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1 Tecnologia de Refino de Petróleo e Processamento de Gás Natural

1 De acordo com Thomas (2004), após a etapa de


2 produção (upstream), os fluidos (gás, óleo e água)
3 oriundos do reservatório necessitam de um
4 processamento primário, que visa, prioritariamente,
5 atender as especificações de mercado, segurança,
6 processo e transporte.
7 O processamento primário é iniciado quando esses
8 fluidos passam pelos vasos separadores, que podem ser
9 bifásicos ou trifásicos, atuando em série ou paralelo,
10 orientados vertical ou horizontalmente.
11 Segundo Vaz, Maia e Santos (2008), o gás,
12 proveniente dos vasos separadores, deve passar pelo
13 condicionamento de modo a remover ou reduzir os
14 teores de contaminantes e, assim, evitar a ocorrência de
15 processos corrosivos e a formação de hidratos.
16 O condicionamento compreende duas operações
17 distintas: a desidratação e a dessulfurização. A
18 desidratação é a remoção da água, sendo realizada por
19 absorção com o uso de soluções de glicol
20 (monoetilenoglicol ou trietilenoglicol) ou por adsorção
21 com o uso de materiais hidrofílicos e com grande área
22 superficial (peneiras moleculares e zeólitas). A
23 dessulfurização é a remoção de gases ácidos (dióxido de
24 carbono e compostos de enxofre), realizados por
25 absorção em soluções de aminas (mono, di e
26 trietanolamina) (Thomas, 2004).
27 Livre da fase líquida, o gás natural é enviado a uma
28 unidade de processamento de gás natural (UPGN), onde
29 é promovida a separação das frações leves (metano e
30 etano que constituem o gás residual) das pesadas.
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31 Devido a fatores como a composição do gás e pressão


32 disponível é que são determinados os tipos de unidades
33 de processamento, que, em resumo, são: refrigeração
34 simples, turbo-expansão, efeito Joule-Thompson,
35 absorção refrigerada e processos combinados (Vaz et al.,
36 2008).
37 No caso do tratamento do óleo, há necessidade de
38 separar a água emulsionada que não foi removida,
39 anteriormente, nos vasos separadores. Em resumo,
40 deve-se desestabilizar essa emulsão usando técnicas que
41 se utilizam do uso de calor, eletricidade (eletroforese ou
42 dipolo induzido) ou desemulsificante. Essas técnicas
43 proporcionam a coalescência das gotículas de água e sua
44 futura sedimentação gravitacional.
45 Após o tratamento primário o óleo segue para o
46 refino, por onde passa por uma série de operações e
47 processos unitários a fim de se obter o produto desejado.
48 Segundo Brasil (2014), o refino pode ser separado em
49 quatro grandes áreas: processos de separação,
50 processos de conversão, processos de tratamento e
51 processos auxiliares.
52 Os processos de separação são de natureza física e
53 tem o objetivo de fracionar o petróleo em suas unidades
54 básicas ou processar uma fração a fim de se obter um
55 grupo ou composto específico. Destacam-se a destilação
56 atmosférica e a vácuo, a desasfaltação por solvente,
57 extração por solvente e desparafinação por solvente.
58 A destilação baseia-se na diferença das
59 temperaturas de ebulição de uma mistura para
60 separação de seus componentes. Na destilação
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61 atmosférica são obtidos em ordem crescente de


62 densidade: Gás combustível, Gás liquefeito de petróleo
63 (GLP), Nafta, gasolina, querosene, gasóleo e resíduo
64 atmosférico (Brasil, 2014). O resíduo atmosférico de
65 baixo valor comercial não se vaporiza nas condições da
66 destilação atmosférica, havendo, assim, a necessidade de
67 destilação a vácuo (50 mmHg), em que se obtém o
68 gasóleo de vácuo um produto de valor comercial
69 superior e o resíduo de vácuo (Fahim et el., 2012). O
70 resíduo de vácuo, por sua vez, é destinado para a
71 produção de asfalto ou óleo combustível pesado.
72 Já os processos de conversão são de natureza
73 química e visam transformar uma fração em outra ou,
74 ainda, alterar a constituição molecular de uma dada
75 fração, de forma a melhorar sua qualidade e valorizá-la.
76 De acordo com Fahim et al (2012) elas se dividem em
77 processos de conversão química catalítica e processos de
78 conversão termoquímica.
79 Na conversão termoquímica destacam-se o
80 craqueamento térmico e a viscorredução. O
81 craqueamento térmico utiliza condições severas de
82 temperatura e pressão para efetuar a conversão de
83 resíduos pesados (gasóleo de vácuo ou resíduo
84 atmosférico) visando obter gasolina e GLP. A
85 viscorredução é um processo leve de craqueamento
86 térmico que visa reduzir a alta viscosidade do resíduo de
87 vácuo de modo que possam ser usados em processos a
88 jusante (Fahim et al., 2012).
89 No caso do processo de conversão química catalítica
90 destacam-se o craqueamento catalítico, alquilação e
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91 reforma catalítica. O craqueamento catalítico em leito


92 fluidizado (FCC) é o principal processo para produção de
93 gasolina e o catalisador, nesse caso, é uma zeolita para a
94 função de craqueamento. A alquilação baseia-se na
95 junção de duas moléculas leves para a formação de uma
96 terceira de maior massa molecular em presença de um
97 catalisador de forte caráter ácido. A reforma catalítica é
98 a aromatização de compostos parafínicos e naftênicos
99 com o objetivo de obter gasolina de alta octanagem ou a
100 produção de aromáticos leves.
101 Os processos de tratamento ou de acabamento são
102 utilizados para melhorar a qualidade dos derivados e
103 assim como os de conversão são de natureza química.
104 Destacam-se o tratamento cáustico, com aminas e o
105 hidrotratamento (HDT). O tratamento cáustico para a
106 eliminação de compostos de enxofre presentes
107 principalmente no gás combustível e GLP, utilizando
108 uma solução aquosa de NaOH. O tratamento com aminas
109 é utilizado para remoção de H2S e CO2 em frações leves
110 do petróleo. Enquanto que o HDT além da redução do
111 teor de enxofre, pode ser utilizado para a saturação de
112 olefinas (estabilização) e aromáticos (aumento do
113 número de cetanos), como também a remoção de outro
114 contaminante (e.g. nitrogênio, oxigênio e metais).
115 Finalizando com os processos auxiliares, esses são
116 os que se destinam a fornecer os insumos aos outros
117 processos, ou tratam de correntes de efluentes.
118 Destacam-se: a geração de hidrogênio; a recuperação de
119 enxofre; Unidade de águas ácidas.

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