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Não é permitido o uso de corretor. Deve riscar aquilo que pretende que não seja
classificado.
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GRUPO II
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Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o número
do item e a letra que identifica a opção escolhida.
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Talvez não haja domínio mais difícil de perscrutar1 no passado do que o dos sentimentos, das emoções
e do que têm de mais íntimo. A dificuldade acresce quando se olha para uma época tão longínqua como a
Idade Média. Uma época sobre a qual continuam a recair fortes preconceitos, envolvendo aqueles séculos
numa lenda negra de “trevas medievais”, mas também preconceitos marcados por um certo romantismo que
5 pinta os tempos medievos com traços dourados.
A questão torna-se ainda mais complexa quando o objeto de análise é o amor, essa palavra polissémica2
na nossa cultura, podendo designar conceitos e situações não apenas diversos, mas até divergentes. Daí a
necessidade de lhe anexar um qualificativo, de a adjetivar. A amor maternal, o amor fraternal, o amor conjugal,
o amor espiritual e tantos outros “amores” que fazem com que do “amor platónico” ao “amor carnal”, e vice-
10 versa, vá uma distância nem sempre alcançável. Tanto mais que a manifestação e a vivência dos sentimentos
e das emoções variam consoante os contextos culturais, o tempo e o lugar como se revelam em cada indivíduo.
Ir ao encontro do amor e das formas de amar no Portugal medieval é, pois, um desafio difícil. O tema
presta-se a grandes anacronismos3, com a projeção de ideias dos nossos dias no passado, quando alguns
discursos do senso comum nos garantem que “o amor está em todo o lado”, como não se cansam de anunciar,
15 por exemplo, as chamadas comédias românticas ou mesmo a publicidade.
Os condicionalismos sociais e os constrangimentos sobre as famílias e sobre os indivíduos reduziam
drasticamente o espaço para qualquer veleidade4 de “amor livre”. As junções conjugais eram vistas, entre
realeza e nobreza, como formas de aliança entre pessoas e entre famílias. Pelo casamento estabeleciam-se
ou reforçavam-se alianças políticas, antigamente, com vista à reprodução biológica, mas também à reprodução
20 social, preservando, consolidando e transferindo privilégios de grupo ou de classe. Por outro lado, também
entre os não privilegiados – os camponeses, por exemplo – a formação de um casal constituía uma forma de
aliança. Não, evidentemente, política nem comparável às alianças aristocráticas, mas uma aliança de
entreajuda para o desempenho de trabalhos e tarefas indispensáveis à sobrevivência e manutenção do dia a
dia. Não é por acaso que, em português, casal tanto se aplica à formação familiar composta pelos dois
25 cônjuges5 como designa a unidade de residência e de produção agrícola familiar. Entre as elites e os membros
da vilania6 (no sentido medieval do termo), será possível encontrar, então, o amor conjugal, como resultante da
livre união e atração dos cônjuges?
Bernardo Vasconcelos e Sousa, “Prefácio”, in O Amor em Portugal na Idade Média, pp. 11-12.
Vocabulário:
1 – Perscrutar: examinar minuciosamente, procurar conhecer, investigar; 2 – Polissémica: que apresenta mais do que um sentido; 3 –
Anacronismos: erro de atribuir a uma época o que pertence a outra; 4 – Veleidade: fantasia, desejo irrealista de difícil concretização; 5
– Cônjuges: cada um dos esposos em relação ao outro; 6 – Vilania: condição de quem não era de linhagem nobre, baixa condição,
condição de plebeu.
1. De acordo com o primeiro parágrafo do texto, compreender as vivências emocionais das pessoas,
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2. No segundo parágrafo, o autor
4. Em “que pinta os tempos medievos com traços dourados” (ll.4-5), o vocábulo “que” introduz uma oração
5. Os constituintes “nos” (l.14) e “que «o amor está em todo o lado»” (l.14) desempenham, respetivamente, a
função sintática de
6. Os pronomes pessoais “lhe” e “a”, em “Daí a necessidade de lhe anexar um qualificativo, de a adjetivar.”
(ll.7-8), têm como antecedente a expressão _____________, que é retomada por meio de um mecanismo
de coesão designado _____________.
a) “As junções conjugais eram vistas como formas de aliança entre pessoas e entre famílias.” (ll.17-
18)
b) “Entre as elites e os membros da vilania (no sentido medieval do termo), será possível encontrar,
então, o amor conjugal, como resultante da livre união e atração dos cônjuges?” (ll.25-27)
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8. Identifique, para cada frase, o tipo de coesão assegurado pelas palavras sublinhadas.
a) “Por outro lado, também entre os não privilegiados – os camponeses, por exemplo – a formação
de um casal constituía uma forma de aliança.” (ll.20-22)
FIM
COTAÇÕES
1. ............................................................................................................... 5 pontos
2. ............................................................................................................... 5 pontos
3. ............................................................................................................... 5 pontos
4. ............................................................................................................... 5 pontos
5. ............................................................................................................... 5 pontos
6. ............................................................................................................... 5 pontos
7. ............................................................................................................... 10 pontos
8. ............................................................................................................... 10 pontos
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