Você está na página 1de 47

1.

PRIMEIRAS NOÇÕES
Necessidades humanas. Bens da vida. Interesses. Classificações

● Bens da vida → bens que se destinam a ser utilizados pelo ser humano para suprir suas
necessidades humanas (de sobrevivência e desenvolvimento)
● Interesse → a razão que se coloca entre o ser humano e o bem da vida
○ A posição do ser humano em relação a um bem da vida para atender a uma
necessidade humana
○ Razão positiva: interesse sobre um bem da vida
○ Razão negativa: falta de interesse sobre um bem da vida
○ O titular do interesse é o ser humano e o objeto do interesse é o bem da vida
○ Classificação do interesse:
■ Individual: razão entre ser humano e o bem da vida e eminentemente
individual
■ Coletivo: razão entre ser humano e bem da vida analisada a partir de
um grupo
■ Difuso: razão entre ser humano e bem da vida analisado a partir de
aspecto indefinido e indeterminado

Conflitos intersubjetivos de interesses e Formas espontâneas de composição

● Conflito Intersubjetivo de interesses: duas ou mais pessoas têm interesse sobre o


mesmo bem, mas só uma pode obtê-lo
● Interesses ilimitados e bens limitados geram conflito
○ Acontece porque o Judiciário não consegue dar respostas tão rapidamente
quanto são exigidas
● Necessidade de mecanismos para resolver conflitos
● Alguns conflitos não necessitam de mecanismos de resolução, pois existem formas
espontâneas de resolução de conflitos:
○ Violência: uso da força física resolve, quando o mais fraco se conforma em
relação ao mais fraco
○ Solução moral: o conflito é resolvido com o emprego da moral, da convicção
do que é certo e o que é errado
○ Solução arbitral: define-se um terceiro conhecedor dos fatos, para mediar o
conflito de interesses
○ Solução contratual: ajuste entre as duas partes tendo como resultado a
formulação de um contrato entre as partes
○ São espontâneas, pois as partes se resolvem entre si, no máximo com a
presença de um árbitro
○ Nem sempre as formas espontâneas de resolução de conflitos resolvem
definitivamente os conflitos, pode acarretar no reavivamento do conflito
○ Essas soluções se perduram enquanto os conflitantes permanecerem com
incertezas quanto a seus interesses, pois elas só se firmam com base nessa
incerteza

Agravação do conflito: pretensão e lide. Autocomposição

● Os conflitos de interesses são, normalmente, resolvidos pela incidência da norma


prescrita, mas as vezes a norma não é suficiente para resolver o conflito
● Agravação do Conflito → uma exigência é dirigida de um dos conflitantes em relação
ao outro conflitante
● Pretensão → é exigência da subordinação de um interesse alheio ao interesse próprio
○ Pode se aceitar ou reagir
○ Em caso de reação o conflito se agrava se tornando uma Lide
● Lide ou Litígio → conflito de interesse qualificado, agravado, por uma pretensão
resistida
○ Nesse momento que os conflitos em geral chegam no Judiciário
● Resolução de Lides:
○ Por ato de um ou ambos os conflitantes (litigantes)
■ Um ou ambos concordam em reduzir a pretensão, renunciar os
interesses:
● Autotutela ou autodefesa → um dos litigantes impõe ao outro o
sacrifício do seu interesse, prevalece o uso da força. Ex:
legítima defesa
● Autocomposição: um ou ambos concordam em sacrificar parcial
ou totalmente o seu interesse para por fim ao conflito:
○ Desistência → renúncia a pretensão
○ Submissão → renúncia à resistência oposta à pretensão
○ Transação → concessões mútuas dos conflitantes
○ Por ato de terceiro
■ Mediação → fazer com que ambos os conflitantes conversem
■ Conciliação → fazer com que os conflitantes se conciliem
■ Arbitragem → conflito não conciliado, o árbitro, sendo um terceiro e
figura privada, define qual dos conflitantes tem razão
■ Processo → o Estado resolve conflito
■ Arbitragem x Processo → a figura que define é, na arbitragem, privada
(árbitro) e, no processo, pública (Estado)

Lide e processo

● Lide pressupõe um conflito e esse conflito é resolvido através do processo que se dá


de acordo com a norma reguladora
○ O processo é o meio que permite a norma incidir sobre o litígio
○ Processo é o meio, instrumento que o Estado utiliza para o exercício da sua
função jurisdicional de compor as Lides
■ É o principal meio de resolução de conflitos

2.EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO E


DO DIREITO PROCESSUAL

Evolução Histórica do Processo:

A Antiguidade do processo

● Características gerais:
○ Subjetividade → dilui com o passar do tempo (religiosidade/normas escritas)
○ Influência religiosa
○ Quem tinha o poder político ou era delegado (de poder) podia julgar
● Antiguidade:
○ Julgar → exercício do Poder. Quem julga usa um poder concedido pelo Estado
ou por um particular → exercício do poder implícito na história
○ Egito → faraó (detentor do poder político) julgava com base em aspectos
subjetivos (não havia normas de conduta, o faraó decidia de acordo com sua
vontade)
○ O detentor do poder político exerce sua influência na atividade de julgar
○ Um detentor do poder político, quando julga um litígio, se legitima perante os
demais
○ Poder está relacionado à Legitimidade, ele legitima
● Assírios:
○ Novas escritas (Código de Hammurabi)
■ Definem parâmetros a quem julgava → diminui a subjetividade
○ Componente religioso → tira a subjetividade → presente nas normas de
conduta
○ Problema da Diferença das Interpretações Religiosas → natureza jurídico-
teológico (um juiz aplica uma lei de Deus de uma forma e outro aplica a
mesma lei de outra forma)
○ Componente religioso → substitui as normas originárias de quem detém o
poder político. Atividade de julgar e componente religiosos se convergem
● Fenícios → Processos para resolver questões comerciais]
● Grécia Antiga:
○ Platão e Aristóteles → direito público (do Estado)
○ Influência do Estado → atividade de julgar como atividade do Estado

O Processo Romano do Período Clássico e suas Principais Características


● Da fundação de Roma à queda do Império romano do ocidente
● Legis Actiones, Per Formulas ou Formulário e Cognitio Extraordinária
● O período da Legis Actiones ou Ações da Lei
○ Da fundação de Roma (754 a.C) até 149 a.C
○ A ação para ser exercida precisava ter previsão na lei, se não não tinha ação
○ Lei das Doze Tábuas
○ Formalista extremo → ações rigorosamente observadas, sob pena do autor não
ter açã
○ Procedimento inteiramente oral
○ Duas fases:
■ in iuri
● Processava perante magistrado romano → comparecimento
obrigatório das partes (desejável a presença de parente e amigo)
● Autor pode usar a força para levar seu réu para a autoridade
● Magistrado ouvia a postulação do autor e a defesa do réu →
define se o autor tinha ação (actio, previsão na lei) ou não
○ Se não tiver actio → o processo se encerra
○ Se tiver actio → estabelece-se a litiscontestatio,
delimita-se o objeto do litígio, as partes se
comprometem a ficar até o final do processo e cumprir o
que for decidido por sentença
● in iuri → actio → litiscontestatio
■ in iudicium
● Acontecia perante o juiz ou árbitro
● Produção das provas → debate entre as partes → sentença
proferida pelo juiz ou pelo árbitro
○ Resumo do Período Legis Actiones:
■ Extremamente formal
■ Inteiramente oral
■ Comparecimento obrigatório das partes
■ In iuri e in iudicium
■ Colheita de provas → debate → sentença → perante o juiz ou o árbitro
● O Período da Per Formulas ou Formulário
○ 149 a.C até o Séc III
○ Crescimento do império romano → atrair imigrantes → instalam-se no
território → interesse de ação entre estrangeiros e romanos
○ Necessidade de resolver conflitos entre estrangeiros, entre romanos e
estrangeiros e vice-versa
○ Pretor → realiza ação entre estrangeiros e de estrangeiros e romanos
○ Fórmula → documento escrito pelo pretor aos interessados na composição do
litígio, compor a lide → sintetizava a demanda e o que e com base em que
deveria ser julgado
○ Lex Julia → decretava a aplicação do formulário como procedimento padrão
para todas as causas havidas no império romano
○ Direito pretoriano → vem da jurisprudência, da construção prudencial
■ O pretor constrói e adapta as normas no decorrer dos casos
■ Cada pretor tem uma área de atuação
○ Preponderantemente oral e se dividia em duas fases:
■ In iuri:
● Perante o pretor → se decidia a actio
● Comparecimento pessoal perante o pretor e podiam ser ajudadas
por juristas ou procuradores
● Se resolvia a questão pertinente à actio
● Edito → livro de fórmulas que podia ser consultado pelo pretor
e pelas partes para que uma seja aplicada ao caso
● Só haveria a actio se o pretor tivesse em seu Edito uma fórmula
que correspondesse ao caso → sem fórmula não existe actio
● Fórmula → pequeno documento que se destinava a concretizar
por escrito as pretensões das partes e a fixar a missão do juiz
● Dada a existência da actio, se definia a litiscontestatio →
vínculo entre as partes com o processo que compromete as
partes a comparecer a todas as partes do julgamento e dar total
cumprimento ao que for decidido na sentença
○ Delimita o objeto da lide e não podia ser modificado
● Pretor→fórmula (edito)→actio→litiscontestatio
■ In iudicium:
● Acordo entre as partes para decidir quem vai julgar a lide → as
partes poderiam não chegar a um acordo, assim o pretor escolhe
● O julgamento seria perante o iudex ou arbiter (o escolhido pelas
partes, juiz ou árbitro)
● Sentença era oral e feita pelo iudex ou arbiter e deveria se ater
ao limite da fórmula (ela definia os parâmetros da sentença)
● Iudex ou arbiter→sentença (fórmula)
○ Resumo do período da Per Formulas ou Formulário
■ Quase inteiramente oral → fórmula era escrita
■ Procedimento menos formalista que o da Legis Actione → se
desdobrava em duas fases: in iuri (Pretor, existência ou não de fórmula
para suprir a demanda); in iudicium (juiz ou árbitro aplica a jurisdição)
■ Comparecimento obrigatório das partes; podiam ser orientadas
■ Produção de provas, debates e sentença final → in iudicium
■ Contrariedade recíproca entre as partes (princípio do contraditório)
■ Quem alega o fato tem que prová-lo
■ O juiz apreciava livremente a prova → formava sua convicção
(princípio do livre convencimento do juiz ou livre convencimento)
■ Sentença → condena o réu a pagar uma soma em dinheiro, que
substitui o valor de um objeto requerido
■ Procedimento formalista (menos que o período anterior) → era
destinado também a estrangeiros
● O Período da Cognitio Extraordinária
○ Séc III até codificação de Justiniano (528-534)
○ Diocleciano → cria um procedimento diferente: Cognitio Extraordinaria
■ Voltado para certas causas de acordo com a natureza jurídica das
causas e pessoas em demanda
○ Surge para as causas em que o Império Romano fosse parte
○ Cargo de julgar o processo era dado a um funcionário do Império Romano →
prestar jurisdição desde o início do processo, colhendo provas, proferindo a
sentença e lhe dando execução
○ Criação do cargo de juiz oficial, servidor do estado, encarregado de prestar
jurisdição do início ao fim do processo
○ Não há mais divisão do processo em duas fases e não há mais a litiscontestatio
■ Quem cuida para que a sentença seja cumprida era o próprio Estado por
medidas coercitivas
● Não há necessidade do comparecimento obrigatório das partes
● Força do Estado + não comparecimento das partes → o
processo não é mais preponderantemente oral e sim escrito
○ Etapas do Processo:
■ Petição inicial → escrita (Libellus Conventiones)
■ Citação → juiz ordena a citação do réu, feita por um auxiliar do juiz
(Litis Denuntiatos)
■ Contestação → defesa do réu (Libellus Contradictiones ou Libellus
Respontiones)
■ Provas → produção de provas (Probatio)
■ Prolação da Sentença → sentença (Sentencia)
■ Recurso → recurso contra a sentença, dirigido ao imperador
(Appellatio). Era dirigido ao imperador para que ele possa ter controle
sobre os assuntos do império e da fidelidade dos juízes
○ O imperador só julgava os appellatios e, para isso ele cria um novo patamar de
servidores públicos para fazer esse papel → surgem os Tribunais em Roma
○ Resumo do Período Cognitio Extraordinária:
■ Forte utilização da sentença escrita
■ Se desenvolvia perante o juiz
■ Possibilidade de instauração e prosseguimento à revelia do réu
■ Fim da divisão do processo em duas fases → inteiramente pelo juiz
■ Fim da litiscontestatio → as partes não estavam mais presentes
■ Sentença proferida por um juiz do Estado → força autoritária estatal
■ Possibilidade de interposição de recurso para impugnar a sentença
(Appellatio)
■ Execução da sentença com o emprego de medidas coativas pelo Estado

O Processo Germânico, Canônico e Comum Medieval

● Processo Germânico
○ Inicia-se após a queda de Roma
○ Extremamente rudimentar em comparação com a Cognitio Extraordinária
○ Ding como titular da jurisdição → assembleia popular dos homens livres,
chefiada pelo chefe da tribo (o mais tarde Senhor Feudal)
○ Causas de menor importância → Dings menores presididas por um delegado
do chefe
○ Inteiramente oral
○ Perante a coletividade, a Ding, a assembleia (semelhante a um júri)
○ Senhor feudal (chefe da Ding) → dirigia trabalhos e orientava o procedimento
da Ding de acordo com procedimentos anteriores
○ Processo:
■ O autor e o réu falavam seus argumentos e apresentavam provas
perante a Ding
■ Verificação da prova → as partes juravam o que diziam e eram
submetidas a ordálias, provas físicas (por a mão no fogo, queimar com
óleo) e quem não cumprisse a tarefa não teria razão. Ambos cumprem
→ combate até a morte
○ Não existia recurso, pois o senhor feudal que presidia a Ding
○ Havia punição para a parte perdedora, definida pela Ding
○ Resquícios do processo germânico → o juramento e o júri
○ Resultado da mistura de instituições do período da Cognitio Extraordinária do
processo romano com as instituições incitas ao processo germânico
● Processo Canônico
○ Influência da Igreja e do processo romano da Cognitio Extraordinária →
fundamental para a manutenção e perpetuação do processo romano
○ 1088 → primeira universidade em Bolonha: ênfase ao processo romano.
Irnério funda a Escola dos Glosadores e Acurrio a Escola dos Pós-Glosadores
■ Escola dos Glosadores → estudo dos textos romanos com foco em sua
interpretação e com menor ênfase na prática forense
■ Escola dos Pós-Glosadores → estudo dos textos romanos dando maior
ênfase à prática forense
○ Disputa entre o estudo do direito canônico e o romano → confronto entre a
religião e a política
○ Surge o direito fruto da mistura de instituições do direito romano, germânico,
canônico, romano-barbárico e contribuição de glosadores e pós-glosadores →
Processo Romano Canônico
○ Processo Romano Barbárico x Processo Romano Canônico
● Processo Comum Medieval
○ Influência dos comerciantes a procura de segurança → centralização do poder
político por uma legislação que decorre do rei
○ É o Processo Romano Canônico + Legislações
○ Se aplica a todas as causas em relação a todas as causas que não tivessem uma
relação própria
○ Formalista, Inteiramente escrito e lento (desanimava as partes do processo)
○ Papa Clemente V cria o Procedimento Sumário → processo que buscava
suprimir solenidades, procurando uma maior oralidade
■ Buscava diminuir o formalismo e a morosidade do processo comum

Evolução Histórica do Direito Processual

Praxismo (5 d.C a 1807)

● Prática difere da teoria → Praxis ≠ Teoros


● Direito processual estudado a partir de uma visão prática
● Ausência de leis
● Pouca produção legislativa, mas demanda continua a existir
○ O direito processual se limita a análise e estudos dos modelos procedimentais
● Atitude meramente descritiva de modelos

Procedimentalismo (1807 a 1868)

● Revolução Francesa → consolidar uma visão de democracia burguesa e encontra em


Napoleão alguém que encarnasse em seus fundamentos de igualdade e liberdade
● 1807 → Napoleão implementa o código civil francês
○ Contexto histórico →

3.DA JURISDIÇÃO
Teoria da Jurisdição

Teoria da Jurisdição
A palavra e suas acepções

● Iurisdicione
● Atividade humana que consiste em dizer o direito para solucionar um litígio
● Pré-requisitos / Pressupostos para a Jurisdição:
○ Um litígio a ser resolvido
○ Um ordenamento jurídico com base no qual se resolverá o conflito
○ Uma autoridade estatal com poder para dizer o direito e, assim, compor o
conflito:
■ Autoridade deve ser estatal, pois o direito a ser aplicado para compor o
conflito necessita de legitimidade
● A jurisdição é um prolongamento da função legislativa do Estado e a pressupõe → o
direito proporciona os parâmetros de aplicabilidade
● O papel do Parlamento (Legislativo) é elaborar normas gerais e abstratas que
posteriormente serão concretizadas, individualizadas e particularizadas pela Jurisdição
● Jurisdição → função inerente a própria soberania do poder estatal
● Acepções do vocábulo “jurisdição”:
○ Autoridade estatal sobre um determinado espaço territorial → não importa se
essa autoridade é legislativa, executiva ou judiciária
○ Órgão de poder judiciário = justiça → “jurisdição trabalhista, militar…”
○ Sentido de competência → “o processo se encontra sob jurisdição do juiz”

A Jurisdição como Atividade e como Função: Subsunção

● Processo como instrumento da jurisdição


● Jurisdição vista como Poder, Função e Atividade
○ Justiça como Poder do Estado → manifestação do poder soberano estatal de
decidir imperativamente (fazer cumprir suas decisões)
○ Jurisdição como Função do Estado → o dever que tem os órgãos e autoridades
estatais de compor os conflitos de interesses mediante a aplicação do direito
justo, pacificando assim os litígios havidos em sociedade (é função, a
autoridade não pode se recusar a compor o litígio)
○ Jurisdição como Atividade do Estado → atividade do Estado, conjunto de atos
que o juiz pratica em cada processo
● Ao julgar um processo, o juiz está exercendo um poder, cumprindo uma função e
exercitando a atividade jurisdicional
● Subsunção → própria Incidência da Lei ao Caso Concreto
○ É um objetivo de realização da jurisdição
○ Quando há a subsunção e em seguida a resolução do conflito, diz-se que o
Estado tutela a ordem jurisdicional para pacificar o conflito

A Tutela Jurisdicional
● É o encargo que tem o Estado de promover a pacificação dos conflitos de interesses
mediante a incidência da lei ao caso concreto de modo a dar a cada um o que lhe é
devido.
● Quem define a tutela jurisdicional é a própria parte, essa pode exigir do Estado:
○ Decisão (Sentença) que ponha fim ao litígio → Tutela Jurisdicional de
Conhecimento – é a tutela jurisdicional que resulta do pedido da parte autora
ao Estado-juiz para que se profira uma decisão (sentença) que componha o
litígio, sendo que para tanto, o Estado-juiz deverá conhecer do litígio
examinado a pretensão do autor e a resistência à pretensão pelo réu
■ Tutela Jurisdicional de Conhecimento Meramente Declaratória → É a
tutela jurisdicional de conhecimento que resulta de pedido da parte
autora ao Estado-juiz para que se profira uma decisão (sentença) que
declare acerca da existência, inexistência ou modo de ser de uma
relação jurídica ou acerca da autenticidade ou falsidade de um
documento. É a obtenção de certeza jurídica do Estado
■ Tutela Jurisdicional de Conhecimento Condenatória → É a tutela
jurisdicional de conhecimento pela qual a parte autora pede ao Estado-
juiz a prolação de uma decisão (sentença) que condene o réu a uma
prestação de dar, fazer ou não-fazer. Busca-se a condenação do réu
■ Tutela Jurisdicional de Conhecimento Constitutiva → É a tutela
jurisdicional de conhecimento pela qual a parte autora pede ao Estado-
juiz a prolação de uma decisão (sentença) que, modificando uma
situação jurídica em andamento, venha a criar uma nova situação
jurídica.
○ Atos de Execução → Tutela Jurisdicional de Execução – é a tutela pela qual
a parte autora exequente pede ao Estado-juiz tutela jurisdicional consiste na
prática de atos de execução destinados a concretizar um comando contido em
sentença proferida no processo de conhecimento (execução por título judicial)
ou em documento ao qual a lei atribui eficácia executiva (execução por título
extrajudicial)
○ Medidas Cautelares (Preventivas) para resguardá-la de um perecimento de um
direito em razão da demora → Tutela Jurisdicional Cautelar – é a tutela
jurisdicional na qual a parte autora [requerente] pede ao Estado-juiz a adoção
de medidas cautelares ou preventivas destinadas a resguardar a parte de
eventual demora no processo de conhecimento ou no processo de execução
■ Deve-se observar dois requisitos para a aplicação de medidas
cautelares: Fumus boni iuris [se aquilo que alega a parte encontra
respaldo na lei]; Periculum in mora [o perigo na demora]
○ Ordem à Autoridade Pública → Tutela Jurisdicional Mandamental – tutela
jurisdicional na qual a parte autora [impetrante] pede ao Estado-juiz que emita
uma ordem dirigida a uma autoridade pública [impetrado]

Formas de Realização da Jurisdição


● Poder de Decisão
● Poder de Coerção
● Poder de Documentação → poder do juiz de documentar por escrito o que ocorre no
processo
● Poder de Polícia → vai além do poder jurisdicional, para também transbordar para o
poder administrativo

Princípios da Jurisdição

● Princípio da Investidura
○ Só é investido de autoridade jurisdicional nos poderes do juiz aquele que for
regularmente investido na condição de juiz segundo as regras constitucionais e
legais aplicadas ao caso
○ Decorre da ideia de que o juiz exerce uma parcela do poder estatal soberano
● Princípio da Indelegabilidade da Jurisdição
○ É vedado, ao juiz, delegar a quem quer que seja a sua atividade → o juiz deve
exercer a atividade jurisdicional pessoalmente, sendo vedado delegar sua
atividade
○ Decorre da ideia de que é vedado a qualquer dos poderes delegar suas
atribuições
● Princípio da Aderência da Jurisdição a um Território (Princípio da Territorialidade)
○ A jurisdição exercida por um magistrado encontra limites de natureza
territorial ao qual ela se adere
● Princípio da Extraterritorialidade
○ A jurisdição de um estado só vai a não ter uma característica extraterritorial
● Princípio da Inevitabilidade
○ A jurisdição é um resultado do próprio poder estatal soberano e nesse contexto,
ela se impõe por si mesma independentemente de eventual pacto entre as
partes para a aceitação do resultado do processo
● Princípio da Inafastabilidade
○ A todos é garantido o acesso ao Poder Judiciário, que não pode se recusar a
prestar a jurisdição a quem venha legalmente postular a tutela jurisdicional
● Princípio de Juiz Natural
○ A todos é garantido o acesso ao Poder Judiciário por meio de um juiz
independente e imparcial indicado segundo as regras constitucionais e legais
aplicáveis ao caso
○ É uma resposta ao juiz de exceção → aquele que é formado para julgar um
caso específico
● Princípio da Inércia
○ Os órgãos do poder judiciário são por sua própria natureza inertes, somente
agindo por iniciativa das partes
○ Só agem quando provocados
● Princípio do Dispositivo
○ A propositura da ação (pedido ao autor ao Estado-juiz de tutela jurisdicional)
está condicionada à vontade da parte
○ Similar ao Princípio da Inércia, mas não iguais
● Princípio do Impulso Oficial
○ Uma vez proposta a ação, o Estado se encarrega de dar impulso (andamento)
ao processo, não permitindo a paralisação injustificável do processo no tempo
● Princípio do Devido Processo Legal
○ O processo é o meio público de resolução de litígios, e nesse contexto, esse
processo deve seguir todos os parâmetros legais necessários para que seja
julgado de acordo com a lei
● Princípio do Contraditório
○ As partes, na busca da verdade, deve se sujeitar à dialética do processo
(reciprocamente se contradizem no processo)
○ As duas partes devem se contradizer dentro do processo
○ O que o contraditório objetiva é evitar surpresas durante o processo
○ Beneficia ambas as partes do processo
○ Está inserido no contexto da ampla defesa
○ Deve haver uma cooperação recíproca entre as partes (não haver surpresas de
ambos os lados)
○ Previsto na Constituição no art 55
● Princípio da Ampla Defesa
○ As partes do processo devem ter inteira liberdade de defender os fundamentos
que motivam sua participação jurídica processual
○ As partes podem usar todos os meios previstos em lei e defendidos pelo direito
para sustentar seu argumento
○ Pressupõe observância aos termos da lei
○ À todos é assegurada no processo o direito a ampla defesa (tanto o réu quanto
o autor)
○ Defender a sua pretensão ou a resistência da pretensão utilizando os meios
legais disponíveis
○ Sofre restrições quanto à instância o processo pode chegar (Ex: não pode
chegar ao STF se não possuir matéria para tal)
○ Previsto na Constituição no art 55
● Princípio da Imparcialidade
○ O Estado-juiz é imparcial
○ É requisito fundamental para o processo
○ Dele deriva a suspeição por impedimento do juiz
○ O impedimento afasta o juiz do processo
○ A suspeição de parcialidade não tira o juiz do processo, se nenhuma das partes
o pedir
● Princípio da Isonomia entre as Partes (Princípio da Paridade de Armas)
○ As partes devem ser tratadas, no processo, igualmente → igualitariamente
○ Não cabe ao Estado-juiz oferecer algo a uma das partes e negá-la à outra → as
partes devem ter o mesmo tratamento
○ Os mesmo direitos que o autor tiver, o réu deve ter, e vice-versa
○ Art 7° do CPC
● Princípio da Publicidade dos Atos Processuais
○ Todos os atos processuais devem ser públicos
○ O processo é um meio público de resolução de litígios, e nesse contexto, ele
deve ser transparente → as partes devem ter plena ciência de como se dá o
processo que vai resolver o seu litígio
○ Qualquer pessoa deve ter acesso a eles, ressalvados os que tramitam em
segredo de justiça
○ Para preservar a vida íntima das pessoas, a publicidade e afastada
● Princípio da Motivação das Decisões Judiciais
○ O juiz deve motivar/fundamentar as suas decisões
○ É nula a decisão do juiz que não contenha a sua motivação
● Princípio da Lealdade e Boa fé Processual
○ O processo é meio público de composição da lide, e nesse contexto, as partes
devem para se alcançar uma maior eficácia à composição do litígio, se portar
com lealdade e boa fé, tendo compromisso com o Estado-juiz, e com a ideia de
que é necessária a composição do litígio
○ Não criando embaraços à tramitação do processo
○ CPC Art 5° → Aquele que de qualquer forma participa do processo deve
comportar-se de acordo com a boa fé
○ CPC Art 6° → Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que
se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva

● Princípio da Economia Processual


○ Os atos processuais a serem praticados no âmbito do processo, devem se dar
com economia de tempo e de valores econômico-financeiros
● Princípio da Razoável Duração do Processo
○ O processo como meio público de resolução de litígios deve trazer essa
resolução de litígios em uma prazo razoável
○ O processo não deve se eternizar no tempo
○ O prazo depende do caso concreto
○ O prazo razoável é aquele que não sai para o absurdo
○ CF Art 5° LXXVIII → a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação
○ CPC Art 4° → As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução
integral do mérito, incluído a atividade satisfativa

Aspectos/Elementos da Jurisdição

● Material → poder de julgar e de executar os seus julgados. Julgar e executar são as


atividades fim (matéria) da jurisdição
● Formal → é o processo – porque é o instrumento de que se vale o Estado para que
sejam compostos os litígios – e a coisa julgada – porque a partir dela, o litígio está
formalmente composto
● Orgânico → é o órgão que se encarrega de prestar a jurisdição, o Judiciário

Jurisdição no Estado Contemporâneo

Fundamentos, Características e Finalidades Comuns às Diversas Funções do Estado


Contemporâneo

Noções Introdutórias

● O Estado moderno quando busca concretizar o seu papel (manter as condições de vida
e sociedade), ele realiza três funções:
○ Legislativa – Poder Legislativo → o Estado tenta elaborar de forma genérica as
normas de conduta que regulam a vida na sociedade
○ Administrativa – Poder Executivo → o Estado, aplicando as leis, gerencia a
vida do próprio Estado e consequentemente busca a realização do bem comum
○ Judiciária – Poder Judiciário → o Estado, na pessoa do juiz, aplicando as leis
para compor os conflitos de interesses
● A atividade da função Administrativa e Judiciária do Estado advêm da Legislativa

Jurisdição e Legislação

● A legislação antecede a jurisdição → a função legislativa antecede a função


jurisdicional
○ O Direito deve anteceder a atividade de composição do litígio
● Toda norma, em sua elaboração, reflete os valores da sociedade na qual se aplica
● Leis que não “pegam” são leis que não levam em conta os valores da sociedade
● O verdadeiro legislador do Estado é aquele sujeito sensível para a opinião pública → o
verdadeiro papel do legislador é elaborar leis que atendam as necessidades e demandas
da sociedade
● Os indivíduos muitas vezes não levam suas demandas para o legislativo, mas para o
judiciário → obriga a resolução de demandas referentes a impasses legislativos pelo
judiciário – juiz ocupa papel do legislador
● Dificuldade do legislativo de elaborar normas → decorre do enorme número de grupos
de pressão, que deixam o legislativo inerte
● A função judiciária diz o Direito, mas ela faz isso genericamente/abstratamente. A
função legislativa diz o Direito especificamente/caso-a-caso

Jurisdição e Administração

● Ponto em comum → ambas as funções agem de acordo com os parâmetros legalmente


estabelecidos pela função legislativa
● Diferenças entre função administrativa e jurisdicional
○ O critério orgânico subjetivo não é suficiente para efetivar essa distinção →
devem ser buscados outros critérios
○ Critério da iniciativa → a função jurisdicional não possui iniciativa para
prestar a jurisdição (por força do princípio da inércia), já a função
administrativa tem a iniciativa segundo o critério do administrador e possuindo
verba.
○ Ambas encontram na Lei o Parâmetro para a sua Função → a aplicação da lei
pela função jurisdicional é a própria razão de ser da função (o juiz busca na lei
o conteúdo para a sua sentença)
■ O juiz pode decidir aplicar ou não certa lei
○ O administrador tem na lei os limites para a sua função
○ A função jurisdicional, ao aplicar a lei, deve agir com imparcialidade
○ O legislador aplica a lei segundo o próprio interesse, sobre suas próprias
convicções e palpites

Jurisdição Contenciosa e Voluntária

Espécies de Jurisdição

● Dividida para o aprendizado, didática → na realidade é una e indivisível, pois emana


do poder soberano estatal
● Pode-se analisar a jurisdição:
○ Quanto a Matéria:
■ Penal:
● Jurisdição versa sobre lides de natureza penal → sobre conflitos
de interesse qualificados por uma pretensão punitiva
● Regulada pelo direito penal
● Instrumento: processo penal
■ Civil (não-Penal):
● Jurisdição versa sobre conflitos de interesses qualificados por
pretensão de natureza não-punitiva → exclui as lides que
constituem objeto de jurisdição própria (eleitoral e trabalhista)
● Exemplo: ação de indenização
● Surge por exclusão → o que não for pena será civil
● Pode ser regulada pelo direito civil, administrativo, tributário…
○ Quanto aos Organismos Judiciais que a Exercem:
■ Especiais:
● Jurisdições nas quais o legislador constituinte reconhece caráter
de especialidade devido à natureza do litígio ou das pessoas
envolvidas
● Jurisdição eleitoral, trabalhista e penal-militar
■ Comum:
● Exclusão: o que não for especial é comum
● Justiça dos estados (órgãos da jurisdição comum não julgam
lides da jurisdição especial)
○ Quanto à Posição Hierárquica dos Organismos Judiciários que a Exercem:
■ Inferior → jurisdição exercida pelo órgãos jurisdicionais que conhecem
o litígio desde o seu início
■ Superior → jurisdição exercida pelo órgãos jurisdicionais que
conhecem o litígio em grau de recurso (quando um recurso é pedido)
■ Observação → em algumas situações, um tribunal superior pode
exercer função de inferior
○ Quanto à Fonte do Direito com Base na qual é Proferido o Julgamento:
■ Por Equidade → jurisdição exercida pelos juízes que julgam sem uma
precisa regulamentação legal, ou seja, pode julgar apenas de acordo
com a sua consciência
■ De Direito (Legal) → jurisdição exercida pelos juízes que julgam de
acordo com uma regulamentação legal, com o que é previsto em lei

Jurisdição Contenciosa e Voluntária

● Jurisdição Contenciosa → autêntica e verdadeira – versa sobre os conflitos de


interesses (objetos), que não são, obrigatoriamente litigiosos
○ Presença de Partes em Conflito
○ Contraditório → contradição das partes
○ Produz coisa julgada → conflito composto: decisão transita em julgado
■ Uma vez que o Estado dá a última palavra, não se pode haver outra
interposição de recurso
○ Imparcialidade
● Jurisdição Voluntária → versa sobre interesses que não estão em conflito: o Estado-
juiz tutelando interesses privados que não estão em conflito
○ Alguns interesses privados são valiosos para o Estado, justificando a sua
intervenção para ter o controle desses interesses
■ Ex: casamento, certidão de nascimento, de óbito → intervenção não se
dá por órgão jurisdicional
○ Interesses mais valiosos ainda para o Estado → intervenção de órgão
jurisdicional
■ Ex: adoção de tutor para menor, abertura do testamento
○ É o legislador quem define quais interesses devem ou não ser apenas
controlados ou se devem receber intervenção por parte da jurisdição
● Diferenças da Jurisdição Voluntária em relação à Jurisdição Contenciosa:
○ Voluntária: não age com imparcialidade, mas com o intuito de proteger o
interessado
○ Voluntária: não há partes, mas interessados (titulares de um interesse)
○ Voluntária: não há Contraditório, pois não existe conflito de interesses (a
princípio)
○ Voluntária: não há coisa julgada, pois não há uma palavra definitiva do Estado,
não há contestação (decisão do juiz pode ser sempre mutável)

Jurisdição e organização judiciária

O Poder Judiciário no Brasil encontra-se dividido em duas esferas

Poder Judiciário Estadual

● Vinculado/regulado aos estados da união


● Todo Estado possui e mantém um poder judiciário
● É um Juiz Estadual, escrevendo, em primeiro grau de jurisdição, o poder jurisdicional
de um estado membro da federação
○ Ingressa na carreira por meio de um concurso de provas e títulos
○ O juiz de direito exerce sua atividade jurisdicional no âmbito da respectiva
Comarca
○ Comarca é uma circunscrição territorial que delimita/define a competência
territorial do juiz → decorre do princípio da aderência
○ Cada juiz só pode exercer sua jurisdição no âmbito de sua própria comarca
● Comarca Primeira Entrância → 1° grau do 1° grau
○ Possui apenas uma vara
○ Comarca menores → onde os juízes exercem todas as competências
○ Cidades pequenas
● Comarca Segunda Entrância → 2° grau do 1° grau
○ Existem duas varas
○ Dois juízes dividem a mesma comarca
● Comarca Terceira Entrância → 3° grau do 1° grau
○ Cidades de porte maior
○ Possui uma maior quantidade de caras, ou seja, uma especialização maior
● Comarca de Entrância Especial → último grau do 1° grau
○ Maiores cidades do estado
○ Juízes mais antigos da carreira, próximos a serem promovidos para um outro
grau (tribunal de justiça estadual)
● A promoção dos juízes, dependendo da vara, é feita utilizando critérios de antiguidade
ou merecimento
● Tribunal de Justiça Estadual → é a corte suprema estadual
○ Julga, primordialmente, os recursos contra atos processuais cometidos por um
juiz de direito
○ Principal Recurso do Tribunal de Justiça é a apelação
○ É formado pelos Desembargadores (magistrado que exerce sua atividade
jurisdicional no âmbito do tribunal de justiça)
■ A jurisdição do Desembargador é limitada a todo o estado
● Exemplo: o desembargador de MG tem jurisdição sobre todo o
estado de MG
● São promovidos a cada vaga, alternadamente, pelo critério de
antiguidade e de merecimento
■ Os desembargadores são escolhidos da seguinte forma:
● ⅘ são formados por juízes de direito
○ Só juízes da última entrância podem ser escolhidos
○ Essas vagas são preenchidas, alternadamente, por
antiguidade e por merecimento
○ Caso a vaga seja por antiguidade, os juízes devem
manifestar interesse em ocupar a vaga e, após isso, seu
nome deve ser escolhido (caso seja o juiz mais antigo)
○ Caso a vaga seja por merecimento, os juízes devem
manifestar interesse em ocupar a vaga → faz-se uma
lista de três juízes e o Presidente do tribunal escolhe um
para ser promovido
■ O juiz que estiver na lista por 3 vezes
consecutivas, ele deve ser promovido na terceira
■ O que figurar 5 vezes não consecutivas, também
deve ser promovido
● ⅕ são formados por advogados e membros do MP:
○ Quando a vaga for para advocacia, há manifestação da
OAB estadual
■ Só podem ser escolhidos advogados com mais de
10 anos de carreira
■ Quando abre-se uma vaga oriunda de
desembargador advogado, a OAB local elabora
uma lista de 6 advogados → Tribunal de Justiça
escolhe 3 nomes → o governador do estado
escolhe qual dos 3 vai ocupar essa vaga
○ Quando a vaga for para o MP, há manifestação do MP
local:
■ Quando abre-se uma vaga oriunda de
desembargador do MP, o procurador geral de
justiça promove uma eleição e os membros do
MP escolhem 6 nomes para integrar a lista para
ocupar a vaga → o Tribunal de Justiça escolhe 3
nomes → o governador do estado escolhe um
dentre esses 3 para ocupar a vaga
○ Justiça Militar no âmbito na Justiça Estadual
■ Tem a função de processar e julgar os militares nos crimes militares
■ Varia de estado para estado → geralmente inicia-se com as Audiências
(primeiro grau) onde há um juiz de carreira, um magistrado civil e um
da PM/corpo de bombeiros… etc
■ Cabe recurso dos processos julgados pela justiça militar estadual para o
tribunal de justiça
■ Há um Tribunal Militar (um órgão de segundo grau), que é vinculado
ao tribunal de justiça estadual
● Necessita de muito dinheiro, força policial, bombeiros etc e pelo
menos 20 mil integrantes
● Muitos estados, devido ao alto custo, preferem que a segunda
instância seja julgada pelo tribunal de justiça estadual
○ Há duas normas existentes em todos os estados:
■ Constituição estadual → trata da competência dos tribunais de justiça
■ Lei de organização judiciária → lei do estado que regula todo o
funcionamento do judiciário do estado

Poder Judiciário da União (regulado/mantido pela união)


● A União mantém seu próprio poder judiciário → STF, CNJ, STJ, Justiça Federal,
Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral, a Justiça Militar e a Justiça do DF e territórios
○ Todos esses órgãos exercem a jurisdição no âmbito do poder judiciário da
União
● Órgãos da Justiça Comum
○ STF (órgão de cúpula) → julga, principalmente, os Recursos Extraordinários
interpostos contra as decisões do Tribunal de Justiça, desde que a matéria seja
inconstitucional
■ É o guardião da Constituição
■ É formado por 11 ministros:
● O ministro tem jurisdição em todo o território nacional
● Para ser nomeado ministro do STF deve ser brasileiro nato, com
idade entre 35-65 anos
● O Presidente da República, dentre os cidadãos brasileiros com
essas características, indica um nome que deve ser aprovado
pelo Congresso e, depois, encaminhado e aprovado pela maioria
absoluta do Senado Federal → aprovado pelo Senado, o
presidente faz a nomeação e a posse
○ CNJ → papel administrativo; controla o funcionamento dos órgãos judiciais
■ Não tem papel judicial, embora esteja no âmbito do judiciário
■ É integrado por 15 membros (conselheiros) que têm mandato de 2 anos
sendo admitida a recondução; é composto por:
● Presidente do STF também é presidente do CNJ
● Um ministro do STJ: indicado pelo STJ – função de corregedor
● Um ministro do TST
● Um ministro que seja desembargador vindo do TJ
● Um ministro que seja um Juiz de Direito, indicado pelo STF
● Um ministro que seja Juiz do Tribunal Regional
● Um ministro que seja Juiz Federal, indicado pelo STJ
● Um ministro do TRT, indicado pelo TST
● Um ministro que seja Juiz do Trabalho de 1° grau, indicado
pelo TST
● Um ministro membro do MP federal, indicado pelo procurador-
geral da república
● Um ministro membro do MP estadual, indicado pelo
procurador-geral da república
● Dois advogados, indicados pelo conselho geral da OAB
● Dois cidadãos, um indicado pela Câmara dos Deputados e
outro pelo Senado Federal
■ Todos os membros exceto o presidente do STF devem ser aprovados
pela maioria do Senado Federal
○ STJ →
■ Julga o Recurso Especial interposto contra as decisões do TJ, desde que
verse sobre a violação de lei ordinária federal
■ É cabível a interposição de Recurso Extraordinário contra uma decisão
do STJ para julgamento pelo STF (relativo à inconstitucionalidade)
■ Os ministros do STJ têm jurisdição nacional
■ É formado por 33 ministros
● 35-65 anos → não precisa ser brasileiro nato
● ⅓ é composto por desembargadores do TJ dos estados e do DF
○ Aposenta um ministro oriundo dessas vagas: requere-se
dos Estados e do DF que mande uma lista dos
desembargadores que desejam compor a vaga → o STJ
seleciona, dos candidatos, 3 nomes para compor uma
lista e envia para o presidente da república → o nome
deve ser aprovado pelo Senado Federal e pelo plenário
● ⅓ é composto por magistrados dos TRF
○ Aposenta um ministro oriundo dessas vagas → requere-
se aos TRF dos Estados e do DF e repete-se o
procedimento utilizado para as vagas de
desembargadores do TJ
● ⅓ é composto por advogados, ou defensores públicos ou
membros do Ministério Público
○ Aposenta um ministro oriundo dessas vagas → requere-
se ao conselho federal da OAB (vaga de advogado) que
componha uma lista de 6 advogados candidatos que é
enviada ao STJ → vira uma lista de 3 nomes →
presidente da república escolhe um nome → aprovado
pela maioria absoluta do senado e do plenário
○ Requere-se aos procuradores gerais dos MP’s estaduais,
federais e do DF (vaga para o MP) → lista de 6 nomes
vira lista de 3 nomes → presidente da república escolhe
um nome → aprovado pelo senado e pelo plenário
○ Justiça Federal
■ Em 1° grau de Jurisdição, existem os juízos (ou juízes) federais
● A competência da justiça federal está elencada no artigo 109 da
Constituição [vide artigo cu]
● A JF está estruturada em todo o território nacional e se encontra
em: varas nas capitais (Sessão Judiciária – circunscrição
territorial da justiça federal); varas nas cidades que não sejam
capitais (situadas no interior dos estados; sub-Sessão Judiciária)
● A JF não possui comarca ou entrância (pois está situada em
todo o território nacional) → não há hierarquia entre as sessões
e sub-sessões judiciárias
● O juiz federal é selecionado por um concurso de provas e
títulos, e, posteriormente, designado como juiz substituto (julga
as causas presente no art 109 da CF)
■ Em 2° grau de jurisdição, há o TRF (paralelo ao tribunal de justiça)
● Tem como principal recurso julgado a Apelação
● É formado pelos juízes do TRF, ou desembargadores federais
○ ⅘ de Juízes Federais e ⅕ de Advogados e Membros do
MP Federal
● O juiz do TRF: 30-65 anos → nomeado pelo presidente da
república, sem precisar da aprovação do senado federal
● Promoção é feita, alternadamente sob critérios de antiguidade e
merecimento, para juiz e advogado/membro do MPF
○ Vaga destinada para Juiz: juiz deve ser titular da vara
■ Por antiguidade: presidente do TRF comunica o
preenchimento da vaga → escolhe o candidato
mais antigo → presidente da república empossa
■ Por merecimento: presidente do TRF comunica a
abertura de vaga → lista de 3 nomes →
presidente da república escolhe e efetiva na hora
○ Vaga destinada para Advogado: OAB faz lista de 6
nomes → TRF transforma em 3 → presidente da
república escolhe e nomeia um deles
○ Vaga destinada para Membro do MPF: eleição entre
todos os membros do MPF → lista dos 6 mais votados
→ TRF escolhe 3 → presidente da república escolhe um
● Os órgãos da justiça federal são os juízes federais e os TRF’s
● Cada TRF é formado por, pelo menos, 7 magistrados
● Existem 5 TRF’s, estruturados em regiões
○ TRF da 1° região com sede em Brasília (maior TRF) →
jurisdição sobre: DF, Goiás, Tocantins, Mato Grosso,
Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará,
Maranhão, Piauí, Bahia e Minas Gerais.
○ TRF da 2° região com sede no Rio de Janeiro → Rio de
Janeiro e Espírito Santo
○ TRF da 3° região com sede em São Paulo → São Paulo
e Mato Grosso do Sul
○ TRF da 4° região com sede em Porto Alegre → Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná
○ TRF da 5° região com sede em Recife → Ceará, Rio
Grande no Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e
Sergipe
● Decisões do TRF:
○ Recurso Especial para o STJ (questões
infraconstitucionais)
○ Recurso Extraordinário para o STF (questão de
inconstitucionalidade)
○ Justiça do DF e Territórios → mescla da justiça estadual e federal
■ Em 1° grau de Jurisdição: não há comarcas na justiça do DFT, mas
fala-se em Circunscrições; figura do juiz de Direito do DF
● Tem acesso à carreira pública por meio de concurso público de
provas e títulos e como substituto em alguma circunscrição
● Tem sua jurisdição limitada à sua circunscrição territorial
■ Em 2° grau de Jurisdição: Tribunal de Justiça do DF e Territórios
(TJDFT); principal recurso julgado é a Apelação; acerca das decisões
do TJDFT cabe:
● Recurso Especial para o STJ (questões infraconstitucionais)
● Recurso Extraordinário para o STF (questões de
inconstitucionalidade)
■ O TJDFT é formado por desembargadores → jurisdição limitada: DFT
● ⅘ de Juízes de Direito do DF
● ⅕ de Advogados e Membros do MPDFT
■ O juiz do TJDFT: 30-65 anos
■ Promoção: alternada por critérios de antiguidade e merecimento para
juiz e advogado/membro do MPDFT
● Vaga destinada para juiz: antiguidade: presidente do TJDFT
comunica sobre o preenchimento da vaga → o candidato mais
antigo é escolhido → presidente do TJDFT o nomeia;
merecimento: presidente do TJDFT comunica sobre o
preenchimento da vaga e escolhe-se 3 nomes para uma lista →
presidente do TJDFT seleciona e nomeia um deles
● Vaga destinada para Advogado: a OAB/DF faz uma lista de 6
nomes → TJDFT transforma a lista em 3 nomes → presidente
da república escolhe um deles
● Vaga destinada para Membro do MPDFT: presidente do TJDFT
encaminha um ofício para o procurador geral do MPDFT,
solicitando a elaboração de uma lista de 6 nomes (escolhidos
por meio de eleição feita por todos os membros do MPDFT) →
Após escolhido os 6 nomes, ela é encaminhada para o TJDFT
que a transforma em uma lista de 3 nomes e enviada para o
presidente da república que escolhe um desses nomes.
● Órgãos da Justiça Especializada
○ Justiça de Trabalho
■ Juízos do Trabalho (1° grau) → TRT (2° grau) → TST (órgão de
cúpula)
■ 1° grau de Jurisdição → Juízes do Trabalho
● Julgam as causas de dureza trabalhista
● Tem acesso à carreira pública por meio de concurso público de
provas e títulos e, aprovado no concurso, entra na carreira como
juiz substituto de alguma vara do trabalho
● Sua jurisdição é limitada pela sua vara do trabalho
■ Não há comarcas na Justiça do Trabalho
■ 2° grau de Jurisdição → Tribunal Regional do Trabalho (TRT)
● Julgam em graus de Recurso Ordinário aquele recurso que tem
por objetivo impugnar a decisão de um juiz do trabalho (1°grau)
● Formado por Desembargadores do Trabalho (CF, art 115);
idade mínima 30-65: ⅘ de Juízes do Trabalho e ⅕ do MP do
Trabalho
● A promoção e feita, alternadamente, sob critérios de
antiguidade e merecimento, para juiz e para advogado/membro
do TRT
○ Vaga destinada para Juiz: antiguidade: é emitido, pelo
presidente do TRT, um comunicado para o
preenchimento da vaga e, após isso, é escolhido o
candidato mais antigo. Feito isso, esse nome é mandado
para o presidente da república que faz a posse;
merecimento: é emitido pelo presidente do TRT, um
comunicado avisando a vacância da vaga → é elaborada
uma lista de 3 nomes que é enviada para o presidente da
república, que deve escolher um nome que será
imediatamente efetivado (não precisa de aprovação do
senado)
○ Vaga destinada para Advogado: pede-e para que a OAB
faça uma lista de 6 nomes e envie para o TRT, que
transforma em uma lista de 3 nomes → enviada para o
presidente da república escolher e nomear um deles
○ Vaga destinada para Membro do MPT: só pode
concorrer membros do MP Federal; é realizada uma
eleição na qual participam todos os membros do MPT
para que os 6 mais votados formem uma lista que é
enviada ao TRT respectivo → TRT seleciona 3 nomes e
são enviados para o presidente da república escolher e
nomear um deles
● Tem-se 24 TRT’s, chamado de acordo com a sua região
○ TRT 1° região → sede: RJ, jurisdição: Rio de Janeiro
○ TRT 2° região → sede: São Paulo, jurisdição: região
metropolitana do estado de SP
○ TRT 3° região → sede: Belo Horizonte, jurisdição: MG
○ TRT 4° região → sede: Porto Alegre, jurisdição: Rio
Grande do Sul
○ TRT 5° região → sede: Salvador, jurisdição: Bahia
○ TRT 6° região → sede: Recife, jurisdição: Pernambuco
○ TRT 7° região → sede: Fortaleza, jurisdição: Ceará
○ TRT 8° região → sede: Belém, jurisdição: Pará e do
Amapá
○ TRT 9° região → sede: Curitiba, jurisdição: Paraná
○ TRT 10° região → sede: Brasília, jurisdição: DF e
Tocantins
○ TRT 11° região → sede: Manaus, jurisdição: Amazonas
e Roraima
○ TRT 12° região → sede: Florianópolis, jurisdição: Santa
Catarina
○ TRT 13° região → sede: João Pessoa, jurisdição:
Paraíba
○ TRT 14° região → sede: Porto Velho, jurisdição:
Rondônia e Acre
○ TRT 15° região → Campinas-SP, jurisdição: cidades do
interior de SP que não estão jurisdicionados pelo TRT
da 2° região
○ TRT 16° região → sede: São Luiz, jurisdição: Maranhão
○ TRT 17° região → sede: Vitória, jurisdição: Espírito
Santo
○ TRT 18° região → sede: Goiânia, jurisdição: Goiás
○ TRT 19° região → sede: Maceió, jurisdição: Alagoas
○ TRT 20° região → sede: Aracaju, jurisdição: Sergipe
○ TRT 21° região → sede: Natal, jurisdição: Rio Grande
do Norte
○ TRT 22° região → sede: Teresina, jurisdição: Piauí
○ TRT 23° região → sede: Cuiabá, jurisdição: Mato
Grosso
○ TRT 24° região → sede: Campo Grande, jurisdição:
Mato Grosso do Sul
■ TST – órgão de cúpula da Justiça do Trabalho
● Julga os Recursos de Revista interpostos contra decisões
tomadas pelos TRT’s
● Cabe qualquer matéria julgada pelos TRT’s, pode julgar matéria
constitucional e infraconstitucional
● É cabível, sobre decisão do TST, exclusivamente sobre matéria
constitucional, recurso extraordinário para o STF
● Tem jurisdição em todo o território nacional
● É formado por 27 ministros (CF, art 111-A)
○ Brasileiros natos, 35-65 anos, indicados pelo presidente
da república depois de aprovação pela maioria absoluta
do senado federal
○ ⅘ de Magistrados de Carreira (devem integrar a carreira
desde o 1° grau)
■ Vaga destinada a juiz: é emitido um comunicado
de abertura da vaga, forma-se uma lista de 3
nomes → presidente da república escolhe um
deles e o submete a aprovação do senado que, se
aprovado (maioria absoluta), é nomeado ministro
do TST
○ ⅕ de Advogados e Membros do MPT (+ de 10 anos de
atividade)
■ Vaga destinada para Advogado: a OAB elabora
uma lista de 6 nomes → transformada em uma
lista de 3 nomes → enviada ao presidente da
república, que escolhe um deles → aprovação do
senado (maioria absoluta) → nomeado ministro
■ Vaga destinada para Membro do MPT: o
procurador geral do MPT promove uma eleição
para compor uma lista de 6 nomes → enviada ao
presidente da república, que escolhe um deles e o
submete a aprovação do senado que, se aprovado
(maioria absoluta), é nomeado ministro do TST
○ Justiça Eleitoral (CF, art 118) → Juízos e Juntas Eleitorais (1° grau)
■ Em 1° grau de jurisdição:
● Juízos (Juízes) Eleitorais (funcionam na unidade territorial da
justiça eleitoral, Zona Eleitoral) e Juntas Eleitorais (só ocorrem
durante a eleição – é formada por um juiz que a preside e, as
vezes, por cidadãos – tem um funcionamento limitado)
● Juiz Eleitoral é um Juiz de Direito (ganha 30% do salário do
juiz estadual) → é indicado pelo TRE
■ Em 2° grau de jurisdição → Tribunal Regional Eleitoral (TRE)
● Julga o Recurso Ordinário interposto sobre a decisão do juiz
eleitoral
● Todos os estados e o DF tem seu próprio TRE
● É composto por 7 Magistrados (Desembargadores Eleitorais)
(CF, art 120)
○ Os magistrados exercem um mandato de 2 anos
(advogados podem ter recondução)
○ É formado por:
■ 2 desembargadores do TJ dos Estados ou TJDFT
(um será o presidente e o outro o vice)
■ 2 juízes de 1° grau de direito do TJ dos estados
ou TJDFT
■ 1 desembargador geral do TRF (nos lugares em
que existir TRF sede, ou seja, Brasília, São
Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife), já
onde não existir sede, i juiz federal
■ 2 advogados (indicados pelo respectivo TJ em
uma lista de 6 nomes ao presidente da república,
que escolhe 2 nomes)
■ TSE (órgão de cúpula da Justiça Eleitoral)
● Julga o Recurso Especial interposto sobre decisões do TRE
● Tem jurisdição sobre todo o território nacional
● Cabe qualquer matéria julgada pelos TRE’s, pode julgar matéria
constitucional e infraconstitucional
● É cabível, sobre decisão do TSE, exclusivamente sobre matéria
constitucional recurso extraordinário para o STF
● Formado por 7 ministros (CF, art 119)
○ 3 são ministros do STF (um é presidente e o outro vice)
○ 2 são ministros do STJ (um será o ministro corregedor)
○ 2 são advogados (indicados da lista de 6 nomes pelo
STF ao presidente da república que escolherá 2 nomes,
que não necessitam aprovação do senado)
○ Justiça Militar
■ Em 1° grau de jurisdição → Auditorias Militares formadas por um
Magistrado de carreira que julga colegiadamente com um militar de
cada arma das forças armadas
■ Em 2° grau de jurisdição → Superior Tribunal Militar
● Exerce jurisdição em todo o território nacional → equivale a um
tribunal superior mas cumpre papel de segunda instância
● Julga em grau de Apelação
● Formado por 15 ministros (CF, art 123)
○ Idade mínima de 35 e máxima é desconsiderada
○ 10 são militares:
■ 3 oficiais do mais alto posto da marinha
■ 3 oficiais do mais alto posto da aeronáutica
■ 4 oficiais do mais alto posto do exército
○ 5 civis
■ 3 advogados (indicados pelo presidente da
república e aprovados pelo senado)
■ 1 juiz militar auditor de carreira
■ 1 membro do MP Militar
Garantias da Magistratura

● Possibilitam o juiz a exercer sua função jurisdicional com independência e autonomia


● Vitaliciedade (CF, art 95)
○ Após 2 anos de exercício do cargo, ele é considerado vitalício e só pode ser
demitido por sentença judicial transitada em julgado
■ Antes dos 2 anos é o chamado estado probatório
■ O juiz que entra direto em um tribunal é considerado vitalício a partir
de sua posse (ex: advogado que entra em um tribunal de 2° grau)
● Inamovibilidade ou intransferibilidade
○ Surge com a CF 46
○ Juiz pode ter a possibilidade de decidir contra os interesses do Estado sem
sofrer nenhuma punição administrativa
■ Não vale para o juiz substituto
○ Há possibilidade de interesse público justificar a remoção de ofício de um juiz
por questão de interesse público ou conveniência
■ Ex: um estado que não faz concurso por muito tempo e fica com as
comarcas menores sem juiz e as maiores com vários, assim, por questão
de conveniência e de interesse público, o juiz (substituto ou não) é
movido de uma comarca maior para uma menor
● Irredutibilidade de Subsídios (CF art 95)
○ Todos os servidores têm essa garantia
○ O servidor público não pode ter seus subsídios reduzidos – sob seus subsídios
incidem normalmente todos os tributos devidos

Vedações da Magistratura

● O Magistrado, no exercício de sua atividade jurisdicional, tem vedações:


● Não pode exercer qualquer outra atividade além da magistratura, salvo a de professor
○ CF, art 95 parágrafo único, I
● Ao juiz é vedado receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em
processos
● Ao juiz é vedado o exercício de atividades político partidárias
○ Não o impede de ter suas preferências político-ideológicas, não é possível
coibir
● Ao juiz é vedado o recebimento, a qualquer pretexto de qualquer auxílio ou
contribuições, salvo as previstas na lei
● Ao juiz é vedado exercer a atividade profissional, sobretudo a da Advocacia, no órgão
do qual ele se aposentou ou se exonerou, durante o período de 3 anos

Funções Essenciais à Justiça


● Funções exercidas por órgãos que não integram o Poder Judiciário, mas são funções
essenciais à justiça
● Ministério Público → não integra o judiciário
○ Instituição permanente e essencial ao Regime e à Ordem Judiciária
○ CF, art 109; CF, art 129 (funções do MP)
○ A estrutura de carreira do MP estadual é igual ao MPDFT (mas quem escolhe
o nome da lista tríplice não é o Governador, mas o Presidente da República)
○ Guiado por 3 princípios – norteiam a atividade do MP
■ Princípio a Unidade → o MP é visto como uma instituição una e
indivisível, os seus membros atuam de forma única e indivisível para o
cumprimento de seus papéis constitucionais
■ Princípio da Indivisibilidade → o MP é indivisível; deriva da Unidade
■ Princípio da Independência → não está vinculado a posições; o MP age
de acordo com a CF, as leis dos país e sua própria consciência
○ Estruturado em 2 Esferas – MP Estadual e MP da União
■ MP Estadual → contempla o MP de cada estado da federação (todos os
Estados e o DFT têm seu próprio MP)
● Promotor de Justiça Substituto → atua em 1° grau de jurisdição
○ Primeiro órgão de provimento
○ Aprovado em concurso de títulos e provas
○ Atua em alguma comarca estadual
● Promotor de Justiça → atua em 1° grau de jurisdição
○ Promotor de justiça substituto é promovido por
antiguidade para promotor de justiça
○ Exerce suas funções no âmbito da Justiça Estadual
○ Atua nas comarcas
○ Possui as mesmas garantias e vedações da magistratura
● Procurador de Justiça → atua em 2° grau de jurisdição
○ Promotor de Justiça é promovido por antiguidade a
Procurador de Justiça
○ Atua perante o TJ
○ É equivalente ao desembargador
● Procurador Geral de Justiça → atua em 2° grau de jurisdição
○ Chefe do MP Estadual → cada Estado (e o DFT) tem
seu MP chefiado por um Procurador Geral de Justiça
○ É escolhido por meio de uma eleição → votam todos os
membros do MP Estadual → os 3 mais votados integram
uma lista tríplice → lista encaminhada ao Governador
do Estado que escolhe um dos 3 nomes
○ Mandato de 2 anos, sendo permitida uma recondução
○ CF, art 128
■ MP da União → é formado pelo MP Federal, MP do Trabalho, MP
Militar e MPDFT
● MP Federal
○ Chefiado pelo Procurador Geral da República (que
chefia o MP da União e o MP Eleitoral)
■ Nomeado pelo Presidente da República → pode
escolher qualquer integrante da carreira do MP
para compor esse cargo, não escolhe por lista
■ De 35-65 anos → escolhido para um mandato de
2 anos, sendo permitida a recondução
○ Atua no âmbito da Justiça Federal em 1° (promotores de
Justiça) e 2° grau de jurisdição: atuação perante o STJ e
STF
○ Exerce a função do MP Eleitoral em 1° e 2° grau de
jurisdição
○ Progressão de Cargos na Carreira
■ Procurador da República: atua em 1° grau de
jurisdição, perante ao juiz
■ Procurador Regional da República: atua em 2°
grau de jurisdição
■ Sub-Procurador Geral da República: atua perante
o STJ e o STF
■ Procurador Geral da República
● MP do Trabalho
○ Chefiado pelo Procurador Geral da Justiça do Trabalho
■ Idade 35-65 anos → escolhido por meio de lista
tríplice (formada pelo MPT) pelo Presidente da
República e aprovado pelo Senado (absoluta)
○ Atua no âmbito da Justiça do Trabalho em 1° e 2° grau
(TST)
● MP Militar
○ É chefiado pelo Procurador Geral da Justiça Militar
■ Idade 35-65 anos → escolhido por lista tríplice
(formada pelo MPM) pelo Presidente da
República e aprovado pelo Senado (absoluta)
○ Atua no âmbito da Justiça Militar em 1° e 2° grau
(STM)
● MPDFT
○ É chefiado pelo Procurador Geral da Justiça do DFT
■ Idade 35-65 anos → escolhido por lista tríplice
(formada pelo MPDFT) pelo Presidente da
República e aprovado pelo Senado (absoluta)
○ Atua no âmbito da Justiça do DFT
● Conselho Nacional do MP
○ Formado por 14 conselheiros (CF, art 130-A)
■ Nomeados pelo Presidente da República (sob aprovação de maioria
absoluta do Senado)
■ Mandato de 2 anos, sendo permitida uma recondução
■ Integrados por:
● Procurador Geral da República (Presidente do CNMP)
● 4 membros do MP da União (um membro de cada ramo deste)
● 3 membros do MP Estadual
● 2 juízes (1 estadual e 1 federal, indicados pelo STF e pelo STJ)
● 2 advogados (indicados pelo Conselho Federal da OAB)
● 2 cidadãos (1 indicado pela Câmara dos Deputados e 1 pelo
Senado Federal)
■ O membro do corregedor será escolhido pelo próprio CNMP, devendo
ser um dos integrantes de qualquer ramo do MP
○ Conselho Superior → cada ramo do MP da União tem o seu – trata das
questões de promoções
● Advocacia Privada (CF, art 133)
○ É uma função essencial à justiça, pois o advogado exerce um “ônus” público
● Defensoria Pública (CF, art 134)
○ É uma atividade desenvolvida pelo Estado e se apresenta como função
essencial da justiça, sendo encarregada de proporcionar/assegurar assistência
jurídica aos necessitados (direito humano de acesso à justiça)
○ Possui os mesmos princípios do MP (Unidade, Indivisibilidade e
Independência Funcional)
○ É um órgão vinculado ao Poder Executivo
○ Está estruturada em 2 Esferas:
■ Defensoria Pública Estadual
● É chefiada pelo Defensor Público Geral do Estado
○ Alguém da carreira, indicado em lista tríplice (composta
por meio de eleição na carreira de defensor público) para
o Governador escolher um nome
■ Defensoria Pública da União
● Vinculado ao Poder Executivo → ao Ministério da Justiça
● É uma escolha livre do Presidente e do Ministério da Justiça
● Advocacia Pública (CF, art 131)
○ Realiza a representação judicial e extrajudicial da União, dos Estados
Membros, do DFT e dos Municípios → nas esferas municipais, estaduais,
distrital e União
○ Na Advocacia Pública da União:
■ Advogado Geral da União → escolhido livremente pelo presidente da
república, não precisa da carreira; idade de 35-65 anos
■ É formada pela:
● Procuradoria Geral da União → representa em juízo ativa e
passivamente a União
○ Chefiada pelo Procurador Geral da União → escolhido
livremente, no âmbito da carreira, pelo advogado geral
da união
● Procuradoria Geral Federal → representa, em juízo ativa e
passivamente, as autarquias e fundações do direito público
● Procuradoria Geral da Fazenda Nacional → representa, em
juízo ativa e passivamente, a União nas causas fiscais
● Consultoria Geral da União → atua na esfera extrajudicial,
sobretudo oferecendo pareceres sobre dúvidas jurídicas da
administração
○ Na Advocacia Pública dos Estados (CF, art 132)
■ Procuradoria dos Estados e do DFT
● Chefiado pelo Procurador Geral do Estado (menos em MG, que
se usa a expressão Advogado Geral do Estado) → representa,
em juízo ativa e passivamente, o Estado
○ É escolhido livremente pelo Governador do Estado (no
caso do DF, também é escolhido pelo Governador, já
que a procuradoria é um órgão do DF e não da União) –
varia de acordo com a Constituição do Estado, se deve
ser escolhido dentro da carreira ou livremente
○ Na Advocacia Pública dos Municípios
■ Chefiado pelo Procurador Geral do Município
■ Representa, em juízo ativa e passivamente, o Município
■ Nada impede os Municípios de possuírem suas próprias procuradorias
(prevista na lei orgânica do Município)

4.DA AÇÃO
A problemática da Ação: Principais Doutrinas, Evolução e seu Conceito

Noções Introdutórias:

● Ação provoca a jurisdição, que irá se realizar mediante ao processo


● É a porta de entrada para a jurisdição → é através da ação que o autor interessado na
composição da lide pede ao Estado que componha esse litígio e o Estado, para atender
ao postulado da ação, irá se valer no processo
● O fenômeno de composição de litígios comporta uma visão política (Estado está
exercendo um poder político)
● Motivos para a Variedade de Conceitos de Ação:
○ Decorre fundamentalmente do exercício do poder político que se verifica no
Estado quando ele exerce a jurisdição
○ O Direito não ser uma ciência exata, e, por isso, vai se comportar as mais
diversas concepções acerca de sua matéria
Doutrina Civilista ou Concepção Clássica (Romanística) da Ação

● É atribuída a um grande jurista romano oriundo do período formulário chamado Célsio


○ Conceitua a ação como o direito de reclamar em juízo aquilo que nos é devido
○ O que é devido ou não é um direito material (ex: direito de propriedade)
○ Por força dessa visão, surge a concepção clássica/civilista da ação
● Determina que a ação não existe como tal, nem tão pouco o processo, a ação está
dentro do direito material
○ Se eu vou reclamar do direito material é porque a ação está dentro dele
○ A ação está contida no próprio direito material, ela é esse direito
○ Essa visão perdura por tanto tempo até Savigny afirmar que a ação e o
processo não existem como tais, mas seriam apenas uma capítulo do Direito
Privado
○ A ação seria o caroço do abacate, assim, a ação nada mais era do que o próprio
direito subjetivo material a reagir contra sua ameaça ou violação
● 3 características
○ Não existe direito sem ação → todo direito material tem sua própria ação
○ Não existe ação sem direito
○ A ação segue a natureza do direito → se o direito tiver uma natureza
privada/pública a ação será privada/pública, respectivamente

Polêmica Muther x Windecheid

● A visão Clássica/Romanista persiste até o ano de 1875, quando surge na Prússia, um


evento em que Muther escreve um artigo contestando a actio romana, mas não propõe
uma nova teoria, apenas contesta a existente → Windecheid refuta as dúvidas de
Muther afirmando os dizeres de Savigny
● Diante do artigo de Windecheid, Muther faz outro artigo trazendo novos argumentos
afirmando suas dúvidas e refutando a ação como um mero capítulo de direito privado
● Novamente, Windecheid escreve um artigo refutando as dúvidas de Muther,
afirmando que a ação é o próprio direito material, que reage quando se vê ameaçado
ou violado
● Dá-se o Fim da Concepção Clássica da Ação
● Motivos para não se esquecer essa polêmica:
○ O processo começa a ser estudado não mais à luz de modelos, mas de seus
próprios fundamentos teóricos
○ Desperta-se nos processualistas a vontade de estudar a natureza da actio
romana, a fim de definir se ela fazia sentido ou não e para saber se
eventualmente a ação estava ou não contida no direito material
● Em 1875, A. Wach publica sua obra “Da pretensão da mera declaração”, que constitui
no primeiro resultado concreto que desvinculava concretamente a ação do direito
material
○ A ação não é apenas um instrumento para se provocar a jurisdição à condenar
alguém a uma prestação de dar, fazer ou não-fazer, mas a ação também seria
um instrumento apto a fazer com que o algo fosse declarado
○ A ação não serve só para condenar alguém, mas a ação é igualmente, um
instrumento hábil a fazer com que o estado-juiz, por intermédio de sua
jurisdição, declare a existência de uma relação jurídica
○ O Autor processa o réu, não para condená-lo, mas para ter declarada a
existência ou inexistência de relação jurídica
○ O Autor, ao pedir a tutela jurisdicional, pode desejar que o Estado declare algo,
implicitamente, a existência ou inexistência do direito
○ Mostra que a ação não pode estar contida no direito material, pois a ação pode
mostrar inclusive o direito material não existe:
■ A ação é desvinculada do direito material
■ Não faz sentido a ação estar dentro do direito material
○ A ação é um direito que tem o autor, que é oponível ao Estado-juiz, contra a
outra parte (o réu)
○ No entanto, conquanto a ação seja autônoma ao direito material, ela é
subordinada ao direito material (Efeito Sanfona)

Teoria do Direito Concreto à Tutela

● É a teoria de A. Wach
● A ação existe concretamente, caso-a-caso:
○ Se o autor tem razão, no caso concreto, ele tem a ação
○ Se a sentença a ser proferida entender que tem razão, então o autor tem a ação
○ Se a sentença entender que não tem razão em sua postulação, então ele não tem
a ação
○ O Autor só terá a ação se, no caso concreto, a sentença entender que ele tem
razão
○ Se ele não te ação, possui-se então uma pretensão infundada
● A definição de ação é, de certa forma, um Efeito Sanfona, onde é autônoma, mas é
subordinada ao direito material
● Wach comete seu “pecado capital” que consistem em não explicar o processo:
○ Ele ignora o processo, não trata da trilogia (não explica o processo que se
formou) → como pode ter processo sem ação?

Teoria da Ação como Direito Potestativo

● Formulada por Chiovenda


● Exerceu uma grande influência no direito processual brasileiro (séc XIX-XX)
● A Ação era autônoma em relação ao direito material, conforme já preconizava Wach,
só que a ação não se voltava para o Estado, era exercida apenas contra o réu
● A ação era vista como um Direito Potestativo → de poder que tinha o autor de
movimentar a máquina estatal contra o réu sem que este nada pudesse fazer
● A ação é o poder jurídico de realizar a condição necessária para a atuação da vontade
da lei → é o poder que tem o autor de realizar a condição necessária (movimentar a
máquina estatal) para realizar o direito que o autor diz possuir (que prevê a lei)
● A exemplo da teoria de Wach, a teoria de Chiovenda era concretista, a verificação da
ação se dava no caso concreto → se o autor tivesse razão na sua postulação, ambos
teriam a ação
● Crítica → esquece o papel do estado juiz, o papel do estado jurisdição

Teoria da Ação em Sentido Abstrato (Teoria Abstracionista da Ação)

● Os doutrinadores começaram a questionar as teorias concretistas da ação, no sentido


de que a ação existiria mesmo se o autor não tivesse razão, criando-se assim a teoria
abstracionista da ação (fim séc XIX) graças a Degenkolb (Prússia) e Plósz (Hungria)
● Busca demonstrar que a existência da ação não está condicionada ao autor ter ou não
razão
● Almeja demonstrar que o autor, ao exercer o direito de ação, pede ao estado-juiz uma
tutela jurisdicional e que esse se obriga a prestar essa jurisdição
● Distinguem o direito que o autor tem de pedir a tutela jurisdicional por meio da ação e
a resposta que o Estado vai dar ao autor (que pode ser positiva ou negativa)
● A ação existe de modo abstrato (Plósz) → a ação existe independentemente do autor
ter razão no seu pedido
● Direito de ação é o direito que abstratamente tem um cidadão de movimentar a
máquina estatal da jurisdição a fim de obter tutela jurisdicional
○ Pode-se afirmar que o direito de ação é um direito subjetivo público, autônomo
e abstrato
■ Subjetivo: porque é um direito do cidadão e incumbe a ele exercê-lo ou
não
■ Público: porque é oponível contra o Estado-juiz (estado jurisdição) e
porque é regulado por normas de direito público
■ Autônomo: porque é desvinculado do direito material invocado pelo
autor
■ Abstrato: porque se configura abstratamente, isto é, independentemente
do autor ter ou não razão no caso concreto
● Todo cidadão tem direito de ação, de movimentar a máquina estatal para pedir tutela
jurisdicional
● Como a ação é abstrata, pode-se dizer que ela, como direito inerente aos cidadãos,
antecede o processo

Diferenças entre as Teorias Concretistas e Abstratas

● A diferença principal está no papel do juiz, papel que o juiz desempenhava no âmbito
das teorias concretistas e no âmbito que desempenha nas teorias abstratas da ação:
○ Nas concretistas:
■ Ele examinava os requisitos formais (pressupostos processuais)
■ Presentes os requisitos formais, ele examinava no âmbito das condições
da ação (se o pedido do autor era um pedido possível, se havia interesse
de agir e, por fim, se as partes eram legítimas)
■ Se presentes as condições da ação, o autor tinha razão na sua ação
○ Nas abstratas:
■ O juiz examinava os requisitos formais (pressupostos processuais)
■ Presentes esses requisitos, ele examinava as condições da ação (se o
pedido do autor era um pedido possível, se havia interesse de agir e, por
fim, se as partes eram legítimas)
■ Se presentes as condições da ação, só então ele analisa o mérito da
causa (se o autor tem ou não razão na sua ação)

Das Classificações das Ações

● Existem três classificações principais:


● (1) Classificação Romana das Ações:
○ É uma classificação coerente porque desde aquela percepção de Celsio, a ação
está dentro do direito material (justificando porque classificavam o direito
material, e não a ação)
○ Segundo ela, as ações se classificam em:
■ Reais → ações nas quais se discutia um direito real; ex: “um direito de
propriedade sobre terras”
■ Pessoais → ações nas quais se tinha a discussão sobre um vínculo de
natureza obrigacional; ex: “um contrato de compra e venda em que o
comprador não pagou o preço acordado e o vendedor entra com ação
para exigir o preço ‘correto’”
■ Reipersecutórias → ações nas quais se buscava perseguir/alcançar a
coisa; ex: “um proprietário de terras que teve sua área invadida por
estranhos e busca retomar a posse dessa área”
■ Penais → ações nas/pelas quais se buscava aplicar ao réu uma sanção
de natureza penal
■ Mistas → ações nas quais se verificava uma mistura de outras ações;
ex: “na ação em que o proprietário ao ter a propriedade invadida busca
retomar a posse e receber uma indenização vinda de quem invadiu sua
propriedade
● (2) Classificação dos Praxistas
○ As ações se classificavam em:
■ Ordinárias → ações que tinham um procedimento normal/ordinário
para todas as ações
■ Sumárias → ações que tinham um procedimento mais célere do que
aquele previsto para as ações ordinárias
■ Sumaríssimas → ações que tinham um procedimento ainda mais célere
do que aquele previsto para as ações sumárias
● (3) Classificação Sistemática (ou Científica) das Ações (Demandas) (elaborada por
Wach)
○ Afirma que a classificação romana classifica o direito material e não a ação
○ Afirma que a classificação romana classifica o procedimento e não a ação
○ Com sua classificação, Wach, busca classificar de fato, tecnicamente ou
cientificamente as ações
○ Para Wach, a classificação verdadeira da ação deve ter por parâmetro a tutela
jurisdicional pedida e obtida pela parte
■ É a ação que vai dizer qual tutela a parte quer
● Ação de Conhecimento: ação pela qual a parte autora pede ao
Estado-juiz que profira uma decisão/sentença que componha um
litígio, sendo que para exercer essa sentença o Estado-jurisdição
deve tomar amplo conhecimento do litígio examinando a
pretensão do autor e a resistência oposta à pretensão pelo réu
○ Ação de Conhecimento Meramente Declaratória : é a
ação de conhecimento pela qual a parte autora pede ao
Estado-juiz que profira uma decisão/sentença que
declare a existência ou inexistência de uma relação
jurídica ou a autenticidade ou falsidade de um
documento → CPC art. 19: essa necessidade que leva o
legislador a tratar especificamente da ação de
conhecimento meramente declaratória nesse artigo para
afirmar onde cabe esse tipo de ação, segundo a ideia da
autonomia da ação, uma vez que até o surgimento da
obra de Wach, a ideia de ação meramente declaratória
não era concebível
○ Ação de Conhecimento Condenatória: é a ação de
conhecimento pela qual a parte autora pede ao Estado
juiz que profira uma decisão/sentença que componha a
lide, condenando o réu a uma prestação de dar, fazer ou
não-fazer
○ Ação de Conhecimento Constitutiva: é a ação de
conhecimento pela qual a parte autora pede o Estado-
juiz a prolação de uma decisão/sentença que
modificando uma situação jurídica em andamento venha
a criar uma nova situação jurídica
● Ação de Execução: é a ação pela qual a parte autora (exequente)
pede ao Estado-juiz a adoção/prática de atos de execução
destinados a concretizar um comando contido em uma sentença
proferida em uma ação de conhecimento condenatória
(execução por título judicial) ou em documento ao qual a lei
atribua eficácia executiva (execução por título extra-judicial)
ex: cheque sem fundo ou nota promissória
● Ação Cautelar: é a ação por meio da qual a parte autora
(requerente) pede ao Estado-juiz a adoção de medidas
cautelares ou preventivas destinadas a resguardá-la de uma
eventual demora no processo de conhecimento ou no processo
de execução → deve observar dois requisitos o fumus bonus
iuris e o perigo in mora
● Ação Mandamental: é a ação pela qual a parte autora
(impetrante) pede ao Estado-juiz a prolação de uma ordem
dirigida a uma determinada autoridade pública → são todas as
ações mandamentais (habeas corpus, habeas data...)
■ A ação reflete a tutela
■ O processo deve refletir a mesma classificação

Das Condições da Ação

Noções Introdutórias e conceituais

● Ação pré-existente no processo


● Ação é a porta de entrada para a jurisdição
● O direito de ação não pode ser objeto de abuso, ou seja, o Estado não está obrigado a
prestar uma tutela jurisdicional em uma situação em que flagrantemente a parte não
pode exercer a ação

As Condições da Ação

● As condições da ação são requisitos que o exercício do direito de ação deve observar
para que se profira uma decisão (sentença) de mérito → não são requisitos que a ação
deve observar (porque é abstrata), mas sim seu exercício
● Considerando a Doutrina Atual (CPC/73), são 3 as condições da ação:
○ Possibilidade Jurídica do Pedido → é a condição da ação que diz respeito à
pretensão do autor, ou seja, para que se profira uma sentença de mérito, a
pretensão (pedido) do autor deve ser um pedido que encontre respaldo na
norma
○ Interesse Processual (ou Interesse de Agir) → é a condição da ação que diz
respeito ao interesse na própria composição do litígio, ou seja, a tutela
jurisdicional que o Estado-juiz vai outorgar o autor deve servir para compor
um litígio
■ Se não há um litígio a ser composto, logo não há condição para a ação
○ Legitimação para Agir (ou Qualificação para Agir ou Legitimidade das Partes)
→ as partes, no processo, devem ser legítimas, ou seja, o autor deve ser o
titular da pretensão levada ao conhecimento do Estado-juiz e o réu deve ser a
parte legítima da resistência oposta à pretensão do autor
■ Legitimidade da parte autora → Legitimidade Ativa
■ Legitimidade da parte ré → Legitimidade Passiva
■ Tanto no polo ativo quanto no passivo, as partes devem ser igualmente
legítimas

Carência da Ação

● A ausência de qualquer das condições da ação acarreta na extinção do processo sem


resolução do mérito
● CPC/73, art 267, inciso 6°
● É quando um juiz, examinando o caso concreto, verifica a falta de alguma condição da
ação e, assim, extinguiu o processo sem resolução de mérito

O tratamento do Tema no CPC/2015

● Não fala mais em condições da ação → o fato de legislador não ter dito não quer dizer
que o instituto não exista
● Retira a possibilidade jurídica do pedido como condição da ação → CPC/2015, art.
485: condições da ação no novo código (considera apenas a legitimidade e o interesse
processual)
○ Repercussão da Mudança:
■ Decisão acerca do mérito, coisa julgada material
■ O juiz vai ter que analisar o mérito do pedido, analisa a procedência ou
improcedência daquele pedido (o juiz deve elaborar uma decisão para
indeferir o processo)
■ Antes do CPC/2015, do juiz poderia extinguir o processo nas
preliminares, entretanto, com o novo CPC, o juiz deve julgar em mérito
acerca da improcedência de um pedido

Identificação (Elementos) da Ação (ou Individualização das Ações [das Demandas])

● Busca-se sistematizar os diversos elementos que vão permitir identificar as ações


● Esse tema foi desenvolvido por um jurista italiano chamado Pescatori
○ Formulou a Regra das 3 Identidades:
■ Duas ou mais ações são idênticas quando tiverem as mesmas partes, a
mesma causa de pedir e o mesmo pedido
■ Toda ação deve possuir esses três elementos:
● Partes:
○ Autor: aquele que pede a tutela jurisdicional
○ Réu: aquele contra quem a tutela jurisdicional é pedida
● Causa de Pedir:
○ Remota: é a origem do alegado direito
○ Próxima: é o fato fundado na causa remota de pedir que
dá origem à pretensão
● Pedido:
○ Imediato: é o próprio pedido da tutela jurisdicional (o
que o autor pede por meio da ação e do Estado
jurisdição)
○ Mediato: é o próprio bem da vida que o autor deseja
● Dois fenômenos como Consequência da Identificação das Ações (CPC/2015, art 337)
○ (1) Litispendência: duas ou mais ações com as mesmas partes, a mesma causa
e pedir e o mesmo pedido em andamento/tramitação
○ (2) Coisa julgada: tem-se duas ou mais ações com as mesmas partes, a mesma
causa de pedir e o mesmo pedido sendo que uma delas já foi julgada com
decisão transitada em julgado (já ocorreu decisão, sentença ou acórdão em
relação aos quais não cabe mais qualquer recurso)
■ A consequência da coisa julgada é a extinção do processo mais
moderno, sem a extinção do mérito
● A Regra das 3 Identidades é positivada no CPC/2015, art 337
● Em ambas identifica-se uma identidade de ações, ou em ambas identifica-se as
mesmas partes, mesma causa de pedir e o mesmo pedido
● A diferença é que na litispendência verifica-se duas ações idênticas em andamento
quando na coisa julgada identifica-se duas ou mais ações idênticas onde uma delas já
foi julgada por uma decisão, sentença ou acórdão em relação ao qual não cabe mais
recurso
● Conexão de Ações (CPC/2015, art 55)
○ Sempre que se tiver uma identidade entre o pedido e/ou a causa de pedir
○ A consequência da conexão de ações será a reunião das ações para que possam
ser julgadas pelo mesmo juiz
● Continência de Causas (CPC/2015, art 56)
○ Tem-se duas ou mais ações as mesmas partes e a mesma causa de pedir, mas o
pedido de uma, por ser mais amplo, abrange/contém os das demais; Ex:um
banco ajuiza uma ação cobrando de um cliente o pagamento das parcelas que
não pagou referentes ao empréstimo que fez e esse cliente não toma nenhuma
providência para quitar a dívida fazendo com que até o momento metade das
parcelas já estão sem pagamento. Decorrente dessa situação, o banco ajuiza
uma ação para que cliente pague a totalidade do empréstimo, abarcando assim
a ação anterior
○ A consequência da continência de causas também é a reunião das ações para
que sejam julgadas por um mesmo juiz

Cumulação de Ações

Noções Introdutórias e Conceituais

● Duas ou mais ações (pedidos) podem se cumular em um único processo, dando origem
a um fenômeno chamado de cumulação de ações ou de pedidos
● Cada pedido que a parte formula ao Estado-juiz é como uma nova ação, porque a parte
quer uma resposta para cada um dos pedidos
● O fundamento para isso é o princípio da economia processual
● Ex: um pedido de declaração da paternidade + um pedido de prestação alimentícia
● CPC/2015, art. 327 → trata da cumulação de ações e seus requisitos

Requisitos

● Para que ocorra a cumulação de ações, deve-se observar certos requisitos:


○ Compatibilidade dos Pedidos → os pedidos devem ser compatíveis entre si
■ Deve-se haver uma certa relação entre os pedidos (não podem ser
díspares)
○ Identidade de Competência do Juízo → o juiz deve ser igualmente competente
para ambas as ações (os pedidos)
○ Identidade de Procedimento → os procedimentos devem ser os mesmos para
ambos os pedidos, embora se permita que, tendo procedimentos distintos, e
seguindo o CPC/2015, eles possam ser cumulados contanto que a parte opte
pelo procedimento comum

5.DO PROCESSO
Do Processo

A Problemática do Processo: Principais Teorias sobre a sua Natureza Jurídica.


Classificações

Processo: Noções Introdutórias e Conceituais

● É um instrumento do Estado jurisdição pelo qual se tem a composição do litígio pela


entrega da tutela jurisdicional → o autor entrega a jurisdição e deve recebê-la
● Qual seria o objeto material do processo? É a Pretensão, porque é a pretensão do autor
que o leva perante a ação a provocar a jurisdição (o juiz deve se limitar ao que o autor
pediu, nunca pode conceder mais do que o que foi pedido no processo)
● Qual seria o objeto formal do processo? É o próprio Processo, porque ele próprio deve
ser formalmente perfeito como meio público de composição de litígios, observando
todos os ditames previstos na lei → deve ser um meio puro de composição, sem vícios
○ Princípio do Devido Processo Legal

Natureza Jurídica do Processo

● A variedade de teorias da natureza jurídica do processo se dá pela variação da


interpretação do direito em cada estado soberano ou pelo fato de o direito não ser uma
ciência exata
● Teorias sobre a Natureza Jurídica:
○ (1) Processo como um Contrato
■ Surge a partir do processo romano onde tinha-se a visão do processo
como um contrato entre as partes (pelo vínculo entre autor e réu na
litiscontestatio)
■ Surge um problema nessa teoria porque um contrato surge na livre
vontade entre as partes, mas a litiscontestatio surgia como uma
consequência da actio (do poder estatal), logo, como a litiscontestatio
não decorria da livre manifestação entre as partes, o processo não
poderia ser isto como contrato
○ (2) Processo como um Quase-Contrato
■ Foi endossada por Savigny e perdurou até o séc XIX
■ O processo não tem a natureza jurídica de um contrato (não resulta da
livre vontade entre os sujeitos), mas não se pode ignorar que a
litiscontestatio estabelecia um vínculo entre as partes, onde esse era um
quase-contrato
■ A primeira crítica às teorias do processo como contrato ou quase-
contrato diz que o que o autor pede no processo, em um primeiro
momento, não é um bem da vida, mas a tutela jurisdicional. E essas
teorias, por observar apenas a relação entre autor e réu, ignora a relação
com o Estado
■ A segunda crítica decorre da primeira e dita que o que o Estad outorga
ao autor não é o bem da vida, mas a tutela jurisdicional
■ A terceira crítica fala que essas teorias reduzem o processo a um
negócio jurídico entre as partes, coloca o processo como livre
disposição entre as partes, ignorando que o processo é um meio público
de composição de litígios (vai além da vontade do autor e do réu, não é
um instrumento de resolução de conflito entre as partes, mas um
instrumento de resolução de conflitos e apaziguamento social)
■ Ambas as teorias teriam um elemento em comum: jurisdição, já que
ignoram o papel do Estado juiz/jurisdição
○ (3) Processo como Relação Jurídica (Relação Jurídica Processual)
■ É a teoria mais aplicada até os dias de hoje
■ Von Bulow, em sua obra, afirma que o processo está muito atrasado já
que os processualistas não sabiam sua natureza jurídica e afirmavam
que essa falha era incompreensível porque, desde Savigny, os juristas já
conheciam a teoria da relação jurídica e mesmo assim os juristas não se
valiam dela para chegar à explicação da natureza do processo
● Savigny: relação jurídica era a relação entre sujeito ativo e
sujeito passivo
● Von Bulow: essa teoria não se aplica ao processo, já que tem-se,
além das partes, o juiz
■ Von Bulow diferencia Relação Jurídica de Direito Material
(SA←→SP) e Relação Jurídica de Direito Processual
(SA←→juiz←→SP, ainda tendo SA←→SP [é uma relação triangular
entre autor, réu e juiz])
■ A partir de então, o processo passa a ter uma nova feição, o autor pede
ao Estado uma tutela jurisdicional e diante desse pedido o Estado se
obriga a prestar a jurisdição que foi pedida pelo autor
■ No entanto, o Estado quando outorgar a tutela, pedida pelo autor,
poderá condenar o réu a dar, fazer ou deixar de fazer. Por isso, o réu
precisa participar da relação, já que é ele que vai sofrer com a
condenação (deve ser citado)
■ O réu também passa a ser credor da tutela jurisdicional, pois surge uma
relação entre autor, juiz e réu. O réu sendo também credor da tutela
jurisdicional
■ Portanto, na teoria do processo como relação jurídica de Von Bulow
está implícita a circunstância que não se confunde o direito que tem o
autor de pedir a tutela jurisdicional do Estado, com o resultado que
decorre desse pedido
■ A relação processual, portanto, é muito distinta da relação de direito
material
■ Atualmente consideramos a relação jurídica processual não como
triangular, mas como angular (SA←→juiz←→SP, sem uma necessária
interação entre o réu e o autor), pois a sentença pode declarar que não
existe relação jurídica entre o autor e o réu → só na sentença do juiz
pode-se declarar se existe ou não relação entre autor e réu

O Processo como Relação Jurídica

● Características do Processo como Relação Jurídica


○ É de Direito Público: porque nessa relação jurídica processual há a
participação do estado na pessoa do juiz → a relação jurídica do processo é
regida/regulada por norma de direito público
○ É autônoma: porque ela é distinta da relação jurídica de direito material que,
eventualmente, pode existir entre autor e réu
○ É complexa: porque é formada por diversas posições ao longo do processo, ou
seja, a norma atribui aos sujeitos do processo diversas posições, direitos,
obrigações, ou ônus ao longo de toda a tramitação do processo
○ É dinâmica ou Progressiva: porque ela tem início com a petição inicial do autor
e tem uma dinamicidade/progressividade porque caminha à entrega definitiva
da tutela jurisdicional (o processo não está parado, mesmo que não seja
propriamente veloz)
○ Tem um Caráter Tríplice ou Tripolar: porque é formada por três sujeitos
○ É única: porque todos os seus atos/movimentos são dirigidos para se alcançar
uma única finalidade, a entrega da tutela jurisdicional

Classificações do Processo
● Reflete a tutela e a ação, já que ele é o instrumento pelo qual o Estado-jurisdição vai
outorgar a tutela jurisdicional que vai ser iniciada pela atenção, sendo classificado em:
○ Processo de Conhecimento:
■ Processo de Conhecimento Meramente Declaratório: é o processo que
vai resultar da ação de conhecimento meramente declaratória
■ Processo de Conhecimento Condenatório: é o processo que vai resultar
da ação de conhecimento condenatória
■ Processo de Conhecimento Constitutivo: é o processo que vai resultar
da ação de conhecimento constitutiva
○ Processo de Execução: é o processo que vai resultar da ação de Execução
○ Processo Cautelar: é o processo que vai resultar da ação cautelar
○ Processo Mandamental: é o processo que vai resultar da ação mandamental

Dos Pressupostos Processuais

● São requisitos de constituição e desenvolvimento válidos e regulares do processo, ou


seja, o processo tanto na sua formação como no seu desenvolvimento/curso devem ter
presentes requisitos de validade
● Atualmente, a falta de pressupostos processuais acarreta a invalidade do processo e
não a sua inexistência
● Esses pressupostos devem estar presentes não apenas na formação do processo, mas
em todo momento do processo (do início ao fim)
● CPC/2015, art 485, inciso IV: a ausência dos pressupostos processuais (em qualquer
momento do trânsito processual) acarreta na não resolução do mérito
● Pressupostos Objetivos x Subjetivos
○ Objetivos: são aqueles que dizem respeito aos vínculos que ligam os sujeitos
da relação jurídica processual (ex: a citação do réu)
○ Subjetivos: são aqueles que dizem respeito aos sujeitos da relação jurídica
processual (ex: se o autor tem capacidade para estar em juízo ou se o juiz é
regularmente investido)
● Pressupostos Iniciais x Ulteriores
○ Iniciais: são aqueles aferidos no início do processo (quando o sujeito intervém
pela primeira vez no processo)
○ Ulteriores: são aqueles aferidos ao longo de toda a tramitação, com exceção
daqueles tratados no início

Defesa do Réu. Das Exceções

Defesa do Réu

● Sujeito que é da relação processual (autor-juiz-réu), o réu deve sempre ser chamado a
integrar a relação (citação do réu)
● Na citação do Réu, ele é convocado para integrar a relação processual, instaurado o
contraditória, tem a oportunidade de se defender. Portanto, há sempre a necessidade,
em todo processo, de se trazer o réu para a relação processual, instaurar o contraditório
● O réu deve sempre ter a oportunidade de se defender, entretanto é livre para se
defender ou não no processo (Revelia, o réu não comparecer para compor a relação
processual) → a ausência da defesa do réu não é o que acarreta na nulidade do
processo, mas sm a falta de oportunidade do réu se defender
● Enquanto o autor é titular do direito de ação, o réu é titular do direito de defesa ou de
exceção → um direito sugere o outro, o direito de ação o autor promove a instauração
do contraditório e tem-se o direito de defesa ou de exceção do réu
● Há um ponto em comum entre o direito de ação do autor e o de defesa do réu: o fato
de que tanto o autor quanto o réu serem credores da tutela jurisdicional do Estado. A
partir da citação, o réu também se torna credor
● O direito de ação e de defesa possuem a mesma natureza: são direitos subjetivos,
públicos, autônomos e abstratos
● Há também uma diferença fundamental entre o direito de ação e de defesa, ela está no
objeto material → no direito de ação é a pretensão do autor e no de defesa é a
resistência à pretensão
● O Direito de Defesa tem Natureza:
○ Subjetiva: pois fica a critério do seu sujeito a possibilidade de se defender; está
condicionado à vontade do réu
○ Pública: porque é exercido em face do Estado, além de ser um direito regido
por normas do direito público → porque o princípio da ampla defesa e do
contraditório estão previstos na constituição federal
○ Autônoma: porque ele é um direito distinto do direito material do réu
○ Abstrata: porque a sua existência não está condicionada a razão do réu, ou seja,
ele existe mesmo se o juiz entender que o réu não tem razão alguma (existe
abstratamente)
● Formas de se Exercitar o Direito de Defesa:
○ Defesa contra o Processo
■ Direta: exercida com a finalidade de alcançar extinção do processo sem
resolução de mérito (ex: réu alega ilegitimidade da parte)
■ Indireta: embora não acarrete a extinção do processo sem resolução de
mérito, conduz a uma dilatação no tempo do processo (ex: réu acha que
o juiz é suspeito)
○ Direito contra o Mérito: contra elementos da relação processual com o objetivo
de alcançar a extinção do processo sem resolução de mérito ou, pelo menos,
dilatar o processo no tempo. É dirigida contra a própria pretensão do autor
■ Direta: réu impugna a própria pretensão direta do autor
■ Indireta: a parte não obstante reconhecer como verdadeiros os fatos
alegados pelo autor, opõe outros fatos que obstam a consecução dos
efeitos pretendidos pelo autor

Das Exceções
● Em relação às exceções, tem-se o emprego desse vocábulo em algumas acepções:
○ Como sinônimo de Defesa do Réu → sentido mais amplo do vocábulo
“exceção” – qualquer defesa do réu
○ No sentido de Defesa contra o Processo → não mais como qualquer defesa do
réu, mas agora como um sinônimo de uma defesa do réu contra o processo.
Nesse caso ela pode ser:
■ Peremptória: é a mesma coisa que a defesa contra o processo do réu
direta → o réu quando a exerce busca alcançar a extinção do processo
sem a resolução de mérito
■ Dilatória: é a mesma coisa que a defesa contra o processo indireta →
aquela em que o réu não tem interesse em extinguir o processo mas
busca uma dilatação do processo no tempo
● No CPC/73, se previu apenas 3 tipos de exceções dilatórias:
Incompetência do Juiz, Impedimento do Juiz, Suspeição do Juiz
● No CPC/2015, não se fala mais em exceção, nem dilatória nem
peremptória, passando a chamar apenas de Arguição,
Impedimento e Suspeição do Juiz (a incompetência d juiz agora
é dita apenas por simples petição)

Da Morfologia do Processo: Distinção entre Processo e Procedimento

● Conceito mais Amplo de Processo: processo é um instrumento/meio que se vale o


estado para, o exercício de sua função jurisdicional, compor as lides
● Conceito mais Estrito de Processo: o processo é o conjunto/complexo de atos que se
encadeiam logicamente uns causando outros em direção à entrega definitiva da tutela
jurisdicional (análise do processo a partir dos atos processuais)
● Conceito de Procedimento: o procedimento é o modo e a forma pelos quais os atos se
movem no processo:
○ Quanto à forma:
■ Oral: no seu aspecto mais puro, o procedimento oral é aquele no qual
todos os atos processuais são praticados oral/verbalmente – pode ser
identificada no procedimento romano da Legis actiones e no do
processo germânico
■ Escrito: é o procedimento no qual todos os atos são praticados com o
emprego da linguagem escrita – pode ser identificado no processo
comum medieval
■ O atual processo penal e civil é oral! – porque prima pela oralidade e,
nas concepções atuais, a oralidade também abarca/contempla a
linguagem escrita com a observância de alguns princípios
○ Quanto aos Modos pelos Quais os Atos de Movimentam no Processo
■ Procedimento Comum: é o procedimento voltado, primordialmente,
para os processos de conhecimento
● Procedimento Comum Ordinário: é o procedimento padrão para
o processo de conhecimento
● Procedimento Comum Sumário: é o procedimento para o
processo de conhecimento dirigido àquelas causas em relação as
quais o legislador previu a necessidade de se ter um
procedimento mais célere, considerando o valor da causa ou a
natureza da demanda
● Procedimento Comum Sumaríssimo: é o procedimento voltado
para aquelas causas que, em face de seu valor e eventualmente
da matéria controvertida, o legislador previu que deveria possuir
um procedimento ainda mais célere do que aquele sumário
(juizados especiais: CF, art. 98, inciso I)
○ No CPC/2015 foi previsto apenas o procedimento
comum ordinário e o sumaríssimo (destinado apenas aos
juizados especiais) e foi suprido o procedimento sumário
■ Procedimentos Especiais: são os procedimentos previstos
especificamente no CPC para ações próprias e ainda para as ações
cautelares e aqueles procedimentos previstos em legislação própria
● São chamados de especiais porque se distinguem do
procedimento comum por serem voltados para ações especiais
previstas no próprio código
■ Procedimentos de Execução: são os procedimentos voltados para os
processos de execução
■ Pode existir mescla de procedimentos? Poderá haver a mescla quando
houver cumulação de ações e, se procedimentos forem distintos, a parte
deve optar por adotar o procedimento padrão (comum ordinário)

6. O CONTEÚDO OBJETIVO DO PROCESSO:


MÉRITO E LIDE.
O Conteúdo Objetivo do Processo: Mérito e Lide

O que é Mérito?

● CPC/73 define Mérito como sinônimo de Lide


● Juiz julgou o mérito → juiz julgou a própria lide, a pretensão do autor e a resistência a
essa pretensão pelo réu
● É objetivo do Estado julgar a lide → não interessa ao Estado extinguir o processo sem
julgar a lide – porque se fizesse não chegaria ao mérito
● O autor, quando pede uma tutela jurisdicional, quer do Estado uma sentença/decisão
que componha a lide → ele quer que o Estado examine o mérito

O Mérito no Processo Penal

Existe mérito no Processo Penal?

● Carnelutti lançou o entendimento de que no processo penal não haveria mérito/lide –


pois nesse tipo de processo, tanto o autor (MP) como o réu têm a mesma pretensão:
○ O MP autor não tem interesse de condenar o réu inocente, ele quer que se faça
justiça
○ O réu, quando se defende no processo penal, também quer justiça, já que não
quer receber uma pena indevida (que não seja justa)
○ Assim, não existiria conflito entre as partes, porque ambas querem a mesma
coisa: a justiça
○ Conclusão: não haveria lide e o processo penal seria uma espécie de jurisdição
voluntária
● Mas, verificou-se que o ponto de vista de Carnelutti era falho → o réu, mesmo quando
participou do crime, não se defende para receber pena justa, mas para não receber
pena alguma
○ Conclusão: há lide entre o MP autor e o réu → há mérito no processo penal, há
lide, mas não há jurisdição voluntária

Você também pode gostar