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SÓ JESUS NA CAUSA

Vicenzo: Olá! Bem-vindo ao PodQuímica: o meu, o seu, o nosso podcast que tira
todas as suas dúvidas de Química, até aquelas que você nem sabe que tem .
(música dos “Locos”). (música de tema do podcast) E hoje o nosso programa
está recheadíssimo, com convidadas de peso...

Mariana: Peso do conhecimento, que fique bem claro! (risos)

Vicenzo: Isso mesmo! Bom, se é a primeira vez que você está ouvindo esse
podcast, seja muito bem-vindo. Nosso objetivo é discutir, falar, comentar,
debater, cantarolar e tratar sobre a Química até não aguentar mais. Esse
projeto foi fundado pelos universitários veteranos do curso de Química, da
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Nesse episódio, eu estou acompanhado
dela, a maior, a melhor, a gigante: minha mãe, que com certeza está ouvindo
em casa. Fora ela, tem também a Isabella Tognetti, que não importa muito.

Isabella: Eu fico super honrada com uma recepção dessas. É profundo, toca até
o âmago da alma. Oi, ouvintes do PodQuímica. É sempre um prazer estar aqui,
trocando umas ideias sobre ser químico e viver a química.

Vicenzo: Só para explicar como vai funcionar a dinâmica desse episódio: nós
recebemos duas perguntas muito interessantes de nossos ouvintes e
gostaríamos de respondê-las simultaneamente.

Isabella: É o famigerado “matar dois coelhos com uma cajadada só”.

Vicenzo: É, só se for do tempo de minha bisavó essa expressão...

Isabella: Enfim, vamos começar logo isso! A Giovana Francesa Ribeiro fez a
seguinte pergunta:

Giovana: Oiê, podquímicos. Eu estou no 1º semestre do curso de Química e


minha professora de Química Inorgânica I pediu para que eu analisasse um
artigo científico, um paper, sabe? Aquelas pesquisas científicas... mas eu não
tenho ideia de como fazer, nem por onde começar. Vocês podem me dar um
help? Beijinhos científicos!

Vicenzo: Olha, essa é uma ótima pergunta. Então, nós decidimos combinar com
essa pergunta aqui da Rebeca Pano WakaWaka:

Rebeca: Vocês podem me tirar uma dúvida? Eu tive na última semana uma
aula sobre desidratação. Porém, eu tinha de fazer coisas mais importantes,
como lixar minha unha. Logo, não pude prestar atenção na aula. Vocês
poderiam dar um “resumão” sobre esse assunto?

Isabella: É claro que podemos, Rebeca Espanto!

Vicenzo: É Rebeca Pano.

Isabella: Isso, Rebeca Pano. Bom, então, decidimos juntar as duas perguntas e a
resposta veio aí...

Vicenzo: Por que não analisarmos um artigo científico sobre desidratação?


Mas antes, a nossa querida Dra. Ana Carolinda explica para a gente um pouco
mais sobre desidratação.

Ana Carol: Desidratação. Primeira coisa que vem a nossa mente: perda de
água. E na Química não é muita diferente não. Há dois tipos de desidratações: a
desidratação intramolecular e a desidratação intermolecular. Na desidratação
intramolecular, há a saída de 1 molécula de água de “dentro” de cada molécula
de álcool. Já na desidratação intermolecular, ocorre a saída de 1 molécula de
água a partir de 2 moléculas de álcool, que interagem pelos grupos OH devido
à formação de ligações de hidrogênio. Essa que é a diferença primordial.

Isabella: Uau, muito interessante! A prof. Estrella Ferreira pode dar mais
detalhes para nós sobre essa reação orgânica? Ou então exemplos e
aplicações?
Stella: Mas é claro. O éter dietílico, também conhecido como sulfúrico ou
comum, é produzido usando o etanol como matéria-prima. Como assim? Por
meio da reação de desidratação. Ainda não caiu a ficha? Desidratação é
sinônimo de perda de água por parte do álcool. Nada mais é do que uma
desidratação do álcool. Daí, nós temos algumas implicações: o ácido sulfúrico
exerce o papel de agente desidratante na reação (isso significa que ele provoca
a saída da molécula de água). Como explicou maravilhosamente bem a Dra.
Ana, desidratação intermolecular é igual à saída de água dentre duas
moléculas de álcool, enquanto desidratação intramolecular é a saída de água
de dentro de apenas uma molécula de álcool.

Vicenzo: Muito obrigado pelas explicações! Até para mim acredito que ficou
mais claro. Agora vamos pôr a mão na massa, ou melhor, no papel? É com você,
Prof. Dra. Mariana Pera.

Mariana: Olá, ouvintes do PodQuímica! Estou aqui com a função de analisar,


juntamente com a estudante Maria Júlia Montada, uma pesquisa científica que
envolve o tópico da desidratação de álcoois.

Maju: Nós escolhemos uma dissertação de mestrado que foi apresentada ao


programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade Federal
de Uberlândia, em 2011.

Mariana: A autora é a mestranda Ana Flávia Pinheiro de Campos. O título de


sua dissertação é: “Avaliação de catalisadores na reação de desidratação do
glicerol”.

Maju: O objetivo da mestranda foi investigar as propriedades do glicerol, bem


como sua importância socioeconômica e, a partir disso, avaliar a utilização de
catalisadores na reação de desidratação desse composto orgânico cuja função
é álcool.
Mariana: Para que possamos estabelecer um contexto no qual a pesquisa foi
embasada, precisamos falar um pouco do glicerol. O glicerol desponta como
uma matéria-prima com baixo valor de mercado e de grande funcionalidade
para produção de diferentes produtos, tais como o 1,2-propanodiol e a
acroleína.

Maju: No trabalho, foi realizado um profundo e investigativo estudo teórico e


termodinâmico da reação de formação da acroleína, por intermédio de testes
catalíticos a partir do glicerol sob diferente catalisadores.

Mariana: Acroleína? Acetol? Glicerol? Bom, provavelmente, você nunca ouviu


esses nomes. A reação de desidratação do glicerol tem como principais
produtos a acroleína e acetol. Essa é a relação que existe entre esses
compostos orgânicos.

Maju: Exatamente! Mas qual é a importância socioeconômica de destrinchar


essa reação? É aí que chegamos ao ponto mais interessante. O volume extra de
glicerol, produzido a partir do biodiesel, pode comprometer a produção e
economicidade dos processos de obtenção desse biocombustível. Logo, é
necessário que se busque novas rotas de utilização do glicerol.

Mariana: Por isso, a pesquisa acerca da conversão do glicerol por meio de


processos catalíticos é de suma importância. Além disso, a reação de
desidratação do glicerol produz acroleína que, por sua vez, é destinada à
produção de ácido acrílico, o principal insumo para a produção de tintas,
polímeros e produtos de higiene.

Maju: Percebeu? Temos duas faces aqui para lidar: os processos catalíticos de
conversão do glicerol e a utilização da acroleína, produto da reação de
desidratação desse álcool.

Mariana: Após um longo e extenso período de pesquisas, análises e


experimentações, a pesquisadora pôde concluir algo muito relevante. Lembra-
se dos compostos 1,2-propanodiol e álcool alélico que citamos anteriormente?
Pois é, eles possuem constantes de equilíbrio próximas aos valores das
constantes de equilíbrio das reações de desidratação do glicerol.

Maju: Isso nos leva a crer que estes subprodutos serão formados no ambiente
reacional da reação de desidratação do glicerol. No entanto, apesar da
estabilidade dos catalisadores, notou-se que eles foram ineficientes para a
produção de acroleína.

Mariana: Mesmo assim, o desenvolvimento de processos catalíticos a partir de


materiais renováveis é uma alternativa bem promissora e interessante. Para
que o processo a partir da reação de desidratação do glicerol seja de fato
eficiente e viável, deve-se observar características essenciais dos
catalisadores, tal como a acidez, entre outros.

Vicenzo: Nossa, que incrível! É realmente surpreendente poder observar essa


relação entre os catalisadores e a reação de desidratação. Que aula, meus
amigos! Que episódio memorável!

Isabella: E é com essa pesquisa e elucidação científica esplêndida que


terminamos o podcast dessa semana!

Vicenzo: Muito obrigado pela sua companhia! Um obrigado especial a todas as


nossas convidadas e ouvintes que interagiram conosco. Foi, para mim, o
melhor episódio que já gravamos. Te esperamos semana que vem para mais
um PodQuímica! Até mais!

Isabella: Tchau-tchau.

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