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A escola e seu papel

social
Reprodução ou transformação?

Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello


O sentido da Educação no contexto social: de
que educação estamos falando?
[...] Nós estamos convencidos, portanto, Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo
que os senhores desejam o bem para nós e e construir uma cabana, e falavam a nossa língua
agradecemos de todo o coração. muito mal. Eles eram, portanto, totalmente
Mas aqueles que são sábios reconhecem que inúteis. Não serviam como guerreiros, como
diferentes nações têm concepções diferentes das caçadores ou conselheiros.
coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão Ficamos extremamente agradecidos pela vossa
ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação oferta e, embora não possamos aceitá-la, para
não é a mesma que a nossa. mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres
[...] Muitos dos nossos bravos guerreiros foram senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos
formados nas escolas do Norte e apreenderam seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que
toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam sabemos e faremos, deles, homens.” (BRANDÃO,
para nós, eles eram maus corredores, ignorantes 1996, p. 8).
da vida da floresta e incapazes de suportarem o
frio e a fome.
Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ
A escola e seu papel social

Qual Escola?

Em que Contexto?

É possível pensarmos em uma


Escola Cidadã? O Que? Como? Por Que? Para Quem?

Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ


Se pensamos em contexto, é fundamental uma
Análise da Conjuntura
• Cenários: são os espaços sociais e institucionais onde se dão as dinâmicas: praças, ruas, movimentos sociais,
parlamentos, gabinetes, palácios, quartéis. Os cenários estão sempre mudando em função das forças envolvidas.
• Atores: são os sujeitos sociais que agem e interagem movidos por crenças, reivindicações, projetos, interesses. Esses
sujeitos podem ser coletivos, como os sindicatos, as igrejas, os meios de comunicação social e até mesmo as gangues
e as quadrilhas, mas desde que as suas ações ocorram em um cenário social e tenham repercussão na vida de muitas
pessoas.
• Acontecimentos: muito mais do que fatos, os acontecimentos têm importância, relação e influência nas vidas de
muitas pessoas.
• Relação de forças: todo acontecimento social envolve atores sociais, que agem sempre a favor de alguém e contra
alguém. As relações de forças são de aliança quando atores sociais se unem em torno de interesses comuns e de
combate quando há disputa entre diferentes atores sociais; Contradição e conflito.

Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ


Paradigma do consenso: discurso conservador

• Funcionalismo > Educação como fator de equalização

Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ


Paradigma do consenso
Principais representantes do funcionalismo (educação como adaptação à
sociedade):
• Émile Durkheim (1858 – 1917)
• Karl Mannheim (1893 -1947)
• No pós 1ª e 2ª Guerras Mundiais:
• Escola Nova John Dewey (1859 -1952): Pedagogia ativa, mas sem discussão
do contexto social ou da luta de classes
Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ
Paradigma do consenso
• Década de 1960: educação compensatória – a educação como equalizadora
das desigualdades sociais (deficiências que vão desde questões de saúde,
nutrição e familiares até outras de natureza emotiva, cognitiva e lingüística)

Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ


Paradigma do conflito: contradição e
transformação
• Neste paradigma os conflitos são vistos como necessários à organização social, pois eles estão
presentes nas relações que os homens estabelecem entre si, no mundo social. Tem como base o
pensamento de Karl Marx (1818-1883) e, adota o homem como o centro do mundo e como
processo de suas ações. Considerando que os humanos participam de determinadas relações sociais,
defende que o mundo social deve ser compreendido a partir de seus condicionantes histórico-
econômicos e da divisão e luta de classes.

• a) Educação como fator de reprodução cultural


 Louis Althusser (1918- 1990),
• Escola como Aparelho Ideológico do Estado/AIE

Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ


Paradigma do conflito: contradição e
transformação
• Pierre Bourdieu (1930-2002) e Jean-Claude Passeron: a escola age pela violência
simbólica. Para eles, a violência simbólica da educação manifesta-se quando a escola
leva o aluno a destruir sua visão de mundo para assumir a da classe dominante, e é
responsabilizado pelas consequências desse processo. Obra: A Reprodução
• Christian Baudelot & Roger Establet: a principal função da escola capitalista é inculcar
a ideologia burguesa na classe trabalhadora, contribuindo, assim, para a reprodução das
desigualdades sociais.

• Críticas: fator econômico como determinante, passividade dos sujeitos sociais,


desprezam o caráter político das ações dos indivíduos, não captam o
funcionamento contraditório dessa realidade.

Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ


Paradigma do conflito: contradição e
transformação
• b) Educação como fator de resistência e transformação social
 Henry Giroux
 Trabalha com a Ideia da resistência, elemento desconsiderado pelas teorias da reprodução cultural
• inspira-se no pensamento de Antonio Gramsci (1891-1937)
• Todos os homens são intelectuais embora, devido às condições materiais e ideológicas da organização
da cultura, só alguns efetivamente desempenhem essa função. Para ele, não há nenhuma atividade
humana totalmente desprovida do elemento intelectual. Relação entre o pensar e o fazer na ação
humana, todos somos, ao mesmo tempo, homo faber e o homo sapiens.

Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ


DERMEVAL SAVIANI – Escola e Democracia

• Saviani defende que uma das funções da escola é possibilitar o acesso aos conhecimentos
previamente produzidos e sistematizados.
• O problema está na forma mecânica dessa transmissão, em que os professores vão ter
critérios para escolher entre aqueles conhecimentos que precisam ser transmitidos e
aqueles que não precisam.
• Segundo ele, isso abre espaço para sobrecarga dos currículos com conteúdos irrelevantes,
cuja a relevância não é alcançada pelos próprios professores, o que impede de motivar os
alunos a se empenhar na sua aprendizagem.
• Saviani enfatiza o currículo escolar, a escrita e o conhecimento científico, colocando a
escola como mediadora entre o saber popular e o saber erudito (Cultural) no sentido de
superação (ultrapassá-la).

Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ


Escola como espaço de operacionalização das
políticas educacionais
• Escola Tradicional

• Escola Nova

• Escola Tecnicista

• Escola para a Promoção e Transformação Humana

Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ


Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ
A escola cidadã
• “A escola cidadã, no meu entender, é aquela que se assume enquanto
um centro, um centro de direitos e um centro de deveres, a formação
que se dá dentro do espaço e do tempo que caracterizam a escola
cidadã é uma formação para a cidadania.[...]
• Então a escola cidadã é uma escola coerente com a liberdade, é
coerente com o seu discurso formador, com o seu discurso libertador,
em outras palavras, a escola cidadã é aquela que, brigando para ser ela
mesma, viabiliza ou luta para que os educandos e educadores também
sejam eles mesmos. E como ninguém pode ser só, a escola cidadã é
uma escola de comunidade”.
Profa. Dra. Miriam Morelli Lima de Mello - DTPE/IE/UFRRJ

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