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Faculdade de Ciências de Saúde

GUIÃO PARA ELABORAÇÃO DO PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA DE CONHECIMENTO


O problema / falta de conhecimento que se quer investigar deve ser relevante (grave,
afecta grande numero de população, levantado por vários autores ou organizações).
2. IDENTIFICAÇÃO DA INVESTIGABILIDADE DO PROBLEMA
Os pontos 1 e 2 devem:
Introduzir o leitor na matéria de investigação, relacionar o tema com a leitura consultada
sob forma de debate sobre o conhecimento actual de investigações do género, mostrar o
paradigma anterior e actual, desenvolver o problema científico e expor com clareza e
concisão as questões científicas que se levantam. Deverão estar incluídas nestes pontos
as seguintes informações:

Estado de arte: através de revisão de bibliografia o autor deverá mostrar o estado do


conhecimento actual sobre o assunto a investigar. A revisão vai estabelecer o estado
actual do conhecimento sobre o tema abordado.

Tema: deverá ser descrito e justificado o tema do trabalho. Por outras palavras, o tema
deverá indicar qual o problema de investigação;

Formulação e delimitação do problema

Justificativa da investigação: motivos que levam à realização do estudo, a sua


aplicabilidade e relevância.

O ponto 2 deve mostrar até que ponto o problema já foi investigado e com que resultados
e se existem meios, ferramentas e tempo para realizar a investigação.

3. DEFINIÇÃO CONCEPTUAL E OPERACIONAL DO PROBLEMA

Realização de um quadro conceptual (esquema sintético e claro) sobre o assunto a


investigar. Esse quadro deve mostrar porque razão o acontecimento/evento é um
problema, quais as suas causas e consequências e qual o benefício da resolução ou
conhecimento do acontecimento/evento.
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4. FORMULAÇÃO DE OBJECTIVOS E HIPÓTESES DE ESTUDO

Após a revisão temática e o levantamento do problema deverão ser indicadas as


hipóteses ou questões de investigação às quais se pretende responder. Os objectivos
definem o que se pretende alcançar com a investigação. Definem a proposta de solução
do problema e orientam todo o desenvolvimento do trabalho.

O objectivo geral consiste naquilo que se pretende alcançar em linhas gerais e deve
referir-se ao tema e os objectivos específicos devem ser definidos, após criteriosa
revisão bibliográfica, sobre o tema que irá esclarecer variáveis ou categorias a serem
exploradas. Devem ser precisos e detalhados, mantendo coerência com o objectivo geral
e direccionados para a operacionalização do estudo. O número de objectivos específicos
deverá ser pequeno e devem ser sequenciados de forma clara e precisa.

5. DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE OBSERVAÇÃO

Definir qual é a unidade de observação (uma pessoa, um jovem, uma família, um centro
de saúde, um distrito, entre outros), significa definir o alvo do estudo sobre o qual vão ser
efectuadas as medições (peso, altura, TA, consumo de medicamentos, doença, entre
outros).

6. SELECÇÃO DO TIPO DE ESTUDO E DELINEAMENTO PRÉVIO

Identificar, de acordo com o que se pretende estudar e com as hipóteses e objectivos


definidos, que tipo de estudo se deve realizar, tendo em conta outros estudos já feitos
sobre o assunto. Indicar se o estudo é de natureza exploratória, descritiva, analítica
(comparativos) ou explicativa, quantitativo ou qualitativo, puro ou misto, investigação
isolada ou investigação acção. Esclarecer o tipo de delineamento a ser adoptado (tipo de
estudo, indutivo ou dedutivo, de coorte, retrospectivo ou prospectivo, transversal,
longitudinal ou semi-longitudinal, experimental, estudo de caso, revisão sistemática da
bibliografia, ecológico, caso-controlo, ensaio clínico randomizado).

7. DEFINIÇÃO DO UNIVERSO E ESCOLHA DA AMOSTRA

Indicar e quantificar o universo em estudo (população total em que decorre o fenómeno).


Caso não seja possível estudar todo o universo, indicar como vai ser definida (fórmula
utilizada para calcular a amostra) a amostra e como vai ser realizada a amostragem
(processo de amostragem, tabela de números aleatórios, selecção dos sujeitos de
estudo), se de forma aleatória ou por conveniência (pouco aconselhado na medida em

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que retira validade científica ao trabalho). Descrever os critérios de inclusão, de não
inclusão e de exclusão de unidades (sujeitos) no estudo.

8. DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS E SUPORTES DE INFORMAÇÃO

Identificar as variáveis em estudo (peso, altura, existência de doença, consumo de


medicamentos ou alimentos, entre outras) e categorizá-las em dependentes (ligadas ao
fenómeno a estudar) e independentes (características demográficas, sociais, económicas,
entre outras). Descrever como vai ser feita a recolha de dados e os instrumentos que vão
ser utilizados para fazer a recolha (exemplo entrevista, questionário, discussão de grupo
focal, base de dados, entre outros).

9. SELECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE INTERVENÇÃO E


MEDIDA (se aplicável)

Fazer uma descrição detalhada de como se seleccionaram os instrumentos a utilizar e do


instrumento em si (balança, aparelho para medir tensão arterial, aparelho de laboratório,
escala de dor, entre outras). Como exemplo, se forem utilizadas as medidas
antropométricas, descrever como serão realizadas, com que instrumentos e a fonte de
base.

10. TRATAMENTO DE DADOS

Indicar o software estatístico com que os dados irão ser tratados e o tipo de tratamento
que vai ser feito (estatística descritiva ou de inferência e testes estatísticos a aplicar).

11. QUESTÕES ÉTICAS


Pedidos de autorização ao local ou instituição onde vai decorrer o estudo e indicação de
confidencialidade de dados e anonimato dos participantes. Declarações de compromisso
ético e de ausência de conflitos de interesse por parte dos investigadores (assinadas).
Deverá constar ainda o termo de consentimento informado com informação aos
participantes (nome e contacto do investigador, objectivos e metodologia do estudo, riscos
e benefícios, destino dos dados, garantia de protecção de confidencialidade) assinados
pelos mesmos. Adoptar as orientações da Declaração de Helsinki, revisão 2013.

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12. INVENTARIAÇÃO DOS RECURSOS OPERACIONAIS E LOGÍSTICOS

Indicar todos os recursos humanos, materiais (consumíveis e equipamentos), logísticos


(deslocações, alojamento, alimentação, entre outros) e financeiros para a realização do
estudo.

13. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES


Realizar um cronograma que descreva todas as actividades do estudo desde a revisão
bibliográfica, elaboração do protocolo, recolha e tratamento de dados, relatório final até à
divulgação do estudo.

14. ESTUDO PILOTO: PRÉ-TESTE DOS INSTRUMENTOS DE MEDIDA (se aplicável)


Os instrumentos de medida (questionários, entrevistas, entre outros) devem ser
experimentados com sujeitos semelhantes aos do estudo mas que não venham a fazer
parte da investigação, para verificar a aplicabilidade e adequação daqueles ao assunto
em estudo (as perguntas são compreensíveis, são respondidas?).

15. DIVULGAÇÃO DO ESTUDO

Indicar quem beneficia com a realização do estudo, qual o público-alvo (população,


organizações, especialistas, estudantes, docentes, entre outros) e como serão divulgados
os seus resultados (palestras, publicação, intervenção na comunidade, rádio, jornal,
televisão, internet, entre outros).

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