mas Oscar
leva muito mais tempo do que deveria para olhar para mim e acenar com a
cabeça.

“Ele vai voltar,” ele diz, mas não parece totalmente convencido por
suas próprias palavras.

Fecho os olhos enquanto ele sobe a unidade, indo para o escritório


para pegar algumas chaves. Quando ele volta, eu os abro novamente e vejo
como ele abre as portas de um Chevelle amarelo mostarda. Sem uma
palavra, eu me dirijo, subo no banco do passageiro e inclino a cabeça para
trás.

Existe apenas um pensamento em minha mente.

Onde está Aaron? Onde está Aaron? Onde diabos está Aaron?!
Aaron Fadler

Quando acordo, está escuro e estou deitado de lado. Tudo


dói. Tudo. Por um segundo, não tenho ideia de onde estou ou o que diabos
está acontecendo. Quando tento me sentar, bato com a cabeça em alguma
coisa e sinto as primeiras bordas do pânico começarem a tomar conta de
mim.

Não faça isso, Aaron, digo a mim mesmo, tentando manter a


calma. O problema é que tenho muita claustrofobia, então, por mais lógico
que eu tente ser comigo, ainda vou entrar em pânico. Não faço ideia de onde
veio a fobia; Eu tenho isso desde que me lembro. Morrer do jeito que Neil
Pence morreu... esse é o meu pior pesadelo. Estou em um caixão? Eu me
pergunto de repente, sentindo dentro da pequena área onde estou preso.
Mas não.

Não tem a forma correta e há um par de cabos de ligação ao meu


lado.

Ah.

Um porta malas então.

Estou dentro do porta malas de alguém.

“Que diabos?” Eu murmuro, meu coração palpitando loucamente no


meu peito. Não faça isso, Aaron. Não entre em pânico, cara. Você consegue
isso. Você consegue isso. Você consegue isso. Fecho meus olhos com
força. Não importa, pois está escuro como breu aqui, mas ajuda de alguma
forma. Deve ficar escuro quando você fecha os olhos. Não está escuro
porque estou preso, certo?

Tomo um segundo com os olhos fechados, tentando controlar minha


respiração enquanto ajusto meu corpo e depois assobio de dor. Minha mão
direita vai para a minha perna e pedaços de memórias espalhadas piscam
atrás das minhas pálpebras fechadas. Ser puxado para fora do Camaro,
punhos e botas e luta, sangue da cabeça de alguém. Lembro-me de começar
a correr o mais rápido que pude em direção à floresta, conforme nosso
plano. Entre na floresta, afaste-se, encontre-se no ponto de encontro mais
próximo, a seis quarteirões de distância.

Quando tento lembrar o que acontece a seguir, minha perna lateja em


resposta e eu gemo.

Está certo.

Alguém me bateu com a porra do carro deles.

Lembro-me de dor explodindo na minha perna, mas depois nada


além disso.

Inclino minha cabeça contra o interior do porta-malas, o latejar na


minha perna aumentando à medida que percebo. Ou ainda estou em choque
ou a lesão não é muito terrível. Eu me mexo para ajustar minhas pernas e
acabo chorando de dor. Puta merda. A agonia é aguda quando me mexo,
mas alivia se eu ficar parado. Já tive ossos quebrados suficientes para
descobrir que poderia muito bem ser o que está errado. Não sinto sangue
molhado quando toco minha perna pelo menos.

Não, a maior parte do sangue está no meu rosto dolorido e inchado.

Jesus.

O carro em que estou parece estar parado. Quando forço os ouvidos,


não ouço nada além de grilos do lado de fora. Muito provavelmente, estamos
na floresta em algum lugar. Não há trânsito, nem risos distantes, nem vozes.

Isso não parece bom para mim.

Minha mente se desvia para as minhas meninas. Todas elas,


incluindo Heather e... Bernadette.

“Bernie,” murmuro, esfregando meu rosto. Ela provavelmente está


enlouquecendo agora, enquanto ela procura por mim. A ideia me faz querer
entrar em pânico. Se ela for passear pela cidade em busca de mim, poderá
acabar sendo morta. É claro que Ophelia tem a intenção de obter a herança
de Vic, independentemente do que ela tenha que fazer para conquistá-
la. “Olá?” Eu chamo, mas é claro que ninguém me responde. “Quem diabos
é você?” Eu grito a seguir. Não pode doer, certo? Ou estou no meio do nada,
ou então alguém vai me ouvir.

Corro minhas mãos pelo interior do porta-malas, procurando o local


onde as luzes traseiras devem estar. Teoricamente, se eu bater e chutar, eles
devem aparecer. Encontro o que estou procurando, mas decido esperar até
começarmos a nos mover antes de experimentar essa ideia. Não há
necessidade de deixar meu captor saber que tenho um truque na manga.

Existem duas outras opções para sair de um porta malas. O primeiro


é o cabo de liberação do porta malas, mas nem todos os carros têm
isso. Provavelmente é um carro mais velho, eu penso, molhando meus lábios
secos. Provavelmente algo vintage, provavelmente pertencente à Charter
Crew.
Droga. Como eu me deixei ficar tão fodido?

Decido tentar o último método, virando meu corpo no espaço estreito


enquanto o pânico ameaça me ultrapassar. Não faça isso, Aaron. Não deixe
que sua fobia irracional o impeça de voltar a Bernadette. Ela ficará tão
preocupada com você; ela pode ter problemas se você não se apressar.

Quem quer que tenha me colocado aqui, estavam claramente com


pressa porque não se preocuparam em me amarrar. Grande erro. Mesmo que
minha perna direita esteja me matando, eu ponho meus pés juntos e chuto o
banco de trás do carro com toda a força que tenho em mim.

Puta. Merda.

A dor explode atrás das minhas pálpebras e cerro os dentes contra um


grito. Não preciso do meu captor saiba que estou com tanta dor. Respirando
fundo, eu me preparo para chutar o banco de trás novamente quando ouço
passos do lado de fora junto com um par de vozes.

Eu me viro, colocando meus pés em direção ao porta


malas. Dependendo de quantas pessoas estão aí, talvez eu consiga sair
dessa. Ou morra tentando, no mínimo.

Há um som de uma chave na fechadura, e então o porta-malas se abre


e eu fico olhando para Kali Rose-Kennedy, Ophelia Mars e Tom Muller com
uma espingarda na mão.

“Aaron Fadler,” Ophelia murmura, inclinando a cabeça para o lado


como um lobo observando sua presa. É perturbador, o quanto Victor parece
com ela. Ao contrário de Victor, no entanto, ela não tem coração nem
alma. Nenhum mesmo. Olhar nos olhos escuros dela é como olhar para um
buraco negro, pronto para esmagá-lo em uma polpa sem sentido e limpá-lo
da existência.

Ela me assusta, porra.

“Ophelia,” eu respondo, o mais frio e calmo possível. Esta não é uma


boa situação, mas pelo menos estou fora do porta-malas, certo? Está escuro,
então eu passei um dia inteiro até a noite seguinte, ou não faz tanto tempo
desde que fui levado. “Bom ver você aqui.” Meus olhos se voltam para Tom,
me perguntando se posso chutar a espingarda de suas mãos antes que ele
atire em mim. A questão é que aposto que Ophelia e Kali também têm
armas.

“Por que você o trouxe aqui?” Ophelia pergunta, virando-se para


Kali. Ela está olhando para mim com olhos castanhos e um sorriso
preguiçoso. Eu nunca gostei dela. Nunca. Nós estudamos com ela quase
desde que estudamos com Bernadette. Sei que Kali teve uma vida difícil, que
seu pai era um alcoólatra que espancava ela e sua mãe. Ainda assim, ela é
uma pessoa de merda e mesquinha, cujo trauma se manifestou em algo
perverso. Eu simplesmente não gosto muito dela.

“Nós podemos usar ele,” Kali explica, e ocorre-me então que ela
poderia muito bem ser a pessoa que me bateu com seu carro, me colocado no
porta malas, e me trouxe aqui... onde quer que aqui seja. Havia muita coisa
acontecendo na corrida; é possível que ela tenha escapado enquanto eu
estava ganhando. Cal estava muito ocupado atirando nas pessoas para prestar
atenção. “Victor se preocupa com ele, tanto quanto ele se preocupa com
Bernadette.” Kali faz uma careta, o som do nome da minha garota como
veneno em seus lábios. “Mitch definitivamente passou de sua utilidade, não
acha? Isso vai funcionar muito melhor.”

Ophelia apenas me encara com olhos negros, contemplando. Do jeito


que ela me estuda, parece que nunca lhe ocorreu que eu - ou qualquer outro
garoto - pudesse ser valioso em sua luta contra Victor. A razão pela qual ela
pensa isso é porque ela não se importa com ninguém ou com nada; ela
provavelmente presumiu que o filho também não.

“Ele é apenas um amigo da escola; você deveria tê-lo matado,”


Ophelia diz, e Tom se aproxima um pouco mais, lambendo os lábios, como
se estivesse empolgado com a perspectiva de ser capaz de explodir meu
cérebro com a espingarda.

“Não, não é assim com eles,” Kali lamenta, e há apenas algo em sua
voz que me diz que ela faria qualquer coisa para fazer parte de nós, para se
tornar uma Garota Havoc. Nunca deveríamos ter cedido seu preço com
Bernadette. Mesmo que isso vá contra tudo o que defendemos, deveríamos
tê-la levado para longe na floresta e a enterrado.

Ajusto minha posição e me encolho; meu corpo inteiro dói. Sério,


não há uma parte do caralho em mim que não doa. Meus dedos
inconscientemente procuram a bala no meu ombro que ainda não está curada
totalmente. Parece macio e dolorido no momento.

“O que você quer dizer?” Ophelia pergunta, claramente perdendo a


paciência com Kali. Ela olha para a garota, sua maquiagem refinada e
elegante, seu cabelo penteado. Parece que ela poderia ter saído para jantar ou
algo assim. Ophelia, quero dizer, obviamente. Kali se parece com qualquer
garota aleatória do lado sul, sua maquiagem muito grossa, seus brincos de
argola muito grandes, seios aparecendo, shorts super curtos aparecendo a
bunda. Quero dizer, Bernie se veste assim às vezes também, mas é fofo pra
caralho quando ela faz isso.

Kali olha para mim e há algo em sua expressão que me assusta.

Há um sentimento de afeição distorcido, não merecido e indesejado.

“Ele não é apenas um amigo da escola de Victor,” Kali diz com um


suspiro, estendendo a mão para tocar o lado do meu rosto. Afasto-me dela e
faço uma careta, mas não digo uma palavra. Nem uma palavra
maldita. Ophelia e eu não temos uma boa história juntos. Apesar de ter
segurado uma faca na garganta dela na casa de praia há não muito tempo
atrás - eu deveria tê-la matado seriamente quando tive a chance - tivemos
brigas verbais por anos. “Eles são como irmãos. Se dissermos a Vic que
temos Aaron, ele fará o que você quiser.”

Ophelia reflete sobre isso por um momento antes de olhar para


Tom. Eles trocam um olhar antes que ela vire seu olhar escuro para mim.

“Eu tenho dificuldade em acreditar nisso,” ela murmura, inclinando a


cabeça ligeiramente para o lado. “Mas acho que vale a pena tentar. Nós
sempre podemos matá-lo mais tarde.” Ela sorri para mim, e é
definitivamente o sorriso de um réptil. “Tudo bem, Aaron. Levante-se e
vamos embora. Suponho que você verá o quanto sua pequena gangue
realmente significa para o meu filho. Infelizmente para você, tenho a
sensação de que você terá um rude despertar.”

Tom gira a espingarda e, antes que eu consiga pensar nisso, ele está
me batendo na cabeça com a coronha e eu estou caindo de volta no porta-
malas.

A última imagem que vejo antes de tudo escurecer é Bernadette,


sorrindo para mim.
Bernadette Blackbird

Passamos o resto da noite e todo o dia seguinte procurando Aaron.

Não encontramos absolutamente nada.

Nada mesmo.

Não consigo dormir na noite seguinte, andando pelo chão da sala e


passando a mão pelo rosto para enxugar as lágrimas.

“Bernie,” Callum diz suavemente, deslizando pela porta dos fundos


com seu capuz e bermuda. Ele está fora há horas, procurando
inutilmente. Eu fico imóvel, esperando por qualquer informação que ele
trouxe de volta com ele. Quando Cal olha para longe de mim, meu coração
se despedaça e meus joelhos ficam fracos.

“Onde ele está, Cal?” Eu sussurro, mas Callum apenas se vira para
mim, seu olhar azul brilhando à luz da lua. Hael está dormindo no sofá ao
meu lado enquanto Oscar se senta na cadeira entre os dois sofás. Victor entra
na varanda atrás de Callum, o rosto em uma carranca, a boca em uma linha
fina e plana. “Onde ele está?” Repito, tentando não ficar histérica.

Todos nós vimos Aaron ser puxado para fora do carro; todos nós o
vimos fugir para a floresta.

Então, onde diabos ele está? Ele não está em nenhum dos pontos de
encontro regulares dos meninos. Ele não nos ligou. Ele não está voltando
para casa. Este é o meu pior pesadelo se tornando realidade. Só de pensar na
possibilidade de que algo aconteceu com ele...

“Sinto muito, Bernadette,” Cal sussurra, a voz ainda mais rouca e


mais quebrada do que o habitual, como vidro em um cemitério. “Se alguém
deveria ter sido levado, deveria ser eu.” Ele fecha os olhos e cai contra o
batente da porta, enquanto Vic empurra a porta deslizante pelo resto do
caminho e entra.

Não sei como contar a Callum que nunca poderia escolher entre ele e
Aaron. Independentemente de quem desapareceu, eu me sentiria
assim. Então, novamente, o que eu digo às meninas? Não tenho certeza se
poderia olhar para elas novamente se algo acontecesse com o irmão, algo
que não pode ser desfeito...

“Ele vai aparecer,” Vic diz, como se tivesse tanta certeza de si


mesmo. “Se alguém o tivesse, já teríamos ouvido. Ele é um refém bastante
valioso, não acha?”

“Acabamos de explodir um dos carros da Charter Crew e explodimos


vários crânios de seus membros da gangue com um rifle. Se eles têm Aaron,
ele provavelmente está morto.” Não há inflexão na voz de Oscar,
nenhuma. Meu coração finalmente desiste e morre, e eu caio de joelhos no
chão em frente à lareira.
“Porra, Oscar,” Victor rosna quando Hael se aproxima, esfregando a
mão no rosto.

“Aaron já voltou?” Ele pergunta, piscando para nós enquanto nos


sentamos juntos no escuro. Quando ninguém o responde, Hael xinga
baixinho e se levanta. Ele bagunça o cabelo com as duas mãos e começa um
discurso que é inteiramente em francês; Eu nem começo a tentar entende-
lo. “Então, que porra fazemos agora? Nunca perdemos um membro da
Havoc antes, Vic.”

“Não brinca,” Victor rosna enquanto eu sento lá e penso em como eu


estava com medo quando Aaron estava sangrando por mim. Eu deveria ter
percebido então, quando ele se jogou na frente de uma maldita bala por
mim. Nunca foi por Cal que eu precisava ter medo; foi meu ex-namorado.

O ex nunca vive para ver o final do filme, certo?

Colocando meu rosto nas mãos, tento me recompor. Sei logicamente


que é mais seguro esperar aqui, caso ele apareça ou recebamos uma ligação
ou algo assim, mas é tão difícil. Tudo o que quero fazer é calçar um tênis,
sair e começar a correr até encontrá-lo. Teoricamente, Ophelia está tentando
me matar, mas não tenho certeza se me importo agora.

Tudo o que importa é Aaron.

Tudo o que importa é encontrar Aaron.

“Hael, você e Oscar saem em seguida,” Vic diz no final de um longo


suspiro. “Cal e eu vamos ficar com Bernie e as meninas.”

Hael assente e se move ao meu lado, agachando-se para que ele


possa afastar alguns cabelos da minha testa suada. Ele tenta sorrir, mas não
chega nem perto dos olhos dele.

“Tente dormir um pouco, ok? Você não pode fazer nada por Aaron se
você for um zumbi.” Eu aceno com as palavras de Hael, fechando meus
olhos quando ele se inclina para pressionar seus lábios contra os meus. Sei
que ele está certo, mas não tenho certeza se poderia dormir se
quisesse. Como posso, quando não sei onde Aaron está ou o que está
acontecendo com ele? E se ele estiver sendo
torturado? Queimado? Enterrado vivo?

Engasgo com o pensamento quando Hael me ajuda a me levantar, me


incentivando a sentar no sofá, para que ele possa colocar um cobertor em
volta dos meus ombros.

Oscar se levanta em seguida, mas em vez de simplesmente se afastar,


ele se aproxima de mim por um minuto e coloca a mão na minha
cabeça. Olho para ele, mas não tenho mais energia para brincar ou retribuir.

“Pode não significar muito vindo de mim agora, mas me desculpe,


Bernadette,” ele diz, acariciando meu couro cabeludo com os dedos
longos. “Eu sinto muito.” Oscar se abaixa e pressiona um beijo na minha
testa antes de se endireitar e se afastar com Hael atrás.

Não tenho ideia do que exatamente ele está se desculpando, mas isso
significa muito, independentemente.

“Eu não sei o que fazer comigo mesma,” digo a Vic e Cal, já sentindo
esse estranho vazio dentro de mim onde parece que Aaron deveria
estar. “Como isso aconteceu? Como?”

“Jogamos jogos perigosos, Bernadette,” Victor diz suavemente,


claramente exausto. Ele passa os dedos pelos cabelos e me olha enquanto
Cal encontra seu caminho para a sala e se senta no sofá à minha frente. “Às
vezes, em jogos perigosos, existem preços altos.”

Ele se levanta de repente e sai da sala, mas não tenho ideia para onde
ele está indo. Ele está acordado há dois dias seguidos neste momento, então
espero que seja para dormir um pouco. Por falar em... minhas pálpebras
estão pesadas, e eu amaldiçoo meu corpo por ser um traidor. Não tenho
permissão para me sentir cansada ou precisar dormir, não quando Aaron está
desaparecido.

Não quando ele poderia estar machucado.

Não quando ele poderia estar...


Eu me recuso a deixar minha mente ir para lugares escuros. O mundo
já está escuro o suficiente.

“É o baile de inverno amanhã,” Callum medita, e olho para ele como


se ele fosse louco. Não tem como eu ir a um baile da escola quando Aaron
está desaparecido. “Nós provavelmente deveríamos fazer check-in lá, ver
quem aparece da Charter. Ainda não temos ideia se o trabalho de Hael deu
algum resultado.”

“Você está brincando comigo, certo?” Eu zombo, me sentindo pronta


esfaquear alguém. Parece bobagem que me senti assim por causa do jeans
apertado de Aaron ontem. Parece tão estúpido agora, ficando irritada com a
possibilidade de uma garota dar em cima nele. Tudo o que eu quero é ver seu
rosto novamente, beijar sua boca doce, senti-lo me abraçar. Essa porra é uma
merda.

“Se alguém da Charter Crew o tiver, eu saberei,” Callum diz, olhos


azuis escuros e sem profundidade. Ele parece aterrorizante agora. “Confie
em mim, apenas um olhar, e eu vou saber.”

Não tenho certeza de como responder a isso. Eu acredito nele, mas


não vou colocar um vestido rosa e ir a uma baile idiota. Isso não está
acontecendo.

Envolvo o cobertor em volta dos meus ombros e me levanto,


movendo-me para o grande sofá onde Cal está sentado, e me enrolo nos
braços dele. Ele me envolve em seu capuz e cobre minha cabeça com a dele,
me protegendo, cuidando de mim. Como sempre.

“Durma, Bernie. Vou te acordar se acontecer alguma coisa.”

Pretendo protestar contra o pedido de Cal, mas, em vez disso, minhas


pálpebras pesadas tiram o melhor de mim e eu adormeço. Quando acordo, é
por causa de uma batida na porta da frente. Meu coração dispara quando
subo e saio do colo de Cal, mas não antes que Victor varra a sala e verifique
o olho mágico.

Ele franze a testa, tirando uma pistola da cintura antes de abrir a


porta com cautela.
“Sim?” Ele brinca, dando uma olhada a quem quer que esteja do
outro lado.

Há um homem lá, mas ele é apenas um entregador. Ele parece


assustado por Victor e praticamente joga um envelope de cor creme brilhante
para ele antes de correr de lá.

“Que porra é essa?” Eu pergunto quando Vic usa o ombro para fechar
a porta, abrindo a aba do envelope com uma unha. Pétalas roxas caem no
chão com um perfume doce, e ele faz uma careta, como se já soubesse o que
está acontecendo. “Este é um convite de casamento?” Eu pergunto, sentindo
extremamente confusa e um pouco doente. Se houvesse alguma notícia sobre
Aaron, algum dos meninos já teria me contado sobre isso.

O que significa... nada aconteceu nas últimas horas em que estive


dormindo.

“Isso é de Ophelia, tenho certeza disso,” Vic diz, olhando dentro do


envelope o que parece ser um convite. Ele lê e depois joga para mim.

“Como você sabe disso?” Eu pergunto, franzindo a testa para o


pequeno pedaço de cartolina. É levemente perfumado com perfume, uma
única pétala roxa ainda grudada nela. Isso me lembra os ridículos convites
para chá de panela no filme Damas de Honra, aqueles com a borboleta viva
que brilha. Então exagerado. “Este é um convite para uma mostra de arte em
uma galeria em Oak Park.”

“E violetas eram as flores favoritas da minha avó,” Vic diz,


esmagando as pétalas com as botas. Ele aponta para o convite, os olhos
brilhando com fúria sombria. “Isso é da Ophelia. E é para domingo à
noite. Eu não gosto disso. Eu não gosto do timing desta merda nem um
pouco.” Victor cerra os dentes e depois dirige sua atenção para
Callum. “Ligue para Hael e Oscar e diga para eles voltarem aqui”.

“Por quê?” Eu pergunto, olhando para cima do convite em


pânico. “Não podemos parar a busca.”

“Nós não estamos,” Vic me tranquiliza, colocando a mão no meu


ombro e me olhando nos olhos. “Estamos redirecionando. Minha mãe nunca
faz nada por capricho. Se ela enviou este convite, é por uma razão.” Ele me
libera e sai correndo pelo corredor para se vestir enquanto eu fico lá em um
mar de pétalas roxas e o doce aroma de violetas, sentindo falta de Aaron e
desejando a Ophelia um ninho de vespas assassinas em seu cabelo perfeito.

Se ela tiver Aaron, Victor não terá chance de matar sua mãe.

Porque eu vou fazer isso. E farei isso com um sorriso na porra do


meu rosto.
Aaron Fadler

A próxima vez que abro os olhos, estou em um quarto grande com


tetos altos e paredes de troncos. A cama em que estou deitado tem um dossel
de búfalo para combinar com a decoração rústica exagerada que parece
permear o resto do lugar. É muito claramente uma casa cara com coisas
caras, mas eu tenho muita dificuldade em imaginar que ela pertence a
Ophelia. Provavelmente, é do Tom.

Kali está sentada na beira da cama ao meu lado, olhando para a porta
como se estivesse esperando companhia. Ela não sabe que estou acordado
até tentar me mexer, e as algemas nos meus pulsos tremerem. Seu olhar volta
para mim e ela sorri. Também não é um sorriso tenso ou cheio de ódio. Em
vez disso, é quase perturbadoramente genuíno. Claro, parece grotesco com
os lábios inchados. Eu só gostaria que tivéssemos pensado em costurar a
boca dela antes de Stacy Langford.

Lembro-me da preocupação de Bernadette com Kali, sobre como ela


nos encarou no corredor naquele dia. Ela me disse que achava que Kali era
obcecada por mim. Na época, pensei que parecia bastante ridículo. Mas
sentado aqui agora? Não tenho tanta certeza de que Bernie não estivesse
certa.

“Você está acordado,” ela diz, como se estivesse esperando que esse
seja o caso. “Eu estava pensando por quanto tempo você ficaria fora.” Kali
se inclina para a frente e tira alguns cabelos da minha testa, franzindo a testa
quando estremeço e tento desviar a cabeça. “Não acredito que Tom bateu em
você assim. Não havia necessidade disso.”

“Kali,” eu começo, minha garganta seca, minhas palavras roucas. Eu


adoraria beber água agora, mas não vou pedir nada a essa cadela louca. “O
que eu estou fazendo aqui?” Ela encolhe os ombros e se afasta de mim,
ainda focada na porta do quarto.

“Ophelia pode usar você como um peão para convencer Victor a


fazer o que ela quiser. Acho que ela planeja pedir que ele cometa um crime à
vista, como se ele pudesse ser preso por isso e perder a herança dessa
maneira.” Kali olha para mim, colocando os cabelos verdes e pretos atrás de
uma das orelhas. O brinco de argola cravejado de diamantes balança com o
movimento. Já a vi usar brincos em particular antes, mas sempre achei que
eram falsos. Agora estou começando a me perguntar se eles não eram um
presente de Ophelia. “Pessoalmente, acho que devemos matar Bernadette.”

Minha mandíbula aperta, mas eu resisto ao desejo de surtar com


ela. Isso não vai me dar o que eu quero. Em vez disso, me pergunto se não
posso brincar com suas excentricidades? Quero dizer, ela claramente gosta
de mim; ela quer fazer parte da Havoc. Eu posso ver tudo isso escrito em seu
rosto. Deve haver alguma maneira de manipulá-la para me deixar ir.

“Por que matá-la? Se Ophelia pode convencer Victor a fazer o que


você disse, não faz sentido. Ela receberá seu dinheiro da maneira mais fácil,
sem assassinatos necessários, sem pontas soltas para se preocupar.” Claro,
nem Ophelia nem Kali conhecem Vic muito bem. Ele não é um idiota; ele
saberia que atender às demandas de sua mãe não faria nada para realmente
garantir que eu seria libertado a qualquer momento. Provavelmente, ela me
mataria assim que ele fizesse o que ela pediu.

Não tenho muitas maneiras de ganhar neste jogo.

Kali olha para mim com um sorriso tenso nos lábios pintados de rosa.

“Depois, eu quero que Ophelia me dê você,” ela diz, e eu tenho que


usar seriamente toda a força de vontade que tenho para não fazer uma
careta. Me dar para você? Eu só pertenço a Bernadette; Ophelia não tem
poder para me presentear para você de forma alguma. “Eu não sei se ela vai
embora. Vamos ver, eu acho.”

Kali para de falar quando o som de uma porta se abre e fecha


ecoando pela casa. Há um som pesado de passos e, em seguida, Mitch
Charter está parado na porta do quarto, cabelos escuros raspados perto de
seu crânio, mandíbula trabalhando em frustração. Assim que ele me vê, seus
olhos saltam da porra da cabeça.

“Que diabos?” Ele pergunta, se aproximando de Kali. “De onde


diabos ele veio?”

“Eu o encontrei na floresta depois que ele tentou escapar,” Kali


ronrona, e meu corpo ondula com arrepios. Mitch está olhando para mim
como se desejasse me esfolar vivo.

“Seu pedaço de merda,” ele rosna, olhando-me de cima a baixo como


se estivesse tentando decidir o que cortar primeiro. “Esse seu psicopata loiro
matou quatro dos meus meninos e mandou Timmy para os ares. Sem
mencionar, meu carro está no lixo. Boa tentativa embora. Seus desgraçados
estragaram tudo.” Mitch começa a sorrir enquanto se aproxima de mim,
ignorando a maneira como o corpo de Kali fica tenso.

Ele faz uma pausa ao som de mais passos, e Ophelia e Tom entram
na sala depois. A primeira não parece satisfeita em ver Mitch aqui.
“Mitch Charter,” ela diz, abrindo uma bolsa brilhante que combina
com seu vestido azul.

“Sim?” Ele pergunta, virando-se para olhar a mãe de Victor. Acho


que estávamos certos quando pensamos que Ophelia era responsável por
toda a merda da Charter Crew.

“Lamento dizer, mas vou ter que deixar você ir.” Ophelia remexe na
bolsa enquanto Mitch olha para ela.

“Que porra é essa? Estou trabalhando demais para...” Ele não


consegue terminar essa frase porque Ophelia puxa uma pistola de pequeno
calibre equipada com um silenciador da bolsa e atira na testa de
Mitch. Ninguém naquela sala parece surpreso quando o sangue mancha o
rosto pálido de Ophelia, e o corpo de Mitch cai no chão.

Não há ferida de saída, pois a bala é tão pequena. Algumas pessoas


pensam que isso torna uma arma menos eficaz. Não é necessariamente
verdade. Se a bala é pequena o suficiente, ela apenas salta dentro de você e
te fode. Parece que foi o que aconteceu com Mitch.

Kali não parece nem um pouco preocupada em ver o namorado


morto no chão a seus pés. Até Tom parece entediado com a situação.

“Limpe isso,” Ophelia ordena, guardando a arma e gesticulando para


o corpo de Mitch com a bolsa. Não há muito sangue, mas está vazando de
sua cabeça para manchar as tábuas de madeira rústicas. “Eu tenho um jantar
hoje à noite, então não vou estar aqui. Presumo que você vai ficar?” Ela tira
um lenço branco da bolsa e depois enxuga o sangue no rosto, limpando-o.

“Eu gostaria de ir ao baile,” Kali arrisca, encolhendo os


ombros. “Mas alguém tem que cuidar de Aaron.”

“Você não precisa ir ao baile,” Ophelia corrige, ajustando sua atenção


para mim. “Se você está certa sobre Aaron, não temos mais utilidade para
Bernadette.” Ela se vira para sair, como se a conversa tivesse terminado, mas
Kali se levanta, seguindo alguns passos depois de Ophelia olhar para ela
com uma expressão irritada no rosto bonito. Tom apenas segue como o cão
de estimação que ele é tão claramente.
“Ainda podemos matá-la,” Kali argumenta, gesticulando com suas
unhas de acrílico rosa. “Dobrar, certificar de obter o dinheiro.” Ophelia não
parece convencida, nem parece que quer discutir com alguém que considera
um subordinado.

“Minha querida, ouça. Quando você envelhecer, entenderá que a rota


mais rápida entre dois pontos é uma linha reta. Eu não preciso matar aquela
garota e meu filho começar a me caçar no escuro. Farei isso, se for preciso,
mas gosto da sua ideia de usar Aaron. Vamos ficar com o plano, não é?” Ela
se vira, ignorando os protestos de Kali, e ouço o rangido da escada logo
depois, seguido pela porta da frente. Em algum lugar do lado de fora, um
motor liga e o som de pneus no cascalho sobe para mim.

Mitch ainda está deitado no chão, sangrando por toda parte, enquanto
Kali olha para Ophelia com uma careta profunda no rosto. Ela olha de volta
para Mitch e suspira.

“Deus, isso é uma droga,” ela resmunga, curvando-se para agarrar o


braço dele. De salto alto e bermuda, Kali começa a arrastar o garoto morto
em direção à porta e para no corredor. Poucos minutos depois, e eu posso
ouvir o som horrível de algo caindo pelas escadas.

Filha da puta.

Isso não parece bom para mim, nem um pouco.

Fecho os olhos e testo as amarras dos braços e pernas, mas não solta
nem um pouco, absolutamente nada.

Se eu quiser sair daqui, vou ter que usar a obsessão de Kali comigo
para fazer isso.
Hael Harbin

Bernadette parece positivamente infeliz quando entra na sala de estar


com o vestido de cocktail rosa que roubamos do centro de Fuller. A parte
superior é feita de renda e é quase totalmente transparente, exceto por alguns
apliques brilhantes sobre os montes pálidos de seus seios.

Se as circunstâncias fossem diferentes, eu provavelmente estaria


gozando nas minhas calças agora.

Como estão as coisas... eu meio que só quero matar alguém. De


preferência a mãe de Vic. Que psicopata ela está se tornando. Ele está
convencido de que ela tem Aaron e, honestamente, neste momento, não vejo
quem mais poderia.
Se a Charter Crew o tivesse, teríamos recebido seu cadáver à nossa
porta de manhã ou então eles teriam nos chamado para, pelo menos, se
gabar, se não apenas nos torturar com o som de seus gritos.

Portanto, há algo maior em jogo aqui.

Ophelia Fodida Mars.

“Blackbird,” eu sussurro, porque não suporto vê-la chateada. Isso me


mata. Eu não gosto de ver mulheres chateadas, ponto final. Depois de todas
as coisas horíveis que meu pai fez com minha mãe, eu simplesmente não
aguento. Acrescente o fato de que sou muito, sem sombra de dúvidas,
apaixonado por essa garota, e sua tristeza me consome. Ela suspira,
segurando os saltos altos pretos em uma mão e sentando no degrau de baixo
para colocá-los. “Isso é uma coisa boa, certo? Se Ophelia tem Aaron, ele
ainda está vivo.”

“Não sabemos ao certo se ela o tem,” ela diz, deslizando os pés nos
sapatos pretos com tiras e prendendo-os. “E se ela o tiver, não vejo o que o
baile de inverno fará para ajudar com isso.”

Ajoelho-me ao lado dela com a roupa que ela escolheu para mim:
calça preta, um par de botas e uma camisa de botão preto com caveira branca
e abotoaduras de ossos cruzados. Todos nós temos a mesma roupa. É meio
triste, considerando que a de Aaron ainda está deitada em sua cama no andar
de cima, mas não posso começar a pensar como um pessimista aqui.

Minha mão segura o lado do rosto dela e ela fecha os olhos,


inclinando-se para o meu toque.

“Precisamos mostrar a todos que ainda estamos aqui, que não


estamos preocupados, que nada de ruim está acontecendo. Você sabe como é
Prescott; eles são como tubarões. Uma gota de sangue e eles entram em um
frenesi para comer. Uma vez lá, podemos procurar por Kali ou
Mitch; podemos ver se consegui queimar alguém com meu pequeno carro-
bomba.” Forço um sorriso, mas não alcança meus olhos. Não importa porque
os de Bernie ainda estão fechados. “Se um deles tiver Aaron ou souber
alguma coisa sobre seu desaparecimento, descobriremos.”
Bernadette abre os olhos para me olhar e vejo a fúria queimando
profundamente dentro dela.

Levar Aaron foi uma má ideia.

Ophelia - se foi ela - acabou de irritar meu passarinho.

Eu odiaria ser Kali Rose, ou Billie Charter, ou qualquer outra pessoa


que fique no caminho do meu bebê.

Ela vai acabar com eles.

“Quero uma faca, uma arma e uma máscara,” ela diz, levantando-
se. Eu a sigo quando Callum desce as escadas para parar ao nosso
lado. Trocamos um olhar, mas nenhum de nós discute. Se ela quiser essas
coisas, ela as conseguirá. “Eu terminei de jogar seguro. Não me importo se
Sara Young está me observando, ou se Constantine suspeita que
machucamos Danny. Vou encontrar Kali hoje à noite e torturarei qualquer
informação que puder obter dela. É assim que eu quero. Ela é um nome na
minha lista, e eu estou pronta para o traseiro dela.”

Bernie passa por mim quando Vic sai de seu quarto, observando-a
passar pela porta dos fundos e sair para fumar um baseado.

“Ela é perigosa pra caralho, Vic,” digo a ele, e ele assente. Ele sabe
disso. É por isso que ele a ama; é por isso que todos amamos.

“Ainda bem que eu realmente peguei essa coroa para ela,” ele diz, e
noto que ele tem uma caixa debaixo do braço. “Era para ser divertido, para
ela usar isso na festa hoje à noite. Mas acho que será igualmente interessante
vê-la derramar sangue nela.” Ele se afasta, e eu o vejo partir.

Temos alguns problemas a resolver, eu e ele, mas posso alegremente


colocá-los em segundo plano para salvar meu amigo. Sem Aaron, não vamos
funcionar. Nosso grupo é muito unido; cada um de nós tem seus próprios
papéis para servir. Perdê-lo seria como perder um braço.

“Aqui,” Cal diz, me entregando minha faca de caça e me olhando


diretamente no rosto. “Tenho a sensação de que você vai precisar disso.”
Pego a faca dele e meu braço palpita em resposta. O boato na
Prescott High é que meu pai me cortou com essa porra de coisa. Pela
primeira vez, o boato está certo. Meu pai é um monstro que merece ser
colocado no chão; Acabei de passar o tempo com ele. Havoc está sempre
ocupado, e sempre há algo que precisa ser feito. Olhando para nós agora, não
é difícil ver que estamos sendo empurrados para o limite de nossas
habilidades. Mas assim que as coisas desacelerarem - e eu sei que elas vão -
eu vou lidar com meu pai.

Bernadette Blackbird não é a única que tem uma lista.

Giro a faca nos dedos e levanto a lâmina aos lábios, passando a


língua ao longo da lateral para obter um efeito dramático. Cal revira os olhos
para mim quando Oscar aparece no topo da escada, mas eu não me
importo. A vida tem que ser divertida, ou então não vale a pena viver.

E eu realmente vou apreciar o olhar no rosto de Ophelia quando


arrancarmos Aaron debaixo dela. Porque sei que vamos. Porque não importa
o quanto as coisas fiquem ruins, sempre nos recuperamos.

Certo?

Desta vez... não é permitido que seja diferente. Todos nós já


sofremos tragédias suficientes; Não tenho certeza se algum de nós
sobreviveria a outra.
Aaron Fadler

Na próxima vez que Kali volta para o quarto, ela tem um copo de
água e algumas pílulas. Não gosto da ideia disso, especialmente depois de tê-
la visto arrastar o namorado morto para fora da sala e jogá-lo escada abaixo
como lixo.

Ela se senta ao meu lado novamente, segurando os comprimidos e a


água e me olhando como algo precioso que precisa ser trancado e mantido
em segredo. Foda-se a minha vida. Sua boca está incrivelmente inchada com
o que Stacy Langford e suas meninas fizeram, mas também há um pouco de
hematomas de quando Bernadette bateu seu rosto no armário.

Isso quase me faz sorrir.


“Consegui um ibuprofeno para você,” ela diz, inclinando-se para
colocar os comprimidos na minha boca. Eu a deixo fazer isso, segurando-os
debaixo da minha língua e com a intenção de cuspi-los na primeira chance
que eu tiver. Eles podem realmente ser analgésicos, mas também... eles
podem não ser. Quando ela tenta me fazer bebericar a água, ela escorre pelo
meu queixo e encharca minha camisa, fazendo-a franzir a testa. Rezo para
que ela seja estúpida o suficiente para tirar um dos meus braços das algemas,
mas duvido. Ela pode ser louca, mas não é idiota.

Há claramente uma trama aqui, que está sendo preparada há um


tempo.

“Talvez uma garrafa de água funcione melhor?” Eu sugiro, e ela


assente, levantando-se e saindo pela porta novamente. Aproveito a
oportunidade para cuspir os comprimidos na cama ao meu lado, ajustando
meu corpo para que fiquem o mais escondido possível. Ela não parecia tão
preocupada comigo, mas acho que eles realmente eram analgésicos.

Eu também poderia usá-los. Meu corpo inteiro dói; minha perna está
me matando. É claro que um dos meus olhos está inchado, pois minha visão
está um pouco distorcida. Mas vou me preocupar com tudo isso mais
tarde. No momento, minha única preocupação é sair daqui, para garantir que
Bernadette esteja bem. Ophelia parecia preferir deixá-la viva - escolha
inteligente, honestamente -mas Kali... Havia algo no olhar em seu rosto que
diz que ela não está pronta para largar a ideia.

Conforme solicitado, Kali me traz a garrafa de água e me ajuda a


beber antes de colocá-la de lado na mesa de cabeceira. E então, para meu
horror, ela se arrasta para a cama e me monta.

“Que porra você está fazendo?” Eu pergunto a ela enquanto ela corre
as palmas para cima do meu peito e faz minha pele arrepiar. Meu coração
começa a trovejar e posso sentir gotas de suor brotando na minha testa. De
jeito nenhum. Não, não, não. Isso não está acontecendo comigo; Eu não
posso deixar isso acontecer.

“Aaron,” Kali diz, cravando as unhas no meu peito e apertando os


quadris contra a minha virilha. Meu corpo estremece de repulsa, mas quando
tento lutar, tudo que o movimento faz é empurrar Kali e fazê-la sorrir. “Nós
nos conhecemos há muito, muito tempo, não é?”

“Sim,” eu consigo moer, o pânico tomando conta de mim e me


fazendo me sentir fraco. Posso não estar preso em um porta-malas, mas
estou me sentindo claustrofóbico de qualquer maneira. Estou preso aqui,
com Kali em cima de mim e Bernadette lá fora, preocupada como uma
louca. Posso muito bem estar trancado em uma caixinha escura. “É por isso
que não acredito que você está fazendo isso. Eu pensei que você gostasse de
mim?” Tento uma carta diferente, que espero atraia um pouco mais. Ser
hostil não vai me levar a lugar algum.

“Eu gosto,” ela diz, franzindo a testa com força e depois triturando
sua virilha contra mim novamente. Teoricamente, não tenho controle sobre
meu pau. Como qualquer cara lhe dirá, uma folha de outono pode nos levar a
levantar. Um travesseiro. Um sanduíche. Não é difícil fazer um pau ficar
duro, se é que você me entende. Ter a virilha quente de uma garota em você
faria isso para quase todos os caras. Mas Kali não me conhece. Ela não sabe
o quanto eu amo Bernadette. “É por isso que estou fazendo isso. Tentei fazer
você me notar antes, mas você nunca percebeu. Até chamei Havoc, coloquei
vocês atrás de Bernadette, e isso não fez nada. Nada mesmo. Ela acabou por
voltar, ainda mais forte do que antes.”

Kali se afasta e meu terror alcança novos patamares quando ela abre
o zíper da minha calça jeans e estica a mão para pegar meu pau. Sua mão
está fria quando ela me toca, e minha mente cambaleia com a violação. Eu
quero vomitar. Talvez eu deva? Se eu fizer, isso fará com que ela pare?

“Kali, por favor,” engasgo, fechando meus olhos contra o ataque. Ela
está tentando me levar a uma ereção, mas não está funcionando. Imagino que
se isso acontecer, ela vai me montar até que meu corpo desista, e eu não
serei capaz de detê-la. Só consigo pensar em Bernadette. Meu corpo
pertence a ela. Guardei para ela por muito, muito tempo. Também não foi
fácil. Eu ainda sou humano. É claro que eu queria foder todas as garotas
bonitas que vão atrás de Havoc.

Mas eu não fiz.


Porque há apenas uma garota que eu sempre quis ou desejarei.

“O que diabos há de errado com você?” Kali me pergunta depois de


um momento, e abro meus olhos para vê-la franzindo a testa. Ela olha para
mim. “Você não é, tipo, impotente ou algo assim, não é?”

“Ouça-me, Kali. Se você me deixar ir agora, vou sair daqui e nunca


mais precisaremos nos ver. Você pode correr, e não vamos persegui-la. Dou-
lhe minha palavra como parte de Havoc. Isso não precisa terminar do jeito
que você pensa.”

Ela me ignora, colocando um pouco de cabelo atrás da orelha e, em


seguida, tocando suavemente seus lábios inchados, como se estivesse
tentando avaliar quanta dor eles ainda sentem. Quando ela se inclina para
frente, eu sei que ela vai tentar me levar para dentro da boca dela.

Então... eu faço. Eu vomito. Toda a merda sobre a cama também.

“Jesus Cristo, Aaron!” Ela rosna, se afastando de mim e se


levantando com uma raiva furiosa. “Isso é o quanto você me odeia? O
suficiente para vomitar em cima de mim?”

“Isso não tem nada a ver com você, Kali,” eu minto, minhas calças
desfeitas, sentindo mais raiva e vulnerabilidade em um momento do que eu
jamais pensei possível. “Não estou me sentindo bem; Eu acho que preciso de
um hospital.”

“Cale a boca!” Ela grita comigo, movendo-se para me dar um tapa na


cara. Recebo a dor porque, pelo menos, ela não está mais tocando no meu
pau. “Você é tão obcecado por Bernadette que está enojado comigo. Bem,
adivinhe, soldado?” Ela mostra o quadril e joga o cabelo do jeito que eu a vi
fazer centenas de vezes. “Depois desta noite, não haverá uma
Bernadette.” Kali se inclina em minha direção e posso ver todos os buracos
nos quais Stacy enfiou a agulha. “Porque eu vou terminar isso. Então
seremos eu e você, e você não poderá se manter forte para sempre.”

Ela se vira e se dirige para a porta, mesmo quando eu imploro para


ela ficar.
“Kali, espere!” Eu grito, minha voz ecoando pela casa
silenciosa. Mas ela não volta, mesmo quando eu grito e grito até minha
garganta ficar rouca e minha cabeça latejar.

Com as mãos algemadas e os pés amarrados com corda, estou


realmente lutando para descobrir uma maneira de sair daqui. Se eu tivesse
apenas uma mão livre, poderia usar meu cadarço para tirar a outra
algema. Eu tenho cadarços especiais, onde a ponta de agulha esconde uma
chave que pode abrir qualquer par de algemas. Eles são literalmente
vendidos para esse fim exato.

Apenas... não posso alcançá-los na posição em que estou agora.

Apertando os músculos das pernas, tento puxar o estribo, apenas para


ver se ele pode se desfazer ou se posso rachar a madeira o suficiente para
liberar as cordas. Infelizmente, é essa coisa rústica de cabana selvagem e
parece que estou puxando um bloco de cimento sólido.

Enquanto estou contemplando meu próximo passo, Kali volta para a


sala. Ela está usando um vestido de festa curto e verde, com o cabelo preso
no topo da cabeça, a maquiagem aplicada tão bem que quase parece que ela
acabou de fazer preenchimento labial ou algo assim, em vez de ficar com a
boca costurada por ser uma dedo duro.

“Ouça-me, Kali,” eu imploro, não preocupado com a dignidade neste


momento. Eu imploro. Prometo a ela o que ela quiser. É claro que, no
segundo em que eu sair disso, vou matá-la, mas ela não precisa saber
disso. “Nós podemos ficar juntos; Bernadette não importa. Ela não é
importante.” As palavras, mentiras, podem ser, mas elas me matam. Eu
quero gritar agora.

“Então me foda,” Kali diz, levantando as saias e subindo sobre mim


novamente. Desta vez, ela não está usando calcinha, e eu quase engasgo
quando ela esfrega contra mim. “Me foda, Aaron, e prove para mim. Se o
fizer, não irei ao baile e não tentarei machucar Bernadette.” Ela me monta de
novo, mas não posso evitar o nível básico de repulsa que sinto, ou a maneira
como as náuseas agitam meu estômago. Bernie não iria querer isso de
qualquer maneira. Ela iria querer que eu deixe Kali ir ao baile, para que ela
possa matar ela por si mesma.

Porque eu sei que ela estará lá. Havoc vai ao baile, com ou sem mim,
porque é o melhor lugar para começar a procurar. Alguém como Kali não é
uma mentirosa boa o suficiente para enganar alguém como Cal ou Vic. De
jeito nenhum. Depois de saber procurar esses tipos de vítimas narcisistas,
você se pergunta como alguém se apaixona por essa merda.

“Você sabe que Ophelia matou os Vincents?” Eu pergunto, tentando


uma tática diferente. “As paredes da casa estavam literalmente pingando
sangue. Eles foram decapitados.”

Kali parece não se importar.

Em vez disso, ela faz uma careta e sai de cima de mim novamente.

“Sim, eu sei. Eu estava lá.” Ela joga os cabelos e suspira, me olhando


como se eu fosse patético. Devo parecer agora, amarrado, meu pau flácido
para fora, mas realmente, Kali não tem ideia do que ela acabou de fazer. Eu
não gostava dela antes; agora é minha missão pessoal vê-la sofrer. “Mas não
se preocupe, Aaron Fadler. Vou cuidar bem da Bernie para você hoje à
noite.” Kali me beija na testa enquanto luto contra as amarras, gritando o
nome dela quando ela sai da sala, e ouço a porta da frente fechar atrás dela
apenas alguns segundos depois.

É quando o verdadeiro sentimento de desesperança surge, quando


ouço um carro sair do lado de fora.

Mas então me lembro com quem Kali estará lidando.

Bernadette Porra Blackbird. Ela vai esfolar aquela cadela viva.

Agora, eu só preciso encontrar minhas bolas, lembrar que eu sou a


letra A em Havoc, e dar o fora daqui.
Bernadette Blackbird

O baile de inverno está sendo realizado no ginásio Prescott High. É


um prédio triste, com telhado caído e piso manchado de água. Certa vez, um
garoto tentou se enforcar nas vigas, mas a viga quebrou e ele acabou
quebrando as pernas.

Uau.

Que prédio para organizar uma festa.

Em uma nota positiva, o dinheiro das crianças de Oak Valley Prep


ajudou a esconder a decadência, a podridão e o sentimento geral de tristeza
que permeia este edifício. Há arcos de balão, uma cabine de fotos, mesas
redondas com panos de linho branco e um menu totalmente posto sendo
servido em uma mesa de buffet. Há até um 'bar' servindo temples Shirley e
merda assim. Se você souber a senha certa, o barman adicionará bebida
embaixo da mesa por cinco dólares por dose.

“Eu me sinto idiota por estar aqui,” admito para Hael enquanto
entramos, de braços dados. Vic ocupa a retaguarda do grupo pela primeira
vez, com Cal logo atrás e à minha esquerda, e Oscar o espelhando do outro
lado. Todo mundo se vira para nos olhar quando entramos, como sempre
fazem. Eles, é claro, percebem que Aaron está falando em cerca de dois
segundos, e os rumores começam a surgir.

Dentro de vinte segundos, ouço um ser sussurrado em uma mesa


próxima sobre como ele provavelmente mudou de escola apenas para fugir
do resto de nós. Meus lábios se enrolam em uma carranca, e de repente me
sinto idiota por usar um vestido rosa com uma saia tão curta. E por que eu
escolhi saltos altos novamente? Ah, está certo. Apenas no caso de eu precisar
apunhalar uma cadela no olho, os saltos finos podem ser úteis.

“Não sinta-se,” Hael diz, procurando um dos principais membros da


Charter Crew. A única que eu posso ver é Billie, e ela não parece tão
animada por estar aqui. Assim que a vejo, sinto algo dentro de mim estalar
um pouco. Eu estou irritada. Eu estou completamente irritada. “Estamos aqui
por uma razão, Bernie. Se Aaron puder chegar aqui hoje à noite, por
qualquer meio, ele chegará. Ele sabe que tínhamos que vir.”

Concordo, mas não estou realmente ouvindo, porque já decidi o que


vou fazer.

Vou acabar com a Billie Charter. Eu também poderia matá-la.

“Vamos,” digo a Hael, arrastando-o pela multidão e direto em sua


direção. Ela nos vê chegando e tenta correr, mas solto o braço de Hael e
começo a correr também, abrindo a porta do corredor e correndo nos meus
malditos saltos.

É quando você sabe que uma cadela está irritada, quando ela corre a
toda velocidade em saltos finos.
Billie nem chega ao canto do corredor antes que eu a siga,
derrubando-a no chão enquanto ela grita. Sua mandíbula bate contra o chão
enquanto eu a puxo de costas e a monto como uma louca.

Quando Penelope estava sofrendo, tentei fazer as coisas da maneira


certa. Eu disse a minha mãe. Disse ao meu diretor. Liguei para serviços de
proteção infantil. Ela ainda acabou morta. Bem, adivinhe? Não estou
perdendo meu tempo com a 'coisa certa' de novo.

Alguém machucou minha família, e eu estou levando essa merda a


sério.

“Onde está Aaron?” Eu digo entre os dentes cerrados enquanto pego


Billie pela frente do vestido e bato a cabeça no chão de azulejos. Ela já está
sangrando, arranhando-me e gritando. Mas adivinhem? Estamos em uma das
zonas escuras do corredor. Não há câmeras. Nenhum administrador. Até as
lâmpadas podem ser trocadas.

Isso e eu tenho quatro dos meus meninos comigo.

Billie Charter deve saber que ela está fodida.

Os caras formam um círculo solto ao meu redor, me observando


fazer o meu trabalho.

“Eu disse que ela era perigosa,” Hael murmura, mas eu não estou
ouvindo. Em vez disso, quero prender os braços de Billie no chão acima de
sua cabeça.

“Onde está Aaron?” Eu pergunto enquanto ela se debate embaixo de


mim como uma louca.

“O que diabos há de errado com você?!” Ela grita, mas, na realidade,


ela começou isso. O irmão dela criou essa nova equipe estúpida e escolheu
nos desafiar. Eles simplesmente não podiam deixar Havoc governar esses
corredores da maneira que sempre deveríamos fazer. Bem, foda-se, foda-se e
foda-se toda essa merda. Eu bato a cabeça de Billie no chão com tanta força
que o sangue respinga e ela solta um grito de dor genuína, sua coragem
desaparecendo tão rápido quanto veio.
“Onde está Aaron?” Repito, segurando-a pela frente do vestido. “Eu
não vou te perguntar novamente. Sei que você está trabalhando com Ophelia
Mars e sei que você o tem.”

“Ophelia quem?” Billie pergunta, e eu bato a cabeça no chão


novamente.

“Cuidado, Bernie, ou a boneca vai quebrar,” Cal diz, mas


sinceramente não me importo neste momento.

“A mulher que está pagando todas as suas contas. Ela está com
Aaron. Eu quero saber onde ele está.” Eu mantenho minha voz baixa; não há
necessidade de gritar. Aparentemente, o som disso deve assustar Billie,
porque ela estremece incontrolável.

“Eu não sei sobre nada disso; apenas Mitch, Logan e Kali.” Billie
engasga enquanto ajusto minhas mãos da frente do vestido à garganta. “Por
favor, eu não sei de nada. Apenas faço o que me dizem. Meus irmãos são
idiotas, você sabe disso.”

“Onde está Aaron? Esta é a última vez que vou fazer essa
pergunta.” Aperto a garganta de Billie um pouco mais forte, e ela engasga,
engasgando com desculpas.

“Se eles o têm, ele provavelmente está com Kali. Ela está apaixonada
por ele, sempre esteve.” Solto um pouco da pressão para que Billie possa
continuar falando. “Ela não me contou nada sobre isso, mas eu também não
a vejo desde a noite em que vocês vieram à pista. Eu juro, foi a última vez
que a vi. Quando descobrimos o que diabos estava acontecendo, ela já havia
saído e levado seu carro novo. Mitch ficou furioso.”

Faço uma pausa por um momento.

Claro que Kali tem Aaron. Claro que sim. E se ela está trabalhando
especificamente para Ophelia, é uma faca de dois gumes.

“Chantagem, mas também obsessão,” Oscar observa, fazendo meu


sangue ferver.
“Por favor, não me mate,” Billie choraminga depois de um minuto,
quando minhas mãos apertam um pouco mais em seu pescoço. “Eu tenho um
bebê. Como você disse antes, eu sou uma mãe terrível. Eu sou. Sei que
sou. Mas não quero mais fazer isso.” Olho-a diretamente no rosto e continuo
apertando até que ela comece a tossir. “Meu pai é viciado em drogas,
Bernie. Ele vai acabar em um lar adotivo. Por favor, prometo que não sei
onde Aaron está.” Ela começa a chorar, lágrimas salgadas rolando pelo rosto
e se misturando com um pouco do sangue escorrendo da testa.

Porra.

Apenas ouvindo a palavra lar adotivo… não estou dizendo que não
há lares adotivos agradáveis: olhe para Oscar e os Peters. Mas... caramba, ela
encontrou meu calcanhar de Aquiles.

Os caras esperam pacientemente ao meu redor para ver o que vou


fazer. Olhando para Billie, tudo que eu quero é apenas apertar seu pescoço
até que ela pare de respirar. Estou furiosa e quero justiça... mas também
tenho meu próprio livro de regras em que me apego. Se eu começar a cruzar
essas linhas, sou como Neil, Eric ou Kali.

Solto e me levanto, deixando Billie tremendo e soluçando no chão do


corredor.

“Boa decisão, Bernie,” Hael diz, pegando minha mão e me levando


de volta ao baile. Não me preocupo em olhar para trás para Billie; ela nem
vale tanto assim. Da próxima vez que ela me irritar, no entanto, não haverá
outras chances.

“E muito informativo,” Oscar concorda, mordendo a ponta de um dos


dedos em pensamento. “A questão é: onde está Kali agora?”

Entro no ginásio e a primeira pessoa que vejo do outro lado da sala é


a policial Young, vestindo um vestido muito bonito de cor limão e
conversando com o diretor Vaughn.

E então as portas se abrem, e a próxima pessoa que vejo é Kali filha


da puta Rose-Kennedy.
Nós olhamos uma para a outra, e eu apenas sei que uma de nós vai
acabar morta naquela noite.

Eu também sei de fato que com certeza não será eu.

Continua...
Notas

[←1]

Estilo de corte de cabelo;


[←2]

Havoc, Chaos e Mayhem significam caos, por isso a autora faz esse jogo com palavras.
[←3]

Jeffrey Edward Epstein foi um financista norte-americano condenado por abuso sexual. Em 2005, a polícia de Palm Beach, Flórida, começou a investigar Epstein depois que um dos
pais se queixou de que ele havia abusado sexualmente da filha de quatorze anos. Epstein se declarou culpado e foi condenado em 2008 por um tribunal estadual da Flórida por ter
procurado uma garota menor de idade por prostituição e por solicitar uma prostituta. Ele morreu em sua cela em 10 de agosto de 2019. O médico legista considerou a morte um
suicídio. Os advogados de Epstein contestaram a decisão e houve um significativo ceticismo público sobre a verdadeira causa de sua morte. Epstein instalou câmeras escondidas em
vários lugares de suas propriedades para registrar atividades sexuais com garotas menores de idade por pessoas de destaque para fins criminais, como chantagem. Epstein
supostamente "emprestou" adolescentes a pessoas poderosas para se aproveitar delas e também para obter possíveis informações de chantagem. Segundo o Departamento de Justiça,
ele mantinha discos compactos trancados em seu cofre em sua mansão em Nova Iorque com etiquetas manuscritas que incluíam a descrição: "nome [jovem] + [nome]" Epstein deu a
entender que ele fazia chantagem quando contou a um repórter do New York Times em 2018, fora do registro, que ele tinha podres de pessoas poderosas, incluindo informações sobre
suas probabilidades sexuais e uso recreativo de drogas.
[←4]

Dick Drunk: Depois de ter múltiplos orgasmos, a mulher experimenta o mesmo efeito de estar extremamente bêbada; não consegue sentir as pernas, não pensa direito. Se você
pressionar o botão certo ela vai ficar tremendo de prazer.
[←5]

Sem Coração, é a tradução de Heartless;


[←6]

Do inglês Autonomous Sensory Meridian Response, em tradução livre, "resposta sensorial meridiana autónoma”. Uma sensação de bem-estar combinada com uma sensação de
formigamento no couro cabeludo e na nuca, experimentada por algumas pessoas em resposta a um estímulo suave específico, geralmente um som particular.
[←7]

Jergens: hidratante corporal.


[←8]

Em português "tempestade cerebral" - técnica de discussão em grupo que se vale da contribuição espontânea de ideias por parte de todos os participantes, no intuito de resolver algum
problema ou de conceber um trabalho criativo.
[←9]

George Herman "Babe" Ruth, Jr., mais conhecido como Babe Ruth e Bambino, foi um jogador americano de beisebol.
[←10]

Tradução de Have it out: Conversar com alguém sobre algo que fizeram que te deixou irritado, para tentar resolver um problema.
[←11]

Teetotaler: uma pessoa que não bebe álcool.


[←12]

.
Dieta low-carb no qual as pessoas comem 20 gramas ou menos por dia
[←13]

Marca de Peru.
[←14]

Minha mãe me ensinou a cozinhar, querida.


[←15]

Era na verdade sobre a sua mãe, mas você não entendeu a piada, não é?
[←16]

Você é uma vadia incrível, Blackbird.


[←17]

Abandonada;
[←18]

É uma expressão da língua inglesa, originalmente proveniente do jargão LGBT, usada para descrever adolescentes ou jovens do sexo masculino, ou adultos com aparência física
igualmente jovem ou pueril, caracterizados geralmente por um corpo magro ou atlético e "liso", sem pelos nem marcas de expressão ou de idade.
[←19]

Por que você está fazendo perguntas que me fazem me revelar, Blackbird?
[←20]

Quando alguém tenta relacionar uma coisa à outra usando evidência e informações irrelevantes.
[←21]

That Hoe Over There – Aquela puta lá


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Notas

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