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Mulheres no Esporte: o tabu e a história por trás da pouca representatividade feminina

Todos os dias, mulheres no mundo todo enfrentam obstáculos pelo simples fato de serem ... mulheres. No
esporte, não é diferente. A prática de exercícios físicos por mulheres no país é 40% inferior aos homens,
segundo o relatório “Movimento é Vida”, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) – um indicativo de que o cenário esportivo ainda tem muita desigualdade de gênero. Na semana
do Dia Internacional da Mulher, o Esporte Espetacular ouviu algumas histórias importantes, que poderiam
até ser consideradas lugar comum, mas não deveriam. Um artigo complementar do relatório do PNUD
explica a menor participação feminina no esporte e as possíveis soluções para reverter esse quadro. Por
trás de todos os dados, números e pesquisas, temos histórias fortes, recorrentes e graves, como a de
Gisele Vale, enfermeira obstetra:
- Eu já sofri um estupro na rua, isso acabou com meu psicológico. Buscar uma arte marcial me deu
segurança, voltei a ter vida - desabafou. Gisele faz parte de um grupo exclusivamente feminino reunido
pela securitária e faixa preta Pricila Engelberg para encorajar mulheres que querem praticar o jiu-jitsu, mas
não têm meios nem companhia do mesmo sexo.
- Eu comecei o jiu-jitsu quando ainda era muito machista, quase não tinham mulheres, quase 90% homens
e duas mulheres no tatame. Tinha o preconceito de ser faixa branca, eles não queriam treinar comigo.
Você tem que dar a cara à tapa, mostrar que não é a força que vai garantir a finalização, mas a técnica -
contou Pricila, sobre os treinos do jiu-jitsu entre homens e mulheres. A professora e pesquisadora da
Unicamp, de Campinas, Helena Altmann é quem escreveu o artigo complementar “Atividades Físicas
Esportivas e Mulheres no Brasil”. Ela lembra que na legislação brasileira, no período da ditadura militar,
esportes como o jiu-jitsu já foram proibidos para mulheres.
"Art. 54. Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua
natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções
às entidades desportivas do país" (DECRETO-LEI Nº 3.199, DE 14 DE ABRIL DE 1941)
Em 1965, o Conselho Nacional de Desportos deliberou:
2. Não é permitida a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo-
aquático, pólo, rugby, hanterofilismo e baseball.
Mas a história da legislação brasileira é só um indicativo da pouca quantidade de mulheres com acesso a
atividades físicas e esportivas no Brasil. Vários recortes foram feitos nas pesquisas da Organização das
Nações Unidas (ONU) para mapear a prática de esporte no país. Entre eles a renda - quanto menor o
recurso financeiro, maior a diferença de participação esportiva por gênero. A cultura de não incentivar as
mulheres aos esportes, principalmente coletivos, pode ser explicada inclusive pelo pouco acesso ao lazer
devido às tarefas domésticas, que ocupam em média 20,5 horas semanais das mulheres, enquanto os
homens gastam 10 horas por semana nas atividades de casa. A falta de segurança, o preconceito, a falta
de incentivo nas escolas, todos esses são fatores que devem ser apontados quando se constata que o
esporte no Brasil não tem o mesmo acesso por meninos e meninas. O relatório do PNUD indica uma
urgência em se criar políticas públicas que possam permitir maior igualdade.
- Em 2016, no município de Campinas, as pessoas matriculadas em projetos financiados com verba
pública, aproximadamente 84% são meninos e os demais são meninas. A gente vê uma desigualdade de
acesso grande. Seria necessária alguma política que conduzisse a esse processo com inserção das
meninas - disse Helena. Enquanto o país não conta com esse apoio político no Esporte, algumas
organizações não Governamentais, como o Empodera - Transformação Social pelo Esporte, do Rio de
Janeiro, estimulam a prática esportiva como uma ferramenta para discussões de gênero, fortalecendo
meninas e mulheres.
- Elas são agentes de transformação. A gente usa o esporte como meio de transformação da realidade -
contou Jane Moura, presidente da ONG Empodera.
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas é um dos dezessete objetivos
para o desenvolvimento sustentável de acordo com a cúpula das Nações Unidas. O esporte e a educação
são ferramentas poderosas, mas o respeito certamente é a base de todo esse processo.
- Perguntaram na minha escola o que você quer ser no futuro. Eu queria praticar vôlei e seguir carreira. E
ouvi: "mas você joga vôlei? Não sabia que mulher podia jogar vôlei". Eu parei e refleti: como assim mulher
não pode jogar vôlei em pleno século XXI? Muitas vezes a gente escuta "esporte não é lugar de mulher".
Esporte é lugar de mulher sim. Lugar de mulher é onde ela quiser - concluiu Sara Vieira, de 16 anos.
1. A Oração abaixo é uma oração subordinada adverbial, qual das alternativas tem o mesmo valor
semântico.
“Entre eles a renda - quanto menor o recurso financeiro, maior a diferença de participação
esportiva por gênero. ”.
a. “Conforme o que foi estudado, escreva a fórmula mínima das substâncias. ”
b. “Como acordei tarde, cheguei atrasada no serviço. ”
c. À medida que ganhava mais dinheiro, ele comprava mais e mais roupas e acessórios caros.~
d. Ela viajou como desejava, sem problemas.
2. Das alternativas abaixo, qual é a única que é uma opinião do autor.
a. Na semana do Dia Internacional da Mulher, o Esporte Espetacular ouviu algumas histórias
importantes, que poderiam até ser consideradas lugar comum, mas não deveriam.
b. O esporte e a educação são ferramentas poderosas, mas o respeito certamente é a base de todo
esse processo.
c. O relatório do PNUD indica uma urgência em se criar políticas públicas que possam permitir maior
igualdade.
d. Todos os dias, mulheres no mundo todo enfrentam obstáculos pelo simples fato de serem ...
mulheres.
3. No início do texto há reticências, qual é a função deste sinal de pontuação.
a) A pausa na fala que indica que algo ainda será dito, porém não foi apresentado.
b) Tem a função de causar espanto no leitor que se surpreende ao saber que são as mulheres que
sofrem com os osbstáculos da vida.
c) Tem a função de marcar a pausa na fala do autor, conferindo um drama maior ao tema da
desigualdade da mulher.
d) Esses três pontos introduzem uma oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo.
4. Leia a oração abaixo:
“... mas o respeito certamente é a base de todo esse processo. ”
Qual é o valor semântico (significado) expresso por essa oração.
a. Complementação
b. Alternância
c. Comparação
d. Oposição

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