Você está na página 1de 8

PSICOLOGIA INSTITUCIONAL

PROCESSOS GRUPAIS

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Compreender a natureza e estrutura dos grupos e sua influência sobre o indivíduo. Na gestão de instituição

escolar esse tema, no âmbito da psicologia social, é importante porque permite categorizar os diferentes tipos de

tarefas que são realizadas em grupos e identificar os principais problemas no processo de tomada de decisão,

compreendendo as bases da negociação de conflitos.

1 Apresentação
O estudo de grupos é um dos mais antigos em psicologia social. Nesta aula, discuta-se uma maneira como as

pessoas trabalham em grupo, quando a presença de outros energiza ou inibe a ação ou modifica comportamento,

sobretudo em relação ao processo decisório e nas situações de conflito e possível solução de problemas através

de cooperação. O tema é uma adaptação do texto de Aronson, Wilson e Akert.

A seguir, compreenda facilitação social, indolência social e desindividuação.

Facilitação Social, Indolência Social e Desindividuação


A mera presença de outros pode significar dois aspectos:
• Realizar uma tarefa com colegas que fazem apenas a mesma coisa.
• Realizar uma tarefa na presença de uma plateia que apenas observa.
Nas duas situações não há interação, o que constitui o grupo não social. Neste caso, o comportamento será

influenciado ou não pela presença de outros?

-2-
Figura 1 - Zajonc

Zajonc e outros, em 1969, realizaram um experimento que estudou o comportamento de baratas para pensar

sobre essa questão. Como baratas evitam luminosidade, os pesquisadores construíram labirintos dotados de foco

de luz no ponto de partida e câmaras escuras no ponto oposto com caixas que receberiam as baratas

expectadoras.

Mediram o tempo que as baratas precisavam para escapar de um foco de luz, correndo para a outra extremidade

onde poderiam entrar rapidamente na caixa escura. Observaram que as baratas individuais realizavam a tarefa

com mais rapidez quando na presença de outras do que quando estavam sozinhas.

Os pesquisadores fizeram um procedimento diferente em que as baratas tinham que encontrar a saída em um

labirinto com várias pistas para chegar à caixa escura. Neste segundo procedimento, o resultado inverte-se:

demoraram mais quando na presença de outras do que sozinhas. Vários estudos foram replicados tendo como

sujeitos seres humanos, formigas e aves, em que os resultados foram confirmados.

Como vimos na tela anterior, para Zajonc, este fenômeno ocorre porque na presença de outros há excitação

fisiológica o que propicia a facilitação para realizar tarefas simples, mas que dificulta a realização de tarefas

complexas ou novas aprendizagens. Assim, facilitação social é definida como a tendência das pessoas de realizar

-3-
melhor trabalhos simples e pior tarefas complexas, quando na presença de outras pessoas que podem avaliar

seu desempenho individual.

Há situações em que a presença de outros faz com que a pessoa, em grupo, diminua os esforços individuais

porque estes não podem ser observados e avaliados facilmente. Esta situação ocorre quando a presença de

outros relaxa o indivíduo e é denominada indolência social. Da mesma forma as conclusões levam a crer que o

desempenho difere em relação à realização de tarefas simples ou complexas. Entretanto, de forma inversa ao

processo de facilitação social, há a tendência de pior realização de tarefas simples e melhor de tarefas complexas.

Quem de nós...fará o trabalho difícil e sujo para o resto? E por quanto?. John Ruskin, citado por Karl Marx, citado

por Aronson, Wilson e Akert.

Também ocorrem situações em que o indivíduo “se perde na multidão” e age de forma impulsiva e desviante.

Esse afrouxamento das restrições normais ao comportamento do indivíduo quando está no meio da multidão é

denominado desindividuação.

Se puder, conserve a cabeça, quando todos os outros estão perdendo a deles. Rudyard Kipling, citado por Karl

Marx, citado por Aronson, Wilson e Akert.

-4-
3 Composição e Estrutura dos Grupos Sociais
A característica principal dos grupos sociais é uma interação. As zonas entre as pessoas permitem uma troca de

informações. Em grupos sociais são normas sociais com regras explícitas ou implícitas que definem o que é

comportamento aceitável dentro do contexto. Embora variem em tamanho, a maior parte dos grupos sociais tem

entre dois e seis membros. Se os grupos tornam-se grandes demais não há interação entre todos os membros.

Outro aspecto importante em relação aos grupos sociais se referência ao fato de que os membros tendem a ser

semelhantes em idade, sexo, crenças e opiniões.

Nos grupos sociais, há papéis bem definidos que são expectativas compartilhadas de como as pessoas devem se

comportar. Por exemplo, um chefe e um subordinado ocupam papéis diferentes e se espera que se comportem

de maneira diferente nesse ambiente.

Uma das principais funções dos grupos consiste em resolver problemas e tomar decisões. É obrigatório, corrente

que duas ou mais cabeças são melhores que uma para a tomada de decisões por supor-se que um indivíduo pode

estar sujeito a todo tipo de caprichos e preconceitos. De outro lado, várias pessoas juntas podem trocar ideias e

alcançar decisões melhores. Entretanto, o grupo pode ser otimizador em que tipos de tarefas?

Há tarefas, denominadas divisíveis, que podem ser fracionadas em diferentes subtarefas e designadas a

membros individuais do grupo. Exemplo: construção de uma casa - carpinteiro, bombeiro, pedreiro, eletricista

etc. Mas há tarefas em que não é viável a divisão em subtarefas e que portanto são unitárias, como tirar o carro

de uma vala. O principal aspecto a ser considerado em tarefas unitárias consiste em reunir as contribuições dos

membros para alcançar o objetivo do grupo.

Veja a classificação proposta por Aronson, Wilson e Akert que compreende três tipos de tarefas unitárias:

aditiva, conjuntiva e disjuntiva.

Aditiva

-5-
Aquela em que todos os membros do grupo realizam basicamente o mesmo trabalho e o produto final é a soma

de todas essas contribuições, como, por exemplo, quando três pessoas fazem força para tirar o carro da vala. Se

ocorrer, entretanto, indolência social o desempenho do grupo pode não ser melhor do que o de um indivíduo que

trabalha sozinho.

Conjuntiva

O desempenho do grupo é definido pelas habilidades do membro menos capaz do grupo ou pelo elo mais fraco

da corrente. Por exemplo, uma equipe de alpinistas só pode escalar à velocidade do seu membro mais lento.

Disjuntiva

O desempenho total do grupo é definido pela maneira como trabalha o melhor membro. Este indivíduo pode

elevar para o seu próprio nível, o nível de desempenho dos demais indivíduos que estão na média ou abaixo da

média.

Acredita-se que os grupos conseguem melhor resultado se trabalham em uma tarefa disjuntiva e confiam na

pessoa que tem mais conhecimentos. Mas há fatores que podem fazer com que o trabalho de grupos seja inferior

ao de indivíduos em tarefas disjuntivas, entre eles a perda de processo e a falha na transmissão de informações

exclusivas.

4 Perda de Processo
Quando algum aspecto de interação do grupo impede uma boa solução do problema. Exemplos: o grupo não se

esforçar o suficiente para descobrir quem é o membro mais competente, porque o mais competente tem status

baixo ou porque o mais competente não aceita pressões normativas, ou ainda por falha de comunicação em que

ninguém escuta o colega e deixa-se que um domine a discussão enquanto os outros desligam a atenção.

5 Falha na Transmissão de Informações Exclusivas


Como, frequentemente, nenhum membro de grupo é especialista em todos os aspectos do problema, para

alcançar a melhor decisão, o grupo precisa conjugar os recursos, de modo que cada membro compartilhe com os

demais seus conhecimentos especializados. Entretanto, verifica-se que é muito comum o grupo tender a discutir

informações que todos sabem, em vez de concentrar-se nas informações exclusivas ou não compartilhadas.

Veja um exemplo: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon230/pdf/a08_t15.pdf

-6-
6 Pensamento Grupal
De acordo com a teoria de Janis, citado por Aronson, Wilson e Akert, pensamento grupal é definido como um tipo

de pensamento no qual manter a coesão e a solidariedade do grupo é mais importante do que examinar os fatos

de modo realista. É mais provável que o pensamento grupal ocorra quando são atendidas certas condições, tais

como no caso de grupos altamente coesos, ocorrência de opiniões contrárias e dominados por um líder que deixa

bem claro quais são os seus desejos.

Vários são os sintomas para perceber quando ocorre o pensamento grupal: o grupo começa a pensar que é

invulnerável e que não pode errar; ninguém dá opinião contrária porque receia arruinar o moral elevado ou o

espírito de equipe do grupo ou porque teme ser criticado pelos demais integrantes. O pensamento grupal,

portanto, pode levar as pessoas a realizar um processo de tomada de decisão de qualidade inferior, porque não

leva em consideração toda a faixa de alternativas, não preparado o plano de contingência e não exame dos riscos

da escolha preferida.

É possível evitar o pensamento grupal no processo de tomada de decisão. O líder prudente pode tomar várias

medidas para assegurar que seu grupo esteja imune a esse tipo de tomada de decisões: o líder não deve assumir

um papel diretivo, mas permanecer imparcial; deve pedir opiniões de pessoas estranhas ao grupo, e, por isso,

menos interessadas em manter coesão; dividir o grupo em subgrupos que primeiro se reúnam em separado e,

em seguida, todos juntos para discutir as diferentes sugestões.

7 Conflito e Cooperação
Muitas vezes os grupos têm objetivos incompatíveis, como por exemplo, sindicatos e a administração da

empresa que discordam quanto a salários e condições de trabalho. A natureza do conflito e as maneiras como ele

pode ser solucionado têm sido objeto de grande volume de pesquisas em psicologia social. Muitos conflitos têm

solução pacífica, com pouco rancor. É, portanto, da maior importância descobrir maneiras de resolver

pacificamente os conflitos.

8 Negociação
É definida como uma forma de comunicação entre lados opostos em conflito, na qual são feitas ofertas e contra-

ofertas e ocorre uma solução apenas quando as duas partes estão de acordo. Uma das limitações da negociação

bem-sucedida é que as pessoas frequentemente pensam que estão envolvidas em um conflito no qual apenas

uma parte pode vencer.

-7-
Entretanto, é possível solucionar um conflito em que as partes fazem trocas compensatórias, consultando seus

diferentes interesses: cada lado concede o máximo em questões que não acha importantes, mas que o são para a

outra parte. Esse tipo de transigência é denominado solução integrativa.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu a natureza e estrutura dos grupos e sua influência sobre o indivíduo.
• Entendeu que na gestão de instituição escolar esse tema, no âmbito da psicologia social, é importante
porque permite categorizar os diferentes tipos de tarefas que são realizadas em grupos e identificar os
principais problemas no processo de tomada de decisão, compreendendo as bases da negociação de
conflitos.

-8-

Você também pode gostar