Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE FILOSOFIA

DISCIPLINA: ÉTICA I

PROF.: ANGELO VITORIO CENCI

ACADÊMICO: LUCAS CASTRO QUOOS

Síntese do capítulo II do livro Ética geral e das profissões

Viver em sociedade e, sobretudo, viver de forma ética, demanda uma


preparação para tal. É por isso que, no exemplo dado, 90% dos acidentes nas estradas se
dão mais por culpa da imprudência dos motoristas do que pelas más condições das
estradas. Assim como o transito, a ética depende de que as pessoas que estão vivendo
em uma sociedade estejam preparadas e conscientes. É fundamental que a educação
ocorra de forma satisfatória para que o os sujeitos possam agir de forma deliberada,
consciente, assimilando as regras do convívio social e se habituando a agir de forma
prudente.

Quando falamos de ética, é importante que o indivíduo aja de forma


voluntária e consciente. Que sua ação não seja desinteressada ou com interesses dúbios
(com medo da punição, por exemplo) e sim por deliberadamente ter decidido que era a
maneira mais justa para se agir naquele momento.

Desde a sua origem a ética é um saber que divide-se entre prático e teórico.
Enquanto o último é contemplativo e busca conhecer as coisas como são, a práxis visa
ao agir bem, a partir do caráter do indivíduo, a poiésis busca a perfeição dos objetos
produzidos, que são externos ao sujeito. Em resumo: o saber teórico dá conta daquilo
que é e nunca muda, enquanto o prático serve para dar conta daquilo que depende da
ação e, por isso, é mutável.

O saber prático funciona através do meio-termo. Segundo Aristóteles, há o


meio-termo aritmético e o meio-termo para nós. Este último consiste no ajuste entre a
falta e o exagero. Um homem corajoso em exagero, por exemplo, é temeroso. Ao
mesmo tempo em que este homem, ao ter excesso de zelo em todas as suas ações, se
torna covarde. O ideal será o meio-termo de suas ações entre a coragem e o zelo. Mas
este meio-termo não é o meio-termo aritmético, que está sempre no centro exato entre
dois extremos. O meio-termo para nós depende das circunstâncias.

Dentre os parâmetros da ética, existem os princípios morais. São eles que


legitimam normas, juízos e valores para o agir. Os valores podem ser universais,
funcionando como parâmetros orientadores para o agir. A ética não trabalha com
parâmetros que dizem o que o indivíduo tem que fazer, mas procura fornecer
ferramentas para que ele possa orientar a sua ação.

Há diferenças entre ética e moral. A moral é histórica, contextual,


prescritiva e material: diz o que se deve fazer, como se deve agir e muda com o tempo.
Ela vem de fora. “Quem quiser fazer parte de um determinado credo religioso ou de
uma profissão tem de aceitar o regramento moral interno num determinado grupo de
pessoas. ”

Já a ética diz respeito a princípios que criticam o agir humano, ocupando-se


de normas, juízos e valores enquanto reflexão sobre eles. “A esfera da ética é a esfera da
justificação racional do agir mediante razões”. A justiça, solidariedade, respeito mútuo,
são valores desejáveis universalmente e necessários. Neste caso, a ética coloca-se como
sinalizadora do agir humano, sem a intenção de prescreve-lo. Para isso, são necessários
tais parâmetros. Do contrário cairia num relativismo totalmente descabido onde cada um
teria sua ética.

“Todo o agir humano, para poder ter valor moral, deve, pois, ter uma base
crítica e racional, ou seja, deve buscar e poder ser justificado racionalmente.” (p. 11) a
ética busca a autonomia dos indivíduos para que sejam capazes de justificar os
princípios das próprias ações.

Não cabe à ética dizer o que o indivíduo deve fazer, por isso conta com a
responsabilidade e capacidade de cada um raciocinar acerca de suas ações. Isso nada
tem a ver com o relativismo, pois toda reflexão ética requer princípios racionais e
lógicos capazes de justificarem por si próprios e com boas razões seu agir.

Você também pode gostar