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O CRISTIANISMO E A EXTERIORIDADE CONSTRUTIVA

Silvio Marcio

Mestre em Serviço Social pela PUC-SP e pós-graduado em História e Ciências da Religião


também pela PUC-SP

As religiões fazem parte do aspecto cultural, social e subjetivo dos seres


humanos. A percepção da realidade exterior como algo independente da ação humana
nos conduz, direta e indiretamente, a crença a poderes superiores ao humano e a busca
de meios transcendentais para nos comunicarmos com eles.

Desta forma nascem as crenças á divindades politeístas, animistas e monoteístas


que formam o arcabouço teológico a qual a humanidade está inteiramente arraigada. Por
outro lado, quando buscamos respostas através de outros conceitos que se desassociam
da concepção teológica, temos a capacidade de compreender um pouco melhor as
superestruturas as quais nos é condicionado as religiões em âmbito mais elevado nos
fazendo ter outra percepção material acerca do que as religiões de fato representam.

Uma delas, especificamente falando, no caso o cristianismo, pode ser


exemplificado de forma empírica para que possamos formatar as complexidades
inerentes ao surgimento do próprio cristianismo como fenômeno religioso. Para isso, é
preciso nos libertarmos de idiossincrasias e amarras impostas pelo sectarismo religioso,
tarefa está, das mais difíceis, uma vez que somos produtos de mitos e crenças que nossa
consciência cria para respaldar-nos de nossas incertezas e medos do que não nos é
comum entender, tais como a vida, a morte, a existência (ou não) da alma entre outras;

Seguindo o exemplo do cristianismo e suas liturgias, tais como a Paixão de


Cristo, efeméride comemorada com muita ênfase pelos cristãos de todo o mundo, é
importante contextualiza-la historicamente como sendo está data, um evento que fora
deveras estabelecido, somente no século IV durante o Concilio de Nicéia realizado no
ano de 325 (d.C.) onde a Igreja Católica decidiu oficializar, segundo o calendário
ocidental, o dia da crucificação de Jesus (Yeshua em hebraico) que ocorreu, segundo
fontes históricas entre os anos 30 e 35 antes de sua existência, haja vista que Jesus tenha
nascido entre os anos 6 e 4 em Nazaré.

Assim, todo este arcabouço teológico criado pela Igreja Católica da Idade Média,
foi uma construção cultural realizada para fortalecer o cristianismo e, principalmente, o
poder político da igreja que necessitava enraizar-se na Europa medieval. Isto denota que
o cristianismo como todas as religiões existentes, assim como seus ritos e credos, são
um conjunto de mecanismos criados pelos próprios indivíduos para satisfazerem as
inflexões exteriores (morte, inferno, céu) como também para consolidar um poder
político-teológico capaz de sedimentar a influência da transcendentalidade como fator
terreno.

Destarte, no advento das religiões, tudo perpassa por construções históricas,


estás, solidificadas por narrativas e menções nem sempre com teor de veracidade
documental, podendo, assim, corroborar com nossa tese, uma breve análise destas
mesmas narrativas, como por exemplo: quando e por que o cristianismo abandonou a
circuncisão e o judaísmo, ou como era o natal antes de Jesus ou ainda sobre as
transmutações do celibato para padres; São questões que podem ajudar-nos a
compreender o que de fato significam estas construções externas.

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