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TRABALHO DE ÉTICA PROFISSIONAL

ATENÇÃO. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: O Trabalho consiste em um RESUMO do


TEXTO abaixo, no máximo é duas folhas. O Trabalho deverá ser entregue,
IMPRETERIVELMENTE, no dia e horário da AV-2. O Trabalho deve ser
MANUSCRITO, com letras legíveis. Cada GRUPO deverá colocar o NOME
COMPLETO dos integrantes. O Trabalho tem por finalidade ajudar na nota da
AV-2, podendo valer ATÉ, no máximo, três pontos.

GRUPO – NOMES COMPLETOS DOS INTEGRANTES:


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ÉTICA PROFISSIONAL DO ADVOGADO – O DIREITO-DEVER DE


GUARDAR SIGILO PROFISSIONAL

Professor José Augusto Paz Ximenes Furtado1

1 Considerações iniciais. A matéria referente ao sigilo profissional se encontra


disciplinada no Código de Ética e Disciplina da OAB, nos artigos 25 a 27. Lembramos
que o trabalho do advogado se realizada sob o princípio da confiabilidade. O
advogado, para realizar melhor a defesa dos interesses de seu constituinte, muitas vezes
deste se torna confidente. Passa a ter acesso a informações íntimas de seu cliente.
Ao tempo em que tem o dever de guardar sigilo a respeito do que lhe fora
confidenciado pelo seu cliente, o advogado tem o direito de se recusar a depor como
testemunha sobre qualquer fato que esteja resguardado pelo sigilo profissional.
Buscando uma interpretação deste dispositivo legal, podemos assegurar que o seu
significado é amplo, de ordem pública, constituindo-se em um poder/dever de guardar
sigilo.
A Lei n. 8.906/94, disciplinando os direitos do advogado, dispõe, no inciso XIX, do
artigo 7º:
Art. 7º São direitos do advogado: [...] XIX - recusar-se a depor como
testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou
sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado,
mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como
sobre fato que constitua sigilo profissional.

1 Doutorando em Direito Civil – Universidade de Buenos Aires – UBA. Mestre em Educação –


Universidade Federal do Piauí – UFPI. Especialista em Direito Processual – Universidade Federal de
Santa Catarina – UFSC. Bacharel em Direito – UDF (Brasília-DF). Professor de Direito Civil, de Direito
Processual Civil, Prática Jurídica Cível e de História do Direito. Advogado. Ex-Diretor de Ensino da
Escola Superior de Advocacia do Piauí – ESAPI.
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Como se constitui em um dever o advogado zelar pelo sigilo profissional, a lei


concede a esse dever a proteção necessária: 1) inviolabilidade do escritório ou local
de trabalho – artigo 7º, II, EAOAB; e 2) Recusa em depor – inciso XIX, do artigo 7º, EAOAB.
2 Da violação do dever de guardar sigilo: infração disciplinar. O artigo 34, VII, do
EAOAB, prevê como infração disciplinar a ocorrência de violação, sem justa causa, do
sigilo profissional por parte do advogado, cominando pena de censura, conforme artigo
36, I, do EAOAB.
O que seria, neste caso, a justa causa, para a quebra de sigilo? O artigo 27, do
Código de Ética e Disciplina, apresenta-nos as hipóteses: grave ameaça ao direito à
vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em
defesa própria, tenha que revelar segredo (sempre restrito ao interesse da causa).
Lembrar também que o advogado, quando no exercício das funções de
MEDIADOR, se submete às regras de sigilo profissional – artigo 36, § 2º, Código de Ética
e Disciplina em vigor.

3 Do dever de sigilo processual. Além do sigilo profissional, cabe ao advogado


guardar também uma outra espécie de sigilo: o sigilo processual. Muitos processos que
correm perante o Poder Judiciário necessitam da necessária proteção do sigilo para
que a prestação jurisdicional alcance o seu fim sem comprometimento da honra, da
intimidade e da própria dignidade das pessoas envolvidas no conflito judicial.
Esse cuidado com sigilo em alguns processos se encontra de acordo com a
proteção legal dada pelo Texto Maior, que elevou a dignidade da pessoa humana
como um dos princípios fundamentais da República – artigo 1º, III, da Constituição
Federal em vigor.
Por sua vez, o inciso X, do artigo 5º, da Carta Política, preceitua: são invioláveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Também a Constituição Federal vigente, no inciso LX, do artigo 5º, determina: a
lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem.
No plano infraconstitucional igualmente encontramos disposições legais
preocupadas na preservação da intimidade, honra e imagem das pessoas. O Código
de Processo Civil em vigor, no seu artigo 189, estabelece as hipóteses de correm em
segredo de justiça os processos: I - em que o exigir o interesse público ou social; II – que
versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III – em que constem dados
protegidos pelo direito constitucional à intimidade; III – que versem sobre arbitragem,
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inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade


estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
O Código Civil atual, nos artigos 11 a 21, confere proteção aos chamados direitos
da personalidade, que têm como fundamento o supra princípio da dignidade humana,
esculpido no artigo 1º, III, da Constituição Federal vigente.
Lembremos que os processos ético-disciplinares perante o Tribunal de Ética e
Disciplina da OAB igualmente correm de modo sigiloso, como preceitua o § 2º, do artigo
72, do EAOAB: O processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu término, só tendo
acesso às suas informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária
competente.
Tal preceito acima procura resguardar a presunção de inocência do advogado,
assegurando-lhe, ademais, o princípio constitucional do contraditório e ampla defesa –
artigo 5º, LV, CF/88.

4 Considerações finais. Observamos, a partir das considerações acima, que a


relação entre advogado e seu cliente se dá sob o princípio da confiança. E, não
havendo mais esse vínculo de confiança, cabe ao advogado renunciar ao mandato
que lhe fora outorgado.
O Código de Ética e Disciplina vigente no artigo 2º, VII, determina que é
obrigação do advogado desaconselhar seu cliente a não ingressar em aventura
judicial, ou seja, em lides temerárias, devendo estimular a conciliação e a mediação
entre os litigantes, buscando prevenir, sempre que possível, a instauração de litígios –
artigo 2º, VI, CED.
Também o Código de Ética e Disciplina determina que o advogado evite
entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o
assentimento deste, sob pena de responder pela prática de infração disciplinar – artigo
34, VIII, EAOAB. No bojo de todas estas recomendações legais dirigidas ao advogado,
no exercício de sua profissão, há também, o dever-direito de guardar sigilo profissional.

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