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GRADUAÇÃO EM MEDICINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
TERESINA
2022
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TERESINA
2022
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SUMÁRIO
1. ESTENOSE MITRAL 3
1.1 Introdução e Fisiopatologia 3
1.2 Quadro Clínico 4
1.3 Diagnóstico e Exames Complementares 5
1.4 Tratamento 7
1.4.1 Farmacológico 7
1.4.2 Cirúrgico 7
2. INSUFICIÊNCIA MITRAL 11
2.1 Introdução e Fisiopatologia 11
2.2 Quadro Clínico 13
2.3 Diagnóstico e Exames Complementares 13
2.4 Tratamento 15
2.4.1 Farmacológico 17
2.4.2 Cirúrgico 18
REFERÊNCIAS 20
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1. ESTENOSE MITRAL
1.1 Introdução e Fisiopatologia
A estenose mitral é uma condição em que há resistência na passagem
de sangue pela valva mitral comprometendo o enchimento ventricular e
levando a diversas consequências no átrio esquerdo, na artéria pulmonar e nas
cavidades esquerdas do coração. Ocorre quando há diminuição da área valvar
ocasionando o surgimento de um gradiente de pressão entre átrio e ventrículo
esquerdo. Sendo assim, é possível classificar o grau de estenose pela área
valvar. Temos que a área valvar mitral normal varia de 4-6 cm², os sintomas se
desenvolvem quando o valor da área da válvula se encontra < que 2,5 cm².
Sendo classificada como leve quando a área valvar situa-se entre 1,5 cm² a 2,0
cm²; moderada entre 1,0 cm² e 1,5 cm² e grave abaixo de 1,0 cm² (KASPER,
DL, 2017).
Em países em desenvolvimento como no Brasil, observa-se como
principal etiologia da estenose mitral, a febre reumática. Enquanto países
desenvolvidos há aumento da incidência de estenose mitral degenerativa,
associada à calcificação do anel mitral e que está correlacionada com o
envelhecimento sendo mais comum em pacientes idosos (TARASOUTCHI et
al., 2020).
Na doença reumática, ocorre lesão da válvula devido a uma resposta
imunológica exacerbada a um epítopo bacteriano em um indivíduo suscetível.
Como consequência do processo inflamatório na válvula, ocorre o
espessamento das bordas dos folhetos bem como a fusão de comissuras e
encurtamento e fusão das cordoalhas tendíneas presentes no coração. Como
resultado a área valvar mitral reduz, levando a um aumento do tempo de
enchimento diastólico, aumento de pressão atrial esquerda e de pressões
pulmonares (MEDICINANET, 2008).
Além disso, outras causas menos comum de estenose mitral,
somam-se doenças reumatológicas, representadas pelo lúpus eritematoso
sistêmico, artrite reumatóide, doenças de Fabry, doença de Whipple, terapia
com metisergida ou anorexígenos, síndrome carcinóide ou alterações
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1.4 Tratamento
1.4.1 Farmacológico
Nenhum tratamento farmacológico conhecido alterou a história natural
de pacientes com regurgitação mitral primária grave. Para pacientes
sintomáticos com grave regurgitação mitral, diuréticos e redução da pós-carga
podem aliviar os sinais e sintomas de insuficiência cardíaca, mas o tratamento
final é a intervenção cirúrgica (NISHIMURA et al., 2016).
1.4.2 Cirúrgico
O tratamento cirúrgico da estenose mitral relaciona-se a casos graves
(área < 1,52 cm²), a partir desse ponto, é necessário pesquisar a presença de
sintomas. Caso o paciente seja sintomático, avalia-se posteriormente a
anatomia da valva mitral. Se o escore Wilkins/Block (escore ecocardiográfico
demonstrado no Quadro 1) é baixo (≤ 8) e o paciente não apresenta
contraindicações, procede-se a valvotomia mitral percutânea com balão
(VMCB) (TARASOUTCHI, et al., 2020).
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2. INSUFICIÊNCIA MITRAL
2.1 Introdução e Fisiopatologia
A Insuficiência Mitral (IM) é uma doença cardíaca com prevalência
bastante expressiva na população geral, principalmente nos países
desenvolvidos. É considerada uma doença grave e de difícil manuseio
(KASSAB; KASSAB, 2002).
Dados recentes do colégio americano, revelam que são cerca de 400 mil
novos casos identificados e diagnosticados por ano. Sendo que a sobrevida
desses pacientes, principalmente em classes funcionais mais debilitadas,
mesmo com uso correto da medicação é de 50% em 5 anos (BRANCO,
BUFFOLO, AGUIAR, 2002).
A insuficiência mitral tem muitas etiologias, podendo ser divididas em
primárias, quando ocorre defeitos na própria estrutura valvar, como por
exemplo casos de febre reumática, degeneração mixomatosa, prolapso da
valva mitral e endocardites; ou como secundária, relacionada a outras doenças
cardíacas, como cardiomiopatias dilatadas ou isquêmicas; ou, ainda, por
calcificação do anel (MSD, 2021).
Ambas etiologias primárias, secundárias ou por calcificação do anel são
classificadas como insuficiência mitral crônica, caracterizadas por um curso
mais insidioso. Contudo, há também a classificação de insuficiência mitral
aguda, que normalmente está relacionada a casos de estenose mitral; ruptura
do músculo papilar (pós-Infarto Agudo do Miocárdio); ruptura das cordas
tendíneas / instabilidade das cúspides e traumatismo torácico (LAMFeC, 2020).
A condição é caracterizada por uma falha completa ou não da coaptação
das cúspides fazendo com que ocorra regurgitação de sangue do ventrículo
para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular. Dessa maneira, tanto átrio
quanto ventrículo esquerdos são prejudicados já que ambos trabalham
sobrecarregados pois recebem o volume advindo das veias pulmonares e
suportam, ainda, o volume regurgitante (SANAR, 2019).
O sangue extra recebido durante o ciclo cardíaco acaba por gerar
sobrecarga volumétrica, mas também pressórica que juntamente podem levar,
primeiramente, a dilatação (para acomodar o volume) e, posteriormente,
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2.4 Tratamento
Seguindo a divisão entre insuficiência mitral primária crônica e
secundária, estabeleceram-se dois padrões de seguimento distintos para cada
um desses casos. Assim, conforme a recomendação da Atualização das
Diretrizes Brasileiras de Valvulopatias (2020), espera-se que sejam seguidos os
5 passos do algoritmo detalhado na Figura 2 para a insuficiência mitral crônica
primária.
Legenda: DSVE (diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo); FEVE (fração de ejeção do VE);
PSAP (pressão sistólica da artéria pulmonar)
Fonte: Atualização das Diretrizes Brasileiras de Valvopatias (TARASOUTCHI, et al, 2020).
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2.4.1 Farmacológico
O tratamento clínico da regurgitação mitral é sintomático, contando com
o uso de diuréticos e vasodilatadores principalmente, com fito em reduzir os
sintomas de dispneia e congestão. Ademais, não há evidências científicas
robustas que betabloqueadores e inibidores do sistema renina tragam os
mesmos benefícios que na insuficiência cardíaca com fração de ejeção
reduzida, sendo utilizadas quando há hipertensão e/ou disfunção sistólica do
ventrículo esquerdo associada (GISMONDI, 2017).
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2.4.2 Cirúrgico
Em relação ao tratamento cirúrgico da insuficiência mitral crônica
primária, a avaliação deve seguir o Quadro 4.
REFERÊNCIAS
1. ASGAR, A. W., MACK, M. J., STONE, G. W. Secondary mitral regurgitation
in heart failure: pathophysiology, prognosis, and therapeutic considerations. J
Am Coll Cardiol, 2015. doi:10.1016/j.jacc.2015.02.009.
16. MSD. Regurgitação Mitral. Manual MSD, ago, 2021 Disponível em:
<https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovascul
ares/valvopatias/regurgita%C3%A7%C3%A3o-mitral>. Acesso em 17 de
dezembro de 2022.
17. MSD. Estenose Mitral. Manual MSD, ago, 2021 Disponível em:
<https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovascul
ares/valvopatias/estenose-mitral#:~:text=O%20tratamento%20cl%C3%ADnico
%20%C3%A9%20feito,comissurotomia%20cir%C3%BArgica%20ou%20troca%
20valvar>. Acesso em 17 de dezembro de 2022.
19. OBADIA, J-F, et al. The MITRA-FR study: design and rationale of a
randomised study of percutaneous mitral valve repair compared with optimal
medical management alone for severe secondary mitral regurgitation.
EuroIntervention, 2015.