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ISEPE – FACULDADE DE ENSINO SUPERIORDE MARECHAL CÂNDIDO

RONDON
CURSO DE PSICOLOGIA

KARINE VERIDIANA BLOEDORN

MAYSA PERTELE KRUG

CULTURA, RITOS E MITOS: SUAS INFLUÊNCIAS NA ORGANIZAÇÃO

MARECHAL CÂNDIDO RONDON- PR

2023
KARINE VERIDIANA BLOEDORN
MAYSA PERTELE KRUG

CULTURA, RITOS E MITOS E SUAS INFLUÊNCIAS NA ORGANIZAÇÃO

Trabalho apresentado ao curso de


Psicologia, da Faculdade de
Ensino Superior de Marechal
Candido Rondon, como requisito
para a avaliação para a disciplina
de PSICOLOGIA
ORGANIZACIONAL

Professor Responsável: LUCAS


DE LIMA

MARECHAL CÂNDIDO RONDON – PR

2023
SUMÁRIO

RESUMO..........................................................................................................................4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................4
METODOLOGIA..............................................................................................................6
DESENVOLVIMENTO....................................................................................................6
CULTURA.....................................................................................................................6
CULTURA NACIONAL...........................................................................................7
CULTURA NACIONAL E CULTURA ORGANIZACIONAL...............................8
A INFLUÊNCIA DA CULTURA NACIONAL NA ORGANIZAÇÃO......................9
- JAPÃO.....................................................................................................................9
- INGLATERRA......................................................................................................10
- ESTADOS UNIDOS.............................................................................................10
- BRASIL.................................................................................................................10
COMPRENÇÃO ACERCA DE MITOS E RITOS.....................................................11
O RITUAL HUMANO................................................................................................15
EXEMPLO DE MITOS ORGANIZACIONAIS.........................................................21
“A GRANDE FAMÍLIA”........................................................................................21
HERÓI REVITALIZADOR....................................................................................22
O PAPEL DA MORTE NA CONSTITUIÇÃO DO MITO.....................................23
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................24
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................................26
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RESUMO

Este estudo tem por objetivo apresentar tema a cultura nos seus mais diversos aspectos,
como: cultura nacional e cultura organizacional; e da mesma forma os mitos e ritos e a
suas relações com a cultura. Propondo uma reflexão sobre a influência desses elementos
sobre a organização, contextualizando a discussão no âmbito da psicologia
organizacional. Inicialmente foram elencados os conceitos relacionados à questão.
Posteriormente, por meio da revisão bibliográfica, abordado os aspectos específicos da
cultura japonesa, cultura inglesa, cultura estadunidense e cultura brasileira; e também o
mito da grande família, o rito humano e os comportamentos rituais e mudanças sociais.
Na conclusão, o artigo aponta para a importância de se considerar a relação entre cultura
nacional e cultura organizacional, dos mitos, ritos nas organizações.

Palavra Chave: Cultura, Cultura Nacional, Cultura Organizacional, Mitos

INTRODUÇÃO

Os fatores culturais que configuram o indivíduo e as suas organizações, têm-se


meios de compreender importantes diferenças transnacionais no comportamento
organizacional. Além disso, ao compreender as peculiaridades de práticas estrangeiras,
pode-se dar melhor significado as peculiaridades que nos são próprias, pois uma das
características da cultura é que ela cria uma forma de julgar a cultura do outro baseado
na sua própria crença, moral, leis, costumes e hábitos. (MORGAN, 1996).
Apesar de todas as sociedades modernas terem muito em comum, é um erro
descartar as diferenças transculturais como sendo de pouco significado. Assim como os
indivíduos numa cultura tem diferentes personalidades enquanto compartilham de
muitas coisas em comum, isto também ocorre com grupos dentro de uma organização.
As organizações são mini sociedades que tem os seus próprios padrões distintos de
cultura e subcultura, que surgem da subjetividade de cada colaborador e das relações
desenvolvidas no ambiente organizacional. (MORGAN, 1996).
A visão da cultura em bases de representação ter enormes implicações em
relação ao modo pelo qual se compreendem as organizações enquanto fenômenos
culturais. Isso porque enfatiza que se deve basear a compreensão das organizações em
processos que produzem sistemas de significados comuns. (MORGAN, 1996).
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Para se chegar à compreensão da cultura de uma organização, é necessário


desvendar tonto os aspectos mais simples como aqueles mais vivos do processo de
construção da realidade. Algumas vezes são tão sutis e infiltrados que ficam muito
difíceis de identificar. (MORGAN, 1996).
Exatamente como valores tribais da sociedade, crenças e tradições podem estar
baseados em parentesco ou outras estruturas socias, muitos aspectos de uma cultura
organizacional estão, portanto, baseados em aspectos rotineiros das práticas diárias. A
cultura de uma organização vai muito mais profundo. Lemas, linguagem evocativa,
símbolos, histórias, mitos, cerimônias, rituais e padrões de comportamento tribal que
decoram a superfície de uma vida organizacional, simplesmente oferecem pistas da
existência de um significado muito mais profundo e difundido. O desafio de
compreender as organizações enquanto culturas é compreender como esse sistema é
criado e mantido, seja nos seus aspectos mais banais, seja nos seus aspectos mais
contundentes. (MORGAN, 1996).
As organizações modernas são mantidas por sistema de crenças que enfatizam a
importância da racionalidade. É por essa razão que os antropologistas frequentemente se
referem à racionalidade como o mito da sociedade moderna. Como no mito primitivo,
fornecem um quadro de referência compreensivo ou então uma estrutura de crenças
através das quais se pode tornar inteligível a experiência do dia-a-dia. O mito da
racionalidade ajuda a ver padrões de ação como legitimados, confiáveis e normais,
ajudando, portanto, a evitar a disputa e o debate que surgiriam caso fosse necessário
reconhecer a incerteza básica e a ambiguidade subjacentes a muitos dos valores e ações
das pessoas. (MORGAN, 1996).

Uma segunda importante força da metáfora da cultura nasce do fato de mostrar que a
organização repouso sobre sistemas de significados comuns e, portanto, em esquemas
interpretativos que criam e recriam aquele sentido, oferendo a metáfora um novo foco a
via de acesso para a criação da ação organizacional. À luz das metáforas mecanicistas e
organicista, a principal ênfase tende a ser colocada sobre o processo de planejamento; o
planejamento de partes da organização ou planejamento dos processos adaptativos. A
metáfora da cultura orienta-se na direção de outros meios, criando atividade organizada
pela influência do linguajar, normas, folclore, cerimônias e outras práticas socias que
comunicam ideologias chaves, valores e crenças que guaiam a ação. (MORGAN, 1996).
6

O presente trabalho busca explorar o fenômeno da cultura e como o mesmo


influencia as organizações, nos mais diversos contextos. Também busca trazer como os
mitos e ritos, juntamente com a cultura estão presentes na gestão das organizações.

METODOLOGIA

Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica de natureza analítica acerca


das principais abordagens relacionadas à cultura, cultura nacional e cultura
organizacional, visando refletir sobre a influência da cultura nacional na cultura
organizacional. Para alcançar este objetivo, foram ANALISADAS publicações na área
DE ESTUDO, buscando identificar o tema, e extrair as principais ideias relacionadas ao
encopo do estudo, incluindo as principais teorias sobre a influência da cultura na
organizacional.

DESENVOLVIMENTO

CULTURA

Em resumo, a cultura pode ser entendida como um conjunto de padrões de pensamento,


sentimentos e comportamentos compartilhados por um grupo de pessoas e que são
adquiridos principalmente por meio do ambiente social em que o indivíduo convive. Ela
abrange desde aspectos mais tangíveis, como a educação, arte e literatura, até aspectos
mais abstratos, como as suposições que um grupo compartilha e que determinam suas
percepções e pensamentos. A cultura também está relacionada a sistemas de
conhecimento, valores, leis e rituais cotidianos que diferenciam grupos de pessoas e
podem influenciar o comportamento individual. É importante distinguir cultura da
personalidade, que é caracterizada por um conjunto de programas mentais com traços
genéticos e adquiridos por meio de experiências pessoais. (MOTTA; GOMES, 2019).

Como afirmado anteriormente, a cultura é um conjunto complexo de comportamentos,


hábitos sociais, significados, crenças, normas e valores que são historicamente
selecionados, coletivamente transmitidos e constituem o modo de vida e as realizações
características de um grupo humano. Essa definição apresenta a cultura como uma
variável importante na implantação de políticas administrativas e no alcance de
desempenho econômico. (MOTTA; GOMES, 2019).
7

O conceito de cultura também pode auxiliar na compreensão de processos na área da


teoria das organizações, como a mudança, o desempenho e a liderança. Além disso, a
cultura não se restringe apenas à cultura organizacional, mas possui um escopo mais
abrangente. (MOTTA; GOMES, 2019).

A cultura se manifesta por meio de símbolos, heróis, rituais e valores. Os valores são
considerados o núcleo da cultura, e são fundamentais para a compreensão da forma
como um grupo humano enxerga o mundo e se relaciona com ele. (MOTTA; GOMES,
2019).

Em suma, a cultura é um elemento fundamental para a compreensão das práticas


sociais, organizacionais e econômicas de um determinado grupo humano, e seu estudo
pode trazer insights importantes para a implantação de políticas e estratégias
administrativas. (MOTTA; GOMES, 2019).

CULTURA NACIONAL

De fato, os fatores nacionais têm um papel significativo na explicação das diferenças


nas organizações e configurações socioeconômicas. A cultura nacional, por exemplo,
influencia as atitudes e comportamentos das pessoas e das organizações, e pode afetar
diretamente a forma como as empresas operam em diferentes países. As operações
multinacionais reforçam a importância da identidade nacional nas operações
empresariais.

Com certeza, o conhecimento da cultura organizacional é fundamental para a


administração e implantação de estratégias e mudanças em uma organização. A cultura
organizacional pode influenciar diretamente o desempenho da empresa, bem como sua
capacidade de se adaptar às mudanças e enfrentar desafios externos. (MOTTA;
GOMES, 2019).

Além disso, a cultura organizacional e a cultura nacional estão inter-relacionadas, já que


as empresas são parte integrante da sociedade em que estão inseridas. Mesmo que haja
diferenças entre as práticas de diferentes organizações de um mesmo país, elas têm
traços comuns que resultam da cultura comum. Por exemplo, empresas brasileiras
tendem a valorizar a proximidade e a informalidade nas relações de trabalho, enquanto
empresas japonesas tendem a valorizar a hierarquia e a formalidade. Esses traços
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culturais se refletem na cultura organizacional das empresas, e devem ser considerados


na administração e implantação de estratégias e mudanças. (MOTTA; GOMES, 2019).

Essa visão destaca a importância da cultura como algo intrínseco às organizações,


influenciando não apenas suas práticas e comportamentos, mas também sua identidade e
estruturação. Assim, compreender a cultura organizacional é essencial para entender o
funcionamento das organizações e para implementar mudanças efetivas que promovam
o desenvolvimento da organização como um todo. Além disso, a cultura organizacional
também é importante para a gestão de pessoas, já que influencia as expectativas, valores
e comportamentos dos indivíduos dentro da organização. (MOTTA; GOMES, 2019).

Sim, essa é uma afirmação correta. A cultura organizacional não se limita apenas aos
membros da organização, mas também se estende aos stakeholders que interagem com a
empresa. O conhecimento da cultura organizacional é fundamental para a implantação
de estratégias e projetos de mudança, pois permite entender como a organização
funciona, como seus membros e stakeholders se comportam e quais valores, crenças e
normas são importantes para a empresa. Isso permite que sejam feitas mudanças com
base nesse conhecimento, o que pode levar a uma maior eficácia na implementação de
estratégias e projetos. (MOTTA; GOMES, 2019).

CULTURA NACIONAL E CULTURA ORGANIZACIONAL

Compreender a cultura de uma organização é um processo complexo, que requer análise


cuidadosa e abrangente do contexto em que a organização está inserida. Isso inclui não
apenas a cultura nacional, mas também as características da indústria em que a
organização opera, os valores e crenças dos fundadores e líderes da organização, as
interações entre os membros da equipe e as relações da organização com seus clientes,
fornecedores e outros stakeholders. (MOTTA; GOMES, 2019).

Quando a cultura organizacional é congruente com a cultura nacional, isso pode levar a
uma série de benefícios para a organização, incluindo maior satisfação dos funcionários,
menos conflitos internos, maior eficiência nos processos de trabalho, maior
comprometimento dos funcionários e melhores resultados organizacionais. Isso ocorre
porque quando a cultura organizacional é consistente com a cultura nacional, os
membros da organização podem sentir-se mais confortáveis e identificados com os
valores, crenças e normas que permeiam a sociedade em que vivem. Isso pode aumentar
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a coesão, a comunicação e a confiança entre os membros da equipe, permitindo que


trabalhem de maneira mais eficaz e cooperativa para alcançar os objetivos da
organização. (MOTTA; GOMES, 2019).

Sim, concordo com as suas colocações. A cultura nacional tem um papel fundamental
na formação da cultura organizacional, pois os valores, crenças e premissas aprendidas
desde a infância pelos membros de uma sociedade influenciam a maneira como as
pessoas se relacionam e se comportam dentro de uma organização. Além disso, a
cultura corporativa é influenciada pelos valores e crenças da sociedade em que a
empresa está inserida, bem como pelas características do setor em que atua e pela
história e tradição da própria organização. É importante compreender a cultura nacional
para entender a cultura organizacional e promover a congruência entre elas, o que pode
levar a melhores resultados para a organização. (MOTTA; GOMES, 2019).

Com certeza, a cultura nacional exerce uma influência significativa na cultura


organizacional de uma empresa. O conhecimento do contexto cultural de uma sociedade
pode ajudar a compreender as razões pelas quais certos valores, crenças e práticas são
importantes em uma organização. Além disso, a cultura nacional pode influenciar o
modo como as pessoas se comportam e se relacionam dentro da organização. Portanto, é
importante considerar a cultura nacional ao estudar e compreender a cultura
organizacional de uma empresa. (MOTTA; GOMES, 2019).

A INFLUÊNCIA DA CULTURA NACIONAL NA ORGANIZAÇÃO

- JAPÃO

A cultura de trabalho japonesa, a relação entre os empregados e as organizações;


a qual segundo Murray Sayle (especialista australiano m Japão), combina valores
culturais dos campos de arroz com o espirito servil do samurai. Onde o espirito
colaborativo de uma aldeia ou comunidade influencia na experiência de trabalho,
exigindo grande ênfase na independência, nas preocupações compartilhadas e na ajuda
mútua. Os empregados quase sempre estabelecem compromissos por toda a vida com
suas organizações, que eles veem como uma extensão da sua família. As relações de
autoridade são, frequentemente, do tipo paternalista, altamente tradicionais e
respeitadoras da opinião alheia. Fortes ligações existem entre o bem-estar do indivíduo,
a empresa e a nação. (MORGAN, 1996).
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- INGLATERRA

Traz que a geração de mudança social e conflitos de classe com frequência


perpetuam separações antagônicas no ambiente de trabalho que nenhuma dose de
conciliação técnica administrativa parece capazes de vencer. O trabalho de fabrica
britânica no geral se define em oposição a um sistema que percebe ter explorado os seus
antepassados, assim como faz com ele agora. As elites gerenciais frequentemente
assumem o direito básico de ditar regras aso trabalhadores a quem veem “como tendo a
obrigação de obedecer”. Entretanto, a ética protestante do trabalho que dominou a
Inglaterra vitoriana ainda exerce influência principal, fazendo com que as relações de
trabalho ainda possam ser tão paternalistas e condescendentes quanto em muitas
fabricas japonesas. (MORGAN, 1996).

- ESTADOS UNIDOS

Como ilustração de uma cultura modela a administração, a ética do


individualismo competitivo é provavelmente aquela que se afigura com maior clareza.
Muitas corporações americanas e os seus empregados estão preocupados com o desejo
de serem “vencedores”, bem como com a necessidade de recompensar e punir
comportamentos bem mal sucedidos. (MORGAN, 1996).

- BRASIL

A cultura brasileira é interpretada por estudos como sendo de uma distância de


poder respaldada, tendo mais comportamentos coletivos que individuais e com alta
demanda de afastar-se de incertezas. Estudos também mostram a grande diversidade
dentre os traços culturais que representam como as organizações são comandadas e as
influencias que os modelos de gestão estrangeiras tem sobre as empresas brasileiras.
(CHU; WOOD, 2008)

A estudos que mostram que a gestão brasileira tem mais influencia de valores
femininos (igualdade, bem estar, cuidado com o próximo, qualidade de vida) do que
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masculinos (resultados, agressividade, posicionamento, performance). Também a


levantamento de traços culturais que influenciam as organizações, como:
- O jeitinho, que é visto como um comportamento dispõe-se ajustes das regras e
determinações de vida do dia-a-dia do indivíduo. O mesmo é uma forma de lidar e
comandar as relações pessoas; o que pode o torna ambíguo. (CHU; WOOD, 2008)
- A desigualdade de poder e a hierarquia trazem marcas do Brasil colônia, onde
algumas pessoas se julgam ter direitos especiais. O que mostra a desigualdade de poder
estabelecida na cultura brasileira e consequentemente presente nas organizações do
Brasil, o que mostra como a hierarquia demostra ter força nas relações entre as pessoas.
(CHU; WOOD, 2008)
- A flexibilidade traz a habilidade de adaptação e criatividade das pessoas, onde
se tem um ajuste e a capacidade de inovação frete a situações diversas. O que traz
dentro da organização a adaptação frete a situações difíceis. (CHU; WOOD, 2008)
- A plasticidade também nos remete a colonização do Brasil e demostra a
facilidade de assimilar costumes e a disposição de mirar os modelos desenvolvidos
pelos estrangeiros. O que dentro de um contexto, pode ser apenas superficial. (CHU;
WOOD, 2008)
- O personalismo demostra a confiança que se estabelece com base nos
interesses pessoais ou de grupo. Que mostra a segurança colocada na rede de familiares
ou amigos quanto se tem privilégios ou resolução de problemas. (CHU; WOOD, 2008)
- O formalismo traz dois lados, onde um procura a redução da ambiguidade, do
risco, da incerteza; e por outro lado, o aumento sobre o controle das ações do
comportamento humano. O que mostra a divergência entre o que é dito e o que é feito,
o que é redigido e realizado. (CHU; WOOD, 2008)
Também ficou evidente a inclusão de estudos locais na busca de descrever a
cultura organizacional local, a depender a região onde a organização se encontra. Onde
se busca a identificação e analise dos traços culturais mais marcantes. (CHU; WOOD,
2008)

COMPRENÇÃO ACERCA DE MITOS E RITOS

Rito, ritual, cerimonial, discursos, festa: quais são os conteúdos semântico e


simbólico dessas palavras? Para Turner (1974, p. 20),

“[...] uma coisa é observar as pessoas executando gestos estilizados e


cantando canções enigmáticas que fazem parte da prática dos rituais, e
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outra é tentar alcançar a adequada compreensão do que os movimentos e as


palavras significam para elas.”(Turner (1974, p. 20)

Os símbolos são dotados de propriedades que lhes conferem a capacidade de


condensar, unificar e polarizar significados. Um único símbolo pode representar
diversas coisas ao mesmo tempo, graças à sua natureza polissêmica. Por essa razão, os
símbolos usados nos ritos e rituais tendem a ser caracterizados por essa ampla gama de
possibilidades de interpretação.

Para compreender as formas de expressão cultural e o processo de construção


das identidades culturais, é necessário considerar uma série de elementos que compõem
esse trabalho. Isso inclui a identificação e comparação dos significados, valores e
importância dos ritos e rituais, através de processos discursivos e simbólicos, em
gerações diferentes de uma cultura. É através da comunicação que esses ritos e rituais
são mantidos e perpetuados ao longo do tempo, refletindo a dinâmica da cultura e as
mudanças que ocorrem em seu contexto social.

A cultura abrange todas as formas de expressão que surgem das sociais e são
transmitidas de geração em geração. Isso inclui uma ampla gama de elementos, como a
língua, música, arte, arquitetura, vestuário, culinária, discurso, conjunto de crenças,
idioletos e paremiologia (ditados, provérbios e ditos), literatura oral (lendas e mitos),
manifestações religiosas, ritos de passagem, festas populares, meteorologia popular,
relações locais com modalidades de trabalho e lazer, formas de distribuição e exercício
do poder local, entre outros. Essas expressões culturais são internalizadas e podem não
ser explicitamente expressas, mas constituem a fonte comum do pensamento, da
linguagem e da sociedade, segundo Freitas e Guerra (2004, p. 3), sendo simbolicamente
representativas da cultura, seja ela organizacional ou sob qualquer outra manifestação –
constituem a fonte comum do pensamento, da linguagem e da sociedade.

Os ritos e rituais são elementos fundamentais do processo civilizatório da


Humanidade, presentes em todas as culturas, desde as comunidades mais primitivas até
a sociedade contemporânea. Devido à sua diversidade, esses fenômenos possuem uma
riqueza extraordinária e provam muito sobre o ser humano.

Na verdade, falar sobre vida social é falar sobre ritualização. O mundo social é
construído através de atos formais que têm suas raízes na própria decisão coletiva, e não
em fatos biológicos, marcas raciais ou atos individuais. O rito é a forma pela qual o ser
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humano expressa e manifesta suas sensibilidades através de discursos, narrativas e


símbolos que variam conforme a pluralidade de ações incorporadas em cada ritual
específico.

Em outras palavras, os rituais são a expressão da cultura e da identidade coletiva


de uma sociedade. Eles desempenham um papel fundamental na construção da vida
social, na medida em que estabelecem normas e valores, promovem a coesão entre os
membros do grupo e comandam para a sua reprodução de material ouvido ao longo do
tempo.

Portanto, os ritos e rituais são elementos cruciais para a compreensão da


diversidade cultural da humanidade, bem como para o entendimento dos processos
sociais e históricos que moldam nossas vidas. Eles nos permitem explorar a riqueza da
experiência humana, revelando muito sobre quem somos e como nos relacionamos uns
com os outros.

Os rituais e práticas sociais são fragmentos que compõem diversos universos


simbólicos, desde os míticos e rurais até os urbanos e modernos. Todas essas práticas e
símbolos se entrelaçam, formando um conjunto de significações que estão carregadas de
valores e significados. O homem busca constantemente a reelaboração do imaginário,
manifestando-o de diferentes formas e por meio de rituais diversos, a fim de manter a
identidade e a cultura do local em que está inserida.

A capacidade humana de produzir imagens e signos permite que ele determine e


fixe o particular em sua consciência, em meio à sucessão de fenômenos que se seguem
no tempo. Os conteúdos sensíveis não são apenas recebidos pela consciência, mas antes
são produzidos e transformados em conteúdos simbólicos. O rito é uma linguagem
trabalhada no mito, que por sua vez é uma forma de objetivação, "energia espiritual"
como afirmou Cassirer (1946, p.164).

Dessa forma, o rito é uma forma de expressão ouvida que tem o poder de
transmitir valores, ideias e sentimentos de forma coletiva. Ele é a manifestação tangível
do imaginário coletivo de um grupo, que é transmitido de geração em geração. Os
rituais são, portanto, uma parte essencial da cultura e da identidade de uma sociedade,
garantidos para suas continuidades e preservação ao longo do tempo.
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O mito, portanto, é uma construção auditiva que busca dar sentido e significado
ao mundo ao nosso redor e às nossas experiências. É uma forma de objetivação dos
sentimentos e da busca pela compreensão do mundo. "Simbolismo lingüístico conduz a
uma objetivação das impressões sensoriais, o simbolismo mítico leva a uma objetivação
dos sentimentos" (Cassirer: 1946, p. 62). Dessa forma, o mito é uma parte fundamental
da cultura humana, pois permite a transmissão de valores, crenças e conhecimentos de
geração em geração, confiante para a manutenção da identidade e da coesão social.
Além disso, os mitos são uma forma de lidar com questões emocionais, como a morte, a
origem do mundo, o sentido da vida, entre outros, que ainda hoje continuam a intrigar e
fascinar a humanidade. . "Mas se esses ritos se transformam em mitos aparece um novo
elemento", (Cassirer: 1946, p. 62). Esse novo elemento é a busca de significado daquilo
que o homem faz nos ritos.

Os mitos são marcados pela busca do ser humano pela imortalidade, e essa
mesma busca é encontrada nas organizações que buscam se renovar e se manter firmes
ao longo do tempo. Para preservar sua identidade e valores, muitas organizações
visionárias recorrem a uma variedade de mitos para orientar suas transformações e
conservar aquilo que consideram essencial. Dessa forma, esses mitos funcionam como
um alicerce que permite às organizações resistir às tendências passageiras e manter um
caráter distintivo e duradouro.

Enriquez destaca a importância dos mitos, ritos e heróis na organização como


forma de unificar e legitimar a ação de seus membros. Esses elementos servem como
um sistema de significação preestabelecido que dá sentido às práticas e à vida dos
membros da organização. Os ritos de iniciação, passagem e execução, bem como os
heróis tutelares e as sagas narradas, são fundamentais para sedimentar a ação coletiva e
estabelecer uma identidade comum. Sem esses elementos, uma organização não pode
viver de forma coesa e efetiva. (ENRIQUEZ, 1997, p. 34).

Na concepção de Enriquez (1997), esses elementos simbólicos são importantes


para criar um senso de pertencimento e identidade dentro de uma organização,
permitindo que seus membros se identifiquem com os valores, objetivos e missão da
mesma. Os ritos de passagem e de iniciação, por exemplo, têm o papel de consolidar os
novos membros dentro da organização, estabelecendo um vínculo afetivo e emocional
com os valores e princípios que a organização preza.
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Além disso, os heróis tutelares ou fundadores, sejam eles reais ou imaginários,


sirvam como modelos a serem seguidos pelos membros da organização. histórias e
trajetórias inspiram e motivam as pessoas a trabalharem em prol dos objetivos da
organização.

Por fim, uma narrativa mitológica ou saga da organização serve como uma
forma de transmitir a história e a cultura da mesma ao longo do tempo, garantindo que
os valores e princípios sejam preservados e passados adiante para as gerações futuras.

O RITUAL HUMANO

De fato, a cultura é um elemento fundamental na história do homem e molda sua


visão de mundo, valores e comportamentos. O mito é uma forma importante de
expressão cultural, pois permite ao homem entender e explicar o mundo ao seu redor
por meio de narrativas acompanhadas.

Os mitos não são apenas histórias inventadas, mas são uma expressão da
compreensão da realidade e da cosmovisão de um povo. Eles refletem as crenças,
valores e tradições de uma cultura, e muitas vezes são usados para justificar práticas
sociais e religiosas.

Além disso, a cultura popular e a cultura erudita são igualmente importantes na


história do homem. A cultura popular é aquela produzida pelo povo, transmitida
oralmente e que reflete suas tradições, crenças e costumes. A cultura erudita, por sua
vez, é aquela produzida pelos intelectuais e acadêmicos e que é mais formal e
acadêmica. Ambas as culturas são importantes para a compreensão da história e do
desenvolvimento humano.

A cultura é um elemento crucial na história e evolução do homem, e o mito é


uma forma importante de expressão cultural que permite ao homem entender e explicar
o mundo ao seu redor. A cultura popular e erudita são igualmente importantes e
refletem as tradições, crenças e valores de um povo.

Os mitos também têm a função de legitimar as instituições e as práticas sociais,


além de transmitir os ideais e valores de uma sociedade a seus membros, seja por meio
da narrativa de feitos heróis, seja por meio da criação de figuras divinas que
personificam virtudes e ideal. O mito, portanto, é uma forma de comunicação que vai
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além da simples transmissão de informações, pois envolve elementos emocionais,


simbólicos e místicos que ajudam a criar um sentido de pertencimento e de identidade
cultural.

Segundo a Antropologia e a Etnografiasão, ciências que estudam as culturas, os


rituais e cerimônias humanas são fundamentais para a compreensão dos mitos presentes
em uma cultura, uma vez que eles são as manifestações testemunhas que possibilitam o
acesso aos relatos mitológicos. A linguagem do ritual é composta por um conjunto de
símbolos que, ao serem utilizados, comunicam e dão sentido à realidade,
proporcionando uma compreensão mais profunda da origem das coisas em uma
determinada cultura. Assim, os mitos e rituais estão intimamente ligados, uma vez que
os rituais são a forma de representar e perpetuar os mitos ao longo do tempo, reforçando
as crenças e valores daquela sociedade.

Essa necessidade de reafirmar valores em comum por meio de ritos e rituais é


um aspecto fundamental da vida em sociedade, pois ajuda a criar e manter a coesão
social, a identidade cultural e as continuidades históricas de uma comunidade. Os
rituais, ao transmitirem simbolicamente as tradições e valores de um grupo, ajudam a
construir um senso de pertencimento e a estabelecer as normas e o que se espera de seus
membros. Além disso, os rituais também podem ser vistos como uma forma de
comunicação e expressão, em que as emoções e sentimentos são compartilhados
coletivamente e transformados em ações vividas. Dessa forma, os rituais e ritos
desempenham um papel importante na formação e manutenção das identidades culturais
e sociais.

As instituições são um meio de preservar e transmitir as tradições, normas e


valores de uma sociedade ao longo do tempo. Elas ajudam a manter a coesão social e a
estabilidade, ao mesmo tempo em que permitem a adaptação e mudança. Os rituais são
uma parte importante dessas instituições, pois ajudam a fortalecer a identidade coletiva
e a construir significado compartilhado entre os membros da sociedade. Através da
análise ritual, é possível compreender as testemunhas e culturais que moldam as práticas
sociais.

Peirano (2003, p. 12): “ritual não é algo fossilizado, imutável, definitivo”. Essa
compreensão dos rituais como um meio de mudança da identidade e personalidade do
grupo e da sociedade é muito importante, pois demonstra que eles não são apenas
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práticas adaptadas vazias, mas sim um instrumento fundamental para a coesão social e a
preservação de tradições e valores culturais. Além disso, como mencionado
anteriormente, os rituais também podem incorporar mudanças e se adaptar às mudanças
da sociedade, mantendo-se relevantes e felizes para as novas gerações. Nesse sentido, a
análise dos rituais e sua evolução ao longo do tempo é uma ferramenta importante para
entendermos as mudanças sociais e culturais que ocorrem nas sociedades.

De fato, o ritual pode ser visto como um meio de reafirmar a identidade de um


grupo e de uma sociedade. É por meio dos rituais que os valores e crenças são
transmitidos de geração a geração, mantendo assim a coesão social e a continuidade
cultural. Além disso, os rituais podem ter uma função terapêutica, permitindo que os
indivíduos expressem suas emoções, recebam apoio emocional e fortaleçam os laços
comunitários. Por fim, os rituais podem ter uma dimensão política, sendo utilizados para
marcar a posição de um grupo em relação a outro ou para afirmar o poder de uma
determinada classe social. Em resumo, os rituais são uma parte importante da vida
social e cultural de um povo, e sua análise pode fornecer insights valiosos sobre a
organização e as dinâmicas das sociedades humanas.

As representações coletivas presentes nos rituais e mitos são fundamentais para


compreender as sociedades, pois através de elementos desses é possível entender a
maneira como as pessoas se relacionam com o mundo, como concebem a realidade e
como se organizam socialmente. A análise desses elementos pode revelar valores,
crenças, tradições e normas presentes na sociedade, assim como as mudanças ocorridas
ao longo do tempo. Além disso, uma análise ritual também pode ajudar a entender como
as instituições sociais são mantidas e reproduzidas, uma vez que os rituais são parte
integrante dessas instituições.

Mitos e rituais desempenham um papel fundamental na transmissão dos valores


culturais de uma sociedade para as gerações seguintes. Por meio de narrativas e práticas
repetidas, esses elementos testemunhais o sentido da vida e a história da sociedade,
tornando-se símbolos que evidenciam sua realidade sociocultural. Como explica o
antropólogo Da Matta, os ritos e rituais estão profundamente ligados às formas culturais
e suas manifestações, incluindo a língua e os símbolos. Dessa forma, os rituais estão
presentes no cotidiano da vida em sociedade e são cruciais para a transmissão dos
18

valores culturais. É por meio desses elementos que a sociedade pode transmitir seus
valores e expressá-los de forma testemunhal, em histórias, mitos e rituais.

Os símbolos são uma das maiores expressões da cultura, já que por si só são
referências culturais. Eles podem ser objetos, ações, eventos, qualidades ou relações,
além de elementos religiosos e linguísticos, cada um com múltiplos significados que
evocam emoções e incentivam as pessoas a agir. A construção e preservação de
símbolos são meios importantes para a formação da identidade cultural de uma
sociedade.

O mito é uma forma de narrativa que apresenta elementos simbólicos e que se


torna uma expressão da cultura de um grupo. Ele estabelece valores e comportamentos,
e sua criação é uma maneira de manter a tradição e a identidade cultural. Fleury e
Fischer (1989, p. 32) afirmam, ainda, que "a tentativa de interpretar o mito é crucial
para a compreensão do universo simbólico, tanto como elemento integrador, como
revelador dos mecanismos de poder". Segundo os autores o mito pode ter um papel
político, pois pode ser utilizado para fortalecer o poder e a estabilidade social.
Interpretar o mito é crucial para a compreensão do universo simbólico e dos
movimentos de poder presentes na sociedade.

As celebrações e rituais são formas importantes de expressar valores culturais e


transmitir tradições para as gerações futuras. Eles podem ser realizados em diversos
contextos, desde eventos religiosos, celebrações civis, até em feriados nacionais. Além
disso, os rituais também podem ser usados como uma forma de fortalecer a coesão
social e a identidade de um grupo ou comunidade, ao criar um senso de pertencimento e
união em torno de práticas compartilhadas. Em resumo, os ritos e rituais são uma parte
fundamental da cultura humana, permitindo a expressão de valores, tradições e
identidades coletivas.

“O rito ou ritual é um conjunto de atos formalizados, expressivos,


portadores de uma dimensão simbólica. O rito é caracterizado por uma
configuração espaço-temporal específica, pelo recurso a uma série de
objetos, por sistemas de linguagens e comportamentos específicos e por
signos emblemáticos cujo sentido codificado constitui um dos bens comuns
do grupo.” (Segalen, 2002, p. 31).
19

De fato, as cerimônias e rituais possuem uma importância significativa na


comunicação e transmissão dos valores culturais e tradições de uma sociedade. Através
dessas práticas, as pessoas são expostas a simbolismos e significados que podem ter um
impacto profundo em suas identidades e comportamentos.

Por exemplo, a celebração de um casamento pode ser vista como uma forma de
comunicar a importância da união e do compromisso na sociedade, enquanto um ritual
funerário pode transmitir a importância da vida após a morte e a necessidade de se
honrar os convidados. Esses rituais e cerimônias ajudam a criar uma conexão entre os
indivíduos e a sociedade em que estão inseridos, reforçando os valores e tradições
compartilhadas.

Os ritos são constituídos de um conjunto relativamente elaborado, dramático e


planejado de atividades, que consolidam várias formas de expressão cultural em um
evento, o qual é realizado por meio de sociais (TRICE & BEYER, 1985). Por meio dos
ritos, as regras sociais são definidas, estilizadas, convencionadas e principalmente
valorizadas. Trice e Beyer (1985) identificam seis tipos básicos de ritos: passagem,
declínio, confirmação ou reforço, reprodução ou renovação, redução de conflitos e
integração.

Em outras palavras, os ritos e rituais são formas de comunicação recebidas que


ajudam a fortalecer a identidade e os valores de uma organização. Eles podem ser
elaborados e executados de diversas formas, envolvendo atividades que criam uma
experiência compartilhada entre os membros da organização. Além disso, os ritos e
rituais são particularmente importantes durante os momentos de mudança ou transição,
pois podem fornecer uma sensação de estabilidade e continuidade, reforçando a coesão
interna da organização.

Esse fenômeno social é crucial como processo de transmissão cultural,


necessário para a continuidade e preservação dos grupos e da sociedade como um todo.
Os ritos são elementos que permitem uma transformação social, reacendem os mitos e
estabelecem os costumes e tradições da vida em sociedade. Por essa razão, os rituais
conferem autoridade e autoridade, estruturando e organizando as posições de indivíduos
e grupos, assim como os valores morais e as visões de mundo que orientam a sociedade.
20

Rivière, analisa uma variedade de ritos e rituais que compõem eventos que
sugerem mudanças, com a intenção de mostrar a dinâmica que esses ritos fornecem aos
grupos sociais. Em todos os exemplos, os ritos seguem mudanças de posição social e de
comportamento, atribuindo a cada um deles novas identidades e novos papéis a serem
desempenhados junto ao grupo e à sociedade. O autor destaca que os ritos e rituais
"fornecem uma representação do drama social segundo determinadas regras e uma
sucessão ordenada de sequências" (1996, p. 55).

Os rituais, ritos, mitos, heróis, tabus, histórias, o uso de linguagem específica e


outros negociações têm o objetivo de orientar os indivíduos e grupos e levá-los a agir
em uma determinada direção. Eles fornecem, juntamente com a ideologia, o sentido a
ser dado aos acontecimentos e atribuem a cada pessoa um papel a desempenhar e a
sustentação nesse papel. Além disso, eles criaram uma comunidade ideológica através
de uma comunhão de ideias.

As cerimônias e os símbolos também são importantes, pois ajudam a fortalecer


os laços de afiliação, solidariedade, lealdade e comprometimento. Eles criaram para a
formação de uma identidade coletiva e para a criação de um senso de pertencimento
entre os membros do grupo. Além disso, os rituais e símbolos podem ajudar a
estabelecer uma autoridade e definir as relações entre os membros do grupo,
proporcionando um senso de ordem e organização.

De acordo com Beals e Hoijer (1953, p. 496-497), ritual é um conjunto prescrito


de ações para a realização de eventos determinados, enquanto cerimônia é um evento
mais amplo que envolve um conjunto de rituais entrelaçados e selecionados, executados
em um determinado momento e espaço físico. Essas definições sugerem que a
cerimônia é um evento mais elaborado, que pode incluir diversos rituais, símbolos e
elementos simbólicos, enquanto o ritual é uma ação específica, prescrita para atingir um
objetivo.

As cerimônias são caracterizadas pela expressão coletiva de sentimentos ou


atitudes por meio de ações formalmente organizadas. Elas requerem uma natureza
aguardada fundamental, em que gestos, posturas corporais e objetos específicos são
utilizados. Por exemplo, em uma cerimônia as pessoas podem se curvar, apertar as
mãos, sentar em lugares designados à mesa, levantar e sentar em determinados
momentos, cantar hinos, aplaudir, discursar de acordo com a importância de suas
21

cargas, adotando outras posturas e gestos adequado ao local, horário e tipo de


cerimônia.

De modo geral, as cerimônias desempenham funções importantes para o grupo


social, tais como: expressar, perpetuar e transmitir valores e crenças; preservar valores e
normas, evitando dúvidas e oposições; e fortalecer a solidariedade dos participantes.
Algumas cerimônias têm funções específicas, como os ritos de passagem, que ajudam o
indivíduo a fazer a transição de um status para outro; como cerimônias de deferência,
que reconhecem a superioridade existente e ajudam a manter uma estrutura de poder; e
as cerimônias de intensificação ou reforço, que ocorrem em momentos de crise e visam
aumentar a coesão do grupo, reduzir a tensão e neutralizar os conflitos. Durante as
cerimônias, gestos, posturas corporais e objetos simbólicos são usados para fortalecer os
significados e valores transmitidos.

Deal e Kennedy (1982) destacam que os ritos, rituais, cerimônias e símbolos são
essenciais para uma comunicação eficaz das normas comportamentais, regras de
conduta e valores aceitáveis em uma organização. Esses elementos também são
importantes para direcionar a forma como as atividades são realizadas e como as
pessoas podem se divertir na organização. Além disso, esses rituais e cerimônias têm a
capacidade de estimular vigorosamente, encorajar inovações e encorajar mudanças,
aproximar os membros da organização, conflitos e criar novas visões e valores. A
dramatização dos valores básicos por meio desses rituais também é uma maneira eficaz
de orientar o comportamento dos membros da organização. Por fim, as cerimônias
também proporcionam experiências agradáveis e memoráveis para os participantes.

EXEMPLO DE MITOS ORGANIZACIONAIS

“A GRANDE FAMÍLIA”

A construção do mito da grande família é uma estratégia amplamente utilizada


pelas organizações com o objetivo de criar um ambiente de camaradagem e confiança
entre seus membros e, assim, aumentar o comprometimento das pessoas com os
objetivos da empresa. Essa ideia de uma grande família dentro da organização é
frequentemente reforçada por meio de discursos, eventos corporativos, dinâmicas de
grupo e outras atividades que visam unir e motivar os colaboradores.
22

No entanto, é importante destacar que essa imagem idealizada muitas vezes


esconde conflitos interpessoais e conflitos entre capital e trabalho, que podem ser
prejudiciais à saúde organizacional. Desvendar esse mito e compreender seu verdadeiro
significado para cada categoria de empregado é fundamental para analisar o universo
simbólico das organizações e entender como elas operam.

Nesse sentido, é importante que os gestores e líderes da organização examinem


criticamente o mito da grande família, levando em consideração a diversidade de
opiniões, interesses e necessidades de seus colaboradores. Somente assim será possível
construir um ambiente de trabalho saudável e colaborativo, que proporcione benefícios
mútuos tanto para a empresa quanto para seus membros.

A compreensão teórica e a percepção das relações de dominação e submissão na


dinâmica familiar foram principalmente desenvolvidas pela Escola de Frankfurt, que
buscava integrar o conhecimento psicanalítico com uma interpretação marxista da
sociedade. Ao analisar a família sob uma perspectiva histórica, eles observaram como as
relações autoritárias se desenvolvem dentro dela e se relacionam dialeticamente com a
autoria.

Essa perspectiva crítica da família como uma instituição social que reproduz
relações de poder e dominação tem sido muito influente nas ciências sociais e na
psicologia, tais ciências podem nos ajuda a compreender como as relações familiares
podem ser usadas para manter as estruturas de poder.

HERÓI REVITALIZADOR

A representação simbólica de uma pessoa (fundador, sucessor) que deu alma e


vida à empresa, fornecendo-lhe um modelo de atuação e cujas narrativas a seu respeito
despertam admiração, dada a magnitude de seus feitos. Ao contrário do herói, que ainda
pode estar ativo e tomando decisões, o mito organizacional é uma figura notável que se
afastou da organização (por aposentadoria, desligamento ou morte), mas é reverenciado
pela contribuição que ofereceu à cultura e à identidade da empresa.

Para ser bem-sucedida, requer mudanças no universo simbólico da organização


e de seus stakeholders. A perspectiva da ausência definitiva do líder pode ajudar nesse
processo ao promover a mitigação do seu papel social, favorecer a sua visão de mundo e
reproduzir as suas histórias. Conforme afirmado por Maia (2017), um fenômeno
23

organizacional tem ganhado destaque e merece atenção dos profissionais da


Comunicação: os memoriais. Esses espaços são destinados a divulgar a história das
organizações e, como mídia, consistem em exposições criadas sob critérios definidos
pela coordenação de cada curadoria. Na maioria das vezes, são inaugurados em datas
comemorativas e acabam se tornando permanentes, servindo como importante vitrine
para divulgar as conquistas da organização em determinada área e seu fortalecimento
sociocultural para a comunidade. Os memoriais costumam exibir a linha do tempo da
organização, desde sua origem, missão e valores, e é notável a presença do "grande
herói" ou heroína, personagem responsável pelas conquistas e motivo de orgulho e
inspiração para os funcionários.

O PAPEL DA MORTE NA CONSTITUIÇÃO DO MITO

A morte é um evento que encerra um ciclo e envolve tanto os indivíduos como


os líderes organizacionais com o manto da totalidade. Aqueles que ficam para trás,
assim como aqueles que ainda virão, não podem mais interagir com as virtudes e os
vícios daqueles que partiram. Resta apenas a reprodução arquetípica, capaz de
transcender o tempo e dar significado ao legado deixado, que pode incluir as bases da
cultura organizacional.

Embora a morte seja um evento natural, sua presença pode ser sentida de
maneiras diferentes em diferentes contextos. Nas organizações, a morte de um líder ou
de um membro influente pode ter um impacto significativo na cultura e nos valores
organizacionais. É comum que esses eventos sejam acompanhados por rituais e
cerimônias que visam homenagear e lembrar o legado daqueles que partiram, e que
ajudam a solidificar a identidade e o propósito da organização.

A morte de Roberto Marinho, jornalista e empresário, revelou que sua morte foi
associada à imagem de um líder tradicional que herdou um negócio incipiente do pai e o
transformou através de atributos como ousadia, competência e tenacidade. Essa
percepção foi consolidada por meio de editoriais, reportagens e discursos de diversas
figuras públicas, e remeteu à figura do homem por trás do mito. A abordagem sócio-
construcionista permitiu entender como a morte de Roberto Marinho foi interpretada e
construída socialmente, destacando a importância de fatores culturais e históricos na
formação dessas representações. Foi vista como uma grande perda para o
empreendimento e para o país, pois sua ausência definitiva representou um declínio de
24

recursos e de liderança carismática. Apesar disso, seu legado não foi extinto e sua
influência como líder tradicional permaneceu presente, sendo retratado como uma
figura generosa, humilde e leal. A preservação de seus valores e histórias foi
considerada fundamental para a continuidade de seu legado, que se mantém perene
através da reprodução de seu trabalho e material produzido.

Nesse sentido, a reprodução arquetípica do legado dos que partiram pode ser
vista como uma forma de continuidade, que permite que a cultura organizacional se
mantenha viva e evolua ao longo do tempo. Ao honrar aqueles que contribuíram para a
organização, a reprodução arquetípica ajuda a manter sua memória viva e a reforçar a
identidade e a coesão interna.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É perceptível as diferenças culturais que existem, e como a cultura de cada país


influencia a forma que a organização é gerida. E que que pode haver influência de mais
de uma cultura em uma organização, e isto pode vir a implicar na convivência dos
integrantes do grupo na mesma.

De fato, o mito é uma das formas mais antigas de comunicação e transmissão de


conhecimento entre os povos. Ele é uma narrativa que busca explicar a origem e a
natureza do mundo, das coisas e dos seres, bem como suas relações com os deuses ou
seres sobrenaturais. Os mitos são, portanto, uma tentativa de dar sentido à vida, de
encontrar respostas para questões fundamentais, como o sentido da existência e a
relação do homem com o divino.

Por meio dos mitos, o homem primitivo procurava compreender o mundo ao seu
redor e estabelecer uma relação com o sagrado. Essas narrativas foram passadas
oralmente de geração em geração, sofrendo herança e incorporando elementos de outras
culturas ao longo do tempo. Com o advento da escrita, os mitos podem ser registrados e
preservados de forma mais precisa, permitindo que sejam estudados e analisados até
hoje.

O estudo dos mitos é importante não apenas para compreender a cultura e a


religião de um povo, mas também para entender a formação da própria humanidade e
suas diversas formas de expressão e cultura vividas. Os mitos são uma fonte de
inspiração para a arte, a literatura e a filosofia, e ainda exercem influência na cultura
25

contemporânea, seja na forma de estereótipos culturais ou em elementos de identidade e


pertencimento.

Os símbolos são elementos fundamentais da cultura. Eles possuem significados


que vão além de sua forma física, e são capazes de evocar emoções e sentimentos
profundos nas pessoas que os guardam. Os símbolos podem ser objetos, como a
bandeira de um país, ou atos, como um ritual religioso. Eles também podem estar
relacionados a qualidades ou relações, como o amor ou a amizade, e às formas
linguísticas que utilizamos para nos comunicar. Ajudam a criar um senso de identidade
cultural compartilhado entre as pessoas que fazem parte de uma mesma comunidade ou
sociedade. Eles ajudam a estabelecer um conjunto comum de valores, tradições e
práticas, que são transmitidos de geração em geração. A preservação desses símbolos é
fundamental para manter a coesão social e a continuidade cultural ao longo do tempo.

Os ritos são importantes em qualquer organização, pois criaram para tal uma
formação da identidade e imagem do grupo. Através dos ritos e rituais, uma organização
pode transmitir e fortalecer seus valores e crenças, bem como estabelecer um senso de
comunidade e pertencimento entre os membros.

Os ritos e rituais podem assumir diversas formas e estilos, desde cerimônias de


homenagem e reconhecimento até eventos de integração e celebração. Eles podem ser
usados para marcar momentos importantes na vida da organização, como aniversários,
conquistas, mudanças de liderança, entre outros.

Além disso, os ritos e rituais podem ser particularmente importantes em


momentos de transição ou mudança na organização. Eles podem ajudar os membros da
organização a lidar com a preocupação e a ansiedade que muitas vezes acompanham
esses momentos, fornecendo um senso de estabilidade e continuidade.

Em resumo, os ritos e rituais são elementos importantes na formação da


identidade e imagem de uma organização. Eles ajudam a transmitir e fortalecer os
valores e crenças da organização, além de fornecer um senso de comunidade e
pertencimento entre os membros.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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