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Aula de psicologia da educação – 30.05.

2017

O professor e o ensino/aprendizagem: liderança escolar e de gestão da aprendizagem


na sala de aula

O que é um grupo?

Um conjunto limitado de pessoas, unidas por objetivos e características comuns que


desenvolvem múltiplas interações entre si.

Um grupo humano tem:

 Uma estrutura
 Uma certa durabilidade
 Uma certa coesão
 Rege-se por um conjunto de normas.

A turma funciona como um grupo, e passa pelas diferentes fases ou etapas porque
passam os grupos:

 Fase da formação;
 Fase do conflito ou instabilidade;
 Fase da normalização e da realização das tarefas.

Em qualquer destas fases está sempre em causa a coesão de grupo, a comunicação e


interação entre os membros do grupo.

Coesão do grupo…

Um dos aspetos mais importantes da estrutura do grupo é dado pela sua coesão, que é
representada pelas forças que levam os membros do grupo a interagirem entre si e
mantendo.se unidos (atração interpessoal e resistência às forças desagregadoras).

A coesão do grupo pode ser observada através:

 Da solidariedade entre os seus membros;


 Dos níveis de satisfação de bem-estar;
 Do sentido de pertença.
Os membros do grupo quando se propõe a realizar uma tarefa comum apresentam uma
certa coesão que os força a agir na consecução dos objetivos e a se manterem unidos.

Umas das considerações básicas para que os membros do grupo cooperem é a


confiança que se deverá desenvolver entre eles.

Parson (1951) citado de Barros, 1996:

Cinco tipos de interação que podem ocorrer na sala de aula:

Interação afetiva – não afetiva: a expressão de sentimentos positivos é uma constante


ou então prevalece a repressão e expressão dos sentimentos negativos.

Individual – coletiva: predomínio dos interesses particulares ou predomínio dos


coletivos.

Universal – particular: os alunos tratam-se uniformemente ou atendem às


características particulares de cada um.

Interação em função do rendimento que é obtido – em função da realização concreta


dos alunos ou em função das características peculiares de inteligência, classe social…

Interação específica-difusa: dominam as relações pessoais ou predominantemente


académicas.

Tipos de motivações que levam os alunos a interagirem entre si:

1 – Desejo de competência:

É uma necessidade básica do ser humano;

Funda-se na experiência pessoal de sucesso e do reconhecimento positivo dos outros:

- A interação positiva é um fator positivo do nível de aspiração e do sucesso escolar.

2- Desejo de afiliação ou de pertença:

Tem grande importância principalmente em idades mais precoces (crianças) e na


adolescência, contribuindo para a definição da auto-imagem a partir desde desejo de
afiliação.

3- Desejo de poder ou capacidade de controlar as alternativas de comportamento dos


colegas.
Papel do docente na dinamização do grupo

 Dentro do paradigma atual da educação a função do educador/ professor é ser capaz


de estabelecer uma relação individualizada com cada um dos seus alunos.
 Grande parte da sua ação desenrola-se, num contexto de grupo turma:
 Que papeis ou funções o professor/ educador desempenha ou pode desempenhar
no exercício da sua liderança/ gestão do grupo-turma?

Papel e o estatuto do docente

Depende em grande parte das atribuições que a sociedade lhe faz (principalmente os
pais) e do momento político.

 O estatuto do docente vai sofrendo transformações tomando as próprias


evoluções sociais.

A função docente exige dos professores uma adaptação a papeis cada vez mais
diversificados e a mudanças de atitude conforme o momento histórico-político

O professor não se relaciona apenas com cada aluno, mas com a turma no seu
conjunto, um dos seus paradoxos é:

 Sentir-se membro do grupo, mas nunca se deve integrar totalmente nele;


 Que estilo de liderança deve assumir?

Liderança

É um fenómeno de influência interpessoal, que pressupõe que um líder modifique


propositadamente o comportamento de outras pessoas. Para que tal aconteça, ganha
especial importância a forma como exerce o poder e a sua autoridade.

Definição de liderança:

Será a atividade de influenciar as pessoas, fazendo-as empenharem voluntariamente em


objetivos de grupo.

Esta definição parece ser valida para qualquer tipo de organização/ instituição, porque
qualquer que seja a situação em que um individuo procure influenciar o comportamento
de outro indivíduo, estamos perante o fenómeno de liderança.
Três paradigmas…

1- O importante é isolar e caracterizar os atributos pessoais do líder, faz-se a


distinção entre lideres e não lideres
2- O relevo é atribuído àquilo que os lideres fazem no que respeita às suas funções
na tentativa de descrever os comportamentos que mais se correlacionam com a
eficácia organizacional (treino de comportamentos mais eficazes pata a situação)
3- Enfatiza uma lógica mais contingencial ou situacional na medida em que se
pretende apurar as influências do meio e do contexto que podem condicionar os
efeitos da liderança.

De um modo geral podemos dizer:

Que o conceito de liderança implica necessariamente 3 ideias:

 Envolve outras pessoas, que serão os subordinados ou seguidores, com disposição


ara acatar as ordens do líder;
 Envolve uma distribuição desigual de poder, entre os lideres e os liderados;
 A legitimidade de exerce o poder:
 Para ordenar aos subordinados;
 Para exercer influência.

Os estudos pioneiros no âmbito dos estilos de liderança

Foram realizados nas Universidades de Michigan e de Ohio por Lewin (1939), Lippit e
White (1952, 1960).

Estes investigadores sugerem a existência de duas categorias de comportamento:

 A primeira orientada para as tarefas:

Em que o líder define e operacionaliza os seus afazeres e os dos seguidores, com a


finalidade de atingir os objetivos definidos previamente.

 A segunda orientada para as pessoas/ relacionamento

Em que o líder atua de um modo cordial e colaborante, interessa-se pelo bem estar dos
seus seguidores.

Lippit e White (1952, 1960)


Submetem-se grupos de crianças com 10 anos, orientados para a execução de tarefas, a
três diferentes de estilos de liderança:

 Autocrática ou autoritária;
 Liberal ou laissez-faire;
 Democrática.

Liderança autocrática: (TABELA)

O líder estabelece as diretrizes sem a participação do grupo;

O líder fixa as medidas e as técnicas para a implementação das tarefas, cada uma por
sua vez;

O líder destina qual a tarefa que cada membro deve realizar e qual o parceiro de
trabalho;

O líder personaliza os elogios e críticas ao trabalho de cada um

Liderança democrática:

As linhas gerais são discutidas e definidas pelo grupo, estimulado e auxiliado pelo líder;

Os resultados evidenciaram padrões de comportamento diferenciados consoante os


estilos de liderança aplicados:

 O grupo submetido à liderança autocrática apresentava maior volume de trabalho


realizado.
 O grupo sujeito ao estilo liberal ficou abaixo dos resultados esperados no que
respeita à quantidade de tarefas realizadas bem como à sua qualidade
 O grupo submetido à liderança democrática obteve uma produção inferior à obtida
do grupo que foi submetido à liderança autocrática, contudo a qualidade do trabalho
foi muito superior.

Estilo autocrático:

consequências no grupo:

 O grupo revelava uma grande tensão, frustração, agressividade, ausência de


espontaneidade e iniciativa. Não existia amizade, apenas trabalho e execução de
tarefas;
 Os elementos do grupo não revelavam qualquer satisfação em relação à tarefa,
embora aparentemente gostassem do que faziam;
 O trabalho de grupo só se desenvolvia na presença física do líder. Quando este se
ausentava, o grupo pouco produzia e havia uma tendência para se tornarem
indisciplinados.

Estilo democrático:

Consequências no grupo:

 Existia o desenvolvimento da amizade e do bom relacionamento entre os membros


do grupo;
 O líder e os subordinados desenvolviam comunicações espontâneas e cordiais
 Desenvolvia-se um ritmo de trabalho progressivo e seguro mesmo que o líder
estivesse ausente;
 Os elementos do grupo revelavam um clima geral de satisfação

Estilo liberal (laissez-faire)

Consequências no grupo:

 A produtividade do grupo não era satisfatória apesar dos membros terem uma
atividade intensa;
 As tarefas desenvolviam-se ao acaso com oscilações e ocorriam muitas discussões
pessoas que resultavam numa perda de tempo. Abordavam mais os problemas
pessoas do que os assuntos relativos ao trabalho;
 Verificava-se um certo individualismo e pouco respeito pelo líder.

Em conclusão…

De acordo com esta teoria cada um destes estilos têm características próprias e
consequências diferentes para o grupo

Dos três estilos de liderança apresentados, podemos concluir que o grupo que produz
maior quantidade de…

Implicação para a prática docente

O docente no seu quotidiano deve aplicar os três estilos de liderança, consoante a


circunstância, os membros do grupo e o que as tarefas em execução e requererem.
Qualquer docente manda cumprir ordens, consulta os alunos antes de tomar decisões,
sugere tarefas aos alunos e dá autonomia aos alunos para decidirem

A principal dificuldade da liderança reside em adequar o estilo à situação, aos alunos e


as tarefas a serem realizadas.

As funções de liderança do docente associam-se ao…

Papel que atribuímos ao professor/ educador, que por sua vez está ligado com o papel
atribuído à escola.

Consoante as funções:

 Funções em contexto de sala de aula regular


 Funções em contexto de apoio / tutoria
 Funções em contexto de receio

 Em funções diferentes, estilos de liderança diferentes

Gestão da sala de aula

A gestão de sala de aula pode ser definida como o modo pelo qual o professor organiza
e estrutura a sala de aula, com o propósito de maximizar a cooperação e o envolvimento
dos alunos e de diminuir o comportamento disruptivo.

Dinâmica do grupo/ Dinâmica da equipa:

Kurt Lewin

Salienta-se o seu contributo para o estudo dos grupos, especificamente, das dinâmicas
de grupo;

Teses principais:

O indivíduo inserido num grupo modifica o seu comportamento e induz mudança nos
comportamentos dos restantes membros do grupo;

E mais eficaz tentar modificar as atitudes individuais…

Só existe grupo se existir coesão (conceito central) e sentimento de pertença;

O desenvolvimento da coesão pode levar ao aparecimento de padrões e finalidades do


grupo que podem….
Um grupo é um todo dinâmico…

Apesar de ser constituído por um conjunto de pessoas, não é o resultado da simples


soma de todos os participantes, ou seja, significa que qualquer mudança que ocorra num
dos participantes vai interferir no estado do grupo como um todo…

Quando um grupo tem início, uma série de fenómenos são desencadeadores e passam a
atuar não só sobre as pessoas individualmente, mas também do seu grupo. É o que se
designa por efeito grupal.

Para Lewin, a dinâmica de grupo é:

O estudo das forças que agem no seio dos grupos, nas origens, nas consequências e nas
condições que modificam o comportamento do grupo.

Um grupo é um todo dinâmico.

As alterações metodológicas sugerem igualmente uma alteração/ renovação do papel e


das atitudes do professor no sentido de estabelecer uma relação pedagógica mais
favorável ao sucesso do processo ensino/ aprendizagem.

A utilização de metodologias ativas que implicam a participação do aluno, no processo


de aquisição do seu conhecimento, apela à sua participação, responsabilidade e
criatividade por oposição às metodologias mais tradicionais.

Pedagogia de grupo

 Privilegia os métodos ativos, pondo em jogo as motivações individuais e grupais;


 Considera fatores como o tipo e os objetivos de ensino/ formação, os conteúdos, o
número e a idade dos alunos, a participação ativa de professores e de alunos no
processo de ensino/ aprendizagem;
 É solicitado e estimulada a capacidade de autodesenvolvimento…
 Recorre-se predominantemente ao trabalho de equipa e ao trabalho de grupo,
incentiva-se o exercício de cooperação no respeito pela diversidade de contributos
diferentes pelas capacidades individuais;
 Nota1: a supremacia dos métodos ativos não exclui o recurso a outros métodos
tradicionais;
 Nota2: de acordo com a avaliação que se faz – diferentes situações…

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